You are on page 1of 2

Informativo Técnico

Pupunha
Versão impressa ISSN 1679-6500 Versão on-line ISSN 1679-8058
Bactris gasipaes Kunth

Identificação Ecologia
Família: Arecaceae. É cultivada desde Honduras, na América Central, até
Sinonímia: B. ciliata (Ruiz & Pav.) Mart., B. insignis (Mart.) o norte da Bolívia e no Brasil. Adapta-se a diferentes
Baillon, B. speciosa (Mart.) H. Karst., B. speciosa var. chichagui condições ecológicas, sendo encontrada em altitudes que
(Mart.) H. Karst., B. utilis (Oerst.) Benth. & Hook. f. ex vão desde próximo ao nível do mar até cerca de 2000m.
Hemsl., Guilielma chontaduro Triana, G. ciliata (Ruiz & Pav.) Desenvolve-se bem sob temperaturas de 24-28ºC e é
H. Wendl., G. gasipaes (Kunth) L. H. Bailey, G. insignis encontrada em áreas com regime pluvial de 1500-
Mart., G. microcarpa Huber, G. speciosa Mart., G. utilis Oerst. 6000mm/ano, embora cresça melhor em regiões com
e Martinezia ciliata Ruiz & Pav. chuvas abundantes e bem distribuídas. Tolera solos ácidos
e de baixa fertilidade, desde que sejam bem drenados.
Usos da espécie
Os frutos, após o cozimento, são consumidos Floração e frutificação
diretamente ou utilizados na produção de farinha, que O florescimento inicia aos 2 anos do plantio, quando
poderá ser empregada em diversas receitas culinárias. Da as plantas atingem 3-4m de altura. A floração é anual e,
polpa pode ser extraído um óleo comestível e da semente em regiões com maior pluviosidade e sem um período de
um outro tipo de óleo de uso na indústria de cosméticos. estiagem pronunciado, ocorre duas vezes ao ano, sendo
Da extremidade do caule se extrai um palmito de excelente uma de maior intensidade. Na Amazônia central
qualidade. brasileira, normalmente, a floração inicia em pleno
período de estiagem, em agosto, e prolonga-se até
Descrição botânica novembro. A frutificação começa em dezembro, durante
Palmeira ereta que se desenvolve em touceira, com o período chuvoso, indo até março do ano seguinte.
altura de 16 (5,5-24) m. O tronco é cilíndrico, com
diâmetro de 18 (11,5-26) cm, apresentando espinhos ou Obtenção de sementes
raramente glabro. A copa possui 21 (10-30) folhas As sementes são obtidas de frutos completamente
pinadas, que podem ser glabras ou apresentar espinhos maduros. Todavia, a colheita poderá ser realizada quando
em toda a sua extensão. A planta é monóica, com flores pelo menos 50% dos frutos, em um mesmo racimo,
masculinas e femininas numa mesma inflorescência e estiverem mudando da cor verde para a amarelada ou
prevalência de fecundação cruzada; ocasionalmente, alaranjada; a partir deste estágio, as sementes já
ocorrem flores hermafroditas. Cada tronco produz 2-6 alcançam 100% de germinação.
inflorescências por ano, podendo ser encontradas até
mais de 10. Cada racimo pode pesar 6,1 (0,7-20,4) kg e Beneficiamento
conter 154 (0-764) frutos férteis, além de 21 (0-326) frutos Após a extração, as sementes são imersas em água,
partenocárpicos. O fruto é uma drupa; quando por até 3 dias, com a troca diária da água. Em seguida,
amadurece, torna-se vermelho, amarelo ou alaranjado; devem ser friccionadas com areia, sob água corrente, até
o formato e tamanho são variados; o ápice é mamiforme, a completa limpeza. Posteriormente, são tratadas em
arredondado, pontiagudo ou truncado; a base é solução de hipoclorito de sódio a 0,5%, por 15 minutos, e
ondulada, plana, ampla ou arredondada; a corola pode secadas à sombra até a evaporação superficial da
ser dentada, tridentada ou arredondada. A semente está solução. Se forem transportadas, armazenadas ou
envolvida pelo endocarpo de cor marrom ou preta e possui colocadas para germinar em sacos plásticos fechados, é
formato obovado, elíptico, arredondado, oblongo, recomendável o tratamento com um fungicida específico
cuneiforme, cônico ou ligeiramente angular. A plântula (tipo pó seco). As sementes recém-colhidas possuem grau
apresenta duas bainhas (folhas sem lâminas) e um eófilo de umidade de 45 (40-50) %, o peso de 1000 sementes
bífido (primeira folha com lâmina) na parte aérea, a lígula alcança 3,2 (1,0-8,8) kg e em 1kg de sementes são
na região do colo e, logo abaixo, o sistema radicular. encontradas 313 (114-1000) unidades.

Informativo Técnico Rede de Sementes da Amazônia Nº3, 2004


Pupunha Bactris gasipaes Kunth

Armazenamento das sementes Propagação vegetativa


As sementes devem ser semeadas logo após a colheita, Pode ser multiplicada através de perfilhos que brotam
pois são recalcitrantes e perdem completamente a na base da planta. Recomenda-se retirar, por touceira,
viabilidade caso o grau de umidade seja reduzido a 12- 1-2 brotações com raízes desenvolvidas, visando favorecer
17%. Dependendo do material utilizado, o grau de o pegamento no local definitivo. A retirada excessiva de
umidade crítico está situado entre 23 e 38%. Para perfilhos pode favorecer o tombamento da planta-matriz.
prolongar a viabilidade, as sementes podem ser
acondicionadas em duplos sacos plásticos (250-500 Produção de mudas no viveiro
sementes por embalagem), sob temperatura de 20ºC, Antes da emissão da primeira folha bífida, as
que mantém a germinação elevada por 90 dias; não se plântulas devem ser repicadas para sacos de polietileno
deve guardá-las em geladeira. Outro método prático de 18x12cm. O substrato deve ter boa fertilidade e
consiste no acondicionamento em duplos sacos plásticos drenagem. Dependendo das condições oferecidas no
utilizando, para um determinado volume de sementes, viveiro, as mudas podem ser transplantadas aos 4-8 meses
igual quantidade de serragem parcialmente decomposta da repicagem, quando apresentam 4-6 folhas bífidas
ou vermiculita. É importante que, independente do desenvolvidas.
substrato utilizado, este seja levemente umedecido para
que as sementes não desidratem. Um dos inconvenientes Fitossanidade
desse procedimento é a elevada ocorrência de germinação
Dentre os fungos patogênicos encontrados nas
aos 60 dias.
sementes, destacam-se: Thielaviopsis paradoxa, Fusarium
solani, Fusarium spp. e Colletotrichum sp. No viveiro, a prin-
Germinação das sementes cipal enfermidade é a antracnose (Colletotrichum
A germinação é do tipo adjacente ligulada, sendo gloeosporioides) e as pragas mais freqüentes são
iniciada aos 1-2 meses e concluída aos 3-5 meses; gafanhotos, saúvas e ácaros. No campo, C. gloeosporioides
normalmente, as sementes recém-colhidas apresentam (folhagem) e T. paradoxa (frutos) são os patógenos mais
porcentagem de germinação acima de 80%. Antes da importantes. Em cada situação, deve-se buscar o método
semeadura, as sementes que foram armazenadas devem de controle específico e que cause menor agressão ao
ser imersas em água, por 2-3 dias, para elevar o seu grau ambiente.
de umidade. Na semeadura em canteiro, o substrato
serragem parcialmente decomposta tem proporcionado Autor
bons resultados. A semeadura também pode ser feita em Sidney Alberto do Nascimento Ferreira
sacos plásticos fechados sem substrato, que devem ser sanf@inpa.gov.br
mantidos à sombra, sob temperatura ambiente e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
protegidos de insetos e ratos. Caixa Postal 478, CEP. 69011-970
Manaus–AM, Brasil
Telefone: (092) 643-1852

Bibliografia (Guilielma) gasipaes Kunth - Arecaceae]. Boletín


Clement, C.R. & Mora Urpí, J. 1987. Pejibaye palm (Bactris Informativo: Serie Tecnica Pejibaye (Guilielma), 5:34-37.
gasipaes, Arecaceae): multi-use potencial for the lowland Mora Urpí, J. & Gainza E., J. (Ed.). 1999. Palmito de
humid tropics. Economic Botany, 41: 302-311. pejibaye (Bactris gasipaes Kunth): su cultivo e
Ferreira, S.A.N. 1996. Maturação fisiológica de sementes de industrialización. San José, Editorial de la Universidad de
pupunha (Bactris gasipaes Kunth). Manaus, INPA/UA. Costa Rica. 260p.
73p. (Tese - Doutorado). Site sugerido:
Mattos Silva, L.A. & Mora Urpí, J. 1996. Descripción Pupunha-Net
morfológica general del pejibaye cultivado [Bactris http://www.inpa.gov.br/pupunha/

Expediente
Informativo Técnico Rede de Sementes da Amazônia é uma publicação da Rede de Sementes Versão impressa ISSN 1679-6500 Versão on-line ISSN 1679-8058
da Amazônia, projeto financiado pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente/MMA. Este informativo,
assim como as fotos, estão disponíveis no endereço: http://www.rsa.ufam.edu.br Apoio
Instituições parceiras
Universidade Federal do Amazonas (UFAM); Universidade Federal do Acre (UFAc); Universidade
Estadual do Amazonas (UTAM); Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA); Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA); Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa/AM/PA/RR); Fundação de Tecnologia do Acre (FUNTAC); Instituto Rondônia de
Alternativas de Desenvolvimento (IRAD); Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do
Amapá (IEPA); Associação das Empresas Exportadoras do Pará (AIMEX); Agência de
Desenvolvimento da Amazônia (ADA); e Centro de Pesquisas Ecológicas da Amazônia (CEPEAM).
Conselho Editorial Fale conosco
Isolde D. K. Ferraz, Sidney A. N. Ferreira e Daniel F. O. Gentil - INPA, Manaus-AM Para maiores informações e troca de idéias, participe da lista sementes-da-amazonia-
Coordenação do projeto: Manuel Lima - UFAM, Manaus-AM l@inpa.gov.br , para solicitar cadastramento na lista envie mensagem para sanf@inpa.gov.br.
Projeto gráfico e Editoração: Tito Fernandes

Nº 3, 2004 Informativo Técnico Rede de Sementes da Amazônia

You might also like