Professional Documents
Culture Documents
E DOCUMENTOS
N.º 142
FIXAÇÃO PORTUGUESA
E HISTÓRIA PRÉ-COLONIAL
DE MOÇAMBIQUE
CDU 571 (119.8): 946.9-5 (679)
FIXAÇÃO PORTUGUESA
E HISTÓRIA PRÉ-COLONIAL
DE MOÇAMBIQUE
por
A. RITA-FERREIRA
LISBOA—1982
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 19
I PARTE — A IDADE ANTIGA DO FERRO (até c. 1000 d.C.) ................... 29
Generalidades ............................................................................... 31
Os Cocas (Khoka) do litoral meridional ...................................... 33
Os primeiros asiáticos ................................................................... 34
Os Macuas-Lómuès (Makua-Lomwe)................................................ 37
Notas ................................................................................................ 38
II PARTE — O ADVENTO DA IDADE RECENTE DO FERRO (c. 1000 -
-1500) .................................................................................. 39
Generalidades ............................................................................... 41
O Estado do Grande Zimbábuè (Zimbabwe) ........................... 44
O Estado dos Mutapas ................................................................... 47
Alguns problemas do intercâmbio comercial ........................... 48
Sofala e a intensificação da presença islâmica e indiana .......... 50
Os imigrantes «maraves» (Maravi) .......................................... 53
Reforço das colónias islâmicas no litoral setentrional ............. 55
Penetração de elementos chonas-carangas no Sul do Save . ...... 55
Penetração de elementos «sothos» no Sul do Save ...................... 57
Os Macondes ............................................................................... 58
Notas ................................................................................................ 60
CAPÍTULO IV
Os povos do Baixo Zambeze, resultantes dos Prazos ............ 251
Os Senas ....................................................................................... 253
Os Tongas do Baixo Zambeze ................................................. 255
Os Chicundas ............................................................................... 256
Os Nhunguès (Nyungwe) ........................................................ 258
Tribos dispersas pelo vale do Zambeze, entre Tete e o Zumbo .... 259
Demas .............................................................................................. 259
Dandes (Dandi, Atendes, etc.) .................................................. 260
Pimbes.............................................................................................. 261
Govas ou Gouas ........................................................................ 261
Chuabos e Mahindos ................................................................ 261
CAPÍTULO V
A região entre o Zambeze, o Aruangua e o Chire, domínio
dos Maraves .................................................................................... 265
A fragmentação política dos Maraves .................................. 267
Os Manganjas, os Massingires e a desagregação do Estado
dos Rundos...................................................................................... 268
O Estado dos Undis .................................................................. 270
CAPITULO VI
O Nordeste (Macuas-Lómuès, Ajauas e Macondes) ............. 277
Os Macuas-Lómuès e o apogeu do tráfico esclavagista. Riva
lidades entre os potentados nortenhos nele envolvidos.
O Estado Namarral. Grandes migrações ................................ 279
A República da Maganja da Costa ......................................... 284
Os Ajauas (Yao) ........................................................................ 285
Os Macondes ................................................................................... . 290
CAPITULO VII
Núcleos islamizados do litoral norte............................................. 295
Generalidades ............................................................................... 297
O Sultanato de Angoche ........................................................ 301
O Xeicado de Quitangonha ......................................................... 304
O Xeicado de Sancul ................................................................ 305
O Xeicado de Sangage ................................................................. 307
BIBLIOGRAFIA........................................................................................ 309
lNTRODUÇÃO
RITA-FERREIRA, A. – Fixação Portuguesa e História pré-colonial de Moçambique
*
* *
*
* *
*
* *
*
* *
*
* *
*
* *
Dezembro de 1981.
A. Rita-Ferreira
PARTE
GENERALIDADES
OS PRIMEIROS ASIÁTICOS
OS MACUAS-LÓMUÈS (MAKUA-LOMWE)
NOTAS
II
PARTE
GENERALIDADES
Ferro nem com mistura dos dois estilos. Seja porque as suas mulheres
foram absorvidas pelos lares virilocais e polígamos dos imigrantes ricos
em gado, seja porque os homens foram exterminados, expulsos ou redu-
zidos a formas de servidão, os povos da Idade Antiga do Ferro perderam,
quase bruscamente, a sua identidade cultural.
Abrimos aqui um parêntesis para manifestar o nosso interesse
pela hipótese avançada por diversos autores, entre os quais sobressai
G. P. Murdock ( 4), hipótese que considera a posse de grandes manadas
de bovinos como causa estrutural que levou Chonas, Sothos e Angunes
a transitar para o sistema patrilinear, com herança agnática e casa -
mento virilocal ligado à compensação nupcial. A hipótese complementar,
agora defendida por David Beach, de essa mutação estrutural se haver
processado de sul para norte, a partir de Drakensberg, explicaria a
sobrevivência da organização matrilinear e uxorilocal entre os povos
situados a norte do Zambeze, quase desprovidos de gado bovino.
Também a norte do Zambeze se encontram provas de que, entre
os Séculos VIII e XV, o volume do comércio aumentou e o leque dos
contactos comerciais se alastrou consideravelmente. Pelo menos em
algumas áreas a população ganhou acesso a artigos provenientes da
distante costa oriental. Acelerou-se o mobilismo de gente e ideias,
conduzindo a notórios aperfeiçoamentos técnicos em ofícios e fabricos.
A indicação mais clara desta evolução é fornecida pelo aparecimento
de meios de troca com padrões de peso e volume. As famosas cruzetas
de cobre já se fundiam no Catanga, no Séc. VIII.
A dispersão de gongos e outros objectos cerimoniais confeccionados
com ferro, é igualmente índice de mais vastos contactos estimulados
pelo intercâmbio comercial. Também se fabricavam adornos de cobre,
incluindo em filagem, para uso e exportação, o que pressupõe a exis-
tência de avançados conhecimentos metalúrgicos.
Os estratos arqueológicos onde foram encontrados pesos de tear
provam que o cultivo e a tecelagem de algodão devem ter sido introdu-
zidos cerca de 1200 no vale do Zambeze, além Zumbo.
Os espólios estudados levam a defender que, cerca de 1400, Ingombe
Hede, perto do local onde o Cafuè desagua no Zambeze, haja sido um
centro comercial importante. Há fortes razões paira afirmar que a sua
ocupação mais tardia tenha coincidido com o apogeu do Grande
Zimbábuè como centro político e comercial (5).
*
* *
*
* *
tick sugere que o monopólio do comércio aurífero por esta última cidade
se haja iniciado no términus do Sec. XIII, na sequência do advento dessa
nova vaga de imigrantes «xirazis» (13).
Em Quilua as construções em pedra já haviam sido iniciadas nos
finais do Sec. XI. As primeiras moedas cunhadas localmente datam de
1200. A grande mesquita de traçado árabo-persa completou-se cerca de
1300 (14). A cidade foi visitada por Ibn Battuta em 1331 ( 15).
Foi a partir desse entreposto comercial que, como veremos, se pro-
cessou a fundação, por dissidentes, de outros estabelecimentos afro-islâ-
micos localizados a sul do Rovuma, nomeadamente ilha de Moçambique,
Quelimane e Angoche.
A supremacia incontestada de Quilua manteve-se até às últimas
décadas do Sec. XV quando o sultão Issufo de Sofala passou a agir
com maior independência ( 16) e se lançou em conflitos com os chefes
do interior. Face à insegurança da rota de Sofala, e também porque o
principal centro de decisão política, o Estado dos Mutapas, se havia
aproximado do Zambeze, os comerciantes do interior foram desenvol-
vendo a rota alternativa Tete-Sena-Angoche (17). O recurso a esta rota
também tem sido explicado pela perda das condições de navigabilidade
do rio Save (18).
As escavações arqueológicas realizadas por R. W. Dickinson em
Sofala e na foz do Save proporcionaram interessantes achados (19). Al-
guma daria revelou afinidades com as tradições da área do Grande
Zimbábuè. Os habitantes usavam instrumentos de ferro e ornamentos
de bronze. Fabricavam tecidos de algodão. Possuíam gado bovino e uti-
lizavam peixes e mariscos na alimentação. Entre os objectos encontrados
anterior e ocasionalmente nas proximidades de Sofala figura um estra-
nho elmo de bronze (20) e uma trombeta de marfim (21) provavelmente
com funções semelhantes às de Melinde, descritas por Álvaro Velho (22).
Os afro-islamizaidos não eram os únicos a comerciar na região.
O mesmo arqueólogo descobriu exóticas decorações sobrelevadas, apli-
cadas antes da cozedura, em vasos de formato integrado nas tradições
locais. Tais decorações eram alheias à cultura «suahili» pre-gâmica não
tendo sido até hoje encontradas na olaria escavada e estudada no litoral
a norte do Rovuma. Aquele arqueólogo aponta para o Golfo de Cam-
baia, na índia, como evidente região de origem. Os oleiros autóctones
procurariam imitar toscamente a usada por pequenos grupos de comer-
OS MACONDES
NOTAS
(29) O marfim africano, pela sua textura homogénea e cor quase inalterável,
era preferido na confecção de inúmeros trabalhos artísticos, entre eles
os braceletes envergados pelas noivas indianas. Esses braceletes eram
destruídos «nas ocasiões de pena e outras». (V. Menezes «Memó-
ria...», 1730).
(30) O âmbar, recolhido nas praias, era e é constituído por resina fossilizada,
talvez proveniente das coníferas de Madagáscar, ilha desabitada até ao
Sec. VI d.C. Objecto de larga procura na Europa e na Ásia, usava-se
como adorno, depois de trabalhado por artesãos. Também lhe eram
concedidos poderes sobrenaturais, servindo de talismã protector. Os
Romanos atribuíam-lhe propriedades medicinais. Na Europa, até ao
Sec. XIX, o seu pó entrou na confecção de pomadas destinadas a sarar
ferimentos.
(31) O pó obtido pela moagem de chifres de rinoceronte era e continua a ser
elemento básico na preparação de afrodisíacos e outros produtos da
medicina asiática. Os chifres também serviam para confecção, no
torno, de belas taças translúcidas que se supunha revelarem a presença
de veneno nas bebidas, pelas alterações da sua tonalidade.
(32) Robinson, 1973.
(33) Langworthy, 1969, p. 114.
(34) Rita-Ferreira, 1966, p. 199 e seg.
(35) Hamilton, 1955, p. 52.
(36) Langworthy, 1969.
(37) Shoffeleers, 1972 a), p. 75 a 78.
(38) BEM, ref. 890, p. 163.
(39) Garlake, 1976.
(40) Garlake, 1978.
(41) «Arqueologia e Conhecimento do Passado», 1980.
(42) BEM, ref. 190, p. 48/9.
(43) «Documentos sobre os Portugueses...», vol. I, p. 12.
(44) BEM, ref. 84.
(45) BEM, ref. 590, p. 5.
(46) BEM, ref. 531, 1.° vol., p. 23 e 357.
(47) Montez, 1948, p. 16.
(48) Pereira, 1936, p. 269.
(49) Junod, 1977, p. 98.
(50) Phillipson, 1977, p. 203.
III
PARTE
O SÉCULO XVI
*
* *
*
* *
*
* *
*
* *
O REINO DE MANICA
O REINO DO BÁRUÈ
O REINO DE TEVE
REINO DE DANDA
OS TAUARAS ( 35)
OS CHANGAMIRES
O REINO DE BUTUA-TÓRUA
toutro. Tem muito ouro que se tira da sua terra ao longo dos rios
de água doce. É tão grande Rei como o Monomotapa e está sempre
em guerra com êle.»
*
* *
OS AJAUAS (YAO)
Este grupo étnico e linguístico tem sido designado pelos termos mais
díspares: Mujau, Mujano, Hiao, Adjao, Mudsau, Mujoa, Wafayao,
Ayawa, etc. Com o decorrer do tempo foi-se popularizando o nome
Ajaua, embora a palavra mais correcta seja Iao.
Também entre eles se encontra a crença de se terem sobreposto a
um povo de pigmeus, designado por N´lucuéne.
Segundo a tradição, o nome Iao proviria de uma montanha, atape-
tada com capim mas desprovida de arborização, que se situa algures entre
Muembe e Lucheringo. Daí teriam partido segmentos matrilineares para
ocupar outras montanhas, dando origem a subgrupos que passaram a
ser conhecidos pelo respectivo nome geográfico: Amasaninga, Amachin-
ga, Achisi, Amalambo, Uambemba, Amangoche, Uamecula, Uanjeze,
Achimbango, Achingole.
A sua cultura não divergia grandemente da dos restantes povos
matricêntricos que se dispersavam ao Norte do Zambeze. As mulheres
praticavam uma agricultura mais intensiva do que a dos Macuas-Lómuès
mas muito menos produtiva do que a dos Maraves. A menor co ntri-
buição dos varões para a produção agrária, a abundância de manadas
de elefantes, a escassez em recursos salinos e a dispersão da população
O SULTANATO DE ANGOCHE
XEICADO DE SANCUL
XEICADO DE QUITANGONHA
bros, quer estes fossem parentes por consanguinidade quer por afi-
nidade... Era o clã. O velho chefe (n'zé) resumia todos os direitos
e poderes: proprietário dos haveres adquiridos pela comunidade e
juiz... (Mas) só podia exercer o direito de vida e de morte sobre
os filhos de suas irmãs, jamais sobre os seus próprios; pois a famí-
lia também não se desintegrara ainda completamente da forma
matriarcal. Assim, o julgamento dos filhos cabia ao irmão mais
velho da mãe.»
Mais para o sul e o interior, nihimo é a palavra que designa o clã
matrilinear. Os clãs dos macuas-lómuès eram tradicionalmente exóga-
mos. Abel Baptista afirma que cada qual dispunha do seu nifulo, onde
se invocavam os antepassados-deuses, sendo no ritual observada a pre-
cedência matriarcal. Em cada tribo o nifulo do chefe ficava perto da
respectiva povoação e servia de local de culto não apenas aos membros
do respectivo nihimo mas também, colectivamente, à tribo, em casos
de calamidade publica (85). Também Soares de Castro (88) e o P.e Gé-
rard (87) apontaram certas sobrevivências do clã como unidade orgânica.
Este último autor aludiu, em especial, à existência de um cemitério
comum para os indivíduos do mesmo nihimo e à investidura de um
magistrado competente para resolver os litígios ocorridos no seu interior.
As escarificações faciais eram utilizadas para distinguir os diversos clãs;
como os inimigos eram por norma decapitados, desempenhavam a função
prática de identificar as vítimas. As relações amigáveis entre dois clãs
limítrofes, unavili, eram ritualizadas em casamentos, investiduras e fu-
nerais, por meio de alianças vituperativas.
Não surpreende que sobre estes dispersos clãs matrilineares, se tenha
imposto, no Sec. XVI, com relativa facilidade, a ocupação dos maraves
dirigidos no norte pelo Caronga Muzura e no sul pelos monarcas com
o título real de Rundo. A recordação destas conquistas maraves persiste
em bastantes tradições orais. De resto, são confirmadas por abundante
documentação portuguesa.
Já aludimos à possível origem marave dos dirigentes que consegui-
ram unificar os clãs macuas da região do Uticulo ou Itoculo e fundar
dois reinos que tiveram existência secular e levantaram obstáculos con-
sideráveis à ocupação efectiva do interior pelas autoridades da Coroa
Portuguesa. Foram os reinos cujos monarcas receberam os títulos he-
reditários de Maurussa e Mori-Muno.
Est., Ens., Doc. – 142 93
RITA-FERREIRA, A. – Fixação Portuguesa e História pré-colonial de Moçambique
OS BITONGAS (107)
OS RONGAS
NOTAS
IV
PARTE
O SÉCULO XVII
O REINO DE MANICA
O REINO DE BARUÈ
Não será arriscado supor que, nos finais do século, as suas relações
com a Changamire Dombo fossem semelhantes às que o vizinho reino
de Manica mantinha com o célebre conquistador.
Contudo, os monarcas do Báruè continuavam a reconhecer, de
algum modo, a soberania portuguesa, reconhecimento que assumia a
forma de uma confirmaçãoo baptismal da sua investidura, denominada
madzi-manga, mesmo quando apoiados péla aristocracia e pelos mpon-
doros, guardiões dos espíritos dos reis defuntos.
Embora a mais antiga referência portuguesa à madzi-manga date
de 1794, Caetano Montez aventa que a prática remontasse aos fins do
Séc. XVII (6).
Allen Isaacman (7) interpreta essa bênção aquática, não como um
baptismo católico ou uma prática religiosa sincrética, mas antes como
um ritual nacional pelo qual as características sagradas da monarquia
fossem transmitidas ao investido. A água benta seria proveniente do Sena,
considerada como Lugar Santo, decorrendo o cerimonial em Missongue.
Tratar-se-ia de um símbolo do poder político efectivamente alcançado.
O novo Macombe, graças à presença do emissário da Coroa Portuguesa,
provaria a sua legitimidade e aliança com um poder político externo
e superior. Não teria, por conseguinte, características de prestação de
vassalagem.
O REINO DE TEVE
O REINO DE DANDA
OS TAUARAS
Na década de 1590 dois grupos de origem marave invadiram o
Estado dos Mutapas. Um, dirigido por Chicanda, atacou os comer -
ciantes aportuguesados e, após declarar submissão, estabeleceu-se nas
proximidades da capital. O outro, que procurava penetrar ao longo do
vale do Luia, foi atacado pelo Nengomacha do Mutapa Gatsi Rusere
e obrigado a retroceder. O monarca, insatisfeito com o sucesso, por
entender que os invasores deveriam ter sido perseguidos, condenou à
morte esse dignatário, apesar de ser seu tio.
Foi nesta contingência que Chiraramuro, parente do executado,
conseguiu, cerca de 1607, sublevar os Tauaras. Graças ao auxílio que
o Mutapa receibeu dos aportuguesados, a troco de diversas concessões,
o rebelde foi vencido, expulso da província tauara e oportunamente
morto.
O REINO DE BUTUA-TÓRUA
OS SENAS
Niassa), que é muito grande» ( 58). Em 1679, outro dos Carongas foi
visitado por Theodósio Garcia, após uma viagem de vinte dias por terras
maraves, tendo visto alguma da prata extraída ( 59). Batalha-Reis, na
obra que escreveu em 1695, cita um dos Carongas e localiza a sua
capital a sessenta léguas de Tete e a meia légua do Lago Niassa, o que
corresponde a Mancamba.
Nos fins do Séc. XVII diminuiu, acentuadamente, o interesse dos
Portugueses pelos Carongas e, do mesmo modo, declinou o volume das
trocas comerciais. É que foi decrescendo de importância a rota marave
até à Hha de Moçambique. Os Ajauas conseguiram, como veremos,
criar novas rotas alternativas e mais proveitosas.
Além destas causas económicas há autores que indicam como deter-
minante para o declínio do poder central dos Carongas a complexidade
do sistema de sucessão, dramaticamente agravada pela cisão do Undi,
que partiu com os membros da matrilinhagem real e, sobretudo, com
a dignatária que usava o título de Nhango e desempenhava a função
vital de «mãe perpétua» de todos os Carongas. Acresce que estes não
eram, oficialmente, reconhecidos como monarcas enquanto não con-
traíssem matrimónio com uma mulher investida no cargo de Muali,
«esposa perpétua» escolhida entre os membros do clã autóctone banda.
Como a verdadeira Nhango vivia na corte do Undi, era daqui que seguia
a aprovação do sucessor. Todavia, parece que o clã banda podia vetar
a investidura. Aventa-se que este invulgar sistema tenha degenerado
até ao ponto da escolha do Caronga ser feita pela Muali depois de com
ele se consorciar.
O controlo dos Carongas sobre o santuário principal de Capirintíua
não ultrapassou a primeira metade do Séc. XVIII. Após a morte do
Muzura e já em pleno declínio do «império Marave», passou a gozar
de maior autonomia, tornando-se em factor de identidade étnica devido
às peregrinações anuais dos monarcas e outros dirigentes ( 60). A. J.
Mazula também alude a essas peregrinações feitas por Nhanjas da
margem oriental do Lago Niassa (61).
Sem duvidarmos da tese defendida por E. Alpers sobre o suporte
que as actividades produtivas internas deram à expansão para leste dos
Rundos e do Caronga Muzura ( 62 ), chamamos a atenção para um
aspecto que julgamos de alguma relevância e que os historiadores têm
pudicamente esquecido, decerto movidos pelo receio de ferir as suscep-
OS AJAUAS (YAO)
O SULTANATO DE ANGOCHE
OS PROTO-CHOPES
OS BITONGAS
OS RONGAS
NOTAS
(73) Optámos por esta forma para os distinguir dos grandes invasores
do Séc. XIX.
(74) BEM, ref. 531, 1.º vol., p.357.
(75) Jaques, 1971.
(76) BEM, ref. 621.
(77) Matos, 1973.
(78) BEM, ref. 531, 1.º vol., mapa entre p. 16 e 17.
(79) BEM, ref. 604, p. 63.
(80) Brito, 1904-1908, vol. 9, p. 82 a 84.
(81) Junod, 1977, p. 98.
(82) BEM, ref. 604.
(83) BEM, ref. 621.
(84) Fuller, 1955.
(85) Matos, 1973.
(86) BEM, ref. 604, p. 63.
(87) Montez, 1948, p. 71.
(88) Theal «Records...», vol. 8, p. 292.
(89) Montez, 1942, p. 25.
(90) Lobato, 1961, p. 33.
V
PARTE
O SÉCULO XVIII
O REINO DE MANICA
O REINO DO BÁRUÈ
REINO DE TEVE
O REINO DE DANDA
vinha todo o marfim para esta vila; eles o levaram para Inham-
bane e por isso aquele país que era indigente e de pouco comércio
tornou-se opulento e este foi decaindo gradualmente porque os
mesmos Landins foram conquistando aos poucos até que entraram
e se apossaram dos Prazos Dope, Vinhoca e ultimamente Mam-
bone.»
OS SENAS
*
* *
OS AJAUAS (YAO)
O SULTANATO DE ANGOCHE
O XEICADO DE QUITANGONHA
XEICADO DE SANCUL
OS MACONDES
OS RONGAS
OS PROTO-CHOPES
*
* *
*
* *
OS BITONGAS
*
* *
*
* *
NOTAS
VI
PARTE
O SÉCULO XVIII
CAPÍTULO I
AS GRANDES INVASÕES ANGUNES.
O IMPÉRIO DE GAZA
MUZILA
Este nome surge, nos documentos escritos, sob as formas mais va-
riadas. W. Mhlanga afirma que o seu verdadeiro nome era Chibacuza (20).
A. M. Cardoso informa que tomou o nome de Inhamanda após regres-
sar do Transvaal para dirigir a revolta contra seu irmão ( 21).
Quando seu pai regressou ao vale do Limpopo para se estabelecer
em Chaimite, Muzila foi mandado completar a ocupação da região entre
os rios Save e Zambeze, região que governou como senhor quase abso-
luto até à morte de Manucusse. É mencionado por João Julião da Silva
logo em 1844, ano em que os seus guerreiros parece que pela primeira
vez cobraram tributos nos Prazos ao sul de Sena ( 22).
Vencida a longa e sangrenta guerra de sucessão, dedicou-se, por
algum tempo, à reorganização militar e administrativa dos territórios
ao Sul do Save, após o que voltou a fixar-se na cordilheira de Espun-
gabera. Parece ter construído a sua primeira capital no actual posto de
Chibabava. Mudou-se, posteriormente, para locais que baptizou com
os nomes de Mandlacazi e Tchametchame (28). Em 1872 Erskine mediu
assim as coordenadas dessa capital: 20° 23' lat. sul e 32° 30' long. este.
Parece que em 1874 se transferiu para Buchanimude, 14 milhas ao sul
do Monte Selinda. A última capital, onde faleceu em 1884, tinha o
nome de Moiamuhle (24).
As relações hostis que durante alguns anos manteve com o reino
suazi, devido ao auxílio prestado a Mauheue, parece terem cessado graças
ao processo drástico a que recorreram outros soberanos de origem an-
gune: a criação de uma «terra-de-ninguém», completamente desabitada,
com uma largura de quatro dias de marcha, que seguia aproximadamente
os cursos dos rios Sabiè e Incomati (25).
As formas regularizadas de intercâmbio diplomático foram especial-
mente importantes na manutenção de relações estáveis com o vizinho
reino Ndebele. As respectivas esferas de influência eram separadas pelo
rio Save. Ao contrário do sucedido com outros grupos de origem angune,
os reinos Gaza e Ndebele conseguiram manter uma situação prolongada
de coexistência pacífica. Em 1879 Lubengula tomou como principal rai-
nha uma filha de Muzila, Chamada Cualila. O P.e Law cruzou-se em 14
de Setembro com a grande embaixada então enviada por Muzila ( 26).
Dados os entendimentos tácitos ou explícitos mantidos com Suazis
Est., Ens., Doc. – 142 189
RITA-FERREIRA, A. – Fixação Portuguesa e História pré-colonial de Moçambique
GUNGUNHANE
I have not yet raised any woman to be Queen of the country, and that,
although I have already six sons, I have appointed no heir to the
throne» (37).
De uma observação de A. Maria Cardoso parece inferir-se que
Mudungaz era o herdeiro preferido (38). Porém o mesmo autor não deixa
de precisar que três dos filhos conspiravam para se apoderarem do
poder: Mafumane, Mudungaz e Como-Como. Que o primeiro foi man-
dado assassinar pelo segundo não oferece qualquer dúvida. Por seu
lado, Como-Como também desapareceu misteriosamente. Mesmo assim,
Mudungaz parece ter vivido no perpétuo tormento de que regressassem
dois outros seus irmãos, Anhana e Mafabaze que, prudentemente, se
tinham posto a salvo.
Sabe-se que após a sua investidura, o novo monarca, já com o
nome de Gungunhane, continuou a política predatória e agressiva dos
seus antecessores. Tentou, em repetidas incursões, vencer os Manicas
refugiados nas montanhas. Mandou cobrar tributos entre outros Chonas-
-Carangas.
Deixando para os especialistas em história colonial, os pormenores
das suas relações iniciais com a Coroa de Portugal, com a Companhia
de Moçambique e com a «British South Africa Company», diremos que
em 1888 Gungunhane, visando reforçar os laços cordiais que seu pai
mantivera com o reino Ndebele, casou com uma das filhas de Luben-
gula (39). Este, no ano anterior, casara com M'pezui, irmã do monarca
de Gaza (40).
Quais as razões que levaram Gungunhane e os seus conselheiros
a tomar a crucial decisão de transferir a capital real para o Sul de
Moçambique, abandonando a terra natal e forçando a acompanhá-lo
largas dezenas de milhar de famílias Vandaus, a par dos milhares de
Angunes e Angunizados? A nosso ver, as razões fundamentais foram
de natureza económica e a elas faremos adiante mais desenvolvida
referência. Quanto ao facto de haver obrigado entre 80 000 e 100 000
Vandaus a partir consigo, parece-nos ser aceitável a seguinte explicação
de F. Toscano (41):
Walter Rodney, num estudo que nos parece pecar por excessiva parcia-
lidade, considera-o importante e até mesmo decisivo (52).
Em 2 de Fevereiro do ano seguinte, a expedição vinda de Portugal
foi atacada em Marracuene por 3000 guerreiros de Mahazule e N'ua-
mantibjane. Destroçados pela fuzilaria, foram perseguidos pelos guer-
reiros de Matola e Maputo, leais aos Portugueses, acabando por buscar
refúgio nas terras dominadas por Gungunhane.
Parece terem sido consideráveis as repercussões morais do combate
de Marracuene. Os povos submetidos e espoliados pelos conquistadores
angunes, remeteram-se a uma posição de expectativa e, por vezes, de
aberta hostilidade.
Após a travessia do Incomati, a coluna do sul foi aos 8 de Setembro
atacada em Magul. Segundo dados que recolheu entre os próprios ata-
cantes, H. A. Junod assevera que foram os regimentos de Zihlahla e
Nonduane totalizando cerca de 6000 guerreiros, os que mais se aproxi-
maram do quadrado formado pelas tropas portuguesas e respectivos
auxiliares. Os regimentos de Gungunhane, muito mais numerosos,
mantiveram-se afastados, não intervindo nos combates ( 53).
Walter Rodney interpreta esta passividade como resultante de
expressas ordens do hábil Gungunhane no sentido de se evitar um
confronto directo com os Portugueses, ordens amplamente indicativas
da sua vontade de negociar uma solução pacífica ( 54).
As derrotas que as forças rongas sofreram em Marracuene e Magul
parece terem contribuído para que nunca chegasse a efectivar-se a
ofensiva que Gungunhane planeara com os exilados Mahazule e N'ua-
mantibjane. Segundo H. A. Junod, este plano teria, de qualquer modo,
nulas possibilidades de sucesso, devido aos pânicos supersticiosos que
dominavam os guerreiros e à desconfiança e hostilidade que reinavam
permanentemente entre as diversas tribos (55).
O relato das dilacções e tentativas de negociação feitas por Gungu-
nhane, de Julho a Novembro de 1895, cabem melhor na história colonial.
Restados, apenas, opinar sobre os motivos da controversa mas sem
dúvida obstinada recusa de entrega dos régulos rongas refugiados,
posição em que Gungunhane tinha contra si a maioria dos dirigentes
angunes, incluindo os da sua própria família. Diremos que, em nosso
entender, essa recusa era baseada na absoluta convicção de que, mesmo
entregando os refugiados, a guerra seria inevitável. Essa entrega redun-
A REVOLTA DE MAGUIGUANA
N´QABA
ZUANGUENDABA
*
* *
OS ANGONIS-MASSECOS
*
* *
*
* *
NOTAS
(1)
BEM, ref. 570, p. 47.
(2) BEM, ref. 531, 1.º vol., p. 448.
(3) BEM, ref. 208.
(4) Alberto, 1942, p. 110.
(5) Liesegang, 1967.
(6) BEM, ref. 245.
(7) Silva, 1884.
(8) Pinto, 1917.
(9) BEM, ref. 531, 1.º vol., p. 19 e 28.
(10) Alberto, 1942, p. 123.
(11) BEM, ref. 164, p. 34.
(12) BEM, ref. 531, 2º vol., p. 585.
(13) Martins, 1957.
(14) Paiva-Manso, 1870.
(15) BEM, ref. 208.
(16) Paiva-Manso, 1870.
(17) BEM, ref. 573.
(18) Myburgh, 1949.
(19) Myburgh, 1949.
(20) Mhlanga, 1948.
(21) Cardoso, 1847.
(22) Silva, 1844.
(23) Mhlanga, 1948.
(24) Cronnenberg, 1883.
(25) BEM, ref. 573.
(26) Cronnenberg, 1883.
(27) BEM, ref. 573.
(28) BEM, ref. 531, 2." vol., p. 585.
(29) Young, 1970.
(30) Cardoso, 1887, p. 188.
(31) Martins, 1957.
216 Est., Ens., Doc. - 142
RITA-FERREIRA, A. – Fixação Portuguesa e História pré-colonial de Moçambique
CAPÍTULO II
*
* *
*
* *
*
* *
OS CHOPES
*
* *
OS BITONGAS
*
* *
NOTAS
CAPÍTULO III
A REGIÃO CENTRAL, DOMÍNIO DOS CHONAS-CARANGAS
REINO DE MANICA
*
* *
O REINO DO BÁRUÈ
*
* *
OS TAUARAS
*
* *
REINO DE TEVE
REINO DE DANDA
NOTAS
patrulhou o Canal de Moçambique, elucida que este relatório não chegou a ser
remetido de Sofala porque, entretanto, o seu autor fora assassinado.
(31) Andrada, 1886.
(32) BEM, ref. 196, p. 44.
(33) » » 347.
(34) » » 766, p. 17.
(35) Silva, 1844.
(36) BEM, ref. 754 a 774.
(37) Gama, 1966.
(38) Mkanganwi, 1972.
(39) Rennie, 1972.
(40) » 1973.
(41) Spannaus, 1954/5.
(42) » 1961.
(43) Maxwell, 1916.
(44) BEM, ref. 183, p. 19.
(45) Silva, 1844.
(46) Liesegang, 1970.
(47) BEM, ref. 574.
(48) Cardoso, 1887, p. 180.
(49) BEM, ref. 196, p. VII.
(50) » » 766, p. 20.
(51) Spannaus, 1961, p. 630.
CAPÍTULO IV
OS SENAS
*
* *
*
* *
Tanto quanto sabemos, os Tongas não foram objecto de qualquer
estudo antropológico de carácter genérico, sistemático e intensivo. Ape-
nas Sousa e Silva (20), H. Philippe Junod (21) e F. W. T. Posselt (22) for-
neceram alguns apontamentos etnográficos. Sabe-se serem patrilineares
e virilocais, com compensação paga em trabalho prestado aos sogros.
Não praticavam a circuncisão. Davam importância à virgindade da
noiva. J. F. Holleman descreveu, mais cientificamente, os ritos fúnebres
do homem casado e a sua relação com a organização social e familiar (23).
Os chefes tongas pertenciam ao clã totémico chilendje (pernas de
todos os animais). Os diversos autores citam os seguintes totens: tembo,
chirongo, chiuambo, macate, malungo, chluare, soco e nzou.
OS CHICUNDAS
NHUNGUÈS (NYUNGWE)
*
* *
DEMAS
*
* *
*
* *
PIMBES
*
* *
GOVAS OU GOUAS
CHUABOS E MAHINDOS
NOTAS
(1) Newitt, 1973, p. 177.
(2) Newitt, 1973, p. 168.
(3) Macedo, 1968.
(4) Freitas, 1971. Esta «porta de armas» foi erigida em 1704.
(5) Comunicação pessoal de J. dos Santos Peixe.
(6) BEM, ref. 800 a 802.
(7) Brites, 1960.
(8) Freitas, 1971.
(9) Gamitto, 1857/8.
(10) Osório, 1964.
(11) Martins, 1960.
(12) Santos e Barros, 1950.
(13) «Lendas e Provérbios dos Senas...».
(14) Schoffeleers, 1973.
(15) Sousberghe, 1965.
(l6) Sousberghe, 1966.
(17) Alves, 1939.
(18) Alves, 1957.
(19) Isaacman, 1972 a).
(20) BEM, ref. 805.
(21) BEM, ref. 189.
(22) BEM, ref. 803.
(23) BEM, ref. 804.
(24) Isaacman, 1972 b).
(25) Matthews, 1981.
(26) BEM, ref. 805, p. 78 e 98.
(27) Isaacman, 1972 a) p. 124 a 134.
(28) Newitt, 1973, p. 234 a 250.
(29) BEM, ref. 797 a 799.
(30) Santos Jr., 1957.
(31) Courtois, 1900.
CAPÍTULO V
*
* *
*
* *
montes Mbazi, não sem perder muitos súbditos e até mesmo membros
da sua própria família.
Neste difícil período o santuário de Capirintíua e a sua Maqueuana
não desempenharam qualquer papel como factores de unificação ou
de dinamização da resistência às pressões externas. Saqueado por Chi-
cundas na década de 1860, os sacerdotes foram obrigados a dispersar-se.
Debalde o guardião do tambor sagrado tentou reorganizá-los. Cerca de
1870, o antiquíssimo centro religioso acabou por ser destruído pelos
Angonis, que executaram a última Maqueuana.
Undi manteve-se no território ancestral até 1935, altura em que
se refugiou, com muitos dos seus súbditos, no actual território da Zâm
bia, para evitar as perseguições e violências do administrador português.
*
* *
NOTAS
CAPÍTULO VI
O NORDESTE (MACUAS-LOMUÈS, AJAUAS E MACONDES)
*
* *
Male................................... Paua-Muno
Mirace................................ Momola-Muno
*
* *
*
* *
*
* *
*
* *
OS AJAUAS (YAO)
Acentuou que, na sua maioria, não eram cativos feitos entre etnias
estranhos, mas outros Ajauas que haviam sido condenados pelos tri-
bunais consuetudinários (38).
Embora a documentação existente não forneça pormenores sobre
tal transformação, sabe-se que, em 1830, esta actividade havia decaído
sensivelmente devido à obstrução dos Macuas. O Marquês de Bemposta
Subserra, referindo-se à época de 1830 a 1850, indica que os Ajauas
recorriam ao Ibo e a Quelimane, caso não conseguissem superar os
obstânculos levantados pelos chefes Macuas. No século anterior, quando
predominava o comércio do marfim, ambos esses portos nenhuma rele-
vância tinham alcançado, justamente devido ao funcionamento regular
da rota terminada no Mossuril e ao facto de serem deliberadamente
evitados, o primeiro porque cobrava direitos aduaneiros, o segundo
porque não dispunha de grossistas dispostos a fornecer mercadorias
a crédito (39).
As actividades comerciais entre os Ajauas e o litoral ao norte do
Rovuma aumentaram durante o domínio do Sultão de Oman, Sayid
Said, que em 1840 mudou a sua capital de Mascate para Zanzibar,
desenvolvendo uma numerosa colónia árabe e importantes plantações.
Este dirigente encorajou, activamente, o estabelecimento de indianos
cujo número, em 1860, subiu a 5000 e cujos importadores-exportadores
financiavam a organização de grandes caravanas ao interior.
A hegemonia dos Ajauas veio a ser contestada por outros talen-
tosos comerciantes: os Bisas. Embora o mercado de Quílua constituísse
o principal centro de competição entre Ajauas e Bisas, há indicações
de que no norte de Moçambique se desenvolveu uma situação seme-
lhante ( 40). Pode ser essa a razão que levou os Ajauas, na segunda
metade do século a procurar compensar as suas perdas, recorrendo ao
tráfico esclavagista, tal como é sugerido, entre outros documentos, pelo
conhecido relato da viagem de Gamitto ( 41). É que, melhor conhece-
dores do valor real do marfim no mercado internacional, os Ajauas
exigiam preços que os indianos de Zanzibar consideravam menos com-
pensadores. Estes preferiram, por isso, mandar interceptar as caravanas
Bisas que, na sua relativa ignorância, cediam o marfim a troco de artigos
de ínfimo valor, proporcionando aos intermediários enormes margens
de lucro.
*
* *
*
* *
OS MACONDES
*
* *
*
* *
NOTAS
CAPÍTULO VII
GENERALIDADES
*
* *
O SULTANATO DE ANGOCHE
*
* *
O XEICADO DE QUITANGONHA
O XEICADO DE SANCUL
O XEICADO DE SENGAGE
NOTAS
(1) Verin, 1972.
(2) Vilhena, 1905.
(3) BEM, ref. 890, p. 177.
(4) Monteiro, 1966.
(5) A. Alberto de Andrade, 1955, p. 214.
(6) A. Alberto de Andrade, 1955, p. 353.
(7) Hafkin, 1973, p. 213.
(8) Alpers, 1975 a) p. 217.
(9) BEM, ref. 176, p. 47 a 54.
(10) Moreira, 1961.
(11) Lopes, 1961.
(12) Prata, 1961.
(13) Hafkin, 1973, p. 334.
(14) Newitt, 1972 b), p. 671.
(15) BEM, ref. 946, 890, 953.
(16) Mello-Machado, 1970.
(17) Newitt, 1972 a).
(18) Newitt, 1972 b).
(19) Hafkin, 1973.
BIBLIOGRAFIA
MANUSCRITOS EM ARQUIVOS
BROWN, RICHARD — The external relations of the Ndebele kingdom in the pre-
-partition era. In: THOMPSON, LEONARD compil. «African Societies in
Southern Africa». Londres, Heinemann, 1969, p. 259-281.
BRUWER, J. P. — Unkhoswe: the system of guardianship in Cewa matrilinear so-
ciety. «Afric. Stud.» (Joanesburgo), 14 (3), 1955, p. 115-122.
CAMPANHAS (AS) DE MOÇAMBIQUE (prefácio e notas de Marcello Caetano).
Lisboa, Agência Geral das Colónias, 1947.
CANCELAS, ALEXANDRE — Contributo para uma Política Social Moçambicana.
Braga, Editora Pax, 1972.
CARDOSO, ANTÓNIO MARIA — Expedição às terras do Muzilla (1882). «Bol.
Soc. Geogr. Lisboa», 7.a série, 3, 1887, p. 153-240. CARDOSO, J. J.
ALFARO — Monografia etnográfica sobre os Tsuas. «Bol. Soc.
Est. Moçambique» (L. Marques), 27 (108), 1958, p. 153-206.
CARREIRA, ANTÓNIO — O Tráfico Português de Escravos na Costa Oriental
Africana nos Começos do Séc. XIX (estudo de um caso). Lisboa, Junta de
Investigações Científicas do Ultramar, 1979.
CARVALHO, MÁRIO DE — A Agricultura Tradicional de Moçambique. L. Mar
ques, Missão de Inquérito Agrícola, 1969.
CASTRO, F. MANUEL DE — Apontamentos sobre a Língua E-Makua.... L. Mar
ques, Imprensa Nacional, 1933.
CASTRO, SOARES DE — Breves Considerações sobre «Maímo» do Distrito de
Moçambique. «Bol. Mus. Nampula» (Nampula, Moçambique), l, 1960,
p. 55-66.
CHANAIWA, DAVID — Polítics and long-distance trade in the Mwene Mutapa empire
during the 16th century. «Internat. J. Afric. Hist. Stud.» (Boston,
U. S. A.), 5(3) 1972, p. 424-435.
CHIRENJE, J. MUTERO — Portuguese priests and soldiers in Zimbabwe, 1560-
-1572... «Internat. J. Afr. Hist. Stud.». Boston (U.S.A.), 6(1) 1973, p. 36-48.
CHITTICK, NEVILLE — Kilwa and the Arab settlement of the East African coast.
«J. Afr. Hist.» (Londres), 4 (2) 1963, p. 179-190.
CHITTICK, NEVILLE — The East African coast and the Kilwa civilization. In «East
África Past and Present», Paris, Presence Africaine, 1964.
CHITTICK NEVILLE — The 'Shirazi', colonization of East Africa. «J. Afr. Hist.»
(Londres), 6 (3), 1965, p. 263-273.
CHITTICK, NEVILLE — Kilwa: an Islamic Trading City on the East African Coast.
Nairobi (Quénia), British Institute in East Africa, 1974.
CIRNE, M. J. M. DE VASCONCELOS — Memória sobre a Província de Moçambique.
Lisboa, Imprensa Nacional, 1890.
COELHO, LUÍS — Novos documentos para o conhecimento do episódio militar de
Coolela (Moçambique, 1895). «Arqueol. Hist.» (Lisboa), 9.a série, vol. 5,
1974, p. 333-343.
Colecção de Notícias para a História e Geografia das Nações Ultramarinas que vivem
nos Domínios Portugueses. 2.a ed., tomo 2, Lisboa, Academia Real de
Ciências, 1867.
DOYLE, DENIS — A journey through Gazaland. «Proc. Roy. Geograf. Soc.» (Londres),
13, 1981, p. 588-591.
DUPEYRON, PEDRO — Breve Estudo da Língua Chi-Yao ou ADJAUA... Lisboa,
Administração do «Novo Mensageiro do Coração de Jesus», s. d.
EARTHY, E. DORA — Two Lenge Folktales. «Afr. Stud.» (Joanesburgo), 34 (1) 1975,
p. 3-7.
ELSDON-DEW, R. — Blood-Groups in Africa. «Publ. South Afr. Inst. Med. Res.»
(Joanesburgo), 449 (9) 1939.
EVERS, T. M. — Recent Iron Age Research in the Eastern Transvaal, South Africa.
«South Afr. Archaeol. Bull» (Claremont, África do Sul), 30 (119-120) 1975,
p. 71-83.
FAGAN, BRIAN M.; KIRKMAN, JAMES — An Ivory Trumpet from Sofala,
Mozambique. «Ethnomusicology» (Middletown, Conn., U. S. A.), 1967,
p. 368-374.
FATTON, ANASTASIE — L´Etiquette des Rongas. «Geneve-Afrique» (Genebra), l
(1) 1962, p. 53-77.
FERNANDES, M. REGINA PINTO — Apontamentos para a História de Inham
bane sob D. Miguel. «Monumenta» (L. Marques), 2, 1966, p. 31-50.
FERRÃO, FRANCISCO HENRIQUES — Account of the Portuguese possessions
within the Captaincy of the Rios de Sena. In Theal G. MacCall compil.
«Records of South-East Africa», vol. 7, p. 371-387.
FERRAZ, M. DE LOURDES DE FREITAS — Documentação Histórica Moçambicana.
Vol. I, Lisboa, Junta de Investigações Científicas do Ultramar, 1973.
FERREIRA, A. J. DE LIZ — Some Notes on the Thonga Culture. «Zaire», 9 (1) 1955,
p. 3-23. Fontes para a História, Geografia e Comércio de Moçambique (Séc.
XVIII). Lisboa, Junta de Investigações do Ultramar («Anais», vol. 9, tomo
1), 1954.
FREEMAN-GREENVILLE, G. S. P. ed. — The East African Coast: Select
Documents from the First to the Earlier Nineteenth Century. Oxford,
Clarendon Press, 1962.
FROBERVILLE, EUGÉNE DE — Notes sur les moeurs, coutumes et traditions des
Amakoua... «Bull Soc. Geogr. Paris», 3.a série, tomo 8, 1847, p. 311-329.
GAMA, C. J. DOS REIS E — Resposta das Questões sobre os Cafres... 7 de Julho de
1796 (Introdução e notas de G. Liesegang). Lisboa, Junta de Investi
gações do Ultramar, 1966.
GAMITTO — Prazos da Coroa em Rios de Sena. «Archivo Pittoresco» (Lisboa), vol. l,
1857-58, p. 61-63, p. 66-67.
GARLAKE, P. S. — An investigation of Manekweni. «Azania» (Nairobi), 11, 1976, p.
25-47.
GARLAKE, P. S. — Pastoralism and Zimbabwe. «J. Afr. Hist.» (Londres), 29(4) 1978,
p. 479-493.
GELFAND, MICHAEL — The mhondoro cult-among the Manyika peoples of the
Eastern Region of Mashonaland. «Nada» (Salisbúria, Rodésia), 11(1) 1974,
p. 64-95
GODINHO, MANUEL — Relação do Novo Caminho que fez da Índia para Por
tugal no ano de 1633. Lisboa, Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1974.
GODLONTON, W. A. — The journeys of António Fernandes... «Trans. Rhodesia
sci. Assoe.» (Salisbúria, Rodésia), 40, Abril 1945, p. 71-103.
GODLONTON, W. A. — The journeys of António Fernandes — Some ammendments
«Trans. Rhodesia sci. Assoc.» (Salisbúria, Rodésia), 48, 1960, p. 44-48.
GOMES, ANTÓNIO — Viagem que fez o Padre António Gomes, da Companhia
de Jesus, ao Império de Manomotapa... (Notas de Eric Axelson). «Studia»
(Lisboa), 3, 1959, p. 155-242.
GRANDJEAN, A. — L´invasion des Zoulou dans le sud-est afrícain: une page
d'histoire inédite. «Bull. Soe, Neuchâtel. Geogr.» (Neuchatel, Suíça), 11,
1899. p. 63-92.
GUERREIRO, J. DE ALCÂNTARA — Episódios inéditos das lutas contra os
Macuas... «Bol. Soc. Estud. Moçambique», 16(53) 1947, p. 79-109.
GUERREIRO, MANUEL VIEGAS — Rudimentos da Língua Maconde. L. Mar
ques, Instituto de Investigação Científica de Moçambique, 1963.
GUERREIRO, MANUEL VIEGAS — Os Macondes de Moçambique. IV — Sabedoria,
Linguística, Literatura e Jogos. Lisboa, Junta de Investigações do Ultramar,
1966.
GULLIVER, P. H. — A history of the Songea Ngoni. «Tanganyika Notes Rec.» (Dar-
-es-Salaam), 41, 1955, p. 16-30.
HALL, MARTIN; VOGEL, J. C. — Some recent radiocarbon dates from Southern
Africa. «J. Afr. Hist.» (Londres), 21 (4), 1980, p. 431-455.
HAMILTON, R. A. — Surveys of oral tradition: the Maravi group. In: «History
and Archaeology in Africa», Londres, 1955.
HAMILTON, R. A. — The route of Gaspar Bocarro from Tete to Kilwa in
1616.«Nyasaland J.» (Blantyre, Niassalândia), 7(2) 1954, p. 7-14.
HARRIES, PATRICK — Slavery, social incorporation and surplus extraction: the nature
of free and unfree labour in South-Easl Africa. «J. Afr. Hist.» (Londres),
22(3), 1981, p. 309-330.
HOLLEMAN, J. F. — Accomodating the spirit amongst some North-Eastern Shona
tribes. «Rhodes-Livingstone Pap.» (Lusaka), 22, 1953.
HOPPE, FRITZ — A África Oriental Portuguesa no Tempo do Marquês de Pombal,
1750-1777. Lisboa, Agência-Geral do Ultramar, 1970.
HUFFMAN, THOMAS N. — Ancient mining and Zimbabwe. «J. South Afr. Inst.
Min. Metallurg.» (Joanesburgo), 74 (6), 1974, p. 238-242.
HUFFMAN, THOMAS N. — Cattle from Mabveni. «South Afr. Achaeol. Bull.»
(Claremont, África do Sul), 30(117-118), 1975, p. 23-24.
IBIK, J. O. — The Lomwe. In: «Malawi - The Law of Marriage and Divorce», Lon
dres, Sweet & Maxwell, 1970, p. 28-42.
Inventário do Fundo do Século XVIII no Arquivo Histórico de Moçambique. Lou
renço Marques, Imprensa Nacional, 1958.
LINDEN, IAN — «Mwali» and the Luba origin of the Chewa: some tentative sugges-
tions. «Soc. Malawi J.» (Blantyre), 25(1), 1972 a), p. 11-19.
LINDEN, IAN — The Maseko Ngoni at Domwe, 1870-1800. In «The Early History
of Malawi», Londres, Longman, 1972 b), p. 237-251.
LOBATO, ALEXANDRE — A Expansão Portuguesa em Moçambique, 1498 a 1530.
Lisboa, Agência Geral do Ultramar, vol. l, 1954; vol. 2, 1954; vol. 3, 1960.
LOBATO, ALEXANDRE — Quatro Estudos e uma Evocação para a História de L.
Marques. Lisboa, Junta de Investigações do Ultramar, 1961.
LOBATO, ALEXANDRE — Colonização Senhorial da Zambézia... Lisboa, Junta de
Investigações do Ultramar, 1962.
LOBATO, ALEXANDRE — Do Conhecimento da Baía à Criação do Município. «Bol.
Munic.» (L. Marques), 2, 1968, p. 9-20.
LOFORTE, JOÃO — Itinerário de Inhambane a Bazaruto (1861). «An. Cons. Ultramar,
(parte não oficial»), Lisboa, 1963, p. 111-112.
LOPES, A. MARIA — A língua suaíli. «Bol. Mus. Nampula» (Nampula, Moçambique),
2, 1961, p. 131-132.
MACEDO, J. M. DE AGUIAR — Gorongoza — o Gouveia. «Monumento» (L. Mar-
ques), 4, 1968, p. 21-24.
MACHIWANYIKA, J. (trad. de R. S. Reid) — Extracts from «A history and customs of
the Manyika people». «Nada» (Salisbúria, Rodésia), 11 (3), 1976, p. 300-
308.
MAGGS, TIM — Some recent radiocarbon dates from Eastern and Southern Africa. «J.
Afr. Hist.» (Londres, 18(2), 1977, p. 161-191.
MAGGS, TIM — The iron age sequence south of the Vaal and Pongola rivers: some
historical implications. «J. Afr. Hist.» (Londres), 21(1), 1980, p. 1-15.
MANDALA, E. C. — The nature and substance of the Mang'anja and Kololo oral
traditions — a preliminary survey. «Soc. Malawi J.» (Blantyre), 31(1), 1978,
p. 6-22.
MARIVATE, C. T. D. — Clan praises in Tsonga. «Limi» (Pretória, África do Sul), 6, 1/2,
1978, p. 31-43.
MAROLEN, D. P. — Mitlangu ya vafana va Vatsonga. Joanesburgo, Swiss Mission,
1954.
MARTINS, A. REGO — Monografia sobre os usos e costumes dos Senas. «Bol. Soc.
Estud. Moçambique» (L. Marques, 29(123), 1960, p. 13-33.
MARTINS, FERREIRA — João Albasini e a Colónia de S. Luís. Lisboa, Agência Geral
do Ultramar, 1957.
MARWICK, M. G. — History and tradition in East Central Africa through the eyes of the
Northern Rhodesia Cewa. «J. Afr. Hist.» (Londres), 4(3), 1963, p. 375-
390.
MARWICK, M. G. — Sorcery in its social setting: a study of the Northern Rho-
desian Cewa. Manchester Univ. Press, 1965.
MARWICK, M. G. — Notes on some Cewa rituais. «Afr. Stud.» (Joanesburgo), 27 (1),
1968, p. 3-14.
NTARA, S. J. — The history of the Cewa. Wiesbaden (Áustria), Franz Steiner, 1973.
NTSANWISI, H. W. E. — Tsonga Idioms. Joanesburgo, Swiss Mission, 1968.
NURSE, G. T. — Cognate sets determining the Maravi periphery (glottochronology).
«Rev. Ethnol.» (Viena), 3(4) 1970, p. 25-31; 3(5) 1970, p. 33-40.
NURSE, G. T. — The People of Bororo: a lexicostatistical enquiry. In «The Early
History of Malawi», Londres, Longman, 1972, p. 123-135.
NURSE, G. T. — Ndwandwe and the Ngoni. «Soc. Malawi J.» (Blantyre), 26 (1)
1973, p. 7-14.
OIDTMAN, CHRISTOPH VON — O porto de Sofala e o problema do Zimbauè.
«Bol. Soc. Estud. Moçambique» (L. Marques), 27 (108) 1958, p. 5-2Z
OLIVEIRA, CARLOS RAMOS DE— Um ensaio sobre os Tauaras do vale do
Zambeze. «Geographica» (Lisboa), 8(32) 1972, p. 23-51.
OLIVEIRA, CARLOS RAMOS DE — Notas sobre o parentesco e o casamento entre
os Tauaras. «Garcia de Orta» (Lisboa, l (1-2) 1973, p. 27-38.
OLIVEIRA, CARLOS RAMOS DE — Os Tauaras. Lisboa. Junta de Investigações
Científicas do Ultramar, 1976.
OLIVEIRA, O. ROZA DE — Zimbábuès de Moçambique (Proto-históría africana).
«Monumenta» (L. Marques), 9, 1973, p. 31-64, cartas, fotos.
OMER-COOPER, J. D. — The Zulu Aftermath. Londres, Longmans, 1969.
ORNELAS, AYRES DE — Cartas de África: a Campanha do Gungunhana — 1895.
Lisboa, 1930.
PACHAI, B. — Ngoni politics and diplomacy in Malawi, 1848-1904. In: «The
Early History of Malawi», Londres, Longman, 1972, p. 179-214.
PAIVA-MANSO, VISCONDE DE — Memória sobre Lourenço Marques. Lisboa,
Imprensa Nacional, 1870.
PEIRONE, F. JOSÉ — A Tribo Ajaua do Alto Niassa (Moçambique) e Alguns
Aspectos da sua Problemática Neo-Islâmica. Lisboa, Junta de
Investigações do Ultramar, 1967.
PEIXE, JÚLIO DOS SANTOS — Línguas indígenas de Moçambique. «Bol. Soc.
Estud. Moçambique» (L. Marques), 24 (87) 1954, p. 115-125.
PEIXE, JÚLIO DOS SANTOS — Sobre a língua E-Makua. «Bol. Mus. Nampula»
(Nampula, Moçambique), l, 1960, p. 1-29.
PEIXE, JÚLIO DOS SANTOS — A língua É-Makuwa e suas afinidades com o I-
Maindo e Xi-Sena. «Bol. Mus. Nampula» (Nampula, Moçambique), 2,
1961, p. 67-82.
PEIXE, JÚLIO DOS SANTOS — Ligeiros apontamentos sobre a curandice espírita
entre o povo Ba-Tswa. «Bol. Soc. Estud. Moçambique» (Lourenço
Marques), 31 (130) 1962, p. 5-31.
PEIXE, JÚLIO DOS SANTOS — Introdução ao estudo do Xi-Jonga (Moçambique).
«Bol. Soc. Geogr. Lisboa», série 89, 7-9, 1971, p. 231-238.
Pequeno Guia de Chimanhika-Poftuguês, Missão de Jécua, 1969.
PEREIRA, A. B. DE BRAGANÇA, compil. — História Política, Diplomática
e Militar (1498-1599). «Arq. Port. Orient.» (Bastará, Goa), nova edição,
vol. I, parte I, tomo I, 1936.
ROBERTS, SIMON — A comparison of the family law and custom of two matri- lineal
systems in Nyasaland. «Nyasaland J.» (Blantyre), 17(1) 1964, p. 24-41.
ROBINSON, K. R. — The Iron Age of the Upper and Lower Shire Malawi. Zomba
(Malawi), Government Press, 1973.
ROBINSON, K. R. — A note on the spread of Early Iron Age ceramics in Malawi.
«South Afr. Archaeol. Bull.» (Claremont, África do Sul), 31 (123-124) 1976,
p. 166-175.
ROCHA, LEOPOLDO DA — Uma informação inédita sobre Moçambique setecen
tista (1700-1703). «Monumenta» (L. Marques), 9, 1973, p. 19-30.
RODNEY, WALTER — The year 1895 in southern Mozambique: African resistance
to the imposition of european colonial rule. «J. Hist. Soc. Nigéria» (Lagos), 5
(4) 1971, p. 509-536.
SALT, HENRIQUE — Relação dos estabelecimentos portugueses na costa oriental de
África em 1809. «Moçambique» (L. Marques), 37, 1944, p. 5-45; 38, 1944, p.
89-113; 41, 1945, p. 61-75.
SANTA-TERESA, FR. FRANCISCO DE — Plano e relação da Bahia denominada de
Lourenço Marques (Lisboa, 6-8/1784). In: MONTEZ, CAETANO —
«Descobrimento e fundação de Lourenço Marques», L. Marques, Minerva
Central, 1948, p. 161-173.
SANTOS, L. FELICIANO DOS — Gramática da Língua Chope. L. Marques, Imprensa
Nacional, 1941. SANTOS JR., J. N. DOS — O 'maromba' ou 'malombo' (Tete,
Moçambique). «Garcia de Orta» (Lisboa), 5 (4) 1957, p. 773-788.
SANTOS JR., J. R. DOS — Contribuição para o Estudo Antropológico de Moçam-
bique— Algumas Tribos do Distrito de Tete. Lisboa, Junta de Investigações
Científicas do Ultramar, 1944.
SANTOS JR., J. R. DOS; BARROS, FERNANDO — Notas etnográficas de Mo-
çambique — XIII Congresso Luso-Espanhol para o Progresso das Ciências
(4.a Secção — Ciências Naturais). Tomo V, 1950, p. 609-623.
SCHOFFELEERS, J. M. — The history and political role of the M'bona cult among the
Mang´anja. In: RANGER, T. O.; KIMAMBO, I. N. compil. «The His-
torical Study of African Religion». Londres, Heinemann, 1972, p. 73-94.
SCHOFFELEERS, J. M.—From socialisation to personal enterprise: a history of the
nomi labour societies in the Nsanje District of Malawi, c. 1891 to 1972. «Rural
Africana» (E. Lansing, U.S.A.), 20, 1973, p. 11-25.
SCHOFFELEERS, J. M. — Crisis, criticism and critique: an interpretative model
of territorial mediumship among the Chewa. «J. Soc. Sci.», 3, 1974, p. 74-78.
SCHOFFELEERS, J. M. — The nyau societies: our present understanding. «Soc.
Malawi J.» (Blantyre), 29(1) 1976, p. 59-68.
SCHOFFELEERS, J. M. — A martyr cult as a reflection on changes in production: the
case of the Lower Chire valley, 1590-1622 A. D. «Afr. Perspectives», (Leiden,
Holanda), 2, 1978, p. 19-33.
SERRANO, J. A. MATHEUS — Explorações portuguesas em Lourenço Marques e
Inhambane. «Bol. Soc. Geogr.», Lisboa, 13.a série, 6, 1894, p. 397-447.
Co-autor em:
— Promoção Social em Moçambique. Lisboa, Junta de Investigações do Ultramar
(Col. «Estudos de Ciências Políticas e Sociais»), 1964.
— Diagnóstico da Situação Económica e Social. (IV Plano de Fomento). Lourenço
Marques, Direcção dos Serviços de Planeamento e Integração Económica, 1971.