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(Des)venturas do
P
Autor:
P EDRO S ALES L UÍS R OSÁRIO nasceu em Lisboa onde
se licenciou em Psicologia na Faculdade de Psicologia e
Ciências da Educação da Universidade Clássica. É
doutorado em Psicologia pela Universidade do Minho,
onde exerce funções de docência no Departamento de
Psicologia do Instituto de Educação e Psicologia.
O seu trabalho tem incidido na área da aprendizagem,
mais concretamente no estudo das abordagens dos
alunos ao estudo, na auto-regulação da aprendizagem e
na promoção do comportamento auto-regulatório dos
alunos dos ensinos Básico e Secundário.
Boas autorias.
1.
uma pedrada no charco
Um por todos e todos por um > 12
A história da pedra > 18
6 Objectivos CRAva? > 24
Miolos de se lhe tirar o chapéu… > 31
2.
Desabafos de
um caderno
Insónias com cadernos diários I > 38
As insónias com cadernos diários voltam a atacar > 45
I C
3. E Sherlock Testas,
ao vosso dispor
O incrível mistério-do-cacifo > 54
Sherlock Testas > 62
Zoolistem-se! > 70
4.
Um por todos,
todos num 31
Um congresso de fábulas e contos populares > 78 7
Um gigante egoísta > 86
Cheeeese… > 96
5. De AaT
(T de Testas, é claro!) > 101
Capítulo
Adeus
Se queres conhecer o futuro, mãos à obra > 106
Primeiro ano
ET
8
Olá.
Atenção! Esta é uma página para ser lida apenas pelos
leitores mais desleixados, descarados, deslavados, desme-
moriados, desmembrados, des qualquer coisa, que ainda
não leram a magnífica obra que lancei no ano passado.
Sim, no ano passado! (Que parte do “ano passado” é
que não entenderam?). Hoje celebramos o primeiro ano eT
(dãa, e de era, e T de Testas).
Eu podia contar-vos, outra vez, todas as histórias da
minha vida e do meu estudo, mas acho que nunca mais
acabávamos, por isso o melhor é vocês lerem as minhas
(Des)venturas e formarem a vossa própria opinião (vão gos-
tar bué, é claro!).
Mas quem ainda não leu o livro do 5.º ano não precisa de
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ficar preocupado. As páginas seguintes narram algumas das
minhas aventuras do 6.º ano, que também são divertidas e
desnorteadas. Tenho a certeza de que vão compreender
tudo direitinho. Afinal, a minha vida é como um vidro crisal-
tino, ou será sesaltino? Bem, a minha vida é como esse
vidro, vocês sabem?! Aquele que quando se lhe dá um
piparote, faz um dling que fica a ressoar na sala durante um
tempão. Ah! Mas não façam como o Resto (o meu irmão de
estimação, que está no 1.º ciclo), que há dias, depois do
jantar, nos brindou com uma sinfonia de piparotes em
copos interditos. A meio do espectáculo, um toque mais
entusiasmado mudou a forma de um dos copos. O bocal
ficou, então, com duas covinhas tipo cinzeiro, estão a
ver?!... (Não, não estão…). Pouco depois, ouvimos um
berro feminino assustador que deu lugar a um outro con-
certo, mas desta vez em choro maior… (Boa Resto, os
desastrados unidos estão contigo.)
Bem, mas o melhor é parar por aqui e não me alongar
mais, para não atrasar a vossa leitura. Uma vez que nin-
guém me dá os parabéns, dou-me eu.
Parabéns Testas!
Feliz primeiro ano eT!
P.S. Quem leu o Testas para sempre (dãa, o livro do 5.º ano)
pode passar à página seguinte. (Desculpem lá só ter dito
isto no final deste pequeno capítulo...) Quem ainda não leu
o livro, também já pode virar a página (eh! eh! eh!).
10
E boa viagem. Não se esqueçam: apertem os cintos!
Ah! É verdade, se puderem, digam qualquer coisinha para o
meu mail (Testas@iep.uminho.pt). Fico à espera.
1
Uma pedrada
no charco
Um por todos
e todos
por um
12
Olá. Voltei à escola. O quê? Não se lembram de mim? Sou
eu, o Testas! No ano passado escrevi um livro: Testas para
sempre sobre as minhas (des)venturas no longo e árduo
caminho do estudo. A crítica foi óptima. Por exemplo, no
infantário lá da rua todos os miúdos gostaram imenso do
sabor das páginas… Sim, mas para além desse insignificante
pormenor, o livro tem uma capa muito nice que o Batman
copiou. Enfim, já não há respeito pelos direitos de autor.
Bem, aqui para nós, que ninguém nos ouve, já estava
um bocadinho farto das férias. Isto não se pode dizer em
voz alta, mas é verdade. Já dormi tudo o que tinha a dormir
para os próximos trinta anos, já sei de cor os programas
cinzentos da televisão e as cores das gravatas dos jornalis-
tas, já li três livros de aventuras e até vi
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algumas telenovelas, o que é um sinal de
alarme preocupante. É o que vos digo, já
estava um bocadinho cansado de não
fazer nada.
É bom voltar a ver os amigos, já tinha algumas
saudades. Quero saber o que fizeram nas férias, o que é
que lhes aconteceu, brincar de novo com eles no recreio, rir
com as últimas anedotas, trocar os jogos mais recentes,
discutir truques...
A escola está na mesma, não mudou nada. Mas no pri-
meiro dia estamos sempre um bocadinho excitados. Fala-
mos alto, exibimos as novas mochilas e o material ainda a
cheirar a prateleira de supermercado. Não sei explicar bem,
mas estamos todos um bocado eléctricos. Os professores
da nossa turma não mudaram (bem, estão ainda mais anti-
gos) e, como eles dizem, “já nos conhecem de ginjeira” (é
sempre bom voltar à escola).
A novidade é que temos um novo colega, que veio de
França. Nasceu e viveu sempre em Paris, os pais foram para
lá quando pequeninos e decidiram voltar definitivamente
este ano. O Aramis, é assim que ele se chama (eh lée!…
tem nome de mosqueteiro!), fala um português engraçado
com acento nos erres. É muito diverrtido falar com ele. A
professora Engrácia, que continua a ser a directora de turma,
pediu-nos que o ajudássemos na Língua Portuguesa e que o
“ambientássemos” aos hábitos da nossa escola.
A Zélia, a delegada de turma do ano passado, fez de
cicerone na visita guiada à escola: bar, secretaria, papelaria,
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centro de recursos, vocês sabem… Explicou-lhe como fun-
cionava tudo e mostrou-lhe os livros das disciplinas deste
ano. Eu disponibilizei-me para o ajudar no estudo.
Estudar deve ser igual em todo o mundo, por isso não
tive muita dificuldade em conversar com o Aramis acerca de
como se estuda e fazem os TPC, aqui, em Portugal. Não é
que eu saiba muito, mas, enfim, pelo menos, posso dar-lhe
uma ajudinha na Língua Portuguesa.
Falei-lhe das três fases que os professores do 5.° ano
nos ensinaram e que devem estar presentes em todas as
nossas actividades, quer sejam escolares ou não: a fase da
planificação, a da execução e a da avaliação.
Para lhe explicar, fiz como a professora Engrácia e contei-
-lhe a história do Ulisses e do ciclope, acentuando aquela parte
de furar o olho. Ele ficou logo todo entusiasmado com o que
aprendemos aqui na escola (eh! eh! eh!… obrigado, obrigado).
O Aramis não conhecia as fases pelos mesmos nomes –
planificação, execução e avaliação –, mas as expressões que
usava queriam dizer a mesma coisa (dãa, estavam em fran-
cês, não?), por isso avançámos rapidamente para outros
temas. Contou-me que vinha de Paris e que a cidade era
muito grande. Vivia perto da Eurodisney, a mais ou menos
30 quilómetros de Paris, e estudava numa escola lá perto.
Falou-me um bocadinho da Torre Eiffel, de como é grande e
bonita à noite, toda iluminada, dos jardins do Museu do Lou-
vre, das diversões da Eurodisney… falou muito, muito.
O Aramis colava muita saudade em cada vírgula dos epi-
sódios que contava. Concluiu que a vida é feita de chega-
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das e partidas e que, por cada porta que se fecha, se abre
uma janela. Mas esta última frase soava a postal ilustrado
barato, não lhe vinha de dentro da alma. Talvez estivesse a
tentar convencer-se em voz alta ou a repetir uma frase feita
do avô, mesmo sem a entender muito bem, tal como eu
faço às vezes. Não sei, mas acho que o Aramis tem sauda-
des, muitas saudades, do que não pode viver.
Depois a conversa arrebitou e falámos da turma, dos
meus amigos, das nossas brincadeiras favoritas no recreio…
Quase sem querer, a questão surgiu:
– Sabes, é que eu tenho um problema aqui na turma… –
ele esperou delicado, para ver se eu continuava. – É que o
meu melhor amigo também se candidatou a delegado de
turma.
O Aramis não sabia o que fazia o delegado de turma e,
quando lhe quis explicar, verifiquei que também eu pouco
mais sabia do que ele. Bem, para lhe explicar chegava, mas
depois teria de me informar melhor.
– E porque é que isso te preocupa? – perguntou calma-
mente o Aramis.
– Não sei bem, mas é chato. Acho que um dos dois
devia desistir – respondi-lhe, um bocadinho embaraçado.
– Porquê? Ser adversário não é ser inimigo.
O Aramis tinha razão, mas as coisas não eram assim tão
simples.
– Eu sei que nos devíamos respeitar e ser amigos, mas é
difícil. Por exemplo, ele inventou um slogan que diz: “Se o
(de)testas, vota no Luís”. Estás a ver, é chato!
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– É original, mas concordo contigo, também acho que é
um slogan feio, sobretudo se vocês são amigos. E como é
que lhe vais responder? – perguntou-me curioso.
– Não sei, não quero insultá-lo, mas é o que me apetece.
Percebes?
– Desculpa lá dizer-te isto, mas acho que te estás a preo-
cupar mais com o Luís do que com o que queres fazer
como delegado de turma. No 5.° ano não aprenderam a
resolver problemas? – ele falava como um professor, mas
sem se armar.
– Sim, aprendemos, claro que aprendemos – senti um
bocadinho de vergonha e um leve aperto na barriga.
– A primeira coisa é pensar no que queres fazer como
delegado… – o Aramis parecia saber bem o que dizia.
– Isso eu sei, quero ajudar a resolver algumas coisas que
aconteçam na turma para o bem de todos.
– Vês, então é fácil. Pensa só nisso e faz também um
slogan. A ideia dele é gira. Tu podias pôr também uma pala-
vrinha antes de Testas, mas que fosse positiva. Deixa lá
ver… – o Aramis pegou então num lápis e foi rabiscando
várias tentativas no papel. Nesta parte da nossa conversa,
apercebi-me que estávamos na fase de execução da tarefa.
(Hello?! Deixa-te de filosofias e concentra-te no slogan.)
– Podíamos tentar com a palavra “(pro)testas”, a minha
irmã goza às vezes com isso, mas agora até podia dar jeito
– sugeri timidamente.
– Por exemplo, unindo as duas ideias dá: “(Pro)Testas
para o bem do 6.° A”. O slogan fica fixe, gostas? – O Aramis
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estava entusiasmado com o resultado.
Repeti mentalmente e em voz baixa: (Pro)Testas para o
bem do 6.° A. Soava-me bem. O trocadilho era parecido
com o do Luís, mas não dizia mal dele, não o atacava.
– Gosto muito, é positivo e diz o que eu quero fazer.
Muito obrigado, Aramis.
– Então a avaliação é positiva? – perguntou no gozo.
– Muito! Deste-me uma grande ajuda, nem sabes! Eu é
que te devia ajudar e foi o contrário.
– Um por todos e todos por um – disse o Aramis.
– Como os mosqueteiros? – perguntei.
– Como os mosqueteiros – respondeu, sorridente, o meu
novo amigo.
Fizemos um give me five e selámos a amizade.
CDT-ETEA-2
A história
da Pedra
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Hoje, a professora de Ciências da Natureza começou a
aula de uma forma inesperada e fora do normal. Levantou
no ar um superboião de vidro vazio (o quê? Assim tipo
frasco de Tulicreme gigante?!) e perguntou quantas pedras
das que estavam na sua secretária caberiam lá dentro. Com
a tranquilidade e harmonia que caracterizam a minha turma,
começámos todos ao mesmo tempo a tentar adivinhar. As
respostas, estridentes, variaram entre duas e seis. Acho
que, por fim, entraram quatro pedras no superfrasco.
A pergunta seguinte foi ainda mais curiosa: “Acham que
o frasco está cheio?” Era óbvio que não cabiam mais
pedras, mas as respostas mais esclarecedoras que se ouvi-
ram foram uns “hum” ou ainda “hum, hum”, apoiados por
tímidos encolher de ombros. Acho que no fundo todos
hesitávamos entre pensar que a stora se tinha passado de
vez e acreditar que havia uma carta na manga, pedagógica,
é claro! (eu voto na primeira, é claro!).
A professora ofereceu à turma um risinho maroto, ao
mesmo tempo que despejava, de um saquinho que tinha
escondido na mala, umas pedrinhas de gravilha no super-
frasco.
A carteira da stora deve ser como a da minha mãe,
podemos lá encontrar de tudo, desde maçãs em forma de
lenços de papel a iogurtes magros, fora do prazo. De cer-
teza que, antes de haver mercearias, as pessoas se abaste-
ciam nas carteiras das senhoras...
“E agora, o frasco já está cheio?” – continuou o interroga-
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tório. Intuímos que a resposta deveria ser negativa, mas
ninguém se atreveu a dizer nada. Em seguida, a professora
despejou areia da praia, que trazia noutro saquinho (estão a
ver, eu não vos disse?), e rapidamente os espacinhos livres
entre as pedras e a gravilha ficaram todos preenchidos.
A pergunta seguinte já a conhecíamos, a resposta é que
foi inesperada. Só faltava que a stora fizesse desaparecer
as pedras, a gravilha e a areia e as transformasse em Tuli-
creme. Talvez por isso o frasco fosse de tamanho familiar,
assim dava para toda a turma. Que generosa... (nice! Final-
mente uma stora ilusionista). Mas a continuação da adivinha
foi bastante mais vulgar. Consistiu em despejar um copo de
água, agora já da torneira (oooh…), naquela mistela inani-
mada.
“Que podemos aprender do que observámos?” – pergun-
tou sorridente a professora. Ficámos todos um bocadinho
confusos! (Um bocadinho é favor. Por favor, devolvam-me o
bilhete deste filme.) Aquela não estava a ser uma aula de
dar matéria, mas aos soluços lá começámos a falar. Algu-
mas das nossas sugestões foram ligeiramente ao lado, mas
os professores devem ter um acordo secreto: estão sem-
pre a dizer que se não errarmos nunca aprendemos e que o
erro não é um inimigo mas um amigo. (Não me posso
esquecer de decorar estas frases. Ficam sempre bem no
início dos testes, eh! eh! eh!…).
Bem, pelos vistos, as ideias principais do mistério-da-
-pedra podiam resumir-se a duas. As coisas mais importan-
tes devem ser as primeiras. Esta era a primeira lição que
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podíamos tirar. A segunda grande lição era que se encon-
trarmos a ordem correcta nas coisas que fazemos, há sem-
pre lugar para tudo. As duas estão muito relacionadas,
complementam-se, concluímos com a stora.
Se não colocássemos as pedras no frasco em primeiro
lugar, no fim, não caberiam todas. É curioso, mas o raio da
história até tinha razão. Lá em casa, quando arrumo a roupa
no armário à sorte “falta gaveta”, mas quando a arrumo
direitinha, tipo loja, já cabe toda. “Não é um problema de
espaço, mas de organização desse espaço.” (Bem, se a
stora o diz…).
Outro exemplo que discutimos foi o dos presentes de ani-
versário. Se não pensarmos nos presentes que queremos
comprar com o dinheiro da mesada, podemos gastar tudo
em guloseimas (porcarias, nas palavras da minha avó) e
quando chega a data (dia da mãe, dia do pai, anos do
Resto… É preciso explicar-vos tudo?…) já não temos
dinheiro para comprar nada. Bem, nos anos do Resto não faz
mal, mas nos anos dos meus pais é um bocadinho chato.
A professora também disse que se não fizermos os traba-
lhos de casa e estudarmos logo depois das aulas, ficamos
tão hipnotizados pelos desenhos animados e pelos filmes da
televisão que o tempo passa a correr. Estudar fica sempre
para depois, um depois que nunca chega. (Eh lée!… É pre-
ciso cuidado, a stora deve ter um binóculo para espiar o que
se passa nas casas dos alunos.)
Ficámos de pensar, como trabalho de casa, nas pedras
das nossas vidas (as coisas mais importantes, é claro!), na
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escola, em casa, com os amigos, e também em exemplos
para a gravilha, a areia e a água…
A professora sugeriu que discutíssemos o tema em casa
com os pais. Alguns colegas disseram que os pais não
tinham tempo para isso, ao que a stora lhes respondeu que
também os pais deviam pensar nas pedras da sua vida.
(Ups! Isto das pedras deve ser mesmo importante).
À tarde, depois das aulas, tentei fazer o TPC:
A história da pedra
Na minha vida as… são as seguintes:
pedras:
gravilha:
areia:
água:
Passei o enunciado do TPC e tentei fazê-lo, mas não con-
segui escrever nada sozinho. Quando esperávamos pelo
jantar, contei a todos a minha versão da história da pedra. É
claro que a Baleia Ambulante da minha irmã começou a
gozar e a falar à chinês, callegando nos eles, com as mãos
juntas, e a abanale a cabeça pala a flente. O meu pai per-
guntou-lhe porque é que a minha história lhe lembrava os
chineses. A táctica do meu pai nunca falha: em vez de gri-
tar ou ralhar, pergunta.
Já em português, e com o queixo colado ao pescoço, o
que no caso da minha irmã é uma prova de grande esforço
físico, respondeu muito baixinho: “por causa da moral da
história”.
Nesta parte do “filme” senti-me como o Resto: comple-
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tamente à nora. Mas o meu pai explicou que as histórias
têm sempre uma moral, uma espécie de conclusão, que
resume o mais importante. Era exactamente isso o que a
professora nos tentara explicar: que nos construíssemos
por nós próprios. (Eh lée!…, como é que me vou construir
a mim próprio? O que vale é que sou pequeno e devo gas-
tar poucos tijolos…) A minha irmã até tinha feito uma boa
associação. Afinal, talvez o cérebro dela não esteja tão
cheio de gelatina quanto o resto do corpo…
Durante o jantar, quando conversámos sobre as pedras
no frasco do Tulicreme, pedi ajuda para fazer o TPC. Não
queria levar a folha em branco, mas também não conseguia
pensar sozinho. Os professores da minha turma estão sem-
pre a dizer que primeiro devemos tentar estudar e fazer os
trabalhos sozinhos, e que se tivermos dificuldades podemos
e devemos pedir ajuda aos irmãos, aos pais, aos amigos… E
funciona. Depois desta conversa, com a ajuda de todos, foi
muito mais fácil completar o trabalho.
Acho que as “pedras” da minha vida são a minha família
e os meus amigos. Aqui cabem todos: os meus pais, os
meus avós, tios, primos, a malta do meu prédio, os amigos
da escola, até a Baleia da minha irmã. (Bem, depois de ela
entrar não há lugar para mais ninguém, mas enfim…)
A gravilha, por muito que me custe dizê-lo, por isso vou
escrever em voz baixa, é a escola. Se aprendermos bem
muitas coisas, podemos compreender melhor como é que
tudo acontece. Coisas interessantes, como, por exemplo,
porque é que as zebras andam sempre de pijama, porque é
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que o Resto tem soluços intermináveis, porque é que a
Lua, à noite, nos persegue sempre que viajamos de carro…
Ou ainda coisas úteis do tipo: temos de usar boné quando
faz sol, para não ficarmos com a tola tipo frigideira, ou os
alimentos que devemos comer para não ficarmos doentes,
sobretudo nas férias. Sim, porque ficar doente durante as
férias é o pior que nos pode acontecer…
Se aproveitarmos o que nos ensinam na escola e apren-
dermos, podemos ver o mundo de forma diferente e cres-
cer também por dentro. Acho que esta receita não tem
funcionado muito bem comigo, talvez ainda tenha apren-
dido muito pouco…
Objectivos
24
CRA va?
Bem, mas vamos lá ao TPC que a Lua já boceja.
A areia da minha vida – esta foi uma contribuição da
minha mãe – são os meus objectivos. Objectivos são as
coisas que eu quero atingir e que orientam tudo aquilo que
faço. A minha mãe até usou um provérbio caseiro para me
explicar melhor. Disse-me que caminhar sem um rumo é
como disparar uma seta sem alvo. De facto, se não fizer-
mos pontaria para um alvo, podemos disparar as setas que
quisermos que elas nunca setam lá. (Uau! este exemplo vai
arrasar.)
Se os atletas não conhecerem as metas que têm de
atingir, como é que podem saber se o treino está a dar
resultado e o que têm de fazer para melhorar? (Boa, mãe!)
Alguns atletas treinam para atingir os mínimos e poderem
participar nos jogos olímpicos, outros treinam para bater os
recordes nacionais. Cada um tem os seus objectivos. O
Resto, por exemplo, anda a aprender a andar de bicicleta
sem rodinhas desde que nasceu. Talvez consiga antes de
acabar o 9.° ano...
Acho que a minha mãe ficou muito entusiasmada com o
seu exemplo da seta, mas o meu pai também. Fechou ligei-
ramente os olhos e os lábios, empurrando-os para a frente,
enquanto abanava a cabeça no sentido da cadeira de
baloiço, o seu gesto típico quando nos quer dizer, sem pala-
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vras, que metemos um ganda golão.
Falámos de alguns dos meus objectivos. É engraçado,
nunca os tinha percebido como tudo aquilo que eu quero
fazer na vida. Não só coisas complicadas e difíceis que eu
só vou fazer quando tiver praí uns cinquenta anos em cada
perna: subir à Serra da Estrela sem oxigénio (estão a rir-
-se?… mas deve ser bué de difícil!…), ser o dono da Coca-
-Cola ou de uma fábrica de pastilhas elásticas (aí é que
seria… passava a vida a beber Coca-Cola e a mastigar pasti-
lhas até me doerem os maxilares!). Mas os objectivos tam-
bém podem ser coisas simples e que já fazem parte da
minha vida: por exemplo, arranjar a campainha da bicicleta,
poupar dinheiro para fazer um acampamento de Verão,
alcançar o recorde do novo jogo da Playstation, fazer um
puzzle com cinco mil peças, beber o copo de leite ao
pequeno-almoço de um só gole, atravessar meia piscina
debaixo de água (sempre com o meu pai a assistir), conse-
guir irritar a minha irmã cinquenta vezes num dia (neste
objectivo o Resto também participa, porque de pequenino é
que se torce o pepino!)… Para além destes objectivos, a
minha mãe, pacientemente, sugeriu outros relacionados
com o estudo (aqueles remédios todos sempre fazem
algum efeito…). Por exemplo, fazer sempre os TPC, estu-
dar mais, arrumar a minha secretária de modo que pareça
um bocadinho diferente de um armazém de velharias, ter
cadernos onde não seja possível provar restos de Bolicao
pré-histórico, entre outros exemplos.
Também não sabia que os objectivos, para funcionarem,
26
têm de obedecer a algumas regras. Alguns dos que escolhi
não são lá muito concretos e, por isso, não posso avaliar
com facilidade se os alcançarei. Por exemplo, “estudar
mais” não é um objectivo concreto. “Mais”, mas mais do
que quê? (Já estou a imaginar a piadinha da Baleia: “No teu
caso, um minuto já seria estudar mais…”) Se não marco
um tempo concreto para estudar, depois não posso saber
se cumpri o que tinha previsto. Depois de chegar a esta
conclusão, mudei este objectivo para “estudar uma hora por
dia”. Agora sei que este objectivo é concreto (sei exacta-
mente e sem dúvidas o que tenho de fazer: estudar uma
hora), realista (sim, se eu quiser, é possível estudar uma
hora. Bem, para ser sincero…) e avaliável (no fim do dia é
fácil saber se estudei ou não uma hora).
A regra dos objectivos é CRAva (dãa, não percebem?)
Concretos-Realistas-Avaliáveis…
Claro que posso sempre estar no quarto uma hora a ler
livros de quadradinhos em vez de estudar, mas isso, como
diz o meu pai, é problema meu. E acreditem, o crime não
compensa.
Concluí que os objectivos devem abraçar as pedras gran-
des e a gravilha da minha vida. (Uau! esta frase vai esma-
gar.)
A água que encharca todo o superfrasco são os nossos
comportamentos. Até podemos ter objectivos muito lindi-
nhos, mas se não fizermos nada para os alcançar, não os
atingimos. (Este lá-lá-lá, não é meu, mas fica bem aqui, não
acham?)
27
Um dia, vi um programa na televisão sobre o treino de
nadadoras olímpicas. Treinavam várias vezes por dia,
seguindo um plano que estava escrito num quadro, com
letra grande para todas poderem ler (talvez fosse um clube
de nadadoras míopes): tantas piscinas em estilo livre, tan-
tas a bater pernas, tantas em mariposa, eu sei lá!… Nada-
vam tanto que quase davam a volta ao Mundo!
Deve ser giro ganhar medalhas, receber palmas e ouvir o
hino nacional, e ter todas as televisões a chorarem de ale-
gria e a limparem, com lencinhos de papel, as imagens
transmitidas aos soluços (eh! eh! eh!… isso é que era
nice). Foi então que percebi que a vida das nadadoras não é
só receber medalhas e distribuir sorrisinhos Pepsodent. O
avô e o Edison (lembram-se? aquele que inventou a lâm-
pada…) estão sempre a dizer (devem ser muito amigos)
que, na vida, todas as coisas se conseguem com um por
cento de inspiração e noventa e nove por cento de
transpiração. Não é lá muito higiénico, mas deve ser
verdade.
Voltando às nadadoras olímpicas, nadar todas
aquelas piscinas ajuda-as a atingir as metas que
cada uma estabeleceu para si própria. Se não treinas-
sem e comessem tantas pizzas e guloseimas como a
minha irmã, só ganhavam os concursos para miss orca.
Quando queremos atingir um objectivo temos de pensar
nas coisas concretas que vamos fazer para o atingir (que
têm de poder ser avaliadas, já sei, já sei!). Isto é que são as
estratégias, que nas tarefas da escola se chamam “estraté-
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gias de aprendizagem”, como disse a stora.
A Paula, a minha colega de carteira, deu um exemplo
macabro, mas que pode ajudar. Era mais ou menos assim:
se um aluno quer ter um 4 a História (objectivo, no meu
caso, superirrealista…), mas não está atento nas aulas
(comportamento que afasta do objectivo, mas é um bom
treino para os músculos da língua), não tira apontamentos
(comportamento que afasta do objectivo, mas poupa tinta e
evita o derrube de árvores) e quando chega a casa não
estuda, a não ser um bocadinho antes do dia do teste
(comportamento que o afasta definitivamente do objec-
tivo), se conseguir um 3, já é uma grande sorte (não atin-
giu o objectivo, mas acho que o pior é mesmo ter de ouvir
a centenária lengalenga: “Pois, tu não te esforças, olha a
29
tua irmã, o teu primo, o vizinho da prima, o sobrinho do afi-
lhado… todos bons alunos, todos aplicadinhos, blá-blá-
-blá”).
Para poder ter um 4 no fim do período é preciso fazer os
TPC, estar atento nas aulas, escrever os sumários e tirar
apontamentos na aula. Depois, já em casa, é preciso estu-
dar pelo livro e fazer esquemas e resumos para compreen-
der melhor a matéria (já sei, já sei, comportamentos que
aproximam do objectivo). Antes do teste, tentar responder
a perguntas que venham no fim do capítulo ou a perguntas
que a stora tenha dado na aula. Com todos estes comporta-
mentos que o aproximam do objectivo, talvez consiga tirar
um 4.
Não é lá muito agradável, mas no fundo, no fundo, tenho
30
de admitir que o longo (e árduo, uf!) caminho do estudo
passa por aqui.
Acho que finalmente percebi a ideia da professora de
Ciências: cada coisa na nossa vida tem pedras, gravilha,
areia e água, o que quer dizer que na nossa vida há coisas
mais e menos importantes mas que, na ordem certa, há
lugar para tudo. Na ordem certa...
Agora saber em cada caso o que é pedra e o que é areia,
acho que isso é muita areia prá minha camioneta.
Miolos de
se lhe tirar
o chapéu…
A minha mãe faz anos daqui a uns dias. Estamos perto do
Natal e o ambiente é de alegria e de luzinhas nas ruas, mas
sobretudo estamos perto das férias e dos presentes (yes!).
31
Cá em casa já fizemos o presépio e decorámos a árvore de
Natal. Toda a família participou, ao som de barulhentas músi-
cas natalícias. Retirámos dos armários as caixas onde estão
guardadas as figuras e desembrulhámos com cuidado cada
figurinha. Depois, voltámos a guardar as caixas e limpámos o
pó e o lixo. Primeiro, decidimos como e onde devíamos colo-
car a gruta e as figuras principais: S. José, a Virgem e o
Menino Jesus. O nosso presépio não tem burro nem vaca
porque, há vários séculos, num desses dias de construção
do presépio (tipo centro comercial em hora de ponta, estão a
ver? Não, não estão!), o meu pai deixou cair a vaca, que rapi-
damente ficou reduzida a pequeninos pedaços, sem cola-
gem possível. O Resto propôs nessa altura substituir o burro
e a vaca (sim, era chato deixar o burro sozinho) revezando-
-nos na companhia ao Menino Jesus. Ele estava a pensar em
presença física. Era bonito, mas impossível. O meu avô deu
um toque mágico na ideia e cada um de nós escreveu num
pequeno papel colorido um aspecto em que se ia esforçar
para melhorar a vida da família. Espalhámos os papelinhos
dobrados pelo presépio, esta seria a companhia que Lhe
faríamos. Resolvemos o problema e adoptámos
um projecto de Natal (tenho de confessar que gaspar@reis
me apetece sempre coscuvilhar o conteúdo magos.com
dos outros papelinhos, mas até hoje tenho
conseguido conter-me).
A partir desse ano, esta passou a ser
uma importante tradição de família (este
32
ano escrevi no meu papelinho que não ia
?!
Achas
que ele se Não sei,
despacha antes acho que
do próximo o melhor mesmo
Natal? é fazermos um
download dos
presentes!
33
CDT-ETEA-3
resmungar tanto com a minha mãe e que me ia esforçar por
colocar a roupa suja no cesto, mas não digam nada, OK?).
Os Reis Magos ficam sempre num local afastado do pre-
sépio, mas fazemos uma estradinha com areia para eles não
se enganarem no caminho. Já perderam a estrela uma vez,
não podem voltar a perdê-la… A nossa árvore de Natal é arti-
ficial e tem a idade da Baleia. Já está tão depenada que lhe
chamamos galinha. A árvore está mesmo velhinha, as bolas
e as fitas coloridas tapam um bocadinho os verdes em falta,
mas não importa, porque a galinha já faz parte da família e,
enquanto houver um bocadinho de verde, esta será a nossa
árvore de Natal.
Já escrevi uma carta a pedir os presentes de Natal, mas
sobre isso é melhor não falar agora porque tem várias pági-
34
nas e nunca mais acabava. É assim mais tipo lista telefónica,
estão a ver?
Bem, voltemos aos anos da minha mãe. Para preparar
tudo reunimos a tribo dos filhos: a Baleia Ambulante, que
ocupa quase todo o espaço da sala, o Resto e eu. Temos de
decidir o que fazer para que o dia corra bem. Esta deve ser
uma das poucas alturas em que estamos todos de acordo, o
presente é o de sempre: miolos. Eu explico: miolos é um
doce que inventámos para a minha mãe, por isso é que tem
um nome tão carinhoso. (Bem, a verdade é que foi a Ana
quem inventou o nome e o doce.)
A fórmula secreta dos miolos é 1, 2, 3. Uma lata de leite
condensado, dois pacotes de bolachas Belgas com cobertura
de chocolate e três pacotinhos de natas (mnham! mnham!).
Devo estar a ficar um bocado apanhado com as coisas
que falamos lá na escola. Quando estávamos a preparar os
anos da minha mãe lembrei-me que aquela era a fase da pla-
nificação dos miolos. Pensar nos ingredientes, no dinheiro
que tínhamos e no que precisávamos, quem ia comprar tudo
e quando. Por fim, em que altura é que íamos fazer os mio-
los para a minha mãe não descobrir… (Escola 1, Testas 0).
Combinámos tudo sem confusão. A minha irmã adiantava
o dinheiro e íamos os dois ao supermercado comprar tudo,
enquanto o Resto distraía a minha mãe com uma conversa
qualquer sobre a roda dos alimentos e a necessidade de
comermos sopas verdes, enjoativamente nutrientes, para
termos uma saúde de ferro. O Resto é bom nisto, põe um
arzinho de intelectual e faz um beicinho que resulta sempre.
35
A verdade é que comprámos tudo e fizemos o doce,
enquanto a mãe e o pai estavam a conversar na sala. A ajuda
dele é crucial, porque quando a minha mãe não nos vê nem
nos ouve durante dez minutos desconfia logo: ou estamos a
dormir, ou a cozinhar alguma asneira ou prestes a berrar. (Eh!
eh! eh!… desta vez enganou-se.)
Nestas alturas, quando temos de aproveitar bem o tempo,
parecemos um pequeno exército de formigas. Eu abro a lata
de leite condensado, a Baleia os pacotinhos de natas,
fazendo uns pequenos cortes de um lado e de outro sem
entornar, enquanto o Resto deita as bolachas na tigela esma-
gando-as com uma colher de pau, sem ser de mais (não dei-
xar rasto é fundamental…). Um dos segredos desta obra de
arte da culinária diz que as bolachas devem ser partidas, mas
de modo que se possam mastigar. Esta parte é muito impor-
tante. Por cima das bolachas, deitamos o leite condensado e
as natas, enquanto a colher de pau tenta envolver a mistela,
que vai adquirindo um tom acastanhado delicioso. No final,
como combinado, cada um pode comer uma colherzinha (eu
escolho sempre uma colher das da sopa) antes do doce ir
dormir, com muita pena de todos, no congelador da vizinha,
porque deve ser servido gelado. Enquanto estávamos a fazer
o doce, lembrei-me que aquela era a fase da execução dos
miolos e desejei então que a fase da avaliação, em que
íamos testar à vontade a sua qualidade, não tardasse muito.
É curioso, as três fases que os professores estão sempre
a repetir que devemos seguir em qualquer actividade funcio-
nam mesmo, até para fazer um doce. Se não pensássemos
36
em todos os pormenores, como, por exemplo, em comprar
com antecedência os ingredientes, quando estivéssemos a
fazer o doce podia correr tudo mal.
A mãe gostou muito dos miolos (pudera, estavam
mnham! mnham!) e naquele dia passámos a ser “queridos”.
Mas no dia seguinte, ao pequeno-almoço, depois das habi-
tuais guerrinhas com os flocos e as disputas pelo pão mais
branquinho, lá voltámos ao habitual “trastes”.
Enfim, não há nada como a rotina.
2
Desabafos
de um caderno
Insónias com
cadernos
diários I
Desafios
CDT-ETEA-4
– Sim, as diferentes formas como podemos lidar com os
problemas da nossa vida. Olhando-os como obstáculos inul-
trapassáveis ou encarando-os como desafios que tentamos
resolver – eh lée!… que paleio, o Testas ainda tem umas
coisas a aprender… – Se compararmos com um edifício, o
tema é a casa e as ideias principais são os seus alicerces, a
sua estrutura. Num texto ou na aula correspondem a tudo o
que se diz ou escreve para compreendermos o tema. Neste
caso… – manhoso, esperou que eu respondesse. Mas eu
fui rápido, estava a aprender umas coisas com o Testas e
disse, num jacto:
– Primeira ideia principal: o rei Górdio da Frígia ganhou a
guerra; segunda: amarrou uma corda ao templo de Júpiter;
terceira: ninguém conseguia desatar o nó de Górdio e este
50
tornou-se um símbolo do que era inultrapassável; quarta:
Alexandre Magno visitou a cidade e foi desafiado a desatar o
nó. Apesar de gozado, cortou o nó com a espada. Acho que
são estas – respondi, tentando não me esquecer de
nenhuma das ideias.
– Isso, isso – disse, parecendo impressionado. – Essas
seriam as ideias principais que compõem a história. Os
detalhes são os factos e dados do texto que ajudam à sua
compreensão. Não são fundamentais, pois perceberíamos a
mensagem sem eles, mas ajudam-nos a compreender as
ideias principais. Por exemplo: que a Frígia fica na Ásia; que
o nó era uma atracção muito visitada; que havia bancas
para vender camisolas e bonés com o nó; que Alexandre
estava rodeado por uma multidão quando desfez o nó…
Numa casa, os detalhes são, por exemplo, as cores da tinta
da parede, o tipo de janelas, a forma das telhas…
– Mas há alguma forma de sabermos onde estão as
ideias principais? – continuei o interrogatório.
– Bem, não há certezas absolutas, mas as ideias princi-
pais costumam estar nos sumários, na introdução e na con-
clusão. Outra forma de identificação pode ser o número de
vezes que determinadas frases são referidas no texto, ou
os conselhos do professor durante a aula, tipo: “As causas
principais são…”; “Esta é uma razão importante porque…”;
“Como já vos disse…”; “Prestem especial atenção a…”. Nor-
malmente, estas indicações estão associadas a gestos
característicos do professor: levantar um dos braços, apon-
tar com o indicador, bater com os nós dos dedos na secre-
51
tária, mas também a oscilação da voz, levantando ou
baixando a intensidade do som, para que os alunos perce-
bam que aquilo que vai dizer é diferente e merece uma
atenção especial. E, claro, no quadro também costumam
ser escritas as ideias principais.
– Mas para tudo isso é fundamental estar muito atento na
aula, evitar as conversinhas para o lado, as brincadeiras com
papelinhos, as mensagens nos telemóveis, e o Testas… –
estava a pensar em voz alta, quando fui interrompido.
– Sim, claro, mas ainda não acabámos. Falta a terceira
fase, a da avaliação dos apontamentos tomados.
– Pois é, desculpa – já me doía um bocado a cabeça,
quero dizer, a capa, mas acho que me doía mais o orgulho.
Se o Testas tivesse dificuldades eu ainda compreenderia,
mas se não tem, porque é que não faz as coisas de forma
diferente, porquê?
– A fase da avaliação dos apontamentos começa depois
das aulas. Nem sempre os apontamentos são claros e, por
vezes, algumas frases ficam incompletas ou, mesmo, sem
significado. Por isso, o mais rapidamente possível, de prefe-
rência no mesmo dia, ou no dia seguinte, os apontamentos
devem ser revistos e corrigidos. Sobretudo se o autor
escreve devagar e dá muitos erros… Se tiver dúvidas, pode
resolvê-las nas aulas seguintes, com o professor ou os
colegas. Apontamentos completos e sem erros permitem
estudar melhor…
(Fim)
52
Acordei estremunhado a meio do sonho. Ainda bem que
moro na última paragem do autocarro. Tchi!… sonhei muito!
Esta conversa entre os dois cadernos foi um autêntico
pesadelo, mas devia-a ter gravado. Agora seria mais fácil
escrever o trabalho de casa. Acho que vou ter de pensar
nisto tudo, mas primeiro vou contar-vos a última piada do
Aramis. Sabem qual é a semelhança entre o Museu do Lou-
vre e o professor de EVT? Ambos têm a mona lisa… Dãa,
mona: tola; lisa: careca. É boa, não é?!…
3
Sherlock Testas,
ao vosso dispor
54 O incrível
mistério-do-cacifo
Hoje fomos atropelados por um acontecimento especta-
cular. No fim da aula, a professora de Inglês recebeu um
mail de outra escola pedindo ajuda para resolver um caso
difícil e bicudo. (Não pudemos deixar de olhar todos para o
Rodrigo, que tem umas orelhas tipo Dumbo, estão a ver?
Não, não estão… Coitado! Acho que até a stora olhou e a
cara dele virou sopa de tomate…) Ficámos orgulhosos e
agitados de contentamento com o desafio (que, como
sempre, foi recebido com a tranquilidade que tanto caracte-
riza a minha turma. Até já pensaram em instalar um detec-
tor de tremores de terra na nossa sala).
Em casa, podíamos pedir ajuda para resolver o mistério,
mas sem nunca revelar o nome dos suspeitos. A stora
disse que isso era segredo profissional. Revelar detalhes
poderia comprometer a investigação. (Claro que isto não se
aplica a vocês, mas, mesmo assim, não digam nada a nin-
guém, OK? Uau! Até parece um filme…)
Era preciso estar muito atento e tirar as notas mais
importantes o mais rapidamente possível, porque a mensa-
gem só podia ser lida uma vez, porque alguns segundos
depois a tinta desaparecia (era igual ao que acontecia nos
filmes, por isso devia ser verdade).
O caso era o seguinte: na E.B. 2,3 Padeira de Aljubarrota,
roubaram dois CD de música a um aluno do 6.° ano. Este
falou com o director de turma e contou a sua versão. Como
55
a conversa vinha gravada (algumas partes estavam em
código. Era difícil, o que é que pensam?), isto foi o que eu
consegui reter:
Factos do problema:
“O incrível mistério-do-cacifo”
CDT-ETEA-5
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71
78
CDT-ETEA-6
menos como a Alice estava a descrever, mas podíamos
tentar outras maneiras.
– Então, Testas, como é que vamos fazer? – perguntou
desafiadora a Alice.
– Um, dois, três…
– SEI LÁ!… – gritámos todos ao mesmo tempo, enquanto
eu fazia de maestro…
– Não sei se isto é que é fazer um trabalho de grupo,
mas pelo menos é divertido – referiu, já animada, a Alice.
– Vocês vão ver como vai correr tudo bem. No final fes-
tejamos com um gelado, OK? – sugeri eu.
– Eu acho que devemos fazer este projecto seguindo as
três fases que os stores andam sempre a insistir: a fase do
planeamento, da execução e por fim a da avaliação.
82
– Boa, Testas. E quem é que lê o que escrevemos? –
perguntou a Fernanda.
– Posso ler eu – respondeu a Alice. – “Fase de planea-
mento: Nesta fase, os alunos devem analisar a tarefa com
detalhe, percebendo quais as suas especificações. O que
quer dizer que devemos compreender claramente a tarefa
que temos de fazer. O passo seguinte é o estabelecimento
de objectivos. Os objectivos finais devem ser divididos em
objectivos mais próximos e estabelecidos de acordo com
os recursos, pessoais e do ambiente, existentes para a rea-
lização da tarefa. Devem ser concretizados e avaliados. Por
fim, e depois de estabelecidos os objectivos, devemos
pensar num plano para os atingir. Por último, segue-se a
avaliação.”
– Qual é a nossa fase de planeamento? Planeamento,
mas de quê? – atirou o João para o ar.
– Bem, temos de escrever uma fábula ou um conto tradi-
cional e apresentá-lo num cartaz. Portanto, é isso que
temos de planear – respondi-lhe, num tom pouco simpá-
tico.
– Boa, então primeiro temos de escolher: fábula ou
conto? – perguntou a Alice, disposta a resolver rapidamente
o problema.
– Eu, conto. Tu? Conto. Alice? Conto. João? Fábula.
Temos três contos e uma fábula – concluí, imitando o estilo
das meninas da lotaria nacional.
– E que conto tradicional? – continuou a Alice, em veloci-
dade de cruzeiro.
83
– Eu gosto do Patinho Feio ou da Sopa de Pedra – propôs
a Fernanda.
– Não, não, eu acho que devia ser a Gata Borralheira –
contrapôs, irrequieta, a Alice.
– O Gato das Botas, o Gato das Botas… – afinal a Fer-
nanda já tinha outra opção…
– Meninas, por favor, decidam-se – disse eu, tentando
colocar alguma ordem no grupo.
– Eu não tenho ideias, mas acho que seria melhor cada
um pensar numa história e decidirmos depois – acrescentou
o João, com um bocejo que tornou a frase quase incom-
preensível.
– Não pode ser, porque depois não temos tempo para
escrever e preparar o cartaz. Daqui a três dias temos de
dizer à stora Engrácia qual é a nossa história e não vamos
ter tempo – avisei eu.
– Eu também acho. É melhor decidirmos já – a Alice veio
em meu auxílio.
– Eu proponho o Gigante Egoísta. É uma história engra-
çada, que o meu pai conta muitas vezes. Aliás, acho que
ele nos podia ajudar.
Depois de toda aquela confusão, decidi propor uma alter-
nativa. A tarefa parecia difícil, por isso, era melhor ter
alguém a quem pedir ajuda…
– Testas, tens o texto da história em casa? – perguntou a
Fernanda, já rendida.
– Tenho, posso trazê-lo amanhã. Tiramos fotocópias,
cada um lê e depois preparamos a nossa versão da história
84
em conjunto.
Não acabámos a reunião sem antes fazermos uma lista
das tarefas que devíamos realizar. Adaptámos para o nosso
projecto uma grelha que nos tinha sido sugerida nas aulas.
Ficou mais ou menos assim:
Planeamento do projecto
“Congresso de Fábulas e Contos Tradicionais”
Testas (pergunta 85
Saber o nome do autor Dia 17 de Junho
ao pai)
Dia 21 de Junho
Próxima reunião com o texto
Todos (em casa do
lido e sublinhado
João)
Olá! Eu sou
o Gigante
Egoísta.
E tu?
Eu
não!
o seu medo. O menino pequeno não viu o gigante. Só
quando abraçou o tronco da árvore sorriu e agradeceu.
(Esta é a parte em que entram os violinos, tzing, tzing…)
Os outros, quando viram o gigante com o menino ao colo,
vieram a correr e a Primavera, que tinha sustido a respira-
ção sem saber o que ia acontecer, regressou outra vez ao
jardim, mas desta vez para ficar.
Os meninos voltaram a brincar livremente no jardim. No
fim da escola lá vinham em bandos e o gigante ajudava-os a
todos. Brincava, curava pequenas feridas, animava ou aju-
dava a fazer as pazes… Era estranho, tinha só um olho e
era muito grande, afinal era um ciclope, mas nem tudo o
que é diferente é negativo.
O gigante perguntava sempre por aquele menino pequeno.
94
Mas ninguém o conhecia, talvez morasse longe ou estivesse
doente…
Numa manhã de Inverno, o jardim estava novamente
coberto de neve e o vento brincava às escondidas com as
árvores. O gigante olhou distraído pela janela e viu aquele
menino sentado no chão, perto da mesma árvore. Saiu rapi-
damente e abraçou-o. Reparou, então, que o menino sorria,
mas estava ferido nas mãos. O gigante quis conhecer o cul-
pado para o castigar com severidade, mas o menino res-
pondeu-lhe, com tranquilidade, que aquelas eram feridas do
amor.
– Quem és tu? – perguntou-lhe, confuso, o gigante,
enquanto se ajoelhava no chão para se aproximar do
menino.
– Um dia deixaste-me brincar no teu jardim, hoje vens
visitar o meu – respondeu-lhe o menino, inundando-o com
o azul do seu olhar.
Quando nessa tarde as crianças vieram brincar, encontra-
ram um sorriso gigante, imóvel no chão, junto daquela
árvore. Estava coberto de flores que eles não conheciam e
que hoje, milhares de anos depois, ainda continuam a cres-
cer e a perfumar aquele local.
FIM DA HISTÓRIA
95
96 Cheeeese…
e (para os
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NOME : Ósca
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ui es ca t In Pace, ‘descanse 1900.
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na versão naci curar na
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Quem quiser s alquer coisa diga
m, OK?).
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Net (se enco nt ra re
97
CDT-ETEA-7
Na aula de Área de Projecto anterior ao congresso, cada
grupo apresentou e discutiu o seu conto, disse o porquê da
escolha e qual a moral da história…
Este trabalho de projecto foi organizado em conjunto
com a área de Formação Cívica, onde também apresentá-
mos e discutimos a nossa versão da história. A professora
Engrácia perguntou-nos, e ao resto da turma, se também
agíamos como o gigante nos jardins da nossa vida (olha,
olha, logo eu que sou um gigantone de 1,41 m…). Falámos
do respeito pela diferença, da solidariedade, tudo com
exemplos tirados da nossa história… Foi muito bom, nem
sabia que o nosso conto tinha tanto sumo. Eu gosto dos
trabalhos que ultrapassam as fronteiras das disciplinas e
podem ser “analisados de muitas maneiras”, como dizem
98
os profes. Na escola devia ser mais vezes assim.
O congresso correu bem. Estávamos todos um bocado
nervosos, cada grupo tinha de ficar perto do seu cartaz e
dar algumas explicações, sobre a história ou o autor, aos
visitantes mais interessados. Vieram muitos pais, professo-
res e alunos de outras escolas (os do 7.° ano passaram-se,
devem ter mandado convites até para o imperador do
Japão). As pessoas em geral gostaram da nossa versão da
história, acharam-na “engraçada” (não sei se isso é bom
sinal…).
Mas o que teve grande sucesso foi a visita, inesperada,
do Gigante ao nosso cartaz. O meu pai apareceu de surpresa
no congresso vestido de Gigante Egoísta. Vinha mascarado
com um carapuço com um olho, parecia um verdadeiro
ciclope. O guarda-roupa (serapilheira da melhor qualidade)
foi desenhado e elaborado pela minha avó, que também não
quis deixar de participar no projecto.
Um grande cartaz anunciava que o dinheiro angariado nas
fotos de família com o Gigante Egoísta seria entregue a
associações de apoio a crianças. O Gigante distribuiu mui-
tos passe-bem, beijinhos e abraços pela multidão de fãs e
tirou montes de fotografias.
A Baleia enquadrava as vítimas no quadradinho da
máquina, dizia cheese (para as pessoas sorrirem, mas acho
que quase toda a gente pensou que ela se chamava assim,
pudera!) e disparava uma fotografia instantânea (onde é
que terá conseguido a máquina?). O Resto e a minha mãe
cobravam o dinheiro das fotografias.
99
Correu tudo bem, muito bem, sobretudo graças à ajuda
do Gigante, mas, talvez por isso, no meu grupo não chegá-
mos a avaliar o nosso projecto (bem, sempre comemos o
gelado). Quando numa aula posterior ao congresso nos per-
guntaram pela fase de avaliação do projecto, não soubemos
o que dizer. Pelos vistos, nesta fase devíamos avaliar se os
objectivos a que nos tínhamos proposto tinham sido atingi-
dos, se as estratégias para os alcançar tinham sido bem
escolhidas e pensar em algumas sugestões de alterações.
Isto é importante porque, como discutimos naquela
altura, tudo na nossa vida é um projecto: terminar o ano
lectivo (ainda bem que falta pouco), ir a um acampamento
(uau!), aprender a andar de patins, reduzir o consumo de
água, melhorar o comportamento, falar melhor inglês,
navegar na Net, fazer uma pratada de miolos (mnham!
mnham!)…
Amanhã vamos entregar o dinheiro que juntámos à asso-
ciação e espero termos contribuído para melhorar, nem que
seja pouquinho, os projectos de vida daquelas crianças…
Entretanto, o meu próximo projecto são as férias. Des-
culpem, mas vou ter de o planificar…
100
5.
De A a T
(T de Testas, é claro!)
101
102
103
104
105
de Testas, é claro!
C apítulo
Adeus
Se queres conhecer
o futuro,
mãos à obra
(Frase do meu pai para a T-shirt dos meus anos, mas acho
que foi engano, era para o Dia Internacional do Trolha…)
106
O 2.° ciclo está a acabar. Foi giro escrever nestas páginas
algumas das coisas que fiz nestes dois anos (só algumas,
há muitas mais aventuras, mas as más-línguas dizem que
não são contáveis…).
Aprender pode ser divertido sempre que o quisermos. Se
pensarmos que não conseguimos, se baixarmos os braços,
se escolhermos abandalhar em vez de estudar (ao menos
tem a mesma terminação…), a nossa vida pode ficar mais
enroscada que a casca de um caracol. Acreditem, porque eu
sei do que falo!
Planificar, executar e avaliar pode parecer uma seca, às
vezes até é, mas é muito útil. E a verdade, aqui que nin-
guém nos ouve, é que costumamos planificar, executar e
avaliar tudo aquilo que é importante para nós. Um amigo
107
meu joga futebol num clube e durante a época passada
nunca se esqueceu do equipamento para jogar nem dos
objectos de higiene necessários para tomar banho no bal-
neário, e olhem que parece uma lista de supermercado:
duas camisolas, dois pares de meias, calções, caneleiras,
chinelos, champô, gel de banho, toalha, escova… mas das
coisas da escola nunca se lembrava.
Antes de cada treino pensava no que precisava de levar e
no final avaliava. No primeiro treino não levou chinelos, não
sabia que eram precisos. Nesse dia emprestaram-lhe uns
para tomar banho. Na vez seguinte, já levou chinelos, não
queria ficar com pé-de-atleta.
O que ele fez não foi planificar, executar e avaliar as suas
decisões? Estão a ver o que quero dizer? Ter os cadernos
diários em dia, fazer os TPC, ou estudar para os testes será
diferente?
Quem é que não é capaz de estar uma ou duas horas a
jogar computador? Mas agora ficar concentrado enquanto
estuda, por vezes nem dez minutos aguentamos. O que vos
quero dizer é que aprendi ao longo destes dois anos que não
é tanto por falta de capacidade, mas mais por falta de
esforço, de interesse e de saber como estudar bem que
muitas vezes não nos esforçamos mais, não melhoramos as
notas, nem crescemos por dentro. Pelo menos falo por
mim, por isso escrevi estas páginas.
Tudo pode ser divertido e engraçado quando nos entu-
siasmamos, até o estudo. Experimentem e verão.
108
Até qualquer dia.
Agora adeus, que tenho umas férias para apanhar…
FIM
(Mas tenho pena, já sinto um bocadinho de saudades…)
Não se preocupem,
porque depois das
férias, no 7.° ano,
I’ll be back!
109
TESTÁRIO
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