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Conceitos básicos de

Microeconomia

Introdução
A Microeconomia, enquanto disciplina das Ciências Econômicas, ocupa-se em estudar as relações que organizam
os mercados de bens e serviços, e o comportamento dos agentes econômicos nesses mercados. O funcionamento
deles, porém, não depende apenas das relações de oferta e demanda, que determinam variáveis como preços e
lucros, por exemplo. Cada mercado relacionado a um produto possui as suas características específicas. Portanto,
é preciso entender de forma mais ampla cada tipo de produto que compõe o mercado, e as transações de compra
e venda nele realizadas. Assuntos que veremos neste tema.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• compreender as diversas classificações de bens e serviços.

Bens e serviços
As relações entre agentes econômicos, de modo geral, envolvem a produção de itens que serão utilizados para a
satisfação das necessidades desses agentes. Deste modo, os produtos elaborados em uma economia são
transacionados nos seus mercados específicos (PINDYCK & RUBINFELD, 2013).
O ouro, por exemplo, é cotado diariamente em função do valor de sua grama. Os fones de ouvido para
smartphones, por sua vez, são produzidos e ofertados em diferentes pontos de venda.
A partir dessa explicação, podemos efetuar uma análise sobre os conceitos de bens e de serviços.
A princípio, devemos enfatizar que ambos os conceitos tratam de itens elaborados, dentro de uma economia,
para as necessidades dos consumidores destes produtos. Neste sentido, os bens são produtos fabricados, ou seja,
que envolvem, de alguma maneira, algum processo produtivo, com o uso de instrumentos apropriados, ou
alguma matéria-prima etc.
Em outras palavras, os bens podem ser entendidos como produtos tangíveis (reais, que podem ser
manipulados), gerados ou transformados, que são demandados pelos consumidores em seus mercados, como os
computadores, celulares, portas, televisores, por exemplo, e que têm sua oferta e demanda determinados por um
nível de preço (VASCONCELLOS; OLIVEIRA; BARBIERI, 2011).
Os serviços, por sua vez, são produtos gerados por meio de uma atividade produtiva que não gera itens tangíveis,
necessariamente, mas também, prestam-se a atender as demandas dos agentes econômicos, sendo assim,
regulados pelo seu preço. Nesta classificação estão os serviços médicos, consultorias empresariais, atendimentos
psicológicos, os serviços de padres e orientadores espirituais, personal trainers, advogados, entre outros
(ROSSETTI, 2016).

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Figura 1 - Prestação de serviços de telemarketing

Fonte: Shutterstock

Cabe, por fim, enfatizar que a Microeconomia aborda os bens e serviços de igual forma em suas análises. Ou seja,
para a discussão dos procedimentos de determinação de oferta e demanda no mercado, através dos preços, não
se diferenciam os bens em relação aos serviços, salvo quando mencionado.
Nas próximas seções, iremos qualificar os diferentes bens e serviços na economia e classificá-los. Cabe, neste
sentido, lembrar que estes produtos podem pertencer a mais de uma categoria, dependendo de sua
especificidade.

Bens livres e econômicos


Um outro critério a ser adotado para o entendimento dos produtos em uma economia diz respeito a sua
escassez, ou seja, à disponibilidade desses bens em relação às necessidades de consumo da sociedade.

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FIQUE ATENTO
As Ciências Econômicas, em especial, consideram a escassez como um dos pilares da
Microeconomia: os agentes econômicos possuem necessidades ilimitadas (todos nós
desejamos consumir o máximo possível) frente a recursos que são, geralmente, limitados em
sua disponibilidade.

Os bens livres, nesse sentido, são todos aqueles que não são precificados em função de sua disponibilidade
(potencialmente) ilimitada. Esses bens, em geral, são intangíveis e estão acessíveis a todas as pessoas, como a luz
ambiente (solar), o ar ambiente, e a água dos mares, por exemplo.

Figura 2 - Água doce, um bem econômico

Fonte: Shutterstock

Os bens econômicos, por sua vez, são de natureza mais escassa, e por isso, são regulados por algum nível de
preços, apresentando disponibilidade limitada. A água potável (tratada em sistemas de captação e distribuição),
que é rara em muitas regiões, bem como os derivados do petróleo e os combustíveis fósseis são exemplos de
bens econômicos (ROSSETTI, 2016).

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FIQUE ATENTO
A grande disponibilidade de água no planeta não simboliza, necessariamente, que este bem tão
precioso seja livre. Ao contrário, as reservas de água doce e potável são cada vez mais restritas,
e as tecnologias para tratamento e reuso da água doce tornam a mesma um bem econômico.

Bens de consumo, de capital, intermediários e


públicos
Os fins aos quais se objetiva a produção dos diferentes bens, ou seja, a sua destinação, também podem ser um
critério para a sua classificação.
Os bens que são formados para serem diretamente utilizados para atender aos diferentes desejos dos agentes
econômicos são conhecidos como bens de consumo. Dentro dessa classificação, estão os chamados bens de
consumo duráveis, e os bens de consumo não-duráveis.
Os bens de consumo não-duráveis atendem às necessidades mais imediatas dos agentes e podem apresentar
uma disponibilidade mais limitada no tempo com o seu uso constante, tais como roupas e peças de vestuário,
produtos de higiene pessoal, produtos descartáveis, entre outros.

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Figura 3 - Alimentos, bens de consumo não-duráveis

Fonte: Shutterstock

Por sua vez, os bens de consumo duráveis possuem uma ‘janela’ de uso maior, ou seja, podem ser consumidos
progressivamente ao longo do tempo, com menor prazo de deterioração. Entre esses bens, pode-se citar os
automóveis, os imóveis residenciais e comerciais, os eletrodomésticos, computadores etc.

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SAIBA MAIS
O prazo de uso dos bens duráveis, que os diferencia dos bens não-duráveis, nem sempre
obedece um ritmo constante: algumas políticas das empresas, como a obsolescência
programada (a postura de desenvolver novas versões de produtos que fazem as versões mais
antigas perderem capacidade de funcionamento), fazem com que muitos bens que poderiam
ter um potencial de uso a médio e longo prazo se deteriorem com maior facilidade.

Há, também, alguns bens que são diretamente utilizados na fabricação e elaboração de outros bens, tais como
fornos para a fundição do aço, ou lixadeiras para a elaboração de artigos de cutelaria. Esses bens são conhecidos
como bens de capital, ou seja, são bens que estão ligados à atividade de transformação de materiais em outros
produtos.
Bens intermediários são aqueles que já passaram por algum processo produtivo, tendo sido beneficiados de
alguma forma, mas que serão novamente utilizados na fabricação de um bem final (ROSSETTI, 2016).

EXEMPLO
Um automóvel é um bem de consumo durável, mas o mesmo não é formado a partir de
matérias-primas brutas, como o minério de ferro. Pelo contrário, o aço para a fabricação das
carrocerias é adquirido em bobinas, que serão moldadas para a elaboração desses
componentes, assim como os tecidos que se tornarão forrações para bancos; esses bens são
exemplos de bens intermediários.

Os bens públicos, por sua vez, são classificados de acordo com dois critérios: não-rivais, e não-exclusivos
(PINDYCK & RUBINFELD, 2013).
Suponha a existência de uma queima de fogos em um local público, como um parque aberto. Esse show
pirotécnico, naturalmente, possui alguns custos para ser produzido, mas poderá ser visto por milhares de
pessoas. Nesse caso, se mais uma pessoa apareça para ver esse show, não haverá custos adicionais para essa
produção. Neste caso, não há uma disputa, uma rivalidade, para o consumo deste bem, que é não-rival.
Da mesma forma, um bem é não-exclusivo quando não há nenhuma limitação para o acesso ao mesmo por parte
de seu público consumidor. No caso mencionado do show pirotécnico, se ele ocorrer em uma área aberta e de
acesso livre, qualquer pessoa poderá acompanhá-lo.

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Figura 4 - Eventos não-exclusivos

Fonte: Ints Vikmanis / Shutterstock

A partir desses conceitos, pode-se fazer mais deduções: um bem público não é, necessariamente, entendido desta
forma por ser fornecido apenas pelo poder público, ou seja, pelo Estado. As empresas privadas podem fornecer
bens que sejam bens públicos, desde que as receitas obtidas com a oferta destes bens sejam suficientes para, ao
menos, cobrir os custos de produção.
Nesse sentido, pode-se enfatizar que grande maioria dos bens não é pública, pois a limitação ao acesso para
todas as pessoas (decorrente da escassez de oferta, que geralmente não é ilimitada) e os custos de produção
acabam por tornar estes produtos, de modo geral, mais ou menos exclusivos (PINDYCK & RUBINFELD, 2013).

Fechamento
Os bens e serviços produzidos nas economias modernas podem ser ordenados não apenas em função de seu
preço, mas também pela sua disponibilidade de oferta, pelas condições de acesso ao público consumidor, pelo
seu perfil de uso ao longo do tempo, e pela possibilidade (ou não) de estabelecimento de um preço para o seu
consumo.
Dessa forma, a Microeconomia apresenta, como referencial de estudo, os diferentes tipos de bens e suas
classificações, a fim de viabilizar o entendimento dos processos de definição de oferta e demanda nos mercados
de bens e serviços diversos.
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
• entender o conceito de bens e serviços;
• classificar os diferentes tipos de itens produzidos pelos agentes econômicos a partir de diferentes
critérios, tais como exclusividade, disponibilidade de oferta e perfil de produção.

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Referências
PINDYCK, R; RUBINFELD, D. Microeconomia. 8. ed. São Paulo: Pearson, 2013.
ROSSETTI, J. P. Introdução à Economia. 21. ed. São Paulo: Atlas, 2016.
VARIAN, H. R. Microeconomia – uma abordagem moderna. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
VASCONCELLOS, M. A. S. de; OLIVEIRA, R. G. de; BARBIERI, F. Manual de Microeconomia. 3.ed. São Paulo: Atlas,
2011.

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