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O biocombustível encarece os alimentos?

por Celso Monteiro

Neste artigo
1.
Introdução

2.
Biocombustíveis x alimentos

3.
Mocinho ou vilão?

4.
Mais informações sobre biocombustíveis

5.
Veja todos os artigos sobreEconomia

Introdução
Estamos vivendo um aumento vertiginoso de investimentos na
produção de biocombustíveis que, de uns tempos para cá, com a
constatação de que o planeta passa por uma grave crise ambiental,
é visto como uma das alternativas mais eficazes para relativizar
a dependência de nossa sociedade pelo combustível fóssil - um
dos vilões doaquecimento global.

Em 2006, o biocombustível alimentava apenas 1% do


transporte terrestre mundial, de acordo com a Agência biocombustível e
Internacional de Energia . A estimativa é que o percentual se alimentos
multiplique por quatro até 2030. No Brasil, esta tendência é vista
com ótimos olhos. Nosso país, dizem, não pode deixar escapar esta
oportunidade de crescimento.

Com forte apoio do governo e de capital externo (até o magnata tecnológico Bill Gates resolveu
investir pesado no setor), centenas de agricultores e fazendeiros renegaram suas tradicionais culturas
e voltaram-se para o plantio da cana-de-açúcar, matéria-prima do etanol, e outras culturas utilizadas
na produção do biodiesel como mamona e óleo de palma.

No início de 2007, a área plantada de cana-de-açúcar no Brasil era de 6,3 milhões de hectares (mais
de 78% na região centro-sul do país, segundo oInstituto Nacional de Pesquisas Espaciais - Inpe ).
Deste total, cerca de um terço foi destinado a produção de etanol. Se o aumento da demanda mundial
se concretizar, estima-se que a área cresça 60% em 5 anos e ultrapasse os 10 milhões de hectares.

Até 2010, serão mais de 25 usinas de biodiesel em atividade no Brasil. Nos EUA, guardadas as
proporções, a envergadura é bem maior: são 114 biorefinarias em plena atividade e 80 novas em
construção. A produção norte-americana de etanol cresceu 25% entre 2005 e 2006. Quase tudo
produzido através de grãos de milho.

Mas nem tudo são flores. O que os entusiastas dos biocombustíveis não previam é o que
questionamos neste artigo: o crescimento da produção de biocombustíveis irá inflacionar os
preços de alimentos?

Crime contra humanidade


A produção em massa de biocombustíveis representa um
crime contra a humanidade por seu impacto nos preços
mundiais dos alimentos, segundo a opinião do relator especial
da ONU para o Direito à Alimentação, o suíço Jean Ziegler,
divulgado em abril de 2008. Ele pediu ao Fundo Monetário
Internacional (FMI) que mude suas políticas sobre os subsídios
agrícolas. Alguns países europeus deixaram de comprar
biocombustível, por causa desse posicionamento.

A posição de Ziegler, no entanto, é questionada por vários


cientistas. O principal argumento contra é que se estaria
superestimando a ação dos biocombustíveis, já que em 2007,
eram usados 10 milhões de hectares no mundo para produzir
etanol contra 1,2 bilhão de hectares para a agricultura em
geral.

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