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RESUMO: A maioria das infecções do trato urinário (ITU) ocorridas na comunidade e das infecções
nosocomiais está associada aos bastonetes Gram-negativos pertencentes à família Enterobacteriaceae,
destacando-se a Escherichia coli, muito estudada por sua patogenicidade e alta incidência nessas enfermidades.
Com o objetivo de verificar a frequência de isolamento desta bactéria, analisando a faixa etária e gênero mais
acometido, realizou-se um estudo retrospectivo de 3.312 uroculturas analisadas em um Hospital particular da
cidade de Natal – RN, no período de 01 de janeiro a 31 de dezembro de 2013, onde apresentou 26% de
uroculturas positivas (n=861), sendo que 83% (n=715) para pacientes do sexo feminino na faixa etária de 22 –
49 anos sexualmente ativas. Em 62% (n=534) das amostras, apontaram a E.coli como agente etiológico das ITU.
Desta forma, pode-se concluir que por ser presente na microbiota intestinal do ser humano a E.coli tem maior
frequência nos casos de ITU e que o exame bacteriológico de urocultura é imprescindível na identificação deste
e de outros microorganismos causadores dessas ITU por apresentar um diagnóstico preciso importante para a
aplicação do tratamento e possíveis profilaxias, uma vez que, a incidência dessas infecções urinárias pode variar
de acordo com o sexo e a idade do paciente.
1 INTRODUÇÃO
Infecção do trato urinário (ITU) pode ser definida como sendo a invasão e
multiplicação de microorganismos nos tecidos do trato urinário, podendo ser assintomática ou
sintomática, e quando sintomáticas, podem apresentar disúria, polaciúria, dor lombar,
calafrios, urgência miccional, nictúria, urina turva (pela presença de piúria) ou avermelhada
(pela hematúria) (PIRES et. al., 2007).
Em geral, essas ITUs, são causadas por bactérias Gram-negativas aeróbicas presentes
na flora intestinal. Nas infecções urinárias agudas sintomáticas existe nítida predominância de
Escherichia coli, enquanto que nas infecções crônicas ou adquiridas em ambiente hospitalar
ou relacionadas com anomalias estruturais do trato urinário existe uma incidência mais
equitativa das diferentes enterobactérias, com o aumento da prevalência de infecções causadas
por Klebsiella sp., Proteus sp., Pseudomonas sp., Enterobacter sp., e por gram-positivos,
como Enterococos e Staphylococcus. (DALBOSCO, et. al., 2003).
Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi destacar a incidência da E.coli como
agente etiológico responsável pelas infecções do trato urinário dos pacientes de um Hospital
Particular da Cidade do Natal/RN, por idade e sexo, através da análise retrospectiva dos
prontuários de uroculturas realizadas, no período de 01 de janeiro a 31 de dezembro de 2013.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
O sistema urinário é composto pelo trato urinário superior (rins, pelve renal e ureteres)
e trato urinário inferior (bexiga urinária e uretra), os quais em conjunto formam e expelem a
urina. A urina é um meio apropriado para o desenvolvimento de microrganismos, que sofre
variação quanto a proliferação de acordo com as concentrações de ureia e ácidos, pH e
hipertonicidade. (VERONESI, 1996).
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O trato urinário é um sítio anatômico estéril, com exceção do meato uretral e uretra
distal, que são regiões colonizadas principalmente por estafilococos, difteróides e outros
microorganismos comensais (TORTORA, G.J, 2005). Dessa forma, a Infecção do Trato
Urinário (ITU) é definida por grande parte dos autores, como a colonização microbiana com
invasão tecidual de qualquer parte do trato urinário desde a uretra até os rins. (NICOLE,
2001).
Do ponto de vista clínico, a infecção do trato urinário (ITU) pode ser dividida em dois
grupos: ITU inferior, onde a presença de bactérias se limita à bexiga (cistite), e do trato
superior (pielonefrite), que se define como aquela que afeta a pélvis e o parênquima renal.
(AMADEU, 2009). Tanto a infecção urinária baixa como a alta pode ser aguda ou crônica e
sua origem pode ser comunitária ou hospitalar. (STAMM, 2001). A contaminação do trato
urinário pode ocorrer por três vias: a ascendente, a partir da flora fecal e uretral, a
hematogênica, em que a bactéria contamina o sangue e infecta secundariamente o aparelho
urinário e a linfática, que é uma via duvidosa de disseminação da infecção urinária que poderá
ter, contudo, algum papel nas infecções crônicas. (POLETTO; REIS, 2005).
No homem, acontece com mais frequência durante o primeiro ano de vida, devido a
grande incidência de más formações congênitas do trato urinário, principalmente na válvula
da uretra posterior e a partir dos cinquenta anos de vida, quando há a presença de prostatismo,
que o torna mais suscetível à ITU. (NICOLE. 2001). Nos homossexuais masculinos as taxas
de ITU são bem maiores, estando relacionadas à prática frequente do sexo anal sem o uso de
preservativos. (BARNES, 1986). Nos indivíduos portadores do vírus HIV, a queda dos níveis
dos linfócitos CD4+ torna a infecção, por si só, um fator de risco para ocorrência da ITU.
(BISHARA, 1997).
Esse conjunto de fatores é responsável por 48% das mulheres apresentarem pelo menos um
episódio de ITU ao longo da vida (NICOLE, 2001; FIHN, 2003).
As fímbrias tipo P são pili que aderem a outros sítios celulares existentes nas células
uroteliais e que são abundantes na E. coli o que explica a sua grande habilidade em ascender
ao trato urinário e causar 90% de todas as pielonefrites agudas não-complicadas. Essas
enterobactérias, uma vez aderidas, começam a se multiplicar, dependendo de condições
locais, temperatura, pH e características da urina. Durante o processo de multiplicação a
E.coli produz uma substância que facilita sua invasão chamada hemolisina um polipeptídio
que lisa os eritrócitos e causa dano a outras células, incluindo as do urotélio. Se não houver
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3 METODOLOGIA
Para realização deste estudo, foi adotada a metodologia usual de pesquisa bibliográfica
com dados coletados na biblioteca da UNIFACEX e na Biblioteca Central Zila Mamed da
UFRN, em bancos de dados como Scielo (Scientific Electronic Library Online), Google
acadêmico, RBAC (Revista Brasileira de Análises Clínicas), Agência Nacional de vigilância
Sanitária e Links da Revista Panamericana de Infectologia, Revista Ciber Saúde, Jornal
Brasileiro de Nefrologia, Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, dentre outros.
O estudo foi realizado a partir de análises de amostras de urina para Urocultura
encaminhada ao Laboratório de Microbiologia de um Hospital Particular da Cidade do
Natal/RN. Foram analisadas 3.312 uroculturas no período de 01 de janeiro a 31 de dezembro
de 2013, os dados foram coletados a partir de um relatório gerado pelo sistema Medicware do
programa Smart, onde os exames são digitados. Neste relatório serão encontrados: data do
exame, registro e nome do paciente, resultado (se positiva: nome do microorganismo), idade e
sexo.
A urina foi coletada em jato médio no frasco asséptico, pelo menos duas horas após a
última micção. Em pacientes cateterizados com sistema de drenagem fechada, deve-se coletar
a urina puncionando o látex na proximidade da junção com o sistema de drenagem,
procedendo à desinfecção do local da punção com álcool 70%. Não colher urina de bolsa
coletora. A coleta deve ser feita pela manhã, preferencialmente na primeira micção do dia, ou
então após retenção de urina de duas a três horas enviando imediatamente ao laboratório ou
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4 RESULTADOS
Este foi um estudo retrospectivo, realizado através da análise de prontuários de
pacientes atendidos em um Hospital Particular da Cidade do Natal/RN, no período de 01 de
janeiro a 31 de dezembro de 2013.
Tabela 01: Distribuição de culturas positivas e negativas por faixa etária de pacientes do gênero
feminino atendidas no período de 01 de janeiro a 31 de dezembro 2013.
0 - 21 107 37 4,3% 70 3%
22 - 49 121 32 3,7% 89 4%
Tabela 02: Distribuição de culturas positivas e negativas por faixa etária de pacientes do gênero
masculino atendidos no período de 01 de janeiro a 31 de dezembro 2013.
Krebsiela sp 86 10%
Staphylococcus sp 43 5%
Pseudomonas aeruginosa 43 5%
Proyeus mirabilis 34 4%
Strptococcus 26 3%
Enterobacter cloacae 26 3%
Outros 69 8%
Na compilação dos dados analisados das uroculturas positivas a Escherichia coli foi a
Enterobactéria Gram-negativa de maior incidência em ambos os sexos, representando 534
casos (62%) do total pesquisados. A Tabela 04 expressa a distribuição detalhada deste
microorganismo por gênero e faixa etária. É notável a maior incidência nas mulheres que
apresentaram 454 casos de urocultura positiva causadas pela E.coli o que equivale a 85% do
total compilado destacando-se as que se encontram na faixa etária de 22-49 anos apresentando
219 casos ou 41% das ITU entre homens e mulheres.
5 DISCUSSÃO
6 CONCLUSÃO
Desta forma, pode-se concluir que por ser presente na microbiota intestinal do ser
humano a E.coli tem maior frequência nos casos de ITU e que o exame bacteriológico de
urocultura é imprescindível na identificação deste e de outros microorganismos causadores
dessas ITU por apresentar um diagnóstico preciso e importante para a aplicação do tratamento
e possíveis profilaxias desta enfermidade, uma vez que, a incidência dessas infecções
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urinárias pode variar de acordo com o sexo e a idade do paciente, bem como o estado em que
o mesmo se encontra.
Trabalhos como esse devem ser realizados periodicamente, por conta da frequência
dos agentes etiológicos, sendo mais uma ferramenta no combate das infecções do trato
urinário e nosocomiais sendo uma porta de entrada para outras pesquisas (como a resistência e
sensibilidade a antibacterianos).
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