< Ed.

005 > < Marzo 2018>

B O L E T I M
sustentável
Conselho de Assentamentos Sustentáveis da América Latina

e s p e c i a l E C C O 2 0 1 7

B r a s i l 2 0 1 7

Conselho Aliança pelos Aprofundando

de Visões Direitos da amizade
Brasil 2017 Mãe Terra com GEN
 2

Editorial

acontecia a assembleia do CASA Brasil. Respirei regiões da Global Ecovillage Network (Rede
fundo, pedi a palavra e, calmamente, transmiti a Global de Ecovilas, em tradução livre). Essa foi a
informação. primeira vez desde a fundação da GEN, em 1995,
que houve uma assembleia da rede global em
Todos juntos tivemos que mostrar na prática essa território latino-americano de forma presencial e,
ao mesmo tempo, virtual.
+ +
Encontro Conselho Encontro tal resiliência! A ideia era que as pessoas
da de da
GEN Visões CASA latina caminhassem em direção ao camping,
desmontassem suas barracas, arrumassem as A metodologia utilizada no ECCO 2017 foi a do
mochilas e as trouxessem de volta ao Kupixawa. Conselho de Visões. Mas, “O que é o Conselho de
de 6 a 11 de Otubro
Aos poucos, o camping foi se esvaziando e, o Visões?” Convidamos Alberto Ruz, Guardião de
Alto Paraiso de Goiás salão, se enchendo com os pertences dos Visão do CASA Latina, para compartilhar suas
Chapada dos Veadeiros (BR)
B r a s i l 2 0 1 7
ecco2017@casa.ecovillage.org participantes. impressões. Também convidamos dinamizadores
e aprendizes para escrever sobre o que aconteceu

F izemos um chamado pela Resiliência

Planetária. E fomos atendidos! Na tarde do
último dia do ECCO 2017, o encontro bi-
anual do CASA Latina, recebemos a visita de um
membro da Brigada de Incêndio de Alto Paraíso
de Goiás. Depois de um aperto de mãos, veio a
notícia: a ordem era evacuar o IBC (Instituto
Biorregional do Cerrado), local onde ocorreu o
evento.
A fumaça começava a tomar conta do céu. A
biorregião da Chapada dos Veadeiros já ardia em
chamas. Mesmo tratando-se de uma medida
B r a alojados.
preventiva, não podíamos correr o risco. A
autogestionada e todos já estavam devidamente
responsabilidade de anfitrionar cerca de 300
participantes de 75 cidades e 22 países diferentes,
entre crianças, jovens, adultos e anciãos, era
imensa.
Assim que recebi a notícia me dirigi ao Kupixawa:
um salão bioconstruído de pau-a-pique e
garrafas de vidro onde, naquele momento,
Enquanto isso, de forma orgânica, quem tinha
carro se voluntariava para ajudar no translado das
pessoas até a cidade. O “Espaço Lotus”, iniciativa
de arte, cultura e desenvolvimento humano, foi o
território escolhido para albergar participantes e
anfitriões do ECCO. A “Casa dos Conselhos
Municipais” de Alto Paraíso também serviu de
apoio, assim como as casas de alguns amigos
locais. Menos de duas horas depois, o IBC havia
sido evacuado com sucesso!
Quando cheguei no Lotus, a comida havia sido
s Oiencerramento
l oficial2do evento 0 1 7
aconteceu no dia seguinte em praça pública.
Conhecida como Praça do Bambu, nos reunimos
por lá logo pela manhã. Saudamos as sete
direções, cantamos, dançamos, rezamos e
realizamos a assembleia do CASA Brasil.
Além das assembleias do CASA Brasil e Latina, o
ECCO 2017 contou com representantes de outras
em cada um dos seis conselhos presentes:
Assentamentos Humanos Sustentáveis;
Comunicação Social e Mídia Livre; Ecologia
Regenerativa e Permacultura Popular; Economia
do Bem Viver; Educação para a Resiliência e
Jovens.
Convivemos por 7 dias de forma autônoma,
tomamos decisões juntos e demos um passo
importante sobre o posicionamento político do
CASA Latina com relação à formação de alianças
pelos Direitos da Mãe Terra. Realizamos um
mutirão de articulação para o fortalecimento do
CASA Brasil e contamos com a presença de povos
originários e tradicionais brasileiros, latino-
americanos e de outras partes do mundo.
Boa leitura!
Henny Freitas
LO de Alianças pelos Direitos da Mãe Terra

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BOLETIM SUSTENTÁVEL <Edição e correção de estilo: Henny Freitas> <D esenho gráfico e diagramação: Andrés B oa Vida>
CASA Latina < F o t o g r a fi a s : A n d r é s B o a V i d a , F e r n a n d o B e i j a F l o r, a n c i e n t f u t u r e s . c o m , C o n s e j o d e V i s i o n e s M X >

<Ed. 05><Marzo/18> redcasalatina.org ecovillage.org/region/casa consejodeasentamientossustenables


O que é o conselho de visões?
por Coyote Alberto Ruz, Guardião de Visão CASA Latina
O "Conselho de Visões dos Guardiões da
Te r r a " é u m a r e d e i n f o r m a l d e
organizações civis, grupos sociais e
ecologistas, artistas, povos indígenas, indivíduos
e um grande número de diferentes associações e
instituições. Todos eles são autônomos e
independentes, alguns são entidades legais,
outros não. Entre suas muitas outras atividades,
organizam eventos cíclicos publicamente
denominados "Os Chamados".
Cada um dos indivíduos e organizações que fez ou
forma parte da rede "Conselho de Visões" ao
longo dos anos, está envolvida em atividades
completamente diferentes, em grande parte
complementares, cujo único propósito comum é
contribuir, na medida de suas possibilidades, para
a criação de um mundo mais livre, mais justo e
resiliente, bem como para proteger a Natureza e
todos os seres vivos com quem compartilhamos
esse mesmo habitat e lar comum.
O conceito de "Conselho de Visões" vem das
reuniões das nações indígenas da América do
Norte do século XIX e serviam para compartilhar
experiências e tecnologias, resolver disputas
pessoais, familiares, tribais ou territoriais e
durante o qual eram realizados a troca de
conhecimentos, produtos, mercadorias,
sementes, manifestações artísticas e cerimoniais,
além de fortalecer vínculos entre os jovens com a
finalidade de se formar novas famílias.
Uma parte importante dessas reuniões eram os
círculos em torno do fogo, onde os líderes, porta-
vozes, “abuelos y abuelas” de cada comunidade,
cidade ou nação, estabeleciam alianças, olhavam
juntos para o futuro e apontavam diretrizes de
acordo com a visões de seus mais respeitados
profetas e videntes.
As origens contemporâneas deste conceito
reapareceram no início da década de 1970 nas
primeiras reuniões tribais que deram origem ao
movimento contracultural "Rainbow
International", no qual milhares de pessoas
começaram a se reunir a cada ano em um Parque
Nacional diferente na América do Norte,
principalmente jovens, para manifestar a criação
do que se chamou "Aldeias da Paz" (Peace
Villages). Esse novo gênero de assentamentos
temporários tem quase meio século de existência
e seus encontros ocorrem em mais de 30 países
nos cinco continentes.
Inspirado por essas experiências, no início da
década de 1990, um grupo de ativistas, artistas e
ecologistas mexicanos decidiu adaptar essas
propostas para criar uma rede de redes sociais que
foi chamada de "Conselho das Visões dos
Guardiões da Terra" - rede que, ao longo das
décadas, constitui hoje um movimento social
reconhecido com diferentes ramificações
planetárias e uma ampla gama de projetos
inovadores para a promoção de uma cultura de
paz, empoderamento pessoal e comunitário,
ecologia, direitos humanos e reconhecimento dos
direitos legais da Mãe Terra.
Desde o primeiro Conselho de Visões realizado em
1991, no centro cerimonial Ñañhu de Temoaya,
no estado do México, esta rede de redes realiza
um encontro aberto anual baseado no design e
montagem das "Aldeias temporárias da Paz". Para
3
convocar essas "aldeias", o Conselho de Visões
adotou o apelido de "Chamados". Estes consistem
em acampamentos ecológicos de uma semana e
procuram promover os valores e disciplinas
necessários para criar um presente sustentável,
através de oficinas, dinâmicas de grupo,
cerimônias, mesas de trabalho, apresentação de
documentários, círculos, terapias, conversas e
visitas a lugares emblemáticos na região onde
ocorrem os "Chamados".
O "Chamado" vem se replicando e se adaptando
livremente em diferentes países das Américas, da
Europa e do resto do mundo, mas geralmente
estão distribuídos em quinze espaços diferentes
chamados conselhos, hólons, comissões ou
círculos. Estão organizados dentro do mesmo
espaço e funcionam em paralelo e de forma
autônoma. Os conselhos incluem a Ecologia,
Movimentos Sociais, Conselho de Assentamentos
Sustentáveis da América Latina; Arte e Cultura,
S a ú d e I n te g r a l, Tr a d i ç õ e s, Ed u c a ç ã o,
Espiritualidade, Jovens, Crianças e Tempo Natural.
Esses eventos não só mudaram milhares de
pessoas, mas deixaram marcas, projetos,
treinaram centenas de promotores locais,
fortaleceram as lutas socioambientais e
capacitaram as comunidades em cada lugar onde
foram realizados.

Conselho de Visões Brasil 2017:
uma breve revisão sobre o que aconteceu com a gente
Por Yuluka Kankurua, Conselho de Assentamentos Humanos Sustentáveis
D os Conselhos de Visões que se reuniram
neste encontro, os Assentamentos
Humanos Sustentáveis foram muito
especiais em sua programação, seus objetivos e
na maneira de encontrar a Visão. Isso ocorreu
porque também foi o ECCO, encontro das pessoas
que fazem parte do CASA Latina (Conselho de
Assentamentos Sustentáveis da América Latina),
ao qual participaram as CASAs Nacionais
Consolidadas: Colômbia, México, Chile, Jovens,
Nômades; a CASA em Transformação: Brasil, e as
CASAs Emergentes e Grupos de Interesse:
Argentina, Peru, Equador, Uruguai e Venezuela.
Com isso, nós tivemos um Conselho muito
internacional, ainda mais considerando a
presença de representantes da GEN International,
GENOA, GEN África, GEN Europa e Next GEN, que
também vieram para o encontro.
Dado que o CASA Latina e sua rede são mantidos
em articulação e ação de forma permanente, e
que a forma como foi organizada se consolidou
durante a reunião do ECCO anterior na ecoaldeia
Aldeafeliz, Colômbia, em 2015, há duas células
interdependentes dentro do mesmo Conselho:
temos um Conselho propriamente dito com os
representantes de cada CASA Nacional, mas
também temos uma COZINHA (ou círculo
operacional) onde as ações da rede são
desenvolvidas.
As atividades para esta sessão foram pré-
estabelecidas e não construídas durante o
processo com o grupo que chegou. Também é
bonito ressaltar a complexidade de um Conselho
que se reúne de forma virtual com membros de
muitos países da América Latina e quão bem esta
reunião presencial se deu.
Houve claramente três momentos: o primeiro,
aberto, no qual os informes das CASA nacionais
consolidadas, ou no processo de adesão à rede,
foram feitos. Lá, as informações compartilhadas
foram sobre o modo como as alianças que
permitem a operação da rede, e seus avanços
mais significativos, estão sendo estabelecidos
localmente. Cada CASA Nacional fez sua
apresentação em um tempo recorde, colocando
em sintonia todos aqueles que querem se
aproximar para conhecer esses processos.
Em um segundo momento, foi realizado um
círculo de Gestão Emocional - um espaço que só
foi atendido pelos participantes da rede que já
estavam envolvidos no processo do seu
desenvolvimento. Entendemos essa abordagem
emocional como um complemento perfeito para
o uso de tecnologias sociais em uma rede que
busca trabalhar uma autonomia dinâmica, como
é a sociocracia. Compreendemos que os seres
humanos precisam de um espaço no qual possam
gerenciar suas emoções, que, quando não são
abordadas, afetam o desenvolvimento do
trabalho colaborativo da rede. Esta atividade nos
permitiu curar desconfortos, dúvidas e conflitos
que estavam presentes na equipe para nos
encontrarmos renovados ao tomar decisões no
dia seguinte.
44
No terceiro momento, aberto à participação de
novas pessoas interessadas em fazer parte
ativamente do CASA Latina, nos encontramos
para encontrar a Visão, para concordar sobre o que
nos move e sobre os propósitos do trabalho
coletivo. Para esse momento, nos organizamos
em grupos de acordo com temas específicos, que
são os círc ulos operacionais da rede:
Comunicações, Projetos, Administração e
Finanças, Processos Internos e Alianças pelos
Direitos da Mãe Terra. Este último entendido
como a atuação política da rede. Em cada grupo,
fizemos eleições sociocráticas para eleger os
novos Líderes Operacionais dos círculos para os
próximos dois anos e novas diretrizes foram
deixadas para compor o novo plano de ação da
rede.
O resultado final foi a manutenção da estrutura
organizacional com a qual já trabalhamos,
fortalecida com a participação de novos
membros, e a consolidação das Alianças pelos
Direitos da Mãe Terra como referência política do
trabalho da rede, além das amizades que
decorreram do encontro, onde os olhos do outro
são o melhor reflexo de mim mesmo.
Para além do Conselho de Assentamentos
Humanos Sustentáveis, pudemos nos entender
uns com os outros e nos permitir reconhecer os
seres humanos que cuidam da Mãe Terra com
ações sustentáveis. Assim, podemos escolher nos
estabelecer permanentemente ou de maneira
fugaz, como vivemos neste encontro - lembrando
que é possível viver dessa maneira e que essa é a
nossa visão. Continuaremos trabalhando para
que essa experiência seja um exemplo e atinja
mais e mais seres neste planeta que chamamos
Terra.

"Voa voa beija-flor, chamando os
filhos da terra."
Por Diego Bianchetti, Conselho de Comunicação Social e Mídia Livre
D esde o início do ECCO, o Conselho de
Comunicação se comprometeu com uma
jornada dupla muito gratificante: paralelo
à proposta do encontro de desenvolver e
trabalhar conceitos de comunicação social e
mídia livre no formato do Conselho de Visões, as
pessoas que integraram esse grupo também
tiveram a oportunidade de colocar em prática
várias ideias e estratégias durante a cobertura do
próprio evento.
Essa foi uma experiência cheia de desafios,
principalmente o da própria comunicação do
Conselho, pois não tínhamos horários acordados,
nem locais fixos definidos para nos encontrarmos.
Por isso, acabamos nos desenvolvendo como um
organismo autônomo totalmente horizontal
assemelhando-se aos happenings anarquistas*
do início da década de 1960.
Devido à natureza do grupo ser tão abrangente e
diversificada, cada participante escolheu de
forma voluntária qual Conselho gostaria de
acompanhar. Dessa maneira, foi possível fazer
uma cobertura completa e participativa do ECCO
incluindo todas as temáticas do evento. Logo,
sempre havia uma ou duas pessoas do nosso
grupo em cada um dos outros conselhos, além de
uma frente de trabalho focada na "Rádio ECCO” e
outra frente editando áudios, textos e vídeos e
publicando o material compilado diariamente
através do site e mídias sociais do Instituto
Biorregional do Cerrado.
A continuidade das ações criadas durante o
evento, seguem acontecendo fóruns online para
podermos nos conectar de maneira mais efetiva,
já que estamos espalhados por diferentes países
da América Latina. Basicamente temos
trabalhado em uma forma alternativa de nos
comunicar, com mais amor, priorizando o
equilíbrio na integração do ser humano com a
natureza. As pessoas que integram o CASA Latina
a mais tempo têm sido nossos guias e apoiadores.
Algumas das ações que desenvolvemos durante o
evento ainda estão em um processo inicial de
entendimento e planejamento. Talvez a maior
dessas ações tenha sido a ideia de criar uma
plataforma de comunicação que permita unificar
as ações que acontecem em todas a regiões do
CASA Latina com necessidades claras distribuídas
entre os interessados/voluntários. Esse é um
objetivo bem audacioso e complexo, no qual já
conta com alguns bons resultados do trabalho de
muitas pessoas.
Outras ações mais imediatas que aconteceram
durante o evento foram uma série de entrevistas
rápidas que trazem respostas à seguinte
pergunta: "O que você gostaria de ECCOAR pelo
planeta?". Para acompanhar essas entrevistas,
acesse a Rádio ECCO!
Devido ao incêndio que assolou a região de Alto
Paraíso em outubro de 2017, o final do evento foi
um pouco conturbado. O incêndio obrigou a
organização do evento a evacuar a região do IBC,
onde estava acontecendo o ECCO, logo após o
horário do almoço do último dia. Tivemos então
que responder na prática ao chamado do evento:
a tal resiliência planetária.
O encerramento do evento acabou acontecendo
em uma praça pública da cidade um dia após o
45
término programado. Eu particularmente não
pude participar desse último dia, mas as pessoas
presentes com quem conversei dividiram
experiências muito parecidas, onde a força da
união gerada foi tão grande que solidificou dentro
de todos participantes a real necessidade de se
pensar e pôr em prática ações de integração do
modo de viver humano com o planeta. A
necessidade de se transferir de local para finalizar
o evento também permitiu que a comunidade
compartilhasse toda essa força coletiva e
acessasse os resultados do processo de uma
semana inteira de trabalho de uma só vez.
Como Conselho de Comunicação Social e Mídia
Livre, algumas das frases inspiradoras que
guiaram nosso trabalho durante o ECCO 2017 e
que permanecem em nós até o dia de hoje, foram:
● A comunicação é peça-chave para disseminar a
Resiliência Planetária;
● At ravé s d a co m u n i c a ç ã o, p o d e m o s
compartilhar diferentes visões de mundo;
● A comunicação é uma ferramenta fundamental
de articulação entre o movimento de ecovilas
latino-americanas;
● A comunicação leva ao conhecimento e gera a
consciência.
Esse foi, sem dúvida alguma, um evento lindo de
muita união, trabalho e amor pela Mãe Terra.
*Happenings anarquistas: Além do aspecto de
imprevisibilidade, o happening geralmente envolve a
participação direta ou indireta do público espectador. Como
categoria artística, foi utilizado pela primeira vez pelo
artista Alan Kaprow, em 1959. Acontecia em ambientes
diversos, geralmente fora de museus e galerias, nunca
preparados previamente para esse fim. Para o compositor
John Cage, os happenings eram "eventos teatrais
espontâneos e sem trama". (Referencia do Wikipedia)

Por uma Permacultura mais Popular
Por Samuel Gabanyi, Conselho de Ecologia Regenerativa e Permacultura Popular
E u estava na ecovila Amalurra, no País Basco,
Espanha, quando recebi o convite para
participar do ECCO 2017, o Chamado pela
Resiliência Planetária. Fazia 6 meses que estava
visitando ecovilas pela América Latina e Europa e
não perderia este evento histórico por nada. Além
disso, ocorreria o Conselho de Visões com
diferentes temáticas.
Prontamente me ofereci para ser o dinamizador
do Conselho de Ecologia Regenerativa e
Permacultura Popular. Chegando lá, logo na
reunião inicial do Conselho, fiquei sabendo que
teria a honra de co-facilitar o processo com a
queridíssima Lucia Battegazzore, do Uruguai, e
que juntos contaríamos com o apoio do
Guilherme Azzolini.
Conversamos entre os três para alinharmos
nossas ideias e concluímos que apenas
cuidaríamos para que o processo fluísse,
organizando algumas dinâmicas de
apresentação, integração e estruturação de
propostas. O resultado teria a voz do coletivo, sem
interferência da nossa parte.
E assim fizemos uma apresentação básica sobre o
tema, além de convocarmos os interessados a se
juntar conosco debaixo de uma árvore ao lado do
domo geodésico, construído com materiais locais,
como sugere um dos princípios da Permacultura.
Treita e quatro pessoas de cinco países diferentes
e diversas localidades do Brasil aceitaram o
convite. O rganizamos uma rodada de
apresentação e, na sequência, uma dinâmica para
ver quais eram as expectativas que os
participantes traziam sobre aquele Conselho e se
alguém tinha alguma proposta do que
poderíamos fazer juntos naqueles dias. Os pontos
abaixo mostram o que foi sistematizado de forma
coletiva:
Entrar na rede Aumentar a conexão com a
natureza Participação ativa do Casa Jovens
Aprender sobre ecovilas e Permacultura para
aplicar em sua terra Pensar projetos de
restauração engajando voluntários Conhecer um
pouco mais sobre a temática Ouvir, aprender e
trocar experiências Como integrar alimentação e
saúde com Permacultura Popular Levar
conhecimento para a comunidade
Como muitos manifestaram interesse em oficinas
para aprender práticas que pudessem ser levadas
de volta para as comunidades, algumas oficinas
então foram auto organizadas, como:
regeneração do solo; saneamento básico e
tratamento de águas cinzas.
No dia seguinte, organizamos um Café Mundial
com as seguintes perguntas:
46
Quais são as dificuldades/desafios para a
Permacultura se popularizar? O que já está
acontecendo para a Permacultura se popularizar?
O que eu posso fazer para popularizar a
Permacultura?
Com isso, conseguimos ter uma ideia mais clara
das problemáticas sobre nossa temática,
compartilhar soluções e se comprometer com a
mudança. Nos dois últimos dias, focamos na
proposta trazida por uma das participantes do
Conselho, a advogada ambiental Vanessa Hasson,
de desenhar uma lei de Permacultura Popular que
gerou a Carta de Alto Paraíso e tivemos a honra de
entregar em mãos para Sur ya Mendes,
superintendente, de Alto Paraíso de Goiás, no dia
da apresentação final do Conselho.
O grande desafio, e consequentemente
aprendizado, foi balancear tantos interesses de
pessoas tão diversas no grupo, o que fez com que
tivéssemos que deixar de lado toda e qualquer
expectativa sobre o fato de o Conselho servir para
criação de algo mais estruturado, como por
exemplo: um eixo do CASA Brasil ou um futuro
Grupo de Trabalho.
Para finalizar, gostaria de ressaltar que o processo
foi lindo, com pessoas tão diversas e cheias de
vontade de atender ao chamado,
comprometendo-se em seguir difundindo e
trabalhando os princípios da Permacultura
(cuidar do Planeta; cuidar das Pessoas e partilha
Justa) a fim de torná-los mais populares. Isso me
encheu de energia e esperança!

Economia do Bom Viver dos nossos
Sonhos para o Futuro
Por: Xaba, Conselho de Economia do Bom Viver
A metodologia do Conselho de Visões vem
gerando, ao longo dos anos, um processo
de co-criação coletiva sobre importantes
aspectos a incluir, desenvolver e melhorar para
que cada pessoa/iniciativa construa, nessa base,
sua forma de “bem-estar” (buen vivír) para as
presentes e futuras gerações. Com isso em mente,
realizamos uma dinâmica de Joanna Macy para
apresentação e partilha de sentimentos e
impressões em duplas.
No dia seguinte fizemos um World Café, ou: Café
Mundial, com o propósito de construir uma visão
de futuro, realizar uma pequena análise de
conjuntura e definir algumas estratégias de ação.
Para isso, formamos quatro grupos. Cada qual
escolheu um integrante para atuar como
guardião da memória. Geramos três perguntas e
os grupos as responderam de forma simultânea.
A cada nova pergunta, as pessoas eram
convidadas a trocar de lugar, com exceção do
guardião da memória, que estava responsável por
compartilhar os principais pontos discutidos na
pergunta anterior. Seguem abaixo perguntas e
conteúdos já sistematizados:
SONHOS/FUTURO
Qual é a Economia do Bom Viver dos seus Sonhos
para o Futuro?
Economia justa e compartilhada; economia
colaborativa em rede; abundância coletiva sem
propriedade; sem bancos e sem dinheiro.
CONTEXTO/PRESENTE
Como está a nossa Economia hoje? Identifique
três pontos positivos e três negativos.
Positivos: Iniciativas comprometidas e
conscientes; novas estruturas de organização;
tecnologias e corporações conscientes; há
recursos, informações e mudanças.
Negativos: Desenvolvimento econômico
insustentável; má distribuição de recursos;
endividamento da população; economia em
colapso.
AÇÕES/TRANSIÇÃO
Quais ações concretas precisamos realizar para
sairmos da nossa economia atual e chegarmos na
Economia do Bom Viver dos nossos Sonhos?
Produção e consumo conscientes; organizações
fractais colaborativas; ações “glocais”; educação
consciente e permacultural.
Aproveitando a Feira de Trocas realizada durante o
ECCO 2017, convidamos os conselheiros a
interagir com os demais participantes do evento.
Na ocasião, o grupo criou o "Berço de Recursos",
um grande mural onde todas as pessoas puderam
compartilhar produtos, serviços e recursos em
uma tabela contendo três colunas: Ofereço,
Procuro, Contato. O "Berço de Recursos" foi um
sucesso!
Considerando os resultados sistematizados na
terceira pergunta do Café Mundial, criamos
“Espaços Abertos” para aprofundar a discussão
em relação aos quatros pontos identificados.
Abaixo, seguem as estratégias identificadas para
realizar cada ação:
#Ações Glocais
Identificar alianças e atores da sociedade para
criar comitês locais com o intuito de conectar
movimentos nacionais e internacionais através
da sensibilização e mobilização local; realizar
capacitações populares de Permacultura e
incentivar a produção agrícola rural e urbana a
partir de mutirões com uma agenda comum.
47
#Educação Consciente e Permacultural
Criar, formatar e executar cursos de Permacultura
(PDCs) para professores e estudantes em todos os
níveis; fazer intervenções culturais sobre os temas
nos diversos espaços públicos; falar sobre
e duc aç ão co n sci e nte co m as f a m í l i as
aproximando-as do âmbito escolar mudando o
ambiente e o formato das escolas; levar a reflexão
sobre uma nova educação para os cursos de
pedagogia e levar a certificação em PDC para as
Universidades.
#Organizações Fractais Colaborativas
Mapear e analisar sonhos e necessidades
individuais e coletivas; alinhar acordos e
propósitos comuns com estruturas flexíveis;
reconhecer as relações casa-comunidade e local-
global e definir métodos de tomada de decisões.
#Produção e Consumo Consciente
Acessar e integrar-se, de forma pontual e
estratégica, ao mercado mantendo princípios;
profissionalizar organizações dos movimentos
com marcas e planos de negócios;
fortalecer e dar suporte às comunidades de
prática; fomentar redes de investimento solidário
com a captação de editais e rede de doadores;
definir uma estratégia para diversificar produtos
e serviços a fim de gerar múltiplas fontes de
recursos e fortalecer uma marca maior comum
para integrar redes e ferramentas afins.

Comunidade de Aprendizagem
Por Conselho de Educação para a Resiliência
O sistema de ensino (dito) tradicional é
feito para manter as pessoas alienadas e
dentro de um sistema político, econômico
e social de maneira estratificada. Por isso, o
Conselho de Educação para a Resiliência se
p ro p ô s a p e n s a r e m u m d e s e n h o d e
“Comunidade de Aprendizagem” em que a
educação fosse realmente emancipatória e
integral, onde todos os espaços e saberes que
compõem uma comunidade pudessem ser
potencialmente educativos, não restringindo os
espaços para se aprender dentro das instituições
formais como escolas e universidades.
Co-criamos este desenho nos quatro primeiros
dias e o apresentamos no quinto dia, do ECCO
2017. Fizemos uma rodada de apresentações
onde cada um falou seu nome, localidade de
atuação, breve trajetória profissional e o que
acredita sobre a educação. Realizamos também
duas dinâmicas de integração e outra em que
pudemos dizer em pares um pouco mais sobre o
que esperávamos construir durante o encontro.
Percebemos também a necessidade de se criar
uma tecnologia socioeducativa aber ta
(“copyleft”) e altamente adaptável às diferentes
localidades, empoderando pessoas e suas
regiões. Recorrendo à metodologia Dragon
Dreaming, facilitamos um processo de
construção de um projeto a partir do sonho dos
presentes. Focamos, basicamente, no “sonhar” e
“planejar” coletivo, já que o “realizar” e “celebrar”
se dará na prática, na própria Comunidade de
Aprendizagem. Um rico processo se passou,
manifestando a inteligência coletiva dos
conselheiros.
Um deles, Eduardo Weaver, nos convidou a
participar da sua apresentação como facilitador
do Gaia Education sobre os 17 ODS (Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável) da ONU. Como
isso aconteceria exatamente no mesmo horário
dos nossos encontros, por considerarmos o tema
pertinente ao nosso conselho decidimos
participar de tal dinâmica ao invés de darmos
continuidade à construção do projeto naquele
segundo dia de encontro. Todos os integrantes do
conselho que estavam presentes na vivência,
acabaram trabalhando com foco no 4˚ ODS:
“educação de qualidade”.
Após amplas conversas sobre o que entendemos
por uma educação emancipadora, sobre os ODS,
retomamos o planejamento coletivo do projeto
de Comunidade de Aprendizagem com
abordagens educacionais inovadoras e outras
frentes que nos inspiram e consideramos que
devem compor uma educação transformadora.
Surgiram então, duas propostas gráficas para
organizar nossos pensamentos e tornar o projeto
mais didático. Ambas continuam abertas para a
co-criação e aperfeiçoamento:
1) Mandala da Comunidade de Aprendizagem da
Consciência Integral
Esta mandala é, na verdade, formada pela união
de várias outras mandalas que muito têm
contribuído para a formação de uma consciência
de cuidado com a Mãe Terra. A primeira delas é a
da Educação Gaia, com suas quatro dimensões:
visão de mundo, social, ecológico e econômico.
A mandala da Teoria Integral, de Ken Wilber,
também foi incorporada, trazendo os seus
quatro quadrantes do cuidar das emoções do
“EU” (quem sou eu?) nas diversas fases da vida:
da infância, passando pela juventude, na idade
adulta e na idade dos sábios; cuidar das emoções
do eu com o “OUTRO”: as emoções de pai/mãe,
filho/filha, irmãos, amigos, namorados etc.;
cuidar das emoções da relações da vida em
comunidade “NÓS” e cuidar das emoções da
n o s s a co m u n i d a d e co m a s “ O U T R A S ”
comunidades.
Além disso, também nos baseamos na mandala
8
do Dragon Dreaming com as suas quatro fases:
sonhar, planejar, realizar e celebrar. E da
Permacultura, com os seus quatro elementos:
terra, fogo, água e ar.
As mandalas apontam as diretrizes, as
inspirações para uma nova educação que terá
como a sua fonte a “sabedoria dos povos
ancestrais”, ignorada pelos colonizadores e pelo
pensamento mecanicista da vida. Assim como a
“sabedoria evolutiva”, isto é, as diversas
correntes de pensamento filosóficos, espirituais
e até mesmo tecnológicos que nos encorajam a
nos sentirmos parte da natureza e não apartados
dela.
2) Árvore dá a Vida – Projeto “semente” para a
criação de uma Comunidade de Aprendizagem
Um outro produto que surgiu do nosso conselho
foi: a "Árvore dá a Vida", que se conecta com a
ideia de que o processo de aprendizagem se dá
como o desenvolvimento de uma árvore – uma
proposta de implementação de projetos de
Comunidades de Aprendizagem completamente
adaptável a diferentes realidades.
Consideramos imprescindível que a semente
dessa árvore seja o amor. Para nutrir e dar
suporte, suas 7 raízes são: a autonomia; a
espiritualidade; o fomento de uma cultura de
paz; a liberdade; a empatia; a comunidade e a
criatividade.
Após o crescimento da árvore, surgem 9
ramificações de seu tronco: a promoção de uma
saúde integral; o respeito e a valorização das
culturas originárias; a economia colaborativa; a
ecologia regenerativa e a permacultura popular;
a educação para a resiliência; a política
horizontal e circular; a emancipação, imanência
e ascensão do ser; a comunicação e mídia livre e a
potencialização das inter-relações
interespecíficas e interdimensionais.
Para que tudo isso se dê, é de extrema
importância o processo de desenvolvimento
desta ár vore. Isto é, o Processo de
Desenvolvimento do Projeto, que acontece em 7
fases: compartilhar a semente; reconhecimento
do solo; preparação e nutrição do solo;
(im)plantaç ão; c uidados constantes;
crescimento; flores e frutos.

A Juventude em Ação
Por Sebastian Pibi, Conselho de Jovens
O ECCO foi um evento onde, como CASA
Jovens, conseguimos consolidar-nos
como grupo após 2 anos de trabalho
virtual e 4 anos de processo. Esse foi o momento
em que estávamos esperando para encontrar-nos
cara a cara e ver como nos articulamos em ações
concretas.
A primeira coisa que fizemos foi decidir como
participar ativa e pessoalmente na pré-produção
do evento. Objetivo alcançado, acompanhamos
coletivamente o processo emocional dos jovens
em tudo o que se relacionava ao apoio à
organização: desde a coordenação e design até o
desenvolvimento. Somado a esse processo, o
sentimento de indignação ao entender que o
Conselho de Jovens havia sido
momentaneamente cancelado era uma
oportunidade para nos unir como grupo, fazer-
nos ser escutados e sustentar ainda mais a
complexidade envolvida no processo deste
evento.
Sentimos que era necessário estarmos mais
juntos, mesmo à distância, e começamos a criar
estratégias para obter o máximo de nós mesmos.
Objetivo cumprido, 7 dos 8 representantes ativos
no CASA Jovens participaram do evento, além de
termos conseguido bolsas para 15 pessoas de
outras iniciativas com as quais queríamos criar
alianças promissoras para o futuro. (Gaia
Education Jovem, Chime-In, Terra Ativa,
Worldpackers etc.)
O dia em que nos encontramos no IBC foi um
momento mágico para vermos os rostos uns dos
outros e experimentar a sensação de se sentir
próximos; para contemplar o que foi construído
virtualmente e para seguir ativando-nos; para
trabalharmos juntos no plano da realidade e fluir
com as constantes mudanças, tentando ser o mais
resiliente possível em tudo o que nos era
apresentado. Isso exigiu que nos encontrássemos
no momento que fosse, adicionado à vontade de
compartilhar coisas de nossas vidas pessoais nos
t e m p o s “ l i v r e s ”. Fo i u m a m i s t u r a d e
responsabilidade com a alegria do momento.
Para começar, fomos juntos a uma cachoeira e
conseguimos garantir um espaço para esse
compartilhamento. Fizemos uma excursão muito
bonita onde buscamos nos conectar como grupo
para intencionalizar a energia necessária para o
bom desenvolvimento do evento e de nós
mesmos dentro nele e, acima de tudo, alinhar-
nos como família. Objetivo cumprido, retornamos
recarregados e bem enraizados como grupo para
apoiar o que fosse que viesse pela frente.
Em face a qualquer dificuldade ou alteração (de
planos), nos reuníamos e tomávamos decisões
rápidas para nos reorganizar. Desta forma, nos
desprendemos do Conselho de Jovens tal como foi
projetado para dar lugar a uma dinâmica
funcional independentemente dos momentos
dos Conselhos. Nós nos adaptamos às
circunstâncias e fizemos um tecido com os jovens
participantes do evento para formar nosso
Conselho. Conseguimos então colher frutos de
tudo o que aconteceu nos diferentes espaços do
ECCO.
No final do evento, nos fortalecemos com 5 novos
representantes através de um processo
integrativo baseado em uma metodologia focada
na inteligência coletiva e na cooperação. Nada alí
foi construído por uma só pessoa.
Compartilhamos nossas idéias e não ignoramos
nenhuma delas. Tudo se potencializava e todos
podiam contribuir e somar. Isso nos permitiu
expandir os limites dos projetos, acordos e
propostas, capacitar cada um dos membros -
antigos e novos -, e apoiar o grupo em qualquer
coisa que cada um fizesse, fosse dinamizando
alguma atividade ou levando adiante a Rádio
ECCO; apoiando com o fogo sagrado da abertura
ou escrevendo o "Nos Manifesto" (Manifesto dos
Jovens para o Conselho do CASA Latina).
O resultado final do encontro foi de muita
motivação, de um grupo cada vez mais
consolidado e articulado com outros agentes de
mudança, organizações e comunidades de
diferentes partes da "América-Nativa" e de outras
partes do planeta. Especificamente, decidimos
nos reorganizar e clarear nossos compromissos e
projetos em hólons, ao mesmo tempo que, em
um processo de transição, redesenhamos nossa
49
estrutura organizacional.
Como em todos os anos, também fizemos um
novo Dragon Dreaming para caminharmos em
direção ao sonho coletivo e, dessa forma, poder
envolver novos atores com maior clareza de como
interagir com a rede. A partir da Matriz
Tchiminygawa*, desenvolvemos projetos
pedagógicos, economias alternativas, ESPEJO
(Encontro Social de Permacultura Jovem) a ser
desenvolvido este ano no México, gerenciamento
de recursos, alianças pelos Direitos da Mãe Terra e
o projeto de mapeamento eco-latino-americano.
Para nós, foi uma experiência maravilhosa de
clareza, propósito e ação. Há muito por caminhar,
muito mais a enfrentar, mas, acima de tudo,
continuamos andando juntos, construindo-nos a
cada passo.
*Matriz Tchiminygawa: É a maneira pela qual os antigos
Muiscas das terras altas da Colômbia cuidaram do
conhecimento sobre a semente originária. Isso permite
realizar um processo. Organizados de acordo com a analogia
do processo de semeadura, onde estão envolvidos cinco
elementos, incluindo as cinco dimensões do ser: Ar -
Pensamento; Fogo - Sentimento; Água - Emoção; Terra -
Fazer, e este trabalho se concretiza nos relacionamentos, no
centro: Tamuy - Relações - Consciência. Para o seu
desenvolvimento integral, esta Matriz tem práticas
concretas em cada uma das dimensões, entendendo-as
como conhecimentos: fundamentado - Aprender vendo;
silencioso - Aprender observando; emocional - Aprendendo
escutando; prático - Aprender fazendo. E o quinto é
aprender a se relacionar e isso define se o processo foi bem
sucedido ou não.

Mutirão de articulação do
CASA Brasil
Por Henny Freitas, LO CASA Brasil
L embro-me do dia em que Thomas Enlazador
fez o chamado para que o ECCO 2017 fosse
realizado no Brasil. Estávamos na Colômbia,
em uma ecovila chamada Aldea Feliz. Na ocasião,
acontecia o primeiro encontro continental do
CASA Latina: o ECCO 2015. Uma das pérolas mais
importantes deste evento foi a decisão de adotar
a Sociocracia como forma de governança
participativa e nos estruturarmos em dois círculos
principais: o Conselho, constituído por
representantes de países latino-americanos e a
Cozinha, a parte operacional, ou “mão-na-
massa”, da rede.
No final daquele mesmo ano, realizamos o
primeiro “enCASA Brasil”, o III Encontro Nacional
do CASA Brasil, na ecovila Santa Margarida, em
Campinas. Empolgados com o avanço latino,
replicamos a estrutura a nível nacional e
começamos a nos articular em círculos com a
finalidade de consolidar a rede brasileira e nos
prepararmos para o ECCO 2017.
Um ano depois, o encontro nacional se deu na
ecovila Aratikum, no IBC (Instituto Biorregional
do Cerrado), local que sediaria o evento latino-
americano. Avaliamos as estruturas existentes,
planejamos as novas, traçamos metas, fizemos
orçamentos e consentimos a missão deste grande
encontro para a rede brasileira como uma
“oportunidade para tecer o CASA Brasil através de
um mutirão de articulação de iniciativas ligadas
aos A H S (Assentamentos Humanos
Sustentáveis), acolhendo a diversidade e
fortalecendo os Direitos da Mãe Terra”.
Com isso, o ECCO 2017 passou a ganhar novos
propósitos e um novo formato. Além do encontro
bianual do CASA Latina, o principal objetivo para
nós era a realização de um Conselho de Visões e,
para isso, fizemos um novo chamado: o Chamado
pela Resiliência Planetária. A GEN (Rede Global
de Ecovilas, em tradução livre) prontamente
aceitou este chamado. Essa seria a primeira vez
que a rede global participaria de um encontro em
território latino-americano.
Nos dividimos internamente em círculos para
distribuir as tarefas de comunicar, criar alianças,
mapear, contatar e convidar ecovilas,
comunidades intencionais e outras formas de
AHS nacionais e internacionais, planejar a
sustentabilidade financeira e certificar que
membros de comunidades indígenas e
tradicionais comparecessem ao encontro.
Para isso, realizamos em Brasília, no Memorial
dos Povos Indígenas, o lançamento oficial da
AWIRE (Aliança Multiétnica de Permacultura)
pelos Direitos da Mãe Terra. Álvaro Tukano,
respeitada liderança indígena, abriu o evento.
Este dia 3 de outubro de 2017 entrou para a
história. Contamos com representantes indígenas
e indigenistas, membros do CASA Brasil, CASA
Latina, GEN, ativistas sócio-ambientais e
inúmeras outras iniciativas.
A ansiedade já tomava conta de nós. Faltando
poucos dias para o início do ECCO 2017, ainda
éramos poucos inscritos. Mas a incerteza durou
pouco. Na noite anterior à abertura do encontro,
um mutirão de bio-construção tomou conta do
10
IBC para ajudar a terminar de montar um domo
geodésico feito com hastes de buriti, material
local abundante na região da Chapada dos
Veadeiros, que serviria para abrigar a cerimônia
de abertura.
Parte da nossa missão se cumpriu quando o
grande dia finalmente chegou: acolhemos essa
tal diversidade ao recebermos cerca de 300
pessoas, 120 projetos, 7 etnias indígenas e
quilombolas e mais de 20 países diferentes.
Fizemos as apresentações do IBC, CASA Brasil,
CASA Latina e GEN na parte da tarde e um cortejo
de maracatu nos levou à cúpula geodésica, onde a
lua cheia nos esperava. Lá, saudamos as sete
direções e acendemos o fogo sagrado, cuja
energia se manteve acesa durante todo o evento.
O primeiro painel do ECCO 2017, intitulado:
“Como articular-se em comum unidade?”,
possibilitou a atual reestruturação do CASA
Brasil. Respondemos essa pergunta em grupos e
percebemos que algumas palavras-chave se
repetiram, reforçando a ideia de que para uma
rede crescer e consolidar-se é necessário ter, entre
outras coisas: estrutura, capacitação, confiança e
propósitos comuns. Com isso, mais um objetivo
da rede brasileira estava sendo alcançado. O
mutirão de articulação aconteceu todos os dias do
evento e, entre trocas de contatos, projetos e
ações, o CASA Brasil continua ganhando forma,
força e um tempero todo resiliente!
Vida longa ao CASA Brasil!

AWIRE - Aliança Multiétnica
de Permacultura
Por Fernando Beija Flor, representante da AWIRE
A WIRE é o cumprimento de um dos povos
da Amazônia brasileira, mais
precisamente das etnias Karajá e Javaé,
que se autodenominam Iny. AWIRE é o mesmo
que bom, certo, ótimo. Quando está tudo bem,
está AWIRE. E é nessa energia que descreverei
como surgiu a Aliança Multiétnica de
Permacultura e sua atuação no ECCO 2017.
O chamado do encontro foi pela Resiliência
Planetária, uma resiliência que o mundo e em
especial a América Latina terão que vivenciar
junto aos povos ameríndios. Existe a necessidade
de revermos nossa história como indivíduos
nascidos nessas terras e como nação pertencente
a um território que já foi de outras nações.
Portanto, há uma responsabilidade nata com o
lugar, com o passado deste lugar. Nossa história é
e foi contada na ótica do colonizador. Agora
precisamos nos (re)conhecer na ótica dos
indígenas e dos afrodescendentes.
No caso do Brasil, é fundamental conhecer a
herança deixada por esses povos no nosso jeito
de ser, nos alimentos que comemos e nas
palavras que usamos diariamente e não nos
damos conta de onde vêm. Precisamos nos
reconectar com a origem, saber quem são nossos
ancestrais, onde estão e como vivem os que
sobreviveram ao etnocídio no continente. Sem
essa conexão, somos como árvores sem raízes
profundas - fáceis de serem arrancadas na menor
tempestade.
Foi com essa clareza que a AWIRE surgiu em
2015, paralelo aos Primeiros Jogos Mundiais dos
Povos Indígenas, durante o primeiro Curso de
Permacultura do Estado do Tocantins e o
primeiro do Brasil voltado às questões indígenas.
E foi neste primeiro PDC indigenista, chamado
pela ECOTERRA (Associação de Preservação
Ambiental e Valorização da Vida), que a AWIRE
se formou como uma aliança entre indígenas e
permacultores. A proposta recebeu
contribuições dos participantes do curso e das
iniciativas participantes da organização: IBC,
Instituto Marcos Ninguém, Velatropa, Wipala,
Rede Brasileira de Permacultura Social, Instituto
Flor do Anhumas, EarthCode Project e
PermaneSer. Nesta ocasião, a AWIRE passou a
fazer parte do CASA Brasil.
Passados dois anos, no dia 3 de Outubro de 2017
ocorreu o lançamento oficial da AWIRE como
uma Aliança Latino-Americana pelos Direitos da
Mãe Terra. O evento aconteceu no Memorial dos
Povos Indígenas, em Brasília, e contou com a
participação de várias instituições nacionais e
internacionais, assim como lideranças de vários
países da América Latina, indígenas e
indigenistas, permacultores e ativistas,
educadores e artistas. Todos foram convidados a
assinar um documento pelos Direitos da Mãe
Terra.
Com apoio do guardião do Memorial dos Povos
Indígenas, Álvaro Tukano, entidades como: GEN,
CASA LATINA, CASA BRASIL, IBC, ECOTERRA,
UNIPERMACULTURA, EARTHCODE PROJECT e
MAPAS formalizaram a aliança. Esse foi, sem
dúvida, um momento simbólico de profundo
apreço com a floresta e seus povos, com música,
rodas ao redor da fogueira e ensinamentos
compartilhados por indígenas no centro da
capital do Brasil. Uma aliança individual e
c o l e t i va q u e b u s c a a u n i fi c a ç ã o d o s
conhecimentos e práticas embasadas numa
relação respeitosa com a Terra e com os princípios
da Permacultura: o cuidado com o planeta, com
as pessoas e com a partilha justa. Um evento que
fortaleceu a campanha mundial pelo Direitos da
Mãe Terra ao ampliar o diálogo com os povos
ameríndios e buscar aprendizados recíprocos.
A garantia da presença dos indígenas fez parte
do processo de construção do ECCO 2017. Assim,
houve um espaço para os ameríndios na
11
programação do evento. Na manhã do dia 9 de
outubro, indigenistas e indígenas de cinco povos
falaram sobre suas histórias ancestrais, suas
lutas e compartilharam seus saberes e sua
música. Foi um momento lindo e único. Quem
estava presente queria escutar e aprender mais!
Em nome dos indígenas, no último dia do ECCO a
AWIRE apresentou um manifesto pedindo que
fossem difundidas mensagens dos ameríndios
solicitando maior apoio na participação dos
mesmos em eventos relativos ao meio ambiente
e a vida na Terra. Apoio que se refere ao contato
prévio, transporte, alimentação, estadia,
linguagem simples, espaços de fala que
contribuam para o empoderamento dos povos.
A participação dos indígenas no ECCO ampliou a
riqueza cultural do evento através das trocas,
medicinas, músicas, grafismos e intercâmbio de
visões diferenciadas sobre a vida neste planeta.
Eles apresentaram uma nova escola capaz de
contribuir com a reeducação para uma nova
humanidade mais resiliente, numa relação de
reconhecimento com um passado cada vez mais
presente.
Já que o Brasil é o país de maior diversidade
étnica da América do Sul, com 240 povos e mais
de 180 línguas indígenas, durante a assembleia
do CASA BRASIL definimos que a AWIRE
contaria com um representante para trazer a voz
das comunidades tradicionais nas reuniões
nacionais e latinas. Acreditamos que o ECCO
tenha fortalecido esse movimento. Os indígenas
e as comunidades tradicionais saíram mais
fortalecidos. Nossas raízes estão agora mais
fortes e profundas para superar os desafios e
crescer em direção ao sol.

Aliança pelos Direitos da Mãe Terra
Por Coyote Alberto Ruz
A s primeiras iniciativas, ações e os maiores
resultados que foram alcançados no
mundo neste novo campo da
sustentabilidade global da Natureza para o
reconhecimento desses direitos emergiram
precisamente em dois pequenos países da
América do Sul: Equador e Bolívia, em 2008 e
2010; replicando-se especialmente na Colômbia
e no México, desde 2012, para se tornar um
movimento emergente de vanguarda para propor
uma verdadeira revolução legal no resto do
mundo.
GEN e CASA Latina não podem ser deixados para
trás ao juntar-se às campanhas que estão
ocorrendo nesta última década, de modo que
uma legislação biocêntrica, incluindo todas as
formas de vida humana e não humana,
reconheça, defenda, lute pelos direitos essenciais
para impedir o suicídio coletivo de que
continuamos a manter um paradigma baseado
na exploração sistemática e irracional da maioria
da população de seres humanos e dos elementos
naturais que sustentam a vida do que sempre foi
chamado em todas as culturas: nossa Mãe Terra.
Em reuniões anteriores ao ECCO 2017, em Dakar,
Escócia, Espanha e Colômbia, alguns dos
representantes do CASA Latina tomaram a
agenda, bem como a programação de
apresentações de cada um desses eventos, a
proposta de que a Rede Global de Ecovilas, bem
como todas as suas biorregiões continentais,
adotem como fundamental, como objetivo, como
missão e como uma das ações mais importantes a
serem realizadas nesses momentos da nova
história, a mudança de paradigma que permite a
transição de uma jurisprudência estritamente
antropocêntrica a uma jurisprudência da Terra.
Durante o ECCO-2015, o círculo encarregado de
revisar, atualizar e propor sociocraticamente a
inclusão dos Direitos da Mãe Terra como um dos
objetivos do CASA Latina, implicou um primeiro
passo para que este compromisso pudesse
continuar sendo trabalhado dois anos depois em
uma proposta ainda mais elaborada, que poderia
dar mais relevância ao tema que estamos
apresentando.
A programação do ECCO-2017 reuniu esta
demanda. Por isso, foi decidido criar um círculo de
trabalho que se reuniu para aprofundar as
estratégias que permitissem que nosso
movimento contemplasse esta campanha a nível
global - círculo que participamos representantes
do Uruguai, Colômbia, Brasil, México, Equador,
Argentina e Chile, bem como vários de nós que
colaboramos com "Harmony with Nature", uma
iniciativa da Organização das Nações Unidas que
reúne cientistas, políticos, ambientalistas,
juristas e ativistas de todo o mundo, para incluir
nas agendas da Assembléia Geral da ONU o tema
da Jurisprudência da Terra.
O círculo adotou o nome de ALIANÇAS PELOS
DIREITOS DA MÃE TERRA e realizou várias
reuniões. Dois de seus membros fizeram uma
apresentação para todos os participantes com a
12
finalidade de apresentarem o trabalho desta
equipe, e realizaram uma dinâmica participativa
na assembléia geral, dividida em quatro grandes
grupos, com o objetivo de trabalhar juntos em
uma chuva de ideias para reconhecer os direitos
para cada um dos quatro elementos: água, vento,
terra e fogo.
Os porta-vozes de cada elemento, por sua vez,
apresentaram essas ideias à assembléia geral de
forma lúdica, poética, artística e criativa. Essas
propostas, que foram colhidas para construir um
documento sobre a DECLARAÇÃO DO CASA
LATINA PELOS DIREITOS DA MÃE TERRA, já estão
sendo desenvolvidas por membros do nosso
círculo.
Durante o encerramento do ECCO-2017, cada um
dos conselhos e círculos resumiu e apresentou os
resultados do seu trabalho ao longo da semana. O
primeiro rascunho do referido documento foi lido
e entregue a um representante do governo local
de Alto Paraíso como uma proposta para
continuar sendo elaborado, bem como para o
município para ser discutido e, eventualmente,
decidir aprová-lo.
O C ASA Latina continuará promovendo
campanhas relacionadas a esses propósitos, por
isso convidamos as CASAs consolidadas e
emergentes e as organizações que integram as
diferentes redes a se juntarem ao Círculo de
Alianças para continuar sendo um exemplo para
toda a rede global da qual nós somos parte.
 13

Aprofundando nossa amizade

Por Kosha Joubert, Diretora Executiva da Global Ecovillage Network

E m 2017, a Diretoria da GEN, com seus

representantes de cada uma das regiões:
África, Europa, Ásia, América do Norte e
América Latina, decidiu vincular a Assembléia
Geral Anual da GEN ao encontro bianual do CASA
Quando nos comunicamos uns com os outros em
todas as fronteiras, sentimos o respeito mútuo, o
calor e a crescente amizade. Eu me apaixonei pelo
CASA Latina, novamente, durante o ECCO 2017.
Nós nos apaixonamos enquanto dançamos,
nossas amizades, também oferecemos um
espaço para o presente, para a cura. Não é
confortável. Não é fácil. Não é "legal". Pode ser

Latina - ECCO 2017 - no Brasil, com o desejo de
aprofundar a amizade, compreensão e
solidariedade em nossas redes.
A GEN surgiu em 1995, mas funcionou
principalmente através de três redes regionais
por 17 anos, até que CASA Latina e GEN África
surgiram em 2012. A voz do "Sul Global" vem se
manifestando de forma cada vez mais clara desde
então e a celebração da diversidade cultural da
GEN tornou-se muito mais rica por isso! Em 2013,
esta diversidade deu origem à unidade e o
aspecto global da nossa rede recebeu uma
estrutura legal e organizacional - a Rede Global
de Ecovilas (GEN).
Hoje, a GEN prevê um mundo de cidadãos e
comunidades capacitados, projetando e
implementando seus próprios caminhos para um
futuro sustentável e construindo pontes de
esperança e solidariedade internacional. A
missão da GEN é inovar, catalisar, educar e
defender em parceria global com ecovilas e todos
aqueles dedicados à mudança para um mundo
regenerativo.
cantamos e trabalhamos juntos. Nós choramos
juntos quando vimos os incêndios em torno do
IBC e ouvimos sobre as secas no Zimbábue,
terremotos no México, inundações na Colômbia e
furacões nas Filipinas. Nós nos cuidamos mais
co nt i n u a m e nte à m e d i d a q u e n o s s o s
relacionamentos e colaborações se aprofundam.
Existe uma atração pura pelo "exótico" - a
coragem e a celebração, o calor e a coragem, a
graça e a gentileza, a clareza, a inventividade e a
beleza de diferentes culturas.
Ao mesmo tempo, ao construir essas pontes de
cura, também encontramos a dor do passado. Às
vezes, nos encontramos varridos para o lago
escuro do trauma coletivo do colonialismo, da
escravidão, das guerras e da injustiça. À medida
que nos relacionamos e começamos a nos
importar mais, à medida que aprofundamos
cru, intenso, emocional e assustador. No entanto,
acredito que, na GEN, temos a maturidade para
enfrentar essas questões e começar a integrar o
que precisa ser visto e conquistado.
Saúdo a riqueza da experiência que se encontra
nas redes do CASA Latina, que pode ajudar todos
nós na GEN enquanto seguimos essa jornada
juntos. Há uma rica ancestralidade que traz a
sabedoria e o ritual indígena à mesa. Existe a
tradição do Conselho de Visões - encontros de
incubação e generosidade de espírito. Há todos os
indivíduos que estão nesta estrada por um longo
tempo! E ainda há mais riquezas a serem
descobertas e mais profundidades a serem
exploradas.
Obrigado por dar as boas-vindas para a
GEN durante o ECCO - obrigado pela rica
experiência.

Nós “dançamos” nessa vantagem entre abraçar a

diversidade e construir a necessária coesão que
nos torna reconhecidos no mundo como uma
ú n i c a voz . S a b e m o s q u e, t a nto co m o
comunidades e como uma rede global, somos
parte de um movimento de cura neste mundo.
Podemos regenerar os sistemas naturais, sociais,
culturais e econômicos dos quais somos parte.
Nossa voz é necessária neste momento!