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Antes de começar este conto, quero que fique claro que minha mãe sempre me

alertou para nunca aceitar caronas de estranhos. Isso posto, meu nome é Barros e quero
começar a relatar um dos piores dias da minha vida. Um dia de puro terror psicológico e
mental.

Para ser mais específico, era noite. Uma noite de sexta. Acordei às 21h30 na casa
de um amigo, tinha dormido um bocado. Estava tudo escuro na casa. Tive que acender
luz por luz. Ele não estava lá, tinha viajado e eu estava cuidando das cadelinhas dele.
Eram três, mas elas não vêm ao caso. Ao acender as luzes, fui ver se elas tinham comida
e água. Ajeitei um pouco a casa, brinquei com elas e deixei comida nos pratos.

Tinha combinado de sair naquela mesma noite com um professor de filosofia


amigo meu, Márcio. Nós dois iríamos para um pub da cidade beber e conversar. Essa era
a intenção. Eu precisava daquilo, estava cheio de problemas e mágoas na cabeça. Aquela
cervejinha de sexta à noite podia me animar. Tomei banho, me arrumei e saí. Pedi um
uber ainda no apartamento enquanto punha água para as cadelinhas. Não demorou muito,
quando cheguei na portaria, ele já estava lá. Entrei no carro, cumprimentei o motorista
como manda a educação e saímos. O motorista era um pouco arisco, não gostava de
conversar e preferiu ficar calado; quando perguntava alguma coisa, ele me respondia de
maneira bruta.

Chegamos no lugar em pouco tempo (apesar de ser arisco, não reclamo da


competência dele como motorista). O valor deu oito e setenta. Paguei ele com uma nota
de 20, peguei o troco e desci do carro. Fiquei meio desnorteado quando desci, porque
nunca tinha ido naquele lugar e não sabia onde ficava exatamente. Tinha visto antes no
maps, mas na hora esqueci se ficava para a direita ou para esquerda. Abrir de novo o
aplicativo e vi que ficava um pouco mais à frente de onde estava.

A caminhada foi curta, uns 12 passos. Tinham quatro homens na porta, dois
baixos, um médio e um alto e forte. Fui em direção a eles. O que era mais alto e estava
junto à porta, era o segurança. Os outros dois mais baixos estavam brincando de luta. Ao
me aproximar do grandalhão ele foi pedindo logo meus documentos. Mostrei-lhe minha
identidade e ele liberou a passagem.

Não sabia o que esperar lá de dentro. Quando estava empurrando a porta, me veio
milhares de imagens de como seria o lugar que eu iria entrar. Talvez longo, talvez curto.
Poderia haver muita gente, ou não, pois estava cedo. Mas, ao entrar, vi logo que não era
nada daquilo que imaginei antes. Era um corredor imenso com várias cabines e
banquinhos. Tinha um corredor com fita para organizar a fila. Nas cabines, só tinha um
rapaz que estava atendendo um casal. A moça estava mostrando a ele o banner que tinha
compartilhado para ganhar o desconto de cinco reais. O atendente não estava achando o
compartilhamento dela no facebook e pediu que ela lhe passasse o nome da conta. Ela
passou, ele achou e a moça ganhou o desconto. Depois disso, fui logo eu a ser atendido.
Avisei que não havia compartilhado o banner e iria pagar os 20 reais inteiros. Ele pediu
meu nome, anotou na comanda e pediu o dinheiro. Dei ao rapaz, peguei o papel e comecei
a caminhar pelo corredor adentro.

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