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RELATÓRIO DE ATIVIDADES

FIOCRUZ
2013-2016

RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 1


2 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016
RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 3
4 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ

Presidente
Paulo Ernani Gadelha Vieira

Vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS)


Valcler Rangel Fernandes

Vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação (VPEIC)


Nísia Verônica Trindade Lima

Vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional (VPGDI)


Pedro Ribeiro Barbosa

Vice-presidente de Pesquisa e Laboratórios de Referência (VPPLR)


Rodrigo Guerino Stabeli

Vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde (VPPIS)


Jorge Antonio Zepeda Bermudez

Chefe de Gabinete
Fernando José Marques de Carvalho

Ouvidoria Fiocruz
João Alves Barbosa Neto

Centro de Relações Internacionais em Saúde


Paulo Marchiori Buss

Canal Saúde
Márcia Correa e Castro

RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 5


ÓRGÃOS SECCIONAIS Instituto Leônidas Instituto de Ciência e
e Maria Deane Tecnologia em Biomodelos
Sérgio Luiz Bessa Luz Carla de Freitas Campos
Procuradoria Federal
Casa de Oswaldo Cruz
Deolinda Vieira Costa
Paulo Roberto Elian UNIDADE DESCENTRALIZADA
Auditoria Interna
Escola Nacional de Saúde
Silvina da Costa Marques
Pública Sergio Arouca
Coordenação-Geral de Hermano Albuquerque de Gerência Regional de Brasília
Planejamento Estratégico Castro Gerson Oliveira Penna
Cláudia Santos Turco
Escola Politécnica de Saúde
Coordenação-Geral Joaquim Venâncio ESCRITÓRIOS
de Administração Paulo César de Castro Ribeiro
Cristiane Teixeira Sendim
Instituto de Tecnologia
Coordenação-Geral Fiocruz África
em Imunobiológicos
de Gestão de Pessoas Lícia de Oliveira
Artur Roberto Couto
Juliano de Carvalho Lima Instituto de Tecnologia Fiocruz Ceará
Coordenação-Geral de em Fármacos Fernando Ferreira Carneiro
Infraestrutura dos Campi Hayne Felipe da Silva Fiocruz Mato Grosso do Sul
José Damasceno Fernandes Instituto Nacional de Controle Rivaldo Venâncio da Cunha
Coordenação-Geral de Gestão de Qualidade em Saúde Fiocruz Piauí
de Tecnologia de Informação Eduardo Chaves Leal Regis Bernardo Brandim Gomes
Alvaro Funcia Lemme Instituto Nacional de Saúde Fiocruz Rondônia
da Mulher, da Criança e do Ricardo de Godoi Mattos
Adolescente Fernandes Ferreira
ÓRGÃOS ESPECÍFICOS
Figueira
SINGULARES
Carlos Maurício de Paulo Maciel
Instituto Nacional de
Infectologia Evandro Chagas A composição
Instituto Oswaldo Cruz
Alejandro Marcel Hasslocher apresentada atualiza a
Wilson Savino
Moreno estrutura organizacional,
Instituto Aggeu Magalhães considerando o Decreto
Sinval Pinto Brandão Filho Instituto Carlos Chagas
8.932 de 14 de dezembro
Samuel Goldenberg
Instituto Gonçalo Moniz de 2016 que aprova o
Manoel Barral Netto Instituto de Comunicação novo Estatuto da
e Informação Científica e Fundação Oswaldo Cruz.
Instituto René Rachou Tecnológica em Saúde
Zélia Maria Profeta da Luz Umberto Trigueiros Lima

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RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016

EXPEDIENTE

Coordenadora de Comunicação Social


Elisa Andries

Equipe editorial
Alex Príncipe, Gustavo Mendelsohn de Carvalho, Pamela Lang,
Renata Moehlecke e Ricardo Valverde. Com a colaboração da equipe da CCS,
vice-presidências, unidades e outras instâncias da Fiocruz.

Fotos
Peter Ilicciev e arquivo de imagens da Fiocruz

Projeto Gráfico e Diagramação


Guto Mesquita e Rodrigo Carvalho

RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 7


Missão
Produzir, disseminar e compar-
tilhar conhecimentos e tecno-
logias voltados para o fortale-
cimento e a consolidação do
Sistema Único de Saúde (SUS)
e que contribuam para a pro-
moção da saúde e da qualida-
de de vida da população bra-
sileira, para a redução das
desigualdades sociais e para a
dinâmica nacional de inovação,
tendo a defesa do direito à
saúde e da cidadania ampla
como valores centrais.

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Visão
Ser instituição pública e estraté-
gica de saúde, reconhecida pela
sociedade brasileira e de outros
países por sua capacidade de
colocar a ciência, a tecnologia,
a inovação, a educação e a
produção tecnológica de servi-
ços e insumos estratégicos para
a promoção da saúde da popu-
lação, a redução das desigual-
dades e iniquidades sociais, a
consolidação e o fortalecimento
do SUS, a elaboração e o aper-
feiçoamento de políticas públi-
cas de saúde.

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Valores

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Os valores da Fiocruz, pautados pela relevância da
atuação da organização para a sociedade, são os
alicerces de atitudes, comportamentos e
características que configuram a doutrina essencial
da organização. São valores da Fundação:

COMPROMISSO INSTITUCIONAL com o caráter público e estatal.

CIÊNCIA E INOVAÇÃO como base do desenvolvimento socioeconômico


e da promoção da saúde.

ÉTICA e TRANSPARÊNCIA.

COOPERAÇÃO e INTEGRAÇÃO.

DIVERSIDADE étnica, de gênero e sociocultural.

VALORIZAÇÃO dos trabalhadores, alunos e colaboradores.

QUALIDADE e EXCELÊNCIA.

REDUÇÃO das iniquidades.

COMPROMISSO com as principais metas de


transformação social do Estado brasileiro.

COMPROMISSO socioambiental.

Democracia PARTICIPATIVA.

DEMOCRATIZAÇÃO do conhecimento.

EDUCAÇÃO como processo emancipatório.

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12 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016
Sumário
FIOCRUZ - INSTITUIÇÃO ESTRATÉGICA DE ESTADO PARA A SAÚDE 14

FIOCRUZ EM NÚMEROS 18

FIOCRUZ UMA FORTE REFERÊNCIA 20

FIOCRUZ DO FUTURO 24

FIOCRUZ NACIONAL 28

1 – CIÊNCIA, TECNOLOGIA, SAÚDE E SOCIEDADE 36

2 – ATENÇÃO, PROMOÇÃO, VIGILÂNCIA EM SAÚDE 66

3 – INOVAÇÃO E COMPLEXO PRODUTIVO EM SAÚDE 74

4 – SAÚDE, ESTADO E COOPERAÇÃO INTERNACIONAL 86

5 - SAÚDE E SUSTENTABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 92

6 – GOVERNANÇA, GESTÃO E DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL 100

RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 13


Fiocruz
Instituição estratégica de
Estado para a saúde

U
ma instituição brasileira consi-
derada excelente pela popu-
lação e por todos os setores
em que atua. Uma Fiocruz com
índice de reputação semelhante ou su-
perior ao encontrado nas organizações
de maior visibilidade, com atuação em
nosso país. Essa é a Fiocruz da qual tan-
to nos orgulhamos. Uma instituição que
incorpora o legado de 106 anos de exis-
tência, mas também a responsabilida-
de de se reinventar, reafirmando sua
relevância frente às demandas emer-
gentes e aos desafios do futuro.
O período de 2013-2016 foi espe-
cialmente marcado por responder a
essa responsabilidade a partir de duas
bases fundamentais: dotar a institui-
ção de uma inteligência de futuro, com
a criação de instrumentos de prospec-
ção estratégica, e desenhar uma nova
base funcional, com estrutura, instala-
ções e arranjos organizacionais capa-
zes de responder à complexidade e
velocidade de transformação das re-
lações entre saúde, inovação e desen-
volvimento sustentável.
Essa foi uma gestão marcada pela
capacidade de resiliência, por mostrar
ao povo brasileiro nossa capacidade
resolutiva, expressa de forma especial
na resposta à emergência sanitária de
zika, chikungunya e dengue, e na rea-
firmação de nosso compromisso com o

14 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


binômio saúde e democracia - que tam- pulação brasileira, com o conjunto de deia de inovação e produção em saú-
bém se expressam no aperfeiçoamen- providências e ações possíveis, em bus- de das duas últimas décadas, e a con-
to da gestão democrática e participati- ca de um trânsito permanente entre clusão do projeto executivo e obras de
va -, em conjuntura marcada por uma macro e micro questões, diferentes di- preparação do terreno do Complexo
profunda crise política, econômica e mensões onde se tecem cotidianamen- Industrial de Biotecnologia em Saúde
social. Fomos movidos pela visão de te os encontros entre os principais ato- (CIBS), que garantirá a manutenção e
que a Fiocruz pode e deve ser reinven- res desse processo: gestores, população, sustentação do Programa Nacional de
tada e ressignificada a cada momento. academia e profissionais de saúde. Imunizações (PNI) do Governo Fede-
ral e representa o que há de mais avan-
Nas últimas décadas, a ciência bra- Repensar uma instituição centená- çado na tecnologia de produção de
sileira tem enfrentado inúmeros e simul- ria não é tarefa fácil. São muitos os imunobiológicos.
tâneos desafios: responder às necessi- desafios a serem enfrentados. Mas as
dades de uma sociedade marcada por bases fundamentais para garantir uma Neste período, também consegui-
desigualdades e por novos problemas instituição sólida e orientada para aten- mos superar antigos desafios, como
que acompanham o processo de desen- der à população foram construídas uma efetiva articulação da dimensão
volvimento e as mudanças no perfil nessa gestão. Como parte dos rearran- da pesquisa com o desenvolvimento
demográfico e epidemiológico. No cam- jos institucionais necessários à capaci- tecnológico e a cadeia de inovação; a
po da saúde, a agenda de pesquisa dade de resposta da Fiocruz no longo construção de uma agenda estratégi-
torna-se cada vez mais complexa em prazo, podemos citar a reconfiguração ca da pesquisa, mais aderente à reali-
decorrência de novos padrões de mor- de duas unidades técnico-científicas dade sociossanitária brasileira; a rees-
bidade, das crescentes demandas ao em institutos nacionais, que passaram truturação dos programas de fomento
sistema de saúde e da necessidade de a assumir a atribuição de órgão auxili- da Fiocruz, com a criação do Progra-
desenvolvimento sustentável. Tal qua- ar do Ministério da Saúde na tarefa de ma Institucional de Indução à Ciência
dro não apenas reforça a responsabili- desenvolver, coordenar e avaliar as Tecnologia e Inovação em Saúde (PC-
dade e o papel da Fiocruz como insti- ações integradas em âmbito nacional: TIS); e investimentos em métodos al-
tuição estratégica do Estado brasileiro, o Instituto Nacional de Saúde da Mu- ternativos de pesquisa, incluindo a cri-
mas impõe à instituição o desafio de lher, da Criança e do Adolescente Fer- ação, em 2013, do Centro Brasileiro
se repensar, de reorientar suas bases nandes Figueira (IFF) e o Instituto para Validação de Métodos Alternati-
científicas e tecnológicas para contri- Nacional de Infectologia Evandro Cha- vos (Bracvam).
buir para a redução das iniquidades re- gas (INI). A definição do modelo de
gionais e potencializar as sinergias lo- atenção, com compartilhamento de Os tempos atuais também nos im-
cal-nacional. serviços e ampliação de leitos e áreas puseram uma larga capacidade de res-
de atuação, e a conclusão do projeto posta com relação à sustentabilidade
A atualização do projeto Fiocruz e socioambiental. As ações da Fiocruz
o reforço de seu papel em diversas do novo o Complexo de Institutos Na-
cionais de Saúde da Fiocruz (CIN), que nessa área estão pautadas fortemen-
regiões do país é parte, portanto, de te pela noção de que a saúde é, ao
uma visão mais ampla de projeto de se encontra em fase final de licencia-
mento para início das obras, vai redi- mesmo tempo, uma precondição, re-
nação, de pensar o Brasil de maneira sultado e indicador do desenvolvimen-
mais integrada, considerando suas ex- mensionar completamente a escala e
escopo de atuação da Fiocruz no cam- to sustentável. A Fiocruz conta hoje
pressões regionais. com um sólido e integrado programa
po assistencial, na pesquisa clínica, na
Por isso, percorremos o Brasil mais formação de recursos humanos e na de saúde e ambiente, tendo a Agen-
uma vez. Ao longo deste período, im- investigação, elaboração, implementa- da 2030 como referência em todas as
plantamos uma unidade no Paraná e ção, acompanhamento e avaliação de suas unidades e eixos estratégicos de
escritórios em mais quatro estados (Ce- políticas públicas. atuação, incluindo seu papel como Cen-
ará, Piauí, Rondônia e Mato Grosso do tro Colaborador da Organização Mun-
Sul). A presença em dez estados, além Outros exemplos de rearranjos fo- dial da Saúde em Saúde e Ambiente.
do Distrito Federal, com representação ram a inauguração do Centro Henrique As ações institucionais, a exemplo do
de todos as regiões e biomas brasileiros, Penna para Protótipos, Biofármacos e Observatório de Territórios Saudáveis e
tem o desafio de articular a compreen- Reativos para Diagnóstico (CHP), o mais Sustentáveis (OTSS) e do Teias-Escola
são dos determinantes da saúde da po- relevante empreendimento para a ca- Manguinhos (Território Integrado de

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Atenção à Saúde), podem ser vistas, ao políticas e programas que promovam ambas as arboviroses, re-
longo deste Relatório, a partir de situa- a ampliação da qualidade e do acesso formulação da Rede Den-
ções locais onde as reflexões a respeito às redes de saúde. gue, Zika e Chikungunya,
do território identificam ações interse- e atuação nas áreas de
toriais, interdisciplinares, e de avaliação A criação do Centro de Estudos assistência, diagnóstico e vigi-
de impacto com acompanhamento sis- Estratégicos da Fiocruz vem na mes- lância em saúde, nas dimensões de
temático em um processo de vigilância ma linha, visando à articulação de sa- ensino, pesquisa, cooperação e inova-
dos impactos à saúde decorrentes do beres e conhecimentos produzidos na ção tecnológica.
cotidiano dos territórios. Um exemplo Fiocruz e em outros importantes cen-
dessa atuação aconteceu em Minas tros e redes acadêmicas nacionais e O Estado de Emergência de Saú-
Gerais, estado largamente afetado pelo internacionais, para orientar a tomada de Pública de Importância Nacional
rompimento da barragem da Samarco, de decisões, por parte de gestores e (Espin) decretado pelo Ministério da
onde a Fiocruz esteve entre os prota- governantes e pela população. Saúde e, posteriormente, de Importân-
gonistas das ações de órgãos públicos, cia Internacional, decretado pela Orga-
Pensar na promoção da saúde e nização Mundial da Saúde por conta da
articulando ações estratégicas com pro- na garantia de direitos da população
fissionais de outras instituições para dis- ameaça do vírus zika e sua relação com
brasileira a médio e longo prazo, a fim os casos de microcefalia deixou o mun-
cutir formas de atuação nas regiões afe- de construir respostas aos principais
tadas pela tragédia. do perplexo e ávido por repostas. A
desafios associados ao desenvolvimen- Fiocruz tem assumido um protagonis-
Por ser dinâmico e complexo, o to das políticas de saúde, em especial mo no enfrentamento dessa epidemia,
cenário atual também exige análise as de saúde mental e de atenção inte- o que resultou, em 2016, dentre outras
contínua da situação da saúde das gral passa também pelo amplo deba- feitos e iniciativas, em parceria com os
populações a fim de orientar a toma- te na sociedade sobre uma política de Institutos Nacionais da Saúde (NIH),
da de decisão, auxiliando na redefini- regulação de drogas acompanhada de agência governamental do Departa-
ção de prioridades, predição de cená- políticas públicas na área da saúde. O mento de Saúde e Serviços Humanos
rios futuros, estruturação do setor debate sobre drogas reúne duas ques- dos Estados Unidos, para um estudo
saúde e avaliação das intervenções tões centrais, com fortes implicações internacional para avaliar a magnitude
implementadas. A atuação da Fiocruz para o futuro democrático do país: di- dos riscos à saúde que infecções pelo
se orientou em promover conexão com reitos humanos e saúde. A Fiocruz criou vírus zika colocam a mulheres grávidas
os componentes sociais, políticos e aca- então o Programa Álcool, Crack e ou- e em seus fetos em desenvolvimento.
dêmicos em níveis local, nacional, regi- tras Drogas (PACD), cujas bases con-
onal e global, para o enfrentamento ceituais são orientadas pelo desejo de A pauta sanitária nos exigiu e conti-
das vulnerabilidades com a redução transpor o modelo proibicionista sus- nuará a exigir uma atuação local-global
das inequidades. Como resultado des- tentado pela criminalização para en- em prevenção de doenças; promoção
se esforço, podemos citar o Projeto tender o uso abusivo de substâncias da saúde; atuação no desenvolvimen-
Brasil Saúde Amanhã, composto por como resultado de questões biopsicos- to sustentável; no enfrentamento da
uma rede multidisciplinar de pesquisa sociais e defendendo práticas de cui- miséria e da fome e do aquecimento
que investiga e propõe caminhos para dado e respeito ao direito de usuários global; na defesa de matrizes energé-
o país e o setor Saúde no horizonte dos de substâncias psicoativas. ticas limpas; na soberania alimentar
próximos 20 anos. A prospecção de com produção de alimentos sem agro-
Os olhos no futuro, no entanto, não tóxicos; na geração de emprego e ren-
cenários futuros visa à tentativa de nos fizeram esquecer de nossa mais rica
superar os desafios que hoje se im- da e no acesso à moradia e sanea-
tradição de colocar todas as nossas mento dignos e, acima de tudo, na
põem ao sistema de saúde do país, bases científicas e a expertise de nos-
buscando soluções efetivas para os constante capacidade de inovar, de
sos profissionais à disposição da popu- olharmos para o futuro, com a certe-
problemas atuais e antecipando ques- lação para oferecer respostas rápidas
tões futuras. Investir na prospecção za de que estamos construindo uma
aos desafios que se colocam. Em 2015, Fiocruz mais próxima do cidadão e dos
estratégica de cenários futuros é, por- vimos o avanço no Brasil de duas no-
tanto, ação preponderante para que anseios da população brasileira.
vas viroses, zika e chikungunya, e cou-
a Fiocruz possa cumprir a sua missão be à Fundação um lugar de destaque Paulo Gadelha
de contribuir para a formulação de com laboratórios de referência para Presidente da Fiocruz

16 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 17
Fiocruz em números
(DADOS RELATIVOS A 2015, EXCEÇÕES ASSINALADAS)

FORÇA DE TRABALHO
12.795 trabalhadores
1567 doutores

PRODUÇÃO (2011 – 2015)

511 milhões doses de vacinas


35 milhões reativos para diagnóstico
1,5 bilhão unidades farmacêuticas
53 milhões frascos de biofármacos

18 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


FORMAÇÃO DE RECURSOS
HUMANOS PARA O SUS
26 programas de mestrado e doutorado - Stricto sensu
50 cursos - Lato Sensu
2.500 egressos/ano – pós-graduação
56.706 egressos de educação profissional (1985 – 2015)
279.200 matrículas/alunos em 5.097 municípios - UNASUS

ANÁLISE, CONSULTAS
E EXAMES
4.416 amostras analisadas
282.626 consultas
750.250 exames clínicos
234.426 exames laboratoriais de
referência

PESQUISA
28 linhas de pesquisa em andamento
1683 artigos científicos publicados
7 revistas científicas

RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 19


Fiocruz
Uma forte referência

om um índice pulse geral de

C 73,9 a 83,8 pontos, a Fiocruz


é vista por seus usuários e
parceiros como uma institui-
ção pública eficiente e referência em
saúde e ciência, equiparando-se à re-
putação das principais organizações
não governamentais mundiais sem fins
lucrativos.
Esse foi um dos resultados de um
estudo de análise de reputação rea-
lizado em 2014 pelo Instituto Re-
putation. Para todos os grupos
que fizeram parte da pesqui-
sa, a Fundação tem uma re-
putação de forte a excelen-
te, postura ética e busca a
melhoria da qualidade de
vida e o atendimento às ne-
cessidades por meio da ciên-
cia e inovação.
Sobre a diversidade de atividades
feitas pela Fundação, a maioria das
pessoas consultadas reconheceu a Fi-
ocruz como um “centro de pesquisas”
e como “uma fábrica de produtos
de saúde”. Em todos os pú-
blicos, as associações predo-
minantes sobre a Fundação
foram “pesquisas”, “vacinas”
e “saúde”. No entanto, a re-
putação institucional se mos-
trou ainda mais forte dentre
aqueles que conhecem me-
lhor a Fundação é bem mais
que uma fábrica de produtos
de saúde, mas também tem
frentes na área de “ensino”,
“formulação de políticas pú-
blicas”, “atendimento à saúde”
e “pesquisas”.

20 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 21
Foram selecionados cinco grupos Janeiro, Amazonas, Pernambuco, Para- lho”, “governança e responsabilidade”,
de públicos distintos para a pesquisa ná e São Paulo) e no Distrito Federal, “contribuição social”, “liderança e de-
(população em geral, representantes representando as cinco regiões do país. sempenho”. A análise dessas dimensões
do Complexo Econômico da Saúde, Sete foram as dimensões analisadas: resultou em uma radiografia sobre a
formadores de opinião, estudantes e “produtos”, “serviços e pesquisa”, “ci- avaliação de cada público com relação
pacientes) em cinco estados (Rio de ência e inovação”, “ambiente de traba- às diferentes atuações da Fundação.

22 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 23
Fiocruz
do futuro
Fiocruz foi criada e se firmou in-

A vestindo na pesquisa e trata-


mento das doenças infecciosas,
como a Febre Amarela, Doen-
ça de Chagas, Esquistossomose e, mais
recentemente, a Dengue, Zika e Chikun-
gunya. No entanto, hoje em dia, com a
mudança do perfil epidemiológico da
população, estamos vivendo uma tran-
sição, as doenças crônico-degenerati-
vas estão emergindo, somando-se às
outras, mas com tendência de se tor-
narem predominantes. Isso exige
uma outra abordagem, apoiada
pelos avanços em nanotec-
nologia, em ciências dos
materiais, neurociência, bi-
otecnologia, biorrobótica.
Estamos migrando para o
que tem sido chamado de
sociedade molecular, com
tecnologias que permitem
que o cuidado seja centrali-
zado na própria pessoa, a chama-
da medicina individualizada. Teremos
equipamentos que serão de uso do
cidadão, do paciente e não do siste-
ma como um todo, e medicamen-
tos desenvolvidos especifica-
mente para o indivíduo,
pois a doença se manifes-
ta de modo diferente em
cada pessoa.
A Fiocruz está se pre-
parando para essa nova
era, criando novas áreas de
atuação, promovendo estu-
dos prospectivos, envol-
vendo-se cada vez mais na
discussão do papel da ci-
ência e tecnologia no futu-
ro da saúde global.

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PROSPECÇÃO ESTRATÉGICA

Brasil Saúde Amanhã


Em 2010, em parceria com a Se- da Saúde. No site do Projeto cada uma
cretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) dessas áreas é contemplada por entre-
da Presidência da República e o Insti- vistas com especialistas, sugestões de
tuto de Pesquisa Econômica Aplicada leituras, notícias e temas em destaque.
(Ipea), começou a ser estruturado o
Projeto Brasil Saúde Amanhã, que ar- A produção do Saúde Amanhã tem
ticula a prospecção estratégica do sis- como base os resultados da primeira
tema de saúde brasileiro. As origens da etapa de pesquisa, publicados no livro
iniciativa se encontram na matriz his- “A Saúde no Brasil em 2030: Diretrizes
tórica e orgânica da Fundação, que para a Prospecção Estratégica do Sis-
sempre teve um caráter duplo: dar res- tema de Saúde Brasileiro”, que sinteti-
postas às necessidades do tempo pre- za estudos realizados por uma ampla
sente e, ao mesmo tempo, antecipar o gama de especialistas. A publicação é
futuro, se preparar para necessidades estruturada em áreas temáticas essen-
e carências que se insinuam e preci- ciais e cenários prospectivos para a
sam ser supridas. saúde pública brasileira em 2030, em
auxílio à gestão estratégica do SUS e
Essas projeções servem de insumo à conquista de um cenário de futuro
para quem formula políticas de saúde, desejável para o país. saudeamanha.fiocruz.br
para os agentes econômicos que atu-
am na saúde, para os profissionais da O Projeto disponibiliza ain-
área e também para localizar o papel da no site o Visualizador Car-
de instituições como a Fiocruz nesse tográfico Interativo Saúde
futuro. Para isso, são utilizados dois ins- Amanhã (VCI-Saúde Ama-
trumentos principais, um é a análise de nhã), uma plataforma digital
tendência, observando um comporta- que permite a localização, por
mento no passado e projetando-o para meio de mapas que procuram
o futuro. Outro instrumento é a pros- evidenciar o deslocamento da
pecção de horizontes, por exemplo, a população em busca de servi-
organização do sistema de saúde bra- ços de saúde e os principais
sileiro, a composição dos setores pú- locais requisitados, dependen-
blico e privado. do do nível de complexidade
e da oferta disponível no SUS.
O Saúde Amanhã está estruturado
em oito áreas temáticas: Desenvolvi- Também estão disponíveis
mento e Saúde, Condicionantes Sociais os Relatórios de Pesquisas, Re-
e Econômicos da Saúde, População e latórios Técnicos e Textos para Discus-
Saúde, Saúde e Ambiente, Organização são com resultados e recomendações
do Sistema de Saúde, Financiamento desenvolvidos no âmbito do Projeto,
Setorial, Prospecção Estratégica e Saú- que buscam incentivar discussões e
de e Complexo Econômico e Industrial debates entre os profissionais especi-
alizados e instituições do setor, para a
constituição de uma rede de prospec-
ção estratégica ancorada na Fiocruz.

RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 25


Centro de Estudos Estratégicos
O Centro de Estudos Estratégicos ciais, economia, saúde, desenvolvimen-
(CEE) atua como uma think tank, pro- to científico e tecnológico, bem como a
duzindo e difundindo conhecimentos própria organização da sociedade ci-
sobre os avanços nas áreas da saúde vil. Com transmissão online, a série de
e C&T, com vistas a influenciar trans- debates transmitidos pela internet abre
formações sociais, políticas, econômicas a possibilidade de interação dos deba-
ou científicas. O CEE promove deba- tedores com o público, que pode envi-
tes, identificando temas-chave da atu- ar perguntas durante o evento.
alidade e antevendo os cenários futu-
ros, realizando estudos prospectivos Os debates promovidos pelo CEE
nas ciências biológicas, sociais e tecno- já abordaram temas como “Estado de
lógicas. São três atividades sítio fiscal no SUS”, “Futuros da Améri-
principais: prospectiva, ca Latina: os ciclos da esquerda e da
mobilização de evidências direita”, “Retrocesso”, “Saneamento
científicas e pesquisa de básico como direito humano”, “Desdo-
percepção e opinião. bramentos da crise, pós-neoliberalismo
e ciclos políticos”, “As políticas sociais
As pesquisas realiza- em uma encruzilhada”, “O Brasil de
das pelo CEE contam com 2015: um momento entre dois ciclos?”
equipe e tecnologia espe- e “Desenvolvimento – Ideias para um
cializadas, e abordam ques- projeto nacional”. Em 2016, o CEE rea-
tões que visam incentivar a lizou um seminário externo de dois dias,
construção de políticas de que reuniu sociólogos, cientistas políti-
saúde justas e sustentáveis. cos e ativistas para discutir a “Crise
A pesquisa “A percepção atual e alternativas de longo prazo”,
dos brasileiros sobre temas analisando a conjuntura, aspectos da
relacionados à descrimina- política e o movimento da sociedade o
www.cee.fiocruz.br
lização da maconha”, reali- horizonte do futuro.
zada no final de 2014, entrevistou por
telefone mais de 3 mil pessoas, com 18 Todos os debates são gravados e
anos ou mais. O resultado apontou que colocados à disposição para consulta
56% dos entrevistados disseram estar no blog do CEE, assim como textos de
mal informados ou muito mal informa- referência elaborados pelos convida-
dos sobre o tema, com o percentual au- dos que participaram das discussões e
mentando entre as mulheres (65%) e as pesquisas de percepção realizadas.
na faixa etária de 45 e 59 anos (70%). As atividades do Centro de Estudos vi-
sam também promover a articulação
Iniciado em 2015, o ciclo de deba- de saberes e conhecimentos produzi-
tes online Futuros do Brasil recebe es- dos na Fiocruz e em outros importan-
pecialistas, como cientistas sociais, soci- tes centros e redes acadêmicas nacio-
ólogos, cientistas políticos, economistas, nais e internacionais, orientando a
discutindo o cenário que se configura tomada de decisões, por parte de ges-
para o país, no campo das políticas so- tores e governantes e pela população.

26 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO

CHP
O Centro Henrique Penna - Protóti-
pos, Biofármacos e Reativos para diag-
nóstico (CHP) de Bio-Manguinhos, tem
uma das infraestruturas laboratoriais
mais avançadas do país. É um dos mai-
ores investimentos na área de inovação
e desenvolvimento tecnológico nacional,
otimizando a introdução de novos pro-
dutos e reduzindo a dependência tec-
nológica e comercial dos programas do
Ministério da Saúde. Sua capacidade de
produção permitirá a Bio-Manguinhos
diversificar seu portfólio e fortalecer o
Sistema único de Saúde.

CDTS
O Centro de Desenvolvimento Tec-
nológico em Saúde (CDTS) está sendo
estruturado para contribuir na superação
de limitações do país na geração de in-
sumos para o setor. O CDTS funcionará
como um elo entre as atividades de pes-
quisa e de produção insumos em saúde,
o que é estratégico visto que algumas
etapas deste processo ainda não encon-
tram a infraestrutura necessária na cadeia
produtiva nacional. E a dependência de
laboratórios estrangeiros pode significar
aumento de custos e comprometer a in-
corporação de novas tecnologias.

CIDACS
O Centro para Integração de Da- mais de 100 milhões de brasileiros. Es-
dos e Conhecimentos para Saúde (Ci- sas informações poderão ser proces-
dacs), inaugurado em dezembro de sadas agora com recursos computaci-
2016, é uma iniciativa da Fiocruz Bahia onais de última geração e algoritmos
e outras instituições, para integrar em desenvolvidos para as demandas de
uma base única dados de saúde e con- estudos e consultas de pesquisadores,
dições socioeconômicas referentes a gestores e da sociedade em geral.

RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 27


Fiocruz Nacional
o ampliar sua presença naci-

A onal nas várias regiões do


país, a Fundação visa contri-
buir para a redução das de-
sigualdades e iniquidades regionais no
campo da saúde e da ciência e tecno-
logia em saúde, por meio da atuação
em rede de todas as suas unidades e
participando de diversos programas e
acordos de cooperação para a forma-
ção de pesquisadores. Pretende incen-
tivar ações de interiorização, reconhe-
cendo as especificidades regionais
e a diversidade cultural, contri-
buindo para a promoção da
saúde, o desenvolvimento
sustentável e o aperfeiçoa-
mento de políticas públicas.
A Fundação já está pre-
sente no Paraná, no Amazo-
nas, na Bahia, no Distrito Fe-
deral, em Pernambuco e em
Minas Gerais, além do Rio de Janei-
ro, em diversos destes estados estão
sendo realizados grandes projetos de
ampliação e otimização de suas ativi-
dades. A ampliação está em cur-
so nos estados de Rondônia,
Mato Grosso do Sul, Ceará
e Piauí, onde novos campi
estão sendo instalados em
interação com competênci-
as regionais, dando visibili-
dade ao que é feito nessas
regiões. Na mesma direção,
a Fundação tem investido
em projetos de novas insta-
lações nos campi já existen-
tes, ampliando sua partici-
pação na busca de soluções
tecnológicas para o desen-
volvimento do SUS.

28 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


FIOCRUZ MINAS
O Instituto René Rachou (IRR/Fi-
ocruz Minas) é a primeira instituição
pública a se integrar ao Parque Tec-
nológico de Belo Horizonte (BH-TEC),
erguendo ali sua nova sede, com a
proposta de criar uma plataforma tec-
nológica para produzir fármacos e va-
cinas. Toda a estrutura da Fiocruz Mi-
nas será transferida para o BH-TEC,
um parque com mais de 550 mil m e
que abrigará diferentes instituições de
pesquisa e empresas de base tecno-
lógica e empreendimentos de ciência
e tecnologia voltados para a produ-
ção de bens e serviços tecnológicos.
Ali a Fundação investirá, nos próximos
anos, na construção do Centro de De-
senvolvimento Tecnológico em Saúde
de Minas Gerais (CDTS-MG), que inte-
grará o complexo arquitetônico da
Fiocruz Minas.

FIOCRUZ PARANÁ
Em 2015, a Fiocruz inaugurou a re-
forma e ampliação das instalações do
Instituto Carlos Chagas (ICC/Fiocruz
Paraná), localizadas no Parque Tecno-
lógico da Saúde (Tecpar), em Curitiba.
O centro de pesquisa biomédica – que
atua nas áreas de bioquímica, biologia
molecular e celular, virologia, biotecno-
logia e caracterização de células-tron-
co – ganhou novos 1.200m e reformas
em mais 1.800m . Com mais de 200 co-
laboradores e forte característica de
inovação em sua atuação, a Fiocruz Pa-
raná possui um moderno Centro de Mi-
croscopia e um Laboratório de Criação
e Experimentação Animal dotado de
equipamentos e instalações de van-
guarda. As obras contemplaram ainda
espaços de ensino e gestão, áreas para
Plataformas Tecnológicas e para rece-
ber Coleções Biológicas.

RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 29


30 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016
FIOCRUZ PIAUÍ FIOCRUZ RONDÔNIA
O projeto da unidade se iniciou em A construção da nova sede da Fi-
2007, com o objetivo de trabalhar de ocruz Rondônia vai possibilitar a am-
forma integrada e em cooperação com pliação das atividades e pesquisas já
atores estratégicos locais e governos desenvolvidas pela instituição no esta-
municipais e estadual, prevê o desen- do. Sediada em Porto Velho, a unida-
volvimento de estudos sobre biomas, de tem como missão gerar e difundir
doenças infecciosas, saúde do trabalha- soluções científicas e tecnológicas em
dor, saúde materno-infantil, entre outros patologias tropicais, realizando pesqui-
campos, além do desenvolvimento de sas que visam o desenvolvimento da
programas de formação e ensino dire- região, agregando o potencial da bio-
cionados às demandas locais. As ações diversidade como uma fonte de novas
são desenvolvidas por meio de parce- moléculas associadas a necessidades
FIOCRUZ rias locais, regionais e federais. Atual- específicas e ao quadro da região. Hoje,
mente, estão em andamento dois cur- a Fiocruz Rondônia conta com mais de
MATO GROSSO sos de mestrado na Fiocruz Piauí, o 90 profissionais, entre médicos, biólogos,
DO SUL Mestrado Profissional em Epidemiologia biomédicos, farmacêuticos bioquímicos
de Doenças Negligenciadas, da Ensp, e estudantes, da iniciação científica até
Em terreno doado com e o Mestrado Acadêmico em Medicina a pós-graduação. O projeto da nova
cerca de 33 mil metros quadra- Tropical, do IOC. Também será ofereci- sede foi desenhado por Oscar Niemeyer
dos, o braço da Fiocruz no Centro- do um curso técnico de manutenção de e será a primeira construção de infra-
Oeste vai ao encontro das deman- equipamentos hospitalares e em infor- estrutura idealizada pelo arquiteto na
das regionais de ciência e tecnologia, mação e registro em saúde. região Norte do país. Num terreno de
pesquisa, ensino, cooperação, 60.000m2, a nova sede vai abrigar 22
serviços de referência e pro- laboratórios, anfiteatro, restaurantes e
dução de insumos para a FIOCRUZ AMAZÔNIA espaço para exposições científicas/di-
saúde. A nova unidade Em 2015 foram concluídos os estu- dáticas para a população local.
também vai atuar em áre- dos topográficos e de levantamento ar-
as como meio ambiente a bóreo no terreno cedido pelo Exército
agronegócio; saúde da Brasileiro, em Manaus, que irá abrigar
FIOCRUZ CEARÁ
população indígena; saú- a nova sede do Instituto Leônidas e Ma- A nova unidade da Fiocruz está sen-
de nas fronteiras; agravos ria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), do instalada no Polo Industrial e Tecno-
e doenças prevalentes; e primeira unidade técnico-científica da lógico da Saúde, em construção na
atuação no Pantanal e no Fiocruz na Região Norte. Atualmente, região metropolitana de Fortaleza, pro-
Cerrado. O projeto é desen- a unidade conta com sete laboratórios jeto estadual que é incentivado com sua
volvido com outras insti- de pesquisa, duas coleções biológicas presença como âncora científica contri-
tuições do estado, as áre- e cinco plataformas tecnológicas. Mais buindo para o desenvolvimento regio-
as de atuação foram de 300 colaboradores entre servido- nal com alta tecnologia. O Centro de
definidas em seminários res da pesquisa, ensino e gestão, além Formação, Pesquisa e Desenvolvimen-
com participação das dos alunos de programas em parceria to da Fiocruz terá 23 salas de aula para
universidades federal, com outras unidades da Fiocruz e de 560 alunos, um prédio de pesquisa com
estadual e particulares dois programas próprios de pós-gra- 15 laboratórios, auditório para 300 luga-
da região Centro-Oeste, duação stricto senso, formam a comu- res, anfiteatro e praça. A Fiocruz Ceará
secretarias municipais e esta- nidade permanente da unidade. Com abrigará também o Centro tecnológico
dual de saúde, representantes da a nova estrutura, o ILMD ampliará suas de Plataformas Vegetais, de Bio-Man-
Fundação e de instituições de ensi- atividades voltadas ao atendimento guinhos, que terá instalações industri-
no, pesquisa e gestão do Sistema das demandas de ensino e pesquisa, ais e de desenvolvimento tecnológico
Único de Saúde. com foco nas áreas de saúde coletiva para impulsionar a fabricação de pro-
e biológicas na região Amazônica. dutos biofarmacêuticos para uso huma-
no baseados em plataformas vegetais.

RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 31


Fórum das Unidade Regionais da Fiocruz
O Fórum das Unidade Regionais ro: Piauí, Ceará, Pernambuco, Bahia,
da Fiocruz (FUR) é um espaço de arti- Paraná, Mato Grosso do Sul, Rondônia,
culação e discussão técnico-política Amazônia e Minas Gerais. Nas Regio-
sobre temas comuns às unidades, para nais atuam cerca de 2,5 mil trabalha-
integração de ações relacionadas à dores (9,7 % do total da força de tra-
pesquisa e inovação, ao ensino e à balho da Fiocruz), desses, 756 são
gestão em saúde, visando o fortaleci- servidores, entre os quais 371 são dou-
mento da presença nacional e regio- tores (22,3 % de toda instituição). Sua
nal da Fiocruz. Criado em 2011, o FUR produção científica alcançou o núme-
tem-se mostrado um dispositivo insti- ro de 569 publicações indexadas em
tucional com grande potencial para 2015, o que representa 33,8% do mon-
constituir consensos operativos por tante publicado pelo conjunto de ser-
meio de ajustes mútuos. Os encontros vidores da Fiocruz.
do Fórum vêm impulsionando a cons-
trução de uma agenda coletiva e inte- As iniciativas do FUR têm demos-
grada para o desenvolvimento estra- trado que refletir e agir cooperativa-
tégico da Fiocruz. mente estimula o trabalho em rede e a
consolidação de um modelo de infra-
Coordenado atualmente pela Fio- estrutura de apoio à governança e
cruz Brasília (Direb), o FUR reúne ain- gestão estratégica integrada que con-
da as outras unidades e escritórios da tribui para o desenvolvimento institu-
Fiocruz sediados fora do Rio de Janei- cional de toda a Fiocruz.

32 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 33
COMPLEXO INDUSTRIAL
DE BIOTECNOLOGIA
EM SAÚDE - CIBS
O CIBS está sendo construído em
Santa Cruz, zona oeste do Rio de Janei-
ro, em um terreno de 580 mil m2. Será
um dos mais modernos centros de bio-
COMPLEXO tecnologia do mundo, pois foi concebido
DE INSTITUTOS a partir do que há de mais avançado em
NACIONAIS - CIN tecnologia para áreas produtivas de va-
cinas e biofármacos. O empreendimento
Localizado em uma área de cerca permitirá atender às exigências de ór-
gãos regulatórios e possibilitará que o
CENTRO DE
de 100 mil m na Quinta da Boa Vista,
em São Cristóvão, na Zona Norte do país amplie significativamente o forneci- DOCUMENTAÇÃO
Rio de Janeiro, o complexo será a fu- mento de produtos vitais e de alta quali- E HISTÓRIA DA
tura sede do Instituto Nacional de Saú- dade ao sistema público de saúde, ga-
de da Mulher, da Criança e do Adoles- rantindo a manutenção dos programas SAÚDE - CDHS
cente Fernandes Figueira (IFF) e do do governo federal. Além de abastecer
O CDHS abrigará o acervo do-
Instituto Nacional de Infectologia Evan- o mercado interno, poderá atender tam-
cumental sobre a história da saúde
dro Chagas (antigo Instituto de Pes- bém às demandas de organismos inter-
no país desde o século 19, que é man-
quisa Clínica, Ipec), principais unidades nacionais, como a OMS, Opas e Unicef).
tido pela Casa de Oswaldo Cruz e
assistenciais de saúde da Fundação no Parcerias para o desenvolvimento tecno-
será disponibilizado em instala-
Rio de Janeiro. O CIN possibilitará que lógico e aumento da competitividade do
ções modernas para estu-
ambas as unidades não só ampliem e Brasil no setor de biotecnologia, também
dantes, pesquisadores,
otimizem seus espaços físicos, mas tam- serão beneficiados a partir do CIBS, que
profissionais de saúde e o
bém compartilhem plataformas de tra- começará a operar em 2019.
público em geral. O novo
balho e reduzam os custos de forma centro vai abrigar docu-
sustentável, preservando suas identi-
dades e áreas de atuação. O projeto
POLO DE mentos, fotografias, livros
raros e registos sonoros,
prevê que o CIN tenha 359 leitos (239 LABORATÓRIOS DA ENSP audiovisuais, iconográficos
do IFF e 120 do Ipec), 224 consultóri- e cartográficos desde o sé-
os (112 para cada unidade), 74 módu- O Polo de Laboratórios, que teve
sua pedra fundamental lançada em culo 19. O acervo histórico é
los laboratoriais e 12 salas de cirurgia- composto por 102 itens,
geral. Também estão previstos um 2013, será construído no próprio campus
de Manguinhos e abrigará 23 laborató- entre coleções de docu-
auditório com 500 lugares, 30 salas de mentos institucionais e
aula, uma creche com espaço para 250 rios organizados em áreas específicas do
conhecimento. Alguns deles terão uso fundos (que são conjuntos
crianças, três restaurantes que com- de documentos da mes-
portarão 1,8 mil refeições por dia e um compartilhado, como laboratórios multi-
usuários, com intuito de promover mai- ma proveniência), com
estacionamento com 900 vagas. destaque para os conjun-
or integração entre os diversos grupos
de pesquisa da ENSP. Com isso, haverá tos documentais dos sani-
redução de insumos, manutenção e pes- taristas Oswaldo Cruz e Car-
soal especializado para operá-los. O novo los Chagas, e o conjunto dos
prédio terá ainda escritórios para os pes- negativos de vidro da COC, que têm
quisadores vinculados e áreas de apoio seu valor histórico para a humanida-
técnico, além de salas de aula laborató- de reconhecido pelo Programa Me-
rio, que visam proporcionar atividades mória do Mundo da Unesco.
práticas aos alunos.

34 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 35
Fiocruz contribui para a cons-

A trução do cenário nacional de


políticas de CT&I influencian-
do também mudanças no ce-
nário sócio-sanitário a elas relaciona-
do, bem como nos marcos legais do
controle da experimentação animal, do
uso do patrimônio genético e do co-
nhecimento tradicional a ele associa-
do. Em 2016, a sanção do Marco Le-
gal da Ciência, Tecnologia e
Inovação foi recebida com
entusiasmo na Fiocruz. A ins-
tituição acompanhou de per-
to a tramitação e participo
ativamente do projeto des-
de 2011, quando foi anunci-
ada a revisão do Código de
Ciência e Tecnologia na Câ-
mara dos Deputados. Como ins-
tituição estratégica de Estado, a Fi-
ocruz contribui para a formulação e
implementação de programas e inicia-
tivas que possam reduzir as assime-
trias regionais, e que impactem
na saúde e seus componen-
tes econômicos e sociais.
Marco Legal de Ciência Tec-
nologia e Inovação, que tra-
ta dos estímulos ao desen-
volvimento científico, à
pesquisa, à capacitação ci-
entífica e tecnológica e à
inovação.

36 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


Pesquisa e desenvolvimento tecnológico em saúde
O desenvolvimento científico na demográficas, epidemiológicas, soci- lógica, saúde coletiva, ciências sociais
Fiocruz se orienta para atender às ne- ais, cognitivas e ambientais, induzin- e humanas, neurociência, oncologia,
cessidades da população brasileira. A do programas nas diversas áreas de biotecnologia e nanotecnologia.
instituição lida com as transformações pesquisa em saúde: biomédica, tecno-

RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 37


38 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016
Resposta a emergências de saúde pública

Ebola
Em 2014, a Fiocruz recebeu o pri-
meiro caso de suspeita de ebola em
território nacional. O Instituto Nacional
de Infectologia Evandro Chagas (INI)
foi designado pelo Ministério da Saú-
de como a unidade de referência no
país, que está preparada para receber
esse tipo de ocorrência. Imediatamen-
te após a identificação da suspeita, o
paciente foi isolado na unidade e ado-
tadas medidas previstas no protocolo
nacional, como a comunicação à secre-
taria estadual de saúde e ao Ministério
da Saúde.
Antes e depois da internação do
primeiro paciente, o INI realizou simu-
lações que envolveram dezenas de
profissionais de saúde, mostrando que
as equipes estão bem treinadas para
a eventualidade de surgirem novos ca-
sos. Sobre a condução do primeiro
caso, a Organização Mundial da Saú-
de e o Ministério da Saúde elogiaram
a atuação da Fiocruz, que seguiu to-
dos os protocolos recomendados, sem
que fossem registradas falhas em qual-
quer uma das etapas do procedimen-
to. Em 2015, houve um outro caso sus-
peito, que foi novamente encaminhado
à Fiocruz.

RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 39


Dengue, Zika e Chikungunya
Em maio de 2015, uma pesquisa falia na região Nordeste. Em fevereiro meta é também buscar
desenvolvida pelo Laboratório de Vi- de 2016, a Organização Mundial da cooperação com outras
rologia Molecular do Instituto Carlos Saúde (OMS) decretou Estado de instituições no Brasil e no
Chagas (ICC/Fiocruz Paraná) confir- Emergência de Saúde Pública de Im- âmbito internacional na
mou a presença do vírus zika em oito portância Internacional por conta da construção de projetos
amostras humanas vindas do Rio Gran- ameaça do vírus zika e sua relação com que ofereçam possibilida-
de do Norte. Além de constatar a cir- os casos de microcefalia. des de geração de conhe-
culação do vírus no país, o estudo re- cimento e desenvolvimento
forçava a importância da vigilância No Brasil, o governo havia lança- de tecnologias.
epidemiológica. Transmitido nas áreas do o Plano Nacional de Enfrentamen-
urbanas pelo mosquito Aedes aegypti to à Microcefalia Relacionada à Infec- Ao longo de todo o ano de 2016,
– mesmo vetor responsável pela trans- ção pelo Vírus Zika, uma grande foram promovidos encontros em vá-
missão da dengue e do chikungunya – mobilização nacional envolvendo di- rios estados brasileiros (Rio de Ja-
, o vírus zika foi introduzido no Brasil, ferentes ministérios e órgãos do go- neiro, Minas Gerais, Piauí, Ama-
possivelmente, por turistas que vieram verno federal, em parceria com esta- zonas e Rondônia), que
assistir à Copa do Mundo em 2014. dos e municípios. Rapidamente, a reuniram especialistas do
Fiocruz assumiu um protagonismo na- país para ampliar o co-
Em 2014, já sido reportado o pri- cional e internacional no enfrentamen- nhecimento sobre essas
meiro caso de chikungunya no Brasil. to à essa emergência, com profissio- viroses e discutir o pro-
Em 2015, portanto, o país passou a ter nais de várias unidades dedicados nas blema nos âmbitos do
três vírus circulantes transmitidos pelo frentes de assistência, diagnóstico, vi- controle, da atenção, da
mosquito Aedes aegypti: dengue, zika gilância, pesquisas, desenvolvimento vigilância e da comunica-
e chikungunya. e inovação tecnológica. ção em saúde.
A preocupação com o vírus au- Ainda em dezembro de 2015, a Fun- Atualmente, a Fiocruz é
mentou em novembro, quando um ele- dação criou o Gabinete para o Enfren- referência mundial para o
vado aumento do número de casos de tamento à Emergência Epidemiológica controle vetorial, atuando
microcefalia em Pernambuco parecia em Saúde Pública, que visa unificar as em parceria com institui-
estar associado ao vírus. Em 22 de ou- ações da instituição frente à Emergên- ções internacionais, como
tubro, o Ministério da Saúde (MS) in- cia em Saúde Pública de Importância a agência norte america-
formou ter reforçado a notificação e a Nacional (Espin). Com a iniciativa, a Fun- na Institutos Nacionais da
investigação de casos da doença no dação aposta nos investimentos em pes- Saúde (NIH, na sigla em
estado. Pouco mais de um mês depois quisa, desenvolvimento e inovação para inglês) e a Fundação Me-
(28/11), o MS pode confirmar a relação encontrar respostas para os desafios linda e Bill Gates, em estudos
entre o vírus zika e o surto de microce- apresentados pelas três doenças. A em zika e Chikungunya.

40 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 41
42 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016
RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 43
Integrando a Pesquisa
ao Desenvolvimento
Tecnológico em Saúde
Em 2015, foi criado o Plano Institu- figurar um processo inicial de integra-
cional de Indução à Ciência, Tecnologia ção da comunidade científica para o
e Inovação em Saúde (PCTIS), cujo ob- desenvolvimento da pesquisa, na ges-
jetivo é estimular iniciativas em CT&I por tão de recursos e na excelência da qua-
meio de uma política que integre as lificação/formação de pessoas.
ações de pesquisa, vigilâncias, difusão
do conhecimento, formação e otimiza- No entanto, esses programas care-
ção do parque tecnológico institucional. ciam de uma integração com a cadeia
O Plano é estruturado em três eixos de inovação. O processo de desenvol-
principais: Geração e difusão do conhe- vimento e aplicação ou transferência de
cimento de excelência; Pesquisa, Inova- tecnologia envolve etapas de distintas
ção e Desenvolvimento Tecnológico em complexidades, onde é necessário um
Saúde (PIDTS) e Desenvolvimento do esforço integrado de todos os setores
Parque Tecnológico Institucional – Rede da instituição
de Plataformas Tecnológicas. A grande mudança provocada
Nos últimos dez anos a Fiocruz in- pela criação do PCTIS foi justamente
vestiu em CT&I para a geração de co- uma mudança da lógica de comparti-
nhecimento e formação/qualificação mentalização dos vários mecanismos
de recursos humanos em saúde, por de indução para uma política que
meio de diversos programas instituídos gera maior integração e capacidade
(PDTIS, PDTSP, PAPES, PV, EV, PIBIC e de indução daquilo que é considera-
Inovatec), que foram capazes de con- do prioritário.

44 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


Personalidade do
A revista científica mais citada ano pela Nature
da América Latina No final de 2016, a pesquisadora
da Fiocruz Pernambuco, Celina Turchi
Com mais de 6 mil referências pu- pacto, alcançando o índice de 1.789. foi eleita uma das 10 personalidades
blicadas em artigos científicos, a revis- Assim, o periódico fundado em 1909 do ano na ciência pela revista britâni-
ta Memórias do Instituto Oswaldo Cruz subiu da 10ª para a 6ª colocação entre ca Nature¸ por seu trabalho para o es-
foi a mais citada da América Latina em as revistas científicas de medicina tro- tabelecimento da relação entre o vírus
2015, de acordo com dados divulga- pical no mundo. A publicação também zika e a microcefalia em bebês. A re-
dos pela empresa Thomson Reuters, está entre as 20 revistas mais citadas vista destaca que Turchi integrou uma
responsável pelo Journal Citation Re- na área de parasitologia. Na América rede de epidemiologistas, pediatras,
ports, relatório que reúne indicadores Latina a Memórias ocupa o primeiro neurologistas e biólogos que levou a
de relevância das publicações científi- lugar no fator de impacto consideran- resultados “formidáveis”. Segundo a
cas no mundo. Desde 2005, a revista do seis campos temáticos: parasitolo- publicação, quando Turchi e seus cole-
mantém a marca de maior citação. gia, medicina tropical, doenças infec- gas começaram suas pesquisas, o co-
Além disso, a Memórias teve, pela ter- ciosas, microbiologia, imunologia e nhecimento sobre o zika era extrema-
ceira vez, um aumento do fator de im- bioquímica e biologia molecular. mente limitado.

Observatório em Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde


O Observatório foi criado em 2016 políticas setoriais no âmbito do Minis- que potencializem sua capacidade de
para organizar e produzir informações tério da Saúde. inovar. É um instrumento avançado de
provenientes da área de pesquisa, de- A partir de fontes de informação se- gestão, que permite o fomento da coo-
senvolvimento tecnológico e inovação lecionadas, o Observatório utiliza um peração, promovendo a articulação
da Fiocruz. É um projeto estratégico, conjunto de indicadores que permite a entre as redes internas e externas, con-
que tem o objetivo de apoiar a ges- convergência dessas informações, am- tribuindo também para o aprimoramen-
tão das atividades de CT&I da Fun- pliando a visibilidade sobre a atuação to de mecanismos de acompanhamen-
dação, assim como a formulação de da Fiocruz e monitorando tendências to da dinâmica da instituição.

RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 45


Educação e
formação
para o SUS
A Fiocruz é a principal instituição
não-universitária de formação e qua-
lificação de recursos humanos para o
SUS e para a área de ciência e tec-
nologia no Brasil. São 26 programas
de pós-graduação stricto sensu reco-
mendados pela CAPES, uma escola
de nível técnico e vários programas
lato sensu.
Para além de seus programas de
pós-graduação, a Fiocruz contribui
com a coordenação e oferta de diver-
sos cursos no âmbito de iniciativas
nacionais para a formação de profis-
sionais de saúde.

Mais Médicos
A Fiocruz, por meio da Escola Na-
cional de Saúde Pública Sergio Arou-
ca (Ensp), é responsável por coorde-
nar a pesquisa de avaliação do
programa Mais Médicos. O estudo foi
produto de uma negociação entre a
Universidade Aberta do SUS (UNA-
SUS), o Ministério da Educação e a
Fundação, em acordo com o Ministé-
rio da Saúde.
O Mais Médicos faz parte de um
amplo pacto de melhoria do atendi-
mento aos usuários do SUS, com inves-
timento em infraestrutura dos hospitais
e unidades de saúde, além de levar
mais médicos para regiões onde há es-
cassez ou não existem profissionais.

46 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


Provab
O Programa de Valorização do Pro-
fissional da Atenção Básica (Provab)
conta com a cooperação da Fiocruz e
da rede UNA-SUS na oferta de curso
Universidade de especialização para os profissionais
selecionados pelo Ministério da Saúde.
Aberta O Provab se propõe ao enfrenta-
mento da escassez, provimento e fixa-
do SUS ção de profissionais de saúde – médi- Escola de
cos, enfermeiros e dentistas – em áreas
(UNA-SUS) remotas e de maior vulnerabilidade. O
foco do programa são as áreas e regi-
Governo
O Sistema Universidade Aberta do
SUS (UNA-SUS) foi criado pelo Minis-
ões prioritárias com carência e dificul-
dade de retenção de profissionais de em Saúde
tério da Saúde em 2010 para atender saúde.
Uma iniciativa que certamente
às necessidades de capacitação e edu- marcou o período foi o processo de
cação permanente dos profissionais de credenciamento da Fiocruz como Es-
saúde que atuam no SUS. Desde sua
criação, a Fiocruz exerce a função de Profsaúde cola de Governo em Saúde. Sonho an-
tigo perseguido por sanitaristas, ges-
Secretaria Executiva e participa do tores e trabalhadores do Sistema Único
Comitê Gestor e do Colegiado Institu- O novo Mestrado Profissional em
Saúde da Família (PROFSAÚDE/ de Saúde (SUS), a criação de uma Es-
cional da UNA-SUS, que a partir da in- cola de Governo em Saúde (EGS) fi-
tegração entre gestão, academia e MPSF), aprovado pela Capes em ou-
tubro de 2015, potencializa as ativida- nalmente se concretizou em 2011, no
serviços e do recurso a metodologias novo prédio da Diretoria Regional de
de educação a distância, viabiliza a des de ensino, pesquisa e extensão em
Saúde da Família, tanto na academia, Brasília (Direb/Fiocruz Brasília). O pro-
oferta educacional para programas cesso de credenciamento, iniciado em
prioritários do governo. quanto nos serviços de saúde. O cur-
so, que conta com 200 vagas, é ofere- maio de 2015, é consequência do com-
Além do papel de indutora, a Fun- cido como continuidade da formação promisso com a qualidade e excelên-
dação também oferece diversos cur- do Programa Mais Médicos cia dos cursos oferecidos e de enten-
sos de formação em saúde para o der educação permanente como uma
UNA-SUS, como especializações, resi- Uma proposta da Abrasco e Fio- política indutora para transformação
dências e mestrados profissionais. O cruz, o PROFSAÚDE é uma construção das práticas em saúde.
UNA-SUS já alcançou mais de 100 mil coletiva, em parceria com diversas ins-
matrículas de profissionais da saúde tituições de ensino, com o objetivo de
em todas as regiões do país, com des- oferecer formação de alta qualidade
taque para a formação de profissio- a profissionais da rede básica e conso-
nais para os programas Mais Médicos lidar o modelo de saúde da família. O
e de Valorização do Profissional da curso tem a finalidade de atender à ne-
Atenção Básica (Provab). cessidade de formação de profissionais
de saúde, especialmente médicos, em
grande escala, para atuarem como
preceptores na residência médica em
saúde da família, docentes na gradua-
ção em medicina, supervisores e tuto-
res na estratégia de saúde da família

RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 47


Campus Virtual Fiocruz
Em 2016, a Fiocruz lança o Cam-
pus Virtual, iniciativa que amplia o
acesso ao conhecimento produzido na
Fiocruz e reforça as iniciativas de edu-
cação a distância e os cursos presenci-
ais oferecidos pelas diversas unidades
da Fundação. Trata-se de uma rede
descentralizada de pessoas e institui-
ções que compartilham cursos, recur-
sos, serviços e atividades de ensino na
área de saúde, fazendo uso intensivo
de tecnologias de informação, comu-
nicação e educação.
Aberto a professores, estudan-
tes, profissionais e sociedade em
geral, o portal do Campus Virtual é
um potencializador de práticas edu-
cativas da Fiocruz e redes parcei-
ras, que visa contribuir na forma-
ção continuada de profissionais
para o atendimento às necessida-
des do SUS. O portal permite o
acesso do público em geral e, es-
pecialmente, dos profissionais do
SUS, a plataformas tecnológicas
com recursos educacionais em saú-
de, vídeo aulas e cursos livres, por
meio de um modelo tecnológico
constituído de ferramentas que per-
mitam o intercâmbio, utilização e
reutilização de informações.

48 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


A Fiocruz oferece 21 programas na Cinco programas de Mestrado Pro- prática: Política, Gestão e Atenção Bá-
modalidade Acadêmica: História das fissional: Tecnologia de Imunobiológi- sica; Vigilância em Saúde; e Promoção
Ciências, Epidemiologia em Saúde Pú- cos, Educação Profissional em Saúde, da Saúde e Desenvolvimento Social.
blica, Saúde Pública (Rio de Janeiro), Gestão, Pesquisa e Desenvolvimento
na Indústria Farmacêutica, Saúde Ma- No campo da educação profissi-
Saúde Pública e Meio Ambiente, Bio-
terno-Infantil, Pesquisa Clínica. onal em saúde, a Fiocruz oferece cur-
tecnologia em Saúde e Medicina Inves-
sos técnicos na área de saúde, inte-
tigativa, Ciências da Saúde, Saúde
Quatro programas em ambas as grados ao ensino médio: Análises
Coletiva, Biociências e Biotecnologia
modalidades: Epidemiologia em Saú- Clínicas, Ensino Médio Integrado à
em Saúde, Saúde Pública (Pernambu-
de Pública, Saúde Pública (RJ), Saúde Educação Profissional, Gerência de
co), Biociências e Biotecnologia, Infor-
Pública (PE), Vigilância Sanitária. Saúde, Vigilância em Saúde. E tam-
mação e Comunicação em Saúde, Pes-
bém cursos técnicos subsequentes ao
quisa aplicada à saúde da criança e da
Na esfera da pós-graduação lato ensino médio: Agente Comunitário de
mulher, Saúde da Criança e da Mulher,
sensu, são ofertados cerca de 50 cur- Saúde, Registros e Informações em
Vigilância Sanitária, Biodiversidade e
sos de especialização, aperfeiçoamen- Saúde, cursos de especialização téc-
Saúde, Biologia Celular e Molecular, Bi-
to e atualização, diversos dentre eles nica e de atualização, aperfeiçoamen-
ologia Computacional e de Sistemas,
na modalidade ensino a distância, por to e qualificação. Também oferece
Biologia Parasitária, Ensino em Biociên-
meio da Escola de Governo em Saúde, cursos para Educação de Jovens e
cias e Saúde, Medicina Tropical, Pes-
distribuídos por três grandes áreas de Adultos (EJA).
quisa Clínica em Doenças Infecciosas.

RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 49


50 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016
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52 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016
RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 53
Informação e
comunicação
em saúde
O recebimento, em 2015,
do Prêmio José Reis de Divul-
gação Científica e Tecnológi-
ca, na categoria ‘Instituição
ou Veículo de Comunicação’,
mais relevante prêmio na
área concedido pelo Conse-
lho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq), re-
presenta a consolidação e o reconhe-
cimento institucional pela pluralidade
das ações desenvolvidas nessa área
como e por entendê-la como
compromisso com a saúde e
a cidadania.
Nas mídias sociais, a Fi-
ocruz alcança, atualmente,
quase 80 mil pessoas em sua
página no Facebook e 40
mil, no Twitter, com intera-
ções diárias e respostas per-
sonalizadas aos usuários. Em
2016, além do Facebook, do
Twitter e do YouTube, a Fio-
cruz abriu um novo canal de
diálogo com a sociedade:
um perfil no Instagram.

54 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


Em 2013, a Agência Fiocruz
de Notícias, um dos principais
veículos noticiosos da Fiocruz,
teve seu site totalmente reformu-
lado, permitindo mais dinamismo
e interação, além de incorporar
novos recursos. No ano de 2016,
de janeiro a junho, o site obteve
1.026.988 visualizações de páginas,
número equivalente ao
período de todo o último
ano de 2015. Em 2016,
também foi lançado o
novo boletim da AFN,
que atinge cerca de 1.200
profissionais da impren-
sa de todo o Brasil, bem
como da imprensa es-
trangeira. Os avanços da
AFN representam mais
uma vez uma reafirma-
ção dos compromissos
da Fundação com o con-
trole social, a transpa-
rência e a prestação de
contas dos recursos aplicados na
instituição.
A informação e a comunica-
ção, sobretudo pela combinação
de ações de popularização da ci-
ência, comunicação, educação,
divulgação científica e promoção
da saúde, são entendidas como
parte integrante do fazer cientí-
fico, colocando-se como área es-
tratégica na relação da Fundação
com a sociedade.

RELATÓRIO
RELATÓRIO FIOCRUZ
FIOCRUZ 2013-2016
2013-2016 55
Portal Fiocruz
Lançado em maio de 2012, o Por-
tal busca esclarecer para o público ex-
terno quais são e como funcionam os
serviços e produtos da Fiocruz. Com
uma estrutura que oferece diferentes
formas de navegação, o espaço on-line
foi planejado para permitir que os usu-
ários encontrem com facilidade a infor-
mação que procuram. De 2013 a 2016,
o Portal teve mais de 26 milhões de
páginas visualizadas por mais de 5,5
milhões de usuários.

www.portal.fiocruz.br

Editora Fiocruz Em 2012, a obra Fundamentos da Pa-


leoparasitologia, publicado pela Editora,
O catálogo da Editora Fiocruz reúne recebeu o primeiro lugar do Prêmio Ja-
mais de 400 títulos incluindo as variadas buti, na categoria Ciências Naturais. Em
áreas do conhecimento científico em saú- 2015, três títulos da Editora ficaram entre
de pública. Em 2016, a Editora Fiocruz os finalistas e, em 2016, foram dois os tí-
lançou sua Livraria Virtual, como um novo tulos da Editora a ficaram entre os fina-
canal de acesso aos livros, com mais efi- listas do Prêmio: Dengue: teorias e práti-
ciência, comodidade e segurança para a cas, na categoria Ciências da Saúde e
aquisição dos títulos, e o primeiro e-book Crianças, Adolescentes e Crack: desafios
interativo. O e-book O Que É o SUS, um para o cuidado, na categoria Psicologia,
dos títulos mais procurados da Editora, Psicanálise e Comportamento. O Jabuti
oferece uma nova experiência de leitura, é considerado o mais tradicional prêmio
em que vídeos, áudios, galerias de fotos, do livro no Brasil.
infográficos e outros recursos
complementam ou substituem
partes do texto original, crian-
do uma nova textualidade ele-
trônica.

www.livrariaeditorafiocruz.com.br

56 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


Museu da Vida
O Museu da Vida desenvolve ati- público pode entrar em contato, de
vidades informativas e educativas em forma interativa, com temas relativos
ciência, saúde e tecnologia de forma a conceitos e à história da ciência, da
lúdica e criativa, através de exposições biologia e da saúde pública. Neste pe-
permanentes, atividades interativas, ríodo, as ações do Museu alcançaram
multimídias, teatro, vídeo e laboratóri- mais de 650 mil pessoas. Em 2016, o
os, e por diversas atividades relacio- Ciência Móvel, museu itinerante do
nadas com a divulgação do patrimô- Museu da Vida, completou dez anos de
nio histórico e cultural da Fiocruz. estrada. Até 2016, foram contabiliza-
Nas setes exposições abrigadas dos mais 750 mil visitantes em quase
pelo Museu de 2013 a 2016, o grande 90 cidades da região Sudeste.

RELATÓRIO
RELATÓRIO FIOCRUZ
FIOCRUZ 2013-2016
2013-2016 57
Tratada como área estratégica na Deliberativo em novembro de 2016. O
Política de Fiocruz desde o início do século XX, documento busca enfrentar as diferen-
com a criação de revistas científicas, a tes situações, estabelecendo mecanis-
Comunicação Fundação reconhece a centralidade da mos para ampliar o diálogo com a so-
comunicação na transformação da re- ciedade e o diálogo interno entre os
alidade e percebeu a necessidade da vários atores da comunicação da Fio-
construção de uma política para o se- cruz, bem como o debate destes com
tor. A Política foi elaborada por um gru- as demais áreas finalísticas da institui-
po de trabalho e esteve em consulta ção, a fim de fortalecer e conferir mai-
pública durante pouco mais de um or efetividade aos produtos e proces-
mês, sendo aprovada pelo Conselho sos de comunicação.

Fiocruz
Internacional
A Fiocruz iniciou em novembro de
2016 uma nova etapa na comunicação
internacional da instituição, com o lan-
çamento do boletim Fiocruz Interna-
cional. A nova publicação reúne notí-
cias das atividades internacionais de
todas as unidades da Fiocruz, desta-
cando a atuação da Fundação em te-
mas como saúde global, acordos de co-
operação internacional, Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável, convê-
nios, cooperação sul-sul e muito mais.

58 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


Canal Saúde PenseSUS
Desde 2015, o Canal também pas- O site PenseSUS – A reflexão for-
A emissora, que desde 29 de abril
sou a integrar o Sistema de Brasileiro talece essa conquista é uma iniciati-
deste ano havia passado de dez para
de TV Digital, fazendo parte da multi- va da Fundação Oswaldo Cruz (Fi-
14 horas por dia no ar, agora exibe
programação da TV Brasil. Com a mi- ocruz), desenvolvido pelo Centro de
seu conteúdo das 8h às 23h, nos sete
gração gradual da TV aberta do siste- Tecnologia da Informação e Comu-
dias da semana. O acréscimo de
ma analógico para o sistema digital, a nicação (CTIC) do Instituto de Co-
mais uma hora na programação diá-
transmissão do Canal Saúde já chegou municação e Informação Científica e
ria é mais um passo para alcançar o
em Brasília, Rio de Janeiro e São Pau- Tecnológica em Saúde (Icict). Em
objetivo de chegar a 24 horas diári-
lo, e a previsão é de que até 2019 a parceria com o Centro Brasileiro de
as de programação. O aumento gra-
emissora esteja acessível, em sinal aber- Estudos de Saúde (Cebes) e a As-
dativo do tempo de programação
to, a todos os municípios brasileiros com sociação Brasileira de Saúde Coleti-
faz parte de um conjunto de metas
mais de 100 mil habitantes. A mudan- va (Abrasco), o site foi criado para
estabelecido com o Ministério da
ça permitirá que conteúdo de qualida- disponibilizar diferentes conteúdos
Saúde e com a Oi TV, que transmite
de sobre o SUS alcance mais de 120 sobre o Sistema Único de Saúde
o Canal Saúde para Conselhos de
milhões de pessoas nos próximos anos. (SUS), promovendo o debate e uma
Saúde em todo o Brasil.
ampla reflexão acerca da política na-
cional de saúde no Brasil.
Tendo como referência os 25 anos
do SUS, comemorados em 2013, o
PenseSUS reúne conteúdos variados
publicados em outros sites, bem como
produz matérias inéditas, analisando
a implementação e a trajetória deste
sistema. Além disso, também busca dis-
ponibilizar informações sobre ações re-
lacionadas ao SUS e à agenda de ati-
vidades do Ministério da Saúde,
entendendo a diversidade do públi-
co que acessa o site, que vai desde os
já conhecedores e estudiosos sobre as
políticas de saúde no país, até pesso-
as que buscam informações gerais
sobre serviços, por exemplo.

pensesus.fiocruz.br

RELATÓRIO
RELATÓRIO FIOCRUZ
FIOCRUZ 2013-2016
2013-2016 59
Acesso livre
à informação
científica
Política de Acesso
Aberto ao Conhecimento
e Repositório
Institucional
Com a criação de sua Política de
Acesso Aberto ao Conhecimento em
2014, a Fiocruz se consolidou como uma
instituição de referência sobre o tema
na área da saúde no Brasil. A Fun-
dação busca garantir à socieda-
de o acesso gratuito, público e
aberto ao conhecimento produ-
zido pela instituição, além de
preservar a memória institucio-
nal. Tem ainda como objetivo dar
visibilidade e disseminar a pro-
dução intelectual de seus pesqui-
sadores, apoiando o planejamento
e a gestão da pesquisa e estabelecen-
do diretrizes de registro e publicização
da produção intelectual.
O Repositório Institucional (Arca),
principal instrumento de realização des-
sa política, consiste numa plata-
forma tecnológica que reúne
artigos científicos, teses e disser-
tações, relatórios técnicos, víde-
os e todo um conjunto de con-
teúdos digitais originários da
pesquisa, do ensino e do de-
senvolvimento tecnológico da Fi-
ocruz. No primeiro trimestre de
2016, o Arca alcançou mais de
dez mil depósitos de obras, e re-
gistrou cerca de 140 mil acessos,
de usuários de diversos estados
brasileiros (liderados por São Pau-
lo e Rio de Janeiro) quanto de outros
países (a maioria de Portugal e EUA).

60 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


Portal de Periódicos
Em 2015, a Fiocruz lançou mais
um espaço para a divulgação da Ci-
ência: o Portal de Periódicos. No
mesmo ambiente web, o público
tem acesso aberto e gratuito aos ar-
tigos de todas as publicações cien-
tíficas editadas na Fiocruz. Com a
busca integrada em sete revistas, os
leitores podem ter uma visão am-
pliada do conhecimento em saúde,
Lei de Acesso à a partir de diferentes abordagens.
Informação (LAI)
A Fiocruz criou um Comitê Gestor
e outros mecanismos institucionais
para o aprimoramento do fluxo de
respostas às solicitações no âmbito
da LAI. A Fundação dis-
ponibiliza em seu Portal
na internet informações
classificadas como Trans- Portal SciELO Livros
parência Ativa. As infor-
mações não disponíveis Iniciativa sem similar em outros
on-line são classificadas países, o SciELO Livros, fruto de uma
como Transparência Pas- parceria do SciELO com a Editora
siva e dependem de soli- Fiocruz, tem como objetivo preen-
citação, que pode ser fei- cher uma importante lacuna: a cria-
ta no Sistema Eletrônico ção de um sistema nacional de in-
do Serviço de Informa- dexação de livros acadêmicos de
ções ao Cidadão. O cida- qualidade, com mecanismos para
dão também pode solicitar uma infor- promover a visibilidade e a disse-
mação pessoalmente, comparecendo minação das obras, bem como para
ao SIC Fiocruz, ou utilizando o telefo- avaliar o desempenho dos títulos.
ne. Em 2015, o SIC respondeu a 212 Mais de seis editoras universitárias
pedidos de informação, em sua mai- do país já aderiram ao projeto e o
oria, relacionados a Recursos Huma- portal oferece mais de 350 e-books
nos em Saúde e a Ciência e Tecnolo- em acesso aberto, que contabilizam
gia em Saúde. cerca de 34,6 milhões de downloads.

RELATÓRIO
RELATÓRIO FIOCRUZ
FIOCRUZ 2013-2016
2013-2016 61
Novas tecnologias a serviço da saúde
Selo Sergio Arouca Observatório Triatokey
legitima qualidade das de Clima e Saúde Aplicativo desenvolvido por pes-
informações em saúde Sistema com informações sobre quisadores da Fiocruz Minas que vai
desastres climáticos e seus impactos: ajudar a identificar espécimes de tria-
Lançado em 2016, o Selo Sergio ferramenta agora disponível no Obser- tomídeos – vetores para doença de
Arouca de Qualidade da Informação em vatório de Clima e Saúde, do Instituto Chagas. O aplicativo, chamado de Tri-
Saúde na Internet. A ideia é certificar de Comunicação e Informação Cientí- atokey, não necessita de conexão com
sítios eletrônicos das Secretarias Muni- fica e Tecnológica (Icict/Fiocruz), ser- a internet e tem sido usado em treina-
cipais de Saúde de todo o Brasil para ve como auxílio ao planejamento e to- mentos e ensino, nos cursos do serviço
que, assim, após passarem por avalia- mada de decisões na ocorrência dos de referência e nas aulas da pós-gra-
ções, entrem em conformidade com in- eventos climáticos extremos, e no di- duação da Fiocruz Minas.
dicadores e critérios que atestem a recionamento de programas que mini-
qualidade das informações por eles dis- mizem os impactos. Atualmente as espécies que cons-
ponibilizadas. A avaliação é conside- tam no acervo do software são as en-
rada estratégica para a melhoria do contradas no Brasil. No futuro haverá
SUS. O Selo será oferecido para outros Sistema com informações uma expansão para abranger espéci-
órgãos e iniciativas. sobre desastres climáticos es de toda a América Latina. O softwa-
re tem uma versão online, que pode
e seus impactos ser acessada através do link http://
Info Dengue Ferramenta agora disponível no triatokey.cpqrr.fiocruz.br/.
Observatório de Clima e Saúde, do Ins-
Sistema de monitoramento online tituto de Comunicação e Informação
da dengue no Rio oferece monitora- Científica e Tecnológica (Icict/Fiocruz), Sistema de Informação
mento em tempo real para ajudar no
combate à dengue na cidade. Com o
serve como auxílio ao planejamento e em Saúde Silvestre
tomada de decisões na ocorrência dos
objetivo de integrar informações sobre eventos climáticos extremos, e no di- Aplicativo desenvolvido pela Cen-
o risco de transmissão da doença, o recionamento de programas que mini- tro de Informação em Saúde Silvestre
Info Dengue permitirá saber quais as mizem os impactos. da Fiocruz para monitoramento da
zonas mais afetadas da cidade, agili- saúde silvestre. Por meio do aplicati-
zando as ações de combate à doença. vo, é possível enviar registros georre-
Os dados que alimentarão o sistema Site Observatório ferenciados, fotos de animais e incluir
serão disponibilizados pelas secretari- informações adicionais sobre proble-
as dos municípios, por meio de relató- Saúde na Mídia
mas de saúde ou comportamentos atí-
rios semanais com números de casos O site Observatório Saúde na Mídia, picos observados. Quando um alerta
notificados por bairro e índices de in- lançado em junho de 2016, publica dife- for disparado pelo sistema, a informa-
festação, além de indicadores climáti- rentes pesquisas até então restritas à ção estará disponível para os setores
cos. Dados de denúncias de focos do comunidade científica, além de trazer responsáveis e especialistas que deve-
mosquito e de menção à dengue nas artigos atuais sobre temas variados da rão tomar as medidas de cabíveis. O
redes sociais também alimentarão o saúde, conforme as linhas de investiga- aplicativo foi um dos finalistas ao Prê-
sistema. As informações estão disponí- ção de cada pesquisador. Além disso, a mio Nacional de Biodiversidade, pro-
veis na internet. plataforma digital disponibiliza o aces- movido pelo Ministério do Meio Ambi-
so ao “e-monitor”, que agrega notícias ente (MMA).
sobre os vírus zika, dengue e chikun-
gunya, a partir do que foi publicado em
jornais das cinco regiões brasileiras.

62 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


Tecnologias Sociais em Saúde
Por meio de iniciativas de fomen- O setor também coordena e pro-
to de projetos, seminários e cursos, a move ajustes no Projeto de Inserção
Coordenadoria de Cooperação Social da Pessoa Surda no Mercado de Tra-
atua desde 2009 no estímulo à pro- balho da Fundação. A Coordenado-
dução de tecnologias sociais na Fun- ria também é responsável pela arti-
dação. Também desenvolve continu- culação denominada Agenda Jovem
amente metodologias de intervenção Fiocruz. O livro Diálogos sobre saúde
para mitigação das iniquidades em e protagonismo infanto-juvenil: ações
saúde em territórios vulnerabilizados e desafios para a Fiocruz, publicado
e ampliação do poder de proposição em 2014, apresenta seis experiências
e controle social de políticas públicas e aponta desafios para atuação da
pelas populações residentes. Em instituição junto ao segmento infanto-
2009 e 2011 a Cooperação Social lan- juvenil, considerando seus papéis de
çou dois editais que apoiaram 36 pro- sujeitos históricos e de direitos e seu
jetos em 12 cidades de nove estados
e reuniram cerca de 50 mil pessoas.
potencial transformador. Desde 2013,
a Cooperação Social também apoia a
PTUS
As ações foram direcionadas a traba- Agência de Comunicação Comunitá- O Projeto de Promoção de Ter-
lhadores rurais, jovens, estudantes, ria de Manguinhos, que deu origem ao ritórios Urbanos Saudáveis (PTUS),
educadores, pacientes de saúde men- jornal comunitário Fala Manguinhos! a partir de 2016, contribui com es-
tal, público LGBT, profissionais da saú- com tiragem de 10 mil exemplares e tratégias para a governança terri-
de, representantes de movimentos distribuído na região. torial democrática, visando promo-
sociais e moradores de favelas e co- ver territórios saudáveis nas favelas
munidades tradicionais. Recentemente, a oficialização da
parceria técnica e financeira com a Fi- de Manguinhos. O projeto sintetiza
Entre os desdobramentos mais ocruz e a Fiotec trouxe um investimen- metodologias de intervenção ela-
importantes está a criação do Centro to de R$ 15 milhões do Fundo Social boradas ao longo de seis anos do
de Estudos sobre Tabaco e Saúde; do do BNDES para o fomento de 12 pro- projeto Polo de Tecnologias Sociais
Observatório de Territórios Sustentá- jetos que trabalharão na interface en- para o Desenvolvimento Equânime
veis e Saudáveis da Bocaina; e a ela- tre modelos de desenvolvimento e a Territorializado e Sustentável em
boração e aplicação de metodologia promoção da saúde. Essa iniciativa al- Manguinhos (Projeto Polo) e tem
de formação de jovens, educadores e cançará outros locais de atuação da como metas:
profissionais da saúde para o Progra- Fiocruz em todo território nacional, em Enfrentamento e prevenção à
ma Saúde na Escola, do Governo Fe- áreas de comunidades quilombolas, violência;
deral, replicado em escolas públicas caiçaras, favelas, assentamentos rurais
de cinco capitais. Em 2015 a Coope- e floresta urbana. Gestão ambiental participativa
ração Social apoiou a criação do Ob- para a redução do quadro de vul-
servatório da Sub-Bacia Hidrográfica nerabilidade socioambiental da
do Canal do Cunha, situada integral- sub-bacia do Canal do Cunha;
mente na área urbana do município
do Rio de Janeiro. O Observatório é Produção de tecnologias soci-
uma instância de participação de pes- ais que promovam diálogo en-
quisadores e atores sociais na produ- tre saúde, território e arte;
ção de diagnósticos e propostas de Fortalecimento de espaços co-
intervenção para a gestão democrá- letivos de participação social e
tica dos recursos hídricos. comunicação crítica.

RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 63


Preservação do patrimônio
histórico e cultural da saúde
Em 2014, a Fiocruz conseguiu apoio Em 2016, foi a vez de revitalizar mais
de R$ 5 milhões do Banco Nacional de uma parte da história da Fiocruz: o Ca-
Desenvolvimento Econômico e Social minho Oswaldo Cruz, reaberto após sete
(BNDES) para a implementação do meses de restaurações e revitalizações.
Preservo, projeto de preservação e di- Com 32 mil mudas plantadas, entre sa-
fusão dos acervos culturais e científi- mambaias, palmeiras, bromélias e alecrins,
cos da Fiocruz. Os recursos concedidos a trilha de 309 metros lineares é bem mais
serão utilizados para a construção da que um atalho; é uma parte da história
infraestrutura e a aquisição de tec- da Fiocruz contada pela natureza.
nologias que garantam a guar-
da e o acesso público ao pa- O acervo arquivístico da Fiocruz re-
trimônio da instituição. úne mais de uma centena de fundos e
coleções de documentos institucionais e
Nesse período, tam- pessoais, contendo textos, materiais ico-
bém foram realizadas uma nográficos, cartográficos e audiovisuais
série de obras de restaura- que abrangem o período entre 1803 até
ção. O Palácio Itaboraí (Pe- a atualidade. O acervo bibliográfico é
trópolis/RJ) e as torres do especializado em História da Medicina e
Castelo Mourisco, tiveram da Saúde Pública, Sociologia e Filosofia
suas obras concluídas ainda da Ciência, contando com cerca de 34
em 2013. A Cavalariça, prédio mil itens. O patrimônio urbanístico-arqui-
que integra o Núcleo Arquitetônico tetônico inclui o Núcleo Arquitetônico His-
Histórico de Manguinhos, também tórico de Manguinhos e as edificações
passou por uma ampla intervenção históricas do Campus Fiocruz Mata Atlân-
de restauração, concluída em agos- tica, no Rio de Janeiro, além do Palácio
to de 2015. Itaboraí, em Petrópolis

64 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


Manutenção das coleções
biológicas da saúde
A Fiocruz tem se destacado no avan- Em 2013, uma pesquisadora e co- O conjunto das coleções biológicas
ço da preservação e difusão do acervo ordenadora das coleções biológicas da Fiocruz é composto pela coleção his-
das Coleções Biológicas. Patrimônio histó- da Fiocruz foi eleita membro da di- topatológica da febre amarela, além de
rico, com grande potencial de contribui- retoria executiva da Federação Mun- outras 17 coleções microbiológicas e 11
ção para pesquisas científicas, as amos- dial de Coleções de Cultura (WFCC, zoológicas. Os exemplares representam
tras depositadas em oito Coleções na sigla em inglês) pelo período de a biodiversidade genética de bactéri-
Zoológicas e na Coleção de Febre Ama- 2013 a 2016. A WFCC é uma comis- as, protozoários, fungos e animais de
rela estão sendo digitalizadas em uma ini- são multidisciplinar que busca promo- importância médica e ambiental; a me-
ciativa com apoio do BNDES. Com as ima- ver e dar suporte ao estabelecimen- mória epidemiológica e o registro de
gens digitalizadas em alta qualidade, to de coleções de culturas e serviços variações ocorridas em agentes etioló-
pesquisadores em qualquer lugar do mun- relacionados, favorecer a cooperação gicos ao longo do tempo; e as popula-
do poderão ter acesso aos exemplares das e estabelecer uma rede de informa- ções genéticas de organismos relacio-
Coleções com facilidade, além de reduzir ções entre as coleções de culturas e nados a pesquisas em saúde pública,
a manipulação, o transporte e o desloca- seus usuários, e trabalhar para garan- além de acervos microbiológicos com
mento das amostras, o que vai contribuir tir a manutenção de longo prazo des- potencialidade na produção de novos
para a preservação desses materiais. sas coleções. insumos de interesse biotecnológico.

RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 65


A atuação da Fiocruz em progra-
mas governamentais se expressa no
apoio a projetos como o QualiSUS Re-
des, na coordenação da Política de Se-
gurança do Paciente, na Rede Cego-
nha, no Programa Crack, Álcool e
outras Drogas, na Política de Assistên-
cia Farmacêutica, na Política de Práti-
cas Integrativas e Complementares e
na Política Nacional de Promoção da
Saúde. No campo da Vigilância em
Saúde, o Centro de Informações
Estratégicas em Vigilância em
Saúde (Cievs/Fiocruz) atua
para garantir uma resposta
coordenada das diversas uni-
dades da Fundação a emer-
gências de saúde pública. A
Fiocruz desempenha ainda
importante papel na regula-
ção do risco à saúde relacionado
a produtos, ambientes, tecnologias e
serviços em saúde e presta serviços as-
sistenciais de alta especificidade, ga-
rantindo qualidade e segurança de seus
usuários e a melhoria continuada dos
processos e resultados de cui-
dados clínicos.

66 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


Promoção
da saúde
A Fiocruz apoia e busca fomentar
processos de avaliação, implantação e
gestão de políticas de promoção da
saúde, baseadas no desenvolvimento
sustentável, nos problemas e necessi-
dades, em especial, de populações
mais vulneráveis. Tendo como desafio
a construção de vínculos entre a ex-
pertise de seus quadros técnico-cien-
tíficos e as questões reais e concretas
enfrentadas no cotidiano do SUS e da
população brasileira, a Fiocruz, promo-
ve vínculos e interlocuções permanen-
tes entre parceiros para a constituição
de uma Rede de Apoio a Gestão Es-
tratégica do SUS. Através da aborda-
gem territorializada dos problemas de
Saúde e dos Serviços de Saúde no Bra-
sil, busca revitalizar e reorientar Pes-
quisa, Desenvolvimento e Inovação em
Saúde a partir de problemas concre-
tos no cotidiano das cidades brasilei-
ras e territórios vulneráveis.
Em sintonia com a Secretaria de
Ciência e Tecnologia e Inovações do
Ministério da Saúde, a Fiocruz tem re-
alizado iniciativas para a prospecção,
identificação e cadastramento nacio-
nal de Tecnologias em Saúde e Ambi-
ente. Tecnologias leves passíveis de
desenvolvimento ou reaplicação no
âmbito do SUS e suas ações frente aos
Determinantes Sociais da Saúde - hoje
subfinanciadas. Ao implementar o pen-
samento estratégico, comprometido
com mudanças concretas no cenário
mais amplo das Políticas de Saúde,
passou a redimensionar espaços de
atuação institucional que demandam
políticas de indução.

RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 67


Rede Cegonha e Bancos
de Leite Humano
Em parceria com a Área Técnica de Partindo de experiências concretas já sendo a maior e mais complexa do
Saúde da Mulher, a Área Técnica da Saú- exercidas pelo IFF nesse contexto, a par- mundo, composta por 211 BLH em ope-
de da Criança e Aleitamento Materno ticipação no apoio à implementação da ração. Os resultados alcançados anu-
e com a Política Nacional de Humani- Rede Cegonha simboliza a possibilida- almente com a prestação de serviços
zação (PNH), o Instituto Nacional de de de articulação dos recursos existen- e a produção de leite humano eviden-
Saúde da Mulher, da Criança e do Ado- tes na Fiocruz para o planejamento, o ciam o impacto positivo de sua atua-
lescente Fernandes Figueira (IFF/Fio- ensino e a produção de conhecimento. ção no campo da saúde materno-in-
cruz) passou a integrar o esforço do fantil brasileira. Por ano, no Brasil, mais
governo brasileiro no aprimoramento A Fiocruz também é uma referên- de 160 mil litros de leite humano pas-
das políticas públicas com foco na aten- cia nacional e internacional na imple- teurizado com qualidade certificada
ção ao parto, ao nascimento e ao de- mentação de bancos de leite humano. são distribuídos a mais de 175 mil re-
senvolvimento infantil do zero aos 24 Criada por iniciativa do Ministério da cém-nascidos internados em unidades
meses. O objetivo foi organizar a rede Saúde e da Fiocruz, a Rede Brasileira de terapia intensiva e semi-intensiva.
de atenção à saúde desses grupos po- de Bancos de Leite Humano é coorde- O esforço de cooperação técnica já
pulacionais, garantindo acesso, acolhi- nada pelo Instituto Nacional de Saúde resultou em projetos de implantação de
mento, resolutividade e, consequente- da Mulher, da Criança e do Adolescen- BLHs em 24 nações da América Lati-
mente, a redução da mortalidade. te Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), na, Caribe, Península Ibérica e África.

68 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


Alerta sobre os impactos Projeto
dos agrotóxicos na saúde Piloto de
Saúde
Depois de causar grande impac- A publicação representa uma im-
to em 2012, o Dossiê Abrasco sobre
Agrotóxicos ganhou nova edição em
portante união entre ciência crítica e
engajada, e movimentos sociais na luta
Urbana
2015. O livro, uma coedição da Es- contra os agrotóxicos. O capítulo iné-
cola Politécnica de Saúde Joaquim dito, concluído em outubro de 2014, A pesquisa “Saúde dos Moradores
Venâncio (EPSJV/Fiocruz) e da edi- foi dedicado à atualização de acon- em Zonas e Áreas Especiais de Interes-
tora Expressão Popular, reúne as três tecimentos marcantes, estudos e de- se Social”, desenvolvida de 2011 a 2015,
partes revisadas do Dossiê Abrasco cisões políticas, com informações que analisou o impacto do PAC (Programa
lançadas ao longo de 2012, além de de Aceleração do Desenvolvimento)
envolvem os agrotóxicos, as lutas pela
em áreas urbanas do Rio de Janeiro e
uma quarta parte inédita intitulada redução dessas substâncias e pela su- de Belo Horizonte, particularmente os
“A crise do paradigma do agronegó- peração do modelo de agricultura quí- indicadores de saúde urbana observa-
cio e as lutas pela agroecologia”. mico-dependente do agronegócio. A dos antes e após os processos de in-
Fiocruz publicou a versão em espa- tervenção em espaços territoriais ur-
A publicação, que conta com a par- nhol do Dossiê em colaboração com a banos. Os dados desta pesquisa
ticipação de pesquisadores de institui- Universidade Andina Simon Bolivar produzem conhecimentos para o SUS
ções como a Fiocruz, a Associação Bra- (Equador), Universidade Nacional da e para a população em geral, e esta-
sileira de Saúde Coletiva (Abrasco), o Colômbia e Rede Colombiana de Saú- rão disponíveis no Observatório de
Instituto Nacional de Câncer (Inca) e o de Coletiva. Saúde Urbana, que está sendo imple-
Instituto Brasileiro de Defesa do Consu- mentado pelo ICICT/ Fiocruz.
midor (Idec), dentre outras, reúne infor-
mações de centenas de livros e traba-
lhos publicados em revistas nacionais e
internacionais, que revelam evidências
científicas e correlação direta entre uso
de agrotóxicos e problemas de saúde.

RELATÓRIO
RELATÓRIO FIOCRUZ
FIOCRUZ 2013-2016
2013-2016 69
Álcool, Crack e Outras Drogas
Em 2013, a Fiocruz divulgou os A Fiocruz também foi esco-
resultados da maior pesquisa já rea- lhida, em 2015, por concorrência
lizada sobre o consumo de crack no em edital da Secretaria Nacional
Brasil. Os resultados acabaram por se de Políticas sobre Drogas (Se-
transformar em livro digital, lançado nad) do Ministério da Justiça,
no ano seguinte. para realizar o III Levantamento
Nacional sobre o Uso de Drogas
Em 2014, considerando o desafio no pela População Brasileira. O tra-
enfrentamento às drogas como ques- balho, que acontecerá em todo
tão de saúde pública, foi criado o Pro- o território nacional, está sendo
grama Álcool, Crack e Outras Drogas feito em parceria com diversos
(PACD). Com uma abordagem multi e pesquisadores da Fundação e
transdisciplinar e interinstitucional da também de instituições externas,
questão, o Programa envolve a Fiocruz, e conta com o apoio da Funda-
a Comissão Brasileira sobre Drogas e
ção para o Desenvolvimento Ci-
Democracia, a Associação Brasileira de
entífico e Tecnológico em Saúde
Saúde Mental, o Centro Brasileiro de
(Fiotec). Este terceiro levanta-
Estudos da Saúde, a Associação Brasi-
mento tem um diferencial: foco
leira de Saúde Coletiva, a Frente Naci-
nas áreas rurais onde vivem 15%
onal Drogas e Direitos Humanos e a Co-
da população brasileira, e de
ordenação de Saúde Mental do MS.
fronteiras, uma vez que o Brasil
A Comissão Brasileira sobre Drogas faz divisa com outros países nas
e Democracia é presidida desde 2009 regiões Norte, Centro-Oeste e
pelo presidente da Fiocruz Paulo Gade- Sul.
lha e também vem acompanhando e atu-
Também merece destaque o
ando intensamente nos trâmites no Con-
Projeto Caminhos do Cuidado,
gresso Nacional referentes às propostas
que tem como meta formar
de mudança na política de drogas.
agentes comunitários e auxilia-
No âmbito do PACD, foi realizado, res e técnicos de enfermagem
em 2015, o seminário internacional “Ma- em saúde mental (crack, álcool
conha: Usos, Políticas e Interfaces com a e outras drogas). Em 2016, o Pro-
Saúde Pública”, em parceria com o Cen- jeto concluiu a formação de mais
tro de Estudos Estratégicos da Fiocruz de 235 mil profissionais de saú-
e a Escola de Magistratura do Estado de no país. Desde o início das
do Rio de Janeiro (EMERJ), que terá atividades, em 2013, foram ofe-
seus resultados publicados em livro. A recidas cerca de 290 mil vagas
partir daí outras propostas do Progra- em todo o Brasil, levando a for-
ma ganharam impulso, tais como: mação presencial aos mais dis-
tantes municípios do país.

70 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


Segurança do Paciente
Território A qualificação da atenção à saú- mais recentemente o Proqualis tem de-
de na Fiocruz tem como objetivo a senvolvido conteúdos próprios como
Integrado ampliação e a indução sistêmica da
qualidade dos serviços de saúde que
aulas, entrevistas, vídeos, resenhas, no-
tícias, entre outros. O conjunto dessa
de Atenção oferece (hospitais, ambulatórios es-
pecializados, serviços de referência
produção está disponível em acesso
aberto, no portal, e também publicado
à Saúde (Teias) e cuidado primário) e a segurança
do paciente. Tem por princípio a
em redes sociais como o Facebook (gru-
po Rede Proqualis – Qualidade no Cui-
identificação de tópicos que gerem dado e Segurança do Paciente) e Sli-
O Território Integrado de Aten- a prevenção dos maiores e mais sig- deshare (perfil Proqualis), além do
ção à Saúde (Teias)-Escola Mangui- nificativos aspectos dos riscos e pe- Youtube (canal Proqualis).
nhos é uma iniciativa de cogestão da rigos aos quais os pacientes estão su-
jeitos durante o processo de cuidado Com a criação do Programa Nacio-
saúde em Manguinhos/Rio de Janei- nal de Segurança do Paciente (PNSP)
ro, tendo como base um contrato ce- em serviços de atenção à saúde.
pelo Ministério da Saúde, em 2013, a Fi-
lebrado entre a Secretaria Municipal Desde 2011, a Fiocruz apoia o pro- ocruz intensificou seus esforços nessa di-
de Saúde e Defesa Civil do Rio de Ja- jeto Gestão da Qualidade em Serviços reção. Os principais desafios neste con-
neiro e a Escola Nacional de Saúde de Saúde do SUS, responsável pelo por- texto são o de apoiar a consolidação do
Pública (Ensp/Fiocruz) em dezembro tal Proqualis. O Proqualis foi lançado em Programa nas unidades da Fiocruz, o for-
de 2009. O Teias é responsável pela 2009 com o objetivo de disseminar co- talecimento dos Núcleos de Segurança
gestão da atenção primária de saú- nhecimento nas áreas de informação do Paciente dos Institutos Nacionais de
de, adotando o modelo da Estraté- clínica e de segurança do paciente. Referência, e a definição de Diretrizes
gia de Saúde da Família como orde- Além de identificar, selecionar e disse- da Política de Segurança do Paciente no
nador do sistema de saúde local. Um minar conteúdos de fontes diversas, âmbito da instituição.
dos primeiros resultados desse pro-
grama foi a ampliação da cobertura
da saúde da família para 100% da
população residente em Manguinhos,
favorecendo acesso humanizado e
qualidade do cuidado à saúde. Atua,
ainda, na construção de um modelo
participativo de gestão da saúde
como caminho para a promoção da
saúde, de ações intersetoriais e am-
bientes saudáveis. As atividades de-
senvolvidas incluem ações de promo-
ção, prevenção e assistência em
saúde. Para isso, o Teias reúne as com-
petências das equipes de Saúde da
Família, Saúde Bucal, Centros de
Atenção Psicossocial e Núcleos de
Apoio às Equipes de Saúde da Famí-
lia, que atuam como uma rede social
e assistencial, com ações de ensino,
pesquisa e inovação.

RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 71


Referência e Acreditação
Contrarreferência Internacional
na Fiocruz das Unidades
O Sistema Fiocruz de Atenção arti- as utilizadas para qualificar a área Ambulatoriais
cula atividades de promoção, assistên- de Atenção à Saúde. Um sistema de
cia, diagnóstico e vigilância em saúde, referenciamento efetivo aproxima a
A qualificação da atenção à saúde
nas dimensões de ensino, pesquisa, co- relação entre os pontos de atenção
operação e inovação tecnológica, para do sistema de saúde; garante que as no âmbito da Fiocruz tem como objeti-
apoiar o desenvolvimento de políticas pessoas vão receber o melhor cuida- vo ampliar a qualidade e segurança dos
públicas e modelos de atenção integral, do possível e a utilização efetiva dos serviços de saúde prestados pela Fio-
com especial ênfase nas áreas de Aten- serviços ambulatoriais e hospitalares, cruz, adequando estes serviços a pa-
ção Básica, Infectologia e Atenção à Mu- e dá suporte a centros de saúde e drões nacionais e internacionais. Para
lher, Criança e Adolescente. serviços na comunidade por profis- tanto, as unidades da Fiocruz envolvi-
sionais experientes. das com assistência buscaram a obten-
A construção da Rede de Refe-
rência e Contrarreferência entre as O processo de construção da Rede ção da certificação internacional através
unidades assistenciais da Fiocruz no envolveu diversas unidades da Fiocruz das acreditações de qualidade.
Rio de Janeiro é uma das estratégi- e teve resultados positivos como: O processo de Acreditação Inter-
nacional de unidades assistenciais da
Fiocruz pela metodologia da JCI/
CBA (Joint Commission Internatio-
nal/Consórcio Brasileiro de Acredita-
ção) teve início em 2001 com foco
nas duas unidades hospitalares, o
Instituto Nacional de Infectologia
Evandro Chagas (INI) e o Instituto
Nacional de Saúde da Mulher, Crian-
ça e Adolescente Fernandes Figuei-
ra (IFF). Posteriormente, o processo
foi também implementado no Cen-
tro de Saúde Escola Germano Sinval
Faria (CSEGSF/Ensp) e demais uni-
dades ambulatoriais.
Em 2011 o Centro de Estudos da
Saúde do Trabalhador e Ecologia Hu-
mana (Cesteh) da Escola Nacional de
Um dos principais ganhos deste pro- internas sobre qualidade da prestação Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/
cesso, além da maior interação das uni- de serviço realizadas pelas unidades. Fiocruz) recebeu o certificado de
dades, foi a melhoria na qualidade e se- acreditação do CBA/JCI, e, no mes-
Alguns desafios ainda persistem, mo ano, o Serviço de Referência
gurança no atendimento da população como a articulação política para a con-
usuária dos serviços assistenciais na Fio- Nacional em Filarioses do Centro de
solidação do Sistema de Referência e
cruz, o que pode ser mensurado, por Contrarreferência entre as unidades da Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM/
exemplo, na diminuição dos questiona- Fiocruz e a informatização e divulgação Fiocruz Pernambuco) tornou-se a pri-
mentos via Ouvidoria e nas avaliações das informações periodicamente. meira instituição do Norte/Nordeste

72 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


brasileiro a receber a titulação de
acreditação internacional. Em março
do ano seguinte, o Centro de Saúde
Escola Germano Sinval Faria (CSE-
GSF/Ensp), obteve o seu certificado
de acreditação internacional, sendo
a unidade pioneira nesta titulação nas
Américas. Em 2013, o Ambulatório
Souza Araújo, do Laboratório de Han-
seníase/IOC e o NUST/CST/Direh
também foram acreditados.
Atualmente, O Centro de Referên-
cia em Tuberculose Prof. Hélio Fraga/
Ensp está em processo de preparação,
com meta de acreditação para dezem-
bro de 2016. O Serviço de Referência
Nacional em Filarioses e o Cesteh fo-
ram recertificados em 2015. O Centro
de Saúde Escola e o Ambulatório de
Hanseníase estão se preparando para
sua recertificação.

Farmácia
Popular
do Brasil
Desde 2004, a Fiocruz mantém o
programa Farmácia Popular do Bra-
sil, disponibilizando aos usuários os
medicamentos em farmácias da rede
própria, que totalizavam 523 instala-
ções em 2015. As unidades próprias
contam com um elenco de 112 itens,
entre medicamentos e o preservativo
masculino, os quais são dispensados
pelo seu valor de custo, representan-
do uma redução de até 90% do valor
de mercado. Entre 2013 e 2015 foram
dispensadas mais de dois bilhões de
unidades farmacêuticas.

RELATÓRIO
RELATÓRIO FIOCRUZ
FIOCRUZ 2013-2016
2013-2016 73
esde suas origens, ainda no

D tempo em que era denomina-


da Instituto Soroterápico Fe-
deral, a atuação da Fundação
alia saúde e desenvolvimento. Ao lon-
go das décadas, a instituição vem con-
tribuindo para que a saúde tenha pa-
pel decisivo na articulação da política
social e de desenvolvimento do país,
ao aliar inovação, equidade e inclusão
social, e também para o fortalecimen-
to do Complexo Econômico Industrial
da Saúde (Ceis). Da mesma maneira,
ajuda na regulação do mercado e
na economia de divisas, além
de ampliar o acesso a novos
produtos e tecnologias no âm-
bito do SUS. O Ceis, que teve
sua concepção contemporâ-
nea formulada em grande
parte na Fundação, articula
modelos de desenvolvimento
que fortalecem o direito à saú-
de e contribuem para consolidar o
SUS, reforçando a base produtiva na-
cional. Nesse cenário, a expansão da
capacidade produtiva de base biotec-
nológica e farmoquímica, no médio e
longo prazo, permitirá que a insti-
tuição se consolide como gera-
dora de produtos inovadores
para o atendimento dos mer-
cados nacional e internacional
– priorizando a demanda pú-
blica. A lista de produtos es-
tratégicos do SUS inclui vaci-
nas, medicamentos e produtos
como equipamentos hospita-
lares, próteses e softwares.

74 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


Produção de Insumos
para a Saúde
As atividades de produção indus- (Farmanguinhos/Fiocruz), maior
trial de medicamentos, vacinas, soros laboratório oficial vinculado ao Mi-
e reagentes diagnósticos concentram nistério da Saúde, produz mais de
a maior parte dos recursos orçamen- 6,5 bilhões de unidades de medi-
tários (mais de 50%) destinados à camentos/ano, destinados ao SUS.
Fundação. O Instituto de Tecnologia O Instituto Carlos Chagas (ICC/Fi-
em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/ ocruz) produz kits diagnósticos
Fiocruz) garante a autossuficiência em para ações de vigilância epidemi-
vacinas essenciais para o calendário ológica e insumos para o controle
nacional básico de imunização e o Ins- de qualidade de sangue doado na
tituto de Tecnologia em Fármacos hemorrede brasileira.

RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 75


PARTICIPAÇÃO DE MEDICAMENTOS DO PROGRAMA
DST/AIDS NA PRODUÇÃO DE MEDICAMENTOS

EVOLUÇÃO DO FORNECIMENTO DE BIOFÁRMACOS

76 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


Vacinas
No segundo semestre de 2016, foi cina para a febre amarela. Em 2016, a clínicos de Fase II da vacina brasilei-
anunciada a produção, desenvolvimen- OMS entrou em contato com os pro- ra para esquistossomose, chamada
to e exportação da vacina que prote- dutores da vacina de febre amarela de Sm14, em etapa realizada em par-
ge contra a rubéola e o sarampo. O no mundo, incluindo Bio-Manguinhos, ceria com a empresa Orygen Biotec-
acordo foi firmado entre a Fundação visando conter a epidemia em Ango- nologia. A vacina é um dos projetos
Bill & Melinda Gates e Bio- Manguinhos la, em meio a preocupações de que o de pesquisa e desenvolvimento em
para fornecer aos países africanos do vírus se espalhe para outras áreas do saúde priorizados pela Organização
Global Alliance for Vaccines and Immu- país e para as nações vizinhas. Bio- Mundial da Saúde (OMS), visando
nization (GAVI). A vacina será produ- Manguinhos tem atendido ao pedido garantir o acesso da população dos
zida na nova planta de Bio-Mangui- da OMS e enviado doses do imunizan- países pobres a ferramentas de me-
nhos, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, te ao país africano. A colaboração do dicina coletiva com tecnologia de
que também produzirá imunobiológi- Instituto com os Programas da OMS última geração. Recém-patenteada
cos contra a poliomielite inativada, fe- recebeu destaque em diversos meios nos Estados Unidos, a tecnologia
bre amarela e a tetraviral. de comunicação internacional, como o agora é reconhecidamente uma in-
New York Times e o sítio eletrônico no venção brasileira, com propriedade
Outro momento de destaque da OMS, onde foi publicado o agradeci-
inovação na Fundação ocorreu em intelectual protegida pelo United
mento da Organização à Bio-Mangui- States Patent and Trademark Office
2014, com o patenteamento, nos Es- nhos pela atuação na contenção da
tados Unidos, da tecnologia desenvol- (UPTO). O método desenvolvido na
doença através do fornecimento da
vida no Instituto Oswaldo Cruz (IOC/ Fiocruz serve para elaborar imuni-
vacina de febre amarela.
Fiocruz) e em Bio-Manguinhos, para zantes contra diversas doenças, uti-
elaborar imunizantes contra diversas Em agosto de 2016, a Fiocruz lizando como base a vacina para a
doenças que utiliza como base a va- anunciou que dará início aos estudos febre amarela.

RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 77


Ainda a respeito da produção do mostrou que, se a dose habitual é de visando garantir o acesso da população
imunizante contra a febre amarela, a 0,5 ml, pode-se aplicar uma de 0,1 ml dos países pobres a ferramentas de
população de Kinshasa, capital da Re- que continua sendo eficaz. medicina coletiva com tecnologia de úl-
pública Democrática do Congo, deve- tima geração. Recém-patenteada nos
rá ser a primeira a ser vacinada contra Em agosto de 2016, a Fiocruz anun- Estados Unidos, a tecnologia agora é re-
a doença com uma dose fracionada da ciou que dará início aos estudos clínicos conhecidamente uma invenção brasilei-
vacina, usando 20% da atual. A medi- de Fase II da vacina brasileira para es- ra, com propriedade intelectual prote-
da é baseada em estudo realizado por quistossomose, chamada de Sm14, em gida pelo United States Patent and
Bio-Manguinhos. A medida, que vale- etapa realizada em parceria com a em- Trademark Office (UPTO). O método de-
ria apenas durante surtos e epidemi- presa Orygen Biotecnologia. A vacina é senvolvido na Fiocruz serve para elabo-
as, sem alterar a vacinação de rotina, um dos projetos de pesquisa e desen- rar imunizantes contra diversas doenças,
será algo cada vez mais presente, de volvimento em saúde priorizados pela utilizando como base a vacina para a fe-
acordo com o Instituto. Um estudo Organização Mundial da Saúde (OMS), bre amarela.

78 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


Companhia Brasileira de Biotecnologia
em Saúde – Bio-Manguinhos
cia sanitária no país e no mundo, com
o vírus da zika e, em âmbito mundial, o
recente surto de febre amarela em
países da África. Dificuldades para cap-
tação de recursos e gestão de pesso-
al, restrições na execução orçamentá-
ria e financeira e dificuldades na gestão
de suprimentos, compras e contrata-
ções têm comprometido não apenas a
possibilidade de Bio-Manguinhos aten-
der a novas demandas, inclusive de
emergências da saúde pública, mas
também a maior eficiência no forneci-
mento de seus atuais produtos e servi-
ços para o SUS.
Portanto, a proposta é alterar o
modelo jurídico do Instituto, pautado
numa revisão ampla do seu modelo de
gestão e organização, transformando-
o em empresa pública. A empresa pú-
blica será vinculada ao Ministério da
Saúde, por intermédio da Fiocruz, não
dependente, de capital fechado, com
patrimônio próprio e prazo indetermi-
nado de existência, buscando contri-
buir para o desenvolvimento e o for-
talecimento do SUS, sem alteração de
A constituição da empresa públi- nologia em Saúde- CIBS (RJ); Centro sua missão institucional. Este modelo
ca, que foi aprovada pelo Congresso Tecnológico de Plataformas Vegetais oferece maiores autonomia e flexibili-
Interno da Fiocruz, visa adequar e - CPTV (CE) e, sobretudo, de agilida- dade, e buscando dar o arcabouço ju-
aperfeiçoar o modelo jurídico-adminis- de nos processos de desenvolvimen- rídico e gerencial para Bio-Manguinhos
trativo do Instituto de Tecnologia em to e produção, os limites gerenciais fornecer insumos estratégicos e pres-
Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fi- atuais prejudicam respostas à socie- tar serviços para o Estado e pelo Es-
ocruz), com o objetivo de elevar os dade de forma mais eficiente, compro- tado, de maneira eficiente e eficaz,
padrões de eficiência de sua ativida- metendo o atendimento às demandas ampliando acesso e incorporando, de-
de finalística de desenvolvimento tec- de saúde do SUS. senvolvendo novas tecnologias em
nológico e de produção de insumos saúde, garantindo mecanismos que
estratégicos para a saúde, como va- As melhorias implementadas no assegurem a alta relevância social da
cinas, biofármacos e reativos para di- modelo de organização e gestão de atividade da empresa e a eficiência,
agnóstico. Em momento de clara ne- Bio-Manguinhos, ao longo dos anos eficácia e efetividade institucional e
cessidade de expansão com o Centro têm-se mostrado insuficientes diante permitindo a ampliação de parcerias
Henrique Penna – CHP; Novo Almo- da magnitude e complexidade dos de- nacionais e internacionais. A minuta do
xarifado e Prédio Administrativo - safios enfrentados e em especial para Projeto de Lei encontra-se em trami-
NAPA; Complexo Industrial de Biotec- atendimento a situações de emergên- tação no Poder Executivo.

RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 79


Medicamentos Autonomia
O Ministério da Saúde, por meio de de Medicamentos (Bahiafarma). A Fun-
na fabricação
parceria com o Instituto de Tecnologia em dação Baiana é parceira do Instituto na
Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) e o produção de Cabergolina 0,5 mg, indica- de insumos
Instituto Indar, da Ucrânia, vai promover do para o tratamento do excesso de pro-
a retomada da produção nacional de in- dução do hormônio feminino prolactina ou farmacêuticos
sulina, medicamento vital para o contro- hiperprolactinemia. O medicamento é fru-
le de diabetes. A previsão de investimen- to de uma Parceria de Desenvolvimento
to é de R$ 430 milhões em cinco anos – Produtivo (PDP). O registro foi adquirido A Fiocruz e a UFRJ assinaram,
R$ 80 milhões do Ministério da Saúde e dois meses antes, juntamente com outro em 2016, um acordo para a implan-
da Fiocruz e o restante via financiamen- medicamento também estratégico para
tação do Centro de Referência Na-
to do Banco Nacional de Desenvolvimen- o SUS: um antirretroviral que associa dois
cional em Farmoquímica, no Parque
to Econômico e Social (BNDES). O anún- princípios ativos em um único comprimi-
Tecnológico da Universidade. O em-
cio ocorreu em abril de 2013. Com a do, o Fumarato de Tenofovir Desoproxila
retomada da produção, o Brasil volta a preendimento permitirá ao país o
300 mg + Lamivudina 300mg, popular-
fazer parte do seleto grupo de grandes mente conhecido como 2 em 1. desenvolvimento de Insumos Far-
produtores de insulina, ao lado de Fran- macêuticos Ativos (IFA) - que são
ça, Dinamarca e Estados Unidos. Tendo sempre como meta a ino- princípios ativos de medicamentos
vação, Farmanguinhos trabalha no - dando prioridade aos utilizados no
Visando conhecer o setor farmoquí- desenvolvimento de um medicamen- tratamento de doenças negligenci-
mico nacional, um grupo de pesquisa- to para crianças que vivem com HIV/ adas, como malária, esquistossomo-
dores da Fiocruz traçou, em 2014, um Aids: o Efavirenz pediátrico dispersí- se e leishmaniose.
minucioso mapeamento das empresas, vel em água, elaborado a partir de na-
sua capacitação técnico-operacional e notecnologia. O objetivo é melhorar a O Brasil é fortemente dependente
capacidade de investimento. Os dados qualidade do fármaco ingerido pelos do fornecimento de insumos farmacêu-
contribuíram para subsidiar o governo pequenos. O estudo vai ao encontro ticos por outros países, cerca de 95%
federal na implementação de políticas da política da OMS em oferecer me- são importados. O Centro vai dotar o
industriais que visem ao fortalecimento dicamentos mais adequados aos pe- país de maior grau de autonomia na
deste setor estratégico. quenos pacientes. Foram realizados fabricação de medicamentos, além de
testes prévios em cobaias, compro- expandir a capacidade de pesquisa. O
Outra parceria importante de Far- vando a biodisponibilidade in vivo, ou Centro também será referência na for-
manguinhos se concretizou com o início seja, houve liberação da substância mação de recursos humanos para o
do funcionamento, em junho de 2014, da ativa no organismo do paciente. O setor de fármacos.
unidade industrial da Fundação Baiana de comprimido tem sabor mais agradá-
Pesquisa Científica e Desenvolvimento vel, que se dispersa em água para
Tecnológico, Fornecimento e Distribuição facilitar a ingestão pelas crianças.

80 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


RELATÓRIO
RELATÓRIO FIOCRUZ
FIOCRUZ 2013-2016
2013-2016 81
Produtos e equipamentos
Um produto gerado no Instituto Em parceria com o Laboratório de
Nacional da Saúde da Mulher, do Ado- Comunicações Quânticas, do Centro de
lescente e da Criança Fernandes Fi- Estudos em Telecomunicações (Cetuc)
gueiras (IFF/Fiocruz), em parceria com da PUC-Rio e o Instituto Nacional de
a Biomédica, vai ajudar a resolver um Metrologia, Qualidade e Tecnologia (In-
problema de saúde pública: levar leite metro), o IFF iniciou em 2015 um proje-
materno a bebês recém-nascidos de to para desenvolver um sensor ótico
risco, sem o uso de mamadeiras. A in- capaz de dar suporte ao médico gine-
venção, que surgiu em 2014, é um cologista no diagnóstico de câncer de
copo adaptado às necessidades fisio- colo do útero e de suas lesões precur-
lógicas e anatômicas orais dos recém- soras. Ao utilizar a tomografia ótica, cha-
nascidos prematuros para protegê-los mada OCT (optical coherence tomogra-
e favorecer o aleitamento materno. phy), o sensor será equipado com uma
câmera e uma sonda. O produto per-
Em março de 2015, o IFF conquis- mitirá um exame equivalente à micros-
tou sua sétima patente com uma pes- copia, permitindo ao médico uma ava-
quisa que tem como objetivo desen- liação em tempo real do tecido do colo
volver um suporte postural para do útero.
auxiliar no posicionamento sentado de
crianças com disfunção neuromotora.
O suporte possibilitará a permanên-
cia na posição sentada para as crian-
ças que não conseguem se manter so-
zinhas na posição, durante o período
de internação e também auxiliar no
processo de tratamento durante o
acompanhamento ambulatorial, favo-
recendo a interação com o ambiente,
adequação postural para alimentação
e brincar, reduzindo as chances do
aparecimento de contraturas e defor-
midades decorrentes de internações
prolongadas ou posturas inadequadas
frequentes, além de auxiliar nas roti-
nas diárias domiciliar.

82 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


Certificações Portfólio
O Instituto de Tecnologia em Fár- penho organizacional, permitindo es- de Inovação
macos (Farmanguinhos/Fiocruz) se tabelecer planos de melhoria contínua,
tornou a primeira empresa pública a de acordo com os conceitos e princípi-
Em janeiro de 2015 a Fiocruz lan-
obter a ISO 14001, certificação inter- os da gestão pela qualidade.
çou a segunda versão do seu Por-
nacional por um desempenho ambien-
Em março de 2015 Bio-Manguinhos tfólio de Inovação, com mais de
tal correto. A unidade da Fundação é
obteve a renovação do Certificado de cem projetos distribuídos em setores
uma das 128 empresas brasileiras, em
Boas Práticas de Fabricação (CBPF) tecnológicos como vacinas, medica-
um universo de mais de 3 milhões, que
para as linhas de vacinas e biofárma- mentos, tecnologias sociais/educaci-
receberam a certificação. A conquista
cos processadas no Laboratório de onais e serviços em saúde. Os proje-
foi obtida em junho de 2015, após um
Febre Amarela (LAFAM), Centro de tos inovadores originam-se a partir de
preparo de nove anos de gestão am-
Antígenos Bacterianos (CPAB) e Cen- três perspectivas: a de ofertante,
biental e mais dois anos de diversas
tro de Processamento Final (CPFI). Em quando a Fiocruz gera a tecnologia
etapas das auditorias. Farmanguinhos
dezembro, as instalações do Pavilhão internamente e busca parceiros com
também obteve, no final de 2014, a
Rockefeller também obtiveram pare- capacidade de desenvolvimento in-
certificação da Coordenação de De-
cer positivo. Como resultado, Bio-Man- dustrial para um novo produto ou
senvolvimento Tecnológico (CDT), a
guinhos tem atualmente todas as linhas serviço; a de demandante, em que a
ISO 9001. O objetivo desta norma é
certificadas em BPF. Fundação busca a aquisição de uma
estruturar um sistema de gestão da
tecnologia para internalizá-la em seus
qualidade com base no mapeamento Em fevereiro de 2016 Bio-Mangui- processos produtivos ou de gestão;
dos processos da organização e bus- nhos foi inspecionado pelo grupo de e a de desenvolvimento de pesqui-
cando a melhora contínua do sistema, especialistas da Organização Mundial sas e tecnologias em colaboração
a fim de satisfazer o cliente. de Saúde (OMS). A inspeção teve com outras instituições públicas ou
Os resultados de Farmanguinhos como foco avaliar o Sistema da Quali- com empresas, participando como
também resultaram na certificação e dade e o cumprimento das Boas Fá- parceira. A atualização do portfólio é
recertificação em Boas Práticas de Fa- bricas de Fabricação de todo o circui- resultado da prospecção feita pelo
bricação (BPF) pela Agência Nacional to produtivo da Vacina Febre Amarela. Sistema Gestec-NIT por meio dos Nú-
de Vigilância Sanitária (Anvisa). A cer- Como resultado, a unidade recebeu o cleos de Inovação Tecnológica (NIT)
tificação da Anvisa foi igualmente re- parecer positivo da OMS e a revalida- nas unidades da Fiocruz.
cebida por Bio-Manguinhos/ Fiocruz, ção da Pré-Qualificação da Vacina de
que obteve ainda as categorias Prata Febre Amarela. Esta certificação mos-
e Ouro do Prêmio de Qualidade do Rio tra a aderência do Instituto aos requi-
de Janeiro (PQRio). O prêmio consiste sitos regulatórios internacionais e o tor-
numa metodologia para diagnosticar na apto a fornecer a vacina a diversos
o estágio de maturidade da gestão que países por meio das agências das Na-
induz ao aperfeiçoamento do desem- ções Unidas.

RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 83


84 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016
Além de ampliar o acesso
a medicamentos e produtos
para a saúde, as PDP vêm pro-
piciando uma expressiva econo-
mia para o Ministério da Saúde
na aquisição destes bens. Como
mostra o gráfico ao lado, o MS
já fez uma economia de mais
de R$ 3 bilhões no período de
2011 a 2016.

RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 85


o longo de sua trajetória, a Fi-

A ocruz manteve parcerias cien-


tíficas e técnicas com institui-
ções de diversos países, em
um processo que levou à articulação
entre os setores da saúde e das rela-
ções exteriores, designado como Diplo-
macia da Saúde, e à criação do Centro
de Relações Internacionais em Saúde
(Cris/Fiocruz), em 2009. A evolução
das atividades internacionais da Fun-
dação ganhou novo impulso a partir
de 2013, quando a cooperação inter-
nacional Norte-Sul e Sul-Sul foi incre-
mentada e cresceu a partici-
pação da Fiocruz no cenário
político global, o que exigiu o
aperfeiçoamento dos concei-
tos e práticas da cooperação
estruturante que orienta a Ins-
tituição, assim como dos pro-
cessos internos para sustentar
o incremento das atividades nesta
área. A cooperação internacional da Fi-
ocruz multiplicou-se em quantidade e
qualidade com instituições e países de-
senvolvidos e em desenvolvimento; o
número de missões técnicas e de
acordos e convênios cresceu,
expressando o dinamismo da
cooperação; e a participação
de pesquisadores, professo-
res e tecnólogos em eventos
internacionais foi ampliada,
mostrando a crescente inser-
ção da Instituição no cenário
da saúde e da C&T globais.

86 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


Cooperação estruturante
As ações de cooperação estrutu-
rante são direcionadas ao desenvolvi-
mento dos sistemas de saúde como um
todo, o que permite ampliar significa-
tivamente o esforço despendido, pro-
curando cobrir igualmente os proble-
mas que afetam a saúde pública,
incluindo proteção, promoção e pre-
venção de agravos e não apenas o tra-
tamento de doenças. Somam-se dois
outros aspectos: a possibilidade de re-
ciprocidade e a não dependência, re-
alçando o caráter de solidariedade
nesse tipo de intercâmbio. Esta orien-
tação, aplicada às relações com países
em desenvolvimento, amplia a relação
horizontal característica da cooperação
Sul-Sul, incluindo inovações na negoci-
ação da proposta, na identificação dos
interesses do parceiro e na participa- Painéis internacionais
ção no desenho da cooperação. No lu-
gar da oferta de ajuda, se trata de res-
Em janeiro de 2016, o presidente vação e acesso à saúde. Segundo Ban
ponder a demanda específica de outro
da Fundação, Paulo Gadelha, foi de- Ki-moon, a proposta é encontrar no-
país, ao mesmo tempo em que se bus-
signado pelo secretário-geral da Or- vas estratégias que ofereçam quali-
ca o aperfeiçoamento das instituições
ganização das Nações Unidas, Ban Ki- dade de tratamento a custos acessí-
nacionais, chamadas estruturantes do
moon, um dos dez membros de um veis a todos, um dos Objetivos de
sistema de saúde.
grupo que apoiará o Mecanismo de Desenvolvimento Sustentável (ODS),
A evolução conceitual da coopera- Facilitação de Tecnologia (TFM), lan- estabelecidos em agosto de 2015 na
ção estruturante em saúde que rege as çado durante a Cúpula de Desenvol- Cúpula das Nações Unidas para o De-
atividades internacionais da Fiocruz foi vimento Sustentável da ONU, em se- senvolvimento Sustentável. Um grupo
estimulada por conferências mundiais tembro de 2015. O Mecanismo inclui de 15 especialistas foi selecionado
que trataram dos Determinantes Soci- uma equipe-tarefa interagencial em para compor o painel, incluindo o vice-
ais em Saúde (CMDSS, em 2011) e do ciência, tecnologia e inovação que presidente de Produção e Inovação
Desenvolvimento Sustentável (Rio+20, conta com 25 organismos da ONU. A em Saúde da Fiocruz, Jorge Bermu-
em 2012), além de incluir a considera- iniciativa prevê ainda a realização de dez. O mesmo vice-presidente foi in-
ção de reuniões promovidas pelas um fórum anual entre as partes inte- dicado, também em 2015, para outro
agências da ONU, em especial no âm- ressadas e uma plataforma online Painel das Nações Unidas: o de Alto
bito da saúde, com a OMS e a Opas. para divulgar conhecimento sobre Nível sobre o Acesso a Medicamentos.
Nesse período, a Presidência criou, o ações e projetos inovadores, científi- O grupo, constituído por 16 especia-
Conselho Deliberativo aprovou e o Cris/ cos e tecnológicos. listas de diversos países, tem como
Fiocruz implantou a Câmara Técnica de objetivo buscar novas formas de tra-
Cooperação Internacional, para garan- Um outro grupo da ONU que reú- tamento que beneficiem populações
tir a participação de todas as unidades ne especialistas foi anunciado em vulneráveis com o desenvolvimento
nas deliberações e programas de coo- 2015, com a instituição de um painel de vacinas, medicamentos, diagnósti-
peração internacional da instituição. de alto nível sobre tecnologia de ino- cos e outras inovações.

RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 87


Unitaid no Brasil ODM e ODS
A Presidência da Fiocruz criou um da de Desenvolvimento pós-2015, na
A Fiocruz sediou em junho de 2015
Grupo de Trabalho para apoiar a par- Assembleia Geral das Nações Unidas
a reunião do Conselho Executivo da
ticipação da instituição no processo de de setembro de 2015. Em junho de
Unitaid, organização internacional ba-
avaliação dos Objetivos do Desenvol- 2016 a Fiocruz adotou como orienta-
seada na Suíça que atua para encon-
vimento do Milênio (ODM) - estabele- ção a Agenda 2030 para o Desenvol-
trar novos métodos de prevenção, di-
cidos na Cúpula do Milênio de 2000 - vimento Sustentável da ONU, visando
agnóstico e tratamento de HIV/Aids,
e de definição dos Objetivos de De- definir diretrizes para que a instituição
tuberculose e malária, que sejam mais
senvolvimento Sustentável (ODS) que exerça papel estratégico para o cum-
rápidos, baratos e eficazes. O objetivo
culminou no estabelecimento da Agen- primento dos ODS no Brasil.
do encontro foi discutir a agenda da
organização, um novo modelo coope-
rativo, áreas de intervenção e os pro-
jetos que serão financiados. De acor-
do com a Unitaid, a aliança com a
Fundação é extremamente importan-
te e está ancorada em três elementos:
científico, já que a Fiocruz é uma or-
ganização de referência em inovação
e na busca de soluções na região; polí-
tico e geopolítico, pelo peso do Brasil
e pela presença fundamental do país
no grupo Brics.

Centro
Colaborador
Em 2011 a Fiocruz atuou junto aos
ministérios da Saúde e das Relações
Exteriores na elaboração do documen-
ONU e Fiocruz ções culturais e políticas, apresenta-
to O futuro que queremos. O texto si- discutem políticas ram suas principais reivindicações na
área da saúde. Inspirado pelas Olim-
tua a saúde como resultado da reali-
dade econômica, social e ambiental e públicas para píadas, o tema das celebrações do Dia
Mundial da Juventude foi definido
afirma que é preciso atuar nesses de-
terminantes. Essa atuação com prota- juventude como Juventudes, Esporte e Desenvol-
gonismo internacional fez com que a vimento: Rota para 2030. Participaram
Fiocruz fosse designada, em 2014, Em 2016, para estimular a cons- do encontro o enviado especial do se-
Centro Colaborador para Saúde Glo- trução de uma agenda de políticas pú- cretário-geral da ONU para Juventu-
bal e Cooperação Sul-Sul da OMS e blicas para os jovens, a ONU e a Fun- de, Ahmad Alhendawi; o assessor es-
Opas. E a Fundação também é Cen- dação promoveram uma série de pecial do secretário-geral da ONU
tro Colaborador da Opas/OMS nas atividades pelo Dia Mundial da Juven- para o Esporte, o Desenvolvimento e
seguintes áreas: Políticas Farmacêuti- tude (em 15 de agosto) no campus de a Paz, Wilfried Lemke; o coordenador
cas, Saúde e Ambiente, Educação de Manguinhos. A programação foi mar- residente do Sistema ONU no Brasil,
Técnicos em Saúde, Leptospirose e cada pela participação de cerca de Niky Fabiancic; e o representante do
Cegueira Infantil. 200 jovens lideranças de variados per- Fundo de População das Nações Uni-
fis sociais e que, além de manifesta- das (UNFPA) no Brasil, Jaime Nadal.

88 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


Global Health Fábrica em
Histories Moçambique
Em maio de 2016, o campus da Fi- A implantação de uma fábrica de
ocruz em Manguinhos sediou a 97ª edi- antirretrovirais e outros medicamentos
ção do Global Health Histories, evento em Maputo é uma ação conjunta do
realizado pela primeira vez em solo Instituto de Tecnologia em Fármacos
americano. Com o objetivo de demons- (Farmanguinhos/Fiocruz) com a Soci-
trar que o entendimento da história da
saúde pode prover respostas aos de-
Antimalárico edade Moçambicana de Medicamen-
tos (SMM). Primeira instituição pública
safios atuais e ajudar a construir um A Opas concedeu em 2013, a Far- no setor farmacêutico do continente
futuro mais saudável para todos, es- manguinhos/Fiocruz, o direito de for- africano, a fábrica deverá produzir
pecialmente os mais vulneráveis, a necer o antimalárico Artesunato mais de 200 milhões de unidades de
OMS e o Centre for Global Health His- +Mefloquina (ASMQ) aos estados- antirretrovirais por ano. A quantidade
tories (CGHH) da Universidade de York membros do Fundo Estratégico da beneficiará cerca de 2,7 milhões de
(Reino Unido) promovem o seminário Opas. A decisão representou um im- pessoas com HIV/Aids em Moçambi-
desde 2010, reunindo pesquisadores e portante passo para a unidade, que que. A tecnologia para desenvolvimen-
formuladores de políticas públicas. O busca a pré-qualificação do produto to e produção dos medicamentos vem
evento passará a ser realizado também junto à OMS. No mesmo ano, a OMS sendo transferida gradualmente por
na América a partir de uma parceria incluiu o ASMQ na 4ª Lista de Medica- Farmanguinhos à instituição moçambi-
com a Fundação, que passa a ser res- mentos Essenciais para Crianças cana. Além dos antirretrovirais, há pre-
ponsável pela organização do Global (EMLC, na sigla em inglês) e na 18ª Lis- visão de fabricar tipos diferentes de
Health Histories no continente. ta de Medicamentos Esssencias para medicamentos, entre os quais antibió-
Adultos (LME, na sigla em inglês). O ticos, antianêmicos, anti-hipertensivos,
medicamento foi desenvolvido em par- anti-inflamatórios, hipoglicemiantes,
ceria com a Iniciativa Medicamentos diuréticos, antiparasitários e corticos-
para Doenças Negligenciadas (DNDi, teroides. A estimativa é que a fábrica
na sigla em inglês) e a Universidade produza cerca de 371 milhões de uni-
de Bordeaux. Há também um parceiro dades farmacêuticas por ano, incluin-
indiano para o qual Farmanguinhos do antirretrovirais e demais medica-
transferiu tecnologia, a Cipla. O ASMQ mentos. O projeto já conta com 90%
é uma formulação inovadora, em dose das atividades previstas terminadas. A
fixa combinada, capaz de curar a ma- complementação do aporte financeiro
lária em até três dias. se dará por meio de convênios que
precisam ser firmados com o Ministério
Em 2014, Farmanguinhos fez uma da Saúde do Brasil. Quando estiver
doação do medicamento à Bolívia e no concluída, a fábrica terá capacidade
ano seguinte a Fiocruz enviou 160 mil para produzir 21 tipos de medicamen-
comprimidos do antimalárico à Vene- tos, 6 dos quais serão antirretrovirais.
zuela, depois de uma solicitação da
Opas. Em setembro de 2016 a OMS fez
uma inspeção às instalações do Com-
plexo Tecnológico de Medicamentos
(CTM) de Farmanguinhos, com vistas
à pré-qualificação do ASMQ. A impor-
tância que a pré-qualificação do anti-
malárico representará para a Funda-
ção é imensa.

RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 89


Projeto Haiti
O modelo de cooperação estrutu-
rante defendido pela Fiocruz estabe-
leceu um marco significativo com a
inauguração, em 2014, no Haiti, de um Pasteur no Brasil
complexo hospitalar que integrará a
rede de assistência de média comple- A abordagem integrada das doen- guem de forma integrada diferentes as-
xidade daquele país. A iniciativa, lide- ças, considerando o conceito de Uma pectos das doenças – avaliando fato-
rada pelo Ministério da Saúde e que Saúde (mais conhecido pelo nome em res moleculares, celulares, clínicos e epi-
tem a participação do governo cuba- inglês, One Health), guiará os projetos demiológicos – e que considerem a
no, faz parte de uma ação de coope- de pesquisa desenvolvidos no âmbito ligação entre a saúde humana, animal
ração internacional que busca o forta- da parceria firmada em junho de 2015 e ambiental. O acordo estabeleceu uma
lecimento e a reestruturação do sistema entre a Fiocruz, a USP e o Instituto Pas- plataforma técnico-científica-educacio-
de saúde e de vigilância epidemioló- teur da França. Os três eixos de pes- nal comum, para apoiar estudos em co-
gica do país caribenho, abalado após quisa que estarão no foco inicial da co- laboração e o intercâmbio profissional
o terremoto de 2010. Em 2013 a Fun- laboração são doenças infecciosas, e acadêmico. A busca de recursos ex-
dação promoveu uma série de iniciati- neurociências e biologia de sistemas. A ternos também está na mira das insti-
vas voltadas para o fortalecimento do parceria, que levará à instalação de uma tuições. A primeira chamada tripartite
sistema de saúde do Haiti, como cur- unidade do Instituto francês no Brasil, de projetos para financiamento pelos
sos e oficinas. deve privilegiar estudos que investi- três parceiros deverá ocorrer em 2017.

90 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 91
atuação da Fiocruz neste

A campo é pautada pela ideia


de que saúde é qualidade
de vida, e está relacionada
com os aspectos econômicos, sociais,
culturais e ambientais da sociedade
humana. A Fundação busca o desen-
volvimento de tecnologias ino-
vadoras e soluções para pro-
blemas de saúde relativos a
mudanças climáticas, novos
processos migratórios, falta
de saneamento, impactos de
grandes empreendimentos e
desastres. A preservação da
biodiversidade e sua explora-
ção sustentável também têm sido
alvo da atuação institucional. A Fun-
dação, em parceria com os movimen-
tos de trabalhadores do campo e da
floresta, acompanha as agendas dos
conflitos ambientais e das grandes
questões nacionais envolvendo
setores como agronegócio,
siderúrgicas e petrolíferas.

92 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


Saúde e Ambiente Saúde, Ambiente e Sustentabilida-
de formam um dos eixos estratégicos
institucionais, a Fundação atua nesta
área com uma visão transversal, que
perpassa toda a instituição por meio
do programa Fiocruz Saudável e de
ações voltadas à saúde do trabalha-
dor e biossegurança, influenciando a
agenda técnico-científica e envolven-
do todas as unidades.
Em 2015, em parceria com a Asso-
ciação Brasileira de Saúde Coletiva
(Abrasco), a Fiocruz promoveu a Jor-
nada Nacional de Saúde e Ambiente
(Fortaleza), que reuniu dezenas de
pesquisadores envolvidos com a temá-
tica. Em 2016, foram agregadas ainda
outras duas áreas temáticas: Saúde de
Populações Expostas a Agrotóxicos e
Política Nacional de Saúde Integral das
Populações do Campo, Florestas e
Águas, sancionada pelo Ministério da
Saúde e que abrange populações ru-
rais, ribeirinhas, quilombolas, pescado-
res e grupos populacionais que têm
uma demanda grande por saúde.
O desafio é a integração das plata-
formas tecnológicas e de pesquisa que
trabalham com esses temas e reúnem
informações extremamente relevantes
para o fortalecimento de políticas públi-
cas e da conscientização da sociedade.
São iniciativas como o Observatório Na-
cional de Clima e Saúde (Icict), o Centro
de Informação em Saúde Silvestre
(CISS) e o Mapa de Conflitos Envolven-
do Injustiça Ambiental e Saúde no Bra-
sil. O objetivo é reunir essas experiênci-
as em uma plataforma interativa,
disponibilizada para o mundo científico
e de tomada de decisões, para gesto-
res e para a sociedade. Com essas inici-
ativas espera-se que os demais eixos es-
tratégicos e estruturas organizacionais
da Fundação passem a atuar na pers-
pectiva da sustentabilidade

RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 93


O Projeto de Manejo de Fauna e
Vigilância em Zoonoses (PMVZ), co-
ordenado pelo CFMA, é baseado no
conceito One World, One Health (Um
Mundo, uma Saúde), e desenvolve ati-
vidades de vigilância e controle de
zoonoses, trabalhando conjuntamen-
te a saúde humana e animal e a con-
servação ambiental. O Projeto traz
uma abordagem inovadora nos cená-
rios nacional e internacional, que situa
a Fiocruz na vanguarda da vigilância
em zoonoses e no estudo das relações
entre biodiversidade e saúde.
Em outubro de 2016, o CFMA lan-
çou a Estação Biológica Fiocruz Mata
Atlântica. A Estação Biológica tem
como missão apoiar, estimular e aco-
lher - em seu perímetro geográfico e
área de influência - iniciativas de pes-
quisa, inovação, educação e dissemi-
nação de conhecimentos sobre a com-
Campus Fiocruz da Mata Atlântica plexidade socioambiental e a relação
entre biodiversidade e saúde. Os limi-
tes físicos da Estação Biológica abran-
O Campus Fiocruz da Mata Atlân- ximo ao Maciço da Pedra Branca, gem todas as áreas definidas no Pla-
tica (CFMA), implantado em 2003, con- ameaçado por zoonoses endêmicas no Diretor do CFMA como intangíveis,
tribui para a formulação e implemen- e pelos danos causados na nature- primitivas e de recuperação ecológi-
tação de políticas públicas integradas za pela ação do homem. De 2012 a ca, o que compreende 430 hectares,
em saúde e sustentabilidade socioam- 2016, foram plantados na área do correspondendo a 86% da área total
biental, apoiando a criação de mode- Campus 92 hectares de área de en- do campus.
los replicáveis nacionalmente. O CFMA riquecimento, totalizando 70 mil mu-
O conjunto de soluções promovi-
atuou no processo de regularização das de 91 espécies originais da Mata
das pelo CFMA para a promoção da
fundiária e urbanística em comunida- Atlântica.
saúde e a difusão de tecnologias soci-
des da antiga Colônia Manicomial Juli-
O CFMA participou do projeto de ais na interação com parceiros situa-
ano Moreira, com o apoio do Ministério
requalificação do Núcleo Histórico Ro- dos na Baixada de Jacarepaguá resul-
das Cidades, da Superintendência de
drigues Caldas, do projeto habitacio- tou numa publicação denominada
Patrimônio da União e da Prefeitura do
nal da Cooperativa Esperança e nas Caderno de Práticas e Soluções: uma
Rio de Janeiro.
ações de mitigação do impacto da tecnologia social de construção, siste-
Com uma área de 5 milhões de TransOlímpica, empreendimento viário matização e difusão compartilhada de
metros quadrados (equivalente a concebido para melhorar o transporte conhecimento (disponível on-line ht-
500 estádios do Maracanã), o CFMA público da cidade para os Jogos Olím- tps://portal.fiocruz.br/pt-br/content/
está localizado em um território pró- picos de 2016. caderno-de-praticas-e-solucoes).

94 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


Monitoramento
de grandes
empreendimentos
A criação do Laboratório de Moni-
toramento Epidemiológico de Grandes
Empreendimentos foi uma consequên-
cia de ações empreendidas para mo-
nitorar as principais causas de adoeci-
mento, morte e segurança pública nos
municípios do entorno do Complexo
Petroquímico do Rio de Janeiro (Com-
perj). A Fiocruz também atua no caso
da empresa ThyssenKrupp Companhia
Siderúrgica do Atlântico (TKCSA) que
vem provocando danos à saúde da po-
pulação que vive e trabalha em seu en-
torno, na Zona Oeste do Rio de Janei-
ro. Foi elaborado um extenso relatório,
atualizado periodicamente, sobre os
impactos socioambientais e de saúde
causados pela TKCSA. O relatório indi-
ca o surgimento de novos casos de
doenças e o agravamento de quadros
clínicos preexistentes.
A destruição provocada pelo rom-
pimento da barragem da Samarco,
em Mariana (MG), foi outra questão
em que a Fiocruz esteve entre os pro-
tagonistas das ações de órgãos públi-
cos, articulando ações estratégicas
com profissionais de outras instituições
para discutir formas de atuação nas
regiões afetadas pela tragédia. Além
das pesquisas iniciais referentes à qua-
lidade da água e ao impacto do de-
sastre no meio ambiente, a Fiocruz de-
senvolve estudos para a avaliação dos
impactos na saúde, provenientes do
rompimento da barragem, e promo-
veu o seminário O desastre da Samar-
co: balanço de seis meses de impac-
tos e ações.

RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 95


As iniciativas do Cepedes, inte- desastres para reduzir os riscos e
Centro de Estudos gram o processo de constituição de melhorar o preparo para enfrentar
um Centro de Estudos e Pesquisas os desastres e a resposta a eles em
e Pesquisas em em Desastres (Ceped) no Estado do termos de saúde.
Emergências e Rio de Janeiro, para a cooperação
técnico-científica com diversas insti- O Cepedes organiza o site Centro
Desastres em tuições, com o propósito de contri- de Conhecimento em Saúde Pública e
Desastres, conectando as informações,
buir para a prevenção, redução e mi-
Saúde – Cepedes tigação de desastres em âmbito conhecimentos e experiências das uni-
regional, nacional e internacional, dades da Fiocruz, de outras instituições
com ênfase na América Latina e no de ensino e pesquisa nacionais e inter-
Caribe. Colabora com a Opas/OMS nacionais, de Ministérios e de entida-
na preparação para situações de des relacionadas ao tema nas esferas
emergência e socorro em casos de estadual e municipal.

96 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


De olho no clima
O Observatório Nacional de Clima
e Saúde da Fiocruz disponibiliza estu-
dos, metodologias, resultados e dados
ambientais, climáticos, epidemiológicos,
socioeconômicos e de saúde pública,
com o objetivo de facilitar a análise da
relação entre clima e saúde. Essas in-
formações possibilitam alertar e acom-
panhar situações de emergência na
saúde geradas por eventos climáticos,
além de permitir acompanhar tendên-
cias a longo prazo das mudanças am-
bientais e climáticas. O Observatório é
um espaço interativo que permite a
participação dos cidadãos por meio da
postagem de informações potencial-
mente relevantes sobre clima e saúde.
Direciona os seus esforços para três
grupos prioritários: pesquisadores, que
encontram em um só lugar um conjun-
to de variáveis antes contidas em di-
ferentes bancos de dados; gestores, no
auxílio à tomada de decisão; e socie-
dade civil, por meio da troca de infor-
mações que deve, de forma recíproca,
contribuir para difundir o conhecimen-
to acerca dos fenômenos climáticos e
seus efeitos na saúde.
Aplicativo para a saúde silvestre
O Centro de Informação em Saúde boas práticas para o desenvolvimento
Silvestre (CISS) promove a participa- sustentável. O Centro coordena o Sis-
ção e a integração de especialistas na tema de Informação em Saúde Silves-
coleta de informações, análise de resul- tre (SISS-Geo), que busca antecipar in-
tados e aplicação de boas práticas em formações sobre a ocorrência de
biodiversidade e saúde, por meio da doenças em animais silvestres antes que
Rede de Laboratórios em Saúde Silves- acometam humanos. Por meio de um
tre e da Rede Participativa em Saúde aplicativo (SISS-Geo Android) que pode
Silvestre. É um espaço virtual destina- ser instalado em celulares, tablets e
do ao tema saúde silvestre e humana, computadores (desktops, notebooks),
para consolidação do conhecimento, qualquer pessoa pode registrar anor-
ações e políticas que, em conjunto, pos- malidades observadas, contribuindo
sam fortalecer a conservação da biodi- com um sistema de utilidade pública
versidade brasileira, a melhoria da saú- para prevenção de doenças, em ani-
de humana e de todas as espécies e mais e em pessoas.

RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 97


Observatório de Mudanças climáticas
Territórios Saudáveis na Região Amazônica
e Sustentáveis – OTSS Um estudo feito pela Fiocruz em
todos os municípios do Amazonas
Parceria entre Fiocruz, Funasa e Fó-
apontou que sete cidades do estado
rum das Comunidades Tradicionais de
apresentaram maior índice de vulne-
Angra dos Reis, Paraty e Ubatuba, ini-
rabilidade às mudanças climáticas. De
ciada em 2013. No território de atua-
acordo com o levantamento, o nordes-
ção do OTSS vivem e resistem cerca de
te amazonense poderá apresentar au-
50 comunidades tradicionais caiçaras,
mento de 5°C na temperatura e uma
indígenas e quilombolas, ameaçadas
redução de até 25% no volume de chu-
pela especulação imobiliária, por gran-
vas nos próximos 25 anos. Coordena-
des projetos de construção e por em-
do pela Fiocruz, o estudo é parte do
preendimentos turísticos predatórios.
projeto Vulnerabilidade à Mudança do
Nesses três anos de existência a inicia-
Clima, feito em parceria com o Ministé-
tiva obteve uma série de resultados,
rio do Meio Ambiente. Além do Ama-
como projetos de educação diferenci-
zonas, mais cinco estados estão sendo
ada para esses grupos, projetos de sa-
avaliados: Espírito Santo, Maranhão,
neamento ecológico e uma cooperação
Mato Grosso do Sul, Paraná e Pernam-
com a Universidade de Coimbra para
buco. Também foi desenvolvido um
a produção de conhecimento sobre ter-
software para mensurar a vulnerabili-
ritórios sustentáveis e saudáveis, com a
dade humana às mudanças climáticas,
organização de seminários no Brasil e
conforme cada município.
em Portugal, visitas técnicas e desenho
de uma cooperação voltada para o di-
álogo com territórios africanos.
CTA é
Mapa de conflitos credenciado
ambientais pelo Inea
O projeto Mapa de Conflitos En-
volvendo Injustiça Ambiental e Saúde Em 2016, o Centro de Tecnologia
no Brasil tem como objetivo apoiar po- Ambiental (CTA) de Farmanguinhos, se
pulações atingidas em seus territórios tornou o primeiro laboratório da Fio-
por projetos e políticas baseadas numa cruz a receber Certificado de Creden-
visão de desenvolvimento prejudicial ciamento de Laboratório do Instituto
à saúde. Em consonância com os prin- Estadual do Ambiente do Rio de Ja-
cípios da justiça ambiental, o Mapa sis- neiro (Inea). Com o credenciamento o
tematiza e disponibiliza informações e laboratório está autorizado a analisar
denúncias apresentadas pelas comu- e emitir laudos sobre efluentes (resí-
nidades e organizações parceiras, a duos líquidos resultantes de processos
partir de sua relevância socioambien- industriais) tratados. A redução de cus-
tal e sanitária. O Mapa contribui para tos é uma das vantagens principais do
o monitoramento de ações e de proje- credenciamento, pelo fato de grande
tos que enfrentem situações de injusti- parte das análises poderem ser feitas
ças ambientais e problemas de saúde internamente.
em diferentes territórios e populações.

98 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 99
Fiocruz tem um modelo de

A governança democrático e
participativo, o que se concre-
tiza, de um lado, pelos meca-
nismos de consulta à comunidade de
trabalhadores da organização para a
escolha dos dirigentes e, de outro
lado, pelos dispositivos de gestão
colegiada, como o Conselho
Deliberativo e o Congresso In-
terno, em que participam re-
presentantes das unidades e
dos trabalhadores. A estrutura
de governança da Fundação
tem características inovadoras,
que buscam conciliar com as as-
pirações dos servidores sua missão
institucional e responsabilidades fren-
te ao Governo e à sociedade. Para a
Fiocruz, inovação na gestão envolve
pessoas, tecnologias e o ambiente or-
ganizacional, possui ainda um nível
gerencial, relacionado a proce-
dimentos estratégicos abran-
gentes, que precisam ser tra-
tados de forma sistêmica.

100 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


Objetivos Audiência Inovação
corporativos pública de da gestão
para a gestão prestação de operacional
Os mecanismos de governança da
Fiocruz (colegiados, câmaras técnicas
contas Uma série de iniciativas da Direto-
ria de Administração (Dirad) visa à exe-
e outros) reúnem-se periodicamente Desde 2013 a Presidência da Fio- cução e ao monitoramento do desem-
para avaliar e deliberar sobre a con- cruz promove audiências de prestação penho institucional em relação à
dução das atividades institucionais. A de contas abertas ao público, reafir- redução de riscos e custos, otimização
proposta de construção de políticas ins- mando o compromisso institucional de compras e compartilhamento de re-
titucionais cada vez mais integradas na com a transparência e a gestão parti- cursos entre as unidades. Projetos
Fundação é construída a partir de um cipativa. As audiências são conduzidas como o de Compra Compartilhada de
planejamento ascendente, com a par- pessoalmente pelo presidente da Fun- bens e serviços na área de informática,
ticipação efetiva das unidades na de- dação e tratam do orçamento e das por meio da integração e coordenação
finição das prioridades e estratégias, atividades realizadas a cada ano. A de procedimentos licitatórios para aten-
um desafio de integração que não se última audiência, realizada em 2016, der toda a instituição, obtiveram bons
limita ao somatório de atividades de ressaltou a importância da conclusão resultados. A implantação de uma Polí-
cada uma das unidades da Fiocruz. do VII Congresso Interno, instância tica de Logística Integrada orientou o
máxima de decisão da Fiocruz, que no suprimento de materiais de consumo e
A Fiocruz fomenta programas e serviços para o atendimento da estra-
fim de 2015 definiu o Plano Estratégi-
atividades visando reforçar a cultura tégia organizacional. Com isso foi pos-
co para o quadriênio 2015-2018, além
organizacional junto a seus trabalha- sível superar o gerenciamento fragmen-
de aprovar a proposta de um novo
dores, para ampliar o sentimento de tado por atividade, com diversos
estatuto para a instituição, que adequa
pertencimento destes à história insti- orçamentos e prioridades, buscando
a estrutura interna às funções exerci-
tucional, aos fazeres culturais e aos integração e respeitando as especifici-
das hoje pela Fiocruz.
valores definidos em sua missão nos dades de cada unidade.
campos da saúde, educação e CT&I,
promovendo o engajamento e o com- A Fiocruz desenvolve também um
promisso do seu quadro funcional para Modelo Contábil Gerencial para o mo-
melhor servir a sociedade brasileira. nitoramento de despesas, com a padro-
nização do registro contábil, promoven-
do o alinhamento entre planejamento,
programação orçamentária e execução.
Com base no Plano Interno do Sistema
Integrado de Administração Financei-
ra do Governo Federal (Siafi), o mode-
lo proporciona transparência e flexibili-
dade na distribuição dos recursos,
identificando desvios do planejamento
e possíveis soluções.

RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 101


Encontro de
Inovação na Gestão
Para divulgar e valorizar práticas
gerenciais de excelência na instituição
e incentivar o aprimoramento de inici-
ativas para a melhoria do desempenho
institucional, foi realizado, em 2015, o I
Encontro de Inovação na Gestão. A
Conferência-Magna de abertura do
encontro foi proferida pelo renomado
professor da McGill University, no Ca-
nadá, Henry Mintzberg, que citou a Fi-
ocruz como exemplo de instituição que
valoriza a inovação e o modelo de ge-
renciamento engajado.
Os quatro dias de debate e refle-

Gestão da Qualidade xão técnico-científica sobre o tema fo-


ram encerrados com a entrega do Prê-
mio de Inovação na Gestão. Foram
A Coordenação da Qualidade da Para disseminar as práticas da escolhidos por uma comissão externa
Fiocruz (CQuali) preconiza a aplicação gestão da excelência foram realiza- três dos 71 trabalhos apresentados por
de normas nacionais e internacionais dos cursos e treinamentos em gestão equipes de 21 unidades da Fundação.
com a finalidade de refinar práticas e da qualidade, para formação de ges- O primeiro colocado foi o trabalho “Cre-
instrumentos de gestão e evidenciar a tores, técnicos e auditores internos. denciamento de Bancos de Leite Huma-
competência técnica nas diversas ativi- Até 2015, foram realizados cerca de no” (IFF), seguido pelos projetos “Escri-
dades realizadas. A participação da Fun- 120 eventos dessa natureza, com par- tório de Captação: Uma Experiência de
dação no Programa Nacional da Gestão ticipação de mais de 4 mil colabora- Desenvolvimento, Implantação e Conso-
Pública e Desburocratização (GesPúbli- dores. A partir de 2016, o Plano de lidação” (COC) e “Implantação da Ges-
ca) é uma de suas atribuições, coorde- Capacitação da Coordenação da tão por Processos na Fiocruz: Alinhamen-
nando os esforços para o aprimoramen- Qualidade passou a ser elaborado em to e Excelência Operacional (CQuali).
to de práticas e processos e a realização conjunto com a Escola Corporativa da
de ciclos anuais de autoavaliação, com Fiocruz. A CQuali realiza ainda, por
a incorporação de novas iniciativas como meio de um software específico, um
a implantação da gestão por processos diagnóstico anual dos Sistemas Lo- Auditoria Interna
e práticas relativas à gestão de riscos. A cais de Gestão da Qualidade (SLGQ),
partir de 2013 foi iniciado o projeto Im- para identificar o grau de adesão das A Auditoria Interna (Audin) reali-
plantação do Modelo de Gestão por Pro- unidades às normas e diretrizes da zou 37 auditorias de conformidade em
cessos Fiocruz e de suas Organizações Qualidade. várias unidades/temas; 19 auditorias
em Rede, promovendo um ambiente fa- com foco em recursos humanos; e 22
vorável ao processo de melhoria contí- A CQuali é também responsável monitoramentos de pendências de re-
nua. Em 2015 o trabalho Implantação da pela elaboração da Carta de Serviços latórios do próprio órgão. Foram emi-
gestão por processos na Fiocruz: alinha- ao Cidadão, que está sendo atualiza- tidas recomendações às unidades in-
mento e excelência operacional conquis- da e, a partir de meados de 2017, será teressadas e à Presidência da Fiocruz.
tou o terceiro lugar no I Prêmio Inova- totalmente virtual, facilitando o aces- A Audin também deu suporte à Con-
ção da Gestão da Fiocruz. No mesmo so ao usuário-cidadão pelo Portal Fio- troladoria-Geral da União e ao Tribu-
ano a instituição recebeu ainda o certifi- cruz e usando um aplicativo específico nal de Contas da União e divulgou suas
cado de nível 7 do GesPública. para celulares. recomendações e determinações.

102 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


Gestão de Tecnologia de Informação
A Coordenação de Gestão de Tec- + Data Center) garantiu a construção
nologia de Informação (CGTI) tem de um ambiente seguro para a infra-
empreendido ações para aperfeiçoa- estrutura de TI, capaz de suportar e
mento e alinhamento tecnológico ins- manter em níveis seguros os serviços
titucional, contribuindo também com críticos da instituição.
iniciativas inovadoras que gerem me-
Com o intuito de melhorar a velo-
lhores resultados em relação a produ-
cidade do link de dados da Fiocruz, o
tividade, eficiência, eficácia, menor
projeto Redecomep Brasil vem substi-
custo, sustentabilidade e qualidade
tuindo equipamentos e a malha de fi-
dos produtos e serviços oferecidos
bra ótica, sendo também prevista a in-
pela Fundação.
tegração das unidades regionais à rede
No campo de planejamento de do campus Manguinhos através das
projetos e aquisições de bens e servi- redes existentes em outros estados.
ços, foi responsável pela elaboração do Outras iniciativas visam unificar os do-
Plano Estratégico de Tecnologia da In- mínios de rede de todas as unidades
formação (PETI) e pelo Guia de Aqui- em um ambiente padronizado, seguro
sição, garantindo maior eficiência na e confiável, além da criação de uma
aplicação de recursos e a aplicação dos estrutura de correio eletrônico também
marcos regulatórios nas contratações único para a toda Fiocruz.
de soluções de TI. Estes esforços já
Para melhorar o atendimento aos
trouxeram para a Fiocruz, por exem-
serviços institucionais, como suporte a
plo, o modelo de impressão como ser-
usuários e infraestrutura, a CGTI desen-
viço (outsourcing) e têm estimulado a
volveu uma ferramenta chamada RSI
realização de compras compartilhadas,
(Requisição de Serviços Institucionais),
reduzindo os custos de operação e
que permite fácil rastreabilidade e acom-
permitindo o uso mais eficiente de re-
panhamento dos atendimentos e a emis-
cursos computacionais.
são de relatórios para melhoria e parâ-
Também está em implementação metros para avaliação da qualidade do
uma política de segurança, para pro- serviço prestado. Outra ferramenta que
teger as informações e comunicações se destaca é o Sistema de Guia de Ad-
institucionais, meio de sistemas de de- missão e Integração do Servidor (GAIS),
tecção e proteção contra intrusões, de para acompanhar o processo de inser-
controle de aplicações e filtragem de ção de novos servidores aprovados em
conteúdo web. Nesta mesma direção, concurso público, garantindo a comu-
o projeto Nuvem Fiocruz (Sala Cofre nicação, registro e encaminhamento de
atividades pré-estabelecidas.

RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 103


Atuação no Congresso Nacional
A Fiocruz, por meio da Vice-Presi- modificados, criação do Instituto Sul-
dência de Produção e Inovação em Americano de Governo em Saúde, Po-
Saúde, acompanha e avalia as ações le- lítica Nacional de Nanotecnologia, Lei
gislativas em tramitação na Câmara dos de Biodiversidade, Farmácia Popular,
Deputados e no Senado Federal para Política Nacional de Pesquisa e Desen-
propor melhorias aos projetos. A Fun- volvimento Tecnológico do Setor Far-
dação publica notas técnicas, encami- macêutico, além do Marco Legal de Ci-
nha contribuições na redação de subs- ência Tecnologia e Inovação, que trata
titutivos e promove audiências e dos estímulos ao desenvolvimento cien-
seminários internos, elaborando subsí- tífico, à pesquisa, à capacitação cientí-
dios para a defesa os interesses da saú- fica e tecnológica e à inovação.
de pública no Legislativo. De 2013 a
A atuação da Fiocruz no Congres-
2016, a Fiocruz participou de 38 audi-
so conta com o apoio da Assessoria
ências no Congresso Nacional, e foi con-
Parlamentar da Fiocruz Brasília, que
templada com recursos de emendas
desenvolve ações estratégicas e iden-
parlamentares originadas de represen-
tifica, nos blocos partidários, alternati-
tantes de 10 estados brasileiros, num
vas e caminhos para contribuir com o
montante superior a R$ 50,5 milhões.
aperfeiçoamento do processo de ela-
Ao longo desse período, a Fundação re-
boração de leis e com a regulação se-
cebeu visitas de parlamentares em seus
torial de interesse da Fiocruz dentro do
campi do Rio de Janeiro, Bahia, Brasília,
Congresso Nacional. Além de acompa-
Minas Gerais e Pernambuco.
nhar matérias legislativas, monitora o
Foram avaliados projetos de lei e trabalho das comissões e dos plenári-
encaminhadas propostas sobre propri- os e atua nas articulações institucionais
edade industrial, importação de bens junto ao Congresso Nacional, contribu-
para pesquisa, patenteamento de se- indo com informações técnicas para
res vivos e organismos geneticamente construção de projetos.

104 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


Gestão do Trabalho
Escola Corporativa Remodelagem de Mesa Permanente de
Para garantir um processo de concursos públicos Negociação Interna
aprendizagem contínua, a Escola Cor- A Fundação tem buscado assegu- Para buscar soluções negociadas
porativa apresenta um conjunto de rar, junto ao MPOG, a realização de para interesses manifestados pelos ser-
soluções relativas à qualificação per- concursos públicos para todos os car- vidores e pela administração pública,
manente de servidores, apoio a proje- gos da instituição, definindo perfis das o Governo Federal criou, em 2003, a
tos institucionais e consultoria interna funções estratégicas de responsabili- Mesa Nacional de Negociação Perma-
neste campo. O objetivo é o desenvol- dade exclusiva de servidores públicos, nente, que foi sucedida pela institui-
vimento de competências organizaci- para a substituição da força de traba- ção das mesas setoriais em diversos mi-
onais e dos trabalhadores da Fiocruz, lho terceirizada. Em 2010, ingressaram nistérios. Reconhecendo a importância
visando o aprimoramento da gestão. na instituição 1049 novos servidores. deste dispositivo que tanto serve à
A partir dos planos de capacitação das No concurso de 2014, quando foram gestão quanto aos trabalhadores da
unidades e da análise de experiências ocupadas 527 novas vagas, houve uma instituição, em maio de 2011 a Presidên-
semelhantes em empresas públicas remodelagem no processo seletivo. cia e o Sindicato Nacional dos servido-
como Petrobrás, Caixa Econômica e Para tornar a seleção de novos qua- res da Fundação (ASFOC-SN) resolve-
Banco do Brasil, a Escola executa o Pla- dros mais eficaz, adotou-se um mode- ram instituir a Mesa de Negociação
no de Capacitação Corporativo, que lo baseado na centralização dos aspec- Permanente (MNP), estabelecendo um
tem frequência anual e é composto tos administrativos, descentralizando fórum estável e regular de negociação.
pelos seguintes cursos: parte das atividades acadêmicas. Isso A MNP atua no sentido de aprimorar e
Curso de Desenvolvimento de permitiu que fossem estabelecidas di- valorizar o plano de carreiras, cargos
Competências Gerenciais (com a retrizes seletivas mais adequadas às e salários, tratando também de ques-
Fundação Dom Cabral) – 175 necessidades. tões relativas à saúde do trabalhador
servidores participantes divididos e benefícios. E acompanha iniciativas
A Fiocruz promoveu, em 2016, legislativas e as pautas de negocia-
em cinco turmas; novo concurso público para o preen- ções das entidades dos trabalhadores
Curso de Especialização em chimento de 150 vagas de níveis inter- do SUS e de outras instituições de ci-
Gestão de Organizações de mediário e superior, direcionadas para ência e tecnologia.
Ciência e Tecnologia em Saúde - o Rio de Janeiro e outras unidades no
conclusão da 2ª turma em 2014 de país. Os cargos de nível superior foram
108 servidores do cargo de Analis- para Especialista em Ciência e Tecno-
ta de Gestão em Saúde; logia, Produção e Inovação em Saúde
Pública (10 vagas) e Pesquisador em
Mestrado Profissional em Admi- Saúde Pública (58). Os de nível inter-
nistração Pública (FGV) – duas mediário são para Assistente Técnico
turmas em andamento, com a em Gestão de Saúde (21) e Técnico em
participação de 20 servidores; Saúde Pública (61).
Mestrado em Administração
(UFBA) - com a participação de
14 servidores das regionais da
Fiocruz (Pernambuco, Bahia e
Ceará).

RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 105


Prevenção da
violência e do
Igualdade de assédio moral
Gênero e Raça Diante da necessidade de estraté-
gias para acolher, avaliar e encaminhar
casos vividos nos ambientes de traba-
O Programa Pró-Equidade de Gê-
lho, a Fiocruz instituiu a Política de Pre-
nero e Raça, implantado na Fiocruz
venção e Enfrentamento da Violência
em 2009, busca eliminar todas as for-
e do Assédio Moral no Trabalho. A Po-
mas de discriminação no acesso, na re-
lítica define estratégias de intervenção
muneração, ascensão e permanência
na organização do trabalho, de prote-
no emprego, pelo desenvolvimento
ção aos trabalhadores e para coibir
de novas concepções na gestão de
atos de violência física, psíquica e mo-
pessoas e na cultura organizacional.
ral. Além de dimensionar os casos de
É assessorado por um Comitê institu-
violência e identificar os riscos a que
cional, composto por representantes
estão submetidos os trabalhadores, foi
de todas as unidades da Fiocruz, e
feito um esforço institucional para in-
atua na promoção e a adoção de prá-
formar, sensibilizar e estimular o diálo-
ticas de equidade de gênero e raça
go para a resolução de conflitos. Em
de forma sistemática, como um instru-
2014 foi publicada a Cartilha de Pre-
mento de gestão.
venção e Enfrentamento do Assédio
No âmbito do Programa, a Fio- Moral e Sexual na Fiocruz.
cruz lançou, em 2015, o Dicionário Fe-
minino da Infâmia - acolhimento e di-
agnóstico de mulheres em situação de
violência. O Dicionário é o resultado
Estágio curricular
do trabalho coletivo de mais de cem
profissionais de diversas áreas na ela-
e extracurricular
boração dos verbetes, que contem- A Fiocruz admite estagiários por
plam temas e significados da pauta meio de seleção pública, visando com-
feminista e das mulheres, em sua di- plementar o aprendizado por meio de
mensão histórica, política e social. São prática supervisionada. Dois editais são
explicados os vários aspectos, tipos e publicados anualmente oferecendo va-
cenários das violências e formas de gas para estudantes de nível médio e
resistência, além de análises científi- nível superior. Nos últimos anos, a Fun-
cas que ampararam a adoção de pro- dação elaborou sua Política de Estágio
cedimentos, normas, abordagens e Curricular e Extracurricular, contemplan-
técnicas. Também foram incluídas no- do os requisitos governamentais e as ca-
ções sobre conceitos de liberdade, racterísticas de descentralização do pro-
direitos humanos, justiça e aspectos da grama na instituição. Foram definidas
educação masculina que levam à prá- diretrizes para seleção e contratação de
tica da violência. estudantes, uniformizando as práticas. A
partir da implantação da nova política
(2015/2016) foram oferecidas, por meio
de edital público, mais de 400 vagas nas
duas modalidades de estágio.

106 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


Gestão do ruído
Preparação para e substâncias
a Aposentadoria ototóxicas
O Programa de Preparação para A iniciativa conhecida como Proje-
Aposentadoria (PPA) é um espaço de to Ruído é um estudo qualiquantitativo

Fiocruz reflexão e de cuidado na transição dos


servidores para a aposentadoria, com
baseado na metodologia da pesquisa-
ação, com o objetivo de relacionar a
ênfase na prevenção de agravos e pro- exposição ao ruído e/ou substâncias
Saudável moção da saúde. É norteado pelo con-
ceito de que o acesso à informação
ototóxicas (que tem efeito tóxico sobre
o sistema auditivo e de equilíbrio) às
crítica gera possibilidades de escolhas características físicas dos ambientes e
Conceitualmente, o projeto Fi-
para que cada um possa construir a processos de trabalho. O estudo pre-
ocruz Saudável fundamenta-se
aposentadoria que deseja ter e que isto tende identificar agravos decorrentes
em reflexões sobre qualidade de
tenha um impacto positivo na saúde. dessas exposições e propor um plano
vida e conforto ambiental como
O PPA faz eventos de capacitação de ações para a implementação de in-
pressupostos da saúde, associan-
com grupos focais e atividades de tervenções nos ambientes de trabalho
do a questão ambiental e a natu-
acompanhamento pós-aposentadoria. e a atenção à saúde dos trabalhado-
reza a uma expressão de criativi-
Em 2014 o PPA foi estendido às unida- res. O projeto inclui exames audiológi-
dade, atividade, diversidade e
des regionais da Fiocruz. cos, avaliação do ciclo vigília-sono e
inter-relação de todos os seres. A
pesquisa do potencial genotóxico de
perspectiva do projeto é de uma
substâncias químicas. Foram realizadas
prática que desperte mudanças
nas percepções e apreensões do
Carona Solidária medições de nível de pressão sonora
em diversos ambientes, que, em al-
indivíduo com relação a si mesmo
Para diminuir o impacto nos tra- guns casos, resultaram na elaboração
e ao ambiente. A proposta é arti-
balhadores dos problemas de mobili- de projetos acústicos.
cular as unidades e trabalhar as
dade urbana e até mesmo das dificul-
ações construindo uma aborda-
dades para transitar e estacionar nos
gem interdisciplinar, multiprofissi-
onal e participativa, envolvendo
campi da Fundação, foi implantado,
em 2016, o projeto Carona Solidária.
Transporte
os trabalhadores na definição e
implementação das ações. O Fio-
A instituição disponibiliza duas plata-
formas eletrônicas, um site para ca-
coletivo
cruz Saudável tem ainda como
dastro e buscas de caronas regulares Para garantir a gestão do traba-
estratégia uma programação con-
e um aplicativo para smartphones lho saudável e sustentável em todos
tinuada em desenvolvimento de
para que os usuários possam oferecer os campi, a Fundação tem buscado
recursos humanos, discutindo as
ou solicitar caronas a qualquer mo- ampliar o serviço de transporte coleti-
questões ambientais, de sanea-
mento, mesmo que não sejam seus iti- vo que põe à disposição dos trabalha-
mento, biossegurança e saúde do
nerários habituais. O projeto e as fer- dores. A meta é melhorar as condições
trabalhador, além de desenvolver
ramentas estão operando em todas as de acesso à instituição, segurança e
e promover avaliação dos impac-
unidades e escritórios da Fiocruz em qualidade de vida dos profissionais,
tos do projeto, para a definição de
âmbito nacional. além de reduzir o número de veículos
novas atividades com base nas
demandas identificadas. Neste individuais em suas instalações. Inicia-
período algumas atividades se do em 2012, o serviço atende hoje a
destacaram: cerca de 2,5 mil trabalhadores.

RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 107


Gestão da infraestrutura do Campus Para dotar a Fundação de um ins-
trumento de ordenamento territorial de
apoio à gestão do espaço físico do
Campus Manguinhos, em 2015, foi con-
cluído o Plano Diretor Fiocruz Campus
Manguinhos Saudável. O Plano Diretor
propõe caminhos para a qualificação
ambiental e urbanística do Campus,
estabelecendo critérios para futuras in-
tervenções e indicando prioridades de
ação para os 10 primeiros anos após
sua aprovação.
Em relação à Gestão Ambiental, as
ações da Fiocruz estão voltadas para
a ecoeficiência, educação ambiental,
gerenciamento integrado de resíduos
sólidos, tratamento de esgoto e con-
servação vegetal e viária. Esses esfor-
ços têm gerado resultados muito posi-
tivos, verificando-se, ao longo dos
anos, por exemplo uma significativa
diminuição tanto dos resíduos infectan-
tes quanto dos resíduos comuns, como
mostram os quadros a seguir.

Uma iniciativa que se destaca é o


Programa de Coleta Seletiva Solidária
que consiste na coleta, separação, con-
trole e doação de resíduos recicláveis
gerados na instituição para cooperati-
vas ou associações de catadores de
recicláveis, de acordo com o Decreto
Federal n° 5.940/2006. No primeiro
semestre de 2016, destinamos correta-
mente cerca de 155 mil quilos de resí-
duos da Fiocruz, incluindo papel, pa-
pelão, metal, plástico, vidro, longa vida,
vidro e banner (lona). Já o Ecoponto,
utilizado por usuários e profissionais da
Fundação, para descartar resíduos
domésticos, foram coletados 4.632kg.

O programa visa à geração de ren-


da e à inclusão social dos catadores de
recicláveis, além do fortalecimento do
debate global sobre o desenvolvimen-
to sustentável, redução da destinação
de resíduos para os aterros e lixões e
minimização dos impactos ambientais.

108 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


INDICADORES DE RESÍDUOS EXTRAORDINÁRIOS E INFECTANTES

Total da Coleta de Resíduos


Infectantes (Grupo A1, A4 e E)

Total Coletado de Resíduo


Comum (Grupo D)

INDICADORES DE RESÍDUOS RECICLÁVEIS (TONELADAS)

Total de Resíduos Segregados


e Destinados à Reciclagem
(Coleta Seletiva)

RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016 109


FioPrev Fiotec
O Instituto Oswaldo Cruz de Seguri- A Fundação para o Desenvolvi- Fiotec para apoiar projetos com poten-
dade Social (FioPrev) é a previdência com- mento Científico e Tecnológico em Saú- cial de inovação na Fiocruz.
plementar dos servidores, que, desde 1987, de (Fiotec) é uma fundação de direito A Fiotec é hoje uma das três mai-
era patrocinada pela Fundação. Em 2013, privado, sem fins lucrativos, com auto- ores fundações de apoio a instituições
o Conselho Deliberativo da Fiocruz deci- nomia administrativa e financeira e pa- de ensino superior e pesquisa no Bra-
diu sobre a retirada do patrocínio ao Fio- trimônio próprio. Inicialmente criada sil, tendo apoiado 2.135 projetos em
Prev, atendendo a uma determinação nes- para apoiar projetos da Ensp, tornou- sua existência, com parceiros nacio-
te sentido (de 2007) do órgão fiscalizador se a fundação de apoio para o conjun- nais e internacionais. A Fiocruz foi res-
dos fundos de pensão (SPC, atual Previc). to da instituição no ano 2000, por de- ponsável pela contratação do maior
A decisão possibilitou a devolução de va- liberação da plenária extraordinária do número de projetos. Em 2015, movi-
lores aos participantes do plano, a chama-
III Congresso Interno. A Fiotec desem- mentou mais R$ 35,5 milhões na com-
da reserva matemática.
penha um papel fundamental para que pra de produtos nacionais e serviços
Esta reserva matemática representa, a Fiocruz exerça com rapidez e efici- e detinha um patrimônio social de R$
para os participantes e aposentados e pen- ência seu protagonismo no enfrenta- 6 milhões. A fundação de apoio tem
sionistas, a diferença, em valores atuais, mento de problemas de saúde no Bra- investido no aperfeiçoamento de pro-
entre os compromissos futuros do FioPrev sil e internacionalmente, como no caso cedimentos de importação e logísti-
– benefícios futuros e os compromissos fu-
das arboviroses emergentes (dengue, ca para atendimento do público ex-
turos dos participantes – contribuições fu-
zika e chikungunya). Nesta mesma di- terno e controle interno. Além disso
turas, todos avaliados na mesma época. O
processo foi concluído no segundo semes- reção vale ressaltar a criação do Fun- inaugurou, também em 2015, sua
tre de 2016, após um longo período neces- do Fiotec de Fomento à Inovação, em sede própria, um projeto que associa
sário para a autorização dos cálculos atua- 2015, uma iniciativa que permite a uti- funcionalidade e compromisso com a
riais pela Previc e para que os participantes lização dos resultados financeiros da sustentabilidade e com o ambiente.
optassem pelo recebimento dos recursos
e/ou sua transferência (total ou parcial)
para outro plano previdenciário.

FioSaúde
Buscando atingir o equilíbrio entre
a qualidade dos serviços oferecidos e o
uso racional das contribuições dos be-
neficiários, a Caixa de Assistência Oswal-
do Cruz (FioSaúde) mostra-se bastante
competitiva, em relação às operadoras
de mercado quanto à qualidade dos
hospitais credenciados, o valor dos re-
embolsos na livre-escolha e a cobertura
odontológica. A FioSaúde é considera-
da uma das empresas com melhor Índi-
ce de Desempenho da Saúde Suplemen-
tar, aferido pela ANS a partir de um
conjunto de atributos. Além da rede cre-
denciada, a FioSaúde mantém uma po-
liclínica onde as consultas e procedimen-
tos são isentos de cobrança e o paciente
é atendido por profissionais que conhe-
cem o seu histórico. Em 2015 foram fei-
tos mais de 30 mil atendimentos.

110 RELATÓRIO FIOCRUZ 2013-2016


Nísia assume
a presidência
da Fiocruz
Ao lado do Castelo Mourisco e di-
ante de cerca de mil pessoas, no dia
10 de fevereiro de 2017, após oito anos
de mandato (2009 a 2016), Paulo Ga-
delha transmitiu o cargo de presiden-
te da Fiocruz à socióloga Nísia Trinda-
de Lima, primeira mulher a comandar
a instituição. Abraçado à neta Ana Lu-
iza, Gadelha despediu-se agradecen-
do à família, aos amigos e companhei-
ros de jornada que tornaram possíveis
tantas conquistas para a Saúde Públi-
ca do Brasil. Em discurso emocionado,
Nísia homenageou gestores e pesqui-
sadores da Fiocruz, reafirmando sua
responsabilidade com o fortalecimen-
to do SUS, diante das graves ameaças
à saúde da população brasileira. “Re-
presento um projeto que reconhece o
legado das gestões anteriores e o va-
lor da Fiocruz como instituição estra-
tégica do Estado. Identifico-me com a
perspectiva de seus fundadores, de
articular o desenvolvimento científico
e tecnológico com as necessidades do
país”, afirmou Nísia.

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