Ciclos Globais

de Carbono,
Nitrogênio
e Enxofre:

Claudia Rocha Martins, Pedro Afonso de Paula Pereira, Wilson Araújo Lopes e Jailson B. de Andrade

O estudo químico da atmosfera busca compreender este sistema e suas interações com os outros compartimentos
do planeta, em termos de seus constituintes naturais e artificialmente introduzidos. A compreensão envolve a identificação
das fontes de emissão, das formas de transporte e remoção e, também, o acompanhamento das transformações e
concentrações em escalas locais, regionais e globais. Neste artigo são apresentadas as diferentes camadas da atmosfera
terrestre, suas características e constituintes químicos principais e os ciclos globais do carbono, nitrogênio e enxofre e
seus impactos no ambiente.

atmosfera terreste, ciclo do carbono, ciclo do nitrogênio, ciclo do enxofre 

28

Introdução plantio, levando ao grande consumo micos que envolvem as emissões, na-
de fertilizantes. turais e artificiais, de óxidos de nitro-
Várias das mudanças globais no O aumento da concentração at- gênio e compostos orgânicos. O mes-
ambiente causadas por atividades hu- mosférica de CO2, por exemplo, é re- mo ozônio, quando na estratosfera é
manas, tais como o aumento nas con- sultado principalmente da queima de desejável e vem sofrendo depleção em
centrações e a dispersão global de combustíveis, mas também resulta de sua camada de proteção a Terra, como
contaminantes químicos e poluentes, processos de desflorestamento e das resultado de reações químicas que en-
a depleção na camada de ozônio na contínuas trocas de carbono efetuadas volvem, entre outros, os clorofluor-
estratosfera, o aquecimento global e entre a atmosfera, os oceanos e a carbonetos, usados industrialmente
a chuva ácida, são mediadas através biosfera continental. As emissões de em diversos fins, como por exemplo,
da química da atmosfera. óxido nitroso vem crescendo como gases refrigerantes.
Desde as revoluções agrícola e in- resultado das práticas de fertilização
dustrial, o balanço entre processos fí- do solo, enquanto metano, que tam- Abreviaturas
sicos, químicos e biológicos no planeta bém participa em importantes proces-
tem sofrido mudan- sos fotoquímicos, é ge- GtC = gigatoneladas de carbono
ças como resulta- rado em grandes quan- (1 giga = 1012);
do, por exemplo, Ao contrário do que tidades por atividades
ocorre na estratosfera, Mt = megatoneladas (1 mega =
do elevado cresci- humanas – queima de 106);
mento da popula- as altas concentrações biomassa, pecuária,
de ozônio na troposfera MtC = megatoneladas de carbono;
ção, da queima de depósitos de lixo – e MtN = megatoneladas de nitrogê-
quantidades cada são indesejáveis, pois processos naturais
podem causar danos nio
vez maiores de (pântanos, decomposi- MtS = megatoneladas de enxofre;
combustíveis fós- ao ambiente, aos seres ção de matéria orgâni-
vivos e obras de arte. mbar = milibar
seis - e a conse- ca). smog = smoke + fog (fumaça + ne-
qüente liberação de As altas concentra- blina);
grandes quantida- ções de ozônio na reações fotoquímicas = reações
des de gás carbônico para a atmosfe- troposfera são indesejáveis e resultam induzidas pela luz
ra - e a intensificação de práticas de de complicados processos fotoquí-

Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola Ciclos globais de carbono, nitrogênio e enxofre N° 5 – Novembro 2003

4-02-atmosfera.p65 28 17/10/03, 08:01

 As emissões de enxofre na queima outros corpos celestes ricos em mate- Na troposfera acontece a maior
de carvão mineral e óleos diesel e com- riais voláteis. O oxigênio, por outro parte das reações químicas envolven-
bustível, para produção de energia, lado, surgiu quase todo da produção do as espécies presentes na atmosfe-
mas também em erupções vulcânicas, por organismos vivos, como as ciano- ra, bem como nela residem os princi-
contribuem para os fenômenos da bactérias. pais mecanismos de remoção de
chuva ácida e da formação de aeros- Geralmente a atmosfera é descrita substâncias e processos climáticos e
sóis que, entre outros em termos de cama- meteorológicos. Imediatamente acima
efeitos, podem ocasi- A atmosfera tem papel das, as quais são ca- da troposfera tem-se a estratosfera,
onar variações climá- fundamental para os seres racterizadas por gra- que vai até uma altitude de aproxima-
ticas nas temperatu- vivos, pois afeta dientes específicos damente 50 km, delimitada pela
ras regionais por dis- diretamente o ambiente de temperatura, con- estratopausa. Nesta camada, a tem-
persão da radiação em que vivemos, mantendo forme ilustra a Figura peratura obedece a um gradiente po-
solar. as condições ideais na 1. A troposfera, que sitivo, resultante da energia de reações
O impacto global superfície para a criação se estende da super- fotoquímicas envolvendo o ozônio e
sobre o planeta de da vida e, também, fície do solo até a oxigênio molecular. Cerca de 90% do
tais mudanças, na protegendo-a de tropopausa - cuja al- ozônio contido na atmosfera está na
constituição química agressões externas. titude varia entre cer- estratosfera, sendo este ozônio res-
da atmosfera, ainda ca de 18 km nos tró- ponsável pela filtração da radiação
não está bem enten- picos, 12 km em lati- ultravioleta de alta energia, provenien-
dido, mas poderá ser significativo em tudes médias e 6 a 8 km nos pólos – te da luz solar. A pressão do ar, da or-
muitos casos. A sua compreensão de- caracteriza-se por um decrés- dem de 1 at-
talhada, contudo, requer que os pro- cimo progressivo da tempera- Cerca de 90% do ozônio mosfera
cessos sejam estudados em um con- tura com o aumento da altitu- contido na atmosfera está próximo à
texto mais amplo, que envolva não de. Devido à subida do ar na estratosfera, sendo este sua superfí-
apenas a atmosfera, mas também a quente, essa camada, onde se ozônio responsável pela cie, decai
hidrosfera e a litosfera, em seus diver- concentra de 85 a 90% da filtração da radiação rapidamen-
29
sos ciclos globais. massa total de ar, é extrema- ultravioleta de alta energia, te com a al-
mente instável e dinâmica, proveniente da luz solar. titude atin-
A Atmosfera com permanentes trocas de gindo 0,10
energia e massa em decorrên- atmosferas
A atmosfera, tênue envelope de ar cia de correntes verticais, levando as logo após a tropopausa e 0,001 atmos-
que envolve nosso planeta, tem papel espécies até a tropopausa em alguns feras na estratopausa (aproximada-
fundamental para os seres vivos, pois dias ou menos. mente 50 km).
afeta diretamente o ambiente em que
vivemos, mantendo as condições ide-
ais na superfície para a criação e ma-
nutenção da vida e, também, prote-
gendo-a de agressões externas. Citan-
do alguns exemplos, ela fornece o
dióxido de carbono usado na fotos-
síntese, o nitrogênio convertido pelas
bactérias fixadoras em nitrogênio utili-
zável pelas plantas, essencial na
construção de biomoléculas, além de
atuar como um escudo protetor con-
tra radiação cósmica de alta energia.
A atmosfera atual do planeta Terra
não é, provavelmente, aquela original.
Enquanto a condição atual é a de uma
atmosfera oxidante, inicialmente ela
seria redutora, provavelmente sem a
presença do oxigênio e similar à com-
posição da nebulosa solar. Uma vez
tendo sido perdida para o espaço, foi
substituída por compostos emitidos a
partir de sua crosta ou, como aventa-
do em teorias recentes, introduzidos
através do impacto de cometas e Figura 1: Representação da atmosfera terrestre.

Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola Ciclos globais de carbono, nitrogênio e enxofre N° 5 – Novembro 2003

4-02-atmosfera.p65 29 17/10/03, 08:01

 A estratosfera é bastante estável sos não naturais, resultantes da ação plantas e microorganismos em ocea-
quando comparada à troposfera, sen- do ser humano) sendo classificados nos. Grandes quantidades de cinzas
do de um a três anos o tempo de vida como poluentes. Aí se incluem óxidos e dióxido de enxofre são produzidas
médio das substâncias introduzidas de enxofre, carbono elementar, durante erupções vulcânicas. O
em seu limite inferior. Boa parte desta hidrocarbonetos não metânicos, vári- dióxido de enxofre, SO2, assim produ-
estabilidade é devida à ausência de os oxidantes, aerossóis de metais, par- zido pode ser ainda convertido a sul-
mecanismos de transporte vertical, via tículas sólidas e substâncias radioati- fato particulado, na atmosfera. Metano
convecção, resultado da variação po- vas. é emitido por vegetação em áreas
sitiva da temperatura com a altitude. O estudo químico da atmosfera alagadas e por vazamento em depó-
A seguir vem a mesosfera, mais busca compreender este sistema e sitos naturais. Os processos de trans-
uma vez apresentan- suas interações com porte e deposição são responsáveis
do um gradiente ne- A estratosfera é bastante os outros comparti- pelo retorno de parte dessas substân-
gativo de temperatu- estável quando comparada mentos do planeta, cias aos solos, oceanos e corpos
ra, e se estendendo à troposfera, sendo de em termos de seus d’água, enquanto reações na atmos-
a uma altitude de um a três anos o tempo constituintes naturais fera produzem as transformações quí-
cerca de 90 km, até de vida médio das e artificialmente intro- micas e físicas, convertendo-as em
a mesopausa. Nesta substâncias introduzidas duzidos, através da novas espécies.
região, novamente em seu limite inferior. identificação das fon- Com uma boa aproximação, pode-
voltam a existir im- tes de emissão, das se assumir que o planeta é um siste-
portantes mecanis- formas de transporte ma fechado em termos de fluxos de
mos de transporte vertical de massa. e remoção e do acompanhamento das massa, sem entrada ou saída de ma-
Acima da mesosfera e como última ca- transformações e concentrações em terial. A entrada de pequenos corpos
mada, a termosfera de novo apresen- escalas locais, regionais e globais. celestes (e.g. meteoritos) e o escape
ta variação positiva de temperatura de moléculas muito leves são frações
com a altitude, sendo a difusão Ciclos globais ínfimas nesse balanço. A seguir, serão
30 molecular um importante mecanismo apresentados os ciclos para alguns
de separação gravitacional de espéci- Ao longo do tempo, a composição dos principais elementos químicos
es, de acordo com sua massa molar. da atmosfera tem se modificado em constituintes da atmosfera.
O conjunto de características pe- resposta às interações biológicas e
culiares da atmosfera faz com que os geológicas, que ocorrem nas interfaces O Ciclo do Carbono
processos de formação, transforma- com a litosfera e a hidrosfera. As altas
ção, transporte e remoção das subs- concentrações de nitrogênio e oxigê- A importância do carbono e de
tâncias possam variar substancialmen- nio, por exemplo, devem-se à regene- seus compostos é indiscutível. Este é
te entre a troposfera e a estratosfera, ração contínua dessas substâncias por onipresente na natureza e seus com-
as duas camadas que possuem mai- organismos vivos postos (e.g. proteí-
or importância em termos de ciclos de (atividade micro- Ao longo do tempo, a nas, carboidratos e
matéria e energia. biana e fotossíntese, composição da atmosfera gorduras) são consti-
Em termos de média anual, a mas- respectivamente). Na tem se modificado em tuintes essenciais de
sa seca total da atmosfera é algo em ausência da biota, a resposta às interações toda a matéria viva, e
torno de 5,13 x 1018 kg. Mais de 99,9% atmosfera do plane- biológicas e geológicas, fundamentais na res-
consistem de nitrogênio, oxigênio e ta teria concentra- que occorrem nas piração, fotossíntese
argônio. A fração restante é composta ções de gás carbô- interfaces com a litosfera e regulação do clima.
por CO, CO2, hélio, neônio, criptônio, nico muito maiores e a hidrosfera. Existe uma grande va-
metano, hidrogênio, ozônio, óxidos de do que as atuais, ao riedade de compos-
nitrogênio e amônia, entre outros. Vale passo que o oxigênio tos de carbono envol-
ressaltar que, embora presentes em seria apenas uma substância em con- vidos no seu ciclo global, dos quais
concentrações significativamente me- centração em nível de traços. A vida serão abordados os principais com-
nores, esses constituintes minoritários na Terra é mantida pela energia prove- postos presentes na atmosfera:
podem gerar vários outros compostos niente do Sol e pelas interações entre dióxido de carbono (CO 2), metano
e desempenhar papel fundamental em sistemas físicos e biológicos em con- (CH4), hidrocarbonetos não metânicos
diversos processos químicos e bioló- tínuo reciclo, tornando o planeta um (HCNM) e monóxido de carbono (CO).
gicos e mecanismos, tais como a sistema auto-sustentado e em evolu-
regulação da temperatura do planeta. ção. Dióxido de carbono (CO2)
Além desses constituintes, diversos Gases traço e compostos voláteis, Os reservatórios de CO2 na atmos-
compostos ou partículas capazes de por exemplo, são gerados em emis- fera, litosfera e oceanos são extrema-
modificar a composição natural da at- sões biogênicas a partir de solos e mente grandes. Os fluxos entre estes
mosfera, são lançados no ar por fon- oceanos, enquanto que compostos re- compartimentos são bidirecionais e
tes biogênicas e antrópicas (proces- duzidos de enxofre são produzidos por quase em balanço, o que faz com que

Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola Ciclos globais de carbono, nitrogênio e enxofre N° 5 – Novembro 2003

4-02-atmosfera.p65 30 17/10/03, 08:01

 as estimativas de troca sejam difíceis.
A Figura 2 ilustra as principais rotas de
troca estabelecidas para o CO2, em
processos biogeoquímicos envolven-
do os três compartimentos, enquanto
a Figura 3 ilustra estimativas de quan-
tidades aproximadas contidas em
cada ambiente e os fluxos anuais (GtC/
ano) entre os mesmos.
As trocas de CO2 entre a atmosfe-
ra e a biosfera terrestre ocorrem prin-
cipalmente através da fotossíntese e a
respiração por plantas. Estes dois pro-
cessos podem ser resumidos pelas
seguintes equações:
Fotossíntese:
H2O + CO2 + hν → (CH2O)n + O2 (1)
Respiração:
(CH2O)n + O2 → CO2 + H2O + Energia (2)
Dessa maneira, parte do CO2 fixado
segundo a equação 1, é reemitido
segundo a equação 2. O restante será
armazenado, na forma de biomassa,
pelas folhas, caules, raízes, etc, no que
é chamado de Produção Primária
Líquida (PPL). Essa biomassa, ao ser
consumida, como alimento, por orga-
nismos heterotróficos, é parcialmente
reconvertida de forma imediata a CO2
pela respiração e, posteriormente, por
processos de decomposição da
matéria orgânica, através da morte de
animais e plantas e ataque por mi-
crorganismos. No decorrer de um
tempo suficientemente longo, a
respiração e a decomposição dos
organismos heterotróficos tende a
balancear a PPL.
A fixação do CO2 pelos oceanos se
dá através da dissolução do gás na
água e por fotossíntese. A dissolução
do CO2 pode ser expressa pelas se-
guintes equações:
CO2(g)
CO2(aq)
H = 3,4 x 10-2 mol L-1 atm-1 (3)
CO2(aq) + H2O(l)
H2CO3 (aq)
K = 2,0 x 10-3 (4)
H2CO3(aq) + H2O(l)
H3O+(aq) +
HCO3-(aq)
K = 4,3 x 10-7 mol L-1 (5)
HCO3-(aq) + H2O(l) D H3O+(aq) +
CO32- (aq)
K = 4,7 x 10-11 mol L-1 (6)
A espécie predominante irá depen-
der do pH da água e das respectivas
constantes de equilíbrio das reações.
De modo aproximado, a 15 0C e valo-
res de pH abaixo de 5,0, prevalece o
CO2(aq), enquanto para pH acima de
10,5 prevalece o CO32-(aq). Para pH
próximos a 8,0 praticamente só existe

31

Figura 2: Ciclo global do Carbono.

Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola Ciclos globais de carbono, nitrogênio e enxofre N° 5 – Novembro 2003

4-02-atmosfera.p65 31 17/10/03, 08:01

32

Figura 3: Fluxos e quantidades de Dióxido de Carbono nos compartimentos.

o íon HCO3-. No caso de oceanos, em CO2 entre a atmosfera e o oceano é tica, a quantidade de CO2 no ar, nos
que o pH da água está próximo a 8,0, resultado de um desequilíbrio nas con- últimos 200.000 anos, variou entre 200
a espécie solúvel predominante será, centrações desse gás entre os dois e 280 g/t, denotando uma grande es-
portanto, o íon bicarbonato, HCO3-. compartimentos, de acordo com a lo- tabilidade nos processos de formação
A principal rota de transferência do calização. Assim, em regiões próximas e remoção e, assim, mantendo-se até
CO2 para o fundo dos oceanos é pela ao equador, as águas quentes favore- o século 19, no limiar da revolução in-
sedimentação de carbonato de cálcio cem uma transfe- dustrial. Nos últimos
insolúvel, CaCO3, na forma de organis- rência maior do A importância do carbono 130 anos, contudo, sua
mos formadores de exoesqueletos, oceano para a at- e de seus compostos é concentração aumen-
como conchas, moluscos, etc. Sua de- mosfera, enquanto indiscutível. Este é tou dos originais 280 g/
composição ao longo de milhões de em médias e altas onipresente na natureza e t a cerca de 360 g/t em
anos leva à formação de depósitos ri- latitudes predomi- suas substâncias são meados da década de
cos em hidrocarbonetos (e.g. petróleo) na o processo in- constituintes essenciais de 1990, num aumento de
e carvão. Outra parte é re-dissolvida verso, em que CO2 toda a matéria viva e quase 30%. Atualmen-
por processos químicos e biológicos, da atmosfera é dis- fundamentais na te, esse aumento é de
permanecendo como fração solúvel. solvido nas águas respiração, fotossíntese e cerca de 0,5% anuais,
O CO2 é também fixado na forma frias. Alguns mode- regulação do clima. o qual, caso mantido,
de carbono orgânico, pela fotossíntese los globais suge- dobrará a quantidade
de algas na superfície ensolarada das rem que há uma no tempo aproximado
águas e pelo crescimento resultante do transferência líquida de CO2 da atmos- de um século e meio. Esse acréscimo
fitoplancton. Esse CO2 retorna à atmos- fera para os oceanos na faixa de 2,0 é atribuído, principalmente, à queima
fera através da respiração e decom- ± 0,8 GtC/ano. de combustíveis fósseis e, em certo
posição da biomassa assim formada. De acordo com medições efe- grau, aos processos de desflores-
O balanço de massa no fluxo de tuadas em camadas de gelo na Antár- tamento e queimadas. É interessante

Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola Ciclos globais de carbono, nitrogênio e enxofre N° 5 – Novembro 2003

4-02-atmosfera.p65 32 17/10/03, 08:01

 notar que a emissão total de carbono nos, lagos e regiões de cultivo alaga- rais ou antrópicas, entre 500 e 600 Mt
decorrente dessas atividades vem do, como no caso do arroz. de CH4, enquanto são removidas de
crescendo a taxas de 4,3% ao ano As emissões de metano ocorrem 460 a 580 Mt, principalmente via oxi-
desde a revolução industrial, portanto através de vários processos, sendo dação pelo radical OH•.
cerca de oito vezes resultado final da de-
maiores do que as ta- composição de ma- Hidrocarbonetos não metânicos
xas de crescimento As trocas de CO2 entre a téria orgânica via (HCNM)
da concentração de atmosfera e a biosfera mecanismos reduto- Devido às maiores velocidades de
CO2. Caso todo o CO2 terrestre ocorrem res, como a que reação na atmosfera, especialmente
emitido por estes pro- principalmente atavés da ocorre no organismo frente ao radical OH • , os demais
cessos permaneces- fotossíntese e respiração de ruminantes (e.g. hidrocarbonetos recebem esta classi-
se na atmosfera, se- por plantas. A fixação do bovinos e caprinos) e ficação que os diferencia do metano.
ria esperada uma CO2 pelos oceanos se dá de insetos (e.g. cu- Uma grande variedade de HCNM é
quantidade bem mai- através da dissolução do pins). As principais emitida para a atmosfera, e suas rea-
or do que a atual. gás na água e por atividades humanas ções têm importante papel para a quí-
Existem, portanto, im- fotossíntese. responsáveis pela mica deste compartimento, sendo os
portantes mecanis- emissão de metano mesmos precursores de diferentes
mos de remoção dessa produção são: decomposição de lixo em aterros oxidantes fotoquímicos, tais como
excedente, sendo os oceanos um de- sanitários; queima de biomassa; mine- aldeídos, ácidos carboxílicos e ozônio.
les, através da absorção, enquanto a ração de carvão; processamento de Valores estimados dão conta que,
retirada de CO2 através de processos petróleo e extração de gás natural. anualmente, cerca de 1270 MtC são
de replantio seria outro. Não obstante, O principal mecanismo para a re- emitidas para a atmosfera na forma de
é importante frisar que cerca de 3,3 moção do metano na troposfera en- HCNM. Desses, a maior contribuição
GtC, líquidas, como CO2, estão sendo volve a oxidação via radical1 OH•, me- (~92%) vem de fontes naturais, como
introduzidos na atmosfera do planeta diante a abstração de um de seus áto- emissões por plantas, oceanos e ativi-
a cada ano, com conseqüências glo- mos de hidrogênio e a formação de dade microbiana. Os 8% restantes pro-
33
bais sobre o clima, as quais vem sen- um radical CH3• e água, segundo a re- vém de atividades antrópicas, tais
do amplamente discutidas em diver- ação a seguir: como indústrias, produção de energia
sos foros. e emissão veicular. Extremamente sig-
CH4 + OH•
CH3• + H2O (7) nificativas são as emissões naturais de
Metano (CH4) isopreno – 500 MtC/ano (39%) –, e
O metano é o composto orgânico Em seqüência, o radical metila monoterpenos – 125 MtC/ano (10%) –
em nível traço de maior presença na (CH 3 • ) formado é oxidado a for- sendo a vegetação sua principal fon-
atmosfera, sendo, depois de CO2 e maldeído (HCHO), CO e CO2. Em re- te, especialmente florestas e árvores
vapor d’água, o gás estufa mais abun- giões marinhas, a reação com o cloro como pinheiros, eucaliptos e as pro-
dante. A concentração atmosférica do atômico pode também se tornar rele- dutoras de frutos cítricos.
metano permaneceu durante centenas vante e, nesse caso, a equação (7)
de anos praticamente estável em cer- transforma-se em: Monóxido de carbono (CO)
ca de 700 mL/m3 até há aproximada- O monóxido de carbono tem impor-
mente 200 anos, quando começou a CH4 + Cl•
CH3• + HCl (8) tante papel na química da troposfera,
aumentar progressivamente para os especialmente através da reação com
valores médios atuais (1998) de apro- É importante ressaltar que quando o radical OH•, sendo um dos contro-
ximadamente 1700 comparadas com ladores de sua concentração no ar em
mL/m3. Esse aumento O metano é o composto outros alcanos de diversos locais. É ainda um gás-estu-
é creditado principal- orgânico em nível traço sua série homóloga, fa, embora de efeitos menos severos
mente a atividades de maior presença na as reações 7 e 8 são do que o CO2. Monóxido de carbono
antrópicas. Recente- atmosfera, sendo, depois bem mais lentas é produzido na oxidação atmosférica
mente, essa velocida- do CO2 e vapor d'água, o para o metano, a do metano e de HCNM, na emissão
de de crescimento gás estufa mais abundante. 298 K. por plantas e microrganismos, na
vem declinando, sen- Apesar de ainda fotoxidação de matéria orgânica dis-
do uma das prováveis haver incertezas no solvida em oceanos e também em di-
causas a intensificação dos processos balanço global e de possíveis fontes ferentes tipos de atividade humana,
químicos de remoção. As fontes de não identificadas ou não suficiente- tais como queima e combustão incom-
emissão de metano para a atmosfera mente esclarecidas, estima-se que pleta de biomassa e combustíveis fós-
envolvem áreas alagadas e com defi- anualmente são introduzidas na at- seis. As quantidades atmosféricas de
ciência em oxigênio, tais como pânta- mosfera, pelas diversas fontes, natu- CO diferem de acordo com o local,

1
A palavra radical designa qualquer espécie química formada por um átomo ou grupo de átomos contendo um elétron desemparelhado.

Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola Ciclos globais de carbono, nitrogênio e enxofre N° 5 – Novembro 2003

4-02-atmosfera.p65 33 17/10/03, 08:01

 sendo que em áreas remotas da
troposfera seus valores variam entre
30-65 mL/m3 no hemisfério sul e entre
60 e 200 mL/m3 no hemisfério norte.
Todavia, em áreas urbanas ou sujeitas
à intensa atividade humana, esses va-
lores tendem a ser muito maiores. Es-
timativas para o balanço de CO indi-
cam que, anualmente, entre 1400 e
3700 Mt de CO são introduzidas na
atmosfera, predominantemente atra-
vés da oxidação de metano e HCNM,
enquanto entre 1550 e 3100 Mt são
removidas, principalmente através de
sua reação com o oxidante OH•.
O Ciclo do Nitrogênio
Muitos compostos contendo nitro-
gênio são encontrados na natureza,
pois este elemento químico possui
grande capacidade de fazer ligações
químicas, com números de oxidação
variando de (–3 ) a (+5). É o mais
abundante elemento químico na at-
34
Figura 4: O ciclo global do Nitrogênio.
Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola
4-02-atmosfera.p65 34
mosfera terrestre, contribuindo com veniência a soma das duas espécies
aproximadamente 78% de sua compo- é geralmente referida como NOx (NOx
sição. A molécula de N2 é extremamen- = NO + NO2).
te estável e quase não desempenha O nitrogênio é essencial à vida, sen-
papel químico importante, exceto do necessário, por exemplo, na cons-
na termosfera (altitude maior que 90 tituição das proteínas e do DNA que
km) onde pode ser fotolizada ou ioni- contém as informações genéticas. A
zada. Os constituin- atmosfera é o princi-
tes minoritários, tais O nitrogênio é o mais pal reservatório de ni-
como óxido nitroso abundante elemento trogênio, sob forma
(N 2O), óxido nítrico químico na atmosfera de N 2 , embora as
(NO), dióxido de ni- terrestre, contribuindo com plantas e animais
trogênio (NO2), ácido aproximadamente 78% de não possam utilizá-lo
nítrico (HNO3) e amô- sua composição. diretamente. Os ani-
nia (NH3) são quimi- mais necessitam do
camente reativos e nitrogênio incorpora-
têm importantes papéis nos problemas do em compostos orgânicos (amino-
ambientais contemporâneos, incluindo ácidos e proteínas), enquanto que
a formação e precipitação ácida (chu- plantas e algas necessitam do nitro-
va ácida), poluição atmosférica (smog gênio sob a forma de íons nitrato (NO3-)
fotoquímico), aerossóis atmosféricos e ou íons amônio (NH4+).
a depleção da camada de ozônio. Os O ciclo do nitrogênio, ilustrado na
óxidos de nitrogênio, NO e NO2, são Figura 4, é um dos mais importantes e
rapidamente interconversíveis e exis- complexos dos ciclos globais. Este ci-
tem em equilíbrio dinâmico. Por con- clo descreve um processo dinâmico de
Ciclos globais de carbono, nitrogênio e enxofre N° 5 – Novembro 2003
17/10/03, 08:01
 intercâmbio de nitrogênio entre a at- também contribuem para a emissão Compostos de Nitrogênio
mosfera, a matéria orgânica e compos- destes gases para a atmosfera.
tos inorgânicos. Além do nitrogênio gasoso, os mais
Qualquer processo que resulte na 2 NH4+ + 3 O2
2 NO2- + 2 H2O + 4 H+ (9) importantes compostos de nitrogênio
transformação do N2 da atmosfera em presentes na atmosfera são a amônia
outros compostos de nitrogênio é de- 2 NO2- + O2
2 NO3- (10) e os óxidos de nitrogênio, os quais
nominado de fixação de nitrogênio. serão discutidos a seguir.
Um grande número As bactérias, plan-
de bactérias pode O ciclo do nitrogênio é tas e algas convertem Amônia (NH3)
converter o nitrogê- um dos mais importantes os compostos inor- A amônia, apesar do seu tempo de
nio gasoso a amô- e complexos dos ciclos gânicos de nitrogênio vida relativamente curto, de aproxima-
nia (NH 3 ) ou íons globais. Este ciclo a espécies orgânicas, damente 10 dias, é o terceiro compos-
amônio (NH4+), por descreve um processo tornando o nitrogênio to de nitrogênio mais abundante na
meio de redução dinâmico de intercâmbio disponível na cadeia atmosfera, ficando atrás apenas do N2
catalisada por enzi- de nitrogênio entre a ecológica alimentar. e N 2
O. A sua concentração é variável
mas, em processo atmosfera, a matéria Nos animais, em pro- no espaço e no tempo, sendo os valo-
conhecido como fi- orgânica e compostos cesso de respiração res característicos na faixa de 0,1-10
3
xação biológica de inorgânicos. celular, os compostos mL/m . As principais fontes incluem a
nitrogênio que re- orgânicos são transfor- decomposição enzimática da uréia
presenta 90% de mados, retornam ao proveniente de urina e excremento
toda a fixação de origem natural. solo como excremento e podem ser animais, emissão pelo solo, queima de
Para o ecossistema terrestre, na absorvidos por plantas. Quando os or- biomassa e perdas durante a produ-
ausência de fertilizantes, a fixação bio- ganismos morrem, certas bactérias ção e aplicação de fertilizantes, que
lógica de N2 pela bactéria chamada são capazes de converter os compos- representam a emissão global de cer-
Rhizobium é a fonte mais importante tos orgânicos contendo nitrogênio em ca de 104,5 MtN/ano como amônia.
de nitrogênio para os organismos vi- nitrato, amônia ou, por uma série de A amônia é principalmente um pro-
35
vos. Esta bactéria vive em nódulos ou reações químicas, em nitrogênio duto da atividade biológica, bem como
raizes de leguminosas e representa um molecular, quando, então, retorna à at- um subproduto da agricultura e do pro-
exemplo interessante de simbiose, mosfera. cesso de produção de excrementos por
onde há benefícios para ambas as A redução de ni- seres humanos e ani-
espécies: a leguminosa fornece local trato (NO3-) a espé- O nitrogênio é essencial à mais. O uso de fertili-
e alimento (açúcar) para a bactéria e, cies de nitrogênio vida, sendo necessário, por zantes inorgânicos e a
por outro lado, recebe o nitrogênio em (reação 11) sob for- exemplo, na constituição produção de excre-
forma assimilável. Em ecossistemas ma de gás (e.g. N2, das proteínas e do DNA mento, particularmente
aquáticos o ciclo do nitrogênio é simi- N 2 O, NO), ocorre que contém as informações em áreas onde há con-
lar, sendo as cianobactérias os micror- em processos quí- genéticas. centração ou confina-
ganismos mais importantes na fixação micos e biológicos mento de animais, ace-
de nitrogênio. e é denominada de leram a emissão de
Adicionalmente, o nitrogênio gaso- desnitrificação
desnitrificação. Como resultado des- amônia pelo solo, devido ao aumento
so pode ser convertido em amônia e te processo, o N2 atmosférico consti- das concentrações de NH3 e NH4+.
espécies oxidadas, por meio de rea- tui o principal reservatório de nitrogê- A amônia é um gás naturalmente
ção provocada por descargas de re- nio na Terra. Por outro lado, a ausên- alcalino, sendo de grande importância
lâmpagos, em processo chamado de cia de desnitrificação pode ter sido a na neutralização da chuva ácida na at-
fixação atmosférica de nitrogênio
nitrogênio. responsável, no passado, pelo gran- mosfera, como exemplificado na rea-
Atividades antrópicas, como por de acúmulo de nitrato nos oceanos. ção 12, configurando-se o processo
exemplo a produção de amônia ou A desnitrificação ocorre em toda a representado por esta reação num dos
ácido nítrico, também contribuem para superfície terrestre, num processo que principais sorvedouros do NH3 atmos-
a fixação de nitrogênio em processo reduz o nitrogênio desde o estado de férico.
denominado de fixação industrial de oxidação +V (NO 3- ) até zero (N 2),
nitrogênio
nitrogênio. como mostrado na reação 11, em que 2 NH3 + H2SO4
(NH4)2SO4 (12)
O nitrogênio também pode ser os números em algarismos romanos
oxidado a nitritos (NO2-) ou nitratos (NO3-) representam os respectivos estados A conversão para aerossóis, atra-
num processo chamado de nitrifi- de oxidação do nitrogênio. Esse ciclo vés da reação de amônia com H2SO4
cação, o qual é facilitado pela presen- é fechado com o retorno do N2 à at- e HNO3, resulta, portanto, na formação
ça de certas bactérias e pode ser re- mosfera. de sulfatos e nitratos, sob forma de par-
sumido nas reações 9 e 10. Os óxidos tículas, as quais são removidas do ar
nítrico (NO) e nitroso (N2O) são sub- NVO3-
NIIIO2-
NIIO
NI2O
N02 (11) atmosférico por deposição seca ou
produtos destas reações, as quais úmida.

Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola Ciclos globais de carbono, nitrogênio e enxofre N° 5 – Novembro 2003

4-02-atmosfera.p65 35 17/10/03, 08:01

 Óxido nitroso óxidos de nitrogênio na atmosfera. O NO + O3
NO2 + OH• + MH
NO3 + M (18)
conjunto destas fontes representa a
O óxido nitroso (N2O) é liberado emissão global de cerca de 64 MtN/ -durante a noite:
para a atmosfera predominantemente ano como NOx. N2O5 + H2O
HNO3 (19)
do solo e da água, sendo os solos tro- Os óxidos de nitrogênio têm um
picais, provavelmente, as mais im- papel relevante na formação de ozô- O ácido nítrico e nitratos presentes
portantes fontes naturais deste gás. As nio na troposfera, que ocorre por uma na troposfera são solubilizados na fase
emissões devidas ao uso de fertilizan- seqüência complexa de reações aquosa atmosférica (e.g. nuvens, chu-
tes na agricultura representam a mai- fotoquímicas, envolvendo, principal- va e neblina) e removidos da atmosfe-
or contribuição antrópica global de mente, dióxido de nitrogênio (NO2), ra em processo de deposição úmida.
óxido nitroso. Várias outras fontes hidrocarbonetos, álcoois, aldeídos e Outro exemplo de processo de remo-
antrópicas (e.g. ativi- luz solar. A fotólise do ção de óxidos de nitrogênio é a absor-
dade industrial, quei- NO2 é a principal rota ção por plantas. Neste, o óxido nítrico
As bactérias, plantas e
ma de biomassa) conhecida na forma- (NO) é consumido mais lentamente
algas convertem os
contribuem, em me- ção de ozônio na que o dióxido de nitrogênio (NO2) e
compostos inorgânicos de
nor escala, com o au- troposfera, o qual, na ácido nítrico (HNO3).
nitrogênio a espécies
mento da concentra- ausência de outras
orgânicas, tornando o
ção do N2O atmosfé- espécies oxidantes, O Ciclo do Enxofre
nitrogênio disponível na
rico. O conjunto des- converte o NO (óxido
cadeia alimentar.
tas fontes representa nítrico) a NO2, resul- Muitos compostos contendo enxo-
a emissão global de tando num estado fre são encontrados na natureza, pois
cerca de 23,7 MtN/ano como óxido fotoquímico estacionário no qual a con- este elemento possui grande capaci-
nitroso. centração de ozônio tende a se man- dade de fazer ligações químicas, com
O óxido nitroso tem um tempo de ter constante (reações 15, 16 e 17). números de oxidação variando de
vida global na atmosfera de 130-150 (–2) a (+6). O enxofre é um elemento
anos, é considerado um gás estufa e NO2 + hν
NO + O (15) essencial à vida na Terra, sendo alguns
36
é relativamente inerte na troposfera. de seus compostos de grande impor-
Entretanto, configura-se na principal O + O2 + M
O3 + M (16) tância biológica: organismos vivos, in-
fonte de nitrogênio reativo na estratos- cluindo plantas, assimilam espécies de
fera. A remoção de N2O da atmosfera O3 + NO
NO2 + O2 (17) enxofre, enquanto que ao mesmo tem-
ocorre primariamente através da fotó- po, várias formas de enxofre são emi-
lise (reação 13) e, em menor extensão, Assumindo uma relação NO2/NO tidas como produto final de seus me-
pela reação com oxigênio atômico na igual a unidade, temperatura de 25 oC tabolismos. O enxofre representa apro-
estratosfera (reação 14), que resulta na e ausência de radi- ximadamente 0,5% da
formação de NO e de N2 e O2. Através cais, a concentra- massa seca de plantas
destas reações, o óxido nitroso contri- ção de ozônio no Os óxidos de nitrogênio e microrganismos e
bui para a depleção da camada de estado estacioná- têm um papel relevante 1,3% do tecido animal.
ozônio. rio seria em torno na formação de ozônio O ciclo global do
N2O + hν
N2 + O (13) de 20 mL/m 3 , a na troposfera, que ocorre enxofre compreende
qual é muito menor por uma seqüência um conjunto de trans-
N2O + O
2 NO ( 58%) (14a) do que a observa- complexa de reações formações entre as es-
da em locais poluí- fotoquímicas, envolvendo pécies de enxofre pre-

N2 + O2 (42%) (14b) dos, pois os com- principalmente, dióxido sentes na litosfera,
postos orgânicos de nitrogênio (NO2), hidrosfera, biosfera e
Óxido Nítrico e outros Óxidos de voláteis presentes hidrocarbonetos, álcoois, atmosfera. (Figura 5).
Nitrogênio (NOx) na atmosfera des- aldeídos e luz solar Compostos reduzidos
tes locais reagem de enxofre, principal-
A grande concentração de óxido com o NO inibindo mente o sulfeto de hi-
nítrico (NO) e outros óxidos de nitro- a reação 17. drogênio (H2S), são formados por ati-
gênio (NOx) presentes na atmosfera Os óxidos de Nitrogênio participam vidade bacteriana anaeróbica, no pro-
resulta principalmente da queima de de uma série de reações que produ- cesso de oxidação de carbono orgâ-
combustíveis fósseis, queima de zem ácido nítrico, contribuindo para o nico a dióxido de carbono e redução
biomassa e emissões pelo solo devi- aumento da acidez da chuva. A pre- de sulfato (SO42-) a sulfeto (S2-). Parte
do a processos biológicos. Outras fon- sença ou não de radiação solar pode deste, ao reagir com íons metálicos é
tes (e.g. descargas de relâmpago, oxi- determinar a predominância de algu- fixado na litosfera, na forma de rochas
dação de amônia e emissão por oce- mas reações, por exemplo: e sedimentos.
anos) contribuem, em menor escala, Na presença de oxigênio, bactéri-
com o aumento da concentração de -durante o dia: as aeróbicas também podem produ-

Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola Ciclos globais de carbono, nitrogênio e enxofre N° 5 – Novembro 2003

4-02-atmosfera.p65 36 17/10/03, 08:01

 37

Figura 5: Ciclo global do Enxofre.

zir sulfeto, pela decomposição de ma- Compostos RReduzidos

eduzidos de Enxofre tres a partir de vegetação e solos. Uma
téria biológica contendo enxofre. Com- vez na atmosfera, o DMS reage princi-
postos reduzidos de enxofre como o Dimetilsulfeto (CH3SCH3) é o prin- palmente com radical hidroxila OH• ,
sulfeto de hidrogênio (H 2S), o di- cipal composto biogênico do enxofre, que é o principal responsável pela sua
metilsulfeto (CH 3SCH 3 ou DMS), o sendo emitido predominantemente por remoção.
sulfeto de carbonila (COS) e o dis- certas algas marinhas, por exemplo, a As árvores e outras espécies de
sulfeto de carbono (CS2) são voláteis alga vermelha Polysiphonia fastigiata. plantas são as principais fontes de
e rapidamente esca- Parte do enxofre des- sulfeto de carbonila (COS) para a at-
pam para a atmos- te organismo está na mosfera. O fluxo de cerca de 0,3 MtS/
O enxofre é um elemento
fera. A transforma- forma de ácido dime- ano é estimado para fontes terrestres
essencial para a vida na
ção destes compos- tilssulfopropiônico, que e oceânicas. A queima da biomassa
Terra, sendo alguns de seus
tos na troposfera sofre decomposição constitui a maior fonte direta antrópica
compostos de grande
(oxidante) exibe ten- produzindo o DMS, de COS (12% do total). Devido à baixa
importância biológica:
dência aos estados formando um grande reatividade química, o COS é o gás
organismos vivos, incluindo
de oxidação mais al- reservatório desta es- contendo enxofre, mais abundante na
plantas, assimilam espécies
tos (Figura 6). pécie nos oceanos. atmosfera. Seu tempo de vida médio
de enxofre, enquanto que
Os mais impor- Cerca de 3% a 10% do é de 1,5 ano, o que permite que atinja
ao mesmo tempo, várias
tantes gases que DMS presente na a alta atmosfera, sendo uma importan-
formas de enxofre são
contém enxofre e água do mar é perdi- te fonte de SO2 e de sulfato particulado
emitidas como produto
estão presentes na do para a atmosfera, para a estratosfera.
final de seus metabolismos.
atmosfera são di- porém o oceano é res- O sulfeto de hidrogênio (H2S) é um
metilsulfeto, sulfeto ponsável por 99% do gás de cheiro desagradável, sendo o
de carbonila, sulfeto de hidrogênio, fluxo global de DMS, sendo estimado principal produto da atividade bacte-
disulfeto de carbono e dióxido de en- um valor de 16 MtS/ano. O restante riana. Fontes de H2S para a atmosfera
xofre. está relacionado com emissões terres- incluem emissões vulcânicas, oceâni-

Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola Ciclos globais de carbono, nitrogênio e enxofre N° 5 – Novembro 2003

4-02-atmosfera.p65 37 17/10/03, 08:01

 compostos reduzidos de enxofre rea-
gem principalmente com radicais OH•
e NO3•, sendo oxidados principalmente
a SO2. Uma vez formado ou emitido
para a atmosfera, SO2 é oxidado, tan-
to na fase gasosa, quanto na fase
aquosa (chuva, neblina, nevoeiro), pro-
duzindo ácido sulfúrico (H2SO4) ou par-
tículas neutralizadas sob forma de sul-
fato.
A seqüência de reações abaixo re-
presenta o processo de conversão do
H2S a SO2, que se inicia com o ataque
pelo radical OH• sendo, em seguida,
observada uma série de reações sub-
seqüentes (reações 20 a 24) de espé-
cies intermediárias com outros oxi-
dantes presentes na atmosfera:

OH• + H2S
H2O + HS• (20)

HS• + O3
HSO• + O2 (21)

HS• + NO2
HSO• + NO (22)

HSO• + NO3
HSO2• + O2 (23)

38
Figura 6: Transformação de espécies de enxofre na troposfera.
HSO2• + O2
HO2• + SO2 (24)

Para todos os outros compostos

cas, a partir de solos e vegetação, tróleo, metalurgia, cimento), enquanto reduzidos de enxofre, também a rea-
queima da biomassa e emissões in- que a atividade vulcânica é a principal ção com radical OH• é o processo de
dustriais. Uma vez na atmosfera, é ra- fonte associada a emissões naturais oxidação mais importante na fase ga-
pidamente oxidado pelo radical OH•. de SO2. A queima da biomassa tam- sosa atmosférica. No caso do DMS, a
O disulfeto de carbono (CS2) é um bém tem sido considerada uma fonte reação com radical NO3•, por ser rápi-
gás produzido na atmosfera pelo ata- importante de enxofre atmosférico, da, torna-se também um processo
que de radicais OH• ao sulfeto de principalmente nas regiões tropicais. importante de remoção deste gás, em
carbonila (COS). Fontes desta espé- Estimativas da produção total de SO2 atmosferas poluídas por óxidos de ni-
cie incluem tam- de origem antró- trogênio (NOx).
bém atividades in- pica indicam cer- O dióxido de enxofre, SO2, além de
Grandes quantidades de
dustriais, destacan- ca de 99 MtS/ano. ser lançado na atmosfera em grandes
enxofre são lançadas na
do-se a indústria de quantidades pela queima de combus-
atmosfera na forma de dióxido
celulose. Conversão das tíveis, é também o principal produto
de enxofre, um dos mais
Espécies de En- formado devido à oxidação de todos
comuns poluentes atmosféricos.
Dióxido de Enxo
Enxo-- xofre os compostos reduzidos de enxofre.
As principais fontes de emissão
fre (SO2) A oxidação por radical hidroxila tem
deste gás são a queima de
Existem algu- sido também considerada como a
combustíveis fósseis e
Grandes quanti- mas incertezas principal reação responsável pela con-
atividades industriais (refino
dades de enxofre com relação às versão do SO2 na fase gasosa atmos-
de petróleo, metalurgia,
são lançadas na at- fontes, reações e férica:
cimento), enquanto que
mosfera na forma destino das espé-
a atividade vulcânica é a
de dióxido de enxo- cies de enxofre OH• + SO2 + M
HOSO2• + M (25)
principal fonte associada a
fre, um dos mais na atmosfera, po-
emissões naturais de SO2.
comuns poluentes rém os processos HOSO2• + O2
HO2• + SO3 (26)
atmosféricos. As mais importantes
principais fontes de emissão deste gás relacionados com estas espécies es- O trióxido de enxofre (SO3) forma-
são a queima de combustíveis fósseis tão representados na Figura 6. A at- do reage rapidamente com a água,
e atividades industriais (refino de pe- mosfera atua como um meio oxidante: tanto na fase gasosa, quanto pela

Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola Ciclos globais de carbono, nitrogênio e enxofre N° 5 – Novembro 2003

4-02-atmosfera.p65 38 17/10/03, 08:01

 interação com gotas atmosféricas, pro-
duzindo ácido sulfúrico (H2SO4):

SO3 + H2O
H2SO4 (27)

Como o dióxido de enxofre, SO2,

exibe uma boa solubilidade em água,
a fase aquosa atmosférica contém SO2
dissolvido, ou espécies de enxofre no
estado de oxidação +4, sulfito (SO32-)
e bissulfito (HSO3-), de acordo com os
equilíbrios:

SO2(g) + H2O(l)  SO2.H2O(aq)

H = 1,23 mol L-1 atm-1 (28)

SO2.H2O(aq) + H2O  HSO3-(aq) + H3O+

K = 1,32 x 10-2 mol L-1 (29)

HSO3-(aq) + H2O  SO32-(aq) + H3O+

K = 6,42 x 10-8 mol L1- (30)

Na faixa de pH correspondente à
água atmosférica (pH 2 a 6), a maior
parte do SO2 dissolvido encontra-se na
forma do íon bissulfito, HSO3-. A con-
39
versão das espécies de S(IV) a S(VI)
via solução aquosa apresenta uma Figura 7: Esquema representativo da transferência de SO 2(g) para a fase aquosa
química complexa e depende de diver- atmosférica.
sas variáveis, o que inclui: concentra-
ção de espécies oxidantes, presença
de íons metálicos, tamanho e compo-
sição da gota e condições meteoroló- Impacto Ambiental O uso de combustíveis fósseis tem
gicas. Possíveis agentes oxidantes contribuído de forma significativa para
para o processo incluem: O2, O3, H2O2, Ao lado dos processos naturais, ati- o aumento da concentração (pressão
radicais livres tais como OH• e HO2• e vidades humanas tais como indús- parcial) de CO2 na atmosfera. Este fato
espécies de nitrogênio, NO, NO 2, trias, agricultura e pecuária, aglome- é preocupante pois, se de um lado,
HONO, HNO3. A oxidação por H2O2 ração em grandes cidades, todas de- este gás é fundamental para proces-
parece ser a mais favorável devido à pendentes de grandes quantidades de sos como a fotossíntese, regulagem
alta velocidade da reação. Muitos íons variados insumos e energia, também da alcalinidade da água do mar, com-
metálicos presentes na atmosfera, interferem sig- posição do exoes-
principalmente Fe(III) e Mn(II), são re- nificativamente Ao lado dos processos naturais, queleto de animais
conhecidos como agentes catalisa- nos diversos ci- atividades humanas, tais como marinhos, etc. o au-
dores importantes para a reação de clos, ocasio- indústria, agricultura e pecuária, mento da pressão
oxidação do S(IV) em fase aquosa. nando transfor- a aglomeração em grandes parcial do CO2 na at-
Íons metálicos encontram-se no aeros- mações na cidades, todas dependentes mosfera pode favore-
sol atmosférico provenientes da ero- composição e de grandes quantidades de cer algumas culturas
são dos solos, indústrias metalúrgicas, na concentra- variados insumos e energia, de alimentos e fibras.
de construção e emissões veiculares. ção dos diver- também interferem Por outro lado, pode
Além da possibilidade de múltiplas sos constituin- significativamente nos diversos prejudicar o rendi-
reações ocorrerem no processo de tes da atmosfe- ciclos, ocasionando mento de outras.
oxidação de S(IV) a S(VI) em gotas at- ra. Atualmente, transformações na composição e Mesmo nos casos
mosféricas, é necessário também con- termos tipo de- na concentração dos diversos onde ocorra o incre-
siderar os processos físicos envolven- pleção da ca- constituintes da atmosfera. mento da produção,
do a retirada de SO2 da fase gasosa mada de ozô- existirá simultanea-
até a transformação final em sulfato na nio, efeito estufa e chuva ácida, entre mente um maior consumo de nutrien-
fase aquosa, representados na Figura outros, foram incorporados ao cotidi- tes, o que forçará o aumento do uso
7. ano do cidadão comum. de adubos artificiais.

Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola Ciclos globais de carbono, nitrogênio e enxofre N° 5 – Novembro 2003

4-02-atmosfera.p65 39 17/10/03, 08:01

 O CO2 e o CH4 são reconhecida- xão de calor para o solo. Este aumen- causando danos à flora e fauna aquá-
mente gases estufa. A diferença entre to de temperatura é denominado de ticas e à vegetação. Ao se infiltrar nos
as respectivas quantidades na atmos- Efeito Estufa, cujos efeitos poderão solos, os ácidos presentes na água de
fera (CO2 = 360 mL/L e CH4 = 1.700 afetar todas as áreas do globo terres- chuva reagem com diversas substân-
mL/m3), bem como vida média aproxi- tre. Calcula-se que o aumento de 1 a cias, liberando íons metálicos tóxicos
mada (CO2 = 500 anos e CH4 = 7- 10 2 °C seriam suficientes para causar como Al3+, Pb2+, Cd2+, os quais podem
anos), revela menores valores para o enormes danos, e.g. aumento no ní- ser introduzidos na cadeia alimentar.
CH4. Entretanto, este último tem capa- vel do mar com a inundação de áreas A acidez aliada à alta concentração de
cidade 20 vezes maior de acumular costeiras e cidades, resultando em metais tem sido responsável pela de-
calor do que o CO2, resultando em um modificações graves na geografia eco- vastação de peixes e plantas aquáti-
maior impacto no balanço relaciona- nômica. cas em vários locais.
do ao aquecimento global. A intensificação de práticas agríco- A transformação das espécies de
Quando a radiação solar, sob for- las com o uso de fertilizantes quími- enxofre na atmosfera também é res-
ma de luz visível, atin- cos, o incremento de ponsável pela formação do aerossol
ge a superfície terres- atividades industriais de sulfato, como gotas de H2SO4 ou
tre parte é absorvida e das emissões por partículas de sais: (NH4)2 SO4, MgSO4,
Os impactos ambientais no
e parte é refletida, in- motores de combus- CaSO4, etc. Estas partículas possuem
ecossistema terrestre e em
clusive sob forma de tão interna, em muitas diâmetro < 10mm (PM10), penetram
especial na atmosfera,
radiação infraver- regiões do mundo, profundamente nos pulmões e cau-
devido à utilização e
melha, que está as- têm modificado subs- sam doenças respiratórias. Além dis-
transformação de
sociada ao calor. Se tancialmente o ciclo so, o aerossol de sulfato provoca a di-
substâncias químicas,
a Terra absorvesse do nitrogênio, resul- minuição de visibilidade no ambiente,
poderão ser minimizados
toda a energia solar tando em poluição do como conseqüência do fenômeno da
pelo uso adequado
que recebe, sua tem- ar e da água por áci- dispersão da luz. Aerossóis contendo
dos conhecimentos de
peratura atingiria ní- do nítrico e nitratos e partículas de sulfato são também res-
química e dos recursos
40 veis insuportáveis. A a deposição de amô- ponsáveis por mudanças climáticas, já
naturais, pelo
atmosfera terrestre nia nos ecossistemas que absorvem e refletem uma fração
entendimento dos
tem um papel funda- terrestres. significativa da radiação solar inciden-
processos ambientais,
mental no equilíbrio A remoção de es- te, podendo provocar redução da tem-
bem como, pelo
energético, pois per- pécies químicas da peratura na superfície terrestre.
estabelecimento de
mite a passagem de atmosfera pode ocor- Os impactos ambientais no
estratégias de remediação
cerca de 70 % da rer por deposição ecossistema terrestre e em especial na
e desenvolvimento
energia solar inciden- seca (sem a partici- atmosfera, devido à utilização e trans-
sustentado. Este é o grande
te refletindo de volta pação da fase líqui- formação de substâncias químicas, po-
desafio para as gerações
30%. Parte da radia- da), ou deposição derão ser minimizados pelo uso ade-
atuais e futuras.
ção que atravessa a úmida. No caso de quado dos conhecimentos de química
atmosfera será ab- espécies de enxofre e e dos recursos naturais, pelo entendi-
sorvida, aquecendo nitrogênio, tais pro- mento dos processos ambientais, bem
o solo, os oceanos e a própria atmos- cessos estão relacionados com pos- como, pelo estabelecimento de estra-
fera, provocando a evaporação (com síveis danos para o ambiente como os tégias de remediação e desenvolvimen-
a formação de nuvens e chuvas), ven- resultantes da formação do ácido sul- to sustentado. Este é o grande desafio
tos e correntes oceânicas. fúrico (H 2 SO 4 ) e do ácido nítrico para as gerações atuais e futuras.
Nesse processo deve ser estabe- (HNO3), principais substâncias ácidas
lecido um equilíbrio e parte do calor inorgânicas na atmosfera. O termo
Claudia Rocha Martins é Doutora em Química e
produzido, sob forma de radiação chuva ácida tem sido usado para to- Professora Adjunta do Departamento de Química Geral
infravermelha, deve ser reemitido para dos os processos de deposição úmi- e Inorgânica do Instituto de Química da Universidade
o espaço. Para sair da ação da Terra, da. O valor do pH da água de chuva Federal da Bahia. claudia@ufba.br. Pedro Afonso de
Paula Pereira é Doutor em Química, Professor Adjunto
essa radiação deve atravessar a at- encontra-se mais comumente entre 4,5
do Departamento de Química Geral e Inorgânica do
mosfera. Entretanto, essa atmosfera e 5,6, devido ao conteúdo natural de Instituto de Química da Universidade Federal da Ba-
que era praticamente transparente à dióxido de carbono (CO2) e de espéci- hia e Membro do Corpo Editorial de Química Nova.
luz solar, não o é com relação à radia- es de enxofre. Valores de pH mais bai- pedroapp@ufba.br. Wilson Araújo Lopes é Mestre em
Química e Professor Adjunto do Departamento de
ção infravermelha. Moléculas como xos têm sido observados, principal-
Química Orgânica do Instituto de Química da
CO2, CH4, H2O, O3, entre outras, têm mente no Hemisfério Norte, como re- Universidade Federal da Bahia. willopes@ufba.br.
estruturas que permite vibrarem em fre- sultado do aumento da concentração Jailson B. de Andrade é Professor Titular do
qüências correspondentes às radia- de óxidos de nitrogênio e enxofre na Departamento de Química Geral e Inorgânica do
Instituto de Química da UFBA, Coordenador do
ções infravermelhas. Isso resulta em atmosfera e a conseqüente formação
Laboratório de Pesquisas e Desenvolvimento em
maior absorção de calor pela atmos- de substâncias ácidas. Química (LPQ) e Editor do Journal of the Brazilian
fera e, conseqüentemente, maior refle- A chuva ácida polui rios e lagos, Chemical Society. jailsong@ufba.br.

Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola Ciclos globais de carbono, nitrogênio e enxofre N° 5 – Novembro 2003

4-02-atmosfera.p65 40 17/10/03, 08:01

 Referências bibliográficas
MANAHAN, S.E.; Environmental Chem-
istry, Michigan: Lewis Publishers, 1991.
BOTKIN, D.B.; LELLER, E.A.; Environ-
mental Science – Earth As a Living Planet,
John Wiley & Sons, New York, 1998.
NEBEL, B. J., WRIGHT, R. T., Environ-
mental Science, Prentice Hall, New Jer-
sey, 1998.
BRASSEUR, G.P., ORLANDO, J. J.,
TYNDALL, G. S. ed; Atmospheric Chem-
istry and Global Changes; Oxford Univer-
sity Press, New York, 1999.
FINLAYSON-PITTS, B.; PITTS JR., J.N.;
Chemistry of the Upper and Lower Atmo-
sphere, San Diego: Academic Press,
2000.
Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola
4-02-atmosfera.p65 41
Para saber mais
CARDOSO, A. A .; PITOMBO, L. R. M.;
Contribuição dos Compostos Reduzidos
de Enxofre no Balanço Global do Estoque
de Enxofre Ambiental; Quim. Nova, v. 15,
p. 213-219, 1992.
de ANDRADE, J.B.; SARNO, P. Química
Ambiental em Ação: Uma Nova
Abordagem para Tópicos de Química
Relacionados com o Ambiente, Quim.
Nova, v. 13, p.. 213-221, 1990.
de ANDRADE; M.V.; PINHEIRO, H.L.C;
PEREIRA, P. A.de P.; de ANDRADE, J.B.
“Compostos Carbonílicos Atmosféricos:
Fontes, Reatividade, Níveis de
Concentração, e Efeitos Toxicológicos”,
Quim. Nova, v.25, p. 1117-1131, 2002.
LOPES, W. A.; de ANDRADE, J.B.
Fontes, Formação, Reatividade e Quan-
tificação de Hidrocarbonetos Policíclicos
Aromáticos (HPA) na Atmosfera, Quim.
Nova, v. 19, p. 497-516, 1996.
Ciclos globais de carbono, nitrogênio e enxofre
17/10/03, 08:01
MARTINS, C. R.; de ANDRADE, J. B.,
Química Atmosférica do Enxofre (IV):
Emissões, Reações em Fase Aquosa e
Impacto Ambiental, Quim. Nova, v. 25, p.
259-272 , 2002.
PEREIRA, P. A.de P.; de ANDRADE, J.
B.; Fontes, Reatividade e Quantificação de
Metanol e Etanol na Atmosfera, Quim.
Nova, v. 21, p. 744-754, 1998.
PEZZA, H. R.; LOPES, C. F. F.; SUAREZ-
LHA, M. E. V.; COICHEV, N.; Cinética e
Mecanismo da Reação de Auto-Oxidação
de S(IV) Catalisada por Íons Metálicos de
Transição; Quim. Nova, v. 22, p. 529-540,
1999.
http://csep10.phys.utk.edu/astr161/
lect/earth/atmosphere.html; The Earth’s
Atmosphere; acessado em Março 2003.
htpp://www.grida.no/climate/ipcc_tar/
wg1/; acessado em Maio 2003.
41
N° 5 – Novembro 2003