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maçonaria

SENHORAS,

O U A

verdadeira maçonaria

de adopção

trecedida He alguma» Reflexões «obre as Lojas

\
,ire> , e sobre a Sociedade civil , com

Notas criticas , e Filosóficas.

ESCRITA POR HUM CAVALLEIRO

DE TODAS AS ORDENS

maçónicas.

TRADUZIDA do francez

POR HUM constitucional,

OFFERE CÍDA

A S

SENHORAS PORTUGUEZAS.

Lisboa : Na Officina de Simão Thaddeo Fe


rreira

Anno IH. da Liberoaoe.

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EPISTOLA AS SENHORAS

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• -Minhas ,

I 9 4 a **, ^4 -*- - -A *

PErsuadido dos sentimentos dos ver-

^ dadeiros .Maçons , meus Cencida®

dao^ , e meus irmãos , permitti-me vos

diriga csia Obra como Jiuma prova

auth ntica do nesso erro j e da vossa

gloria. Tendo sido ntui injustos , em

julgarmos muito renipo , que prazeres

fundados em todas as virtudes , erão

superiores ás faculdades da vossa alma ,

( 6 que só poderião aborrecer a hum se'

Ko , quesuppunhamos frivolo ,-ousamos

excluir-vos de nossas assembléas ; porém

esclarecidos , e mui punidos pelo aban-

dono , e tédio que a vossa ausência nos

causa , nos convencemos que o fim de

nossa existência lie viver comvosco

amar-vos, e vós serdes as nossas càras

Companheiras; que separarmo-nos de

vós lie tornar-nos estúpidos, ou des-.

grajados , e que sendo vós também Obr*

A ii •

4
l¥í
(4)

do Creador do Universo, tendes hum

coração igual, sentidos , desejos , ra-k

2ão , e o direito de usar delia ; e que

em finii., se por tantas vezes nos temos

arrogado o poder de faitar aos deveres

da Sociedade , he authorisando-nos da

Lei do mais forte, Lei, que confessamos

ser criminosa, quando se usa dèlla a

vosso respeito. Assim , Minhas Senho*

TãS , destruindo os sentimentos ridícu-

los que hum fallaz amor proprio nos

sugerira , vos reconhecemos tão livres,

e tão racionáveis como nós. Eis o mo-

tivo porque restabelecemos entre am-

bos os sexos os sagrados , e respecti-

vos direitos da Sociedade , e sobretu-

do a justiça, c indulgência (i)} e he

praticando-as, e conservando-as puras ,

e taes como devem existir , que espe-

tamos encontrar a felicidade , que ha

(0 certo que o primeiro fundaroen*

to da Sociedade he a Lei natural. ísio

5, façaes a alguém o que náo desejareis vos

jij façáo, „ Mas como a perfeição dos en-

tes he quimera, he necessário indulgên-

cia para perdoarmos mutuamente algumas,

fraquezas inseparáveis da humanidade.


( 5 )

tanto buscamos, começando a conhecer

que ella he da estima recipro-

ca , e da amizade.

He isto, Minhas Senhoras , o que

o pequeno número de verdadeiros Ma-

çons pensão, e o que em geral deverião

pensar todos os homens, hscesai-nos

com tudo estas verdades, que o pejo

de nossa conducta a vosso respeito pa-

rece ter-me arrancado. Sei que a vossa

doçura , virtudes , e graças são muito

mais imperiosas , que as minhas te-

nues reflexões ; mas se ellas são inúteis ,

dignai-vos , ao meno® , olhallas como

hum testemunho evidente do profundo

acatamento, e dos sentimentos com que

sou , e serei sempre ,

Minhas Senhoras ,

Vosso mui humilde, e mui obse-

quioso servo.

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Reflexões Preliminares. (i)

Ainda que a Maçonaria de Adopção

exista ( z) , ha perto de quatro mil

amos, debaixo de diírerentes nomes, ecm

tudo elia ne quasi nova para os Fran-

cezes , e a causa lie a que referi na

Epistola antecedente. Se encontramos

muitos rasgos da Escritura Santa ein

seu Cathecismo , he porque esta Socie-

dade rendo só por objecto a virtude ,

julgou a proposito dar-lhe per funda-

mento , não somente tudo que pôde ins*

pirar amor ao bem , e gdio ao vicio , mas

ainda a pratica dos bons costumes. Nada

se poderia fazer meihor do que beber na

antiguidade estes sentimentos de doçu-

ra , e de innocencia que fizerão o encan*

—————■——■——i n ■ i i i — » —

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r (i) Eu me poderia dispensar de inserir

em hum Cathecismo Maçoniço reflexões

sobre os costumes , e a Sociedade civil ;

mas como elle naturalmente cahirá nas

máos de muita gente , pode ser que algu-

mas ve dades moraes náo sejáo inúteis.

(2) Vede a Recopilaçio da Maçonaria

Adonhiramita 5 2.
(7)

to de todas Is idades: ainda sê fez trais j

- cotnpararáo-e a estes instantes de vin*

gança , e de humiliação , pelos quaes

l)eos punio sempre os crimes, e o or-

gulho dos homens. Assim , a Maçona-

ria o hada em todos os tempos peia cri-

tica , e ignorância como hutra conven-

ção escandalosa , onde reinavão a disso-

lução , e os vicios, não he ao contra*

rio, mais do que huma recreação moral ,

cujo único objecto he fazer conhecer

as virtudes sociaes mesmo pelo prazer.

As recepções , tjue são todas symboli-

cas, só servem a elucidar sobre a his-

toria , e religião. Logo que estas aca-

bão, abre-se loja de Meza , onde a

temperança, eattençóes reciprocas são

exactamente observadas (i) ; os exces-

sos fúteis , e pusilânimes que chocâo o

bom senso, e a razão não se admittem

a!li, mas sim a honesta liberdade, ami-

ga do pejo, e sabedoria. Em hm, tu-

do que pôde augmeutar o prazer , sem

offender a modéstia, lie posto em pra-

(i) Se houvesse alguém que faltasse a este

dever , seria punido «om humiliaçóes , ou

me saio banido,
08)

jiça } cantos, dansas , jogos inrtocentes,

$ão as occupaçoes do tempo que> se pro-

pOe passar juntos , depois ao que ca-

da hum se retira cheio de estima » e de

.amizade reciprocas , sentimentos mui

pouco comtnuns nas Sociedades civis.

-Tudo o que acabo de rcterir tem

]ogar nas Jojas regulares ; porem a maior

parte o não são, e isto he que neces-

sitamos provar.

Não ha talvez huma Sociedade

.que tenha fei;o mais estrondo no mun-

do , do que a Maçonaria , e, ao mes-

mo tempo , não a ha cujo fim seja tão

pouco conhecido , não só do público ,

mas ainda de muitos Maçons , e sobre

tudo dos que pelos Gráos que occu-

pao nesta Ordem, deverião aprofun-

dar-lhe os principos , a fim de não mu-

tiplicar os erros aili introduzidos, ou

antes para os corregir, como contrá-

rios ás Leis da Maçonaria , e á rszão.

Para se ajuizar quão justa he esta adver-

tência aos Maçons , basta unicamente

ler os manuscritos de que elles se ser-

. vem para ter loja , e os que dão a seus

Prosélytos para os instruir. Tenho ti-


1
( 9 )
. 0 ^ M

do muitos nas mãos , e posso afirmar

sem critica , que os tniis perltiros es-

tão tão cheios de contrsdicccfs , tão


J '

pouco conformes ao espirito Maçoni-

co, que he necessar o não se ter feito

reflexão alguma , e ignorar inteiramen-

te a Maçonaria , para se terem usado ,

e usartm-se, corno ainda hoje se pra- •

tica. Sempre concordei com as gentes

de tino , que os homens devem ser sp-

ireme questionados sobre o que não

desconheceu. : ora eis-aqei hurra das

primeiras verdades a que estes Cathe-

cismes são contrários. As graduações

e'ião a:!i de tal maneira ticcadas , e

confundidas , que se pergunta na pri-

meira , o que só se poderá saber na se-

gunda , e mesmo na teteeira; a quarta

está cheia de falsidades, e repetições

tão fastidiosas , quanto ridículas ; as

recepções são ommirtidas, ou se alii exis-

tem , nao são mais do que huma con-

fusão de puerilidades insuportáveis; as

palavras , os signaes , os toques que de-

vem ser escrupulosamente regulares ,

não merecem mais attençáo: oil 1 que

Jructo se pertende tirar de taes consti-


( IO)

tuiçÓes? Em quanto a mim , não vejo

algum , senão he que segutnao-as, se

deitrõe o prazer estimável da Maçona*

ria, e que adesnnrão. A principal cau»'

sa deste abu-o, he que o primtiro des-

tes manuscritos foi feito , s gundo o

que a memoria se recordava das verda-

deiras instituições, e recepções ás quaes

se havia assistido ; e corno não se ti-

nha original a seguir, cada humsejul-

. gou etn direito de poder adiceionar , ou

cortar o que julgava a proposito , de

tql forma , que por fim o amor-pro-

prio, e a ignoranc:a fizerão hum com-

pendio de erros, e de tolices quasi in-

iniellegiveis.

" He para remediar hum tal mal, que

emprehendi este Tratado , no qual jun-

tei, não sem grande trabalho, os prin-

cípios da Maçonaria ; e temendo eu

mesmo ser enganado, ou cégo pelo

amor-proprio , fraqueza mui commutn

nos homens , consultei Irmãos os mais

respeitáveis ainda por suas virtudes,

que pelos grãos que tem na Ordem ,

os quaes se dignárao esclarecer-ine so-

bre as dúvidas, que me ter.ão embata-


( M )

çado. Para tornar esta Rccopibção táo

interessante, como o pode ser, nada es-

queci do que respeita á Maçonaria de

Adopção ; Condecorações , Recepções ,

Cathecismos, Loja de Mtza , Ornanieo»

tos , Jóias , em fim tudo que lie essen-

cial conhecer, e que se deve observar

em huma loja regular. Cuidei sobre tu-

do de dar a cada gráo o que só lhe com-

pete : assim o primeiro (i) contém , e

na realidade nada mais deve conter »

ideas moraes sobre a Maçonaria , e lie

porque se chama loja de aprendizes >

"Templo de virtude, none cotnmum a

todas as lojas ; o segundo lie a inicia-

ção nos primeiros mysterios , começan-

do pela falta de Adão , c acabando na

Arca de Noé , por ser a primeira gra-

ça consedida por L)ços aos homens; o

terceiro , e quarto não são mais do que

huma continuação das figuras da Histo-


• #

ria Sagrada , pelas quaes se explica a

(i) Emtòdas as Lojas irregulares, a re-

cepção deste Gráo He fundada no conhe-

cimento da'Arca do Noé ; depois, no se-

gundo , tem-se a boa fé de voltar ao peo*

cado dê Adão, no principio do mundo.


C )

Adepta as virtudes que deve praticar.

Em fim espero que a sabedoria , a de-

cência,e verdade inherentes destes Gráos,

farão logo conhecer aos Maçons a ne-

cessidade que tem de seguir exactamen-

te os principios , que encerra este Ca-

thecismo, como os únicos da verdadei-

ra Maçonaria.

Para responder a quaesquer censu-

ras , que possao fazer-tne, por dedicar

esta Obra ás Senhoras , direi que he

homenagem a ellas devida , e que me

não esquece que lhes devemos os maiores

prazeres da Sociedade , e da nossa exis-

tência ; he em fim que não podemos,

sem torntr-nos complices para com ellas,

banilas de nossas assembléas, ou admit-

idas como por favor , injustiça que fre-

quentemente commettemos , e sobre que

não posso excusar-me de fazer algumas

reflexões (i). Nós olhamos as mulhe-

res como entes facticios, que não tem

razão, nem sentimentos , e como má-

quinas que fazemos servir as nossas pre-

• li ' • ■ I ' f '

. (i) Ainda que estas Reflexões sediri-

jáo a todos os homens, he certo que ha

algumas excepções afazer.- > ♦

>
( 1
3 )

cisdes. Desejamos agradar-Ihe , ou digna-

mo-nos passar com cilas algumas ho-

ras ? He para entretellas com bagatel-

las , sem-saborias, e impertinências, ou

para escarnecer todas as virtudes da al-

ma , e, se algumas vezes nos descuida-

mos em failar verdade, lie antes eíFei-

to da paixão, e dos sentidos , que de

hum amor rcspeituoso e racionavel ; en-

tão satisfeitos, nada tendo mais a de-

sejar, admirados devellas nossas espo-

sas , não podendo separar-nos, nós as

distrahimos de nossos divertimentos ,

sujeitando até os seus desejos (i); e

• , •

(i) Esta, eu o pertendo, e muitas ou-

tras provas de superioridade , náo compe?

tem de qualquer forma a hum esposo \ mas

a hum máo Senhor ,. e a hum tyranno. Hu-

ma consorte náo he nem vassalla, nem

escrava , he huma amiga , e a nossa me-

lhor amiga. Por isso he necessário pro-

var-lhe , com doçura , que aquillo que que-

remos he justo ; pois se o exigimos , nòi

lhe damos o direito de aborrecer-nos j «

cila nos náo amará, e buscará enganar-

/ ^

nos , náo so pela razão de nos ser igual

mas ainda porque em particular elía jli'gft

ler razão ; e em idênticos casos, isto he

demasiadamente verdadeuo.
( >4 )

jonge do estreitarmos os laços pela con-1

fiança , e estima , fazemos aborrTver-nos

forjando cadéas cruéis, e insupór aveis.

Senos perguntarem porque rcprehende-

itios as mulheres , o nosso amor»pró-

prio , e indulgência pelos nossos defei-

tos , nos fará responder , que, certas

de agradar, ellas nos capttváo, e depois

uosenganáo. Que ! A beileza será cri-

minosa por ser amavel ? Depois nós

confessamos que as mulheres são mais

fracas que nós j porque não resistire-

mos a encantos que conhecemos serem

seductores > ou pois que nos unimos a

ellas, e que exigimos sabedoria, e cons-

tância , cujas virtudes são mesmo inse-

paráveis da nossa felicidade, porque lhes

não damos o exemplo? Para que lie ir-

mos a casa do nosso amigo seduzir

sua mulher com artefieio? He porven-

tura cila que nos incita primeiro a dis-

frutalla ? £ se acaso he tão desprezível

que o faça , que sensações nos faria ex-

perimentar, e que estima lhe concede-

ríamos ? Assim , não temo repetillo, a

maior parte dos crimes que reprovamos

nas mulheres, ou são huma consequen»


(}

cia de nessa conducta para com elías,

cu somos rós que í) os fazrn o? coiii-

ir.etteri atrertos a seduzilla? , nós líies

inspiramos cão sòmeme stnrin ertos per-

juros , que nos farião envergorhar , se

fossemos capazes de algumas reflexões

(;). Oe que nos não servimos ró* para

corromper o oejo , ea innocencia (2)?

Nós violamos os mais sagrados deve-

J ^ tl '

(1) He, por desgraça da humanidade

mais do que certo, que a maior parte do*

homens não reílete , e que dies só seguem

a lei que o seu carac er lhes inspira.

(1) Era paiadesej r que os pais , e mais

não dessem hum* educarão tão superficial

a suas filhas. Nem serrpre sc dança , e

ta neste mundo; ao mesmo passo que a

virtude, e o espirito são o mais necessá-

rios ; seria essencial .«cbie tudo, que em

•eus primeiros enu"io« lhes vedassem a

leitura dessas Novellas insignificantes ,

nas quaes vis seductores se pintáo rd

mais enérgico colorido Kumajovcn, cuja

imaginação ainda está vasia , recebe

Com enthusia^mo estas ideas falsas ; e

quando a natureza ihe faz conhecer seus

desejos» eofim de sua existência, o pri-

meiro mortal bastante temerário , que põe

eni jogo os seus transportes de aruur, t


(16
>

res,' fazemos servir a sociedade, e â

amizade mesmo ás nossas desordens j

enganamo-nos hum e outro , e porque

nos temos arrogado o direito de fazer

as leis , nío queremos sujeitar-r.o» a

ellas , e se fazemos depender a honra da

virtude he para melhor abusarmos das

tristes victímas da nossa bruralidade. E

lie possível que o enojo , e desgostos;

que nos perseguem , nos náo advirtao ?

(guando estabeleceremos entre hum , e

outro sexo hum commercio futldrdo na

boa fe, na candura, e na verdadeé*k

quando vi viremos com elias como ami-!

gas adoradas , e respeitáveis , cuja sensi*

1 t f [J fU t > C , # f
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4*

aparentes virtudes, a faz abusar da confi-.

ança^ de seus pais , e lhe parece bum deste*.

Heróes inventados sem reflexão , ê de que

ria o ha modelo ; assim satisfeito , logo eíle

pateritea a baixeza de seus costumes: entào ,

adeos illusáo, a mulher esclarecida pela

Verdade , vê a sua desgraça tal qual e!la he ,

sem qué possa repara lia > porque , quando

lhe reatasse à liberdade de não viver com

ó criminoso qíiè a triganQu , achar se-hia na

dolorosa situação de enganar, a sua vez

também, hum coração fonerto, e sensí-

vel , digno do seu amor, «estima.

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• • P• • . p
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(17

bilidade,e qualidades sociaes devem cons-»

tituir-nos felizes, deixemos a ridícula

prevenção de pensar, que aquillo que

reputamos crime , e deshonra nas mu-

lheres , he o que faz a nossa gloria, e

hum merecimento de mais; deixemos

sobre tudo de julgar-nos mais racionáveis

do que ellas (1), ede prodigalisar-lhes

futilidades, bagatcllas engraçadas, com-

(1) Se o interesse gera muito? males, o

ámor-proprio náo produz menos.Hum povo ,

e sobre tudo os Francezes , se julga muito

mais perfeito , muito mais espirituoso que

todos os outros ; daqui provém estes odios

ridículos , que as Nações concebem humas

ás outras : depois cada individuo , em parti-

cular, cre os outros insensatos ; e esta ceguei-

ra produz calumnias, safiras ciiminosas,

e libellos infamatorios. De hum sentimento

táo contrario á razáo resulta , que, deven-

do a Sociedade iJluminar, ella convida

apolítica, e ao desprezo 5 e resulta ainda.,

que o pobre , e o fraco sáo escravos, hum

por medo , e o outro por necessidade ; e

eu quero acreditar qije esta falsa pre-

venção de espirito , e a débil constituição

das mulheres , nos deráo tanto ascendente

sobre ellas. O único maio que resta aos ho->

metis para curarem huma tamanha ridicur


( i8 )

primentos insípidos, que tendem sem-

pre a destruir o pudor , e a razão ; se-,

jamos, sendo amames , o que seriamos

sendo esposos j respeitemos nossa tran-

quilidade na tranquilidade dos outros ,

c persuadamo-nos intimamente, quea-

quella que escolhemos para participar

nossas penas, deve igualmente partici-

par todos os prazeres. He então que sa«

bios, e justos teremos o direito de exi-

gir virtudes , que nós mesmos possui-

remos : e que , menos prevenidos, acha-

remos nos outros; he então que o amor,

e amísade nío seiáo mais extravagân-

cias , e quimeras , e que conheceremos

esta doce felicidade , que produzem a

estima , e confiança mutuas.

laria , he persuadirem-se que o espirito náo

he inherente á sua essencia, nem filho do

nascimento , dignidades , riquezas, e mes-

mo da idade ; que elle náo depende do

acaso , mas do escudo , e reflexão > que

assim todos os entes o podem possuir , e que

só devem nutrir verdades sensíveis , ou

aquellas que se podem provar , e deixarèm

de impor por palavras, ou mentiras a en-

tes 3 que como elles tem olhos para ver ,

ouvidos para ouvir , e razão para compa-

rar , e ajuizar.
C 19 )

Fina'iso as ninhas reflexões j ain-

da que haveria muitas a fazer ; n as temo

enfastiar ; o que acontcsse quando se

não lhongea ; felizes aquelles homens,

que Jendo-as, não as tornarem a ridí-

culo ! Com tudo c nfessarei que me

não atrevo a acrcdifalloj teria a mais

profunda dor em persuadir-ine , que o

habito do vicio destruio em nos todos

os sentimentos rac onaes , e que nos não

resta algum regresso á virtude.

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MAÇONARIA

D E

A D O P Ç A O.

OBSERVAÇÕES

SOBRE AS LOJAS DE ,

EStas Lojas , que são mui frequen-

tes , mas não tanto ainda quanto

deverião selo, jamais são convocadas

que por Grão-Mestres Franc-Maçons.

Não se admitte alli Visitador alj.um ,

huma vez que não seja ao menos Com-

panheiro. lodos os que tem Grãos são

obrigados a dar os ornamentos ás Ir-

mãs ; sem reservar cousa alguma que

possa deixar-Ihe distincçao de dignida-

A
(21 )

de sobre as que forem recebidas. Qual-

quer determinação se faz por cinco pan*

cadas de Malhete ; abertura, encerramen-

to de Loja , tanto de Recepção , como

de Meza ; da mesma forma as saúdes,

perguntas , e interrogações extraordiná-

rias. Eis-aqui como: se o Círão-Mes-

tre quer faJJar , bate cinco pancadas

compassadas i a Irmã (i) Inspectora faz

o mesmo , e a Irma Depositaria outro

tanto; depois do que elle falla.Se lie qual*

quer das duas limas , ella começa , a

outra responde, e o Venerável acaba.

ISão he permittido a alguém fallar ao

Grão-Mestre sem o ter feito advertir

pelas Otficialas (2), seja ao ouvido,

011 levantando a mão , no caso de ficarem

mui distintes. Previnio sobre todas es-

tas cousas , afim de não interromper o

que disser, com repetições enfadonhas;

e para nada deixar a desejar , marquei

(t) Vede as Dignidades.

(2) Ainda que este substantivo femini-

no não esteja em uso na lingoa portugue-

za , ou se o está he mui raro , com tudo he

o que achamos para exprimir com proprie-

dade a idea do Original. Do Traductor.


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com huma estrella as occasióes em

se he obrigado a bater.

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( 3 ) .

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APREN D IS A D O,

PRIMEIRO GRÁO.

DIGNIDADES , E JOIAS.

Hum Venerável Grão-Mestre, e

huma Grã-Mestra , hum Orador vesti-

do de Capuchinho , hum Irmão Inspe-

ctor, huma Irma Inspectora, hum Ir-

mão, e Irmã Depositários, e huma Ir-

mã lntroductora : todos estes Oíf.ciaes,

, eOíliciaJas trazem hurn cordão azul on-

deado , em aspa, do fim do qual pen-

de huma Trolha de ouro ; oGrão-Mes-

tre ( i ) deve ter hum Malhete para

mandar, bem como as Irmãs, Inspecto-

ra , e Depositaria. São estas ultimas,

com a Irmã lntroductora , que fazem o

^ ; -V#

(0 Todos estes Officiaes, e Officialas

conservâo dignidade 7 e nomes cm todos os

Grãos,
( 24 )

officio quasi todo, ajudadas unicarren*

te pelos Irmãos, e principalmente nos

primeiros Gráos. Não acontece outro

tanto á Grã-Mestra , que tendo pouco

a dizer, he huma companheira hono-

rifica do Grão Mestre , que mereceo,

por sua virtude , ser ellevada á mais al-

ta dignidade. Todos os Irmãos, e Ir-

mãs , em geral, que compile a Loja,

devem ter hum Avantal, e Luvas Bran-

cas.

SALA DE RECEPÇÃO,

E ORNATOS NECESSÁRIOS.

Esta Casa deve ser grande, e so-

bre tudo mui comprida para ser devidida

por cortinas em quatro quartos (1) , de

maneira que os dous mais pequenos es*?

(i) Isto he necessário , visto que o usa.

he dar succivamente estes primeiros Gráos;

porque se dessem hum , ou dous unicamen-

e, náo haveria difiteuldade dç se arranjar

tisto de outra maneira.


C 15 )

tejão á entrada, hum á direita, e ou«

tro á esquerda ; a parte maior que he

p fundo da Sa'a , e onde reside a Assem-

b éa , deve ser armada de encarnado , o

mais aceado possível ; a extremidade da

Sala chama se a Asia , o iado direito ao

entrar , a Africa, e o lado esquerdo

America, e a entrada Europa. Na par-

te denominada Asia , deve haver hum

Docel da côr da armação , ornado de

franjas de ouro; debaixo deste Docel

se porá hum Throno , no qual se a*sen-

taráõ o Grao-Mcstre, e Gra-Mestra ,

dianre dos quaes haverá hum Altar , e

&o lado de cada hum oito figuras pin-

tadas , ou representadas de outra qual-

quer fórma , significando a Sabedoria , a

Prudência , a Força , a Temperança . a

Honra , a Caridade , a justiça , ca Ver-

dade. Este quarto deve unicamente ser

illuminado por cinco Terrinas cheias de

espirito aromático ; alli haverá também

saí , que lie osymbolo de hum royste- ,

rio. Os Irmãos, e Irmãs que compòe

a Loja devem alinhar-se em duas filas

huma de cada lado , as Irmãs sentadas

g frente , c os Irmãos na retaguarda, çom


( 26 )■

as espadas na mão. Na parte da Euro-

pa , á extremidade das filas, se posta-

rão os irmãos, e Innãs , Inspector,

Inspectora , e Depositaria. Haverá ram-

b m , em frente a cada huma delias hum

Altar, ou hunia pequena Meza penra-

gona , sobre a qual baterao quando for

tempo.

JÊ • a

QUADRO DESTE GRÁO.

f ^| V 'i \ íTií^r * "f I 1/ k K A b ws >• •

He h um tapete estendido sobre o

sobrado da Saia, proporcionado ao in-

tervaiio que ha entre as Irmãs. Repre-

senta as quatro partes do mundo, dese-

nhadas por quatro figuras.

v CAMARA DE REFLEXÃO.

, iw1 i -M £*
' # -ri0 • % I X* jr

Esta Camara deve ser armada de

preto, allumiada por h uma única alam-

padj , que deve estar sobre huma me-

za, coberta com hum panno negro, e

sobre a qual havera huuta caveira.

^ .'U
( *7 )
%

ABERT U 11 A
v' V

D A

. LOJA DE RECEPÇÃO.

O Grão-Mestre bare cinco vezes,

e diz : 99 Minhas caras (riras , Inspe-

» ctora , e Depositaria empenhai nossi s

99 carcs Irmãos , e Irmãs , tanto do ia-

99 do da Africa , como da America , a

99 ajudar-nos a abrir a Loja de Apren-

99 diza Maçónica" % fazendo o nosso

99 officio por cinco. A Irmã Inspe-

ctora. 9t Meus caros Irmãos , e Irmãs

5' do 'ado de Africa , vós sois err.per ha-

99 dos da parte do Venerável Grão-Mes-


• . i

»» ire, e daGrã-Mestra de Jhcs ajudar

»• a abrir a Loja de Aprendiza Maço-

»> nica, e de fazer o nossò officio por

>» cinco. » "* *

A Irma Depositaria repete tam-

bém estas palavras , depois d Venerá-

vel diz: a mim, meus caros Irmãos,

e irmãs, então bate cinco vezes coai


• (' 28 ) •

to

e
as mios; toda a Assembléa o imira ,

grita cinco vezes vivat (?)> ° Grão*

JVe-tre se dirige a huma das duas Offi-

cials , e a interroga da maneira seguinte

P. Quaes são os deveres dc huma

Aprendiza Maçónica ?

li. Obedecer, trabalhar , e calar se.

O Venerável acrccenta : »t Obede-

** çamos , trabalhemos , e calemo-nos

si sobre todos os nossos mysteries pa*

ra çom os profanos » depois con-

tinua a fazer muitas perguntas do Ca-

fhecismo. He durante todo este tem-

po , que a Irmã que deve ser recebida

se introduz na Camara escura. O Irmão

Orador, que a conduz alii (z) , e que

f i) Como vivat está ern uso na Maço*

naria Adonhiramba ? muitos Maçons per-

t» ndem-se que por delicadeza , deveria dizer

Era ; mis não tendo esta palavra signi-

ficação em nossa Urgoagem , he huma ri-

dicuiai ia , que não se necessita imitar , vis-

to que vivat exprirre oapplauso, não só-

ipcrue entre os Fr^ncezes , mas entre os

Latinos, diquçm temamos esta palavra.

(2) Aquelies pata quem a virtude he hu-

nia pila via Jesri uida de sentido podei áõ

estranhar ver huma Irmã Aaepta com


( *9 )

deve estar só com ella , lhe venda os

olhos , immediatamente er.tião , depois

faz—lhe hum discurso patheiico sobre â

virtude, e caridade, e a deixa entregue

a suas leflexões Alguns nunutos depois

clle bate cinco vezes á porta da Loja , a

Irmã lnuoductora lhe responde por ou-

tras cinco, e íaz avisar o Grão-Mestre

pelas Officialas, que algum Maçon be-

te ; o Venerável responde que he ne-

ce^ario ver quem he , accrescentando

que se for profano o affasrem , poiém 1

ser Maçon, ou Maçona seja aumutido.

A lntroductora abre a porta da Loja ,

e o Orador lhe diz que lie huma Uis-

cipula da Sabedoria , que desejaria ser

recebida Maçona; a Irmã fecha apor-

ta , e refere as palavras do Orador ao

Grão-Mesrre ; este pergunta deque par-

te he apresentada ; a irmã , ou Irmão a

quem se dirige esta pergunta , se pde

entre as duas Oíficialas; então o Grão-

o Orador ; mas que pejo para a humanidade !

O' mortaes ! A pureza i e vossas acções , ao

menos para com os out:os, n sabedoria,

e estima nao seráo sempre enue vós maia

di> que chimeras i


/ 3° )

Mestre lhe inquire se conhece na .Adepta

todas as qualidades necessárias para ser

boa Maçona i Ao que a interrogada res-

ponde: o Venerável Jhe faz prestar ju-

ramento , e pergunta depois a todos que

compõe a Assembléa , senão ha quem

se opponha a recepção; os Irmãos , e

Irmãs que consentem , levantao a mão ,

e não havendo oppositor; oGrao-Mev-

tre diz: »» Abençoados sejão nossos

»» trabalhos, cós vamos dar ainda hum

>> apoio á virtude ; nós só podemos re-

>» gosijar-nos , applaudamos, meus Ir-

»» mãos. »» Depois do applauso , o Grão-

Mcstre ordena ã Introducsora saiba o

nome da Aprendiza, eseinstrua desuas

qualidades , e Religião. A Irmã obe-

dece. Depois o Venerável ordena que

entre a Adepta. Logo o Orador lhe li-

ga as mãos com huina cadêa de folha de

Hand res , e a tntrga ã Introductora , que

a conduz á loja. Introduzida a Adepta ,

sempre de olhos vendados , deve estar

á entrada da loja entre as Irmãs Inspe-

ctora , e Depositaria. OGrão-Mesrre a

interroga sobre o motivo que a conduz ,

e Jhe pergunta que idéas tem formado


( 3* )

da Maçonaria. Logo que a Aspirante

tem satisfeito a tudo, o Irmão Inspe-

ctor a faz andar á roda das cinco Ter-

rinas , e a traz ao mesmo lugar donde

sahio. O Venerável lhe pergunta se de-

seja vera luz ; ao que a interrogada não

deixa de responder que sim. O Venerá-

vel então dá cinco pancadas •, durante

as quaes o Inspector descobre os olhos

da Adepta. He mui necessário obser-

var que no espaço das cinco pancadas ,

os Irmãos , e Irmãs trocão reciprocamen-

te os lugares, o mais devagar possí-

vel , e de fórma que as Irmãs fiquem

occultas pela presença dos Irmãos , os

quaes levantao suas espadas, erscru-

sao , formando huma especie de abo-

bada.

A Adepta, sempre em pé á entra-

da d^ loja, se admira de ver homens,

onde só esperava ver mulheres; he hu-

ma occasião que o Grão-Mestre não

deixa escapar, para lhe mostrar a im-

prudência , que commetreo querendo en-

trar em huma Sociedade, que não co-

nhecia , e onde o seu pudor poderia es-

tar em risco. »> Coui tudo accrescenta


( 3» )

>> o Venerável, nós queremos bem accre-

>> ditar que a inconsequência , nem mes-

»» riio a curiosidade, não tem parre nos

»» vossos passos , e que a idéa vantajo-

>» sa que concebtstes da Maçonaria he

>> o único objecto , que vos induz a en-

» trardes entre nós ; mas a pezar da

» confiança , e estima que nos inspi*

>> raes , antes de revc!ar-vos nossos se-

>» cretos mysterios , devo dizer-vos, que

» o grande ponto da Maçonaria lie tor-

>> nar a Sociedade tão perfeita , quan-

, >> to pode selo, e que o caracter do

»» verdadeiro Maçon lie ser justo , e

» caritativo ; além das preocupações nÓ3

»» devemos fugir do arteficio , e da

»» mentira, guiados sempre pela virtu-

de , nós só devemos occupar-nos de

»» adquirir a estima geral, e merecer a

>» amizade de nossos Irmãos , e Irmãs.

»> Eis-qui, Senhora , huma leve idéa

>> dos deveres que hides impôr-vos, nó#

»> estamos convencidos , que não tereis

>> difficulciade em preenchellos ; o em-

it penho que ilides contratar , ligando-

» vos a nós , vos confirmará no que de-

>j veis á Religião , ae Estado , e a Hu-


' ( 13 )

»» inanidade. Presistis, sempre no« sen»

» timentos de ser iniciada em a nossa

a Ordem i Acharei em vós huma mu-

tt lher forte, e corajosa ? A Adepta

tt deve responder: »» Sim. >» Então o

Grão-Mestre diz : »> Meus caros Ir.

a mãos* e Irmãs abramos-Jhe a porta

a da virtude , e tirai-lhe os ferros. He

a preciso ser livre para entrar.ie em

nossos Templos. >» Depois dirigindo-

se á Adepta >> Vinde a mim , Senhora,

»» atraveçando esta abobada de ferro,

»» eaço. »» O Irmão Inspector conduz

a Adepta , e lhe ordenada se ponha de

joelhos diante do Altar, fazendo-lhe

pôr a mão direita no Evangelho , para

prestar a obrigação seguinte , e que o

Venerável pronuncia com ella

OBRIGAÇÃO.
*

tt Na presença do Grande Archi-

>» tecto do Universo, que he Decs , e

tt diante desta augusta Assembléa , pro-

tt meto, e juro solemnemente, guar-

a dar, e reter fielmente em meu cora-

tt ção todos os segredos dos Maçons

%
( 34 )

í* ft}, e da Maçonaria , que rre vão

a ser confiados , debaixo das penas de

tt ser desonrada , e de? prezada j e de

tt rtnis ser ferida pelo Anjo externai-

a naior; «ias para me preservar disso,

possa huma porção do Espirito Di-

ti vino, descer á minha a!n a a fim de me

tt fazer tocar o mais alto práo de vir-

\ tt tude. Dcos me ajude. A men. a

it Prestada assim a obrigação, o

„ Grão-Mestre levanta a nova Froselyta,

iie a faz passar á sua direita , dizendo-

tt lhe: Senhora , vinde \receber as ver-

a dadeiras demonstrações da nossa es-

tttima. Nós temos signaes , huma pa-

a lavra, ehum toque em que conven-

ít cionámos para nos reconhecer. O

a signal se faz pondo o index , e o

a terceiro dedo da mão esquerda na

tt boca, como para exprimir o silen-

tt cio , tendo além disto a polegada so-

a bre a barba. Responde-se a este sig-

a nal, levando o dedo minimo da mão

tt direita á orelha direita , de maneira

tt que os outros dedos estejão dobra-

(1) Em quanto a Adepta presta a sua

obrig çáo , cada huma torna ao seu lugar


( 35" )
• ' * X

hi dos sobre a face. O toque faz-se to*

99 mando-se mutuamente a palma da

~»y mão direita , e tendo o dedo do meio

99 estendido sobre o pulso.

A palavra he Feix-Feax , que

99 significa Academia , ou Escola da vir»

>9 tude.

59 Eu vou agora trocar-vos o no-


o

9> me de Senhora pelo de Irmã , dando-

95 vos obejo da paz (i) Permitta o Cea

99 que nunca esquecaes algum dos de-

99 veres , que vcs impõe hum tão apra-

99 zivel nome. Hide, minha cara Ir-

99 mã, fazer reconhecer-vos ás Irmãs

99 Inspectora, e Depositaria, dando-

9» lhes os signaes, a palavra j e toque

' 99 que vos indiquei depois voltai a

99 mim. 99

A nova Iniciada obedece $ e quan-

do voltou , o Venerável lhe faz pre-

sente de hum Avantal, e hum par de

luvas de pelle branca.

%*'P *

x
C_ii

(i) Q Venerável abraça cinco vezes a

írmá com todo o respeito-


( 3« )

• • -

J • | J X

( ^ dar-lhe o Avental.)

Permitti vós condecore com este

Avantal; os Reis, os Príncipes , e as

mais illustres Princezas se fazem , e fa-

rão sempre huma honra de o trazer , co-

mo symbolo da virtude.

( Ao dar-lhe as Luvas. )

A cor destas Luvas vos ensina que

a candura , e a verdade são inseparáveis

do caracter de huma verdadeira Maço-

na. Tomai lugar entre nós (i), e digna-i-

vos prestar ouvido attento á instrucção^

que vamos dar-vos.

0 #
' « ' Í f } ft

(l) Manda-se pôr a nova Iniciada no

alto da America , ao pé do Altar.


( p )
/*

DISCURSO

DO ORADOR,

r» Minhas caras Irmãs, nada ha

»» mais capaz de vos fazer conhecer a

»» verdadeira est ima,que fazemos de vós,

a em nossa Sociedade , do que a entra-

is da ,que vos concedemos nella. O vul-

>> go , sempre grosseiro , cheio dos

»> mais ridículos prejuízos , ousou der-

»» ramar sobre nós o negro veneno da

»> caluraaia ; mas que juízo podia elle

■a formar r Privado das luzes da verda-

»» de, não o está elle de conhecer todos

>» os bens, que resukao do seu perfeito

m conhecimento f Vós únicas, minhas

»» caras Irmãs, banidas de nossas Assem-

»> bléas, tínheis direito de nos julgar

r» injustos -y mas com que satisfação

«« aprendeis hoje , que a Maçonaria he ,a

•j» escola da decencia , e da virtude; ,e

» que, pelas suas leis , nós domamos

9t as fraquezas, que degraqão o homçm


( 38 ) ■

honrado , a fim de voltarmos a vós

mais dignos da vossa confiança , e

sinceridade. Com tudo, quaioutr çue

seja a doçura que estes sentimentos

nos fação gostar , nós não temos po-

dido encher o vacuo da v ausên-

cia-, e confesso, para vossa gloria,

que era tempo de chamar, a nossas

» Sociedades Irmãs que, tornando-as

mais respeitáveis , lhes fassao para

sempre o ornamento , e delicias. Nós

chamamos a nossas Lojas, Templos

da Virtude, porque buscamos prati-

calla. Os mysteries que alli celebra-

mos , são a grande arte de vencer as

paixões , e o juramento que alli pres-

tamos do nada revelar , lie para não

fa-zer entrar o amor-proprio , e orgu-

lho no bem , que devemos praticar. O

nome caro de Adopção , vos diz que

vos escolhemos para participar a fe-

licidade, que gozamos, cultivando a

honra , e a caridade ; he só depois de

hum exame escrupuloso, que quize-

mos repartilia comvcsco : agora que

vós o conheceis , estamos persuadidos

que o facho da sabedoria esclarecerá


( 39 )

*♦ toda? as acções da vossa vida , e que

»» nao esquecereis que , quanio maior he

»* o valor das cousas , tanto mais he ne-

»» essa rio conservallas , este o princi*

pio do silencio, que observamos, e

que deve ser inviolável. Di^ne-se o

99 Decs do Universo que nos ouve ,

99 dar-nos forças para o tornar tal.

Pronunciado este discurso , o Ir»

maoHosoitaleiro tira huma esmola ptral^

em beneficio dos pobres e-logo que ací«

bou , se começa a lnstrucção do Calhes

cismo,
» ' '

I
#
( 40 )
• \

C ATHECISMO
■ 4fel "3h# »i - * "t . ■ "l '

• *

DE APRENDIZA

He o Venerável quem interroga , el!e

se deve dirigir ás duas Irmãs , Inspecto-

ra > e Depositaria ; porém indifíerente-

mence , pois que ambas devem igual-

mente estar instruídas.

•P. Sois Aprendiza?

R. Eu o creio.

P. Se ociedes, porque não dizeis

que sim ?

R. He porque sendo a Maçonaria

hums reunião de todas as virtudes , não

compete a qualquer bom Maçon , ou

Maçona persuadir-se perfeita, e sobre

tudo a huma Aprendiza , cujos senti-

mentos ainda não estão firmes (i).

I
r
_ • L — - ■ *

(i) Em hum grar,de número cie Lojas ,

em lugar desta resposta honesta , e justa ,

ha huma impertinência humilhanre, que

se faz dirigir ás mulheres, por ellas mesmo ;

e para cumulo da ridicularia muitos Irmáoi

appiaudem.

it /
C 41 )

P. Como fostes recebida ?

R. Por cinco pancadas

P. Onde vos rectfcrão?

R. Em hum lugar tnaccessivel aos

profanos.

P. Qne vísreis ?

R. Nada que podesse çomprehender.

P. Estais contente da vossa sorte?

R.Todos cs meus Irmãos, e irmãs

o podem julgar.

P. Como ?

R. Pelo meu empenho em ser rece-

bida , em recompensa do qual eilcs me

déiao seus suífragios.

P. Prometeis hum profundo silen-

cio sobre todos os segredos da Maço-

naria ? •

R. O que guardo lie hum fiel ga-

rante.

P. Dai-me o signal de Aprendiza.

R. Obedeço , vós me comprehen-

deis.

J3. Qual he a palavra?

R. Feix-Feax.

P. . Que significão estas duas pa-

Javras ?

R. Academia, ou Escola da virtude


A ^ f
C 4* )

P. Que Escola he esta ?

R. A M acomria.
J

P. Como teores chegado a ella ?

R. Por hum Irmão caritativo , que

sendo meu guia , me conduzio á porta

do Tem pio daa virtudes, cujo explen-

dor dissipou as trévas que me cerca-

V2o , como profana.

P. Entrastes no Templo (i)?

R. Sim , muito Venerável, atraves-

sando huma abobada de ferro, t aço.

P. (X'ie significa esta abobada ?

R. Como a solidez de hutna aboba»

da depende da juncçao , e liga das pe-

dras , que todas confinao em hum pon-

te centrai, da mesma forma cada Mem-

bro da nossa Ordtm deve aspirará hon-

ra , ponto essencial de nossa força; e

que nós devemos juntar a esta amisa-

de sincera , e virtuosa que caracterisa

os verdadeiros Maçons :
IP

P. Porque he esta abobada dc fer-

ro , e aço ?

(i) Ern todos os Manuscritos , de que fil-

iei , esta pergunta , e outras seguintes com

suas respostas só estão no Gráo *, mas

em recompensa ha muitas do Gráo de

Companheiiado , e de Mesy^ado.
\ 43 )

R. Para nos admoestar que devemos

fugir dos criminosos prazeres da idade

de ferro , se quizermos gozar da inno-

cents voluptosidade do século de ouro,

P. Porque se priva liuma Profanada

luz quando lie recebida i

R. Para Jhe fazer comprchender

quanto suas semelhantes raciocirao ce-

gamente a respeito da Maçonaria.

P.Celiacs s'áo os deveres de liuma

Apr ndiza?

R.Obedecer, trabalhar , c calar-se.

O Venerável acerescenta : » Obe-


* •

»> deçanios , trabalhemos , e calemo-

»» nos : e vamos fechar esta Loja, fa»-

»» zendo o nosso officio por cinco. >t

f
J odos os Irmãos , e irmãs applaudem i

depois diz o Venerável: a Loja está

»» fechada , meus Irmãos. »> As duas

Officiates repetem estas ultimas palavras.

Fim do primeiro Cr do.


( 44 )
%

i'#w«

COM PAN HEI RA DO

SEGUNDO GR AO.

Como esta Sala representa o Jardim

de Eden , deve ser ornada engenhosa-

mente ; e seria mesmo necessário que

houvesse nella folhagem ; em hum dos

cantos haverá hum rio que pareça ca-

hir de hum rochedo; pôr-se-ha no meio

do Jardim huma maceira , de roda da

qual haverá huma serpente de papelão

pintado, ou cousa semelhante ; he ne-

cessário ter cuidado em que a cabeça se

possa tnecher tor meio de qualquer fio,

e que a bica se abra, e feche para ter

huma maçã, e poder pegar-lhe, ou

larga 11a. Esta Sala se illumínará tanto,

quanto for julgado a preposito.

ADORNO DA LOJA, E ORNA-

TOS NECESSÁRIOS.

■*' '■ "^

A Armação he a mesma do Grão

precedentej haverá de mais no Altar,


( 4? )

diante do Grão-Mestre ,huma vela acce-

sa , e hum pequeno vaso que comerá

huma pouca de farinnra desteira ; no

fundo da Loja deve estar hum fogarei-

ro de cobre com huma terrina cheia de

espirito de vinho , que se accenderá de-

pois de se lhe haver lançado sal; ao

lado da porta, em frente ao Venerável,

se colocará huma meza,coberta com hum

panno negro, sobre a qual haverá a fi-

gura da Morte, representada em qual-

quer cousa transparente , e Caim ma-

tando seu irmão Abel. He necessário

também , neste Grao , ter cousa que

finga chuva de pedra , e trovão , o qual

se fará ouvir, logo que a Adepta mor-

der o pomo.

QUADRO.

Representa as quatro partes cio

Mundo , como o do Gráo antecedente,

e ha de mais , no meio , a Arca de Noé

sobre a montanha , no instante em que

a Pomba volta com o ramo de oliveira.

\
(46 )
iJB • g ?, Qy '■ an I

RECEPÇÃO.

ft

A I ,oja se abre como a precedent

tc; o Grao-Mestre tem na paao esquerda

hum tronco de oliveira , e faz muitas

perguntas sobre o Cathecismo, em quan-

to se aprompta a Irma , que deve ser re-

cebida. A Adepta está na Camara de

Reflexão com o Orador , que a exorta

a submetter-se a todas as experiências,

que se exigirem delia. Elie a faz des-

pojar de todos, os brilhantes, e outras

jóias, que possa ter, para mostrar sua

humildade , c pede-lheasua liga esquer-

da ; depois de a receber , venia-lhe os

olhos, e a introduz na Loja, observan-

do as formalidades ordinárias : logo que

alli entrou , a Irma Introductora a pós

entre as duas Officials, e faz avisar o

Grão-Mestre de que a Irmã , que deseja

subir ao segundo Grao da Maçonaria ,

está presente, eque para prova de sub-

missão a quanto se exiga delia, entre-

gou as suas jóias, e a sua liga. ( O Ora-

dor as leva ao Altar.) Logo o Venerá-

vel se levanta, e diz á Adepta: » Mi-

t
( 47 )

»» nha cara Irmã , he com prazer ex-

»» tremo , que observo o vosso zelo, em

>» querer chegar a conhecimento de nos-

»» sos mysterios ; com tudo , ainda que

>» cada vez mais nos confirmeis na idéa ,

» que de vós tínhamos concebido, eu

>> me julgo no dever de vos não dei*

» xar precipitar. Sabei , que se commet».

terdes huma só fraqueza , não ros

» será concedido admittir-vos. >> Vê»

de se quereis ser recebida a este pre-

ço. Se a Irmã presiste , o Vcnersvel •

manda , que o Irmão inspector lhe faça

dar duas voltas á roda do Quadro , e

passar pela experiência do fogo , a fim

de nersuadir a toi >s os Irmãos do seu


1

valor. Acabadas as duas voltas , o Ins-

pector a faz aproximar das chammas,

produzidas pelo espiri o de vinho ; po-

rém apenas sentio eila o calor, que o

Venerável diz : » Basta , meu Irmão ,

j> devemos contentar-nos de sua submis-

»> são. (Dirigindo- se a Adepta), e vós,

» minha cara Innã , nada recieis , lem-

» brai-vos , que a boa fé he sagrada en-

>» tre os Maçons ; a venda que vos fas-

» cinava os olhos nos assegura a vossa,

• J8*
(4*>

» e nos apresenta o estado de innocen-

» cia, em que vivião nossos primeiros

» pais, confiando cegamente nas pro-

>> messas do Creador. Continuai, ini-

» nha cara Irmã, continuai a sujeitar-

>» vos a tudo, não vos resta mais para

»» entrar em nosso Santuário do que hu-'

>» ma única prova , e ainda que seja

» terrível , ella não he superior á vir-

j) tude corajosa. Nós vamos conduzir-

jj vos a hutn logar de delicias, onde

>j acabareis de convencer-r.os do apreço,

» que devemos fazer da vossa amizade.

» Hide, minha cara Irmã , possão a

» sabedoria , e a prudencja inspirar-vus

» sobre tucio , que vos resta a fazer ,

j) e reronduzir-vos a mim com não equi-

»* vocos indicios de vossa innocencia. ••

Finalisado este discurso , o Irmão Ins-

pector guia a Adepta ao Paraíso terres-

te , e a abandona a suas reflexões. Im-

mediatamente elle parte, qualquer pes-

soa , que alli deve estar de preposito ,

lhe dá huma maçã, e lhe persuade a

coma ,-^se quer ser recebida , acrecen-

tando ser este o signal de obediência,

que se exige delia, e que sem isto não

/
( 49 )

poderá alcançar o conhecimento dos

sublimes mysterios da Maçonaria. He

bem fácil accredi ar que a Aspirante sem

ditbculdade consente nisto ; porém a

penas começou a trincar a maçã, que o

trovão, e chuva de pedra se fazem sen-,

rir , e se tira ,a cortina que separa este

Quartocda -Loja to Instigador escapa-

se destramente'-, e o Orador , que deve

estar prompto , avança precipitadamen-

te , detem o braço da Adepta , tira-Jhe

a venda, e lhe diz com enthusiasmo:

„ Desgraçada ! Que fizestes ? He assitn;

,, que praticaes as lições de sabedoria-

que vos dérão r Seria possível , que

. ,> desconhecêsseis estes sentimentos de

,, honra , e virtude, primeiro funda-

,, mento de nossa Ordem ? Que ! Des»

j, prezando as promessas que vos fez o

j, Grao-Mestre de recompensar vosso

,, valor, e vossa prudência, deixais-vos

3, seduzir por este monstro,

3> mostra a serpente, àa qual se fa*-

,, rd mecher a cabeça )■, que não tem

„ outro fim , que corromper vossa inno-

j-, cencia j que premio deveis es~

„ perar de hutna tal fraqueza? „ H&.

D
( So )

de pensar que a Adepta admirada, e

enganada mesmo em seus sentimentos ,

fica mui desconcertada pafa poder res-

ponder positivamente. Então o Orador,

sem Jhe dar tempo a reflexões , lhe diz,

,, Scgui-me, Senhora , fujamos quan-

„ to antes de hum logar, que vos re-

„ cordaria continuamente o vosso erro;

„ depois conduzindo-a ao meio da As-

sembléa , a entrega ao Inspector, evai

levar ao Grao-Mestre a maçã mordida.

O Venerável a recebe ; c diz á Adepta :

„ Btm vejo , Senhora, o pouco caso

,, que fizestes dos conselhos , que vos

,, dei; porém sem contar o esqueci-

,, mento de vossos deveres, conhecei

,, o excesso de desgraças, que a vossa

,, inconsequência causou. „ Faz-se vol-

tar a Irmã para o lado da morte re-

presentada , sobre a qual ella lerá estas

palavras. O crime va

Então o Grao-Mestre dirigindo a pa-

lavra á Assembléa, diz: ,, Que devo

fazer, meus Irmãos ? „

O Inspector responde: ,, Corsul-

„ tar a vossa sabedoria, e seguir as nos-

,, sas leis. ,, ..
C p )

O Venerável. „ Eu vos entendo;

meu Irmão. ,, Depois dirigindo-se á

' Adepta, diz-lhe cornar respeitoso, e

confiado: „ Senhora , lie com o maior

„ pezar que vimos vossa falta; porem

„ qualquer que seja a sua enormidade ,

„ a indulgência , que faz a base de nossa

,, Sociedade não consente, que vo-la re-

,, prebenda mais; e para vos fazer co-

,, nhecer inteiramente o caracter dos

„ verdadeiros Maçons , persuadidos,

,, como elles o estão das fraquezas da

„ humanidade, sabei que todos os Ir-

,, mãos , e Irmãs , aqui presentes , vos

,, perdoão , e cu o primeiro , com ccn*

„ dição , que prestareis diante de r ós ,

„ e sobre este Altar, hum juramento

,, authentico de jamais empregar ou-

,, tra vingança , para com os que julgar-

„ des culpados , quereis, Senhora ? „

A Adepta respondendo, sim, to-

dos os Irmãos , e Irmãs applaudem. De-

pois faz-se caminhar a Aspirante ao Al-

tar quatro passos , rompendo com o

pé direito, e ajoelhando por ordem do

Venerável, pronuncia com eile a Obri-

gação que se segue.

D ii
\ t
()
8.

OBRIGAÇÃO.
3

,, Juro , e me empenho , na presen»

„ ça desta respeitável Assembléa, ede-

,, baixo das penas , que me impõe a pre-

,, cedente obrigação, de nunca reve-

,, lar a alguma Aprendiza , o segredo

,, de Companheira. Prometto , além

,, disso, amar, proteger, e soccorrer

,, os meus Irmãos , e Irmãs , todas as

,, vezes que achar occasião , de não co-

,, mer pevides de maçã , visto queellas

„ contém o germe do fructo probibido;

,, eainda mais, guardar esta noite co-

,, migo a liga da Ordem , ede não des-

„ cobrir os mysterios aos Profanos. Pro-

,, metto todas estas cousas , a risco

de incorrer na indignação des meus

Irmãos , e Irmãs ; he porque pesso

„ a Deos me ajude. Amen. „

O Venerável levanta a Adepta , e

tomando a sua trolha, lhe banha o ca-

bo no vaso sagrado , applica-lho cinco

vezes aos beiços, e lhe diz : „ He o

„ sello da discrição; depois conhece*

„ reis qual lie a sua moral. Tornai a


( 53 )

„ tomar este fructo, e!!e he o sytnbolo

,, de hum grande Mysterio em a nossa

„ Ordem , e nossa Religião. Recebei

,, também a nossa liga como o err.bie-

,, ma de huma perfeita amizade. „ En-

tão fazendo passar a Irmã ao lado da

Africa, elle continua dizendo: » Nós

„ temos signaes, e palavras para nos

,, reconhecermos, na qualidade de Ccm-

„ panheirã , como no Gráo preceden-

,, te. O signal se faz, levando o dedo

,, minitno da mão direita ao olho di-

„ reito fechado. Responde-se a este

„ signal, pondo o dedo minimo da

„ mão direita debaixo do nariz , o po-

,, legar sobre , o index na sobrancelha ,

„ e os outros dedos no olho. A palavra

he Beiba , que significa'.Confusão;

„ a palavra de passe lie Lamarabatha-

„ ni , que quer dizer, Senhor, pe-

,. quei só por vós me terdes abando-

„ nado. ,,

' Tendo acabado o Venerável , a In-

troductory conduz a nova Proseíyta ás

duas Olficialas , para que'se fassa re-

conhecer; depois do que a'reccr.diz

ao Venerável, que iiie restitue as suas


( SA ) ,

jóias , e tendo-ás dia tornado a pôr»

elle a colloca no lado da Africa , eco*

meça o Cathecismo.

#
( 55 )

CATHECIS MO

DAS COMPANHEIRAS.

P. Sois Companheira ? (i)

R. Dai-me liuma maça , e vós o jul-

gareis.

P. Como chegaste a Companheira ?

R. Por hum Fructo j e hum Ligar

mento.

P. Que significa o Fructo.

R. O conhecimento do bem , e do
.

ma!.

P. Que significa o Ligamento ?

(i) Em todas as Lojas irregulares, só

sc faz menção de quarorze perguntas do

CathecLmo deste Gráo , e ainda pe'a maior

parte estáo cilas táo trocadas , que dão a

entender o contrario do que sequer expri-

mir; todas as outras perguntas que como

se pôde ver , são em grande número , es-

tão espalhadas indiferentemente em todos

os outros Gráos ; isto só deve provar a pou-

ca reflexão que fazem os Grão-Mestrcs , que

tem Lojas imperfeitas.


( 5« 1 %

R, A força de liuma amisadcperfei-

ta , que só rem por base a virtude.

P. (^tie vos applicárão j recebendo-

vos ?

R. O sei lo da discricao.

P. Porque he vedado ás Compa-

nheiras comer pevides de maça t

R. Porque cilas contem o germe do

fructo proh:bido.

P.Qual lie o estado de hurna Ma-

çona ?

"... R. Ser feliz , destino para que fo-

mos creados.

P. Como se consegue esta felici-

edade?

R.Peiosoccorro da Arvore do meio.

P. Que significa esta Arvore ?

R. A Maçonaria , que nes íaz co-

nhecer o irai que practicámos, e o bem

que nos resta a fazer, exercitando as

virtudes , que nos ensinão em nossas Lo-

jas , pelo que nós lhes chamamos Tem-

plo cia virtude.

P.Onde está plantada esta Arvore ?

R. No Jardim de Eden, logar de-

licioso, onde Beos estubeleceo nosso

primeiro Pai, c 110qual devíamos vivep

em imtna segurança perfeita,

* •
('57 )

P. F xpu'sa do Paraiso terreste . co-

iro podcsieis tornar a entrar r.o Teni-

p'o? (i)

R. Pela Arca de Noé , primeira gra-

ça , que Deos consedeo acs homtns.

P. Que significa a Arca deNcé?

R., O coração humano, agiiado pe-

ias paixões , como a Arca o era pelos

ventos sobre as arcas do Diluvio

P. Para que construto Noé esta

Arca.

R.Para se salvar, e sua família do

castigo gera! j e assim vem os Maçons

a Loja para esquivar-se aos vícios , que

reinão tanto nas outras Sociedades.

P. ( 01110 construiu N< éesta Arca?


9.

R. Fc r ordem , esegundo os Manos

que o Grande Arquiteto do Universo

lhe deo , e cuia moral deve servir de

regra ses Maçons, a fi:n de se garanti*

tem da corrupção geral.

P. Porque senão aproveitarão deila

os curros homens ?

(i) Deve eritender-se aqui ser esre Tem-

plo figuradamente o symbolo doestado de

ismocenaia , em que vivia nosso primeiro

Pai, nntes da sua queda , e no qual se espe-

ra lo/nar a entrar , cultivando a virtude.


(5?)

R. Porque cégos pir falsas doutri-

nas , criticarão a obra do Grao-Mestre,

que para os punir os entregou á obsti-

nação , que os precipitou.

P.Deque forma era construída es-

ta Arca ?

R. Tinha quatro andares , cada huin

com trinta covados dealto, o seu com-

primento era de trezentos covados , com

cincoenta delarguia.

P. De que páo era fabricado este

edifício ?

1L De cédro , madeira que a Escri-

tura nos diz ser incorruptível symholo

do verdadeiro Maçon , que deve ser vir-

tuoso unicamente pelo prazer, e pôr-se

ao abrigo dos prejuizos, e da caluninia.

P. Que forma tinliao as taboas ?

R. Erao rodas iguaes , e bem aplai-

nadas ) o que nos mostra a igualdade

perfeita , que deve reinar entre nós, e

que deve ser fundada na ruina do amor-

proprio.

P. Como havia claridade na Arca?

R. Por huma única janella, aberta

no quarto andar.

P.Que ave fez Noé sahir para ver

se as agoas sstiulião retirado i

[
( 59 )
9 1

R. O Corvo , que não voltou , ima-

gem de todos os Irmãos falsos, que or-

nando-se dasabedoiia, desprezao os

prazeres innocentes dos Maçons, para

gozar tin particular dos criminosos de-

leites dos sentidos.

P.Qual foi a ave que Noé fez sa-

hir depois do Corvo ?

R.. A Pomba, que trouce hum ra-

mo de oliveira , symbolo da paz, que

deve reinar na Maçoniria.

P. Dai-tne o signal de-Companheira?

R.Eis-lo aqui. ( Ella o jaz. )

P. Dai-me a palavra ?

R. Belba , que significa confusão.

P. Dai-me a palavra de passe.

R. Lamasabathani , que quer dizer,

Fenhor, pequei só por vôs me terdes

abandonado.

P. Como viaja huma Companheira?

R. Sem rodeios , ena Arca de Noé.

P. Dai-me huma resposta definiti-

va sobre a relação que tem r.ossas Lo-

jas com a Arca de Noé ?

R. He que Noé retirado do com-

niercio dos homens, cultivava ra Arca,

pom sua família a innocencia , e a virtu-


\ • • ■
gindo das sociedades escandalosas , e

torpes, vem á Loja para gozar destes

prazeres deliciosos , exemptos dos re-

morsos , que nos procurão a honra, e

a decen:ia.

Depois desta resposta , o Venerável

diz ,, cultivemos pois estas virtudes que

„ nos sito tão caras, e , para lhes tes-

,, temunhar nosso consentiir.enio , ap-

,, plaudamos , meus Innaos. ,, Todos

os Irmãos, e Irmãs applaudetn , e o

Venerável diz. ,, A Loja está techada ,

,, meus Irmãos ,, As duas Oíhcialas

repetena as mesmas palavras.

Fim do segundo Gr do.


( 6i )
9

• *

MESTRADO.

k
' P *', _;1 *-► T FTE f. ' * - ' II <13 'C *%/ Ê& Í

TERCEIRO G R Á O.

'

_____ *

v f+ f ^ •m v# ^ *W

L ABO RAT OR 10.


V L / Í . UIDl' »

Este Quarto he o que fica á esquer-

da , separado da Loja por huma corti-

na , e se chama Laboratório , j erque he

onde se conduz a nova Prcselyta para

trabalhar. Deverá conter huma barca

onde haveráó tisoura, malhetes , e outros

instrumentos. Haverá de mais huma cai-

xa , na qual se porá hum coração abra-

sado; esta caixa deve ter huma tampa ,

dividida em duas partes , de maneira que

possa abrir-se por nteio de huma mo-

la , logo que se lhe toque mo meio : este

Quarto he unicamente allumiado por

duas velas, que se porão sobre a banca :

a cortina de separação se pode tirar quan-

do se abrir a Loja.
(.61)

OUADRO.
JK

Elie representa as quafro partes do

Mundo , por meio de quatro figuras pin-

tadas : Noé «ahindo da Arca, e ofere-

cendo a Deos em sacrifício hum Cordei-


M|

ro ; hum Arco-Iris ; Abraham prompto

a immoiar seu fiiho; a escada de Jacob

adormecido ■, Sodoma em c ham mas ; a

mulher de Loth em estatua de sal; hu-

ma cisterna em a qual se vê Jo«é , e so-

bre elle o Sol, a Lua , eonze Estrel as.

Nos dous lados deste Quadro se porão

treze luzes, sete á direita, eseis áes-

querda.
( «3 )

abertura,

ADORNO DA LOJA.

t ^ j rj v ' ^hb*J^h^H

,? A Abertura desta Loja em nada

differe da de Aprendiza , e Companhei-

ra , á excepção do nome de Mestra; e

que , quando o Grão-Mestre pergurta

quaes são os deveres de Mestra , em lu-

gar de responder-se : obedecer, traba-

lhar, ecallar, se diz, amar, protejer,

esoccorrer nossos Irmãos, c Irmãs. A

tapeçaria , ou armação sempre carme-

sim , como na precedente; e he neces-

sário além disto sobre o Altar hum

Arco-Iris, e na Asia , do lado da Afri-

ca , huma pequena torre de forma espi-

ral , da altura de hum pé, pouco mais

ou menos, ecujo cume tenha sufficien-

te largura para que a Adepta possa alli

suster-se. Sobre a superfície desta torre

haverá em grandes caractere® esta devi-

sa: Torre de Babei, monumento doo


(<s4)

gulho dos homens ■, precisa-se ainda

huma esc ida com cinco degráos, cujo .

uso se verá na Recepção.

recepção.
£

O Orador esrá na Camara de pre-

paração com a Adep:a , á qual faz hum

discurso sobre a dignidade do Gráo , qie

vai receber, depois do que lhe venda

os olhos, e a introduz ra Loja, obser-

vando' as formalidades ordinárias. O Ir-

mão Inspector faz pôr a Adepta da

parte de ba xo do Quadro, e avisa o

Grao-Mestr? que a Irmã que descia ser

recebida Mestra , está presente. O Ve-

nerável pergunta á Aspirante ,. que pro-

gressos tem feito na Maçonaria . e quaes

são as palavras de Aprendisa , e Com-

panheira. Logo que ella respondeo, o

Venerável nianc'a , que o Irmão Insper tor

lhe faça dar a volta d roda da Loja t

começando pelo lado da Africa , e a

submetia á experiência da confusão.

Deve-se observar, que logo que ella

principia a andar, se trará o mais de-

pressa possivel , e sem fazer bulha , á


( 6s)

pequena torre de que falíamos , a qual

sc porá no sitio donde a Adepta par-

tio. Haverá também huma prancha de

sete a oiro pés de comprido, da qual

se collocará huma das extremidades so-

bre a rorre , e a outra no chão , da parte

do Venerável , de maneira que forme

hum declive suave , a fim de aue a


/ I

Adepta acabando a sua viajem, chegue

aO cume da torre sem o perceber. Logo

que a Irma tem subido á terre tira-se

a prancha , e os Irmãos Inspector , e De-

positário a fazem voltar para o Grão-

Mestre , sustendo-a pelos braços para

que não caia. Então o Venerável lhe

pdrgunta , quô objecto a conduzio á Lo-

ja ? A Irma responde que o desejo de

chegar ao Gráo de Mestra. ,, Sabei,

,, minha cara Irmã , lhe torna o Vcnc-

,, ravel, que as dignidades , entrenós ,

„ só se obtém á força de virtude, de

,, trabalho, e de humildade ; e este he

„ o motivo po-que não podemos dar-

,> vos aigurrías sem infringir nossas

,, leis; e, para vos provar, que esta

„ escusa hão he injusta , nós vamos rts-

,, tiíuir-vos á luz , e fazer-vos conhecei'

E
. ' C 66) ,

a temeridade de vossa supplica. ,, De-

pois dir'gindo-se aos Oificiaes :,, Meus

Irmãos, tirai-lhe a venda, e puni-a de

sua presumpção. ,, Logo a Irmã lmro-

„ ductora lhe destapa os olhos , e os

„ dous Irmãos Inspector, e Deposita-

„ rio a levancão pelos braços, descem-

„ na da Torre , e lhe fazem ler a inscrip-

„ ção. Depois do cjue o Grão-Mestre

,, lhe diz: Vós vedes, minha cara Ir-

,, mã , quanto a luz da sabedoria, e.

„ verdade ncs lie necessária , e a que

}, excesso de erros nos pode levar a

„ ignorância , e a cegueira. Facilmente

„ julgareis, que ainda que innocentc-

„ mente subindo ao maior gráo de or-

,, guiho, nós vos não podíamos rece-

,, ber em nosso Templo. Depressa co-

nhecereis os tr.yster os, que contem a

,, experiência porque acabais de passar.

, Contencai-vos agora de vos sustar á

„ humildade , que se deve praticar para

,, entrar no Santuário da Virtude. ,,

Dirigindo-se ao Inspector:e vós , meu

3, Irmão , fazei conhecer á Irmã com

,, que respeito deve virão Altar. ,, O

Official faz descalçar' a Adepta, e dar


<#*)) -

cinco passos descalça sobre c tapete , da-

direita para a esquerda, alternativamente,,

de maneira que ao quinto, cila sc possa

achar ao pé do Altar , diante do qi;2Í a

farão pôr de joelhos , com a mãp direi-

ta sobre o Evangelho, para proferir a

seguinte Obrigação. O Venerável II a

dieta ,Apondo-ibc hurna espada r.ua , so«.

bre a ca beca.

■ OBRIGAÇÃO.
f
\ ^ H

„ Juro sobre este Altar respeita-,

„ vel, peio sacrifício de Noé , de Abra-

„ ham , e pela espada de Jacob, de

„ nunca revelar qualquer segredo dos

,, Maçons , c de nada explicar ás Com-

„ panheiras do que me ensinarem sobre

,, os mysteries do Mestrado ; e renovo

„ a promessa que fiz nas minhas prece-

,, dentes obrigações , de amar, piote-

„ jer, e soccorrer meus Irmãos , e Ir*

„ mas todas as vezes que se me cíFere-

-j, cer occasiáo i e prometto todas estas

„ cousas debaixo da minha palavra de

„ honra ;e se eu for capaz , alguma ve? ,

„ de faltar asila, convenho tie incorrer

E 11
( 63 )

J, no pe]o, desprezo, e infamia quefo•

,, do o bom Maçon reserva ao perju-

rio } e para me preservar disso , pesso

„ a Deos me auxilie.

Pronunciada a Obrigação , a Adepta <

se levanta , e calça os çapatos, depois

do que lhe diz o Venerável: „ Minha

j, cara Irmãa , como o Grão a que as-

,, piraes , lie devido unicamente ao tra-

,, balho , e a constância , não posso ain-

„ da descobrir-vos seus tr.ysterios , pois

,, que vos resta hum destes deveres a

,, preencher; e por isso o IrrnÕo ln«-

,, pector vai conduzir-vos ao Laborato-

„ rio da« Mestras , onde acabareis de

,, nos convencer , pelo zelo , e ardor

„ que mostrareis , que mereceis a au-

,, gusfa dignidade que sollicitaes.,, Aca-

bado este discurso , o Inspector con-

duz a Adepta ao Laboratório : o Ora-

dor, que alli a espera, se póe á sua es-

querda , e o Irn ão Inspector á direita.

Este ultimo toma hurra tizoura , ca dá

á Irmã , cue a deve conservar na mão es-

querda ; depois lhe apresenta hum ma-

lhere,com o qual a fará bater quatro pan-

cadas , nos cantos da caixa , e huma no

\
(6 9 )

meio. Logo que a caixa se abre , o Ora-

dor olha para dentro , mostrando á Ade-

pta o coração que tsiá no fundo, e lhe

diz : ,, Minha cara Irmã , esta caixa que

„ vedes , e o coração que vosso trabalho

,, prodiizio , são osymbolo da moral da

,, Maçonaria, que, pelas virtudes que

,, ensina , parece deixar unicamente

,, aos homens a fórma comtrum , tor-

„ nando-os brandos , e compadecidos.

Então tomando a caixa , a leva ao Ve-

nerável , que felicita a irmã pelo seu

trabalho , e que ordena ao Inspector

voire com elia á Loja , para a fazer su-

bir a escada misteriosa. Immediatamen-

te o Official faz avançar a Adepta para

o fi n da escada em qtie falíamos , e que

se deveria ter deitado sobre o Quadro ;

depois a conduz peia mão, e lhe faz

pôr o pé esquerdo , e direito pat alie los ,

sobre o primeiro degráo , e assim so-

bre os outros i e logo que ella chepcu

ao ultimo , o Official annuncia ao Ve-

nerável , que a Adepta chegou ao auge

da felicidade. O Grao-Mestre se levan-

ta , e ordena se fassa approximar a Irmã ;

e quando ella está perto do Timono, o


C;7° )

Venerável lhe da a mão obsequiosamen-

te , e ihe díz : 59 Minha cara Irmã , se-

99 guindo os princípios , que a sabedoria

99 nos dá , achamds mui pouco conse-

99 der á vinude a es ri ma ordinária , que

99 iodo o homem lhe deve, e por is$p

99 eu vos coniecóro com esta jcia , (he

jy a í rolha) como sendo o distinctive

99 honorifico da pura homenagem , que

,99 lhe rendemos. Esta 1 rolha i signiíi-

•>9«ca entre nós, Mestrado ; porque, sen*

*99 do só concedida ao vcrdsde*iro ne-

t* rito 5 eUa hei õ syrrtbolo dehumaal-

99 ma çorajo a , e Penhora de si mesma,

it <) fcignai deste Grao , lie figurar a es-

99 ca^a dianre "de si (i) ; respondesse a

99 este signal is rendendo a mão esçuer-

*99 da sóí>r-e o rosto do mesmo lado , \ie

<99 maneira que o dedo minimo fiqueso-

99; bre a boca , o segundo debaixo do

99' rnriz , o terceiro no olho, o quarto

99 ru fonte , e p polegar se bre a orelha ;

■99 o que dá 08 signaes des outrosGrócs,

. s 4

(i) Ha Lojas onde este signal he o de

Aprendiza , ainda que nestas mesmas Lo-

jas só se (assa menção da escada, no Gião de

iyE^oa.
I

( 71 )

»5 demonstrarão os cinco sentidos (1)»

»» o toque faz-se apresentando-se n u"

»» tuamente o index , e outro dedo da

»> mão direita , que se põe hum sobre

» o outro j depois se apoia sucessiva7

»* mente o polegar sobre as juntas ao pe

» da unha , o que mostra o número sa"

>» grado (cinco) entre os Maçons. A

»» palavra de Mestra lie Avoth-Jair,

j» que significa , a brilhante luz da ver-

j» dade abrio meus olhos. A palavra de


4 / \ 1 ^ • •

» Passe, neste Grab , he a palavra de

n Companheira , Babel. Hide sgera ,

» minln cara Irma , dar as Officials os

}> signaes , e palavras que vos dei. »»

A Irmã obedece, e logo que aca-

bou , o I rmáo Inspector a faz porá di-

1
reft a do Grão- Mestre ^ o Orador pro*

fere hum discurso rao respeitoso , como

instructive , depois do qual coiressa o

Cathecisino.

(1) Em tôJas as Lojas irregulares', não

• se conhesse este signal ; e ainda que nos

Gráos só se designem rres mentidos , per-

. gunia-se com tudo , no Cathecisqjo de Mes-

v tra , porque referem os Maçons seu, signaes

aos cinco sentidos,


( 7* )

CATHECISMQ
f • ' *

DE MESTRA.
f 4 m

P. Sois Aprendiza ?

R. Fu ocreio,

P. Sois Companheira ?

R. Conhesso o fructo prohibido,

P. Se he verdade, que sois Corn pa«

nheira , deveis também conhecer a Arca ?

R. Sim , Muito-Veneravel , sou Ma-

ço na , trabalhei na Arca , çonhesso-lhe

as propriedades , e venlio a Loja para

corregir-me dos defeitos da humanidade.

P. Sois Mestra ?

R, Sei subir a escada. , •


LM í - • . . %

P. Quem vos fez Mestra ?

R. A humildade, o trabalho, o ze*

• lo , e a discrição.

P, Porque experiência passastes ?

R.Pela experiência da confusão, pre-

cipitando-rre da torre de Babel . sobre

a qual a cegueira me havia conduzido.

P, Que significa a Torre de Babel £


'^1 : / 1 | l 1
â
71
• * *

R. O orgulho doj filhos da terra ,

do qual nimguem se pó le livrar, sem lha

oppór o ccrnção humilde, e sincero dc

huin verdadeiro Maçon,

P. Quem formou este orgulhoso

projecto ?

R. Os descendentes de Noé , que

desconfia»lo da Providencia , que os ti-

nha poupado , iniagin.i' ão fizer hurra

Ti rre mui aha , que os livrasse de hum

segundo Diluvio, julgando assim limi-

tar o poder divino.

P. De que era construída esta Torre?

R. De tijolos grandes , unidos com

betume , composição grossa , e g ruino-

sa , que une com naus vigor do que

qualquer outra argamaça.

P. Qual foi a base da Terre ?

R. A loucura.

P. Que signifkão as pedras ?

R. As paixões humanas.

P. Que significa o cimento?

R. Q veneno da discoí dia.

P. Que forma tinha esta Torre?

R. Huma e«pirai em altura , o que

symbolisa a duplicidade, eos desvios uos

corações falsos, e dos homens vães.


(,74 )

P. Até que ponto chegou este mo-

nu mento ?

R. Até que Decs enviou a confu-

são das Jingoas aop que alli trabalha-

vão , os quaes sc dividirão nas quatro

Pdrres do Mundo.

P. Qu? veio a ser deste ridículo

edifício ? ,

R. O retiro, e labitacão de insectos.

applicaçao devem fazer os

Maçons deste succes^o ?

R A respeitar as promessas do Ente

Supremo, a confiar ne!Ie só , a não for-

mar projectos vãos de gloria , c fortu-

na , e a fundar as sues acções unicamen-

te na virtude , e sabedoria.

P. Que reflexão mais se pôde tirar

dellf ? ,-p . •-áj.

R. Que a Torre de Babel lie o exem-

pio de.ivjuia Loja mal ordenada , on-

de tudo s.ri dcsoidf. m , e confusão quan-

do riejxçin de haver alli a obediência,

e concórdia devidas

R* '» Qual he o symbolo do Mes*

»» trado (t) ?

(i) Em todas as Lojas concordáo , q

escada da Jacob só deve fazer-se conhecei)


:
( 75 1

" A Trolha. t <'x

iJ. »» Deque vos serve e!la ?

1<. »> De revolver, e imprimir em

5? irreha a!a a fenfiwenrcs de honra, e

« sa-Hi'oria , pois que he o emblema da

- oito Breu aODis/') ípm

» Que rrnz diar.re de si huma

»> Mcji a M'acora ? •'>


^ , 1 ^ rf

JV. A configuração da escada de

Que <?cr.ifica esra escada ?

A. As diffèréhtcs vir:udes , que de*

•vem pr'suir'rodeis *sbòas Maço nas.

P. Dar-me-a significação dcs áous

prumé* da cacada ? »

R. Elles-^yrnbofisaò a humildade,


e caridade-, que devem ser a base de to-

adas a? no*?a? felçôis1. *' 1


• -

R. Que designa o primeiro degráo?

f
l I J V r? fi« f* 'fTl ■HN*'1 %• 4
(S 1
• V, *» / VKHII p >tHft '*■ * i

— — - - - , |- - - ,| , |t,

"Í no T.Testrado « e que a Trolba hé absoluta-

mene a Jeia deste Gráo. Com tudo muitos

Mestres faiem todas as perguntas , qu°aqui

• vão matcadas por virguJas dobradas, na

(irao de Aprendiza ; qumdo a nova Prosc-

• lyta náo sabe de forma alguma o que quer

isto tudo dizer 5 e se lhe darão 3 ou náo hu-

• ma Trolha.
( jt>) , ■ .

P. A. cm lura , virtude propria de

hunvj bel la alma , susceptível das boas

impresso?s da Miçonaria.

P. Quedo sigtu o segundo ?

It. A d içara o clemenca , que deve-

mos exercer para com cs nossos seme-

lhantes.

P. Que disigna o terceiro ?

R.A verdade , que deve ser sagra»

da entre nó? , como hum dos raios do

grande Sol do Universo, que he Deos.

. P. Qual lie o quarto?

R. A temperança , que nos ensina a

pôr hum freio ás nessas paixões , fugin-

do de todo o exepsso desordenado. •

P. Qual he o quinto ?

R. O si cncio , que devemos observar

sobre todos os n ysterios da Maçona-

- ' ria. ml. '

P. Cor.ta:s ainda mais algum (i) ?

' ^ t ! Iò^ "4 'i ri | {'7 i jy .! [1 ^J 'S * 4 ( J > TT ' * * ' '

(i) Ainda que a escada de Recepção so

eontenhâ , e náo deva conter mais , do que

cinco degráos, isto náo ob.»ta a que em to-

dos os Manuscritas , de que se sei vem nas

Lojas irregulares , se pergnn e a signific*-

•i çáo de oito; he verdade que quasi todas

as perguntas estão tão confusas , que se tor-


(77 ) ■
r 0 t

R. Sim , Muito Venerável.

P. Quantos ?

• JR. Tantos, quantas são as d fferen-

tes virtudes , que ha.

P. A quem está reservado conhe-

celías ?

R. A todos os bons Maçons , e Ma»

çonas, que desejsndo chegar á perfei-

ção humana , as põe em pratica.

P. Qual foi o prin eiro homem,

• que raereceo conhecer erra escada ?

li. O F tr arca Jacob, em hum so-

nho mysrerioso.

P. Não vio elle mais do que o sym-

boio ?

v
R. Elie vio efFectivãmente huma es»

cada , sobre a qual havião Anjos , su-

bindo ao Ceo.

P. Onde estava posta a escada ?

R. Na terra, o estrado do Senhor.

P. Até onde chegava o seu cume?

' R. A' direita do Creador , logar dos

Berna venturados.

na a começar muitas vezes a mesma cou-

sa , sem se reparar nisso ; tanto estes Ca-

thecismos são falsos, ridículos, e inintel-

igíveis.
. ( 78- >
r

P. Como se pôde chegar á'li ?

R. Pela união das virtudes.

P.Podereis explicar-me o que re-

presenta o Quadro de Mestra. .

R. Sim , Muito Venerável.

P. Que significa o sacrifício de Noé?

R. Sendo o sacrifício huma prova de

reconhecimento, e gratidão, nos ensk-

na, que hum verdadeiro Maçon deve

tirar vantajem dos perigos que correo,

e agradecer ao Author de seus dias de

lhos ter conservado.

P, Qae significa o Arco-íris?

R. A/harmonia de todos os sentimen-

tos , que reinao entre os Maçons , sytn*

boiisada*"peia brilhante mistura de co-

res , que fórma o Arco-Iris. >

P. Que representa Jacob dormindo?.

R. A paz , e tianquillidade , que go-

za huma alma vrtuosa,

ç P. Que nos ensina Abraham,promp-

to a immolar seu filho ?

R. Que hum bom Maçon deve sa-

crificar tudo , que possue de mais caro ,

logo que a sabedoria oexiga.

P. Que nos mostra o castigo de So

doma ?

%
( 79 )

R. Que os Maçons devem ter hor-

ror ao crime abominável , que arrahio

o fogo do Ceo sobre esta Lid.ide lie

para nos recordar csia idea, que r.os

servimos das terrinas inflamadas

P. Que nos ensina a mulher dè Lo»

th , tramformada em estatua dc sal ?

K. Que devemos < bedecer á razão ,

e sobre tudo ab ter-nos de querer pene-

tra os segredos do Ente Supremo.

P. Forque se representa , r.o Qua-

dro , a lose em hunia cisterna, e sobre

elle o Sol, a Lua , eas onze estrellas ?

R.José na cisterna , nos faz ver ,

que sea virtude fica alanas vezes igno-

rada , lie para tornar a apparecer coin

mais explendor; e o Sol, a Lua , e as

enze estrellas nos annunciáo a gloria des-

te santo homem , pela qual Decs re-

compensou suas virtudes.

P. Qual he a palavra de Mestra

Maçom ?

R, Avoth-Jair, que quer dizer: a

brilhante luz da verdade abrio meus

3 r
olhos. '^7 ° '

P. Dai-me o signal dc resposta des-

te Gráo ?

• •' ■
( 8o )

. R. Eis-Io squi ( Ella ofaz<)

P. Que significa?

R. Exprime os signacs dos outtoi

Grãos, e designa os cinco tertidos.

P. Porque motivo referem os Ma-

çons os seus sigraes aos cinco senti-

dos ?

R. Para nos ensinar a fazer delles

lium bom uso. O primeiro , na boca ,

admoesta que a sensualidade he hum vi-

cio , e que os Banquetes dos Maçons,

só são para gozarem entre si de iiuma

sociedade tranquilla , cujos prazeres são

sempre amaveis , como fundados na

temperança ■, o segundo , na ore lia , nos

adverte que hum Maçon deve fechar os

ouvidos á calumnia , e nunca proferir

huma única palavra , que possa clfender

o pejo , e a castidade das lrrnãs ; o ter-

ceiro , sobre o olho, avisa hum Maçon

de que deve unicamente ver as Irmãs

com os olhos da alma i isto he , que

elle deve respeitar sua sabedor a ,

sua virtude , e que a belleza , e gra-

ças , que cl las possuem , não são de qual-

quer -forma , para inspirar desejos cri-

minosos , mas para oinar a Sociedade»


(*I)

e tornalla mais alegre, e mais amavèlj'

o quarto , debaixo do nariz , nos faz c -s

nliecer que todos os bons Maçons , e

Maçonas devem ser superiores a tudo,'*

que possa lisonjear os sentidos , a fi<n

de se não sacrificar o bem da Sociedade

ao p<azer particular; o quinto que he

o toque que damos no primeiro Grão,

nos lembra que continuadamente reno-

vamos o nosso tratado de paz , e que

estamos sempre promptos, com mão

cari'ativa , a valer a nossos Irmãos, e

Irmãs nos seus perigos , e necessida-

des.

P. Qual he o toque de Mestra Ma-

çona ?

R. Faz-se apresentando-se mutua-

mente o index , e o outro dedo da mão

direita , que se põe hum sobre o ou-

tro , depois se encosta o polegar sobre

as juntas, ao pé da unha. •*

Pt Quaes são os deveres de huma

Mestra Maçona ? /

R. A mar , protejer, e soccorrer seus

Irmãos , e Irmãs.

O Venerável. »> Amemo-nos , pro-

» tejaino-nos , e soccorramo-nos mu-

ff .
C «» )

>» tuameate , segundo as nossas prt>

n messas. »

ftxha-se esta Loja como a prece-

dente.

Fim do terceiro Grão.


( 83)
%

Jâ''w * ft . - T 4 . * •r - V -» w

» -■■ . ■ ■■-., ■ , ■ ■ ■«■ ,. .


M ^ *# '

O MESTRADO PERFEITO

Q.UARTO GRÃO.

SALA DE RECEPÇÃO , ORNAMEN-

TOS , E ^01A.

A Loja de Perfeita suppoe-se re-

presentar o Tabernáculo de Aliiança, que

Moysés fez assentar fora do campo dos

Israelitas, quando èlle os conduzia , com

Aaron, pelo deserro da Arabia Petréa.

Se este Gráo he dado logo depois do

antecedente , a Armação , o Docel, eo

Altar ficão na mesma ordem. Ha além

disso de cada lado do Venerável hiima

columna torcida , cheia de tigelirihas illu*

minadas com cera. A da parte direita

deve ser transparente , porque represen-

ta a columna dc fogo,que allumiava osju-

deos, durante a noite j ea outra substi--

tue a nuvem , que os escondia aos olhos

dos Egípcios. Estas duas columnas de-

F ii
( 84 )

vem ser coroadas por ham Arco-Tris ,

ruarncc do deouze aiampadas (T). £o-

bre o Altar haveiá hun a bjTa y onde

se porá qualquer vaso de funio jsra

cima, o qual feiá dentro hum passaio

vivo. Ter se-ha igoalmeníe cuidado em

deitar na ba.ia , á roda do vaso, duas

ou três polegadas de area mui fina , a

fim deque não possa destapar-se, para

ver o que contém , sem se lhe deix rem

vestígios. Também strão postas treze

luzes guarnecendo o()uadro, como no

Gráo precedente. Tc do os Irmãos , e

Irmãs, bem coma o Grão-Mestre, e

Grã-Mectr3 tem huma vara na n ão es-

querda j rs Irmãos tem a em difto, n% di*

Mia , as suas tspadas. O Venerável de-

ve estar munido de hum par de Lig3s

dt seda azul, com dous corações bor-

dadas de oiro , e esta devida , devida

por art Has : A lrl 101 Z í £< A OS L A E y

O Cf O NOS RECOMPENSA. A

Joia de Perfeita lie hum Martello de

(I) Cumpre haver muito cuidado em

se empregar unicamente cera,netas illu-,

jrnnaçoes; poique de outra mancua. o iu-

mo se tomaria ínsupportavcl.
. ( 8f )

ouro, com hum annel de ouro, e prata ,

no qual está gravada a palavra SE(iRE-

DO. Leva-se á Loja em hum co.uáo

comprido azul, ondeado , posto cm tor-

ma de aspa.

' ALTAR DO FOGO (i) DA

VERDADE.

Este Altar deve estar armado em

hum doscan'os da Lo;a Sobre ellede-

verão haver muitos vasos antigos, dou-

rados , e prateados , representando os

que os Israeluas leváráodo Egipto. No

meio estará huira caçou lo , onde arde-

rão perfumes , e deíronte da caçcula ,

haverá hum prato , também de prata

para a Oblação ; ao lado ficará hurna cai-

xa, igoal áde qi.e se fez uso r.o Grão

precedente , observando , que em logar

de hu n coração, he necessário pôr-lhe

est ;s quatro palavras em letras de ouro:

A MANA, HUR, CANA, EUBU-

(i) Este Altar deveria ser tal , qual se

vè gravado noCipitulo tr inta do Exoe.o ;

porem nío o podendo ser, suprir-se-ha com

hu.ua meza.
( 86 )

7U£, que significão, Verdade, Liber-

dade , Zelo, e Prudência. A' esquerda

da caixa haverá hum martello, e á di-

reita huma naveta cheia de ensenço, e

hum thuribuio, com o qual o Orador

enccnsará algumas vezes, durante a Re*

■çepçáo.

riu A D R O.

Representa Pharaó vendo as espi-

gas em sonhos, José reconcilianáo-ss

com seus irmãos , muitos homens de •

av*nal, e trolhas , com as quaes ama-

do barro, para fabricar tijolos , Aloy-

s'es no cesto sobre as agoas do Ni'o , no

"momento cm que a filha de Pharaó Q

faz retirar; e na frente do (Quadro,

Moysés , e Aaron á testa dos Israelitas ,

pas margens do mar vermelho, no qual

se vê 1'haraó, e seu exercito subtner-


o f '

r;do.

<cY
( 37 )

K V* ■Bfr W W

PREPARAÇÃO:

. 1 , 4 . •. ft | | A (jj\ 1 »s M V« »■ I • V f | * /f 1 # «

D vf ADEPTA.

\f.r '.•:'£ E1C|-' , . ' ,' "lb r "I. it O . 'ifclUO

Ella deve estar na Camara de Re-

flexão. O Orador a vai procurar , e a

interroga sobre os tres primeiros Gráos;

e logo que acabou de responder, cíle

lhe recorda os deveres , que se unpoz pe-

jas precedentes obrigações i e a-exacção

que deve mostrar para o futuro>na pra-

tica da virtude ; depois'do que a deixa

por hum instante, e vai buscar o vaso ^

que encerra o passaro, -e o entrega á

Adepta ; então , pondo-o sobre huma

banca, ao íado delia , lhe diz:■*»» Se-


* "\ -*

»» nhora , este vaso que vedes * contem

»» oultupo segredo da Maçonaria j he

»» hum deposito sagrado , que o Grão*

»» Mestre vos confia , sem 'exigir mais

» provas da vossa discrição , do que a

» alta estima que concebeo de vós; e

m o respeito devido á virtude proh.be

»» que eu per tenda outraSrCom tudo,


( n )

a COTJO hides ficar única depositaria

»> dcile, perniitti-n e vos declare , que

a o menor indico de curiosidade , que

a mostrardes , vos tirará todos os

a meios de chegara esfe augusto Gráo ,

!<
a a que aspiraes. »* Acabado este dis-

curso, o Orador deixa a Adepta alguns

minutos entregue a suas reflexões. Depois

' torna a entrar , e observa se a area náo

íòi tocáda ; e conhecendo que o vaso

foi levantado , reprehende vivamente a

•Irmã , e lhe diz, que tendo transgre-

dido aso^rincipaes leis da Maçonaria ,

•eila não deve mais esperar ser admitti-

da ao sublime Gráo de perfeição , e que

qualquer desculpa he inútil; pois que

eiic náo tem tempo, paciência , e a ca-

ridade ,; que podem fazer-lhe merecer

•denovo a graça , que acaba de perder ,

pe'a sua igrande inconstância. Depois

ice!u a Loja de Pe*feira, e, quando

se abre Loja de Meza de Mestra , o Ve-

nerável çor.dena 3 Irmã em huma multa

de tres libras para cs pobres; porém se

peio contrario, quando o Orador vo1-

ta , jpada acha desarranjado, elle lhe

áu , 3 que .para recompensar sua pruden-


. . ( g9 )

dencia , e discrição , ella vai ser inicia-

da nos mysterios da Ordem ; ao mes-

mo. empo elle apresenra a Adepta huma

bacia iheia de hum li j u ido odorífero,

no qual lhe faz lavar as çortas dr s de-

dos ; depois lhe da o prafo, onde esta

o v;.?o, e vai bater cin».o pancadas á

porta da Loja, que servem de signal de

introducção.
( s° )

ABERTURA
;
h »' * a % 4 kf L w M li II I I | f | ii I ' JI V N- '1 I J
r tM ' J / / « l/i li ' i I *

DA'LOJA

f
lit ^1' '* ^ . . i ]£r\( O r O 'c• * * * * > • #

• DE PERFEITA MACON A

frrt u ( D • *

#'• ^ 4L U v i • •#

O Grão-Mestre , eGra-Mestra es-

tão postos debuxo da parte anterior

ao Doce), tendo quasi, sobre a cabe-

ça o Arco-lns ; os Irmãos , e Irmãs for-

mão em duas linhas , observando hum

grande silencio. O Venerável bate cin-

co pancadas , e avisa a Assettibléa pelas

duas Oíikialas , que vai abrir-se a Lo-

ja de Perfeita Maçona ; depois o mes-

mo Venerável começa as seguintes per-

guntas.

P.Qne horas são?

R. O nascer do Sol.

P. (jue significa esta hora?

R. Aqueila em que Moysés entrava

no Tabeniiculo da Alliança, para en-

sinar os Àlandaniemos da Lei de Dcos

aos Israelitas.
C 91 )

O Venerável. »> Como he para o

» imitar que nos juntamos, avisai ros-

»> ses caros Irmãos, e Irmãs, que a

»> Loia está aberta. *»

Tendo obedecido as Offieialss , to-

da a Assembléa appiaude ; e lie depois

destes applausos, que o Oradór ha de

bater: o Irmlo Depositário, que deve

estar ao pé da porta, adverte o Inspe-

ctor •, este se levanta, e vii perguntar

ao Orador se a Irmã preencheo todos

os seus deveres Tendo lhe assegurado

o Orador , que eila he digna de entrar

no Santuário , o Irmão Inspector toma

o prato das mãos da Aspirante , e vai po-

do sobre o Altar do G áo-Mestre, e lhe

d.'z : » Muito Venerável; huma Irmã

»i mui respeitável por seu zelo, e por

»» suas virtudes, tendo resestido á ulti-

» ma experiência, pede com instancia

»» ser admit:ida ao Grão de perfeição: »>

O Grão.Mestre responde, que não sen-

do mais do que o primeiro entre seus

igunes , nada pódc fazer sem o consen-

timento dc todos os Irmãos, e Irmãs,

tntão dirigindo-se á Asserrbléa , per-

gunta se ninguém se oppõe á Recepção


< 9i )

da Aspirant?, c não se oppondoalguém,

fazun-se as acchmações ordinárias. De-

pois todos os Irmãos , e Ira as põe o

joeio esquerdo em terra, e o Venerável

manda, q .e o Inrf ector introdusa a Ir-

mã sem venda, e egundo o costume j

logo o Orador passa huma cadea de fo-

lha de flandres aos braços da Adepra,

depois a entrega ao Inspector, que a

conduz á Loja , e a põe ao lado dos

Officials. Assim que dia he annuncia-

da , o Grão Mesue lhe faz muitas per-

guntas sobre os Grãos precedentes , de-

pois ordeni, que o Inspector receba os

signaes da Irmã , palavras , e toques do

Grão de Mestrado ; o Irmão obede^ se, .

edíz depois ao Venerável, que a con-

ducta da Irmã he irreprehensivel , e,

que tendo chegado á Maçonaria por

huma f liz inspiração, ella provou o

fructo iwvsterioso , trabalhou na Arca ,

sabe subir a escada , e que os seus últi-

mos desejos são de juntar-se a seus Ir-

mãos , para entrar na Terra prometti»

da. O Ven:ravtl responde: »» Meu Ir-

»» ni.ii o , nós rao pod. ria mos recusar-

» ll)o sem sermos injustos: armai a ir-


( 93 )

r
>» ma para a viajem , e ;*?ei lhe passar

»> o mar i » o Inspector lh: dá h ma

vara , então o V<n tavel bate circo pan-

cadas cotr.pass. das : á primeira t. dos

os Irmãos , e Irmãs se levantão ; á se-

gunda , os Irmãos levant; o suas espa-

das perpendicularmente \ á terceira , eíles

lhes abaixão as pontas hoiisonialmen-

te ; á quarta rodos levantão suas varas ;

e á quinta abaixão-lhes igoalmente as

pontas, eascrusao sobre suas espadas:

depois deque o Inspector faz caminhar

a Adepta ao Altar do Grão Mestre, o

quai he desata as cadeas, e diz : » Mi-

»» nha cara Irmã , he tempo de que-

»» brar vossos ferros, salii da e>cravi-

» dão , em que jazi.is , o empenho que

» hides conracrr, ex'ge huma liber-

» dade perfeita. » Depois fazendo-a

pôr de joelhos , coritii úa , dizendo

» Os erros , e os prejuízos , que p de-

»» rieis ainda ter sob e a Maçonaria, *ão

» desaparecer , todos os nossos lymbo-

j» los vão a ser-vos conhecidos , ea luz

»» aa verdade vai brilhar a vossos olhos ,

»> e apparecer em todoo seu explendor.»»

Então lhe faz prestar a Obrigação.


( 94 )

OBRIGAÇÃO

>» Juro , e prometo per.>nteo Crea-

se dor do Unincrso, C onservador de

•* todos os Entes j e o Vingador do cri-

>» me, e na presença de meus caros Ir-

éf niaos , e Irmãs , de nurca revelar cou-

>> sa alguma do Grao de Perfeita. que

»* me vai ser coefirido , a-qualquer

tt Aprendiza , Companheira , ou Mes-

m tra ; de praticar as virtudes que ire

» prescreverem , não obstante aquellas

>» que me Porão prescriras , debaixo das

»» penas de ser olhada pelos Maçons

« virtuosos, como huma perjura , que

»» só merece a sua indignação, e des-

»» prezo.

Acabando a Adepta de pre;rar a

Sua obrigação , o Grão-Mestre lhe diz í

»» Minha cara Irma, o primeiro passo

» que fizerdes entre nós deve ser mar-

» cado por hum acro de beneficência \

m levantai o vaso, e gozai do prazer

»» que toda a alma virtuosa deve sen-

»» rir, felicitando os outros. » A Irmã

obedece , e o passaro que estava dentro


( 9? )

do vaso, vòa. » Vós vedes minha cara

» Irma, continua o Venerável, que a

» liberdade he hum b m , que o Crei-

«. dor do Universo f.z commum a to-

st dos os entes , e que nimguem póJe

a privar delia a outrem , semcoir.met-

st ter a maior injustiça*, e que o forte, que

a escravisa o fraco , he indigno da So-

j* cicdade dos homens, Depois des-

te discurso , o Venerável diz ao Ir-

j: ao Inspector , que conduza a Irn a

ao Altar Sagrado ; e logo que ella

«tli chegou, o Orador, que lá de-

ve estar , lhe falia assim : »» Mi-

st nha ca*a Irmã , eu vos esperava no

s» A 'tar da Verdade , i ara vos ensinar

t* o mais importante segredo da Maço-

h naria, e por consequência o mais in-

ti vi< lavei. Sertã pouco praticar emsi-

tt lendo cs deveres da Religião ; o co-

st ração virtuoso deve ser sensível, e

t> compadecido ; h » sebre a terra des-

st graçados , e estes desgraçados são

a nossos amigos , nossos corrpanbei-

ti ros , nossos Irmãos , etem direito a

st nossos benefícios. Posso eu esperar ,

» que elles acharão em vós hunta ami-


(s>«)

»» ga benefica , eque leveis a bem dar-

>» me d:sso prova? ? » O Irmão Hos-

pitaieir > lhe apresenta o prato da ofFren-

da , e se a Irmã contribue cotn alguma

quantia considerável, o Orador lha rcs-

titue, dizendo-ihe . >» Minha cara Ir-

» má , nós nos contentamos aqui dos

»» protestos de vossos sentimentos , dei-

»* xando-v- so dheiio de os pôr em pra-

>» tica, todas as vezes que se vos otFe-

>» recer a occasião ppossão os no-sos

»> benefícios nascer de hum corarão tio

jj puro , como o he este fogo saprado ,

»i que vedes sobre o Altar. >> Depois

o Irmão Inspector toma o martelio ,

e o dá á Irmã , para que bata cin o

pancadas sobre a caixa : e logo que

cila se abre , o Inspector explica á

Adepta , o que alli está escrito j depois

do que a conduz ao Venerável, o qual

are.ebe com todas as demonstrações de

huma amizade respeitosa , e lhe ciz:

Minha cara Irtrã he com extremo

»> prazer, que vos admirto á augusta

»» dignidade, que tan o tendes rr ere-

m eido, por vossa sabedoria j tecebei as

provas disso, e cilas são o preço da


C 97 )

» virtude. O nome de Perfeita , que da" •

>» mos a este Gráo, he para nos Jem*

» brarmos , que nada devemos despre*

»» zar, para o vir a ser. B-ccebei tam* .

>» bem estes laços , como penhor de

>» huma alliança eterna. O signal, pelo

** qual nos reconhecemos , he aquêlle

jj que Deos deo a Moysés, sobre a

»» montanha de Horeb ; elle se faz pou-

» do a mão esquerda sobre o peito ,

»» retirando-a , olhando-a com admi-

» raçlo, e tornando a pô-la ; e depois

99 retiralla, e vê-la com ar de satifa-


3

» ção. » " '

»» A palavra Sagrada lie Ac*

»» Hirob , que significa Irmão de Bon-

» dade. A palavra de Passe he, Beth-

>9 Abara, que quer dizer, Casa de

j» passagem. Para se d3r o toque , se

»» apresentao as costas da mão, fazen-

»» do-se o signal. O que responde faz

»» o mesmo ; o primeiro torna a pôr a

>> mão no peito, e a apresenta de ro-

>í vo pelo interior , o segundo faz o

» mesmo , depois a passa por baixo da

99 do primeiro , acabando pelas pontas

'í dos dedos. 9> • -

' G
í(
. 98)

Tendo o Venerável acabado , o

Irmão Depositário leva a Irmã ás Offi-

cialas, a fim de dar-lhes os signaes ; de-

pois a faz pôr á esquerda do Grão-Mes#

tre, e se começa a instrucção (1).

(O Por mui ridículos, que sejáo os tres

primeiros Gráos, nas Lojas irregulares , este

ainda he mais mal tratado, e por isso na-

da accrescentarei r pesso unicamente aos

Maçons, amigos da Ordem, e da lazão ,

comparem este Cathecismo aos Manuscri-

tos imperfeitos deque fallei, e clles mes-

mos ajuizarão.

i • t

I
( 99 )

CAT HECISMO

# •# • 1 v »

.DE PERFEITA.

P. Sois Perfeita Maçona ? ...

R. Guiada peio Eterno eu o vim a

ser , sabindo da escravidão ?

P. Que entendeis por escravidão ?

R. Entendo, que a maior parte dos

homens succumbindo á fraqueza huma-

na , esquecem o fin, para que forão

creados , e que o habito do vicio os tor-

na escravos dos sentidos, o que nós fi-

guramos peio cativeiro dos Israelitas

no Egipto , donde Moysés os tirou para

os instruir no Deserto.

P' Sujeita , como todos os outros , a

Cí-te corpo frágil , como podeis dizer

que sois Jivre i

, _f°rcluc encerrando a Maçonaria

s
sabedoria, e Religião, a

iniciação nos vossos mysrerios abrio

meus olhos, sacudio o jugo das paixões

T 11
( ido ) .

a razão veio esclarecer-me, e o seu fa^

cho , penetrando o véo do erro , me tez

conhecer ,; que era livre de escolher en-

tre o vicio, e a virtude.

P. Como chegastes ao mais alto

Gráo da Maçonaria ?•

R. Pela constância , sabedoria, e

caridade.

P. Que quer dizer Maçon ?

R. Inimigo do crime, amigo, e

discípulo da virtude.

P. Logo rodo o mortal sábio , e

justo he Maçon? .

R. Simr, sem dúvida, só lhe faltão

nossos signaes sagrados, para ser admit-

tido entre nós j signaes tanto mais ne-

cessários, que nos impedem de ser sur-

prehendidos por corações falsos, escra-

vos da fortuna , e dos sentidos.

P. Pois que sois Perfeita Maçona,

dizei-rae o que entendeis por Maço-

naria ?

R. Entendo huma recreação virtuo-

sa ,• pela qual traçamos huma parte dos

roysterios da nossa Religião ; e he para

melhor conciliar a humanidade com o

seu Cieador , q,ue depois de nos ira-


C not $

pormos os deveres da virtude , nós nos

entregamos aos sentimentos de Jiuina

amizade doce, e pura, gozando em

nossas Lojas dos prazeres da Sociedade:

prazeres entre nós sempre fundados na

razão , na honra , e na innocencia.

P. Que entendeis por Lojas ?

. R. Entendo huma Assembléa de pes-

soas virtuosas, que, superiores ao or-

gulho , e prejuízos , não conhessem dis-

tincção alguma entre si, excepto a sa-

bedoria ; e que governadas pela justi-

ça , e humanidade , praticao em silen-

cio a Lei natural.

P. Onde foi aberta a primeira Lo ja?

R. No ParaísoTerreste , por Adão,

e Eva , no seu estado de innocencia.

P. Em que tempo houve a segunda?

R. Durante o Diluvio , quando Noé,

esua família estavão fechados na Arca.

. P. Quando existio a terceira ?

R. Quando Deos se dignou enviar

três Anjos a visitar Abraham , e sua

mulher.

P. Qjando houve a quarta ?

R. Depois do incêndio de Sodoma ,

quando os Anjos que salvarão Lotlr,

%
C 102 )

e suas fiíhss , vicrão vis hallo a caverna ,

a que el e se havia retirado.

P. Em fim , a quinta quando teve

Jogar ?

R Chiando José tornando a achar o

seu caro Benjamim , recebeo seus Irmãos

á meza.

P. Houverão algumas instrucções

em rodas estas L.ojas ?

R. Não , á excepção da quinta , on-

de José fez servir a Benjamim cinco

vezes mais igoarias do que a seus oi.tr s

Irmãos; eile lhedeo ciico vestidos, e

apresentou cinco tie seus Jrrraos a Pha-

raó ; he desde esta época que o nú-

mero cinco , he sagrado enire os Ala-

çons , eque lie tituío de honra, vi to

que as cinco Vestes desienão os cinco

Grãos da tMaçonaria. Felizes os que me-

tessem o ultimo.

•u. Qiicm pode aspirar a este su-

blime Gráo ?

R. Todo o Macon , e Macona cue,


J
IT r ^

semelhante a José, depois de ter scfFri-

do todas as desgraças da humanidade ,

re-iste aos at tract 1 vos dos falsos praze-

fçs, e que tem o coração bastante pu-


( 103 )

ro para supportar, sem receio , o explen-

dor do Sol do Universo.

P. Como subio este Patriarca a tão

alto gráo de gloria?

R. Pela prudência , e sabedoria que

reinavao em todas as suas acções : assim

cada hum de nós pôde aspirar á mesma

felicidade , marchando sempre na estra-

da da virtude.

P. Qual foi a sua recompensa ?

R. Pharaó o fez olhar em todo o

Egipto como a elle proprio , para o

que lhe entregou o seu annel real, e

he para conservar esta memoria , que

o Venerável dá hum ás Irmãs Perfeitas.

P. Que veio a ser da Loja, em que

presidia José ?

R. Ella cresceo , veio a ser numero-

sa , e fez continuados serviços ao Rei,

e ao povo Egípcio.

P. Quem foi que se distinguio nes-

ta Loja , depois de José ?

R. Moysés , escolhido por Deos

para quebrar os ferros ao povo de Is-

rael.

P. Que representa o Quadro de Per-

feição ?
( 104 )

R. Muitas figuras da Escritura Sar**

ta.-

- P. Explica i-ir.as.
#

R. i. As quatro Partes do Mundo

significão , que sendo todos os enres,

e ti qua'qner parte onde se achem , Obra

d > Cre.dor do Universo , clles devein

cultivar a virtude , como a irais pura

h vnenagém , que possuo render ao Deos

Supre no , que os creou. 2. As sete pri-

meiras espigas do sonho de Fharaó,

representa© as sete virtudes principaes ,

que todos os bons Maçons , e Ma co-

ins devein praticar, eas outras sete fe«

v 'a? significados sete vícios ópposros,

dos quaes hum único , basta para nos fa-

zer recall ir r,o estado miserável, a que

nos lia via reduzido o peccodo do primei-

ro homem, 2. José reconciliando-se com


•" *

seus Irmãos , e dando-lhes o bejo da

paz , nos mostra , que a bondade he in-

separável da essência do Creador , e que

sondo obra sua , nós devemos, a seu

exemplo , accrescentar ao perdão huma

amisadr perfeita, econstante. 4. Os ho-

mens vestidos de trabalhadores, eama-

çando terra, nos representao os Israeli-


( loy )

tas no Egipto, depois da morre de José,

que pela paciência que inostrâvão nas

desprezíveis penas , que injustan.ente

, lhes hr punhão , merecerão ser contem-

plados da Divina Irovidencia ; seus ins-

trumentos são a origein das Trolhas ,

e i» anellos , quedesignáoa Maçonaria.

5- Moysés , no Cesto , exposto sobre

as Agors , he symbolo da fraqueza de

nossa existen.ia , que nos expõe ?. tan-

tos acasos- 6. A h!ha de bhstaó reti-


* •

ran 1 o Moysés, nos ensina que a bon-

dade suprema faz muitas vezes servir •

á nossa conservação, os meios que os

rossos inimigos empre.n o para nos per-

der. 7. Moysés, e Aaron á frente dos

.Israelitas , depois de rerem atravessado

o mar vermelho , representão os Maçons

em Loja, tendo sacudido o iutíO das

paixões, e o exercito de Pharaó sub-

mergido , nos patentea os desejos dos sen-

tidos , que nos accommettem,

P. Que representa o Grão-Mestre

?
ra í.oja de Perfeita ? ■

R. Moysés , o Conductor dos Israe-

litas.

P. Que representa a Grã-Me Ura?


( io6 )

R. Senhora , mulher de Moysés.

P. Que representa o Irmão Inspe-

ctor , com os out'Os Ofiiciaes ?

R. Aaron , e seus filhos oficiando

"do Tabernáculo. >

P. (^tie reprcsentao as Irmãs Ins-

pectora , e Depositaria ?

R. Maria , irmã de Moysés , com a

mulher de A*r~n.

P.("Jue significa a Joia de Perfeita ?

R. Oannel, que Pharaó deoajosé

para lhe mostrar a estima , que fazia

ilelle , e a honra devida á virtude.

P. Qual lie o signal de Perfeita ?

R. Aquelle que Deos deo a Moy-

scs, quando lhe apparecoo na moita , eríi

ch.ammas , sobre a montanha de Horeb.

P. Mostrai-mo.

R.Eis-lo aqui. (Ella o faz.)

]\ l)ai-me a palavra de Perfeita ?

R. Ac-Hirob , que significa Irmão

de bondade.

P. <}jal he a palavra de Passagem ?

R. Beth-^bara , que quer dizer ,

Casa dc passagem.

P.Que moral encerra esta palavra ?

R. Que a Perra he para nós hum


ir
( 7 )

log?r passageiro, ond* o espirito que

dos anima , deve triunfar sob*e a mate-

ria , a fim de merecr regressar ao seio

do hterno , donde emanou.

l\ Dai o toque ao Irmão Inspector.

( EL a o eld)

O Inspector responde: hc exacto,

Muito Venerável.

p. Que horas são ?

lit Hora de Vésperas.

P. (^iie signifi So estas fiords ?

li. QjeMoysé no F.the' naculo, en-

sinava os Ma idameritos da Lei de Deos

ao» isratiitas , á hora de Vesperas. O Ve-

nerável : » Pois que he a seu exem-

>» pio , que abrimos esta I. eja , iie reui-

>» po de fechaJla , pelo que vos pesso,

>» meus caros Irmãos, e Irmãs ircaju*

" deis a isso , fazendo o nosso ofíicio,

»> secundo o costume.


•lV

As duas Irmãs obedessem , depois

toda a Asembiéa applaude , e o Venerá-

vel diz: j» A Loja está fechada , tutus

j» In; aos. »»

Fim do quarto Grão.

\
( IC* )

LOJA DE MEZA

de perfeita.

DISPOSIÇÃO DA MEZA.

• m *' w T

Esta Loja deve occupar a Pala de

Recepção , da quai se retirará tudo , que

river servido nos Gráos precedentes ,

excepto a armação , e o doce!. Pé -se-

ha huma meza , em fórma de semicírcu-

lo, e tão grande, se he possível, que

todos os convidados estejão da parte de

fóra. O Grão-ÍVlestre deve estar debai-

xo do docei, defronte do meio da meza ,

?. Grã-Mestra á s;;a esquerda, e o Ora-

dor á sua direita; a Irmã novamente

recebida , está 30 lado do ultimo. Se ha

Visitadores , estarão no alto da Africa^

o resto da Assembles encherá indstin-

ctamente a ptrcumftrencia da meza ,

metros o Irmão, e Irmãs Inspector,


( i°9 )

Inspectora, e Depositaria, que devera

occupar as duas extremidades. No se-

micírculo, em frente a# Venerável, se

collocará hum Irmão de Mérito , que

se chamará Embaixador. Cumpre que

elle tenha hum cordão azul, como o

trazem os Príncipes , que represenra ,

visto que também lhe compete agrade-

cer a saúde, a elles feita.

Tudo que compõe o serviço da

meza, deve formar cinco linhas paral-

lels ; quer dizer, que os pratos for-

mão a primeira linha, os cópos a se-

gunda, as garrafas a terceira , os pratos

de serviço a quarta, e as luzes >que de-

vem ser em grande número , formão a

ultima. Devem aquiadvertir-se duas cou-

sas indispensáveis. A primeira he, que

o número das pessoas que assistem de-

ve ser impar, quando não se convida-

rá hum Irmão Servente; e a segunda

he, que quasi tudo deque se servem

no banquete, mudi de nome. Os copos

sechamão Alampidas, o Vinho, Azei-

te vermelho, a Agoa , Azeite brancoi

o Pão dá-se-lhe o rxme de Maná , as

Iguariasquaesquer cue sejáo ? lJe;


c no )
£

ires , a* Luze*, Estrellas, e as Garra-

fas , Gomora (ij.

(i) Nome de huma medida dos Israeli-

tas , que continh \ a quan idade do Maná ,

que cada hum devia ajuntar de manhã , no

Deserto.

A Loja cie Meza de Mestra , em rtada

differe da de Ffríeir.i y senão que ao Fão

se chama betume , ás Iguarias, Materials ,

e ás Garrafas, Bilhas, todo o resto ht se-

melhante.

i
ABERTURA

DA LOJA DE MEZA.

• •- - I • f 4» #

Estando tudo disposirafcomo dei - •

xámos dito , o VeneraviPrrfate cinco

pancadas, e as Irmãs Inspectora , e De-

positaria fazem o mesmo. Depois o Ve-

nerável diz: >» Minhas taras Irmãs

» Officialas , empenhai'nofsds caros Ir-

. >» mãos, e Irmãs, tanto do lado de

a Africa, como da America , a ajudar-

» nos a abrir a Loja de Meza de Per»

» feita Maçona. »

A Inspectora. Meus caros Ir-

a mãos , e Irmãs do lado da Africa,

*> sois empenhados da parte do Vene-

»» ravel Grão-Mestre, e da Grã-Mes-

»» tra , de lhes ajudar a abrir a Loja de

a Perfeita Maçona. » A Irmã Depo-

sitaria repete o mesmo. Depois o Ve-

nerável diz :

P. Irmã Inspector?. , sois Perfeita

Maçona ?
( 112 )

R. Guiada peio Eterno eu o vim a

ser, sahindo da escravidão.

P Qyses são os deveres de huma

Perfeita Maçona ?

li. Soccorrer seus Irmãos, e Irmãs,

amalíos, e instruir-se na pratica das

virtudes. JÊà

O Venerável • Amemo-nos, soc-

j» corramo-^s mutuamente, he para

»♦ que a Loja está aberta , meus Irmãos ;

» e vara prova Oe consentimento unani-

>» me , applaudatr.os , segundo o cos-

>» tume» »>

Então não se permitte mais a^qu

quer tratar negócios commcrciaes, e

interesse particular ;a conversação tor-

na-se geral, e agradavel, e cada hum

dominado unicamente pelo prazer , só

busca fazer-se amar. Antes de se co-

meçar a cotner , se fazem asrres primei- -

ras saúdes , chamadas de Obrigaçãb;

que são á do bei , do mui i 1 lustre Ir-

mão, sua Alteza Serin ssima Duque de

Orleans, Soberano Grão-Mestre de to-

das as Lojas, e á da nossa respeitável

Irmã , a Rainha de N.-po!es. Débo s , na

continuação do Banquete , se bebe á do


( "3 )

Venerável da Loja , á dos Officiaes , e •

« Officialas , á dos Visitadores , e em fini

á dos Membros , c das Irmãs novamen-

tc recebidas.

Não referirei aqui mais do que a

primeira , visto que as outras só djffe-

rem nos nomes , eem os tituios: he ain-

da necessário advertir, que aqueile á sau-

.. /Be de quem se bebe , não deve beber

juntamente; mas depois, em acto de

§► aeradccimeuto.
| ;f- o

W PRIMEIRA
é SAÚDE.

® O Venerável: » car2s Irmãs Ins-

>» pectora , e Depositaria , fazei alinhar,

»» e encher as A'ampadas para iiuma sau-

>» de, que aGrã-Mestra, ecu ternos a

»» propor-vos. »>

A Inspectora, e depois a Deposita-

ria : ,, Meus caros Irmãos, c Irmãs,

„ na parte da Africa , alinhai as vossas

,, Alampadas,e enchei-as para huma sau-

,, de, que o Grão-Mestre, c a Grã-Mes-

,, tra tem a propor-vos. ,, Cada hum

deita o vinho que julga a preposito, e

tendo acabado, as Officiaias dizem:

H
( IH )

ti Muito Venerável, as A'ampadasestao

ti cheias, e alinhadas.

O Venerável: >» meus caros Irmão$,

ti e Irmãs a saúde, que temos a pr •

it por-vos he ado Rei, nosso illusr

n Monarca , á qual ácrecenta remos a

ti de sua Augusta Esposa, a da Fami-

ii lia R eal , e a de todos os Reis Ma-

»» çons: he para lazer sandes tão apre-

n ciáveis , que devemos ajuntar-r.os . a

ii fim de apagar nossas A tampadas pela

» sua gloria , com as honras devidas á

ti sua dignidade, e os sentimentos de

ii huma amizade respeitosa, que bus-

ii caremOs exprimir pelo zelo com que

ii faremos o nosso Officio, n

A Inspectora :»» Meus caros Irmãos,

ii c Irmãs , do lado da Africa , a saúde

it proposta pelo Venerável, e a Grã-

ii Mestra he a do Rei , nosso Augusto

ii Monarca , acrecctwando a de sua lilus-

ii tre Esposa , a da Familia Real , ede

ii todos os Reis Maçons. He p2ra sau-

ii des tão apreciáveis , que rogão vos

ii urtaes a elles , a fim de apagar nossas

»» Aiampadas pela sua gloria , com to-

ii das as honras, que lhes são devidas,


C ii? )

>♦ e que nds mo podemos melhor de-

j> sempeniiar, que cm fazendo o nosso

» OdKio pelos números conhecidos doâ .

» áplise:.lmortaes , discípulos da verda-

>» aetrêr sabedoria. "

A Irmã Depositaria repete o mes-

mo , do lado da America ■, depois do que

o Venerável dá as ordens da maneira se-

guinte

í. Mão direita ás vossas Alampadas

( Lev a-se a mão direita ao Copo ).

2. Alto Alampadas. ( Levanta-se 0

Copo d altura do peito).

Apaguai as Alampadas. (Todos

bebem). Em quanto estão bebendo,

devem olhar todos attentamente para o

Venerável, que logo que acabou , diz :

4. As Alampadas á frente, e cinco ve-

zes sobre o coração. ( /V segunda voz

se toma a trazer o Copo , e depois se

bate ).

Pousai as Alampadas. { A esta ulti-

ma voz , se levanta o Copo quatro ve-

zes perpendicularmente,depois d quin-

ta se põe fortemente sobre

com. tanta ordem , e ligeireza , que se

nã) ouça mais do que bunt a só ported-

H
(nó)

da j no fim do que todos os convidados,

d imitação do I'enera,

f almas cinco vezes , e grit ao outras

. tantas, vivat. ) gJ|^ .

He necessário advertir, qué inrwe-

diatamente o Irmão Embaixador ouve.

beber á saúde cio Rei, deve levariiar-

se metter mão á espada , descer ao fim

da Loja , onde se deve conservar até a)

fim do Officio j então elle embainha a

espada, toma o seu copo, que hum Ir-

mão Servente Jlie dá, e agradesse nestes

termos:

Agradecimento do Embaixador.

»» Venerável Mestre, tão digno da

» distincção a que vos vejo elevado,

» caros Irmãos , e Irmãs, Officiaes ,

» Ofiicialas, Visitadores, e Membros,

» o Rei, sensivel aos ordinários cuida»

» dos em que tomais sua saúde, le-

»» vou a bem propor-ine para vos tes-

»» temunhar seu reconhecimento j • he

>> pelo que, desejando eu desempenhar

» este dever para comvosco, e igial*

»> mente assegurar-vos dos sentimen»


( 117 )

» tos , que me inspiraes , vou apagar

» esta Alampada com todas as demons-

>» rraçóes da honra, e estima que vos

»» sao devidas , bem como á 1 Ilustre,

» e Real Maçonaria, e que vós reco-

»» nhessereis pelo zelo com que vou fa-

»» zer o nosso Officio. »>

Dito isto , elle bebe , observan-

do todas as formalidades antecedente-

mente mencionadas ; e depois torna a

ir assentar-sc á Meza.

Fara não deixar a desejar cousa

alguma neste Tratado, julgo dever re-

ferir ainda o agradecimento das saúdes

particulares ; isto he , aquillo de que

todos os Irmãos , e Irmãs poderão ser-

vir-se , quando se tratar de agradecer j

observando que jámais devem dcnomi-

nar-se com as outras-, isto supposto,

se a saúde for a algum dos Membros,

hum delles deve responder o seguinte:

„ Muito Venerável Mestre, que

,, tao magnificamente adornais a Asia ,

„ meus caros Irmãos , e Irmãs , Offi-

„ ciaes , Oíficialas , Visitadores , Visi-

,, tadoras, e minhas caras Irmãs nova-

,, mente recebidas, nimguem pode ser

%
( n8 )

mais sensivel, que cu , e os Irmãos

Membros somos , aos testemunhos da

estima, e amizade, que vós levasteis

a bem conccder-nos , bebendo á nossa

saúde; para provar-vos o nosso vi-

vo reconhecimento, nós vamos apa-

gar nossas Alampadas pela vossa glo-

ria , eafazer o nosso Officio pelos

números , que vos são conhecidos,

, e que caracterisão os yerdsdeiros Ma-

, çons. ,,

Logo que se tem acabado todas as

saúdes particulares , termina-se o ban-

quete por dous Cânticos, feitos pela

gloria da Ordem , que os Irmãos , e

Irmãs entoao , hum depois do outro, ou

em Coro\porém só se deve cantar , es-

tando para fechar-se a Loja , çomo se

verá no que adiante segue.

ENCERRAMENTO LOJA

DE MEZA.
C'

4
a.. f ir* ri *Wé * * *

O Venerável: ,, Caras Irmãs Ins-

,, pectora, e Depositaria , fazei alinhar

„ as,Alamp3das, e enchelJas paraayl-

„ tima saúde. „
y *4 \ • •. O w i / À : *" ** %

\
( 119 )

As Officialas obedessem ; c depois

cada huma diz: „ Muito Venerável,

„ as Alampadas estão alinhadas , e

„ cheias. „ Então o Venerável , e to-

dos os Irmãos , e Irmãs se levanrao;

depois crusando reciprocamente os bra-

ços , tomão a mão direita, e fórmlo

todos como huma cadea , sem excep-

tuar os Irmãos Serventes , ou outros ;

e conservando-se assim , o Venerável en-

toa o seguinte Cântico , e todos que

assistem Fazem Coro.


( "O )

V * +è b

CÂNTICO

DE E N CE RR d ME


y
i, f: jl; 3 ] ' h) { . , ;: i V

Firmes, eunidas

Das mãos travemos;

E graças demos

Do doce laço, .

Que nos unio,

No desta Loja

Recinto augusto,

A quanto he justo

Nós devotemos:

E nao quebremos

As nossas Leis.

Acabado o Cântico , bebe-se com

as formalidades ordinárias, á saúde de


ê
A •

( hi ) ;

todos os Maçons , e Maçonas espalha-

dos sobre a terra. Depois tornao a assen-

• tar-se , e o Venerável fecha a Loja nes-

tes termos: • •

P. Irma Inspectora , que horas

são ?
A * M *1 0 ' 0 m *

R. Muito Venerável , a hora de

Ves peras.

P. Que significa esta hora ?

R, He porque Moysés , no Deserto,

ensinava os Àlandamemos da Lei de

Deos aos Israelitas, até á hora de Vés-

pera L

O Venerável: Pois que lie a seu

„ exemplo, que tivemos esta Loja,

,, he tempo de a fechar , afim de pra-

3, ticar as virtudes , que nos remos im-

3, posto ; assim , Irmãos , e Irmã» , a

„ Loja está fechada. „

, pint da Maçonaria de Adopção.

' C" * • ' f

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4
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Erratas, Emendas,

Tag» litt'

7eja-se .... Leia-se

$ 4 diriga .... dirija

i{ i agradar-lhe . . . agradar-lhes

iç 11 do' dos

21 iS Previnio . . „ Previno

24 to umcamen-e . . unicamente

24 22 tisto • . . . isto

28 t dirige .... dirije

2% 18 ,'e 19 pertendem- perfendem , que por

se que por delica- delicadeza se deveria

deza,dcveria dizçr dizer

29 21 dirige . , . . dirije

jo 7 a recepção » . • á recepção

/O 21 eaentrga . . . e a entrega

étn 14 liga reparar das p«- liga das pedras

dras ,

iç finga .... finja

49 21 exiga .... exija

57 26 ismocenaia . . innocencia

$4 25 á pequena torre a pequena torre

96 j oflfrenda . . . ofTranda t ou offerta

1
97 $ Sagradada. . . Sagrada

102 11 outrs .... outros

112 11 e par prova . . e para prova

Nem todos os Folhetos desta Traducçao par-

ticiparão dos erros, aqui notados, podendo-se

ainda a tempo evitailos : o Leitor t ou Leitoras

desculparão os que possão ainda encontrar , nes-

ta pequena Obra , seja qualquer que for o seta

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