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Ainda que Kant haja realizado a tão conhecida distinção entre ensinar filosofia
e filosofar, entendemos que essa disjunção entre o ensino de filosofia e o filosofar,
consiste em dois polos de um mesmo processo. Compreendemos não ser possível
dissociar filosofia do filosofar, não podemos separa o produto do seu processo. Para
um ensino de filosofia que em sua proposta esteja o potencializar o aluno para o
desenvolvimento de uma linguagem filosófica, o ensino não pode ficar na
passividade de ensinar matéria morta. É de suma importância que os alunos possam
estar capacitados a aplicar os conceitos filosóficos ou mesmo a re-criar estes
conceitos. E isso pode ser realizado mediante a filosofia e o filosofar.
Como já afirmamos acima sobre a bem conhecida e clássica questão sobre a
distinção entre filosofia e filosofar, Kant já assegurava não ser possível ensinar
filosofia, devido ela não se constituir num saber fechado, mas que continua sempre
aberto a novas possibilidades, sempre em movimento, nunca acabado. Por isso,
“Até então não se pode aprender nenhuma filosofia; pois onde está ela? Quem a
possui? Por que caracteres se pode conhecer? Pode-se apenas aprender a filosofar,
isto é, a exercer o talento da razão na aplicação dos seus princípios gerais” [...]
(Kant, 2001, p. 673). Para Kant, o máximo que podemos fazer é filosofar. O ato de
filosofar para ele tornaria o indivíduo autônomo em seu exercício de analise e
interpretação dos sistemas filosóficos.
Para aprender a filosofar deve ser estabelecido um diálogo crítico com a
filosofia. E, para que haja esse diálogo, se faz necessário “exercer o talento da razão
na aplicação dos seus princípios gerais” para compreender e criticar os sistemas
filosóficos. Mas para que os jovens alunos do Ensino Médio compreendam e
critiquem não só sistemas de filosofia, como quaisquer tipos de texto, seja de poesia,
jornalístico, ficcional, autobiográfico etc. é importante que saibam não apenas lê-los,
porém saibam interpretá-los. Pois do contrário acabam se tornando analfabetos
funcionais, no qual sabem ler, mas não processam e não refletem sobre a
informação recebida.
A leitura para ser filosófica não basta apenas a leitura de textos filosóficos,
mas pode ser textos poéticos, literários, jornalísticos, etc. para que seja considerada
uma leitura filosófica, ela deve nos desconcertar, nos forçar a novas releituras com
outras perspectivas.
Ser autodidata não quer dizer que não se aprende nada com os outros, mas
que não se aprende nada com eles, se eles não nos desconcertarem. A tarefa do
professor de filosofia é justamente esta, a de desconcertar o aluno, a de desconstruir
e a de re-começar o conhecimento junto a seus alunos. Para isso, urge a
necessidade de que o docente aprenda a filosofar para que possa auxiliar o seu
alunado na atividade filosófica em sala de aula.
3ªQUESTÃO
4ª QUESTÃO