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da Federação a publicar todas as suas despesas, assim como o serviço prestado e o
beneficiário do pagamento. A outra foi a Lei de Acesso à Informação (12.527/11). Também foi
instituído o Portal da Transparência, que desde 2010 atualiza diariamente todas as despesas
da União.
No entanto, apesar de farta legislação, os casos de corrupção no Brasil continuam a destruir o
crédito dos governos perante a população. A Controladoria Geral da União (CGU) acumula
denúncias de desvios. De 2002 a 2012, o órgão realizou 17.727 tomadas de contas especiais
(TCEs). Destas, 13.611 (76,7%) foram consideradas irregulares, com um prejuízo de R$ 9,171
bilhões. O Ministério da Saúde responde por 34% do volume desses processos. O rombo
chegou a R$ 3,12 bilhões na época.
Além das TCEs, a CGU também realiza, de modo aleatório, fiscalizações nos municípios. Entre
2003 e 2012, foram vistoriadas 1.965 prefeituras. Em 75% delas, foram encontrados problemas
graves em licitações envolvendo recursos federais.
Entre os equívocos mais comuns estão a criação de “empresas fantasmas” e a simulação de
processos de licitação. Há agentes públicos que não prestam contas, aplicam recursos
indevidamente e cometem irregularidades na cobrança de procedimentos do Sistema Único de
Saúde (SUS).
No contexto do SUS, um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) evidenciou que
para a população a chaga da corrupção é o principal fator da ineficiência dos investimentos do
governo na área. Porém, há que se dar ênfase ao fato de que, segundo pesquisa do Ibope,
realizada em 2006, a corrupção não é monopólio da administração pública, posto que 75% dos
entrevistados afirmaram que praticariam atos ilícitos, caso tivessem oportunidade.
A sociedade brasileira exige transformação cultural caracterizada por atitudes capazes de
retirar o Brasil da 69ª posição no campeonato da corrupção em ranking elaborado pela ONG
Transparência Internacional, onde participam 176 países.
Normas coercitivas, acesso à educação, modernização da gestão e melhoria dos instrumentos
de controle e avaliação, em todos os níveis, são elementos imprescindíveis a um novo
paradigma sobre o tema. O fato é que não há receita pronta contra a corrupção, cujo combate
necessita reação motivada pela indignação que provoca.
Diante disso, os médicos e a sociedade devem abraçar a campanha 10 Medidas Contra a
Corrupção como uma pedra angular do futuro desejado para a Nação. Serão necessárias 1,5
milhão de assinaturas para que este conjunto de proposições seja transformado em projeto de
lei (PL), que tramite com celeridade nas Casas Legislativas.
Ao ser aprovado e sancionado, este PL representará um marco da rejeição à cultura da
impunidade e o amanhecer da ética, da moral e da justiça para todos os brasileiros.