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Teórica – 8-2-2018
A legitima defesa pode ser vista da várias formas, depende da regulamentação jurídica
de cada país.
Art. 32º do CP – define a legitima defesa. Quais os seus pressupostos para que possa
ser executada.
o 3 elementos:
Características do agressor
Características do defendente
Excessos
Caso prático: A ataca B e B defende-se do ataque de A. Para que haja legitima defesa
tem que haver um ato ilícito, para que a legitima defesa seja um ato licito. Não pode
haver legitima defesa da legitima defesa. O ataque de B a A já é considerado licito.
É necessário que o ataque seja atual e ilícito. É atual quando já houver atos de
execução (quando estudar-mos a tentativa). Quando houver uma manifestação
exterior de uma agressão.
É no próprio contexto que temos que avaliar se a agressão é atual. Mas a ação não
precisa de ser concretizada para ser atual.
A ação tem que ser ilícito, atual e não pode ser preordenada (Ex: fazer um pequeno
ataque para que o outro haja e ele possa fazer uma Pseudo legitima defesa).
Parte do defendente:
o Tem que ter o “anis defendendi”, não pode agir no mínimo ou no máximo. A
atitude de se defender e junta a atitude de se vingar – já não age em legitima
defesa.
Excessos:
o Art. 32 do CP – (Meio necessário – Ex: Um homem grande, para parar um
miúdo que o queria agredir deu-lhe dois socos que o deixaram KO. O homem
excedeu-se, não foi um meio necessário, bastava dar-lhe um pequeno
empurram).
o Dois meios de excessos: ( Quando tem estes dois núcleos e pode-se chegar á
determinação . Quanto menor for a extensão, maior é a interpretação e vice
versa. Fomos filtrando os conceitos para chegarmos a um só conceito
(unidade)).
Excesso intensivo – conjunto de qualidades que determina o conceito.
Excesso extensivo – Situação de erro (Art. 16 do CP nº2) conjunto de
entidades que abarcam o conceito.
o Dois tipos de excesso intensivo:
Excesso intensivo de natureza asténica (Art 33º Excesso intensivo de natureza esténica (Art. 33º
nº2 CP) nº1 do CP)
Provocado por medo, perturbação ou susto. Refere-se ás pessoas que fervem em pouca
Art. 33º nº2 do CP – Se o medo é censurável ou água. Que tem tendência a partir para ações
não. Nós temos que perceber que o que é agressivas por pouco. Que se irritam com muita
atacado tem um susto, mas não pode ser um facilidade.
susto qualquer (se for num beco e for atacado o
seu medo não é censurável, mas se um matulão
tiver medo de um puto o seu medo já é
censurável. Ex: Quando as forças policiais vão a
tribunal não podem alegar que tiveram medo.
Direito Penal II
Prática 12-2-2018
Correção do exame
Causas de Justificação
o O Agente tinha que adotar uma ação licita, punível, culposa e penalmente
relevante.
Caso prático:
o A preparar-se para furtar a carteira de B, C ao ver e para a impedir dá a A um
violento empurrão causando-lhe feridas numa perna, conseguindo evitar o
furto. Quid Iuris. Resposta: Quando C dá um empurrão a A que se preparava
para roubar a carteira intencionalmente e isso pode ser ofensa á integridade
física simples (Art. 143º CP). C fez uma ação tipicamente relevante, mas está
alguma coisa que possa retirar a ilicitude? C pode ter atuado em legitima
defesa? Art. 32º CP – existiu uma ação atual ou iminente e ilícita, pois A fez
uma tentativa de furto. O defendente tem que saber se está por uma ação
atual e ilícita e tem que saber que está em legitima defesa.
C também tem que saber que só pode usar o meio necessário, e será que isso
acontece? Tem que haver uma ponderação dos interesses. Nesse caso se
olhar-mos a isso não podemos que a ação de C foi em legitima defesa, pois a
propriedade é muito menos importante que a integridade física. Mas temos
que ponderar que olhar a razoabilidade de um bem para outro bem.
A razoabilidade vai impor a justificação dos ferimentos da legitima defesa.
o A verifica que B está a estragar os semáforos da via pública, para o impedir dá-
lhe um murro que lhe faz uma nódoa negra na face. Quid Iuris Resposta: Não
existe legitima defesa que proteja a defesa dos interesses públicos, apenas
interesses pessoais. Para proteger os interesses públicos existem entidades
publicas. A tem uma ação penalmente relevante de ofensa á integridade física
e que não é protegida pela legitima defesa.
o A sem saber que B está na iminência do matar, desfere um golpe em B que
lhe faz ferimentos, evitando assim a sua morte. Quid Iuris Resposta: Não existe
legitima defesa porque A não sabia que B tinha intenção de o matar. O agente
não tem conhecimento da ação ilícita e atual. A sua ação era intencional e não
por legitima defesa. Não abstém os requisitos da agressão.
o A quer matar B, mas B sabendo isso e verificando que A vai a casa buscar uma
arma, para o abater encontra-o perto de casa, e para o impedir, fere-o sem
gravidade. Quid Iuris Resposta: A ação é penalmente relevante, porque o
levado pela vontade. Não podemos considerar uma ação de legitima defesa,
porque a ação não é atual. Ou seja, B quando deu um tiro a A ferindo-o com
gravidade não estava perante uma ação licita e atual de A. Apenas tinha
conhecimento que B tinha essa intenção.
A legitima defesa não pode ser usada neste caso pois não são preenchidos
todos os requisitos apresentados no artigo 32º do CP.
Em suma, o ato penalmente relevante é imputado a B, pois a legitima defesa
não pode ser levantada neste caso. Pois B não poderia ter a exclusão pela ação
direta, presente no Art. 336º do CC? A resposta é não porque ele podia ter
tido outra ação, como por Ex: ligar ás autoridades.
Direito Penal II
Teórica 14-2-2018
Art. 31º do CP – nº2 o facto não é ilícito quando em legitima defesa ou por defender
um direito.
Art. 334º CC – Abuso do exercício de direitos
Art. 335º CC –
Quem exerce um direito não pode desrespeitar o direito.
Direito de correção – causa de justificação de causa costumeira (Art. 1878º e 1885º
CC). Art. 1985º do CC , a poder de correção que os pais tem sobre os filhos, ou os
tutores. Como por exemplo: se isto não existe-se uma simples palmada poderia ser
considerada violência doméstica.
Requisitos para a legitima defesa:
o Adequação
o Necessidade
o Proporcionalidade
Art. 34º do CP – outra forma de exclusão da ilicitude – estado de necessidade e o
estado de necessidade desculpante.
Ex: Todos os dias passo pela casa da vizinha que tem a janela virada para a rua e
cumprimento-a. Um dia eu não a vejo e espreito pela janela e ela está caída no chão,
bato á janela e ela não reage. Para a salvar parto a janela e chamo o 112 e salvo a vida
dela. Resposta: Eu pratiquei dois factos previstos por lei, parti a janela e entrei numa
habitação sem o consentimento do proprietário. Mas a ilicitude está excluída pelo Art.
Direito Penal II
34º do CP, existe uma situação de perigo atual e real e não foi voluntariamente criada
por mim. Existe superioridade do interesse que eu salvei comparado com os que violei.
Todos os requisitos para ser justificado perante o Art. 34º do CP estão preenchidos.
Qual o fundamento da causa de justificação?
o 1º - principio da ponderação de interesses preponderantes.
o 2º - Justifica-se também por uma vertente de utilidade social como um ato de
solidariedade social entre os elementos da sociedade.
O perigo pode não ter uma atuação do homem ou não pode, por exemplo ser por um
animal.
O crime já tem que partir de uma ação humana.
Ex: se um homem matar um cão vadio para salvar a vida de uma criança não atua em
legitima defesa mas pelo direito de necessidade.
O perigo se é voluntário e se tratar de interesse, para se admitir o direito de
necessidade cria perigo para lesar o crime. Nem o perigo seja exclusivamente de culpa
sua.
Art 34º CP – b) objetivamente é complicado dizer. Para dizermos que o bem é mais
importante que o outro, temos que olhar para os requisitos. Ex: As molduras penais
diferenciam, quanto maior for o bem jurídico maior será a pena a aplicar em caso de
lesão. Não se pode olhar quantitivamente (não se pode matar 1 par salvar 100), mas
sim qualitivamente (1 vida é igual á vida de 100 pessoas).
Para salvar uma vida eu tiver que matar outra, não posso alegar ao direito de
necessidade mas sim á legitima defesa. Porque a ponderação de um bem temos que
olhar á ponderação do interesse relativamente a outro atender á razoabilidade –
presente no Art. 34º alínea c) CP.
Outro tipo justificador será o Art. 38º CP – á uma causa de exclusão de ilicitude, ainda
que exista uma ideia de conflitos de interesses e uma colisão de interesses
preponderantes.
Ex: Eu posso consentir que me façam uma ofensa á integridade física como furar a
orelha. Outra coisa é consentir que alguém me dê um soco, porque sou masoquista.
Ainda outra é quando convido alguém a almoçar e quando abro a porta dizer que essa
pessoa violou a minha habitação, só existe violação se não houver consentimento.
Se for consentido pelo titular do direito está devidamente justificado.
O consentimento pode ser:
o Do tipo – tem que ser justificar para não ser típico
Positivo – tem que se verificar para que o facto seja típico.
Negativo – não se pode verificar para que o facto seja típico.
Art. 38º nº4 CP – Imaginem que em cima do código está um papel com o
consentimento que pode destruir uma coisa, mas o outro sem saber que tinha
consentimento destrói o bem á mesma. Isto feito desta maneira torna o ato ilícito na
mesma, apesar dos outros requisitos estarem todos preenchidos. É punível apenas
com a tentativa, pois o resultado é consentido e por isso não existe resultado como
acontece com a tentativa. O facto não é dado como consumado.
Os interesses tem que ser pessoais e não coletivos. A vida não pode entrar neste
artigo, embora já se discuta (Ex: possibilidade de se legalizar a eutanásia.).
Temos que olhar para a boa ou má fé do ofendido e aos bons costumes, e a sua
finalidade.
Direito Penal II
Ainda que a finalidade e a motivação possa ser a melhor, a lesão é muito grave para
poder ser consumada.
Art. 149º nº1 e 2 do CP.
Art. 39º do CP – Ex: uma pessoa casada em separação de bens. O marido fora e
incontactável. A mulher está em casa com a neta que cai e te que ir ao hospital, mas
tem o carro dela a arranjar na oficina. Eu posso levar o carro dele, sem ser acusada de
furto, porque de acordo com a situação eu presumo que ele desse o seu
consentimento. Embora isto só possa acontecer se o proprietário estiver mesmo
incontactável.
Art. 36º do CP – Ex: Imaginem que á um acidente de aviação e para sobreviver tem os
dois envolvidos que ser ligados a uma máquina, mas só á uma disponível. Só pode
salvar uma vida e a outra terá que morrer, está justificado pelo conflito de deveres.
Tem que salvar uma vida por uma vida. Os valores são iguais. O dever salvaguardado
tem que ser igual ou superior ao que é violado. Enquanto que isto não acontece no
direito por necessidade.
Outras causas de justificação que não estão presentes no CP:
o Ação direta – Art. 336º do CC – constitui uma tutela ofensiva, para assegurar o
direito não pode usar o necessário. Não pode lesar um valor superior aquele
que deve violar.
Teórica 15-2-2018
Causas de exclusão:
o Estado de necessidade – exclui o ilícito
o Estado de necessidade desculpante – exclui a culpa
Reflexões referentes á culpa:
o Pode ser visto de várias maneiras
o O lado absolutamente bom é a ideia de que se eu for culpado quer dizer que
sou livre e tive a oportunidade e a capacidade para escolher.
o Um juízo de culpa tem sempre como pressuposto a liberdade do individuo. A
relação dialética com o outro.
Relação dialética antropológica – nós somos aquilo que somos, mas sempre
circundantes naquilo que tivemos.
A ideia de responsabilidade e de culpa vai-se desenvolvendo ao longo dos anos, não
apareceu do dia para a noite.
Próxima aula – circunstâncias que se pode dizer quando é que se pode ser livre.
Existem limites, e vamos esclarecer quais são. Qual é o padrão que se pode formar
para dizer que aquela pessoa é culpada. Através das situações de imputabilidade, em
que o agente é considerado imputável.
Prática 19-2-2018
Casos práticos:
o Vamos imaginar que o senhor António está na iminência pelo senhor Bento,
por causa dos terrenos.
O senhor António que também estava armado, disparou e feriu gravemente o
senhor bento e impediu de disparar. Resposta: O António age em legitima
defesa porque para se defender do ato ilícito que Bento está prestes a fazer,
colocando em perigo a vida de António. Esta ação é penalmente relevante.
Direito Penal II