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Resumo do Capítulo IV – Uma tradição arquitetônica:

A escola franciscana do Nordeste

Tratando-se da arquitetura religiosa no Brasil a ordem franciscana foi


responsável pelo maior número de obras presentes na região Nordeste,
principalmente sobre conventos situados entre Salvador e João Pessoa.
Apresentando soluções nunca antes vistas com desenvolvimento lógico
tornando possível a pressuposição de uma classe de construtores pertencentes
à Ordem.

O pouco que se sabe a respeito da arquitetura franciscana no Nordeste é


graças ao Frei Jaboatão que colecionou dados acerca dos templos da época e
também forneceu informações sobre o Frei Francisco dos Santos que concedeu
os esboços da igreja de Nossa Senhora das Neves de Olinda, em 1545, e
também do convento, em 1590.

O Frei Francisco era muito respeitado dentro da Ordem ao ponto de ser


convidado a dar conselhos sobre a fundação do convento de São Paulo. Há uma
suspeita de que ele seria o responsável pelo convento de Paraguaçu, na Bahia.
Infelizmente nada do que foi edificado pelo Frei ainda existe, porém, é importante
ressaltar que a sua experiência, desde o início da ordem até os antigos
conventos que ainda nos restam (Ipojuca e Serinhaém), é algo de grande
importância.

Segundo o Frei Jaboatão, Mestre Gonsalves de Olinda foi responsável


pela construção dos conventos de Ipojuca e Recife. No entanto, como as obras
não são contemporâneas é possível admitir que o mestre tenha realizado
observações a respeito do convento de Recife para empregar na construção do
convento de Ipojuca. Isso pode ser percebido através dos arcos do frontispício,
da igreja, capela-mor e de outros elementos presentes no convento de Recife.

É possível perceber uma semelhança existente entre os conventos de


Olinda, Ipojuca e Serinhaém, quando observado o conjunto de características
arquitetônicas destas obras, devido à existência das oficinas ambulantes.
Traçando uma linha do tempo, desde a fundação do primeiro convento
franciscano (N. S. das Neves de Olinda – 1585), essas características são
percebidas na construção de novos conventos em várias localidades entres os
séculos XVI e meados XVII, desde o Nordeste até o município de Itaboraí, no
Rio de Janeiro. Embora tenha construções em várias localidades, a preferência
dos franciscanos era entre as regiões de Salvador e Paraíba (João Pessoa),
onde puderam desenvolver traços originais da arquitetura religiosa daquela
região.

Apesar de nenhum dos templos existentes até hoje ser anterior à metade
do século XVII, existe um registro realizados através de linguagem pictórica de
caráter topográfico e geográfico, executados por Frans Post. Porém, tais
ilustrações não devem ser levadas tão a finco, pois foi observado certo caráter
imaginativo do artista, ou seja, Post representava a paisagem de maneira muito
livre, não sendo tão fiel ao o que observava.

A partir da saída dos holandeses de Pernambuco (segunda metade do


século XVIII) houve um movimento de reconstrução do que havia sido destruído
dos conventos de Pernambuco e Bahia, onde começou a ser utilizado materiais
de maior resistência. Os riscos não sofreram grandes variações, porém
houveram avanços no posicionamento de algumas peças.

Todas as igrejas do Nordeste mantêm certas características, a única que


se distingue é a de São Francisco, apresentando uma nave central muito ampla
e cercada por naves laterais.

Há uma influência na construção das mais importantes cidades por parte


da Ordem Terceira, principalmente pelo fato dos habitantes mais ricos de tais
localidades fazerem parte desse grupo.

Os azulejos que adornam o claustro e as galerias representando cenas e


figuras foram criados por uma escola franciscana no Nordeste e são os mais
monumentais de todos observados.

Foram reveladas duas tipologias de frontispícios, os de característica


Ipojuca e o de Cairu. Segundo a linguagem Ipojuca, os frontispícios apresentam-
se curvilíneos e possuindo adornos em tom barroco numa estrutura clássica,
mantendo uma organização retangular. Enquanto isso, o tipo Cairu mostra-se
em formato piramidal com ampliação da galilé e diminuição do frontispício – com
cinco vestíbulos e três janelas no coro de cima - e com uma evolução do estilo,
apresentando já certas características em Rococó.

Toda riqueza de detalhes presente no início do movimento da arquitetura


religiosa não é mais visto na construção de Santo Antônio de Recife, onde se
tem menores detalhes e uma falta de gracejo nos relevos mostrando a
decadência de tal organização arquitetônica.

O movimento sofreu uma influência oriental que se manifesta na arte


portuguesa da época rococó e que pode ser visto na ornamentação dos
frontispícios de João Pessoa.

Por fim, vale ressaltar que as soluções inéditas e lógicas encontradas


pelos arquitetos franciscanos apresentam características semelhantes às
catedrais da Idade Média, pois apenas nesta época observava-se um povo
vivendo em condições isoladas e distantes.

Referência Bibliográfica
BAZIN, Germain. A arquitetura religiosa barroca no Brasil - volume 1. Rio de
Janeiro: Editora Record, 1956

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