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TÉCNICAS DE REDAÇÃO

3º ano

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Técnicas de redação 3º Ano 2016
REVISANDO

DESCRIÇÃO, NARRAÇÃO E DISSERTAÇÃO

Tipos de redação ou composição


Tudo o que se escreve recebe o nome genérico de redação (ou composição). Existem três
tipos de redação: descrição, narração e dissertação. E importante que você consiga perceber a
diferença entre elas. Leia, primeiramente, as seguintes definições:

DESCRIÇÃO
É o tipo de redação na qual se apontam as características que compõem um determinado objeto,
pessoa, ambiente ou paisagem.

NARRAÇÃO
É a modalidade de redação na qual contamos um ou mais fatos que ocorreram em determinado tempo
e lugar, envolvendo certos personagens.

DISSERTAÇÃO
E o tipo de composição na qual expomos ideias gerais, seguidas da apresentação de argumentos que
as comprovem.

Veja agora três exemplos dessas modalidades:

Descrição

Sua estatura era alta e seu corpo, esbelto. A pele morena refletia o sol dos trópicos. Os olhos negros e
amendoados espalhavam a luz interior de sua alegria de viver e jovialidade. Os traços bem desenhados
compunham uma fisionomia calma, que mais parecia uma pintura.

Narração

Em uma noite chuvosa do mês de agosto, Paulo e o irmão caminhavam pela rua mal iluminada que
conduzia à sua residência. Subitamente foram abordados por um homem estranho. Pararam,
atemorizados, e tentaram saber o que o homem queria, receosos de que se tratasse de um assalto. Era,
entretanto, somente um bêbado que tentava encontrar, com dificuldade, o caminho de sua casa.

Dissertação

Tem havido muitos debates sobre a eficiência do sistema educacional brasileiro. Argumentam alguns
que ele deve ter por objetivo despertar no estudante a capacidade de absorver informações dos mais
diferentes tipos e relacioná-las com a realidade circundante. Um sistema de ensino voltado para a
compreensão dos problemas socioeconômicos e que despertasse no aluno a curiosidade científica seria
por demais desejável.
Assim sendo, podemos elaborar o seguinte quadro:

REDAÇÃO DESCRIÇÃO
OU NARRAÇÃO
COMPOSIÇÃO DISSERTAÇÃO

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Como você pode perceber, não há como confundir estes três tipos de redação. Enquanto a descrição
aponta os elementos que caracterizam os seres, objetos, ambientes e paisagens, a narração implica uma
ideia de ação, movimento empreendido pelos personagens da história. Já a dissertação assume um
caráter totalmente diferenciado, na medida em que não fala de pessoas ou fatos específicos, mas analisa
certos assuntos que são abordados de modo impessoal.

TESE E ARGUMENTO

Um texto argumentativo é aquele que apresenta uma tese (a ideia que quer defender), justificando-a
com a ajuda de argumentos. Estes argumentos são interligados de maneira lógica à tese que querem
justificar. Eles são igualmente ligados uns aos outros:
É preciso incentivar o cinema brasileiro (tese), porque temos produções de excelente qualidade (1a
argumento) e porque sem o incentivo oficial seria esmagado pelas superproduções americanas (2a
argumento).
Neste exemplo, os dois argumentos estão ligados à tese pela conjunção subordinativa "porque" (que
exprime a causa), e estão coordenados pela conjunção "e".

EXERCÍCIOS

1- Leia os seguintes textos:

Texto 1
Qual é o sentido de escrever poemas em uma época e cultura que valorizam os bens de consumo,
a cultura de massa, o mercado e a tecnologia, menosprezando os valores espirituais e a expressão
artística?
Para que escrever poemas numa sociedade que vive uma profunda crise de valores, distante de
qualquer ideia de humanismo?
A primeira resposta poderia ser muito simples: por teimosia, como resistência à barbárie. Porém,
este não seria um argumento satisfatório, já que existem outras possibilidades, talvez mais eficazes, de
reação, inseridas em movimentos sociais e tentativas de reconstrução de valores, como o recente diálogo
entre a física, a ecologia profunda, o pacifismo e o budismo, que fazem pensar numa reordenação do
pensamento, em resposta ao crescente utilitarismo de uma visão de mundo baseada no lucro e na
vantagem pessoal imediata.
A segunda resposta, ainda mais simplista, porém com o mérito da sinceridade, é o da satisfação
sensorial. O encantamento e prazer que a poesia nos provoca. Aqui, novamente, poderia ser levantada
uma objeção, pois que há muitas outras formas de satisfação, talvez mais intensas do que o trabalho com
a palavra, que exige alto rigor e disciplina.
DANIEL, Cláudio, Por que fazer poesia hoje? http://peledelontra.zip,net, 5/5/3005,

Texto 2
Quem escreve - ainda que um simples bilhete - tenta afastar-se do falar cotidiano, tenta usar uma
linguagem diferente da que está habituado a usar. E escrever poemas é distanciar-se ainda mais da fala
do dia-a-dia, É trabalhar a língua, é subverter a sintaxe, é falar à alma. Por isso, as primeiras manifes-
tações literárias de um povo costumam ser em versos. Quando não havia escrita, as histórias se contavam
em poemas, porque as rimas ajudavam no processo de memorização e facilitavam a transmissão da
cultura.de geração a geração, A perpetuação da ficção da comunidade ágrafa e da sua cultura -essa terá
sido a primeira função da poesia.
[..]
A poesia existe em toda parte, em todo lugar em todos os momentos. Compete ao poeta captá-la e
transpô-la para o livro, ou para o filme, ou para) a televisão, ou para a música, ou para a dança, ou para o
rádio... O poeta é o que vê poesia onde o comum dos mortais não vê nada, além do trivial.
[...]
A poesia é necessária, porque nos revela, como as lentes dos óculos de quem tem problemas visuais,
um mundo de maravilhas que não saberíamos ver sem ela.
CARVALHO, José Augusto. A necessidade da poesia. www.unieste.com.br/vestlbular/ textos, 5/5/2005.

a) Qual o primeiro argumento utilizado pelo autor do texto 1 para justificar o fato de escrever poemas?
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b) O que justificaria o fato de esse argumento não ser satisfatório?
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c) Qual o segundo argumento utilizado pelo autor do texto 1?


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d) Destaque a tese e o argumento presentes no último parágrafo do texto 2.


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COERÊNCIA E COESÃO TEXTUAL

A noção de texto

O texto é uma mensagem, isto é, um fato do discurso: uma passagem falada ou escrita que forma um
todo significativo independentemente da sua extensão. Em sentido amplo, pode-se considerar como texto
uma música, uma escultura, um filme, um poema, uma fotografia etc. Em sentido estrito, o texto é o
resultado de um discurso: uma mensagem construída e, portanto, ligada à situação ou ao contexto em que
foi produzida.
O texto forma um todo, que pode ser:
• uma palavra: Não, talvez, sim...
• uma frase: Antes tarde do que nunca.
• algumas ou centenas de páginas: Um ofício, um ensaio, um relatório, um livro.

Coerência e coesão textual

Leia os grafites escritos no muro ilustrado ao lado.

 Qual deles lhe parece incoerente? Porquê?

Do ponto de vista gramatical, todos os textos estão bem


estruturados. Porém, o último é incoerente porque, descartada
a hipótese da ironia, a palavra modéstia está mal empregada.
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Na verdade, a "mulher maravilha" deveria ter escrito: "Desculpe a falta de modéstia..." "Desculpe a
imodéstia..." ou "Modéstia à parte...!

A coerência está ligada ao sentido do texto.

Daí, no nosso dia-a-dia, muitas vezes ouvirmos comentários do tipo: "Isso não tem coerência" "A
sua redação está incoerente"

Leia agora o seguinte recorte de um texto publicitário:

Observe os conectores quando, e, mas e porque.

O conector quando introduz um fato, relacionando-o com o verbo começar e com o aspecto
cronológico da mensagem. O conector e, no terceiro período, adiciona fatos que justificam a afirmação de
que a empresa é uma das maiores do país. A conjunção mas assinala uma relação de contraste e porque,
no final do parágrafo, introduz uma justificativa para a preocupação da empresa com o meio ambiente.
Observe outros elementos coesivos: os pronomes ela e que: Hoje ela é uma companhia
imprescindível.... Uma companhia que já faz parte da nossa vida. Os pronomes ela e que retomam Cemig
e companhia.
Verifique também, no texto, a repetição da sigla Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) ou
a sua substituição pelo substantivo companhia, utilizados para a coesão lexical.
A coesão de um texto deve-se a uma série de elementos que permitem os encadeamentos
linguísticos, à maneira como são ligados os elementos gramaticais, semânticos e discursivos do texto (a
concatenação das frases).
Esses e outros elementos de coesão serão estudados no próximo capítulo.
A coerência de um texto deve-se à organização global do texto, assegurando um princípio, um
meio e um fim, uma adequação da linguagem ao tipo de texto e a observância do sentido das palavras ou
expressões empregadas e das ideias expostas.
Em linhas gerais, podemos dizer que um texto é coerente quando ele não contém contradições, o
vocabulário utilizado é adequado, suas afirmações são relevantes para o desenvolvimento do tema, a
sequência dos fatos está bem ordenada, sem períodos muito longos ou excessivamente fragmentados e o
gênero textual (informativo, legislativo, técnico, científico, argumentativo, narrativo, poético...) é adequado
ao tipo de exposição.
Um texto é construído de relações de sentido entre um ou vários conjuntos de vocábulos,
expressões, frases (coerência) e do encadeamento linear dessas unidades linguísticas do texto (coesão).
Portanto, coesão e coerência são elementos que devem estar associados para que tenhamos um texto,
ainda que possamos encontrar textos destituídos de elos coesivos, sobretudo na linguagem poética.

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EXERCÍCIOS

1 - Leia atentamente:
Ao circular pela garagem, o vigia encontrou um guarda-chuva sobre o capo de um automóvel cujo dono
desconhecia.

a) Quais os dois sentidos possíveis do período acima?


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b) Reescreva o período, fazendo as adaptações necessárias para eliminar a ambiguidade.


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2- Explique por que uma das frases abaixo é incoerente:

a) Todos aqui gostam de futebol, menos eu.


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b) Todo mundo foi à praia, mas eu preferi ficar em casa.


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c) Todo mundo viu quando a Rosângela chegou, mas eu não jantei.


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d) Apesar de o meu time estar perdendo, ainda tenho esperanças.


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e) O tomate oblongo, ou Santa Cruz, o San Marzano e o Débora são ótimos para molhos, mas duram
pouco e são caros. O tomate Momotaro, saboroso, grande e crocante, é o melhor para saladas. O tomate
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Carmem, de longa vida, é o mais comum e o menos saboroso.
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3- O jornalista Ancelmo Góis publicou, em sua coluna do jornal O Globo, a seguinte nota:

Carros letrados

A turma atrás do balcão do cartório do 1° Ofício de Notas, em Copacabana, acha que carro sabe ler.
É o que se supõe com a placa que avisa a freguesia: "Transferência de telefones e veículos, só com a
presença do próprio"
Um gaiato esta semana quis saber como fazia para subir com seu Jipe ao segundo andar, onde funciona o
cartório.
(O Globo,19set.2002.)

a) Qual a verdadeira intenção de quem redigiu o texto da placa?


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b) Transcreva o trecho da placa que permitiu uma reação humorística.


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c) Reescreva o texto da placa corrigindo o trecho que permitiu interpretá-la como um pedido absurdo.
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4- Reescreva as frases seguintes eliminando o problema da ambiguidade.

a) O jogador deixou o time cansado.


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b) O relações-públicas da empresa atendeu o cliente nervoso.


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c) Vi o rapaz com o binóculo.


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d) Encontrei um velho conhecido.


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e) Homens e mulheres jovens eram vistos da janela.


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5- (Unicamp-SP) No texto a seguir, há um trecho que, se tomado literalmente (ao pé da letra), leva a uma
interpretação absurda.

A oncocercose é uma doença típica de comunidades primitivas. Não foi desenvolvido ainda nenhum
medicamento ou tratamento que possibilite o restabelecimento da visão. Após ser picado pelo mosquito, o
parasita (agente da doença) cai na circulação sanguínea e passa a provocar irritações oculares até perda
total da visão.
(Folha de S.Paulo, 2nov.1990.)

a) Transcreva o trecho problemático.


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b) Diga qual a interpretação absurda que se pode extrair desse trecho.


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c) Qual a interpretação pretendida pelo autor?

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d) Reescreva o trecho de forma a deixar explícita tal interpretação.

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6- (ITA-SP - Adaptada) Leia o texto seguinte:

Sítio Bom Jardim apresenta Forró Sertanejo com a banda Casa Nova, no dia 30 de outubro, a partir das 21
horas. Mulher acompanhada até 24 horas não paga. Venha e participe desta festa.
(Jornal Vale ADCS, out. 1999 - Adaptado.)

a) Localize e copie no caderno o trecho em que há ambiguidade.


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b) Aponte duas interpretações possíveis para esse trecho, considerando o contexto.


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7- (Fuvest-SP - Adaptada) Rescreva as frases em que a ordem de colocação das palavras produz
ambiguidade.

a) Rossi pede ao STF processo por calúnia contra Motta.


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b) É só colocar as moedas, girar a manivela e ter a escova já com pasta embalada nas mãos.
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c) Casal procura filho sequestrado via Internet.


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d) Câmara torna crime porte ilegal de armas.


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e) Regressou a Brasília depois de uma cirurgia com cerimonial de chefe de Estado.


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Leia o seguinte texto:

Observe que o pronome sua e o substantivo filho (Sua juventude seria..., Queria aproveitar os dons do
filho..} evitam a repetição do nome Beethoven. A conjunção mas, na última oração, estabelece uma
relação de oposição ou contraste.
Esses são alguns dos elementos coesivos do texto.

COESÃO TEXTUAL

Vimos que um texto não é apenas uma soma de orações. Ele deve ter coerência e coesão.
Enquanto a coerência reside na unidade do tema, a coesão é a conexão entre elementos ou
partes do texto, observando-se a sua interdependência.
Os recursos coesivos permitem que façamos referência às distintas partes de um texto sem a necessidade
de repetir as mesmas palavras. Além disso, permite que enlacemos as idéias por meio de palavras que
servem para conectá-las, estabelecendo o tipo de relação que buscamos conforme o sentido do texto.
Por exemplo:

Fomos à livraria. Compramos um romance.

Podemos conectar essas duas orações em um texto:


• coordenando-as por meio de conjunções: fomos à livraria e compramos um romance.
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• relacionando-as temporalmente:

RECURSOS DE COESÃO

1. Substituição ou sinonímia. É a referência a uma parte ou componente do texto já mencionado (uma


personagem, um objeto, uma ação, uma qualidade etc.) por meio de sinônimos ou palavras análogas ou
afins:

Romário não está mais no Vasco. O atacante assinou contrato com o Fluminense, que ficará com o
jogador até o final do ano.

2. Referência. Indica uma parte ou componente do texto já mencionado (uma personagem, um objeto,
uma ação, um conceito etc.) por meio de pronomes pessoais, possessivos, demonstrativos, indefinidos,
interrogativos e relativos. A isso também se chama pronominalização. Além dos pronomes, a coesão
pode realizar-se com numerais e advérbios (aqui, ali, lá, aí etc).

Os livros eram muito bem encadernados, O couro utilizado, o ouro das lombadas e as gravuras coloridas
despertavam em nós o desejo de tocá-los e folhear as suas páginas. Isto atraía outras crianças à
biblioteca do meu avô. O salão era sóbrio, com prateleiras envernizadas e brilhantes, duas poltronas de
couro marrom e a Imponente mesa de jacarandá. Ali aprendi a amar e a respeitar os livros. Aquele lugar
era a porta de mundos e histórias que me fascinavam.

3. Elipse. É a omissão de palavras ou frases que o leitor pode facilmente subentender. Os rapazes
estavam esfomeados. • Vieram de uma longa caminhada pelos arredores da fazenda. Logo que •
chegaram, uns • pediram muita água, outros • • cervejas.

Observe que não é necessário repetir o substantivo rapazes e o verbo pedir, representados pelo símbolo •.

A reposição dos elementos é possível graças aos mecanismos de concordância conhecidos pelos falantes
da língua, o que, na maioria das vezes, é um processo rápido e automático. Em longos textos teóricos ou
filosóficos é possível que alguns termos elípticos forcem o leitor a retomar parágrafos anteriores para
melhor compreensão do que está lendo.

4. Conectores. São palavras ou expressões que servem para ligar ideias, conforme o tipo de vinculação
que se pretende estabelecer entre elas: adição, oposição, causalidade, finalidade etc.

Eis alguns deles:

• aditivos — estabelecem uma relação de coordenação e são utilizados para somar ideias: e, também,
não só...mas também, tanto... como, além disso, nem (= e não) etc.:

Chovia muito naquela manhã e não tínhamos um carro disponível. Além disso, Fernando não sabia
com precisão o endereço da Lúcia.

• disjuntivos — estabelecem uma oposição de ideias ou orientações discursivas diferentes:

Devemos sair agora ou esperar que ele nos telefone?


Muitas vezes, as derrotas nos trazem boas lições. Ou você acha que não aprendemos nada dessa vez?

• adversativos — expressam oposição ou contraste: mas, porém, contudo, todavia etc:

A autoridade precisa ser respeitada, é evidente, mas não na medida em que se avilte o cidadão.
(João Ubaldo Ribeiro, O Estado de S. Paulo.)

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• causais — indicam relação de causa e efeito:

Tudo começou porque um torcedor insultou a torcida adversária.

• condicionais — introduzem a condição sem a qual alguma coisa não poderá ser realizada:

Se você salgar mais a comida, ela ficará intragável.

• conclusivos — introduzem enunciados conclusivos:

Trabalhava de dia e estudava à noite, logo chegava cansado em casa.

• conformativos — conectam duas orações em que se mostra a conformidade do conteúdo de uma com
algo expresso na outra:

A equipe jogou conforme o técnico havia determinado.

• finais — introduzem uma oração que traduz a finalidade de uma ação:


Ele não poupou esforços para satisfazer os convidados.

• temporais — indicam uma relação de simultaneidade, anterioridade ou posterioridade, estabelecendo


conexões entre ações, eventos, estado de coisas ou determinando a ordem em que se teve percepção ou
conhecimento deles:

Mal o aluno chegou, o professor lhe entregou o exame.


Depois que os exames terminaram, discutimos algumas questões.
Enquanto fazíamos os exames, o professor lia o jornal.
Quando o aluno chegou, o professor já havia distribuído os exames.

A concordância verbal e nominal, a regência verbal e nomina e a ordem dos vocábulos na oração
são outros elementos de coerência e coesão.
Não é de grande proveito restringir o trabalho sobre os mecanismos de coerência e coesão ao
estudo dos nomes e definições de cada mecanismo. Além disso, é grande a variedade de termos para
nomear os tipos de relações estabelecidas por eles. O mais importante é trabalhar a produção de textos
coerentes e coesos.

EXERCÍCIOS

1- Relacione as seguintes orações empregando procedimentos de coesão para formar um texto:

Nos museus é proibido fotografar com flash. A luz disparada pelas câmaras é muito intensa. Isso acaba
adulterando a própria cor das pinturas.
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2- Relacione as seguintes orações empregando procedimentos de coesão para formar um texto:

A febre funciona como um alarme. Alguma infecção está atacando o organismo. A febre dá um sinal
para o organismo. O organismo acelera a produção dos anticorpos. Os anticorpos vão combater a doença.
A produção de anticorpos é uma atividade intensa. Essa atividade mais intensa aumenta a temperatura do
organismo.
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3- .No trecho abaixo, o termo destacado tem função anafórica já que retoma elemento anteriormente
expresso.

Os primeiros canhões eram dispositivos rudimentares. Feitos de madeira e reforçados com cintas
de ferro.
Um século depois, a parecera m os modelos de metal fundido, mais seguros, que mudaram a
história das guerras.

Identifique a opção que apresenta o elemento anteriormente expresso:


a) canhões
b) dispositivos rudimentares
c) modelos de metal fundido mais seguros
d) cintas de ferro

4 - Na oração a seguir, o pronome ela tem função catafórica A função catafórica ocorre quando o
pronome se refere a um nome que vem expresso depois dele. Indique o nome ao qual o pronome se
refere:

Elas são em número mais elevado do que os homens solteiros, porque muitas mães solteiras
engravidam na relação com homens casados.
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5- (Fuvest-SP) Nas frases abaixo, há falta de paralelismo sintático. Reescreva-as, mantendo seu sentido e
fazendo apenas as alterações necessárias para que se estabeleça o paralelismo.

a) Funcionários cogitam uma nova greve e isolar o governador.


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b) Essa reforma agrária, por um lado, fixa o homem no campo, mas não lhe fornece os meios de
subsistência e de produzir.
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6- (UFPR - Adaptada) Leia o texto abaixo:

A referência a Xuxa, além de providencial, é pertinente. Ela é pioneira nesse fenômeno tão característico
do Brasil de hoje, que é a erotização das crianças. Faz anos que, consciente ou inconscientemente, lhes
dá aulas de sedução. Outras a seguiram na TV entre louras que a imitam e reboladoras profissionais, mas
Xuxa detém a palma do pioneirismo. Merece ser considerada um símbolo da permissividade da televisão
brasileira.
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(Veja, 18/8/1999.)

Identifique e copie no caderno a(s) alternativa(s) em que todas as expressões são apropriadas para
substituir as expressões em negrito, sem prejuízo para o sentido do texto.

a) menção - apropriada - interrompe - da licenciosidade


b) convocação - irritante - conserva - da abertura
c) observação - relevante - possui - da liberdade
d) menção - apropriada - conserva - da falta de limites
e) saudação - obrigatória - interrompe - do vale-tudo
f) alusão - relevante - ostenta - da liberalidade

A DISSERTAÇÃO

DIFERENÇA ENTRE TEMA E TÍTULO

Fazer uma dissertação consiste em defender uma ideia. Para organizá-la, convém seguir certas
instruções que iremos fornecer-lhe agora.
O primeiro passo, antes de começar, é reconhecer a diferença entre um tema e um título. O tema é o
assunto sobre o qual você irá escrever, ou seja, a ideia que será defendida ao longo de sua composição.
Por outro lado, o título é a expressão, geralmente curta, colocada no início do trabalho; ele é, na verdade,
apenas uma vaga referência ao assunto que você abordará. Observe a diferença entre eles nos exemplos
abaixo:

Título O jovem e a política. Título A cidade e seus problemas.

Ultimamente temos notado um enorme


interesse dos jovens em participar da A cidade de São Paulo enfrenta
Tema Tema
vida política desta nação. atualmente grandes problemas.
.

Título A importância da Península Arábica.


Título As contradições na era da comunicação.

Entendemos que a comunidade A cidade de São Paulo enfrenta


Tema internacional deva preocupar-se com Tema Vivendo a era da comunicação, o
os acontecimentos que envolvam a homem contemporâneo está cada
Península Arábica, já que grande vez mais só.
parte do petróleo que o mundo
consome sai desta região. .
.

E evidente que para cada um dos títulos poderiam caber inúmeros outros temas diferentes dos que
foram apresentados na página anterior. Da mesma forma, para cada um dos temas também poderiam ser
criados outros títulos. Por exemplo: para o título O jovem e a política poderíamos, caso preferíssemos,
estabelecer um outro tema bastante divergente do anterior, como: "Infelizmente constatamos que o jovem
não só não se interessa pela política, mas também desconhece totalmente os mecanismos que conduzem
ao poder e que determinam os rumos da nação".
A partir dos exemplos apresentados anteriormente, constatamos que existem as seguintes diferenças
entre tema e título:
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Título Tema
1 - E uma afirmação sobre
1- E uma referência deter minado assunto,
vaga a um assunto. em que se percebe uma
tomada de posição.
2 - E uma oração que
2 - Ê uma expressão
apresenta um começo,
mais curta que o tema.
meio e final.
3 - Na maioria das 3 - Por ser uma oração,
vezes, não contém um deve apresentar ao
verbo. menos um verbo.

EXERCÍCIOS

1- Agora vamos treinar. Sugerimos cinco temas para os quais você deverá compor títulos (um para
cada um deles). Lembre-se de que este título deve ser bem menor que o tema dado:

a) Alguns segmentos da produção agrícola voltam-se atualmente para o mercado externo, alcançando
considerável sucesso.

b) Os conflitos que ocorrem entre judeus e algumas nações da Península Arábica contribuem para abalar
ainda mais a frágil estabilidade daquela região.

c) Neste país seria necessário que promovessem a alfabetização de adultos, para que eles se sentissem
mais integrados à comunidade.

d) Os movimentos grevistas são fruto da insatisfação de uma grande parcela de nossos trabalhadores.

e) A construção de uma sociedade democrática é dever de todo cidadão brasileiro.

2- Neste segundo exercício, você deverá compor temas para os títulos fornecidos. Não se esqueça de
que eles devem ser orações completas (incluindo ao menos um verbo), nas quais você fará uma
afirmação, como já foi mostrado anteriormente:

a) O vestibular e o despreparo da maioria dos jovens

b) O trabalho e a realização pessoal

c) A inflação

d) A importância do lazer

e) Nossa nação e a dívida externa

OBSERVAÇÃO:

Quando você estiver sendo avaliado em algum exame em que lhe seja solicitado fazer alguma
dissertação, o examinador tanto pode fornecer-lhe um título quanto um lema. Se ele lhe fornecer um tema,
você deverá compor um título; se, por outro lado. ele lhe fornecer um título, você deve imediatamente
compor um tema. Não se esqueça de que o título é colocado logo na primeira linha de sua redação; deve
vir sublinhado com um único traço e nele não se devem colocar aspas. Pule duas linhas antes de começar
sua dissertação. Não se esqueça também de que na folha definitiva você não deve escrever a palavra
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Técnicas de redação 3º Ano 2016
título, isto é, não esclareça o óbvio. Exemplificando: se lhe foi solicitada uma dissertação sobre a inflação,
não inicie seu trabalho escrevendo "Título: A inflação". Quanto ao tema, veja como desenvolvê-lo nos
próximos capítulos.

O ESQUEMA BÁSICO DA DISSERTAÇÃO

Imagine que você queira dissertar sobre o seguinte tema:

Tema Chegando ao terceiro milênio, o


homem ainda não conseguiu resolver
graves problemas que preocupam a
todos.

.
Sua primeira providência deve ser copiar este tema em uma folha de rascunho e fazer a pergunta: POR
QUÊ?
Ao iniciar sua reflexão sobre o tema proposto e sobre uma possível resposta para a questão, procure
recordar-se do que já leu ou ouviu a respeito dele. E quase certo que você tenha ao menos uma noção
acerca de qualquer tema que lhe vier a ser apresentado.
O ideal, para que sua dissertação explore suficientemente o assunto, é que você obtenha duas ou três
"respostas" para a questão formulada; estas "respostas" chamam-se argumentos. Vejamos agora que
argumentos poderíamos encontrar para este tema. Uma possibilidade é pensar que um dos sérios
problemas que o homem não consegue resolver é o da miséria. Assim, já teríamos o primeiro argumento:

1 Existem populações imersas em completa miséria.

Pensando um pouco mais nos problemas que enfrentamos, poderíamos formular o segundo argumento:

2 A paz é interrompida frequentemente por conflitos internacionais.

Refletindo um pouco mais sobre as questões que afligem a humanidade, logo lembramos do
desequilíbrio ecológico, que pode ser nosso terceiro argumento:

3 O meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico.

Viu como foi fácil? Os argumentos selecionados são exaustivamente noticiados qualquer meio de
comunicação.
Dessa maneira, obtemos o seguinte quadro:

15
Técnicas de redação 3º Ano 2016
Você pode encontrar outros argumentos além destes apresentados acima que justifiquem a afirmação
proposta pelo tema. A única exigência é que eles se relacionem com o assunto sobre o qual está
escrevendo.
Uma vez estabelecido o tema e os três argumentos, você já dispõe do necessário para, agora, na folha
definitiva, começar a redigir sua dissertação. Ela deverá constar de três partes fundamentais: Introdução,
Desenvolvimento e Conclusão.
Vamos agora redigir o primeiro parágrafo, ou seja, a Introdução, baseando-nos no quadro acima. Para
compô-la, basta que você copie o tema e a ele acrescente os três argumentos, assim como aparecem no
quadro. Veja como poderia ser:

Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver graves problemas que preocupam
TEMA
a todos, pois ARGUMENTO 1 existem populações imersas em completa miséria, a paz é interrompida
frequentemente ARGUMENTO 2 por conflitos internacionais e, além do mais, o meio ambiente encontra-se
ARGUMENTO 3
ameaçado por sério desequilíbrio ecológico.

Observe que, na Introdução, os argumentos são apenas mencionados. Neste primeiro parágrafo
informamos o assunto de que a dissertação vai tratar; cada argumento será convenientemente
desenvolvido nos parágrafos seguintes. Repare nas palavras pois e além do mais, colocadas neste texto
para ligar as diferentes partes da Introdução. São elas que reúnem o tema aos argumentos. Depois de
terminado o parágrafo da Introdução, você poderá passar ao Desenvolvimento, explicando cada um dos
argumentos expostos acima.
Assim, no próximo parágrafo, escreva tudo o que souber sobre o fato de existirem populações
miseráveis.
Embora o planeta disponha de riquezas incalculáveis — estas, mal distribuídas, quer entre Estados,
quer entre indivíduos —, encontramos legiões de famintos em pontos específicos da Terra. Nos países do
Terceiro Mundo, sobretudo em certas regiões da África, vemos, com tristeza, a falência da solidariedade
humana e da colaboração entre as nações.
Como você pode perceber, convém, vez por outra, lançar mão de certos exemplos para comprovar suas
afirmações.
No parágrafo seguinte desenvolve-se o segundo argumento:
Além disso, nestas últimas décadas, temos assistido, com certa preocupação, aos inúmeros conflitos
internacionais que se sucedem. Muitos trazem na memória a triste lembrança das guerras do Vietnã e da
Coréia, as quais provocaram grande extermínio. Em nossos dias, testemunhamos conflitos na antiga
Iugoslávia, em alguns países membros da Comunidade dos Estados Independentes, sem falar da Guerra
do Golfo, que tanta apreensão nos causou.
Note a presença da expressão Além disso no início do parágrafo, que estabelece a ligação com o
parágrafo anterior. Ela deve ser colocada para evidenciar o fato de que os parágrafos se relacionam entre
si.
Falemos agora do terceiro argumento:
Outra preocupação constante é o desequilíbrio ecológico, provocado pela ambição desmedida de
alguns, que promovem desmatamentos desordenados e poluem as águas dos rios. Tais atitudes
contribuem para que o meio ambiente, em virtude de tantas agressões, acabe por se transformar em local
inabitável.
Observe a expressão Outra preocupação constante, colocada no início deste parágrafo. Ela é o
elemento de ligação com o parágrafo anterior do Desenvolvimento. Estabelece a conexão entre os
argumentos apresentados.
Para que sua dissertação fique completa, falta apenas elaborar um último parágrafo que se denomina
Conclusão. Para isso, é preciso que analisemos suas partes constitutivas.
A Conclusão pode iniciar-se com uma expressão que remeta ao que foi dito nos parágrafos anteriores
(expressão inicial). A ela deve seguir-se uma reafirmação do tema proposto no início da redação. No final
do parágrafo, é interessante colocar uma observação, fazendo um comentário sobre os fatos mencionados
ao longo da dissertação.
Com base nessa orientação, já podemos redigir o parágrafo final, ou seja, a Conclusão.

Em virtude dos fatos mencionados, somos


expressão inicial

levados a acreditar que o homem está muito


16
Técnicas de redação 3º Ano longe de solucionar os graves problemas que 2016
OBSERVAÇÃO:

Caso você deseje, é possível que a Conclusão seja formada apenas pelo final, dispensando o início,
constituído pela expressão inicial e reafirmação < eles atuam apenas como reforço, como ênfase ao
problema abordado.
Agora, reunindo todos os parágrafos escritos, temos a dissertação completa, da de um título:

Terra: uma preocupação constante

Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver graves problemas que
preocupam a todos, pois existem populações imersas em completa miséria, a paz é interrompida
frequentemente por conflitos internacionais e, além do mais, o meio ambiente encontra-se ameaçado por
sério desequilíbrio ecológico.
Embora o planeta disponha de riquezas incalculáveis — estas, mal distribuídas, quer entre Estados,
quer entre indivíduos — encontramos legiões de famintos em pontos específicos da Terra. Nos países do
Terceiro Mundo, sobretudo em certas regiões da África, vemos, com tristeza, a falência da solidariedade
humana e da colaboração entre as nações.
Além disso, nestas últimas décadas, temos assistido, com certa preocupação, aos inúmeros conflitos
internacionais que se sucedem. Muitos trazem na memória a triste lembrança das guerras do Vietnã e da
Coréia, as quais provocaram grande extermínio. Em nossos dias, testemunhamos conflitos na antiga
Iugoslávia, em alguns países membros da Comunidade dos Estados Independentes, sem falar da Guerra
do Golfo, que tanta apreensão nos causou.
Outra preocupação constante é o desequilíbrio ecológico, provocado pela ambição desmedida de
alguns, que promovem desmatamentos desordenados e poluem as águas dos rios. Tais atitudes
contribuem para que o meio ambiente, em virtude de tantas agressões, acabe por se transformar em local
inabitável.
Em virtude dos fatos mencionados, somos levados a acreditar que o homem está muito longe de
solucionar os grandes problemas que afligem diretamente uma grande parcela da humanidade e
indiretamente a qualquer pessoa consciente e solidária. É desejo de todos nós que algo seja feito no
sentido de conter essas forças ameaçadoras, para podermos suportar as adversidades e construir um
mundo que, por ser justo e pacífico, será mais facilmente habitado pelas gerações vindouras.

Caso você deseje fazer uma dissertação um pouco menor, basta usar dois argumentos em vez de três.

Resumindo todos os procedimentos que utilizamos para construir essa dissertação, chegamos a este
esquema:

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Técnicas de redação 3º Ano 2016
O esquema acima pode ser utilizado para redigir qualquer dissertação. Ele lhe será útil para que você
possa estruturar satisfatoriamente os argumentos; garantirá ainda organização e coerência à sua
composição. Observando essas orientações, você usará o número de parágrafos adequado, certificando-
se de que cada um deles corresponda a uma nova ideia e de que, sobretudo, os diferentes parágrafos
evidenciem as partes componentes de sua dissertação.
Não se esqueça do seguinte: este é apenas um dos modelos de dissertação que iremos apresentar ao
longo do livro. Ê, no entanto, o mais geral e pode ser usado para desenvolver qualquer tema dissertativo.

EXERCÍCIOS

1- Faça agora um exercício para que você possa perceber se compreendeu bem o modelo de dissertação
acima. Agora você verá uma outra composição que foi escrita com base nesse esquema. Leia a redação A
qualidade de vida na cidade e no campo e:

a) indique quais são os parágrafos da Introdução, Desenvolvimento e Conclusão;

b) no primeiro parágrafo, aponte o tema; transcreva os argumentos 1, 2 e 3;

c) assinale em que parágrafo está o desenvolvimento do argumento 1;

d) aponte o parágrafo em que está desenvolvido o argumento 2;

e) localize o parágrafo no qual se encontra o desenvolvimento do argumento 3;

f) no último parágrafo, aponte: a expressão inicial; o trecho onde se encontra a reafirmação do terna; e,
por fim, a observação final.

A PERSUASÃO

Fedro
[...]
"Sócrates: - Visto que a força da eloquência consiste na capacidade de guiar as almas, aquele
que deseja tornar-se orador deve necessariamente saber quantas formas existem na alma. Elas
são em certo número e têm as suas respectivas qualidades. É por isso que os homens têm
caracteres diferentes. Depois de classificar as almas desse modo, deverá distinguir, também, cada
espécie de discurso em suas diferentes qualidades. Desse modo há homens que serão
persuadidos por certos discursos enquanto que os mesmos argumentos serão de fraca ação na
alma de outros. É mister que o orador que aprofundou suficientemente os seus conhecimentos seja
capaz de discernir rapidamente na prática da vida o momento exato em que é azado usar uma ou
outra forma de argumentação. [...] Quando estiver apto a dizer por que espécie de discurso pode-se
levar a persuasão às mais diferentes almas, quando, posto à frente de um indivíduo, ele souber ler
no seu coração. [...] Quando souber aplicar a esse homem o discurso apropriado, quando possuir
todos esses conhecimentos, quando souber distinguir as ocasiões em que deve calar-se ou falar,
quando souber empregar ou evitar o estilo conciso ou despertar com amplificações grandiosas e
dramáticas a paixão, só então a sua arte será consumada"
PLATÃO. Diálogos I: Ménon, Banquete, Fedro. Rio de Janeiro: Ediouro, 1999.

A construção de um texto persuasivo

Quando expressamos nosso ponto de vista, procuramos a adesão de nosso interlocutor. Assim, não
basta organizar logicamente nossas ideias; temos de fazer muito mais do que isso: temos de pensar no
processo comunicativo como um todo. Processo comunicativo? Sim, mais uma vez, a observação de
elementos como a situação, o meio e, especialmente, o interlocutor vai determinar a configuração de
nosso texto. Um produtor de textos eficiente tem de saber adequar seus textos segundo as variáveis do

18
Técnicas de redação 3º Ano 2016
processo comunicativo; um produtor de textos argumentativos cujo objetivo é atingir seu interlocutor,
leitor/ouvinte de seu texto, não pode deixar de considerar as características do outro.
Como já sabemos, o produtor de um texto argumentativo procura expor ao leitor/ouvinte, seu
interlocutor, uma determinada posição ou mesmo levantar elementos para uma possível análise ou
reflexão. Para tanto, trabalha com uma relação lógica de argumentos, que fundamentam e solidificam sua
tese ou posição final. Mas será que isso é suficiente?
Um texto argumentativo tem de ter mais do que ideias logicamente encadeadas; tem de atrair o leitor,
cativá-lo e transmitir-lhe convicção. Aí entra em cena a persuasão: o enunciador deve construir um texto
sedutor a partir da manipulação adequada dos recursos linguísticos. Estratégico? Pois é, o texto
argumentativo é estratégico e sedutor. Afinal, a intenção é ganhar a adesão do outro, que o outro nos
ouça/leia e se identifique com nossa posição (ou, ao menos, a considere!).
A persuasão, então, está por trás de todo bom texto argumentativo. Para que ela seja efetiva, é
fundamental observar principalmente as características do interlocutor-alvo e da situação comunicativa em
que acontecerá a interação. Após essa análise e em função desses fatores, trabalham-se as ideias e os
recursos estruturais da língua.

EXERCÍCIO

Leia a seguinte tirinha:

Responda:

a) Jon foi persuasivo? Por quê?


_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
b) Haveria uma maneira mais persuasiva de Jon se expressar?
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

PRATICANDO

Texto para as questões de 1 a 3.

O mundo para todos

Durante debate recente, nos Estados Unidos, fui questionado sobre o que pensava da
internacionalização da Amazônia. O jovem introduziu sua pergunta dizendo que esperava a
resposta de um humanista e não de um brasileiro. Foi a primeira vez que um debatedor
determinou a ótica humanista como o ponto de partida para uma resposta minha.
19
Técnicas de redação 3º Ano 2016
De fato, como brasileiro, eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia.
Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso.
Respondi que, como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia,
podia imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para
a Humanidade. Se a Amazônia, sob uma ótica humanista, deve ser internacionalizada,
internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão
importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar
disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo
e subir ou não o seu preço. Os ricos do mundo, no direito de queimar esse imenso patrimônio da
Humanidade.
Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a
Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade
de um dono, ou de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado
pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas
financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.
Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes
museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é
guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar que esse
patrimônio cultural, como o patrimônio natural amazônico, seja manipulado e destruído pelo gosto
de um proprietário ou de um país. Não faz muito, um milionário japonês decidiu enterrar com ele
um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.
Durante o encontro em que recebi a pergunta, as Nações Unidas reuniam o Fórum do Milênio,
mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na
fronteira dos EUA. Por isso, eu disse que Nova York, como sede das Nações Unidas, deveria ser
internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a Humanidade. Assim como
Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza
específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.
Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de
brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já
demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de
vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil. Nos seus debates,
os atuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a ideia de internacionalizar as
reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir
que cada criança do mundo tenha possibilidade de ir à escola. Internacionalizemos as crianças
tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como patrimônio que merece
cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazônia.
Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um patrimônio da
Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar; que morram
quando deveriam viver. Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas,
enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa.
BUARQUE, Cristovam. In: O Globo, 23 out. 2000.

1- (UERJ) Cristovam Buarque, ao revelar os interesses ocultos na defesa da internacionalização da


Amazônia, utiliza um recurso argumentativo conhecido como "redução ao absurdo". Esse recurso consiste
na aceitação inicial de uma proposição para dela extrair decorrências absurdas ou inaceitáveis.
O trecho que melhor exemplifica o uso deste recurso, em relação à proposta de internacionalização, é:

a) "Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da
especulação."
b) "Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano."
c) "Não se pode deixar que esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural amazônico, seja
manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país."
d) "Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros,
internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA."
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Técnicas de redação 3º Ano 2016
2- (UERJ) No parágrafo de conclusão, o autor responde, de maneira indireta, ao jovem que lhe fez a
pergunta no primeiro parágrafo. Essa resposta de Cristovam Buarque, presente no último parágrafo, está
melhor explicitada em:

a) Internacionalista é antes aquele que defende o patrimônio da Humanidade.


b) Brasileiro é antes aquele que luta para que a Amazônia seja nossa e só nossa.
c) Humanista é antes aquele que defende a internacionalização de todo o mundo.
d) Patriota é antes aquele que luta por todas as pátrias e por todos os seres humanos.
3- (UERJ) O jovem introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um humanista e não de
um brasileiro.
O objetivo da fala do jovem, ao solicitar que Cristovam Buarque se comportasse como humanista, está
corretamente descrito em:

a) ressaltar a inteligência e a cultura patriótica do interlocutor.


b) fazer um questionamento e um protesto dirigido ao debatedor.
c) demonstrar consciência e tolerância ante a pluralidade de opiniões.
d) desvalorizar o ponto de vista e a posição do brasileiro acerca do assunto.

4- (Enem) Rui Guerra e Chico Buarque de Holanda escreveram uma peça para teatro chamada Calabar,
pondo em dúvida a reputação de traidor que foi atribuída a Calabar. Pernambucano que ajudou
decisivamente os holandeses na invasão do Nordeste brasileiro, em 1632. - Calabar traiu o Brasil que
ainda não existia? Traiu Portugal, nação que explorava a colônia onde Calabar havia nascido? Calabar,
mulato em uma sociedade escravista e discriminatória, traiu a elite branca? Os textos abaixo referem-se
também a esta personagem.

Texto l

... dos males que causou à Pátria, a História, a inflexível História, lhe chamará infiel, desertor e traidor, por
todos os séculos
Visconde de Porto Seguro. In: SOUZA JÚNIOR, A. Do Recôncavo aos Guararapes. Rio de Janeiro: Bibliex, 1949 .
Texto II

Sertanista experimentado, em 1627 procurava as minas de Belchior Dias com a gente da Casa da Torre;
ajudara Matias de Albuquerque na defesa do Arraial, onde fora ferido, e desertara em consequência de
vários crimes praticados... [os crimes referidos são o de contrabando e roubo].
CALMON, P. História do Brasil. Rio delanetro: José Olympio, 1959.

Pode-se afirmar que:

a) a peça e os textos abordam a temática de maneira parcial e chegam às mesmas conclusões.


b) a peça e o texto l refletem uma postura tolerante com relação à suposta traição de Calabar, e o texto II
mostra uma posição contrária à atitude de Calabar.
c) os textos l e II mostram uma postura contrária à atitude de Calabar, e a peça demonstra uma posição
indiferente em relação ao seu suposto ato de traição.
d) a peça e o texto II são neutros com relação à suposta traição de Calabar, ao contrário do texto l, que
condena a atitude de Calabar.
e) a peça questiona a validade da reputação de traidor que o texto l atribui a Calabar, enquanto o texto II
descreve ações positivas e negativas dessa personagem.

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Técnicas de redação 3º Ano 2016
TIPOS DE PARÁGRAFO

Um texto pode estar estruturado por vários parágrafos, de diversos tipos, independentemente do tipo de
testo em questão. Por exemplo: num texto argumentativo podemos encontrar, além de parágrafos
tipicamente argumentativos, um parágrafo narrativo, apresentando um argumento; num texto narrativo
podemos encontrar um parágrafo descritivo, apresentando o cenário onde se desenvolverá a narrativa;
num texto injuntivo, um parágrafo descritivo no qual se apresentem as características de um objeto ou de
um serviço...
Mas também o parágrafo é uma unidade temática e pode ser ele mesmo um texto e não apenas uma
parte dele. Nesses casos, o parágrafo divide algumas características com o gênero literário conto:
concisão e condensação, sem deixar de lado os elementos necessários para a sua construção.

O parágrafo argumentativo

Um parágrafo argumentativo estrutura-se em torno de uma ideia tese, normalmente apresentada em


uma introdução, desenvolvida com o apoio de argumentos e reforçada por uma conclusão de efeito, que
retoma a ideia tese.
Via de regra, um parágrafo argumentativo expressa um ponto de vista do produtor do texto que, a partir
de uma progressão lógica de ideias, tenta persuadir o interlocutor e ganhar a sua adesão.
Gramaticalmente, para atingir seu objetivo, o produtor muito frequentemente emprega orações
subordinadas causais (introduzidas pelas conjunções visto que, pois, porque), que apresentam a relação
causa-consequência, além de orações coordenadas conclusivas (introduzidas pelas conjunções logo,
portanto, pois), que apresentam uma conclusão resultante de ideias expostas anteriormente.

O parágrafo narrativo

Um parágrafo narrativo, como todo texto narrativo, estrutura-se em torno de um fato e de uma ação (o
desenrolar do fato), que configuram um episódio.
Para apresentar a progressão temporal e sequencial de toda ação, o parágrafo deve apresentar as
informações circunstanciais relativas ao fato (onde? quando? por quê? quem? como?), e se estruturar
gramaticalmente com o emprego de verbos de ação, formas verbais no pretérito, advérbios de lugar e de
tempo, orações subordinadas adverbiais etc.

O parágrafo descritivo

Um parágrafo descritivo apresenta o estado de um ser, de um objeto, de uma paisagem, de uma cena,
num determinado momento, de uma determinada perspectiva. Não há ação.
Dessa forma, como em todo texto descritivo, o parágrafo deve apresentar predomínio de frases
nominais e predicados nominais, formas verbais no presente ou no pretérito imperfeito, adjetivação,
advérbios de lugar etc.

O parágrafo explicativo

Um parágrafo explicativo tem como objetivo apresentar informações a respeito de alguma coisa, da
forma mais objetiva possível. Não se trata de defender uma posição, mas de dar a conhecer saberes ou
conhecimentos tidos como verdadeiros ou aceitos.
Gramaticalmente, para a elaboração de um parágrafo explicativo, percebe-se o emprego de predicados
com verbos explicativos (ser, ter, conter, consistir, compreender, indicar, significar, constituir, denominar,
designar etc.), de sinais de pontuação que introduzem explicações e exemplificações (dois-pontos,
parênteses, travessões etc.), orações coordenadas explicativas (introduzidas pelas conjunções pois e
porque), orações subordinadas adjetivas explicativas, reformulações (introduzidas por isto é, ou seja, em
outras palavras etc.) e comparações (introduzidas por assim, igualmente, como, ao contrário etc.).
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Técnicas de redação 3º Ano 2016
ATIVIDADES

Identifique o tipo de parágrafo em cada item:

Flotação
Onde é usada: rios menores
Como é: A técnica, patenteada por um brasileiro, efetua a separação físico-química dos poluentes por
meio de substâncias jogadas na água (sulfato de alumínio e polieletrólito). Essas substâncias têm efeito
coagulante e fazem as partículas sólidas (sujeira) flutuarem. Para que os fragmentos não afundem, um
equipamento injeta oxigênio no fundo do rio (aeração). Parte do lodo é desidratado e devolvido à natureza.
SUPERINTERESSANTE. São Paulo: Abril, ed.211, mar. 2005. p. 29.

a) ___________________________________________________________________________________

O ilógico
Twiggy, modelo famosa nos anos 60, inaugurou o ideal de magreza exagerada. Vítima de anorexia
nervosa, não enxergava o que parecia óbvio aos demais. Olhava o corpo esquelético no espelho e
enxergava-se gorda.
SUPERINTERESSANTE. São Paulo: Abril ed.2ll, mar. 2005. p. 31.

b) ___________________________________________________________________________________

A peça: Hamlet
TRAMA: O príncipe da Dinamarca vive feliz, bajulado pelos amigos e pelas damas da corte. Quando
recebe a visita do fantasma de seu pai, morto poucos dias antes, descobre que o tio - agora casado com
sua mãe e dono do trono – é o assassino. A traição o deixa atormentado e Hamlet passa a questionar o
valor da vida.
SUPERINTERESSANTE. São Paulo: Abril, ed.211, mar. 2005. p. 62.

c) ___________________________________________________________________________________

Leia o seguinte parágrafo:

Quanto à ética...

De quem é a responsabilidade pelo que é veiculado e consumido na internet?


Tendo em vista o que se diz da rede mundial de computadores, como o fato de ser fonte preciosa de
informação e milagroso meio de comunicação, uma característica pode representar o inferno de uns e o
paraíso de outros: ela é a terra de ninguém. A impressão que se tem ao navegar pelos inúmeros sites que
a compõem é que tudo é possível. E nesse "tudo" incluem-se jornalismo em tempo real e comunicação
instantânea com aquele amigo que está morando no Japão, mas também conteúdo de mau gosto de todo
tipo. No momento em que esse universo está ao alcance de um clique, nas mãos de quem fica a ética
relacionada ao uso que se faz da rede? "Como em qualquer ato ético, trata-se de uma rua de mão dupla",
afirma o filósofo e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Roberto Romano. Como
diria o pensador francês Jean-Paul Sartre: num ato (sobretudo amoroso) são necessários pelo menos dois
agentes. Para Romano, a preocupação acerca do controle de conteúdo hoje veiculado na internet é
milenar. Afinal, ele, "sempre que os novos instrumentos de comunicação ampliaram as possibilidades de
escrever e defensor sem tutelas, ouviu-se o clamor dos autoritários contra eles" O filósofo lista: "Assim
ocorreu com a poesia, o teatro e u escultura na Grécia antiga e clássica, e em Roma; com a imprensa no
Renascimento; e com o rádio e a televisão. Sempre temos o coro dos supostos aristocratas do espírito que
lamentam a 'perda do rigor] tanto no plano ético quanto no especulativo, trazida pelos novos instrumentos".
O professor defende a prevalência, em meio a prós e contras, da cautela. "Existem crimes na internet
como existem crimes na mídia, nas universidades, nas igrejas, nas seitas e nos partidos políticos. Não se
resolve esse ponto castrando a tecnologia e a livre manifestação do pensamento. A pedofilia, a curiosidade
indiscreta e afoita de respeito ao outro são constituintes da realidade humana e existem muito antes de
existirem computadores e a rede mundial."
REVISTA E. São Paulo: SESC, n. 110, jul. 2006. p. 21

a) Trata-se de um parágrafo argumentativo. Justifique a afirmação, destacando: motivação do texto, forma


de apresentação de argumentos e explicitação da tese.
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Técnicas de redação 3º Ano 2016
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b) Se fosse possível sua divisão em parágrafos, como você a faria?


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3. O parágrafo reproduzido na atividade 2 foi publicado em forma de boxe dentro de um texto maior: a
matéria "Invasão de privacidade", da Revista E. Relendo o texto e sabendo dessa informação contextual,
responda:

a) quem está defendendo a ideia?


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b) quantas vozes há no texto? Quais são elas?


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PRATICANDO

Reproduzimos, a seguir, uma questão extraída de um exame vestibular da Universidade Federal de


Goiás. Antes de respondê-la, leia atentamente os comentários da comissão do vestibular da UFG sobre a
questão.
O parágrafo ao tipo dissertativo-argumentativo estrutura-se em torno de uma ideia básica, cuja posição
não é fixa (ela tanto pode situar-se no início, quanto no meio, ou no fim do texto). Esta questão, portanto,
envolve capacidade de ler e compreender um parágrafo curto, reconhecendo e segmentando suas partes.
Essas partes, por sua vez, expressam a organização do raciocínio do autor.

1- (UFG) Leia, com atenção, o seguinte parágrafo do texto "Considerações em torno do acesso ao mundo
da escrita":
Pensada como simples transposição da língua oral, a escrita tem sido relegada à condição de
microcódigo que reproduz em escala menor e simplificada os problemas apresentados pela oralidade.
Argumentos como a precedência histórica desta sobre aquela, bem como o seu caráter "não-natural" têm
embasado essa posição, a nosso ver discutível. Sobretudo porque a anterioridade histórica (se verdadeira)
não é justificativa para a afirmação de que a escrita simboliza e reduz a oralidade e que sua não-
naturalidade implica a sua indiferenciação essencial. Na verdade, do ponto de vista de sua aprendizagem,
a língua escrita e a língua oral apresentam dificuldades de natureza distinta que por si relegam a um
segundo plano a questão relativa à sua natureza.
OSAKABE, Haquira. Prática de texto. Rio de Janeiro: Vozes, 1992. p. 92.

a) O trecho acima apresenta dois pontos de vista opostos, a) Qual o ponto de vista defendido pelo autor?
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Técnicas de redação 3º Ano 2016
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b) Que argumentos sustentam o ponto de vista contrário ao do autor?


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_____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________

2 - (FGV-SP) Crie um tópico frasal pertinente que possa sintetizar as ideias exploradas no parágrafo
abaixo.

Um certo clima de desconfiança, insatisfação e pavor não se nota só entre cientistas e sábios; eleja está
se alastrando entre o povo e sensibiliza principalmente os jovens, sobretudo os estudantes. O fato de que
as manifestações mais clamorosas de seu protesto pertençam ao passado não significa que ele tenha
perdido em intensidade e universalidade. Muito pelo contrário: o terror dos anos 70 é filho do protesto dos
anos 60.
(Pedro Dalle Nogare)

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3 (UFMT) Escreva um breve parágrafo que deverá constituir uma interpretação possível para o texto.

É uma aula de português. Sujeito, predicado e complemento. Concordância, regência. Figuras de


retórica. Idiotismos linguísticos.
Já aprendemos o que é anacoluto - não é palavrão. Aprendemos outras coisas também — algumas que
cheiram a dentista, como próclise, mesóclise. Só que dentro em pouco esqueceremos tudo.
MANDRIK & FARACO. Prática de redação para estudantes universitários.
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Texto para as questões de 4 a 11.

O fragmento abaixo pertence ao romance A bagaceira, de José Américo de Almeida, publicado em


1928. Esse romance é considerado o marco inicial do moderno romance regionalista nordestino.
Caracterizado pela denúncia social, retrata o drama dos retirantes nordestinos "expulsos do seu paraíso
por espadas de fogo", consequência da grande seca de 1898:
O fogo, bem defronte do rancho festivo, alumiava o terreiro.
Lúcio pôs-se a observar a agonia da lenha verde que se estorcia, estalava de dor, estoirava em
protestos secos e se finava, chiando, espumando de raiva vegetai
Voavam faíscas como lágrimas de fogaréu. Divisavam-se os troncos queimados boiando no cinzeiro,
como negros em farinhada. Flamejava o painel do aceiro — as árvores ígneas e, esplêndida, a macaíba
com o leque de chamas.
O incêndio esfumava-se, escurecendo a noite. E, de quando em quando, a fumaça deitava para a casa
fronteira, envolvendo-a num presságio de luto.

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Técnicas de redação 3º Ano 2016
4. (Fuvest-SP) Entre os tipos de discurso ou de composição, podem citar-se a descrição, a narração, a
dissertação. Situe o trecho entre tais tipos de composição. Justifique a resposta.
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5. (Fuvest-SP) Transcreva uma passagem desse mesmo trecho que esteja em explícita oposição de
significado a "rancho festivo".
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6. (Fuvest-SP) Explique o papel especial que tem no texto o uso do seguinte conjunto de termos: agonia,
dor, protestos, raiva, lágrimas.
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7. (Fuvest-SP) Transcreva uma passagem do texto em que a sequência de verbos expressa uma
gradação.
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8. (Fuvest-SP) Em "... estalava de dor...", a sequência grifada dá ideia de causa. Transcreva outra
passagem do texto em que uma expressão semelhante também dá ideia de causa.
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9. (Fuvest-SP) Dê, pelo menos, um sinônimo de:

a) ígneas _____________________________________________________________________________
b) presságio___________________________________________________________________________

10. (Fuvest-SP) Na frase "Lúcio pôs-se a observar a agonia da lenha", é possível dizer-se que "Lúcio" é o
agente de "pôs-se". Responda qual o agente dos verbos destacados em:

a)"... lenha verde que se estorcia..." ________________________________________________________

b)"... divisavam-se os troncos queimados..." __________________________________________________

11 (Fuvest-SP) Modelo:

Observou que a lenha verde agonizava.


Observou a agonia da lenha verde.
Seguindo o modelo acima, reescreva a seguinte frase:
"Percebeu que os homens se aproximavam."

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Técnicas de redação 3º Ano 2016
COESÃO E COERÊNCIA

Esse seu argumento não tem lógica!


Sua explicação está confusa!
Não há nexo entre suas ideias!
Aqui você se contradiz!

Quantas vezes ouvimos frases desse tipo! Mas o que elas apontam? Quais são os problemas mais
comuns que tornam os textos quase incompreensíveis (ou totalmente incompreensíveis?!)? Na elaboração
do texto, não basta organizar logicamente as ideias no nosso pensamento; temos de fazer explicitar essas
relações e essa lógica no papel, na materialidade da palavra escrita e de sua gramática; na progressão e
organização das ideias e na articulação delas por meio de elementos linguísticos. Afinal, o objetivo é ser
sempre o mais claro e efetivo na interação com o interlocutor, leitor do nosso texto.

Coesão e coerência textuais

Todo texto resulta da tessitura, da trama, do encadeamento de ideias. No ato de escrever, a tessitura
se articula nos e pelos recursos da língua escrita, para que aconteça a amarração de uma palavra a outra,
de uma oração a outra, de uma ideia a outra, resultando na construção de um texto coeso e coerente.

Coesão textual

Coesão é a "amarração" entre as várias partes do texto. Tal amarração acontece tanto no plano
gramatical, como no semântico.
Vejamos um esquema com os principais mecanismos de coesão:

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Técnicas de redação 3º Ano 2016
Observe a seguinte passagem do professor Othon M. Garcia, no seu livro Comunicação em prosa
moderna:

Na subordinação, não há paralelismo mas desigualdade de funções e de valores sintáticos. É um


processo de hierarquização, em que o enlace entre as orações é muito mais estreito do que na
coordenação. Nesta, as orações se dizem sintática, mas nem sempre semanticamente, independentes;
naquela, as orações são sempre dependentes de outra, quer quanto ao sentido quer quanto ao travamento
sintático.
GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. 23. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2000.

Pensemos no papel de alguns conectivos presentes no texto acima. Os pronomes demonstrativos


nesta e naquela são responsáveis por uma "amarração" fundamental ao retomarem os termos
coordenação e subordinação, respectivamente. No primeiro período temos uma conjunção adversativa
que estabelece a seguinte relação: "Na subordinação, não há paralelismo mas desigualdade...". No
segundo período, temos uma sequência de relações: processo de hierarquização refere-se à
subordinação e processo de hierarquização é retomado pelo pronome relativo que regido de preposição
- "em que o enlace..." (ou seja, nesse processo o enlace...).
Finalmente, há uma comparação entre esse processo (subordinação) e a coordenação (o enlace
entre as orações é mais estreito num do que no outro). Como se percebe, o texto torna-se claro, coeso e
coerente porque está bem estruturado, os termos e as orações estão bem relacionados.

Coerência textual

Coerência é a "amarração" entre as ideias expressas no texto. Enquanto pensamos na estrutura


gramatical, o ideal é o texto se apresentar coeso; já se pensamos no campo das ideias, o ideal é o texto se
apresentar coerente. Ingedore Villaça Koch e Luiz Carlos Travaglia nos ensinam, em A coerência textual,
que:
a coerência está diretamente ligada à possibilidade de se estabelecer um sentido para o texto, ou seja,
ela é o que faz com que o texto faça sentido para os usuários, devendo, portanto, ser entendida como um
princípio de interpretabilidade, ligada à inteligibilidade do texto numa situação de comunicação e à
capacidade que o receptor tem para calcular o sentido deste texto. Este sentido, evidentemente, deve ser
do todo, pois a coerência é global.
KOCH, Ingedore Wlaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual. 14. ed.
São Paulo: Contexto, 2002.

Alguns dos problemas mais comuns:

• Contradição: ocorrência de contradições lógicas evidentes dentro de uma frase, um período, um


parágrafo ou no texto como um todo.

Uma vida saudável requer muito mais do que dieta equilibrada. Movimentar-se é a chave para
carregar as energias, enquanto se queimam as calorias e se ativa o sistema cardiovascular. No entanto, a
maioria das pessoas, embora pouco sedentária, dificilmente se mexe: sentada no escritório, sentada
frente à tevê, sentada no carro..,
***
Para assinar o abaixo-assinado ambientalista não precisei de nenhum dado pessoal. A voluntária
perguntou minha nacionalidade e o número de minha identidade e completou o formulário. Assinei
consciente. Muito obrigada, disse, e entregou-me um pin em forma de árvore.

• A falta de relação: ocorrência de ideias desconexas, sem vinculação aparente.

Uma vida saudável requer muito mais do que dieta equilibrada. Movimentar-se é a chave para
carregar as energias, enquanto se queimam as calorias e se ativa o sistema cardiovascular. A maioria das
pessoas não tem tempo para ler. Dessa forma, nossa qualidade e nossa quantidade de vida estão em
perigo.

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Técnicas de redação 3º Ano 2016
• A falta de unidade: o texto, mesmo formado por várias partes, tem de se apresentar como uma unidade
- com começo, meio e fim. O encadeamento e a progressão das ideias são fundamentais para um texto se
tornar uma unidade textual.

Responda:

a) um texto coeso, mas sem coerência?


b) um texto coerente, mas sem coesão?

EXERCÍCIOS

1 - (Unicamp-SP) No texto a seguir, há um trecho que, se tomado literalmente (ao pé da letra), leva a uma
interpretação absurda:

A oncocercose é uma doença típica de comunidades primitivas. Não foi desenvolvido ainda nenhum
medicamento ou tratamento que possibilite o restabelecimento da visão. Após ser picado pelo mosquito, o
parasita (agente da doença) cai na circulação sanguínea e passa a provocar irritações oculares até perda
total da visão.
(Folha de S.Paulo, 2 nov. 1990.)

a) Transcreva o trecho problemático.


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b) Diga qual a interpretação absurda que se pode extrair desse trecho.


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c) Qual a interpretação pretendida pelo autor?


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d) Reescreva o trecho de forma a deixar explícita tal interpretação.


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2 - (Unicamp-SP) O autor do texto a seguir conhece um tipo de raciocínio cuja estrutura lembra
propriedades de um círculo e tenta reproduzi-lo. No entanto, não é bem-sucedido. "[...] Gera-se, assim, o
círculo vicioso do pessimismo. As coisas não andam porque ninguém confia no governo. E porque
ninguém confia no governo as coisas não andam."

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Técnicas de redação 3º Ano 2016
(Gilberto Dimenstein. Folha de S.Paulo, 22 nov. 1990.)

a) Reescreva o trecho de maneira que ele passe a ter a estrutura de um verdadeiro círculo vicioso.

b) Comparando o que você fez e o que fez o autor, explique em que ele se equivocou.

3 - (Unicamp-SP) Apesar de consideradas erradas, construções como "No segundo turno nós conversa",
"A gente fomos", "Subiu os preços" obedecem a regras de concordância sistemáticas, características
principalmente de dialetos de pouco prestígio social.
O trecho seguinte, extraído de um editorial de jornal (portanto, representativo da modalidade culta),
contém uma construção que é de fato um erro de concordância.

Pode-se argumentar, é certo, que eram previsíveis os percalços que enfrentariam qualquer programa
de estabilização [...] necessário no Brasil.
(Folha de S.Paulo, 7 nov. 1990.)

a) Transcreva o trecho em que ocorre um erro de concordância.


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b) Lendo atentamente o texto, você descobrirá que existe uma explicação para esse erro. Qual é?
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c) Reescreva o trecho de forma a adequá-lo à modalidade escrita culta.


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4 – (Unicamp-SP) Em matemática, o conceito de dízima periódica faz referência à representação decimal


de um número no qual um conjunto de um ou mais algarismos se repete indefinidamente.
No texto seguinte, o autor compara determinada estrutura linguística a uma dízima periódica:

... acabaremos prisioneiros do rapto político sutilíssimo que permite, com toda a força do poder legítimo, o
regime do plebiscito eletrônico. Ou seja, a do povo que quer o que quer o príncipe que quer o que quer o
povo. Nosso risco histórico é que esta sentença se pode repetir ao infinito, como dízima periódica. E não
como a conta certa da democracia que merecemos, afinal, sem retórica, nem os deslumbramentos com
que sature o Príncipe Valente.
(Cândido Mendes de Almeida. O príncipe, o espelho e o povo. Folha de S.Paulo, 22 out. 1990.)

a) Transcreva o trecho que pode ser expandido como uma dízima periódica.
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b) Imagine que o autor quisesse demonstrar a possibilidade dessa repetição infinita. Nesse caso, deveria
expandir o trecho em questão. Faça essa expansão, avançando o equivalente a três algarismos de uma
dízima.
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c) Identifique, no trecho, a palavra (operador linguístico) que torna possível a existência, na língua, de
construções sintáticas repetitivas semelhantes a dízimas periódicas.
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5 - (Fuvest-SP)
a) Reescreva a frase seguinte, substituindo o pronome destacado por outro, sem alterar o sentido do
período.

"O barbeiro não parou de falar, enquanto cortava os meus cabelos."


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b) Empregando exatamente as mesmas palavras, reescreva a frase seguinte, alterando-a de modo que
adquira sentido negativo.
"Algum amigo me ajudará."
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O QUE VOCÊ NÃO DEVE FAZER EM UMA DISSERTAÇÃO

Agora que você estudou como fazer esta modalidade de composição, é muito importante que
atente para os principais procedimentos que não deve utilizar ao elaborar sua dissertação. Existem certos
erros que fazem cair por terra seus esforços para construir uma redação adequada. Procuraremos fazer
um levantamento daqueles mais frequentes para alertá-lo.
Observe atentamente os pontos que vamos enumerar:

1. JAMAIS USE GÍRIAS EM SUA DISSERTAÇÃO. As gírias são um meio de expressão perfeitamente
aceitável em certos momentos de textos narrativos, em especial nos diálogos travados por alguns
personagens. Tornam-se, entretanto, completamente inadequadas quando usadas em uma dissertação.
Esta modalidade de redação pressupõe uma linguagem formal, não necessariamente erudita, mas pelo
menos bem elaborada. Mais do que palavras, um exemplo pode ilustrar com maior clareza os danos
causados pela gíria em uma dissertação. Leia este trecho dissertativo:

Todo mundo sabe da gravidade que tem, hoje em dia, o problema das drogas na nossa sociedade.
Muita gente e até a polícia tentam fazer alguma coisa para acabar com as drogas, mas muitos caras, a
maioria gente da pesada, se negam a deixar de curtir seu baratinho, não dando a mínima para os
meganhas que vivem em seu encalço.

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Técnicas de redação 3º Ano 2016
2. NÃO UTILIZE PROVÉRBIOS OU DITOS POPULARES. Uma dissertação costuma ser prejudicada pela
má utilização de frases feitas, provérbios e ditos populares. Eles empobrecem a redação; fazem parecer
que seu autor não tem criatividade, pois lança mão de formas de expressão já batidas pelo uso frequente.
Veja que efeito prejudicial causaria um provérbio em um texto dissertativo:

O problema da violência é algo do qual não podemos mais fugir. Por décadas sucessivas,
assistimos ao abandono de um número incontável de menores carentes. Grande parte destas crianças,
condenadas à marginalidade, tornaram-se bandidos perigosos.
Hoje, é muito comum o fato de alguns menores, perambulando pelas ruas por falta de escolas ou
um lugar melhor para ficar, serem influenciados por estes pequenos delinquentes, aos quais acabam se
unindo para praticarem delitos. Afinal, já dizia meu avô: "Dize-me com quem andas. Que eu te direi quem
és".

3. NUNCA SE INCLUA EM SUA DISSERTAÇÃO (principalmente para contar fatos de sua vida particular).
Dissertar é analisar um assunto proposto, emitindo opiniões gerais. Deve ser feito de modo impessoal e
com total objetividade. Essa visão imparcial se perde quando o autor confunde a problemática que está
analisando com os problemas particulares que possa ter. Note o que pode acontecer:

Todos nós, apreensivos, observamos que o mundo moderno caminha para o caos. Vemos que a
confusão, o desentendimento entre habitantes metropolitanos, os conflitos entre as nações e a ameaça de
uma guerra atômica podem perfeitamente levar o homem à sua própria destruição. Eu vejo por mim
mesma. Mal tenho tempo de dormir. Levanto de madrugada para pegar aqueles ônibus superlotados.
Trabalho o dia inteiro e quase não tenho tempo de estudar as matérias para as provas do meu colégio
noturno. Além de tudo isso, meu patrão não me autoriza a ir ao médico, quando necessito.

OBSERVAÇÃO:

Você pode se posicionar sobre determinados temas, mas deve evitar a forma individualizada de
fazê-lo, como ocorre no exemplo acima.

4. NÃO UTILIZE SUA DISSERTAÇÃO PARA PROPAGAR DOUTRINAS RELIGIOSAS. A religião, qualquer
que seja ela, é uma questão de fé; a dissertação, por sua vez, é uma questão de argumentação, a qual se
baseia na lógica. São, portanto, duas áreas situadas em diferentes planos. Não há como argumentar de
modo convincente com base em dogmas religiosos; os preceitos da fé independem de provas ou
evidências constatáveis. Torna-se, assim, completamente descabido fundamentar qualquer tema
dissertativo em ideias que se situem em um plano que transcende a razão. Veja o inconveniente desse
procedimento, através deste exemplo:

Nas últimas décadas, o mundo tem assistido, com muita apreensão, a conflitos localizados que
emergem em diferentes pontos geográficos. Muitos temem que estas guerras, embora restritas a
determinadas regiões, acabem por envolver as duas grandes potências, desencadeando uma guerra de
caráter mundial.
Para combater esta contínua ameaça, só há uma solução: Jesus Cristo. O homem precisa lembrar
que Deus mandou seu único filho a fim de morrer na cruz para nos salvar. Ele derramou Seu sangue por
nós, para livrar a humanidade de seus pecados. Só com Jesus poderemos sobreviver, pois Ele é nosso
mestre e Senhor.

5. JAMAIS ANALISE OS TEMAS PROPOSTOS MOVIDO POR EMOÇÕES EXAGERADAS. Existem, sem
dúvida, alguns temas dissertativos que envolvem a análise de assuntos dramáticos, os quais comumente
causam revolta e indignação pela própria gravidade de sua natureza. Porém, por mais revoltante que se
mostre o assunto tratado, ele deve ser abordado, em uma dissertação, de modo, se não imparcial, pelo
menos comedido. Em outras palavras, não devemos deixar nossas emoções interferirem demasiadamente
na análise equilibrada e objetiva que precisa transparecer em nossas dissertações, mesmo porque
elas impedem que ponderemos outros ângulos da questão. Só assim, com a predominância da
argumentação lógica, ela se mostrará convincente. Veja como a interferência do aspecto emocional
pode prejudicar a elaboração deste modo:

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Técnicas de redação 3º Ano 2016
Hoje, associam-se inúmeros fatores que intranquilizam a população das grandes cidades. A
superlotação dos presídios, a ineficiência das entidades ligadas ao menor delinquente e os recursos
limitados das forças policiais cria as condições favoráveis para a proliferação da criminal.
Os noticiários apresentam-nos todos os dias crimes bárbaros cometidos por verdadeiros
animais, que deveriam ser exterminados, um a um pela sua perversidade sem fim.
Estas criaturas monstruosas atacam, nas ruas escuras da periferia pobre mulheres indefesas e
as matam, impiedosamente. Amaldiçoados criminosos, andam por aí disseminando a podridão de suas
almas, que de arder para sempre no fogo do inferno.
Pessoas como essas, que assassinam inocentes criancinhas, deveriam ser postas em cadeiras
elétricas, o mais rápido possível. Morte aos monstros do crime!

6. NÃO UTILIZE EXEMPLOS CONTANDO FATOS OCORRIDOS COM TERCEIROS, QUE NÃO
SEJAM DE DOMÍNIO PÚBLICO. É um procedimento perfeitamente normal lançarmos mão de
exemplos que reforcem os fatos arrolados em uma dissertação. Entretanto, estes exemplos devem ser
de conhecimento público, ou seja, fatos que todos conheçam por terem sido divulgados pelos meios de
comunicação (jornais, rádio, televisão, etc.).
Não devemos, em hipótese alguma, introduzir na dissertação fatos ocorridos com pessoas que
conhecemos particularmente. Isso daria um cunho pessoal a um tipo de redação que se propõe a
analisar assuntos gerais. Veja um exemplo deste tipo de incorreção:

A prospecção de petróleo em plataformas marítimas em muito tem contribuído para o sucesso da


Petrobrás no cumprimento dos contratos de risco que assinou com vários países. Aqui mesmo nas
costas brasileiras testemunhamos a construção e funcionamento destas plataformas que, em sua
maioria, contribuem para aumentar substancialmente as nossas reservas petrolíferas.
O filho de minha vizinha, Dona Laura, trabalhava em uma dessas plataformas. Ela levou um susto
incrível quando houve um acidente há pouco tempo atrás. Seu filho sofreu algumas queimaduras e foi
internado às pressas em estado grave. Dona Laura ficou a seu lado o tempo todo e felizmente ele
sobreviveu ao terrível incêndio que praticamente destruiu aquele local e causou prejuízos enormes.

7. EVITE AS ABREVIAÇÕES. Procure escrever as palavras por extenso. As abreviações são


consideradas incorretas. Você não deve escrever frases como estas:

O ministro c/ seus assessores saíram da sala de reunião. Verificaremos outros pontos da questão
p/ compreendermos melhor esse assunto.
Os cidadãos daquele país tb se preocupam com a redemocratização.

8. NUNCA REPITA VARIAS VEZES A MESMA PALAVRA. Um dos erros que mais prejudica a
expressão adequada de suas ideias é a insistente repetição de uma mesma palavra. Isso causa uma
impressão desagradável a quem lê sua redação, além de sugerir pobreza de vocabulário. Quando
você constatar que repetiu várias vezes o mesmo vocábulo, procure imediatamente encontrar
sinônimos que possam ser usados em substituição a ele. Observe um exemplo:

Os empresários têm encontrado certos problemas para contratar mão-de-obra especializada,


nesses últimos meses. O problema da mão-de-obra é consequência de um problema maior: os altos
níveis de desemprego constatados algum tempo atrás. Enfrentando problemas para conseguir
empregos nas fábricas a que estavam acostumados, dedicaram-se a outras atividades, criando, para
as indústrias, o problema de não encontrar pessoas acostumadas a funções específicas. Demorará
ainda algum tempo para que este problema seja solucionado.

9. PROCURE NÃO INOVAR, POR SUA CONTA, O ALFABETO DA LÍNGUA PORTUGUESA.


Evidentemente, certas caligrafias apresentam algumas variações no modo de escrever determinadas
letras do nosso alfabeto. No entanto, essa possível variação não deve ser exagerada a p onto de tornar
a letra praticamente irreconhecível. Veja alguns exemplos do que não se deve fazer:

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Técnicas de redação 3º Ano 2016
10. TENTE NÃO ANALISAR OS ASSUNTOS PROPOSTOS SOB APENAS UM DOS ÂNGULOS DA
QUESTÃO. Uma boa análise pressupõe um exame equilibrado da realidade na qual se s itua o assunto
tratado em uma dissertação. O bom senso, nas opiniões emitidas, está diretamente relacionado à
capacidade de se enxergar o problema pelos diversos ângulos que apresenta. Uma análise
extremamente radical ignora outros aspectos que devem ser levados em conta em uma reflexão
equilibrada sobre qualquer tema, por isso é indesejável. Note, neste trecho, como isso ocorre:

O advento da televisão nas últimas três décadas foi, com certeza, o golpe mortal desferido na
inteligência e na cultura dos milhões de telespectadores que dela se utilizam e que a ela estão
inconscientemente aprisionados. É a televisão a grande responsável pelo processo de massificação a
que se submetem principalmente as novas gerações. Afastadas dos livros e das formas mais erudi tas
da música e de outras artes, têm diante dos olhos o desenrolar de programas medíocres que
promovem, indiscutivelmente, a desinformação.
Isso sem contar com as distorções de comportamento provocadas principalmente nas crianças
que assistem, impassíveis, aos desenhos que primam pela violência, destruição e insensibilidade.
Este veículo de comunicação é, sem dúvida, o mal do nosso século: destrói o espírito crítico e
promove a alienação em todos os níveis.

11. NÃO FUJA AO TEMA PROPOSTO. Quando você receber um tema para dissertar sobre ele, leia-o
com atenção e escreva sobre o que se pede. Jamais fuja do assunto solicitado, mesmo que seus
conhecimentos sobre ele sejam mínimos. Costuma-se atribuir nota zero (ou um pouco mais) a uma
redação sobre outro assunto que não aquele pedido. Não é difícil entendermos o quanto seria absurdo
alguém dissertar sobre os acidentes ocorridos em usinas nucleares em várias partes do mundo
quando o tema pedido fosse o problema dos menores abandonados no Brasil. Para evitar ess e tipo de
inconveniência, antes de começar a elaborar a redação, convém ler várias vezes o tema para
compreender exatamente o que está sendo solicitado.
Ás vezes comete-se um outro engano semelhante ao que foi comentado acima: pode acontecer de
se desenvolver um tema similar àquele que foi proposto. Isso também prejudica demais a redação,
pois mostra que a pessoa não apresenta capacidade de ler e interpretar corretamente a solicitação
feita. Suponhamos que o tema fosse o seguinte:

O governo brasileiro vem empreendendo esforços para, juntamente com o governo da República
Argentina, criar acordos de cooperação econômica, lançando as bases para a possível formação de
um mercado comum sul-americano.

Caso não compreendesse bem o conteúdo dessas afirmações, a pessoa poderia incorrer no erro
de dissertar sobre algum assunto paralelo. Por exemplo, escreveria sobre como essas duas nações
conseguiram retomar os rumos da democratização, depois de longos períodos de ditadura militar.
Embora esta análise esteja relacionada com o tema dado, não aborda propriamente o assunto central
proposto, ou seja, os acordos de cooperação econômica.

ATENÇÃO!
Até agora, mostramos o que você não deve fazer em sua dissertação. Terminaremos este assunto
com uma recomendação importantíssima sobre o que deve ser feito:

Utilize sempre a 1ª pessoa do plural em vez da 1ª pessoa do singular em suas dissertações .


Em outras palavras, você deve escrever "acreditamos", "entendemos", "analisamos", e não "acredito",
"entendo", "analiso". Saiba que, embora possa parecer um tanto estranho, este é o procedimento
habitual quando se redige uma dissertação. Todos os exemplos apresentados em capítulos anteriores
foram redigidos na 1ª pessoa do plural. Para que você entenda melhor, daremos um exemplo
transcrevendo a Conclusão de uma das composições mostradas em capítulo anterior, inicialmente na
1ª pessoa do singular e, depois, na 1ª pessoa do plural:

Em vista do que foi observado, verifico a existência de um nítido contraste entre estas duas
regiões brasileiras. Espero, como cidadão sensível a essa problemática, que não sejam poupados
esforços para levar a todos os brasileiros condições dignas de subsistência.

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Técnicas de redação 3º Ano 2016
Em vista do que foi observado, verificamos a existência de um nítido contraste entre estas duas
regiões brasileiras. Esperamos, como cidadãos sensíveis a essa problemática, que não sejam
poupados esforços para levar a todos os brasileiros condições dignas de subsistência.

Leia com atenção os dois parágrafos conclusivos e observe o diferente efeito causado pelo uso de
uma ou de outra pessoa do discurso. Parece-nos indiscutível o fato de a 1ª pessoa do plural imprimir à
redação um cunho impessoal, além de elevar o nível da linguagem. Ademais, é a forma
convencionalmente usada nas dissertações em geral.
Para finalizar nossas considerações sobre a dissertação, convém dar uma última sugestão:
procure sempre se manter informado sobre os mais diversos assuntos. Quanto melhor você conseguir
compreender as questões econômicas, políticas e sociais de seu país e do exterior, maiores condições
terá de redigir sobre qualquer terna.
Não perca oportunidades de conversar com pessoas que conheçam determinado assunto, na
tentativa de aprender algo com elas. Ler jornais e revistas, assistir a programas de telejor nalismo,
ouvir entrevistas pelas emissoras de rádio também parece-nos muito importante.
Somando o que você puder aprender através destes procedimentos às informações que lhe são
transmitidas durante as aulas, você certamente ampliará cada vez mais sua cultura geral.

A REDAÇÃO DE VESTIBULAR

Para muitos estudantes, o rito de passagem de uma etapa escolar para outra - no caso, do Ensino
Médio para a faculdade - é o exame vestibular ou o Enem. Nesses exames, o item "Redação" é o que
causa maior ansiedade.
A redação de vestibular, segundo o modelo tradicional, poderia ser definida como um gênero textual.
Pensemos: um texto que é produzido em determinada situação (exame vestibular), com características
configuracionais (um texto em prosa que discursa sobre um tema, consta de um título mais cerca de 25
linhas, escrito com caneta numa folha em branco e não assinado) e para determinado fim (a avaliação da
escrita dos candidatos).
Desde os anos 1990, sob o impacto de novas concepções sobre o texto, algumas instituições
universitárias começaram a avaliar a estruturação e a articulação do texto (coerência e coesão), pois não é
suficiente "escrever corretamente" para que um texto seja compreensível e possa exprimir ideias: para
isso, ele tem de ser coeso e coerente.
Depois, com a consolidação da premissa de que é pela linguagem que interagimos na sociedade (com
o desenvolvimento das noções de interação social e contexto situacional), passou-se a avaliar a
competência linguística do candidato, aquela que não é apenas de serventia no exame, mas na vida. Para
tanto, o conceito de texto a ser produzido no vestibular passou a atender a uma proposta contextualizada,
e sua avaliação passou a considerar a capacidade de leitura, a adequação a determinado gênero e
tipologia textual e à situação comunicativa, o domínio e manipulação de estruturas e recursos linguísticos,
além da coesão e da coerência textuais.
Numa visão contemporânea, a redação de vestibular tenta, então, avaliar a capacidade do candidato
como produtor eficiente de textos:

Considerando-se que:

a) o domínio da língua materna em sua modalidade escrita revela-se fundamental ao acesso às demais
áreas do conhecimento humano e profissional;
b) o ensino de Língua Portuguesa destina-se a preparar o aluno para lidar com a linguagem escrita em
suas diversas formas, situações de uso e manifestações, inclusive a estética;
c) o desenvolvimento do saber linguístico implica o reconhecimento da organização estrutural da língua,
depreendida a partir da convivência diária e diversificada com a linguagem como um todo, e não apenas
com palavras e frases isoladas, espera-se que o candidato à universidade revele habilidade de:
 leitura compreensiva e crítica de textos diversos;
 produção escrita de textos em linguagem-padrão; análise e manipulação da organização
estrutural da língua;
 percepção da linguagem literária como forma peculiar de compreensão do mundo.

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A partir desses pressupostos, entende-se que as habilidades a ser trabalhadas no ensino da língua
portuguesa envolvem as áreas de leitura, escrita, gramática e literatura [...].
Manual do vestibulando 2003 - Universidade Federal do Ceará. Disponível em: <www.ccv.ufc.br/vtb/2003/download/vmanua03.pdf>.
Acesso em: 6 abr. 2010.

Como você sabe, ser um produtor de textos eficiente envolve ser um leitor de textos, um manipulador
dos recursos linguísticos e um observador do processo comunicativo. Na hora da redação, todas essas
competências são ativadas, pois o resultado final (que será avaliado) depende delas.

O PAPEL DA LEITURA

A prova de redação, composta de três propostas, é um instrumento de avaliação de sua forma de


escrever sobre um determinado assunto, e escrever implica processos de leitura e de elaboração de
argumentos a partir de uma determinada situação.
Manual do candidato 2007 - Unicamp. Disponível em: <www.convest. unicamp.br/vest2007/download/manual2007.pdfx Acesso em: 6 abr. 2010.

Cada vez mais o tradicional tema de redação apresentado apenas em uma frase vem sendo substituído
por um conjunto de textos que abordam determinado assunto e do qual será extraído o tema da redação.
Além de servir de apoio para o candidato, esse tipo de proposta revela a preocupação em avaliar também
sua capacidade de leitura, de reflexão e de associação de ideias.

A DIVERSIDADE DE TEXTOS E LINGUAGENS

Os excertos que compõem a coletânea são sempre de natureza diversa. Alguns são conceituais, outros
de natureza artística e outros ainda de teor descritivo, expondo, respectivamente, visões sistemáticas,
elaborações subjetivas e dados concretos sobre o tema da prova.
Manual do candidato 2007 - Unicamp. Disponível em: <www.convest. unicamp.br/vest2007/download/manual2007.pdf>. Acesso em: 6 abr. 2010.

Não há um tipo de texto mais ou menos frequente no painel de leitura de uma proposta. Se a
concepção de leitura envolve a noção de prática social e tenta-se avaliar a competência do candidato
como leitor eficiente, o conjunto de textos deve apresentar uma amostra com variedade textual e variedade
de linguagens. Daí observarmos painéis com excertos literários, histórias em quadrinhos, gráficos,
excertos de notícias de jornal, etc.

 TEMA E RECORTE TEMÁTICO

Dependendo da proposta, podemos observar o tema ou o recorte temático da redação, assim como
podemos observar o tema explícito ou implícito.
Em primeiro lugar, é necessário lembrar que tema é o assunto do texto. O tema deste capítulo, por
exemplo, é a produção de textos nos exames; nesse caso, temos coincidência entre tema e título, mas não
é regra. O recorte temático é a seleção de determinado aspecto de um tema geral. O tema da redação
pode estar explícito ou implícito:

 Tema explícito: em alguns casos, a proposta de redação se limita a apontar um tema geral. Fica por
conta do aluno abordá-lo de forma geral ou destacar um aspecto particular dele. Voltemos ao exemplo
deste capítulo: o tema "a produção de textos nos exames" é geral; no entanto, no decorrer do capítulo,
percebe-se que foi feita uma delimitação: o aspecto destacado são as características das propostas atuais.
Em outros casos, o tema e o recorte temático são identificados.
 Tema implícito: nesse caso, a proposta de redação vem acompanhada de uma coletânea de textos
que o aluno terá de ler e da qual deverá extrair a temática para seu texto.

Em foco: a situação e a função

Mais do que um aluno que demonstre capacidade de memorização e repetição acrítica de um


conjunto de informações adquiridas de forma fragmentada durante o Ensino Fundamental e o Ensino
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Técnicas de redação 3º Ano 2016
Médio, a Unicamp procura selecionar para os seus cursos aquele aluno que, mobilizando sua experiência
de leitura e escrita, estabelece e reorganiza relações de sentido, interpreta dados e fatos e
elabora hipóteses explicativas para diferentes áreas de conhecimento, sem desconsiderar a
complexidade dos fatores envolvidos. É nesse contexto que você deve entender a prova de redação e
o peso que ela tem na primeira fase do vestibular, bem como a prova de língua portuguesa e literaturas
de língua portuguesa.
Manual do candidato 2007 - Unicamp. Disponível em: <www.convest. unicamp.br/vest2007/download/manual2007. pdfx Acesso em: 6 abr. 2010.

Se a intenção é avaliar a competência comunicativa de um candidato, não basta uma redação bem
escrita no quesito ortografia e regras gramaticais. O texto tem de apresentar claramente suas ideias,
observando os fatores que envolvem sua produção: a situação comunicativa (real ou pressuposta) e a
função (o que se quer com o texto, o que se tenta dizer, qual é o objetivo do texto?).

Os modelos e arranjos linguísticos e a adequação

No caso de haver mais de uma proposta de redação na prova de vestibular, instruções específicas para
cada proposta são fornecidas ao candidato. Sua tarefa é elaborar uma redação adequada ao recorte
temático c ao tipo de texto solicitado.

A proposta A solicita sempre um texto dissertativo. Nesse tipo de texto é especialmente importante que
você, com sua experiência de leitura e reflexão, reconheça a complexidade do recorte temático proposto,
discutindo e explorando argumentos de modo a sustentar sua perspectiva sobre o tema. Não se espera um
texto que polarize opiniões, mas, sim, um texto crítico sobre o recorte proposto, que indique domínio na
identificação das partes, na análise das relações e na interpretação dos sentidos.
A proposta B, por sua vez, solicita sempre um texto narrativo. Nesse tipo de texto é fundamental uma boa
construção da voz narrativa que articule os elementos descritivos de um texto de ficção (enredo, cenário,
ritmo, personagens, dentre outros). Do mesmo modo que na proposta A, espera-se que você leve em conta a
complexidade do recorte temático e faça de seu foco narrativo o fio condutor do texto.
Manual do candidato 2007 - Unicamp. Disponível em: <www.convest. unicamp.br/vest2007/download/manual2007.pdf>. Acesso em: 6 abr. 2010.

De modo geral, a dissertação é o gênero textual mais comum nas propostas de redação. Como
você já sabe, esse tipo de texto é caracterizado pela articulação de sequências argumentativas.
Outro arranjo linguístico muito solicitado é o narrativo. Normalmente, apresenta-se uma situação
que deverá ser desenvolvida, com o tratamento de alguns elementos da narrativa determinado: foco
narrativo em primeira ou terceira pessoa, caracterização de personagens, cenário e tempo.

A gramática sustenta e explica o texto, portanto, é uma ferramenta essencial na hora da produção textual.
E é no uso e na manipulação consciente dos recursos gramaticais que o produtor de textos eficiente
encontra a melhor forma de concretizar e explicitar suas ideias, sempre em função da interação social.

 ARTICULAÇÃO

[...] a articulação escrita é observada através de uma boa exploração dos elementos coesivos e da mo-
dalidade escrita. [...]
Articulação escrita: espera-se que você elabore um texto cuja leitura seja fluida e envolvente, resultante de uma
estruturação sintático-semântica bem articulada pelos recursos coesivos. Espera-se ainda que você demonstre o
domínio de um conjunto lexical amplo e do padrão normativo das regras de acentuação, ortografia, concordância
verbo-nominal, dentre outras.
Manual do candidato 2007 - Unicamp. Disponível em: <www.convest.
unicamp.br/vest2007/download/manual2007.pdf>.
Acesso em: 6 abr. 2010.

Considerando que a produção de um texto requer competência para gerar e organizar ideias, conectando-
se num todo coerente e coeso que atenda a diferentes propósitos comunicativos e/ou expressivos, o candidato
deverá revelar domínio da modalidade escrita em língua-padrão, integrando em diferentes níveis linguísticos (texto,
parágrafo, frase e palavra):
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a) recursos conteudísticos relativos à exploração do assunto do texto e à organização das informações;
b) recursos estruturais, responsáveis pela armação do texto e pela conectividade de suas ideias, mediante o
manejo adequado de mecanismos de coesão e de padrões de organização frasal e textual;
c) recursos estilísticos relativos ao efeito comunicativo pretendido, em função do virtual leitor do texto,
do propósito do emissor e da natureza do assunto.
Manual do vestibulando 2003 - Universidade Federal do Ceará.
Disponível em: www.ccv.ufc.br/vtb/2003/dowload/vmanueal03.pdf>
Acesso em: 6 abr. 2010.

Ao tocar no quesito gramática, fala-se em "articulação". Mas em que consiste essa articulação e o que
ela tem a ver com a gramática? É pelo uso e pela manipulação das estruturas gramaticais que montamos
um texto, que concretizamos verbalmente nossas ideias. Mas não basta falar/escrever ideias soltas para
construir um texto: temos de estabelecer uma ligação entre elas. Aí entra o que chamamos articulação do
texto. Essa articulação se dá a partir, por exemplo, do emprego dos elementos coesivos, que vão
entretecendo e arrematando as ideias, compondo o texto como um todo.

Qualidades e defeitos de um texto

Inicialmente, reforçamos a ideia de que um trabalho de produção de textos é, antes de tudo, um


trabalho, que lança mão da linguagem e, também, da criatividade. Portanto, ele é muito pessoal, subjetivo;
cada cabeça, um estilo. Consideramos um absurdo a tentativa de se padronizar um texto, de se elaborar
um "modelo" a ser seguido ou, pior ainda, um "gabarito para redação" (não confundir com o trabalho de
reflexão e análise de textos de bons escritores, considerados modelos; tal trabalho é proveitoso para que
possamos fixar nosso estilo).
Entretanto, mesmo sendo um trabalho subjetivo, de criatividade, de manifestação de um estilo
individual, podemos enumerar algumas qualidades e alguns defeitos que, via de regra, devem ser
observadas ou evitados, respectivamente.
Como qualidades que devem ser observadas, podemos citar: correção, clareza, concisão e
elegância. Como defeitos que devem ser evitados, mencionamos: ambiguidade, obscuridade, pleonasmo
ou redundância, cacofonia e eco.

AS QUALIDADES

Correção: evidentemente, um texto deve obedecer às regras gerais da língua, ressalvando-se


sempre algumas liberdades como consequência do estilo, mas sem perder de vista a adequação. Os
desvios da norma culta mais comuns referem-se à ortografia, pontuação, concordância e regência; uma
boa leitura (ou mais de uma) ao final do trabalho pode limpar esses deslizes do texto.
Clareza: se o texto não obedece às normas gerais da língua, torna-se pouco claro, difícil de ser
compreendido. As palavras devem ser bem coloca-das e as ideias devem obedecer a determinada lógica.
No entanto, ao leitor deve restar - sempre - o prazer da descoberta.
Concisão: consiste em apresentar uma ideia em poucas palavras, sem, contudo, comprometer a
cla¬reza; deve ser entendida como sinônimo de precisão, exatidão, brevidade. O procedimento oposto é a
prolixidade, defeito que deve ser evitado; ser prolixo é usar muitas palavras para dizer pouca coisa.
Elegância: é, em última análise, o resultado final obtido quando se observam as qualidades e se
evitam os defeitos. É o texto agradável de ser lido tanto pelo conteúdo como pela forma.

OS DEFEITOS

Ambiguidade ou anfibologia: ocorre quando a frase apresenta mais de um sentido, em


consequência da má pontuação ou da má colocação das palavras.
Obscuridade: é o defeito que se opõe à clareza. Entre os vícios que acarretam obscuridade
podemos citar: má pontuação, rebuscamento da linguagem, frases muito longas (prolixas) ou muito curtas
(lacônicas), emprego equivocado de pronomes relativos e conjunções, erros de concordância e regência,
etc.
Pleonasmo ou redundância: é a repetição desnecessária de um termo ou de uma ideia. Em
alguns casos, no entanto, o pleonasmo tem a função de realçar uma ideia, tornando-a mais expressiva;
dessa forma, ele deixa de ser um vício e passa a ser uma figura de linguagem, um recurso estilístico.
Portanto, é necessário distinguir os dois tipos de pleonasmo:
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 pleonasmo vicioso: "subir para cima", "entrar para dentro", "decisão unânime de todos",
"monopólio exclusivo", etc.
 pleonasmo de reforço ou estilístico: Camões, em Os lusíadas (Canto V, estrofe 18), faz
uso de um pleonasmo célebre ao iniciar a descrição de uma tromba d'água marítima:
Vi, claramente visto, o lume vivo
Que a marítima gente tem por santo.

Cacofonia ou cacófato: é o som desagradável resultante da combinação de duas ou mais sílabas


de diferentes palavras. Apesar da fértil imaginação popular, pródiga em criar versinhos cacofônicos, vamos
a alguns exemplos: "... boca dela", "... uma mão", "... vou-me já...", "... por cada", etc.
Todos nós, uma vez ou outra, cometemos um cacófato, até os grandes mestres. Outra vez citamos
Camões, em um de seus sonetos mais famosos:
Alma minha gentil que te partiste tão cedo desta vida descontente!

Eco: é a repetição desnecessária de um som, resultando num texto desagradável, com ritmo batido
e monótono. A melhor forma de corrigir esse defeito é ler o texto já acabado, se possível em voz alta, com
muita atenção. Na língua portuguesa é preciso tomar cuidado, por exemplo, com as terminações ao, ade e
mente. Uma frase do tipo "Contra sua vontade, apenas por bondade, ele foi à cidade; na verdade..."
machuca o ouvido.
Entretanto, como na redação tudo é muito relativo e as possibilidades são inúmeras, nós podemos
abusar dos advérbios de modo terminados em mente se o texto versar, por exemplo, sobre a... mentira. O
eco então deixa de ser um defeito e torna-se uma qualidade.

EXERCÍCIOS

1- Escreva uma frase marcada por um pleonasmo vicioso e outra por pleonasmo estilístico.

2- Em "Paguei cinco reais por cada melancia" há um vício de linguagem. Qual?

3 - Qual é o vício de linguagem encontrado em "Há cinquenta anos atrás já havia televisão"?

4 - (Unicamp-SP)

A linguagem é figura do entendimento [...]. Os bons falam virtudes e os maliciosos, maldades [...].
Sabem falar os que entendem as coisas: porque das coisas nascem as palavras e não das palavras as
coisas.
O trecho acima, extraído da primeira gramática da língua portuguesa (Fernão de Oliveira, 1536),
tinha, na primeira edição dessa obra, a seguinte ortografia:

A lingoagem e figura do entendimento [...] os bos falão virtudes e os maliciosos maldades [...] sabe
falar os q etede as causas: porq das causas nasçe as palauras e não das palavras as cousas.

A ortografia do português já foi, portanto, bem diferente da atual, e houve momentos em que as
pessoas que escreviam gozavam de relativa liberdade na escolha das letras. Hoje em dia, a forma escrita
da língua é regida por convenções ortográficas rígidas, que não devem ser desobedecidas em contextos
mais formais. Leia com atenção os trechos abaixo, tirados de edições de um jornal de São Paulo.
Identifique as palavras em que foi violada a convenção ortográfica vi¬gente. Escreva-as em seguida na
forma correta.

"- Os atuais ministro e prefeito são amissíssimos de longa data."

- Mais de metade desses policiais extrapola os limites do dever por serem mau preparados."

- Desde o início, o animal preferido em carrosséis é o cavalo, mas há excessões."


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Técnicas de redação 3º Ano 2016
5- (FCMSCSP) Assinale a alternativa que corresponde à melhor redação, considerando correção, clareza
e concisão:

a) Foram chamados sua atenção pelo diretor.


b) O diretor chamou-os sua atenção.
c) O diretor lhes chamou à atenção.
d) Foi-lhes chamado a atenção pelo diretor.
e) O diretor chamou-lhes a atenção.

6 - (UFSC) Leia o texto e responda à questão:

Num tribunal, a testemunha afirmou:


- Eu vi o desmoronamento do barracão.
O Juiz ficou em dúvida quanto às hipóteses:
L - A testemunha viu o barracão desmoronar.
II - A testemunha estava no barracão e de lá viu um desmoronamento.

Este fenômeno é chamado de:

a) ambiguidade c) cacofonia e) redundância


b) pleonasmo d) silepse

7- (Cescem-SP) Assinale a alternativa correspondente ao período que tem a melhor redação,


considerando correção, clareza, concisão e elegância:

a) E foi assim que ele, pela derradeira vez na vida, viu Maria Eduarda, grande, muda, toda negra na
claridade, à portinhola daquele vagão que para sempre a levava.
b) E ele assim, na derradeira vez na vida, é que viu Maria Eduarda, grandona, emudecida, toda de preto
naquela claridade, na portinhola daquele vagão que a levava para nunca mais.
c) E foi, assim, que ele, pela vez derradeira na sua vida, viu a Maria Eduarda, grande muda, toda negra
naquela claridade, na portinhola daquele vagão que a levava para jamais.
d) E, então, pela última vez na sua longa vida, ele viu a Maria Eduarda, grande e muda, toda de negro
naquela claridade, debruçada na portinhola em cujo vagão ela partia para sempre.
e) No vagão em que foi embora para sempre, a Maria Eduarda apareceu para ele - pela última vez na
vida deste - muito grande e muda, toda negra numa claridade; ela estava debruçada na portinhola.

8 - (Fuvest-SP) Dentre as seguintes frases, assinale aquela que NÃO contém ambiguidade:

a) Peguei o ônibus correndo.


b) Esta palavra pode ter mais de um sentido.
c) O guarda deteve o suspeito em sua casa.
d) O menino viu o incêndio do prédio.
e) Deputado fala da reunião no Canal 2.

9 - (Cescem-SP) Indique, entre as alternativas abaixo, a que poderia substituir a palavra destacada, sem
alteração do sentido da frase:

Não há crime onde não houve aquiescência.

a) arrependimento d) intenção
b) conhecimento e) premeditação
c) consentimento

10 - (FGV-SP) Leia os versos do poeta baiano Gregório de Matos satirizando a Bahia do século XVII.
Observe como o poeta arquitetou o texto e em seguida responda: o eco que caracteriza os três primeiros
versos é uma qualidade ou um defeito? Justifique.

Que falta nesta cidade?.................Verdade.


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Que mais por sua desonra?.......... Honra.
Falta mais que se lhe ponha? .......Vergonha.

O demo a viver se exponha,


Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.

11 - (Omec-SP) Assinale o vício de linguagem da seguinte frase: "Ele prendeu o ladrão em sua casa".

a) colisão c) preciosismo e) cacofonia


b) anfibologia d) eco

12 - (Unesp) Chama-se solecismo o uso errado de concordância, regência ou colocação. Aponte a


alternativa em que não ocorre tal erro:

a) Faz cinco anos completos que não visito o Rio.


b) Devem haver explicações satisfatórias para este fato.
c) Haviam vários objetos espalhados sobre a mesa.
d) Se lhe amas, deves declarar-te depressa.
e) Fazem já vinte minutos que começaste a prova.

13 - (UFU-MG) Qual o vício de linguagem que se observa na frase: "Eu vi ele não faz muito tempo."?

a) solecismo c) arcaísmo e) colisão


b) cacófato d) barbarismo

Exemplos de redação nota 1000

A pedido do UOL e com ajuda do Colégio pH, do Rio, estudantes que tiraram
nota máxima (1.000) na dissertação compartilharam seus textos. Segundo o Inep,
"foram corrigidos 5.049.248 textos. Destes, 481 tiveram nota mil. Em branco, foram
32.991 e outros 73.751 foram anulados, totalizando 106.742 redações com nota
zero". Confira a seguir algumas das melhores redações do exame do ano passado:

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