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INTERPRETAÇÃO DE CONTO

A ORIGEM DAS ESTRELAS

Os índios bororós de Mato Grosso explicam a origem das estrelas da seguinte maneira: há
muito tempo, as mulheres de uma tribo saíram à procura de milho e levaram, em sua
companhia, um menino. Acharam grande quantidade de espigas maduras. Debulharam, então,
as espigas e socaram o milho, com o fim de fazer pão e bolo para os homens que tinham ido à
caça.
O menino conseguiu subtrair uma porção de milho em grãos e, para esconder o furto,
encheu umas taquaras que havia preparado para isso. Voltando à sua cabana, entregou o
milho à avó, dizendo:
- Nossas mães estão na mata fazendo pão de milho. Faz um para mim, pois desejo comê-lo
com meus amigos.
A avó satisfez o neto. Quando o pão ficou pronto, ele e seus amigos o comeram. Depois, para
não serem denunciados, amarraram os braços e prenderam a língua da velha. Em seguida,
cortaram a língua do papagaio da casa e puseram em liberdade todos os pássaros criados na
aldeia.
Temendo a ira de seus pais, os meninos resolveram fugir para o céu. Dirigiram-se para a
floresta e chamaram o colibri. Colocaram no bico do passarinho uma corda muito comprida,
dizendo-lhe:
- Pega esta corda e amarra a ponta neste cipó. A outra extremidade prenderás lá em cima, no
céu.
O colibri fez o que foi pedido. Então, os meninos, um após o outro, foram subindo, primeiro
pelo cipó e, depois, pela corda que o pássaro tinha amarrado na ponta do cipó.
Nesse momento, as mães voltaram e, não achando os filhos, perguntaram por eles à velha e
ao papagaio. Não obtiveram, porém, nenhuma resposta. Nisso, uma das mães viu uma corda
que chegava até as nuvens e nela pendurada uma longa fila de meninos, que subia para o céu.
Ela avisou logo às outras mulheres, e todas correram para a mata. Imploraram, chorando, aos
filhos para que voltassem para casa, mas não foram atendidas. Os meninos continuaram a
subir. Então, as mulheres, vendo que seus rogos eram inúteis, começaram também a subir
pelo cipó e, em seguida pela corda.
O menino que tinha roubado o milho era o último da fila e foi, portanto, o último a chegar ao
céu. Quando viu todas as mães agarradas à corda, cortou-a. As mulheres caíram umas sobre
as outras e, ao atingirem a terra, transformaram-se em animais selvagens.
Como castigo pela sua monstruosa malvadeza, os meninos foram condenados a olhar, todas
as noites, fixamente para a terra, para ver o que acontecera a suas mães. Seus olhos são as
estrelas.

In: SANTOS, Theobaldo Miranda – Lendas e mitos do Brasil. São Paulo : Companhia Editora
Nacional, 2004.

1) Revendo o primeiro parágrafo é possível determinar em que tribo e em que época


aconteceram os fatos narrados? Por quê?
2) Ainda no primeiro parágrafo, o que é possível descobrir sobre a organização social em uma
tribo?
3) Observe que, a partir do segundo parágrafo, surge um elemento desestabilizador, ou seja,
algo que determinará um novo rumo para a narrativa. O que acontece?
4) A possibilidade de receber um castigo leva os meninos a cometer erros ainda mais graves
do que o primeiro. Qual sua opinião sobre os atos praticados pelas crianças?
5) A história explica o surgimento das estrelas como resultado de um castigo. A que os
meninos foram condenados?
6) É adequado afirmar que a única intenção dessa história é explicar a origem das estrelas?
Explique sua resposta.

GABARITO:

1) Não é possível determinar porque os dados são imprecisos, pois dizem que tudo aconteceu
“há muito tempo” e em “uma tribo”.
2) As mulheres eram responsáveis pela preparação da comida, enquanto os homens se
encarregavam da caça. Às crianças não cabia uma tarefa especial.
3) O menino que acompanhou as mulheres pega, se permissão, uma porção de milho.
4) Resposta pessoal.
5) Os meninos foram condenados a olhar fixamente para a terra, todas as noites, para ver o
que tinha acontecido as suas mães.
6) Não, porque o texto leva a uma reflexão sobre os atos dos meninos, seus reflexos para toda
a comunidade, tirando desse episódio um ensinamento para a vida.
Língua portuguesa, 6º ano/Cristina Soares de Lara Azeredo; ilustrações: Circus Projetos
Criativos... [ET. AL] – Curitiba: Ed. Positivo; 2009.

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