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Em nome do pai todos rezavam, numa igreja moribunda da cidade.

Estavam presentes os
ilustres velhos e velhas que ali já haviam passado e visto várias vezes a mesma missa. O
padre estava suado, o rosto brilhava em demasiado, parecia que tinha colocado glitter
amarelo no rosto. Clasula branca, com detalhes roxos. Voz alta e grave percorria todo o
espaço. Ninguém estava concentrado, o ritual fazia-se sem as pessoas. Corpos presentes,
vazios. Deus não entra em quem está deslocado. Ou você segue à risca, sem questionar,
ou você questiona e se distancia do sagrado.

Uma senhora de cabelo prateado resmungava, os dentes rangiam, parecia que estava com
raiva de alguma coisa. Uma outra mulher, essa mais jovem, de cabelos louros também
fazia caretas para frente e para o lado. Ou elas não se gostavam ou havia um terceiro que
provocava tamanhas caretas naquelas mulheres bem vestidas. Logo atrás havia um
senhor, barba branca, rugas no rosto, dentes podres e pretos. Com certeza estava com mal
cheiro, pelo menos as roupas porque estavam muito sujas e molhadas de suor. Concentrei-
me no velho. Ele estava atento à missa. Coisa peculiar vindo de um pobre coitado com
uma vida miserável e um chapéu de sem-terra.

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