CONSELHO ESTADUAL DE CULTURA

Processo n.º 2638/1100.11-5

Parecer n.º 049/12 CEC/RS

O Projeto "Boa Noite

Martha” é recomendado à
Avaliação Coletiva..

1 – O projeto "Boa Noite Martha”, habilitado pela Secretaria de Estado da

Cultura e encaminhado a este Conselho, nos termos da legislação em vigor, pleiteia
recursos para a produção de animação de 22 episódios, de dois minutos cada, tratando
do universo feminino através dos dilemas da personagem Martha.

Proponente: Otto Desenhos Animados Ltda. CEPC 197

Área cultural: Cinema
Período de realização: 13 de fevereiro de 2012 a 21 de junho de 2013.
Custo total: R$ 1.030.792,00
Valor solicitado ao Sistema Pró-Cultura: R$ 516.900,00 - representando a
50,15% do custo total do projeto.
Receitas originárias do MinC: R$ 462.912,00
Recursos do proponente: R$ 50.980,00
A obra a ser produzida é resultado de contrato para execução de projetos,
celebrado pela Fundação Anchieta, mantenedora da TV Cultura de São Paulo, com a
produtora Otto Desenhos Animados, com verba de R$ 500.000,00 assegurada pela
Financiadora de Estudos e Projetos FINEP conforme extrato publicado no DOU de 29
de setembro de 2011. O projeto é de autoria da cineasta Vivian Altman Eberhard,
residente e domiciliada à Rua Prates, nº 209, AP. 122 – Bairro Bom Retiro, São Paulo,
com cessão de direitos autorais para desenvolvimento, produção e execução de série de
animação celebrada entre a autora e a produtora, em 30 de setembro de 2008, cf. fls. 19
a 23.

A verba solicitada ao sistema de renúncia fiscal para incentivo à cultura do Rio

Grande do Sul se destina a pagamentos de cachês ou serviços aos seguintes principais
prestadores de serviços e/ou fornecedores:
1. Vivian Altman Eberhard –R$ 91.000, 00 para direção e direção de arte.
2. Pedro Marques Harres –R$ 17.800,00 – para assistente de direção.
3. Marta Corrêa Machado – R$ 56.000,00 - como produtora executiva.
4. Otto Guerra Netto - R$ 16.000,00– como produtor na pré-produção.
5. Sara Soares Veek – R$ 28.000,00, como assistente de produção.
6. Pilar Alves Prado – R$ 33.000,00, como assistente de direção de arte.
7. Flávia Azevedo Felipe - R$ 17.900,00 como desenhista de storyboard.
8. Fabiano Pandolfi – R$ 25.000,00 como diretor de animação.
9. Marco Antônio Arruda – R$ 36.000,00, como editor de animação e editor
de final CUT
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10. Maria Corrêa Machado - R$ 7.000,00, como contadora de Produção.

11. Jacqueline Terezinha Urroz Sanchotene – R$ 40.000,00, na função de
Agenciamento e Colocação (fl. 41), embora na planilha de custos (fl 71)
conste R$ 38.000,00).
12. Otto Desenhos Animados Ltda – taxa de gerenciamento – R$ 20.000,00
13. A definir - Animador - R$ 40.000,00
14. A definir - diretor de produção – R$ 12.000,00 + 30.000,00 = 42.000,00
15. A definir – coordenador de produção - R$ 10.000,00 - 25.000,00=35.000
16. A definir – secretaria de produção – R$ 14.000,00

Ainda há outras despesas menores pleiteadas à LIC. As despesas a serem

assumidas pelo MINC se referem cachês com estagiários, diretora de gravação de
vozes, vozes principais, vozes secundárias, estúdio de gravação, editor de áudio,
refeições de equipe, gasolina, passagens terrestres, passagens áreas, cópias e
encadernação, serviços de manutenção de computadores, supervisor de arte final,
estagiário de animação, coordenador de produção e pós-produção, produtor,
desenhista de som, editor de áudio, material para animação, Hds para backup,
produção de efeitos e ruído de saída, mixagem, compositores, músicas para
gravação, mixagem final, despesas legais, correios e despachos, telefone, material
de expediente, taxa de gerenciamento na Ancine e outras.

É o relatório.

2 - Segundo a sinopse do projeto (fl. 09), a produção misturará animação de

massinha e 2D, com possibilidades de exploração em multiplataformas, incluindo, além
de TV (lembrando que já existe um contrato de exibição firmado entre a produção e a
TV Cultura de São Paulo, mantida pela Fundação Padre Anchieta), internet e celular,
para o que serão criados produtos correlatos, como Blog da Martha, Game da Martha,
twitter e perfil de Marta, e outros personagens da série em redes de relacionamento
social, como o Facebook.
O processo, embora seu volume reduzido, está muito bem instruído,
especialmente através de mídia digital, em que constam roteiro com diálogos e
descrição de cena, storyboard e outras informações úteis para avaliação de mérito.

Não paira qualquer dúvida sobre a competência da produtora escolhida pela

autora – paulista com residência também em Paris – para executar um projeto com
temática recorrente, propiciando a discussão sobre o universo feminino contextualizado
no fremir do sistema de produção atual. Isto é, em que a mulher, mesmo também
inserida no sistema, não abdica de sua condição primeira de feminilidade no que, muitas
vezes, não é acompanhada por seu companheiro.
Em relação à técnica de execução, cabe ressaltar que constitui tarefa das mais
árduas e difíceis na produção de audiovisual embora quase toda executada dentro de
laboratório. Basta recordar que cada segundo de filmagem em vídeo representa 30
frames (quadros) isto é, 30 diferentes desenhos e/ou massinhas. Para um produtor
solitário, filmar dois segundos por dia representa um bom avanço.
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Os orçamentos seguem parâmetros praticados pelo mercado. Todavia, não soa

completamente convincente o custeio às expensas da LIC de R$ 91.000,00 para direção
e direção de arte para alguém distante da sede da produtora, fazendo presumir que a
obra seja executada mais com a presença assídua de assistente de direção, pelo que será
remunerado com R$ 17.800,00 e pelo assistente de direção de arte com remuneração de
R$ 33.000,00, ambos com residência local.

De outra parte, a folha 09, ao relacionar as razões de escolha do financiamento

pelo sistema LIC, a proponente assim se expressa: “Estamos buscando patrocinadores
que complementem o orçamento de produção, que já tem previsão de aporte de R$
500.000,00 mil do Fundo Setorial do Audiovisual. Para que esse recurso seja liberado
e possamos dar início à série, estamos buscando caminhos para captação mínima de
R$ 300.000,00 mil reais e a LIC é uma alternativa para isso”.
A declaração não deixa de ser tácito reconhecimento de que é possível realizar a
obra com verba menor do que a solicitada e detalhada em planilha de custos.

Em suma e ao cabo, em que pese tratar-se de proposta com autoria de roteiro,

direção e direção de arte de fora do Rio Grande do Sul, vencedora de um concurso de
projetos promovido por entidade pública também de outra unidade da Federação, mas
que, para sua execução, contratou uma produtora do Rio Grande do Sul; em que pese
não tratar-se de proposta identificada com a cultura gaúcha específica; e apesar de
abordar tema recorrente e universal, assim mesmo, o projeto se reveste de relativo
mérito cultural e reúne condições de ter atendido parcialmente seu pleito, adotando o
valor sugerido na declaração supra referida, diferente do orçamento apresentado,
deixando ao livre arbítrio da produtora executiva efetuar os ajustes e readequações de
valores de cachês de prestadores de serviços na planilha orçamentária.

3. Em conclusão, o projeto "Boa Noite Martha” é recomendado para participar

da avaliação coletiva do Conselho Estadual de Cultura, podendo vir a receber recursos
até o valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais) do Sistema Pró-Cultura.

Porto alegre, 22 de Março de 2012

Adriano José Eli

Conselheiro Relator

Informe:

O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário

Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, optou por: votar ( ), não votar
(X) ou desempatar ( ).

Sessão das 10 horas do dia 22 de março de 2012.

Presentes: 19 Conselheiros.
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Acompanharam o Relator os Conselheiros: Ana Méri Zavadil Machado, Gilberto

Herschdorfer, Hamilton Dias Braga, Graziela de Castro Saraiva, Paula Simon Ribeiro,
Nelson Coelho de Castro, José Mariano Bersch, Paulo Roberto de Fraga Cirne e
Berenice Fuhro Souto.
Não acompanharam o Relator: Isaac Newton Castiel Menda, Luiz Carlos
Sadowski da Silva, Gisele Pereira Meyer e Alcy Cheuiche.
Abstiveram-se de votar: Nicéa Irigaray Brasil, Loma Berenice Gomes Pereira,
Nilza Cristina Taborda de Jesus Colombo e Maturino Salvador Santos da Luz.

Adendo ao Parecer após a Avaliação Coletiva realizada no dia 11/04/2012

O Conselho Estadual de Cultura do RS comunica que:

Após análise, este projeto foi considerado prioritário, para captar recursos do
Sistema Estadual de Incentivos às Atividades Culturais de acordo com a Lei 10.846, de
19 de agosto de 1996.

Porto Alegre, 11 de abril de 2012

Walter Galvani da Silveira

Conselheiro Presidente do CEC/RS