You are on page 1of 2

A língua portuguesa ao longo da história

Estudos em diversas áreas pertencentes tanto à macro quanto à microlinguística


(WEEDWOOD, 2002) têm usado a linguística histórica para respaldar e justificar a
existência de fenômenos distintos e um dos aspectos que podem auxiliar na explicação de
fenômenos fonéticos, léxicos e até morfossintáticos é o conhecimento da história da
língua portuguesa.
A literatura especializada mostra que as línguas foram separadas em cinco ramos
ou troncos principais – o germânico, o helênico, o românico, o céltico e o eslavo.
Justamente na época do antigo império romano se falava o latim dividido em duas
vertentes a saber: o clássico, falado por juízes, políticos e nobres e o vulgar, falado pelas
camadas populares. Essa forma foi levada à Península Ibérica pelos romanos e estava aí
um dos primeiros passos para o surgimento do português.
A despeito do domínio político do Império Romano, invasões árabes tentaram
inserir o idioma desses povos, sem sucesso, até no século XI, conforme descrito em
Teyssier (1982), cristãos expulsaram os árabes, então o domínio político foi essencial
para que, do século XII ao XIV, o galego-português falado na área ocidental ganhasse o
seu lugar de destaque, mesmo os dialetos árabes ainda sendo mesclado com o latim.
As grandes expedições ocasionaram numa divisão dessa língua, logo o português
passou a ser levado para as Américas, a Ásia, as ilhas portuguesas próximas à África e ao
Timor, enquanto o galego permanecia na Galícia.
Já no século XVI, aproximava-se o período que embrionava o português moderno,
com o renascimento na literatura defendido na literatura de Camões e a criação da
primeira gramática normativa proposta por Fernão de Oliveira em 1532, que visava ao
ensino do que se considerava o português correta.
Exatamente no século XVI, precisamente no mês de abril de 1500, portugueses
atracaram na costa brasileira e com eles a sua cultura e a sua língua. Nesse momento,
havia índios tupis-guaranis que falavam a língua de mesmo nome, o que já fez com o
português europeu começasse a adquirir elementos que alteravam o seu vocabulário,
como nos casos de alimentação, fauna e flora. Porém, em 1537, vieram os jesuítas que,
embora, tenham aprendido o tupi, obrigaram os índios a não usarem o seu idioma e sim
o português, fato que perdurou por apenas por dois anos, quando os religiosos foram
expulsos.
Após uma tentativa frustrada de tornar os índios escravos no Brasil, os
portugueses começaram a trazer africanos para os trabalhos braçais. Logo, aspectos
léxicos e fonéticos passaram a ser incorporados ao português, insinuando que a vertente
europeia estava nas vias de ser reduzida. Daí vieram franceses, alemães, italianos,
espanhóis, árabes e japoneses que mesclaram ainda mais o português falado no Brasil.
Teyssier (1982, p. 64) aponta uma tentativa ‘relusitanizar’ o português quando da
vinda família Real e de sua comitiva em 1822, fazendo com que os brasileiros das classes
mais baixas acreditassem em um falar mais culto e, cem anos depois, a literatura e as artes
apresentadas durante a Semana de Arte Moderna de 1922 permitiram pensar no uso da
língua eminentemente brasileira, descritiva, popular.
Diante do que se viu, muito da heterogeneidade do português ainda é percebido
pelas mesas dos pesquisadores e ensinado nas universidades na busca por compreender
um pouco do idioma e da forma com que se expressam. Houve, inclusive, uma tentativa
de minimizar essa heterogeneidade na língua escrita com a construção e recente aplicação
definitiva do novo Acordo Ortográfico de 2009, eliminando diacríticos e alterando a
constituição silábica de algumas palavras, assemelhando-se em outros países que falam o
português, porém as marcas dialetais sempre serão perceptíveis por toda parte.

You might also like