You are on page 1of 121

Iran Luiz Seabra Souza

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


CENTRO DE TECNOLOGIA - CT
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO - CAU

Iran Luiz Seabra Souza

t – house: Casas Conteiner

Trabalho Final de Graduação apresentado a


banca examinadora do curso de Arquitetura
e Urbanismo da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como requisito parcial para
a obtenção do título de arquiteto e urbanista.

Orientadora: Prof.ª Drª. Giovana Paiva de


Oliveira.

Natal, RN
Junho, 2015
Iran Luiz Seabra Souza

t – house: Casas Conteiner

Monografia apresentada em 16 de junho de 2015, à banca examinadora composta


pelos seguintes membros:

_________________________________________________
Prof. Dr. Giovana Paiva de Oliveira (Orientador)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_________________________________________________
Profa. Sandra Albino Ribeiro (Examinadora Interna)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_________________________________________________
Arquiteta Rani de Moraes Soares (Examinadora Externa)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus pelo privilégio de existir e por me dar


discernimento e coragem ao longo de toda minha vida.

Agradeço aos meus pais, Iran e Gerlane, que nunca desistiram de mim, por
sempre me apoiarem em tudo, pela atenção e esforços realizados para me
proporcionar uma educação de qualidade, por todo amor dedicados a mim e por
sempre acreditarem em mim, até mesmo quando eu não acreditava. Eu não tenho
palavras para agradecer tudo que fizeram por mim! Dedico de todo coração este
trabalho a vocês! Obrigado por tudo. Amo vocês!

Ao meu irmão, que mesmo tendo menos tempo de participação na minha


vida, sempre estava ali quando eu precisava estudar e ele dizia “Você quer me
alunar? ”, e eu ia lá e dava uma “aula” sobre tudo que eu havia estudado naquele
momento. Mal sabe ele o quanto esses estudos me ajudavam. Valeu boy!

Aos meus familiares, em especial os avós Hilda e Souzinha, minhas tias


Iriane e Íris, meus tios Irlan, Ítalo – tio Patinho, para os íntimos – e Ivinho, por terem
participação na minha formação; aos meus primos Felipe, Flávia e Fábio, os
famosos “Bibitos”, por terem tornado a minha infância algo inesquecível e que hoje
são referências para mim; e ao meu tio Paulinho, que esteve comigo nos momentos
bons e ruins da minha vida e que nunca deixou de me apoiar e ajudar no que fosse
necessário. A vocês, meu muito obrigado!

Aos amigos do Contemporâneo: Matheus, Ivo e Taíze, pelas conversas


sempre bem-humoradas, pelas discussões construtivas sobre assuntos do dia a dia
e pela amizade. Valeu galera.
Aos amigos feitos no curso de arquitetura e urbanismo, em especial a
Barbara, Marília e Maísa, pelas boas conversas e conselhos; a Lenilson, Rui, Filipe
Amorim, André, Leonardo e Willivan, por muitos BABABAS! Valeu boys!

A minha orientadora Giovana Oliveira pela confiança, por ter acreditado no


meu trabalho, por todo apoio e orientações dadas

t – house Casa Conteiner


A todos os professores do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRN pelo
conhecimento adquirido ao longo dos seis anos de curso, pelas ajudas, pelo
incentivo e por representarem um modelo a ser seguido.
Gostaria também de agradecer a pessoa que esteve comigo durante toda
caminhada de produção deste trabalho: Bruna Fernandes. Meu amor, obrigado pela
paciência, pelo apoio nos momentos mais difíceis, pela ajuda mais do que
providencial (me ajudar a fazer referências e a diagramação, não é para qualquer
um) e não menos importante, por ser a pessoa que com um sorriso, me
proporcionou os momentos mais tranquilos durante a realização desse trabalho.
Minha Linda, ainda não existe palavras que representem todo o meu agradecimento
a você! O que eu posso dizer é MUITO OBRIGADO. Esse trabalho não é só meu,
ele é nosso! Amo você do fundo do meu coração!

E por fim, agradeço a todos que de forma direta ou indireta, me ajudaram ao


longo desta jornada.

Iran Luiz Seabra Souza

t – house Casa Conteiner


RESUMO
As novas formas de pensar a moradia da sociedade contemporânea em
contrapartida a agressão ao meio ambiente promovidas por essas construções,
motivam o interesse pela elaboração de um projeto de habitações flexíveis e
sustentáveis – no sentido da viabilidade construtiva e de reutilização de materiais –
que considerem os requisitos mínimos de conforto térmico. Sendo assim, a proposta
deste trabalho é a elaboração de quatro modelos de unidades habitacionais
unifamiliares flexíveis em contêiner, os quatro foram elaborados a nível de
anteprojeto, sendo um mais detalhado. Para tanto, são elaborados estudos de
referenciais teóricos e de precedentes arquitetônicos, desenhos técnicos,
perspectivas e memorial descritivo da proposta.

Palavras – chaves: Flexibilidade, Sustentabilidade, Contêiner

t – house Casa Conteiner


LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Cobogó ................................................................................................................................ 23


Figura 2 - Brises ................................................................................................................................. 23
Figura 3 - Adobe ................................................................................................................................. 24
Figura 4 - Bambu ................................................................................................................................ 24
Figura 5 - Palete ................................................................................................................................. 25
Figura 6 - Contêiner ........................................................................................................................... 25
Figura 7 - Dimensões do Contêiner ................................................................................................. 30
Figura 8 - Dry Box .............................................................................................................................. 32
Figura 9 - Contêiner Refrigerado ..................................................................................................... 33
Figura 10 - Open Top's ...................................................................................................................... 33
Figura 11- Tank................................................................................................................................... 34
Figura 12- Flat Rack........................................................................................................................... 34
Figura 13- High - Cube ...................................................................................................................... 35
Figura 14 - Croqui Projeto Casa Contêiner .................................................................................... 36
Figura 15 - Estética Final Pavimento Inferior e Superior Respectivamente.............................. 37
Figura 16 - Canteiro de Obras .......................................................................................................... 38
Figura 17- Instalações ....................................................................................................................... 38
Figura 18 – Fase de Montagem ....................................................................................................... 39
Figura 19- Isolamento das paredes ................................................................................................. 39
Figura 20 - Telhas térmicas de poliuretano. ................................................................................... 40
Figura 21 - Telhado Verde ................................................................................................................ 41
Figura 22 - Casa Conteiner............................................................................................................... 41
Figura 23- Elemental.......................................................................................................................... 42
Figura 24- Estudo de Habitações em solos diferentes ................................................................. 43
Figura 25 - Estudo Preliminar Conjunto Habitacional Violeta Parra........................................... 43
Figura 26- Processo evolutivo na planta ........................................................................................ 44
Figura 27- Fases do projeto .............................................................................................................. 44
Figura 28- Conjunto residencial Quinta Monroy, Iquique, Chile: (a) fachada original, sem
intervenções; e (b) fachada já ocupadas, com intervenções dos moradores........................... 45
Figura 29- Conjunto residencial Quinta Monroy, Iquique; Espaço interno ................................ 46
Figura 30- Edifício 360° ..................................................................................................................... 46
Figura 31-- Edifício 360° - Construção ............................................................................................ 47
Figura 32- Edifício 360° ..................................................................................................................... 47
Figura 33- Edifício 360° - Planta Baixa ........................................................................................... 48
Figura 34- Edifício 360° - Térreo ...................................................................................................... 49
Figura 35- Edifício 360° - Cobertura com Espelho d'água........................................................... 49
Figura 36- Edifício 360° - Pavimentos de estacionamento, piscina, abrigo de depósito, casa
de máquinas e sauna......................................................................................................................... 50
Figura 37- Container: Ecology Store ............................................................................................... 51
Figura 38- Container: Ecology Store – Corrosões I ...................................................................... 52
Figura 39- Container: Ecology Store – Corrosões II ..................................................................... 52
Figura 40- Container: Ecology Store – Encaixe I .......................................................................... 53
Figura 41- Container: Ecology Store – Encaixe II ......................................................................... 54

t – house Casa Conteiner


Figura 42- Retângulo Planificado..................................................................................................... 63
Figura 43- Equação para obtenção da forma ................................................................................ 64
Figura 44-Tetris................................................................................................................................... 64
Figura 45- Peças do Tetris ................................................................................................................ 65
Figura 46- Estudo de Volumetria do Modelo 03 e 04 ................................................................... 66
Figura 47- Estudo de Volumetria do Modelo 01 ............................................................................ 66
Figura 48- Ações na Estrutura.......................................................................................................... 67
Figura 49- Croqui da Volumetria Final - Modelo 1 ........................................................................ 68
Figura 50- Croqui da Volumetria Final - Modelo 2 ........................................................................ 68
Figura 51- Croqui da Volumetria Final - Modelo 3 ........................................................................ 69
Figura 52- Croqui da Volumetria Final - Modelo 4 ........................................................................ 69
Figura 53- Estudo de Layout do Modelo 01 ................................................................................... 70
Figura 54- Estudo de Layout do Modelo 03 ................................................................................... 71
Figura 55- Estudo de Layout do Modelo 04 ................................................................................... 71
Figura 56- Estudo de zoneamento / Layout do Modelo 01 .......................................................... 72
Figura 57- Estudo de zoneamento / Layout do Modelo 02 .......................................................... 72
Figura 58- Estudo de zoneamento / Layout do Modelo 03 .......................................................... 73
Figura 59- Estudo de zoneamento / Layout do Modelo 04 .......................................................... 73
Figura 60- Modelo 01 e 02 - Área disponível no Pavto. Superior ............................................... 74
Figura 61- Modelo 03 e 04 - Área disponível no Pavto. Superior ............................................... 74
Figura 62- Módulo próprio - Dimensões aproximadas ................................................................. 75
Figura 63- Modelo 1 ........................................................................................................................... 76
Figura 64- Modelo 2 ........................................................................................................................... 77
Figura 65- Modelo 3 ........................................................................................................................... 78
Figura 66- Modelo 4 ........................................................................................................................... 79
Figura 67- Possibilidades de Ampliação – (a) Modelo 1; (b) Modelo 2; (c) Modelo; (d) Modelo
4 ............................................................................................................................................................ 80
Figura 68- Terreno Hipotético........................................................................................................... 81
Figura 69- Modelagem Alterada....................................................................................................... 82
Figura 70- Exemplo do depósito à ser construído......................................................................... 87
Figura 71- Banheiros Químicos........................................................................................................ 87
Figura 72- Terrenos com Inclinação de 0° a 10° - Sem movimentação de Terra .................... 88
Figura 73- Terrenos com Inclinação de 15² a 20° - Com movimentação de Terra .................. 88
Figura 74- Encaixe da Fundação ..................................................................................................... 90
Figura 75- Recorte realizado no Contêiner para colocação de esquadrias .............................. 91
Figura 76- Exemplo de recorte ......................................................................................................... 92
Figura 77- Corte Lateral no Contêiner ............................................................................................ 92
Figura 78- Corte no Piso e Teto do Contêiner ............................................................................... 93
Figura 79- Aplicação da Pintura a base de Poliuretâno ............................................................... 94
Figura 80- Placas Cimentícias.......................................................................................................... 95
Figura 81- Lã de Politereftalato de Etileno (PET).......................................................................... 95
Figura 82- Placas de Drywall ............................................................................................................ 96
Figura 83- Parede Knauf de Drywall (W111) ................................................................................. 97
Figura 84- Fôrro de Gesso Acartonado .......................................................................................... 98
Figura 85- Piso Elevado .................................................................................................................... 99
Figura 86- Suporte telescópico ...................................................................................................... 100
Figura 87- Aplicação do Piso de Cimento Queimado Polimérico ............................................. 100
Figura 88- Steel Deck ...................................................................................................................... 101

t – house Casa Conteiner


Figura 89- Viga Metálica - Perfil "L" ............................................................................................... 102
Figura 90 - Telha Sanduiche de Poliuretano................................................................................ 103
Figura 91- Detalhe do Shaft - Corte Esquemático ...................................................................... 103
Figura 92- Referência para Castelo D'água ................................................................................. 104
Figura 93- Instalações Embutidas ................................................................................................. 105
Figura 94 - Placa Fotovoltaica ........................................................................................................ 106
Figura 95- Pilar Metálico em Perfil I .............................................................................................. 107
Figura 96- Viga Metálica Perfil T .................................................................................................... 107
Figura 97- MUNCK ........................................................................................................................... 108

t – house Casa Conteiner


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Tipologia dos Contêineres ............................................................................................. 31


Tabela 2 - Aspectos importantes relativos aos estudos dos edifícios........................................ 54
Tabela 3 - Dimensões mínimas para cada compartimento de uma residência........................ 58
Tabela 4 - Programa de Necessidades - Modelo 01 .................................................................... 61
Tabela 5 - Programa de Necessidades - Modelo 02 .................................................................... 61
Tabela 6 - Programa de Necessidades - Modelo 03 .................................................................... 62
Tabela 7 - Programa de Necessidades - Modelo 04 .................................................................... 62

t – house Casa Conteiner


SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................................................................ 12

I - REFERENCIAL TEÓRICO

ARQUITETURA SUSTENTÁVEL .......................................................................................... 19

Projeto Sustentável .............................................................................................................. 20

Técnicas para uma Arquitetura Sustentável ........................................................................ 21

FLEXIBILIZAÇÃO NA HABITAÇÃO ...................................................................................... 26

Tipos de Flexibilidade ........................................................................................................... 26

O CONTÊINER................................................................................................................ 29

Dimensões, unidades e capacidades dos contêineres ........................................................ 30

Tipos de contêineres ............................................................................................................ 31

ESTUDOS DE REFERÊNCIA ............................................................................................... 35

Casa Corbas – São Paulo – Brasil ............................................................................... 36

Conjunto Habitacional Violeta-Parra – Chile ............................................................... 41

Edifício 360° – São Paulo – Brasil............................................................................... 46

Container: Ecology Store – Brasil .............................................................................. 50

II - PRECEDENTES PROJETUAIS

CONDICIONANTES LEGAIS............................................................................................... 57

CONDICIONANTES FUNCIONAIS....................................................................................... 59

PARTIDO ARQUITETÔNICO .............................................................................................. 63

III -ANTEPROJETO

MEMORIAL DESCRITIVO ................................................................................................. 84

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................109

REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 112

APÊNDICE ..................................................................................................................................... 117

t – house Casa Conteiner


12

INTRODUÇÃO

A construção civil é uma das atividades mais impactantes ao meio ambiente,


seja pela produção ou extração de matéria prima, seja pelo transporte dos materiais
que fazem uso nas diversas obras. A energia gasta e os consequentes resíduos
produzidos formados, que se perdem ao longo do processo, são altíssimos e
desproporcionais ao consumo do material. Tais procedimentos e o seu desperdício
na construção, corroboram com os crescentes aumentos de entulhos, o que
contribui para a fragilidade dos ecossistemas ao entorno. Esta atividade tem se
destacado como área promissora em relação à busca da sustentabilidade, pois
possibilita compreender tanto tecnologias mais limpas quanto materiais mais
sustentáveis. Para tanto, o crescente interesse na redução de impactos ambientais
associados ao setor da construção civil na fase de fabricação ou na utilização
desses materiais, estão contribuindo para a desmistificação das novas formas de
construção.

Arquitetura ecoeficiente ou sustentável, como é mais conhecida, faz uso de


técnicas da bioarquitetura, intervenções conscientes e planejadas, que buscam
satisfazer as necessidades humanas, em concordância às condições naturais locais,
empregando de forma sustentável os recursos, gerenciando sua procedência, seu
uso, o destino dos resíduos gerados, sua reciclagem, e por fim, buscando preservá-
los para as gerações futuras.

Mesmo que a inserção de práticas de sustentabilidade na construção seja


uma tendência crescente no mercado, ainda se faz necessário que o setor da
construção invista cada vez mais nesta área. A mudança na forma de produzir e
gerir as obras, podem contribuir para uma introdução progressiva da
sustentabilidade, procurando soluções que sejam economicamente viáveis para a
construção.

O Conselho Internacional para a Pesquisa e Inovação em Construção (CIB)


define a construção sustentável como:

t – house Casa Conteiner


13

O processo holístico para restabelecer e manter a harmonia entre os


ambientes natural e construído e criar estabelecimentos que
confirmem a dignidade humana e estimulem a igualdade econômica
(CIB, 2002).

Podemos observar que o Conselho fala em “restabelecer e manter a


harmonia”, isso porque muitos processos que fazem aproveitamento sem uso de
elementos externos de fatores naturais, como luz, calor, ventilação, entre outros,
foram abandonados com o aparecimento de tecnologias de aquecimento e
resfriamento artificiais. Pequenas mudanças, adotadas por todos, podem trazer
grandes benefícios sem grandes impactos no custo final do empreendimento. O
conhecimento de construção sustentável deve estar presente em todo o período de
vida do empreendimento, desde sua concepção, execução e possível desconstrução
ou demolição.

A habitação com qualidade é uma necessidade que deve ser satisfeita sem
comprometimento dos ecossistemas existentes, levando as empresas a assumirem
uma postura ética com relação às origens dos materiais empregados, a forma de
sua utilização e o seu reaproveitamento ou reciclagem. O surgimento de materiais
alternativos e a possibilidade de investimento nos mesmos para construção,
desperta o interesse pelo tema da sustentabilidade na habitação. Sua adoção é “um
caminho sem volta”, uma vez que tais como governos, consumidores, investidores e
associações – alertam, estimulam e pressionam o setor da construção a incorporar
essas práticas em suas atividades.

Para a elaboração da proposta de Habitação social, objeto de estudo deste


trabalho, foi escolhido o reuso de contêiner. No caso do contêiner, trata-se de um
recipiente de metal ou madeira, geralmente de grandes dimensões, destinado ao
acondicionamento e transporte de carga em navios, trens etc. e que foi recém
inserido no mercado brasileiro de construção civil, por possuir grande potencial
construtivo.

Dentre suas características podemos destacar como pontos primordiais para

t – house Casa Conteiner


14

sua escolha: a modulação, a rapidez, o baixo custo de execução e sua inserção no


âmbito da sustentabilidade. Os mesmos são responsáveis atualmente, pelo
transporte de 95% de toda a carga mundial. Estima-se que existem atualmente mais
de 17 milhões de contêineres pelos portos de todo o mundo. Segundo a empresa
jovem de Brasília, a Esser Arquitetura e Engenharia Sustentável, um contêiner foi
feito para enfrentar diversas intempéries e pode resistir aproximadamente 10 anos
no mar, e após esse tempo de uso eles são abandonados. Entretanto, sua vida útil,
quando empregado na construção civil, é de cerca de 90 anos.

O uso do contêiner na construção civil ainda tem demonstrado que pode


facilitar a distribuição dos ambientes e a adoção de formas plásticas agradáveis,
particularmente se considerada sua maleabilidade e modulação, assim como a
estrutura original permite adotar a flexibilidade, como elemento importante para a
concepção estética das edificações.

Essa constatação é importante porque, em geral, verifica-se nas habitações


construídas no Brasil, especialmente nas habitações sociais, uma certa tendência de
serem frequentemente modificadas por seus moradores, particularmente nas
habitações em que o morador não acompanha a concepção do projeto arquitetônico.
Essas modificações quase sempre mostram a falta de interação entre o projeto
arquitetônico original e as respostas e demandas intrínsecas às necessidades dos
usuários. Para Digiacomo e Szücs, (2003, apud Marroquin, 2007):

Entende-se por habitação flexível aquela que permite que seus


moradores a adaptem aos seus desejos e necessidades sem grandes
obras ou investimentos financeiros (DIGIACOMO e SZÜCS, 2003,
apud MARROQUIN, 2007)

Nesse contexto, este trabalho tem por objetivo geral propor desenvolver
quatro duplex de unidades habitacionais, sendo os quatro desenvolvidos a nível de
projeto anteprojeto, utilizando o Contêiner – sistema construtivo que começa a ser
muito utilizado no âmbito da construção civil, particularmente porque refere a uma
possibilidade de uso que evidencia a sustentabilidade – que permite também ser
analisado do ponto de vista de parâmetros de flexibilidade em habitações e
princípios de conforto térmico. Dessa maneira, pretende-se alcançar os objetivos
específicos:

t – house Casa Conteiner


15

1. Pesquisar sobre os contêineres e suas exigências na construção civil,


considerando aspectos de verticalização;
2. Desenvolver propostas que sejam adaptáveis às necessidades de diferentes
famílias seguindo princípios da flexibilidade e sustentabilidade;
3. Identificar diretrizes para o projeto que abordem aspectos mínimos de
conforto ambiental – Ventilação e Iluminação natural – que sejam compatíveis
com o contêiner e suas peculiaridades, mesmo que os projetos não sejam
previstos para uma área especifica;
4. Analisar casos de habitações que utilizam o contêiner, identificando suas
diferentes tipologias, aspectos funcionais e construtivos.

Definidos esses critérios, o trabalho foi dividido em três partes. A parte I,


referente ao embasamento teórico e empírico da proposta, compreende a
apresentação do procedimento metodológico adotado; referencial teórico acerca do
tema de pesquisa, abordando sobre o uso do contêiner na construção civil, as
exigências e soluções para torná-lo habitável, apresentando estratégias
recomendadas para uma arquitetura sustentável e bioclimática; os conceitos e
aplicações da flexibilidade em habitações e, por fim, referências arquitetônicas que
abordem alguns desses conceitos.

Inicialmente a revisão bibliográfica, que terá como objetivo entender o


funcionamento e os procedimentos necessários para a realização do projeto
proposto. Vale ressaltar, que esta revisão tem dois enfoques principais: O uso do
contêiner dentro do âmbito da sustentabilidade e a Flexibilidade na arquitetura,
sendo ambos norteadores na produção teórica empírica do Trabalho Final de
Graduação - TFG.

Para entender o contexto teórico que fundamenta a questão proposta por esse
TFG, partimos da compreensão de que é necessário entender e justificar o conceito
de Arquitetura Sustentável, os significados que envolvem sua definição e os
princípios, formas de utilização, até a inserção do contêiner na discussão sobre
sustentabilidade. Foram utilizados como referências principais: Assis e Colombini
(2005), Todd, Benjamin e Todd (2007) e Melhado (2013).

As discussões sobre flexibilidade, que foram pesquisados principalmente em

t – house Casa Conteiner


16

Tramontano (1993), Finkelstein (2009), Brandão e Heineck (2007) e Rossi (1998).


Nas referências encontradas, a flexibilidade será tratada nos seguintes aspectos:
Formas de Flexibilização e Expansibilidade projetual.

Além da realização da revisão bibliográfica, foram realizados estudos de


referência projetuais diretos e indiretos, que contribuíram para fase inicial de
projetação. Dentre as inúmeras aplicações do Contêiner na construção civil e,
particularmente, na arquitetura. Para melhor organizar o que será extraído de cada
referência, elaborando uma lista de interesses e identificando aspectos de
Sustentabilidade, Flexibilidade, Funcionalidade, Conforto Ambiental e Estética.

Com o referencial teórico e empírico desenvolvido, iniciou-se o desenvolvimento


das ideias iniciais, onde são apresentadas as primeiras propostas baseadas nos
estudos e análises dos condicionantes projetuais, possíveis zoneamentos e
programa de necessidades. Por meio dos estudos preliminares são propostas
diferentes soluções, desenvolvendo assim um partido arquitetônico.

Por fim, com o referencial teórico e empírico desenvolvido, foi iniciada a


apresentação do partido arquitetônico e evolução da proposta, fase que consiste nas
ideias iniciais, onde são apresentadas as primeiras propostas baseadas nos estudos
e análises dos condicionantes projetuais, possíveis zoneamentos e programa de
necessidades.

A parte II, tratará do pré-projeto, com a apresentação da área de inserção e suas


características, além do terreno escolhido e seus condicionantes projetuais, bem da
definição e elaboração do programa de necessidade, zoneamento e apresentação
do desenvolvimento do partido arquitetônico e dos estudos preliminares. Por meio
dos estudos preliminares são propostas diferentes soluções, desenvolvendo assim
um partido arquitetônico. Foram desenvolvidos nesta etapa, desenhos técnicos,
perspectivas e memorial descritivo-justificativo.

A parte III apresentará o resultado do anteprojeto de um dos modelos, como


proposta final para esta pesquisa, através do memorial descritivo-justificativo,
representação gráfica do projeto e as considerações finais sobre o desenvolvimento
do trabalho.

t – house Casa Conteiner


17

Por fim, são apresentadas considerações finais explicitando quais as possíveis


contribuições do trabalho, suas dificuldades e limitações.

t – house Casa Conteiner


18

I REFERENCIAL TEÓRICO E EMPÍRICO

t – house Casa Conteiner


19

ARQUITETURA SUSTENTÁVEL

O conceito de desenvolvimento sustentável foi utilizado pela primeira vez,


como resposta às preocupações inerentes ao desgaste do meio ambiente, no clube
de Roma em 1968. Ao longo do tempo, percebeu-se que as variáveis visões de
progresso e preservação do meio ambiente passaram a ser divergentes, uma vez
que o desenvolvimento de novas tecnologias para a época, era algo distante e ainda
inimaginável.

A partir dos anos 70, observa-se uma crescente e importante evolução quanto
a preocupação em relação as consequências da forma de desenvolvimento utilizada,
sendo assim, passou a ocupar a pauta de prioridades, em virtude da constatação de
que os recursos ambientais começavam a se deteriorarem numa velocidade
desorientadora, chegando, inclusive, a observarem em alguns casos sua total
destruição e extinção.

Em 2003, na tentativa de equacionar tais variáveis, surge o conceito de


construção sustentável, definido por Adam (2001) como o conjunto de estratégias de
utilização do solo, o projeto arquitetônico e a construção em si buscam reduzir o
impacto ambiental e visam a um menor consumo de energia, à proteção dos
ecossistemas e mais saúde para os ocupantes.

Ao se tratar do conceito de Arquitetura Sustentável, percebe-se a


necessidade da abordagem para um novo contexto, que pode ser localizado em
âmbito global. Ou seja, atualmente, o homem vem sendo considerado o maior
causador de graves problemas, sendo inclusive relacionados ao meio ambiente, por
causa do aumento na incidência de furações, enchentes, terremotos, maremotos
entre outros.

t – house Casa Conteiner


20

Projeto Sustentável

A discussão que os especialistas vêm travando na atualidade diz respeito às


estratégias necessárias para garantir a superação de desafios relacionados às
construções saudáveis, sociais, econômicas e ambientais. Segundo Day (1990), a
arquitetura é causadora de danos ao meio ambiente de modo que os arquitetos têm
dado ênfase à dimensão ambiental, com a adaptação da execução do projeto
arquitetônico aos processos naturais, o que tem sido chamado como projeto
sustentável.

É dentro desta perspectiva que surgem as chamadas Edificações


Sustentáveis, idealizadas para fazer o uso racional de recursos naturais, utilizar
materiais ecologicamente corretos e alterar o mínimo possível o ambiente no qual
estão inseridas. Dessa forma, a edificação consume menos energia, água e outros
recursos naturais, considerando e respeitando o ciclo de vida dos materiais
utilizados. Para isso o projeto contém outros campos de conhecimento fora a
arquitetura, como a engenharia, reciclagem, reutilização, sociologia e ecologia.

A fase de concepção do projeto das edificações se torna, então, uma etapa


fundamental, quando são considerados aspectos ambientais, o entorno e a gestão
dos recursos, bem como a especificação de materiais, onde são privilegiados os
materiais naturais e recicláveis em geral. Ao iniciar o projeto, uma das primeiras
preocupações dos arquitetos tem sido buscar o conhecimento do local bem como as
condições ambientais, informações sobre a população local, como a cultura e o
conhecimento tradicionais. Melhado (2013), diretora da Proactive Consultoria1
explicita que “o projeto sustentável deve ser desenvolvido por profissionais
capacitados que trabalhem de forma integrada desde a concepção projetual, e que
este grupo responda a um coordenador” ou seja, os possíveis problemas
encontrados durante a execução da obra, podem ser diminuídos.

Para Assis e Colombini (2005), a caracterização da sustentabilidade de uma


construção vem do processo na qual foi projetada, executada e da somatória das
técnicas utilizadas em relação ao seu local de implantação e ao entorno do mesmo.

1
Empresa especializada em Gestão de Projetos e Sustentabilidade Empresarial.

t – house Casa Conteiner


21

Sendo assim, pode-se fazer comparações entre projetos e afirmar o grau de


sustentabilidade de cada construção.

O projeto, segundo Todd e Todd (1994) “deve ter o mundo vivo como matriz;
deve seguir, não se opor às leis da vida; deve se basear em fontes renováveis de
energia e, dessa forma, ser sustentável pela integração dos sistemas vivos”. Ou
seja, a habitação com qualidade é uma necessidade que deve ser satisfeita sem
comprometimento dos ecossistemas existentes.

As empresas que desejam trabalhar na aplicação destes projetos sustentáveis


devem assumir uma postura ética com relação às origens dos materiais
empregados, a forma de sua utilização e o seu reaproveitamento ou reciclagem.
Nesse sentido, o Brasil apresenta grande potencial para desenvolver estratégias
bioclimáticas e sustentáveis. Para isso se deve investigar os impactos que seriam
causados ao meio ambiente com a implantação do projeto, para poder fazer o
levantamento das possibilidades de tornar o mesmo sustentável.

Ao visar um projeto sustentável outra vertente que está associada ao mesmo


é a responsabilidade ambiental, que propõe o uso das potencialidades do local onde
o projeto quer ser inserido, ou seja, implantar de forma cuidadosa o edifício numa
paisagem natural do local escolhido, ou inserir numa área ocupada que deva ser
reutilizada, ou até mesmo restaurar locais que já foram degradados com antigas
construções e adaptá-lo ao espaço desejado para inserção da construção.

Técnicas para uma Arquitetura Sustentável

A utilização dos recursos naturais é a forma mais simples e mais utilizada


para produzir a arquitetura ecologicamente correta e tem necessariamente a
finalidade de obter qualidade térmica, por meio da substituição do uso dos
industrializados. A arquitetura sustentável deve se ater aos aspectos naturais e ao
clima, como afirma Assis e Colombini (2005):

Uma arquitetura bioecológica é aquela sustentável e deve,


fundamentalmente, levar em conta o espaço na qual será implantada.

t – house Casa Conteiner


22

Os aspectos naturais são de extrema importância para se projetar


com estes fins. Se respeitadas, as condições geográficas,
meteorológicas, pográficas, aliadas às questões sociais, econômicas
e culturais do lugar é que definirão o quão sustentável a construção
será. Assim, algumas soluções aplicadas a uma construção no campo
podem não ser sustentáveis em outra na cidade e vice versa. Uma
construção sustentável deve respeitar e aproveitar o que cada tipo de
clima oferece no local ao qual está inserida.

Observa-se que para a incorporação da sustentabilidade na arquitetura de


projetos exige o respeito às características do meio em que a edificação será
construída, seja do ponto de vista das condições físicas, técnicas ou climáticas. E,
com isso, almejar o rebatimento nas escolhas projetuais, que pode ocorrer por meio
do aumento de janelas que garantem maior distribuição de luz, que
consequentemente diminui a quantidade de lâmpadas e aumentam a entrada de
ventilação, é um fator que contribui para a redução dos custos finais da obra. Outro
aspecto que só é possível e deve ser considerado na fase inicial do projeto, é a
orientação do edifício construído, que deve seguir as condições bioclimáticas da
região, e observar as posições em que o edifício sofrerá com o maior e menor tempo
de isolação durante o dia. Isso deve ser feito de maneira a adequar o
posicionamento da edificação em relação as posições do sol e direções do vento,
além de observar a possibilidade de inserção de vegetação, quando for necessário.

É importante salientar que quando não há possibilidade ou existe divergência


em algum fator para realização do projeto, existem elementos arquitetônicos como
brises solei e cobogó, que podem suprir tais necessidades e que não interferem no
grau de sustentabilidade do edifício.

t – house Casa Conteiner


23

Figura 1- Cobogó

Fonte: http://1.bp.blogspot.com/-
y7bkSK1muh0/USF83Pf2yGI/AAAAAAAAADo/C6qMNj8cWis/s1600/cobogos.jpg

Figura 2 - Brises

Fonte: http://www.cemear.com.br/wp-content/gallery/brises/brise-aeroscreen.jpg (2015)

Por outro lado, a utilização de materiais


considerados ecológicos (ecoeficientes), produzidos com menor impacto no meio
ambiente, é também uma prática considerada sustentável. Entre os mais utilizados
na construção civil, podem ser citados: o adobe, tintas sem componentes voláteis
tóxicos, bambu, paletes, contêineres, entre outros. Efetivamente, em relação à sua
utilização, os materiais regionais são priorizados na construção sustentável, pois
reduzem o percurso de transporte e emissão de gás carbônico da queima do

t – house Casa Conteiner


24

combustível e priorizam o desenvolvimento do comércio/indústria regional.

Figura 3 - Adobe

Fonte: http://blog.lib.umn.edu/victor/hereandthere/Images/Chinchero-1.jpg

Figura 4 - Bambu

Fonte: http://www.agencia.ac.gov.br/noticias/wp-content/uploads/2015/01/bambu.jpg (2015)

t – house Casa Conteiner


25

Figura 5 - Palete

Fonte: http://www.eccoarquitetura.arq.br/wp-content/uploads/2015/04/wooden_pallets_home.png
(2015)

Figura 6 - Contêiner

Fonte: http://www.manutencaoesuprimentos.com.br/imagens/alta-de-importacoes-aumenta-os-
conteineres-na-baixada-santista_.jpg

Ainda hoje é possível encontrar no meio urbano, situações visivelmente não


sustentáveis, como por exemplo edificações sem conforto térmico/acústico
necessitando de elevado consumo de energia, mas é notório os esforços realizados
pelos setores da construção civil, que buscam alternativas para solucionar tais
problemas. Dessa forma, ressalta-se a necessidade da inserção de profissionais que
possuam embasamento e que possam pôr em pratica princípios da sustentabilidade,
não só na construção civil, mas também no âmbito urbano.

t – house Casa Conteiner


26

FLEXIBILIZAÇÃO NA HABITAÇÃO

A habitação como problema ganhou destaque no contexto da arquitetura


internacional a partir da década de 1920, com o advento das crises habitacionais
que assolavam o mundo. Atualmente são notórios os investimentos pela iniciativa
pública nesta área. O surgimento do programa “Minha Casa, Minha Vida” em 2009,
deu impulso a produção habitacional do país e significou a volta do investimento por
meio de uma Política Habitacional como política pública. Contudo, é observado por
muitos analistas que a falta de normatização do atual Programa de investimento
deixa a desejar quanto à qualidade das habitações que estão sendo largamente
construídas em todo o território brasileiro.

Por outro lado, o mérito desta política resulta no enfrentamento do Déficit


Habitacional que carece de ser enfrentado e resolvido no Brasil. Para Fernandes
(2003), a Habitação desempenha três diferentes funções: Função Social, Ambiental
e Econômica, que juntas, oferecem ao usuário uma gama de opções e geram
constantes mudanças do local residido. Sente-se a necessidade, então, de oferecer
mais versatilidade ao que é construído.

Esclarecemos que neste trabalho não será tratado o modelo ou a Política


Habitacional propriamente dita, pois não foi objetivo analisar ou utilizar os
parâmetros indicados nacionalmente como referência fundamental, embora estes
tenham balizado a definição das áreas das unidades habitacionais propostas.

Tipos de Flexibilidade

A flexibilidade na arquitetura pode ser ligada a capacidade de adaptação de


um edifício a diferentes situações, sejam elas relacionadas ao local inserido o
projeto ou pelo perfil do usuário. Flexibilidade refere-se à ideia de acomodar as
alterações ao longo do tempo. No caso desse estudo, podemos associar ao que Till

t – house Casa Conteiner


27

e Scneider (2005), quando afirmam que a residência flexível corresponde a “uma


casa que pode se adaptar às necessidades de mudanças do usuário”, o que para
eles, refere-se à necessidade dos usuários e aos diferentes padrões familiares da
contemporaneidade.

Para nós, amparado por Brandão e Heineck (2007), é interessante


compreender a flexibilidade a partir do setor imobiliário, que para esses autores
podem ser identificados como: a flexibilidade permitida ou a planejada. A
flexibilidade permitida consiste na possibilidade de modificar ou personalizar o
projeto quando somente é oferecido uma opção inicialmente. Essa única opção
oferecida pode ser uma planta baixa livre, em que o proprietário tenha liberdade de
criar seu próprio projeto, ou pode ser representada por uma única opção de planta
baixa, que pode receber algumas alterações propostas pelos clientes, se aceitas
pelas construtoras. Por outro lado, a flexibilidade planejada se caracteriza pela
oferta, por parte da construtora, de várias opções de plantas baixas, para o cliente
escolher.

Outros autores, também tratam desse assunto. Por exemplo, Finkelstein


(2009) propõe outra classificação agrupando em duas categorias, uma vez que
vários fatores podem interferir e provocar a flexibilidade. A primeira é a flexibilidade
intrínseca, que ao ser proposta não leva em consideração as possíveis mudanças
futuras, e a de forma projetada, que se caracteriza por prevê e projetar tais
modificações. Ele ainda observou que a flexibilidade ocorre nos projetos de acordo
com dois fatores básicos: os projetados para uma arquitetura neutra ou os que
oferecem opções de flexibilidade. Para melhor identificar, o mesmo definiu duas
subcategorias para flexibilidade intrínseca (Espaços neutros; Possibilidades de
transposição de Espaços e Flexibilidade Inicial, várias alternativas de plantas para
escolha) e cinco para flexibilidade de forma projetada (Várias possibilidades de
layout, Mudanças ao longo do dia/noite2, Projetos Inacabados, Projetos expansíveis,
Possibilidade de Subdividir/Integrar espaços). É importante ainda destacar dois
elementos facilitadores da flexibilidade definidos por Finkelstein (2009): Estrutura
independente, que por ser separada da estrutura portante da vedação, pode

2
Possibilita que atividades diurnas, como estudo e brincadeiras de crianças, possam ser utilizadas em áreas
previstas ao descanso/dormir, ou seja, noturnas.

t – house Casa Conteiner


28

possibilitar a criação de espaços ou a definição dos mesmos, e a Modulação, que


propicia a edificação uma arquitetura neutra.

Já Tramontano (1993), ao dissertar sobre o assunto, define a existência de


dois tipos de flexibilidade para habitações: a inicial e a permanente, sendo a primeira
caracterizada por permitir diversas mudanças, através da realização de reformas e a
segunda por aceitar a reordenação do espaço de forma permanente, de maneira
simples e sem necessidade de reformas.

Para análise da Flexibilidade na tipologia da habitação, Fischer (2003) aborda


a flexibilidade quanto ao dimensionamento do espaço arquitetônico, que é definida
como a possibilidade de realização de modificações internas e externas, sem que
isso agrida a forma arquitetônica em sua concepção original. Em seguida, ele
disserta quanto à utilização ou função do espaço, que nada mais é que a
coexistência ou compartilhamento de dois ou mais tipos de usos no mesmo
ambiente. Por fim, temos a flexibilidade quanto ao processo construtivo empregado,
definida como a que apresenta facilidade para troca de componentes construtivos no
interior de uma unidade habitacional, que normalmente é de difícil execução.

A expansibilidade, como princípio presente nas ações de expansão da


habitação de interesse social pode-se embasar por dois conceitos dominantes neste
assunto: a Adaptabilidade e a Flexibilidade. Outra abordagem da expansibilidade da
habitação, denominada por Brandão e Heineck (2007) como ampliabilidade, foi
definida como “a forma corrente de responder às exigências de polivalência à qual
recorrem especialmente os usuários das faixas menos favorecidas”. Neste ponto, os
autores propõem algumas diretrizes gerais de ampliação da flexibilidade em
habitações, fornecendo embasamento para expansibilidade.

A criação de ambientes reversíveis, com a inclusão de dois ou mais acessos


para o ambiente, torna-o mais versátil, convertendo-o a multiuso. Este por sua vez,
deve está situado em uma posição estratégica na planta, geralmente mais
centralizado, propiciando contribuir com a flexibilidade do projeto. É característica da
flexibilidade do projeto arquitetônico a alternância entre isolar e integrar ambientes.
Isto pode ser feito através de portas ou por divisórias, que possam substituir as
paredes tradicionais e facilitem mudanças futuras, sendo bastante difundido e

t – house Casa Conteiner


29

aconselhado para habitações pequenas, como forma de gerar a sensação de


ampliação do espaço.

É importante ressaltar que, para realizar um bom projeto flexível, não existe
uma fórmula pronta. A forma e a intensidade com que as estratégias de flexibilização
podem ocorrer, incluindo os recursos e meios para sua implementação no processo
de produção, dependerão dos segmentos de mercado envolvidos, ou seja, para
cada opção de atuação escolhida, uma formulação de estratégia será realizada.

O CONTÊINER

O termo inglês container, conhecido em português como contêiner ou


contentor, é um equipamento utilizado para transportar carga. No início das grandes
navegações marítimas, as mercadorias eram transportadas em tonéis, uma vez que
eram resistentes e de fácil manuseio.

Durante muito tempo foi o sistema ideal para enfrentar as grandes


dificuldades existentes nas operações de embarque e desembarque de mercadoria.
Ao decorrer do tempo, com o desenvolvimento da engenharia naval e consequente
construção de navios com maiores capacidades gravimétricas3, fazendo com que o
problema passasse para segundo plano. Neste período o que interessava mais era a
resolução do problema espaço, uma vez que o tonel, mesmo sendo eficaz, ocupava
muito espaço e não estava mais sendo suficiente para tal. Sendo assim, após
debates no âmbito internacional dos transportes marítimos, chegou-se a definição de
uma norma: a então proposta “embalagem” deveria ser metálica, suficientemente
forte, resistente ao constante uso e de dimensões modulares.

3
Análise gravimétrica é está baseada na medida direta ou indireta da massa de um ou mais constituinte de
uma amostra.

t – house Casa Conteiner


30

Dimensões, unidades e capacidades dos contêineres

No Brasil, de acordo com as recomendações da International Standard


Organization (ISO), as unidades e medidas utilizadas na padronização dos
contêineres são as inglesas Pés e Polegadas – do inglês, respectivamente Feet e
Inch – representadas por uma e duas aspas e que são equivalentes respectivamente
a 30,48 cm e 2,54cm.

Embora tenham várias medidas padronizadas, normalmente são utilizados os


contêineres de 20’ e 40’, aproximadamente pouco mais de seis e doze metros de
comprimento, não havendo grande diferença para as demais dimensões. Essas
medidas são uniformizadas devido a padronização dos navios quanto as suas baias
para ambas unidades, sendo que para a de 40’, pode-se transportar duas unidades
de 20’, sendo esses os mais utilizados.

Figura 7 - Dimensões do Contêiner

Fonte: http://www.casa-de-container.com/files/2015/01/container-40-vs-20.jpg (2015)

Para o peso máximo suportado quando carregados, devem seguir o permitido


que é marcado em sua porta, de acordo com as unidades atualmente existentes.
Assim são de até 30 toneladas, para o de 20’ e de 36 até 48 toneladas para o de 40’,
possuindo 2,3 toneladas e 4 toneladas de tara4, respectivamente. Embora suportem
grandes cargas, alguns países controlam o limite máximo de peso para o transporte
de contêineres via terrestre, a chamada road limitation, impedindo o uso total da sua
capacidade.

4
Peso próprio do Contêiner.

t – house Casa Conteiner


31

O volume útil médio dos contêineres de 20’ é de 30 a 33 metros cúbicos e o


de 40’ é de 60 a 67 metros cúbicos, enquanto sua carga útil média é de 28.000
quilogramas. Um aspecto bastante importante, que não podemos deixar de citar, é a
diferença entre os espaços útil e o volume efetivamente ocupado pela carga
acondicionada, muitas vezes provocada pela incompatibilidade de dimensões das
embalagens com o espaço disponível no interior dos contêineres.

Tipos de contêineres

A tipologia do contêiner está correlacionada ao seu uso. Como já foi citado


anteriormente, os contêineres mais utilizados são os de 20’ e 40’, entretanto, hoje
em dia existem diversos tipos de contêineres, que devem ser citados. Sendo assim,
elencando-se de maneira resumida e objetiva os tipos e suas respectivas
características e utilizações, temos a tabela abaixo.

Tabela 1 - Tipologia dos Contêineres

TIPO COMPRIM.5 Dim. Externas Dim. Internas CAPACIDADE


CxLxA CxLxA Peso/Volume t/m³

Dry Box 20’ 6.058x2.438x2.591 5.900x2.352x2.395 21,6/33,2

Dry Box 40’ 12.192x2.438x2.591 5.900x2.352x2.395 26,5/67,7

Dry/High
40’ 12.192x2.438x2.896 12.022x2.352x2.696 26,3/76,2
Cube

Reefer 20’ 6.058x2.438x2.591 5.498x2.270x2.267 25,4/28,3

5
Essas medidas chamadas “padrões” podem ser utilizados para cálculo de acondicionamento de carga,
lembrando-se que existe variações de alguns centímetros para mais ou menos, dependendo do material
utilizado na construção do contêiner.

t – house Casa Conteiner


32

Reefer 40’ 12.192x2.438x2.591 11.151x2.225x2.169 26,0/55,0

Open Top 20’ 6.058x2.438x2.591 5.900x2.352x2.395 21,6/3,2

Open Top 40’ 12.192x2.438x2.591 12.020x2.350x2.342 26,5/67,7

Flat Rack 20’ 6.058x2.438x2.591 5.798x2.408x2.336 21,6/33,2

Flat Rack 40’ 12.192x2.438x2.591 12.092x2.404x2.002 26,5/67,7

Plataform 20’ 6.058x2.438 6.020x2.413 21,6/33,2

Plataform 40’ 12.192x2.438 12.150x2.290 26,5/67,7

Tank 20’ 6.058x2.438x2.591 x 19/23 mil l

Adaptado pelo autor (2015)

O contêiner básico intermodal com portas finais e laterais, chamados de Dry


Box, são acomodáveis para cargas gerais não requerendo controle de meio
ambiente quando em rota, são usados para carregamentos geralmente secos, como
alimentos, roupas e móveis. Para o mesmo tipo, existe o contêiner Ventilado,
equipado com portas ventiladas nos finais ou laterais, e usadas para cargas
geradoras de calor, que necessitam de maior proteção contra problemas de
condensação.

Figura 8 - Dry Box

Fonte: http://www.ibfreight.com.br/ferramentas/containers-img/dry-20.jpg

t – house Casa Conteiner


33

Isolantes e equipadas com sistema de refrigeração embutido, os contêineres


refrigerados são utilizados para carregamentos que requerem maior atenção quanto
a temperatura, sendo possível controlá-la.

Figura 9 - Contêiner Refrigerado

Fonte: http://www.cumminspowerblog.com/pt/files/2011/12/Grupo-Gerador-Diesel-PowerBox-20X1.jpg
(2011)

Já os utilizados para carregamentos mais pesados, os Opens Top’s são


utilizados para transportar itens “desjeitosos”, onde a fase de carga e/ou descarga
seja impraticável ser realizada pelas portas finais e laterais. Esses contêineres são
equipados com cobertura de tecido, que os diferenciam dos Dry Box.

Figura 10 - Open Top's

Fonte: http://www.containers4saleuk.com/wp-content/uploads/2014/06/opentop-201.jpg (2014)

t – house Casa Conteiner


34

Para transporte de volumes líquidos ou de produtos químicos secos usa-se o


contêiner do tipo Tank, que possui altos níveis de especificações, sendo utilizados
algumas vezes para carregamento de materiais perigosos.

Figura 11- Tank

Fonte: http://refrigerated-container-rental-usa.com/wp-content/uploads/2013/08/iso-tank-container-
3.jpg

Disponíveis em vários modelos e tamanhos, as Flat Rack são usadas para


transportar madeiras, produtos de moinho pesados e, por possuírem largura
considerável, transportam também maquinário e veículos. Alguns são equipados
com laterais removíveis, o que facilitam a retirada das cargas.

Figura 12- Flat Rack

Fonte: http://www.shippingcontainers24.com/wp-content/uploads/2011/11/flatrack_container.jpg

Por fim, os High – Cube são utilizados para cargas de alto volume, baixo peso

t – house Casa Conteiner


35

e que podem aumentar sua área cúbica.

Figura 13- High - Cube

Fonte: http://hartmannprojectlines.com/uploads/3/1/3/6/31368881/_7320531_orig.png

ESTUDOS DE REFERÊNCIA

Estudos Indiretos

Objetivando melhor compreensão do que já foi apresentado de forma teórica,


sente-se a necessidade de estudar projetos em que foram empregados os conceitos
destacados, podendo avaliar os pontos positivos e negativos de cada obra e aplicar
os conhecimentos no projeto a ser desenvolvido.

Para facilitar as análises das referências projetuais, serão considerados os


elementos que permitem definir o grau de flexibilidade em uma edificação, definidas
por Finkelstein (2009) - Estrutura Independente; Modulação; Paredes divisórias
internas leves; Divisórias móveis; Mobiliário como divisória; Núcleos de circulação
vertical; Núcleos de Banheiros e Cozinha; Shafts; Fachada Livre; Grelha; Brise-soleil

t – house Casa Conteiner


36

e Varandas; Ambiente Único com ausência de divisórias internas; Pisos Elevados;


Armários Embutidos e Terraços.

Dessa forma foram escolhidas referências funcionais e estéticas, mas com


enfoques diferenciados. Para estudo Indireto serão utilizados: Casa Corbas
(Sistema Construtivo), Conjunto Habitacional Violeta Parra (Flexibilidade em
Habitações Minimas) e o Edificio 360° (Flexibilidade em Habitação). Para estudo
direto será utilizado o Ecology Store (Sistema Construtivo).

Casa Corbas – São Paulo – Brasil

Inaugurada em 2011, projetada e de propriedade do arquiteto Danilo Corbas,


teve sua construção realizada em apenas seis meses. Os contêineres foram
comprados na cidade de São Vicente, no estado de São Paulo e transportados por
carretas até a Granja Viana, região da grande São Paulo. Chegaram ao terreno já
desamassados e com espaços de portas e janelas já recortados. A residência de
196 m² de área útil, foi construída a partir da montagem de quatro contêineres
marítimos inutilizados, adaptados para abrigar e ser habitado.

Figura 14 - Croqui Projeto Casa Contêiner

Fonte: http://www.tecto.com.br/Images/Conteudo/Noticias/2011/05/06/Croqui-do-projeto-Casa-
Container.jpg (2011)

t – house Casa Conteiner


37

O programa da residência está disposto em quatro contêineres, que juntos


formam a estrutura da casa, sendo dois dispostos no pavimento inferior, onde está
localizada a sala de estar, sala de jantar e cozinha gourmet integrada, área de
serviço, garagem e quarto de hospedes, e o superior que abriga duas suítes e as
varandas. A estética final foi gerada pela disposição dos contêineres, sendo os dois
inferiores colocados paralelamente, enquanto os outros dois dispostos
perpendiculares sobre os primeiros, formando o pavimento superior.

Figura 15 - Estética Final Pavimento Inferior e Superior Respectivamente

Fonte:http://www.fpcad.com.br/wp-content/uploads/2013/06/planta-da-casa-em-container-by-fpcad.jpg
(2013)

Com o projeto, o arquiteto objetivou a reciclagem de materiais e evitou o uso


de materiais, comumente utilizados – areia, tijolo, cimento, água e ferro para a
estrutura – o que tornou o canteiro de obras mais limpo.

t – house Casa Conteiner


38

Figura 16 - Canteiro de Obras

Fonte: http://reciclaedecora.com/wp-content/uploads/2012/05/peru-062-1024x768.jpg

Para realização da obra, foi previsto a terraplanagem suave do terreno,


utilizando o sistema de compensação entre corte e aterro, para deixar um único
platô quase em sua cota original, que foi executado em um dia. Para a fundação da
casa, foram utilizadas sapatas isoladas nas extremidades dos contêineres e sob as
colunas de reforço, colocadas para suportar os contêineres superiores. Segundo
Lima (2011), ao visitar a casa construída em contêineres do Arquiteto Danilo Corbas,
“o peso da construção, de 18t – 4,5t por contêiner – não foi necessária a colocação
de ferragens nas sapatas, trabalhando basicamente o esforço de compressão”.

Figura 17- Instalações

Fonte: http://piniweb.pini.com.br/construcao/sustentabilidade/casa-construida-com-conteineres-fica-
aberta-para-visitacao-ate-19-218816-1.aspx (2011)

t – house Casa Conteiner


39

Figura 18 – Fase de Montagem

Fonte: http://piniweb.pini.com.br/construcao/arquitetura/imagens/i369625.jpg (2011)

Em relação ao conforto dos ambientes, o isolamento termoacústico do


contêiner foi um quesito que exigiu atenção. Foi utilizado um sanduiche de Lã de
PET (Figura X), nas chapas de aço que compõe a estrutura, juntamente com o Dry
Wall, empregados para isolamento das paredes (Figura X). Para cobertura, fez-se
uso das telhas térmicas de poliuretano.

Figura 19- Isolamento das paredes

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=FiTKOWHYiGI (2011)

t – house Casa Conteiner


40

Figura 20 - Telhas térmicas de poliuretano.

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=FiTKOWHYiGI (2011)

Para Corbas (2011) em entrevista a PiniWeb:

"Nós, arquitetos e engenheiros, temos a responsabilidade de transformar os


atuais conceitos da construção civil, das técnicas construtivas e da arquitetura
para que não estejamos tão à mercê dos interesses exclusivamente
econômicos. Temos que priorizar a qualidade, transformar o mercado para
que ofereça uma arquitetura perene, livre de modismos. Isso é
sustentabilidade"

O principal objetivo da casa era ser sustentável. Para isso, o arquiteto


introduziu itens como sistema de reuso de água pluvial, ventilação cruzada nos
ambientes, telhado verde (Figura 21), telhas brancas, iluminação em LED, sistema
de aquecimento solar e uso de salamandra para aquecimento. Por fim, verifica-se
também a presença da iluminação natural no projeto: o vão formado entre os dois
contêineres inferiores foi fechado com vidro, além de janelas basculantes, instaladas
por toda a casa. É importante ainda destacamos a contribuição da construção desta
residência, utilizando este material pouco convencional.

A casa Corbas, como referência projetual, contribui como diretriz do projeto


desenvolvido neste trabalho, diretamente relacionada a questão do sistema
construtivo: O Contêiner.

t – house Casa Conteiner


41

Figura 21 - Telhado Verde

Fonte: http://revistacasaeconstrucao.uol.com.br/escc/Edicoes/90/imagens/i369506.jpg

Figura 22 - Casa Conteiner

Fonte: http://2.bp.blogspot.com/-n7xe4UISlY/Uid8Yj9KtBI/AAAAAAAACOc/ZCkeG00VnqQ/s640/casa-
container-sobrado-containersa-76.jpg

Cojunto Habitacional Violeta-Parra – Chile

A pedido do governo chileno, o escritório ELEMENTAL S.A., coordenada pelo


arquiteto Alejandro Aravena, assumiu uma difícil missão: projetar um conjunto
habitacional no centro da cidade de Iquine, localizada na região envolvida pelo
deserto do país, em um terreno de 0,5 hectares, os quais mais de 100 famílias o
ocupava de forma ilegal. Apesar do alto custo do terreno – cerca de três vezes maior
que normalmente se pagar por solo de uma habitação de interesse social – o
objetivo do governo era evitar e extinguir qualquer possibilidade de que essas

t – house Casa Conteiner


42

famílias migrassem para periferia. A principal pergunta a ser respondida pelos


projetistas era: Como ter uma habitação digna, pagar por solo caro, e manter as
famílias inseridas nas oportunidades que a cidade oferece?

Figura 23- Elemental

Fonte:http://www.archdaily.com.br/br/01-28605/quinta-monroy-elemental (2012)

Em resposta a essa pergunta, Aravena (2013), em entrevista disponível no


Blog Himawari, disse: "As habitações que países como os nossos são capazes de
entregar por meio de subsídio, meios públicos, estão em torno dos 40m². O que
fizemos no ELEMENTAL foi nos perguntarmos: Os 40m² que se pode pagar com
dinheiro público poderiam ser metade de uma casa com DNA de classé média, com
os 80m²? Metade de uma casa boa é melhor que uma casa pequena inteira – e que
metade fazemos? ”

A primeira ação tomada foi a mudança do problema: não pensar em qual


menor unidade poderia ser projetada para abrigar as famílias, mas em qual melhor
edifício seria capaz de resolver a questão e suas possíveis ampliações.

Aravena e sua equipe observaram em um edifício, uma unidade habitacional


bloquearia o crescimento de outra, com exceção do térreo e primeiro andar, que
poderiam crescer sempre de forma horizontal sobre o terreno que tem ao seu redor
– no caso do térreo – e de forma vertical – para o último pavimento. Sendo assim, o
projeto previu somente o térreo e o último pavimento.

t – house Casa Conteiner


43

Figura 24- Estudo de Habitações em solos diferentes

Fonte: http://himawari8.com.br/site/2013/12/20/rad05-habitacao-social-incremental-quinta-monroy/
(2013)

Figura 25 - Estudo Preliminar Conjunto Habitacional Violeta Parra

Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-28605/quinta-monroy-elemental (2012)

As habitações estão separadas em dois pisos, em um edifício paralelo com


um sistema aberto, para que quem está no piso inferior possa expandir para dentro
e para os lados e quem está no duplex acima, evolua tanto para o espaço vazio
quanto para cima.

t – house Casa Conteiner


44

Figura 26- Processo evolutivo na planta

Fonte: http://himawari8.com.br/site/2013/12/20/rad05-habitacao-social-incremental-quinta-monroy/
(2012)

O projeto foi desenvolvido com uma tipologia que permitiu alcançar a


densidade suficiente para ser possível pagar pelo terreno que estava muito bem
localizado na cidade, imerso na rede de oportunidades que a cidade oferecia. Foi
proposto entre os espaços de uso privado e o público, um espaço coletivo e de
sociabilização, de propriedade comum, mas restrito aos moradores. Solução
agradável para entorno frágil e defasado.

Figura 27- Fases do projeto

Fonte: http://himawari8.com.br/site/2013/12/20/rad05-habitacao-social-incremental-quinta-
monroy/(2013)

t – house Casa Conteiner


45

A permeabilidade foi uma das diretrizes que compuseram o projeto, para que o
crescimento acontecesse dentro da estrutura, dado que 50% do m² dos conjuntos
serão “autoconstruídos”. “Por um lado, queríamos emoldurar (mais do que controlar)
a construção espontânea, a fim de evitar a deterioração do entorno urbano com o
tempo, e por outro, buscávamos fazer o processo de ampliação o mais fácil
possível”, disse Aravena (2008), em entrevista disponível em Archdaily.

A proposta foi realizada juntamente aos moradores em todas as suas fases.


Foram realizadas várias oficinas de orientação e cursos gratuitos, como de elétrica e
hidráulica, para prepara-los para a fase de expansão das unidades habitacionais.

Figura 28- Conjunto residencial Quinta Monroy, Iquique, Chile: (a) fachada original,
sem intervenções; e (b) fachada já ocupadas, com intervenções dos moradores.

Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-28605/quinta-monroy-elemental (2012)

t – house Casa Conteiner


46

Figura 29- Conjunto residencial Quinta Monroy, Iquique; Espaço interno

Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-28605/quinta-monroy-elemental (2012)

Edifício 360º - São Paulo – Brasil

Situado em um dos espigões que formam a cidade de São Paulo, o edifício de


autoria do arquiteto Isay Weinfeld, permite abrir vistas da metrópole em todas as
direções, daí o nome 360°.

Figura 30- Edifício 360°

Fonte:
http://img2.adsttc.com/media/images/5263/25cf/e8e4/4e88/a000/0161/large_jpg/Edif%C2%B0cio_360
%C2%AF_048_(FG).jpg?1382229444

t – house Casa Conteiner


47

Em seu entorno pode-se encontrar áreas verdes da capital paulista, dando a


sensação de que a cidade não é mais tão cinza como se mostra. Sendo assim, a
paisagem se torna um valor agregado ao empreendimento e para melhor aproveitá-
lo, o projeto arquitetônico utiliza avançado sistema que articula áreas abertas e
fechadas em um único apartamento. Todas as unidades possuem áreas de estar
abertas ao exterior, substituindo as varandas.

As fachadas permitem discernir, claramente, as áreas abertas, que seriam os


quintais, das áreas fechadas, os apartamentos. Todo o edifício foi executado de
maneira continua, em concreto armado, com exceção da laje superior da extensão
das “caixinhas”, composta por pré-fabricados.

Figura 31-- Edifício 360° - Construção Figura 32- Edifício 360°

Fonte: http://techne.pini.com.br/engenharia- Fonte: http://techne.pini.com.br/engenharia-


civil/195/imagens/i385964.jpg
civil/195/imagens/i385969.jpg

Esse jogo de encaixes, somado aos arranjos gerados, que formam os sete
tipos de apartamentos – de 130m², 170m² e 250m² são combinados em grupos de
dois, três ou quatro por andar, seis disposições diferentes – resultam em uma

t – house Casa Conteiner


48

volumetria de fachadas muito particular. As unidades são abertas para pelo menos
dois lados, para que nenhuma fique totalmente voltada para fachada sul, de menor
insolação.

Figura 33- Edifício 360° - Planta Baixa

Fonte: http://au.pini.com.br/au/solucoes/galeria.aspx?gid=4039 (2013)

O projeto tem como condicionante do partido arquitetônico o terreno, que


possui forte declive para locação de um programa de necessidades audacioso. O
andar mais baixo está no térreo do condomínio, onde se encontra grande parte dos
ambientes de uso coletivo. Um caminho coberto liga o hall dos elevadores a uma
brinquedoteca, ladeado por um pequeno playground e por uma pracinha em níveis
escalonados.

t – house Casa Conteiner


49

Figura 34- Edifício 360° - Térreo

Fonte: http://au.pini.com.br/au/solucoes/galeria.aspx?gid=4038 (2013)

A cobertura desse volume térreo foi transformada em espelho d’água, a qual


recepciona os visitantes que chegam pelo acesso principal.

Figura 35- Edifício 360° - Cobertura com Espelho d'água

Fonte: http://au.pini.com.br/au/solucoes/galeria.aspx?gid=4038 (2013)

t – house Casa Conteiner


50

O terreno em declive permitiu a criação de três pavimentos de


estacionamento, apenas semiententerrados, sendo no andar mais baixo, o abrigo do
deposito e casa de máquinas, duas piscinas e uma sauna, configurando fachadas
permeáveis à vistas, luz e ventilação naturais.

Figura 36- Edifício 360° - Pavimentos de estacionamento, piscina, abrigo de


depósito, casa de máquinas e sauna

Fonte: http://au.pini.com.br/au/solucoes/galeria.aspx?gid=4038 (2013)

Container: Ecology Store – Natal - Brasil

O Grupo Container vem fazendo história no Brasil e no mundo por trazer o


que há de mais moderno e sustentável para o mercado da construção. Com uma
proposta que une sustentabilidade e praticidade em diversos tipos de negócios, o
Grupo vem cada dia mais se destacando em projetos que utilizam contêiner
marítimo como sistema construtivo. Apesar do uso de materiais reciclados para a
construção das lojas, a edificação não perde nada em conforto e modernidade.

Localizado no bairro de Petrópolis, na cidade de Natal, e pertencente a


franquia nacional da ECOLOGY STORE, é o empreendimento de mesmo nome e
um dos poucos projetos conhecidos construído na cidade de Natal que fazem uso do
contêiner como sistema construtivo.

t – house Casa Conteiner


51

Figura 37- Container: Ecology Store

Fonte: Autor (2015)

Fazendo uso de três contêineres de 40 pés - 12.19 m de comprimento por


2.43 m de largura – a loja possui aproximadamente 90 metros quadrados. No
pavimento térreo foi locado a área de exposição, mais acessível ao público, e de
provadores, os quais ocupam os dois contêineres do pavimento térreo. Além destes,
o pavimento descrito possui uma área de aproximadamente 7 metros quadrados de
bancada para pagamento e pequena gerência. No pavimento superior é
armazenado o estoque, além de uma pequena área de exposição ao público.

Contudo, mesmo sendo resistente a intemperes, a estrutura da loja está


bastante defasada. Para evitar a corrosão, foi utilizada pintura em toda área externa
dos contêineres, que não está sendo o suficiente para evitar corrosões e demais
problemas (Figura 38 e 39). Com relação a implantação, ela aproveita corretamente
a orientação solar, já que foi posicionado as fachadas longitudinais no sentido Norte-
Sul.

t – house Casa Conteiner


52

Figura 38- Container: Ecology Store – Corrosões I

Fonte: Autor (2015)

Figura 39- Container: Ecology Store – Corrosões II

Fonte: Autor (2015)

Quanto a parte interna, foi utilizado revestimento de madeira e enchimento de


Lã de Politereftalato de Etileno (PET)6, que deixou o ambiente bastante agradável,

6
Dado obtido com o responsável pela loja.

t – house Casa Conteiner


53

até mesmo sem a necessidade de condicionadores de ar7, por um tempo


considerável. Entretanto, na visita in loco, pôde-se perceber que a ventilação não é
intensa e, portanto, o uso de equipamento que auxilie no controle térmico é de suma
importância.

Por fim, a visita in-loco foi bastante importante para a obtenção de


conhecimento quanto a execução da construção. Verificou-se que não foi necessário
a utilização de qualquer elemento de fixação entre os contêineres, uma vez que são
fabricados para serem empilhados, ou seja, toda a estrutura é encaixada e pode ser
removida sem maiores problemas.

Figura 40- Container: Ecology Store – Encaixe I

Fonte: Autor (2015)

7
No dia da visita, a loja estava fechando para reinauguração. Foi utilizado aproximadamente 30 min para
estudo do ambiente, sem a utilização de condicionadores de ar. Portanto, tal avaliação foi realizada pelo autor,
não significando a verdade absoluta.

t – house Casa Conteiner


54

Figura 41- Container: Ecology Store – Encaixe II

Fonte: Autor (2015)

Considerações sobre os estudos

Após a análise dos quatro projetos apresentados, faz-se necessário arrematar


os conhecimentos adquiridos, a fim de facilitar o desenvolvimento da proposta das
unidades habitacionais unifamiliares, que é o foco deste trabalho. Assim, na tabela
abaixo, podem ser visualizados os aspectos mais importantes de cada estudo
realizado.

Tabela 2 - Aspectos importantes relativos aos estudos dos edifícios

Referências Casa Corbas Violeta - Parra Edifício 360° Ecology Store

Flexibilidade - x X -

Sustentabilidade x x - -

Funcionalidade x x X x

Estética x x X x

t – house Casa Conteiner


55

Conforto x - - x

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

É importante destacarmos algumas peculiaridades sobre cada uma dessas


considerações.

1. Foi considerado como SUSTENTÁVEL, os projetos que apresentaram


pelo menos um destes três elementos: Desempenho Ambiental,
Inclusão Social e Viabilidade Financeira.

2. Quanto a FUNCIONALIDADE, foram considerados os projetos que


apresentam de maneira satisfatória o zoneamento do espaço interno8.

3. Todos os projetos foram considerados esteticamente diferenciados,


seja pelo material, forma ou elementos projetuais.

4. Em relação ao CONFORTO, foram analisados aspectos de controle


termo acústico do espaço interno de cada projeto.

8
A qualificação foi determinada pelo autor, seguindo premissas estudadas durante a graduação.

t – house Casa Conteiner


56

II PRECEDENTES PROJETUAIS

t – house Casa Conteiner


57

CONDICIONANTES LEGAIS

Os condicionantes legais são relativos à legislação do Plano Diretor de Natal


(2007) e o Código de Obras de Natal9 (2009). Sendo assim, as principais
determinações devem ser consideradas. Contudo, no que se refere ao Plano Diretor
de Natal, não foi considerado nenhuma prescrição urbanística, uma vez que o
projeto não foi pensado para um local específico. Entretanto, o projeto deverá
respeitar todas as exigências considerados pelo documento em questão.

Já no que se refere ao Código de Obras e Edificações do Município de Natal,


são determinados as áreas e os pés direitos mínimos para casa ambientes de uma
residência (Tabela 3), sendo 30 m² a área mínima para uma unidade habitacional.
No projeto em questão, é importante ressaltar que para aplicar estratégias de
flexibilidade vistas, é necessário que alguns ambientes possam ser utilizados de
diferentes formas. Por exemplo, caso o proprietário deseje somente um quarto, o
compartimento referente ao segundo quarto pode ser utilizado com outra função, ou
até mesmo deixar de existir. Outro aspecto importante a ser considerado é que o
projeto prever o quarto 02 como quarto de empregada, mesmo que esse não seja
utilizado como tal. Isso se deve as restrições encontradas nesta fase do projeto,
neste caso, as dimensões do contêiner. Enfatiza-se ainda, que existe uma ressalva
no Código de Obras, a qual permite uma área mínima de 8 m² para espaços
destinados a estudo e trabalho, quando se trata de residências, apesar dos 10 m²
que constam na tabela abaixo (NATAL, 2004).

9
Foram utilizados como base, afim de se obter maior controle projetual.

t – house Casa Conteiner


58

Tabela 3 - Dimensões mínimas para cada compartimento de uma residência

Compartimento Área mínima Dimensão mínima Pé direito mínimo


(m²) (m) (m)

Sala 10,00 2,60 2,50

Quarto 8,00 2,40 2,50

Cozinha 4,00 1,80 2,50

Banheiro 2,40 1,20 2,40

Banheiro de Serviço 2,40 1,00 2,40

Lavabo 1,60 1,00 2,40

Quarto de Empregada 4,00 1,80 2,50

Área de Serviço - 1,00 2,40

Garagem Residencial 12,50 2,50 2,40

Locais de estudo e trabalho 10,00 2,60 2,50

Loja 10,00 2,80 2,70

Mezanino - - 2,40

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

Destacamos que o Código também define que, para ambientes de uso


prolongado, devem ser utilizados aberturas com área mínima de 1/6 da área do
compartimento. Já para os de uso transitórios, como banheiros e lavabos, aceita-se

t – house Casa Conteiner


59

o mínimo 1/8. Outras determinações encontradas no Código de Obras e


consideradas durante a fase projetual determinam que:

1. As alturas dos muros não devem ultrapassar 3,00 m;

2. Os resíduos sólidos devem ser devidamente acondicionados em


recipientes coletores, podendo ser separados para posterior
reutilização ou reciclagem ou enviados, tão logo estejam cheios, à sua
destinação final, no local licenciado pelo órgão municipal responsável
pela limpeza pública, observado o Programa Municipal de
Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil e o Regulamento de
Limpeza Urbana do Município;

3. Para efeito de insolação, iluminação e ventilação, todos os


compartimentos da edificação devem dispor de abertura direta para
logradouro, pátio ou recuo;

4. Todo compartimento da edificação deve ter dimensões e formas


adequadas, de modo a proporcionar condições de higiene, salubridade
e conforto ambiental, condizentes com a sua função e habitabilidade.

CONDICIONANTES FUNCIONAIS

Definição do empreendimento
As edificações a serem projetadas são quatro unidades habitacionais
unifamiliares flexíveis. Tais unidades devem possuir plantas livres e que possibilitem
reorganização e conjugação de cômodos, a fim de atender a diversos grupos
familiares que não se encaixam no padrão de plantas reproduzido pelas construtoras
locais.

t – house Casa Conteiner


60

Público – alvo

O público – alvo desse projeto se concentra em jovens profissionais, de


classe média, que optem por uma moradia alternativa e que optem por morar
sozinhos ou nas mais diversas formações de famílias. A abrangência de tipos de
família atendidos pelo empreendimento é possível devido a ofertas de residências
que apresentam plantas livres e pelas inúmeras possibilidades de ampliação.

Programa de Necessidades e Pré-Dimensionamento

Foram criados quatro modelos de habitações, com mesma área –


aproximadamente 60 m² - as quais foram definidas por um mesmo programa de
necessidades, sendo diferente somente a disposição dos cômodos em cada modelo.
É importante salientar que os modelos devem ser flexíveis e admitir possibilidades
de variações de layout, bem como de ampliações. Sendo assim, o programa de
necessidades estabelecido não é definitivo. Devido as formas pré-definidas de cada
unidade habitacional, foi definido um programa de necessidade básico, que sofre
alteração nos modelos que apresentam somente um contêiner no pavimento
superior. Para estes, um ambiente foi acrescentado, denominado de
Atelier/Escritório, e outro retirado, o lavabo.

Para os modelos 01 e 02, definiu-se que os compartimentos abrigados


inicialmente seriam: sala, cozinha, lavabo e Área de Serviço – no pavimento térreo –
e dois quartos, banheiro social e varanda – no pavimento superior, enquanto para os
modelos 03 e 04, tem-se: sala, cozinha, dois quartos, banheiro social – no
pavimento térreo – atelier/escritório e varanda – no pavimento superior.

t – house Casa Conteiner


61

Tabela 4 - Programa de Necessidades - Modelo 01

Ambiente Área (m²)

Sala 10.90

Cozinha 8.20

Área de Serviço 4.20

Lavabo 1.60

Quarto 01 8.00

Quarto 02 5.60

Banheiro Social 2.83

Varanda 14.30

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

Tabela 5 - Programa de Necessidades - Modelo 02

Ambiente Área (m²)

Sala 11.00

Cozinha 8.85

Área de Serviço 4.20

Lavabo 1.60

Quarto 01 11.00

Quarto 02 6.21

Banheiro Social 3.15

Varanda 6.10

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

t – house Casa Conteiner


62

Tabela 6 - Programa de Necessidades - Modelo 03

Ambiente Área

Sala 13.45

Cozinha 7.48

Área de Serviço 4.20

Quarto 01 5.00

Quarto 02 8.10

Banheiro Social 2.10

Atelier/Escritório 8.40

Varanda 14.36

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

Tabela 7 - Programa de Necessidades - Modelo 04

Ambiente Área

Sala 13.50

Cozinha 5.73

Área de Serviço 4.40

Quarto 01 8.00

Quarto 02 5.64

Banheiro Social 2.10

Atelier/Escritório 8.41

t – house Casa Conteiner


63

Varanda 29.07

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

PARTIDO ARQUITETÔNICO

Evolução do Conceito

A escolha do contêiner contribuiu para rebatimento dos princípios da


sustentabilidade – desempenho ambiental e reuso de materiais – dissertados no
capítulo de Arquitetura Sustentável, contudo, no que se refere a prática projetual,
gerou dúvidas quanto a sua maleabilidade, ou seja, o quanto o seu reuso limitaria ou
libertaria o desenvolvimento das propostas. Sendo assim, para facilitar o processo
de entendimento, foi escolhido uma peça geométrica, neste caso o retângulo.

Figura 42- Retângulo Planificado

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

De fato, a forma é limitadora, uma vez que se trata de um material já


modulado e a peça planificada, evidencia esta característica. Contudo, se for
somado a esta peça, uma outra e assim sucessivamente, tem-se uma infinidade de
formas.

t – house Casa Conteiner


64

Figura 43- Equação para obtenção da forma

+ nx =
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

Com o material e os princípios norteadores – Flexibilidade e Sustentabilidade


– definidos, iniciou-se o processo de desenvolvimento do conceito.

Desta forma, verificou-se que as uniões destas peças, podem gerar formas
que se assemelham aos componentes do jogo Tetris, sendo este o definidor do
partido arquitetônico. O jogo desenvolvido na Rússia na década de 1980, consiste
no empilhamento de bloco denominados de tetraminós, que descem a tela de forma
a completar linhas horizontais. Ao serem completadas, tais linhas desintegram-se,
fazendo as superiores descerem. O jogo acaba quando a pilha de peças chega ao
topo da tela.

Figura 44-Tetris

Fonte: http://i.livescience.com/images/i/000/007/197/original/090107-tetris-02.jpg?1296088298

t – house Casa Conteiner


65

Sendo assim, os modelos desenvolvidos seguem o formato de quatro, das


cinco peças10 do jogo. Fazendo uma analogia com o jogo, os quadrados
correspondem as possibilidades de ampliabilidade das habitações, já que são
capazes de se converter em diferentes peças, e desta forma, o crescimento é dos
mais variados.

Figura 45- Peças do Tetris

Fonte: https://raw.githubusercontent.com

Estudo preliminar e Desenvolvimento da Proposta

Partindo dos estudos desenvolvidos anteriormente, associando os conceitos


pesquisados no referencial teórico e empírico, pôde-se iniciar os estudos
preliminares do projeto. Para o desenvolvimento das propostas, foi utilizado
contêineres de 20 pés – aproximadamente 2.50 x 6.00m – do tipo Drybox,
considerado o mais adequado para construção civil, e para a concepção das
unidades habitacionais, adotou-se como referencias os blocos do Tetris nos
formatos “S”, “O”, “T” e “L”11, respectivamente modelos 01, 02, 03 e 04. Destaca-se o
fato do modelo 02 não ter sido escolhido para ser desenvolvido nos momentos
iniciais de projetação, sendo inserido somente após incentivos realizados pela
orientadora deste trabalho. Cada modelo pode ser considerado uma alternativa do
outro, ou seja, um dos modelos pode ser a base para o desenvolvimento dos
demais, ou vice-versa. Dessa forma, o projeto rebate as teorias de flexibilidade,
principalmente as que remetem a flexibilização interna e ampliabilidade, por

10
Ao todo são sete peças, sendo duas, variações dos originais.
11
Denominação dos próprios autores do jogo.

t – house Casa Conteiner


66

garantirem as inúmeras possibilidades de formas, que podem ser assumidas pelos


modelos.

É importante ressaltar que apresentação deste item, foi dividido em três


tópicos: Estudo de Volumetria, Estudo do Layout e Possibilidades de uso e
ampliação.

Estudo de Volumetria

Com relação às volumetrias, houve algumas mudanças durante o processo


criativo. Inicialmente os modelos apresentavam desencontros estruturais, com
objetivo de se obter “movimento” as formas plásticas (Figura 46 e 47).

Figura 46- Estudo de Volumetria do Modelo 03 e 04

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

Figura 47- Estudo de Volumetria do Modelo 01

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

t – house Casa Conteiner


67

Contudo, com o desenvolvimento direcionado a cada projeto, verificou-se a


dificuldade em estabelecer uma organização espacial que fosse satisfatória. Outro
problema encontrado, foi o fato de que o material construtivo utilizado para os
fechamentos externos, não estava se limitando ao contêiner12 uma vez que era
necessário, na maioria dos casos, a utilização de espaços externos. Contudo, o
problema que apresentou maior risco13 foi o da questão estrutural. Além de não ter
sido possível obter embasamento teórico mais aprofundados sobre, o desencontro
dos contêineres transferia as ações gravitacionais para outros pontos estruturais,
considerados pelo autor como prejudiciais (Figura 48).

Figura 48- Ações na Estrutura

Fonte: Elaboração do Autor (2015)

Ao realizar novos estudos, verificou-se que a melhor organização dos


contêineres seria sem os desencontros estruturais. Essa decisão projetual foi
fundamental para o desenvolvimento do projeto, pois além de definir a forma
plástica, definiu o espaço interno. Sendo assim, com exceção do modelo 02, que foi
o único a conservar este desencontro por questão projetual – manter a varanda – os
demais modelos seguiram as formas dos tetraminós referenciados. Dessa maneira,
as formas plásticas obtidas pouco divergiam dos originas do jogo. Em virtude dos

12
É importante destacar que o projeto tem como prioridade o uso do Contêiner. A utilização de outro material
para tal fim, não evidenciaria a sua viabilidade construtiva.
13
Definição do próprio autor.

t – house Casa Conteiner


68

formatos bastante compactos, a liberdade projetual encontra-se nas diferentes


plantas. Com tais premissas, os modelos começaram a ganhar mais robustez e aos
poucos foram finalizados.

Figura 49- Croqui da Volumetria Final - Modelo 1

Fonte: Autor (2015)

Figura 50- Croqui da Volumetria Final - Modelo 2

Fonte: Autor (2015)

t – house Casa Conteiner


69

Figura 51- Croqui da Volumetria Final - Modelo 3

Fonte: Autor (2015)

Figura 52- Croqui da Volumetria Final - Modelo 4

Fonte: Autor (2015)

É importante relembrar que o modelo 02 não foi desenvolvido durante a fase


de concepção projetual, como dito anteriormente. Tal modelo só foi desenvolvido
durante os estudos de layout.

t – house Casa Conteiner


70

Estudo de Layout

Quanto a organização espacial, utilizando-se da modulação14 do contêiner,


foram definidos ambientes com dimensões mínimas exigidas pelo Código de Obras
e das áreas definidas no pré-dimensionamento, de forma que os espaços
resultantes não gerassem áreas demasiadamente grandes ou pequenas. Assim a
adoção da flexibilidade interna, surgiu como alternativa, uma vez que insere dentro
de limites métricos, os desejos pessoais de cada usuário em cada modelo tipo.

Incialmente, os modelos apresentavam programas de necessidades iguais,


diferenciando-se somente pelas áreas utilizadas e suas disposições no espaço
interno. Destaca-se também a presença do teto verde em todos os modelos, até
então desenvolvidos, e que foi retirado devido a questões relacionados ao conforto
dos espaços interno.

Figura 53- Estudo de Layout do Modelo 01

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

14
Como visto, modulo próprio do material.

t – house Casa Conteiner


71

Figura 54- Estudo de Layout do Modelo 03

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

Figura 55- Estudo de Layout do Modelo 04

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

A partir deste momento, o modelo 02 passou a ser inserido no processo


projetual e os layouts foram sendo finalizados. Para os modelos 01 e 02, as plantas-
tipo do pavimento térreo são compostas pela sala de estar/jantar, cozinha e área de
serviço, e lavabo, de forma que as áreas intimas, banheiro social e a varanda,

t – house Casa Conteiner


72

fossem implantadas no pavimento superior. No entanto, os modelos 03 e 04 – peças


T e L – possuem plantas tipo do pavimento térreo com sala, cozinha e área de
serviço, banheiro social e áreas íntimas15, enquanto no pavimento superior
encontram-se o atelier/escritório e a varanda. As Figuras 56, 57 abaixo, mostram os
zoneamentos que geraram os layouts definitivos.

Figura 56- Estudo de zoneamento / Layout do Modelo 01

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

Figura 57- Estudo de zoneamento / Layout do Modelo 02

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

15
Lê-se como área íntima os quartos.

t – house Casa Conteiner


73

Figura 58- Estudo de zoneamento / Layout do Modelo 03

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

Figura 59- Estudo de zoneamento / Layout do Modelo 04

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

Vale salientar que o fato de que os dois últimos duplex citados possuírem
somente um contêiner no pavimento superior, dificultou o estabelecimento de algum
cômodo que necessite grandes espaços, como visto nas Figuras 58, 59. Outro
problema encontrado está relacionado com a inserção da caixa d’água. Pensou-se,
inicialmente, em loca-la sob a cobertura do último pavimento, que seria o mais
adequado e esperado. Entretanto, verificou-se que problemas quanto a ampliação e
possíveis adições de áreas molhadas, seriam dificultados. Sendo assim, todos os
modelos preveem que os terrenos ao qual sejam inseridos reservem espaço para
castelo d’água, recurso encontrada para tal problema. Esta solução também se

t – house Casa Conteiner


74

adequa caso os modelos sejam agrupados no formato de vilas, condomínios ou


semelhante.

Figura 60- Modelo 01 e 02 - Área disponível no Pavto. Superior

Fonte: Autor (2015)

Figura 61- Modelo 03 e 04 - Área disponível no Pavto. Superior

Fonte: Autor (2015)

É importante ressaltar a dificuldade em definir módulos quando se trata de


espaço interno de habitações em contêiner, uma vez que o mesmo possui
dimensões fixas e, portanto, tentou-se aproximar as dimensões a módulos de 0.40m
e 0.60m, já que foram utilizadas paredes de Drywall de mesmas extensões.

t – house Casa Conteiner


75

Figura 62- Módulo próprio - Dimensões aproximadas

Fonte: Autor (2015)

Mesmo sendo flexíveis, duas exigências foram determinadas, afim de evitar


descontrole da reorganização dos ambientes, sendo a primeira o estabelecimento
dos acessos às unidades habitacionais pela sala de estar/jantar, e a segunda é
quanto à escolha dos ambientes formados que devem preferencialmente assumir
formas retangulares, com aberturas voltadas para a maior dimensão,
preferencialmente, como visto nas Pranchas 02, 09, 10 e 11. Segue abaixo os
modelos desenvolvidos pelo autor.

t – house Casa Conteiner


76

Figura 63- Modelo 1

Fonte: Autor (2015)

t – house Casa Conteiner


77

Figura 64- Modelo 2

Fonte: Autor (2015)

t – house Casa Conteiner


78

Figura 65- Modelo 3

Fonte: Autor (2015)

t – house Casa Conteiner


79

Figura 66- Modelo 4

Fonte: Autor (2015)

Possibilidades de uso e Ampliação

É sabido que tais modelos podem ser utilizados somente como base e que os
mesmos podem ser modificados, se assim desejar o usuário. A construção modular
também simplifica ampliações à planta original sem demandar grandes reformas e
permite que o contêiner seja desmontado e transportado para outro terreno. Para
isso algumas medidas foram estabelecidas como guia para futuras mudanças

t – house Casa Conteiner


80

realizadas pelos usuários. Sendo assim, é aconselhado o acréscimo de no máximo


dois contêineres no sentido horizontal – direita/esquerda e vice-versa (Figura 67).
Caso a ampliação seja no sentido vertical, é aconselhável consultar ao autor do
projeto, uma vez que não é garantido pelo mesmo tal possibilidade.

Figura 67- Possibilidades de Ampliação – (a) Modelo 1; (b) Modelo 2; (c) Modelo; (d)
Modelo 4

(a) (b)

(c) (d)
Fonte: Autor (2015)

Os modelos não foram pensados para serem inseridos em um terreno


especifico, mas que sejam adaptáveis ao local onde serão locados. As propostas
surgiram como uma convergência dos conceitos pesquisados, dos condicionantes
do projeto, da evolução dos estudos preliminares e sua associação com o conceito
definido no partido arquitetônico. Sente-se a necessidade, então, de aprofundar o
detalhamento sobre um dos modelos.

Para tal, o modelo 01 foi locado em um terreno hipotético, inserido na cidade

t – house Casa Conteiner


81

de Natal – RN, com área de 12x15m16 e inclinação de 0%. Quanto aos


condicionantes de conforto, foram utilizados dados em condições ideais de inserção,
possibilitando a locação da residência no sentido norte – sul, sendo a área íntima –
Quartos – do lado leste e a área de serviços – Cozinha, Área de Serviço – no lado
Oeste.

Figura 68- Terreno Hipotético

Fonte: Autor (2015)

Os contêineres foram pintados de branco – cor reflexiva – e as aberturas da


fachada frontal foram protegidas contra insolação direta com elementos metálicos
que sacam e que formam elementos vazados, também pintadas de branco com
detalhes em azul17. Destaca-se ainda a retirada de duas janelas do quarto 01 e a
inserção de uma porta em seu lugar, uma vez que a projeção concebida possibilitou

16
Área determinada como mínima para possibilitar ampliação do projeto, e que abrange todos os recuos
obrigatórios.
17
Cor definida pelo autor. Também pode ser modificado, caso seja o desejo do cliente.

t – house Casa Conteiner


82

a criação de uma nova varanda. As janelas das fachadas laterais também foram
protegidas com os mesmos elementos, contudo em menor dimensões. Na varada
prevista pelo projeto base, foi inserido um caramanchão metálico, oferecendo ao
espaço um possível uso para lazer ou relaxamento.

Figura 69- Modelagem Alterada

Fonte: Autor (2015)

Pode-se afirmar, então, que cada modelo passa por duas fases de projetação,
sendo a primeira desenvolvida apenas pelo autor, onde são estabelecidos pré-
requisitos básicos para execução dos modelos, e a segunda fase elaborada em
conjunto aos usuários, onde serão analisados os perfis dos mesmos, bem como
condicionantes oferecidos pelo local que serão inseridos os modelos –
condicionantes legais e de conforto termo acústicos.

Por fim, destaca-se também que cada projeto não está limitado ao material
base utilizado, neste caso o contêiner, e que as possíveis modificações realizadas
em cada modelo podem fazer uso de outros tipos de sistema construtivos, como

t – house Casa Conteiner


83

visto na situação hipotética exposta. As imagens deste modelo inserida no terreno,


estão no Apêndice.

t – house Casa Conteiner


84

III ANTEPROJETO

t – house Casa Conteiner


85

MEMORIAL DESCRITIVO

Uma vez escolhidas as opções adequadas de volumetrias e layout, bem como


o conhecimento sobre o deve ser feito para uma construção com o sistema
construtivo escolhido, partiu-se para o desenvolvimento da parte gráfica do projeto e
sua descrição.

Sendo assim, esta etapa do trabalho trata-se do memorial descritivo, que em


conjunto às especificações contidas no projeto, tem por objetivo especificar os
materiais a serem utilizados, as normas a serem seguidas e os serviços a serem
realizados durante a obra de execução dos projetos em questão. Foi utilizado como
referência o modelo 02 para detalhamento aprofundado, o que não causa perda as
demais soluções, uma vez que possuem mesma estrutura e materiais.

Classificação

A classificação adotada no presente memorial observa o critério legal e


objetiva sistematizar o roteiro de execução dos serviços a serem realizados nos
modelos desenvolvidos, servindo ainda como base para execução orçamentária,
como visto na descrição e seus subintendes abaixo.

Discriminação

Serviços Iniciais para construção

Serviços Técnicos

Os serviços técnicos a serem realizados como levantamento topográfico,

t – house Casa Conteiner


86

estudos geotécnicos e sondagens ficarão de inteira responsabilidade de empresas


capacitadas que serão contratadas. O levantamento topográfico deverá visar toda a
área do terreno, onde serão verificadas as dimensões do terreno, seus ângulos e
curvaturas, o levantamento planimétrico e altimétrico18, importantes para saber se
existe a possibilidade ou não do projeto ser inserido no mesmo.

Faz-se necessário a presença de um profissional da empresa durante todo o


processo de realização da construção, ele será responsável pela fiscalização da
mesma e estará sempre disponível a resolver algum empecilho que possa
comprometer o andamento da obra.

O responsável pela criação e elaboração do projeto arquitetônico, será


também o responsável técnico da execução da obra. Para que seja possível a
realização deste projeto, o mesmo deve ser aprovado pela prefeitura da cidade ao
qual será inserido, bem como pela Secretaria de Urbanismo da mesma. Todo o
projeto encontra-se de acordo com as normas da ABNT 6492 de representação de
projetos de arquitetura.

Instalações Provisórias

Terá de ser construído uma estrutura para abrigar o depósito (Figura 70),
como guarda de ferramentas, cimento – para executar fundações e sapatas – e
outros matérias perecíveis ou de maior valor. Também servirá para guardar plantas,
licenças e notas fiscais

18
Recorda-se que o trabalho não tem terreno definido, contudo essas medidas são importantes e são
recomendadas a serem inseridas no memorial, para servir como guia aos profissionais que irão executar o
projeto.

t – house Casa Conteiner


87

Figura 70- Exemplo do depósito à ser construído

Fonte: http://equipedeobra.pini.com.br/

Também serão executados vestiários e banheiros para uso de funcionários,


tendo suas dimensões a serem calculados conforme número de funcionários, tendo
no mínimo um vaso sanitário, uma pia e uma torneira.

Figura 71- Banheiros Químicos

Fonte: http://cambiranoticias.com.br/

A locação da obra deverá ser realizada seguindo rigorosamente as plantas do


projeto arquitetônico e de fundações, será executado através da locação por tábua

t – house Casa Conteiner


88

corrida19 e ficará afastada, no mínimo, 1.20m da construção e a altura de 1.50m e


fará todo o contorno da construção com exceção das paredes que fizerem divisa
com muros vizinhos.

Construindo uma casa Contêiner

Trabalhos com a Terra

O projeto foi pensado a se adequar a terrenos com inclinações entre 0° e 10°,


o que para estes casos não se faz necessário a contratação de empresa
especializada em nivelamento de terra. Entretanto, se o terreno possuir inclinações
maiores a 10°, é necessário que seja contratada empresa capacitada a realização
de terraplenagem.

Figura 72- Terrenos com Inclinação de 0° a 10° - Sem movimentação de Terra

Fonte: Autor (2015)


Figura 73- Terrenos com Inclinação de 15² a 20° - Com movimentação de Terra

Fonte: Autor (2015)

19
A locação por tábua corrida, também chama de tabela ou tabeira, é indicada para obras com muitos
elementos a serem locados. Consiste em contornar toda a futura edificação com um cavalete continuo
constituído de estacas e tábuas niveladas e em esquadros (polígono em esquadro).

t – house Casa Conteiner


89

As valas para fundações devem ser escavadas, pelos pedreiros, e deverão ter
70 cm de profundidade, deixando 10 cm de cada lado da viga de fundação.
Qualquer rocha ou empecilho que impeça a escavação deve ser retirado com
ferramentas e máquinas específicas e em bom estado de funcionamento, bem como
os operadores destas, estejam capacitados e equipados adequadamente para
manuseá-las.

Para as tubulações hidráulicas e elétricas que passarem por baixo da


superfície, deve-se cavar sempre 10cm de cada lado da peça. É de extrema
importância que antes do assentamento das tubulações sejam retiradas todos e
qualquer objeto do buraco, para evitar danos às tubulações.

Fundação e Sapatas

Em se tratando do contêiner, as fundações dependem da preferência de


quem o constrói, uma vez que o mesmo não necessita de uma base única e sim de
quatro pontos estruturais nas extremidades, comumente conhecidas como sapata. É
imprescindível que seja evitado que o contêiner tenha contato direto com o solo,
como forma de evitar que a umidade proveniente de chuvas ou da superfície do
solo, danifiquem a estrutura.

Os concretos para a execução destas estruturas serão levados a uma


betoneira e em seguida, com auxílio de uma mangueira, até as fôrmas das
fundações. No decorrer da concretagem deverá ser feita a vibração do concreto com
vibrador sem que este encoste nas ferragens. Não se deve vibrar por muito tempo,
para evitar que a água utilizada venha para superfície. Ressalte-se que estas ações
devem ser realizadas igualmente para sapatas. As fôrmas das fundações deverão
ter dimensões externas de 0.45 x 0.65m e internas de 0.40 x 0.60m. Entretanto, as
sapatas assumiram formatos circulares, será necessário que a fôrma seja feita de

t – house Casa Conteiner


90

mesma forma. Estas deverão ter 0.20m de diâmetro interno, 0.25m de diâmetro
externo e altura de 0.25m.

Figura 74- Encaixe da Fundação

Fonte: Autor (2015)

Com a concretagem feita, é necessário o tempo de cura do material. Esta


etapa é importante para garantir a resistência desejada na estrutura, evitando o
aparecimento de fissuras do concreto. Após este passo, a fundação e as sapatas
está pronta para receber a estrutura do contêiner.

Alterações na estrutura dos Contêiner

Sabe-se que a estrutura do contêiner é bastante forte, uma vez que é


projetado para resistir a diversas intempéries e suportar grandes cargas, contudo
quando feitas modificações – cortes e retiradas de laterais – a tendência é que a
mesma enfraqueça podendo até mesmo deixá-la inutilizável. Por tanto,

t – house Casa Conteiner


91

tais alterações devem ser realizadas com a presença do autor do projeto.

O recorte do aço: Esquadrias, Aberturas e Painéis

O enquadramento das aberturas, os cortes e sua soldagem são grande parte


do projeto. Tais recortes são realizados em uma serralheria antes da estrutura ser
levada para montagem no terreno (Figura 76).

As esquadrias escolhidas, serão de dois tipos: as externas serão de alumínio


e as internas de madeira. As janelas e portas que serão encaixadas na estrutura do
contêiner deverão ser soldadas antes de serem enviadas ao local de montagem. Na
fachada frontal, foi pensado a inserção de painéis de vidro, que substituirão o
fechamento do próprio contêiner. Estes, devem ser encaixados em um perfil
metálico, que por consequência, será soldado à estrutura existente. Os vidros deste
painel deverão ser lisos e reflexivos, seguindo as dimensões especificadas nos
desenhos técnicos. É importante que esta etapa seja realizada no local da obra, afim
de evitar danos aos vidros.

Figura 75- Recorte realizado no Contêiner para colocação de esquadrias

Fonte: Autor (2015)

t – house Casa Conteiner


92

O projeto prever a retirada de uma das laterais do contêiner, que serão


reutilizados para fechamento dos mesmos. Tais recortes foram necessários por
questões projetuais (Ver prancha 01). As portas dos contêineres também serão
retiradas para que sejam reutilizadas as placas metálicas retiradas. Em seu lugar
serão inseridas esquadrias.

Figura 76- Exemplo de recorte

Fonte: http://minhacasacontainer.com (2011)

Figura 77- Corte Lateral no Contêiner

Fonte: Autor (2015)

t – house Casa Conteiner


93

Quanto ao piso, dois dos quatro contêineres terão seus chassis retirados para
que sejam instalados o steel deck (Ver tópico Revestimentos, Paredes, Forrôs e
Pisos deste capítulo). Esta ação não será necessária para os contêineres do
pavimento térreo, pois estes não sofrerão cortes na superfície, e o piso será inserido
sobe o próprio chassi (Ver tópico Revestimentos, Paredes, Forrôs e Pisos deste
capítulo).20

Figura 78- Corte no Piso e Teto do Contêiner

Fonte: Autor (2015)

Revestimentos, Paredes, Forrôs e Pisos

Projetos que utilizam estruturas de aço, devem ser cuidadosamente


estudadas para que a temperatura interna não suba excessivamente. É importante
que o projeto mantenha a casa quente no inverno e refrescante no verão, utilizando

20
Poderia ser mantido a estrutura do próprio contêiner para todos os contêineres utilizados, contudo não se
obteve dados suficientes quanto o quão prejudicial seriam estes recortes. Desta forma, optou-se por soluções
que majoram tais necessidades.

t – house Casa Conteiner


94

o mínimo de ajuda de sistemas mecânicos, o que reduz significativamente os custos


de serviços públicos mensais.

Alguns problemas geralmente relacionados a temperatura interna das


construções em contêineres, são relatados para as estruturas que ficam
externamente aparentes, possibilitando uma intensa insolação e aquecimento da
parte interna da edificação. Utilizar materiais que contribuam para amenização deste
problema, são os mais recomendados, quando não existem formas naturais de
evitá-lo.

Para tanto, foi especificado o uso de pintura com tinta líquida anticorrosiva e
para base e de tinta de acabamento a base de poliuretâno – especificadas no
desenho técnico do projeto. Estas tintas devem ser aplicadas com spray e precisam
ser tomados alguns cuidados com relação a homogeneização, ao tempo de indução
e ao período de secagem.

Figura 79- Aplicação da Pintura a base de Poliuretâno

Fonte: http://www.rimage.com.br

É importante frisar que a pintura tem suas limitações quanto a proteção,


contudo para fins de proposta, foi a escolhida para não modificar a estrutura externa
do contêiner e assim, dar a liberdade ao proprietário de personalizar sua residência.
É possível e aconselhável que se faça aplicações de outros materiais que possam
suprir esta necessidade, como por exemplo as Placas Cimentícias - um painel
compósito, de superfície plana e composto de uma mistura de partículas de madeira

t – house Casa Conteiner


95

e cimento Portland, comprimida e seca – que ajuda a evitar a propagação do calor


inerente da parte externa para a interna, por não deixar o metal totalmente exposto.
Caso seja optado pelo o uso destas placas, elas deverão possuir dimensões de 1.20
x 3.00m e espessura de 6mm.

Figura 80- Placas Cimentícias

Fonte: http://www.cemear.com.br

A parte interna das paredes metálicas do contêiner, são primeiramente


preenchidas com todas as tubulações hidráulicas. Após as instalações necessárias,
é colocado o revestimento interno necessário, que permite o isolamento térmico e
acústico eficiente, devido à alta capacidade de condutibilidade do aço. Para o projeto
em questão, foi utilizado a Lã de Politereftalato de etileno – PET. Este composto é
uma alternativa para isolamento térmico e acústico, além da sua fabricação ser
totalmente sustentável, não agredindo ao meio ambiente.

Figura 81- Lã de Politereftalato de Etileno (PET)

Fonte: http://equipedeobra.pini.com.br

t – house Casa Conteiner


96

Os fechamentos internos destas paredes serão por chapas de gesso do tipo


Flexboard da Knauf, por serem de fácil instalação e por possuírem espessuras
pequenas que não prejudicaram as dimensões internas dos ambientes. Estas serão
fixadas por meio de montantes que serão parafusados no piso e no teto, com
distancias de 40 e 60cm. Para tanto, as placas devem ter dimensões de 1.20 x
2.40m e espessura de 1cm. É importante destacar que pelo fato do contêiner não
possuir modulação exata, ou seja, não partem de múltiplos de 0.40 ou 0.60, algumas
destas chapas deveram sofrer alterações in-loco ou deverão ser encomendadas.
Neste caso, será um total de 12 peças modificadas, sendo quatro com 1.10m e oito
com 0.7m de largura. A montagem deve ser realizada no sentido direita-esquerda,
sendo a peça modificada a última a ser colocada.

Figura 82- Placas de Drywall

Fonte: http://www.isoline.com.br/

Quanto as divisórias internas, optou-se pelas paredes de drywall do tipo


W111 da Knauf, constituída por duas chapas de drywall, fixadas uma de cada lado
da estrutura formada por perfis de aço galvanizado. O tipo escolhido de perfis de aço
são de 48mm de largura e 73mm de espessuras todas. Na parte interna está
inserido o isolamento de lã de PET. Este sistema foi escolhido por apresentar
facilidade de instalação e retirada, sendo assim, ideal para projetos que possuem
flexibilidade interna.

t – house Casa Conteiner


97

Figura 83- Parede Knauf de Drywall (W111)

Fonte: http://www.brascamp.com.br

Os fôrros serão de gesso acartonado / drywall, que apresentam boa resistência


mecânica a choques contra a sua superfície. A resistência do fôrro de gesso está
relacionada diretamente ao seu sistema de fixação, que no projeto em questão será
por meio de arames pendurais, ou seja, arames galvanizados. Este sistema é
utilizado para pequenas áreas e consiste em fixar uma das extremidades do arame
no gesso e a outra na laje superior. Serão utilizadas chapas com 1.20x1.20m e 1cm
de espessura, e assim como as placas de gesso para as paredes, algumas peças
deverão sofres alterações durante a execução do serviço ou encomendadas
modificadas. No total existe 20 peças, sendo doze destas tendo dimensões de 1,20
x1,20m, sete deverão ter 1.10x1.20m e apenas uma com 1.10x1.10m. Seguindo o
mesmo padrão da montagem das placas de gesso para paredes, o fôrro deve ser
instalado no sentindo direita – esquerda, como visto na Planta de Fôrro.

t – house Casa Conteiner


98

Figura 84- Fôrro de Gesso Acartonado

Fonte: http://www.bemnaweb.com.br

Em se tratando do piso, foram selecionados dois tipos, de acordo com as


possibilidades. Para o pavimento térreo serão assentadas placas para piso elevados
com suporte telescópico de aço, que servirão de apoio para o piso de cimento
queimado polimérico (Figura 83), que por ser uma opção de acabamento mais
utilizadas, devido ao baixo custo. A fabricação deste piso é feita a partir de uma
argamassa feita na obra com a mistura de cimento, areia e água. Sua aplicação será
sob os suportes, a espessura é de 30mm e junta de dilatação de 1cm. Nas áreas de
banheiro e lavabo, os pisos serão revestidos com cerâmica Portobello 10x10cm
(Figura 85). Essas placas elevadas são constituídas por duas peças metálicas
ligadas entre si, com pontos de solda, formando uma estrutura semelhante à da laje
nervurada de modo a formar pontos de resistência.

t – house Casa Conteiner


99

Figura 85- Piso Elevado

Fonte: http://www.atospisos.com.br

Os suportes telescópicos são formados por uma base estampada de


sustentação, cravada numa haste maciça rosqueada e que através da ação da
porca, possibilita regulagem na altura do piso. No intuito de não danificar as placas,
estas serão encaixadas sob uma manta emborrachada, garantindo maior
estabilidade das peças. O modelo de piso elevado em aço com concreto celular leve
(Free-Quartz) de dimensões de 0.60 x 0.60m foi o escolhido21.

21
Cada placa será instalada sob dois modelos de piso elevado.

t – house Casa Conteiner


100

Figura 86- Suporte telescópico

Fonte: https://pbs.twimg.com

O piso do pavimento superior também será de cimento queimado polimérico,


mas este será sobreposto a laje de steel – deck. Todas as indicações estabelecidas
para aplicação do piso no primeiro pavimento, devem ser seguidas para o piso em
questão.

Figura 87- Aplicação do Piso de Cimento Queimado Polimérico

Fonte: http://www.blogleroymerlin.com.br

t – house Casa Conteiner


101

Laje e Cobertura

Por apresentar dificuldades quanto a aplicação das convencionais, lajes


específicas para estruturas metálicas foram estudadas e o Steel Deck foi o que se
mostrou mais eficiente, por ser comumente aplicada em obras com alto grau de
racionalização e reduzir o tempo de construção em relação ao concreto moldado in-
loco. Os painéis de steel deck serão fixados a vigas metálicas de perfil “L”, soldados
ao chassi metálico do contêiner, por meio de pontos de solda (ver Prancha 03 –
Modelo 01). Para junção das chapas e ligação com a laje de concreto, serão
utilizados pinos com cabeça ou perfil “U” laminados, com função de absorver
esforções de cisalhamento e afastamento vertical entre a laje e o chassi. A
concretagem ocorrerá na forma tradicional, seguindo o sentindo paralelo às nervuras
das chapas, para lançamento.

Figura 88- Steel Deck

Fonte: https://arcowebarquivos.s3.amazonaws.com

t – house Casa Conteiner


102

Figura 89- Viga Metálica - Perfil "L"

Fonte: https://arcowebarquivos.s3.amazonaws.com

Em se tratando de estrutura metálica, a cobertura deve ser pensada de


maneira a contribuir com a manutenção da temperatura interna da residência. Sendo
assim, foi escolhida a telha Sanduíche de Poliuretano da Eternit, por apresentarem
excelente isolamento termo acústico. Elas são compostas por duas telhas em aço
galvanizado CSN com revestimento tipo B, com telhas metálicas e enchimento de
poliuretano com, respectivamente, 40 mm e 100mm de espessura, no formato
trapezoidal. Os blocos de contêiner apresentam vão máximo de 6.03m e, portanto,
as telhas serão de 1.048m de largura total – 1m de largura útil – e inclinação de 5%,
aplicadas sob três perfis metálicos no formato “C”, espaçadas 80cm, com 10cm de
largura e comprimento longitudinal do vão.

t – house Casa Conteiner


103

Figura 90 - Telha Sanduiche de Poliuretano

Fonte: http://c.imguol.com

Instalações Elétricas e Hidráulicas

As instalações Hidráulicas serão embutidas nas paredes ou passaram por


shaft, como previsto para as áreas molhadas – Lavabo e Banheiro. Isto se faz
necessário, pois as tubulações para estes locais, são mais espessas, além de evitar
o rebaixamento das lajes.

Figura 91- Detalhe do Shaft - Corte Esquemático

Fonte: Autor (2015)

t – house Casa Conteiner


104

Como já dito, o armazenamento da água será por meio de castelo d’água e por
tanto, sua capacidade depende da forma de inserção dos modelos 22, uma vez que
será de uso comum a estes. Contudo, foi levado em consideração a implantação
individualizada. Desta forma, tem-se que cada pessoa, em média, consome entre 50
e 200 Litros de água por dia. Sendo assim:

Cd = P x q; onde Cd é o consumo diário; P, a população que ocupará a edificação e


q o consumo por pessoa. Logo:

 Cd = P x q  Cd = 4 x 200  Cd = 800 Litros

É recomendado adotar o consumo de dois dias, ou seja;

CR = 2 x Cd, onde CR é a capacidade total do reservatório. Portanto:

 CR = 2 x Cd  CR = 2 x 800  CR = 1600 Litros

É aconselhável que 60% - 960 litros – do que será consumido, seja


reservado em um reservatório inferior e 40% - 640 litros – no superior.

Figura 92- Referência para Castelo D'água

Fonte: http://img.olx.com.br

22
Se será individual ou agrupado.

t – house Casa Conteiner


105

Da mesma forma, as instalações Elétricas serão embutidas, já que as


paredes são do tipo removíveis e facilitam possíveis manutenções.

Figura 93- Instalações Embutidas

Fonte: http://flog.vermais.com

Elementos Mecânicos de Sustentabilidade

Contribuindo para uma construção mais sustentável, foram instalados Placas


Fotovoltáicas da Neosolar de 140Wp, dispositivos utilizados para converter a energia
solar em elétrica. Foram instaladas três placas com 2m², que atendem em média 4/5
banhos diários e uso de torneiras. Além da instalação dos painéis, é necessário
utilizar um reservatório térmico com capacidade de 500 litros de armazenamento.

t – house Casa Conteiner


106

Figura 94 - Placa Fotovoltaica

Fonte: http://tecnolamp.com.br

Estruturas Complementares

O contêiner é uma estrutura autoportante, ou seja, é aquela que sustenta o


peso próprio e os subsequentes, no caso de edifícios verticais, dispensando uso de
colunas e vigas. Sendo assim, não possuem ligações predefinidas, mas que se faz
importante a soldagem, para evitar incidentes futuros. Especificamente para o
modelo em análise, foi necessário locar pilares e vigas (quatro de cada), uma vez
que um dos contêineres do pavimento superior não possui suporte inferior.

Para os pilares foi escolhido o perfil I, do tipo CV – dimensão da base igual à


altura – e bitola de 9.5mm. Foi considerado o peso máximo do contêiner de 20’
totalmente preenchido – 30 toneladas. O cálculo para pré-dimensionamento destas
estruturas é:

S = P / σ, sendo P, a carga total sobre o pilar em Kg e σ = 1200kg/cm² a


2000kg/cm². Logo:

 S = P / σ  S = P / σ  S = 300000 / 1200  S = 25cm²

A área do pilar é determinada de maneira aproximada. Portanto:

H = S / 3t, sendo H, a dimensão da altura e largura do perfil e t, a esp. do metal


de 1.9cm. Sendo assim:

t – house Casa Conteiner


107

 H = S / 3t  H = 25 / 3 x 1.9  H = 25 / 5.7  H = 5cm23

Figura 95- Pilar Metálico em Perfil I

Fonte: http://flog.vermais.com

Foram escolhidas vigas de perfil T. Adotou-se para altura da viga, 1/15 da


distância entre os pontos de momento nulo. Sendo assim:

 H1 = 1/15 x L1  H1 = 1/15 x 5.83  H1 = 5 cm, aproximadamente;


 H2 = 1/15 x L2  H2 = 1/15 x 2.47  H2 = 2cm. Adota-se H2 = 5cm.

Figura 96- Viga Metálica Perfil T

Fonte: www.specialtb.com.br

23
Os pilares utilizados para suporte da laje, pontualmente próximos a escada, possuem mesma dimensões das
calculadas.

t – house Casa Conteiner


108

Montagem dos Contêineres in-loco


Quando os contêineres chegam ao local, são colocados um por vez sobre a
fundação. Quando perfeitamente encaixados, são soldados para não haver risco de
deslizamento, por garantia. Normalmente isso não ocorrerá, já que os contêineres
são bem pesados e projetados para transportar grandes cargas, só
precisando ser fixados nos cantos para estarem seguros, do mesmo modo como
ocorre em um navio. Para o transporte dos contêineres, será necessário a utilização
de caminhões do tipo MUNCK24 (Figura 97), que já são equipados com guindastes.

Figura 97- MUNCK

Fonte: http://www.transmarquesloc.com.br

24
A marca Munck ficou tão associada à ideia de Guindaste que é comum o uso da palavra 'MUNCK como
sinônimo de Guindauto.

t – house Casa Conteiner


109

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final pode-se concluir que as propostas apresentadas cumprem com os


objetivos determinados para este trabalho, bem como conseguem rebater os
parâmetros de flexibilidade e sustentabilidade, estudados nos referenciais teóricos e
empíricos.

Sendo assim, torna-se evidente que a garantia da habitabilidade das


habitações está ligada diretamente com os esses dois parâmetros, posto que o
primeiro assegura a vida útil das habitações ao longo das variações familiares e
outro garante que tais construções não causem muita agressão ao meio ambiente,
além de oferecer aos usuários uma moradia alternativa e bem-estar.

Durante a realização deste trabalho, foi percebido que o material construtivo


escolhido contribuiu para a adoção de um sistema flexível, uma vez que as áreas
internas dos contêineres não são estáticas, ou seja, oferecem plantas livres e
elevadas capacidades de mutabilidade. Além disto, o contêiner mostrou, de maneira
satisfatória, a flexibilidade de formas, uma vez que o seu modulo além de ser
horizontal – em planta baixa – é também vertical – Vistas – garantindo inúmeras
formas ao projeto. Contudo, é importante ressaltar que esta última característica,
dificultou o processo projetual, já que não se tinha controle das infinitas
possibilidades. Assim, a escolha do conceito foi fundamental para se obter o domínio
do projeto – daí a escolha de quatro modelos a serem desenvolvidos.

Mesmo sendo satisfatório a escolha do sistema construtivo alternativo, no


aspecto prático, a falta de material teórico sobre construções em contêineres, foi a
grande dificuldade deste trabalho. Inicialmente, previa-se o desenvolvimento de um
edifício vertical, mas a falta de conhecimento e a indisponibilidade de tempo hábil
para pesquisa aprofundada quanto a questão estrutural – mesmo sabendo que são
autoportantes – contribuíram para “podas” durante a fase de estudos. Desta forma,
em comum acordo com a orientadora deste trabalho, ficava decidido pelo
desenvolvimento de unidades habitacionais do tipo duplex, já que estaria propenso a
menos erros.

t – house Casa Conteiner


110

Outro problema encontrado, estava na carência de edificações similares na


cidade de Natal, o que impossibilitou referências diretas, no que diz respeito ao
contêiner como elemento habitável, por isso a escolha por estudar uma edificação
que utiliza o sistema construtivo, mas que possui uso comercial.

Quanto a ferramenta utilizada para projetação, podemos destacar um fator


primordial para que se fosse possível o desenvolvimento deste trabalho: o uso da
ferramenta BIM25, o REVIT, software criado pela empresa Autodesk que permite ao
usuário realizar modelagens paramétricas de elementos.

Durante o processo de concepção e desenvolvimento, foi fundamental por


oferecer a possibilidade de visualização de inúmeros estudos, contribuindo para
decisões projetuais importantes, como por exemplo, os recortes estruturais que
precisariam ser feitos, a instalação dos shafts dos modelos 01 e 02 e até mesmo
pela escolha de quantas propostas seriam possíveis ser feitas com o tempo hábil
oferecido. Por proporcionar visualizações em duas e três dimensões, o Revit
também otimizou o andamento do trabalho mais técnico e mecânico – desenhos
técnicos e modelagem 3D – uma vez que os planos, seções, elevações e legendas,
são interligados, e se o usuário faz uma mudança em um dos pontos de vista, os
outros são atualizados automaticamente.

Do mesmo modo, destaca-se a escolha por fazer o memorial descritivo mais


aprofundado, mostrando como devem ser executadas as propostas. Essa decisão
foi tomada em conjunto a orientadora e importante por oferecer mais controle dos
modelos e materiais que foram utilizados.

Sendo assim, pode-se considerar como indicativos para novos trabalhos:

1. A elaboração de estudos de viabilidade econômica de projetos com o


sistema construtivo escolhido;
2. Aprofundamento dos estudos quanto a estrutura dos contêineres e
realização de uma proposta de edifício vertical;
3. Desenvolvimento e aprimoramento do uso da ferramenta BIM, como
metodologia projetual.

25
BIM - Building Information Model.

t – house Casa Conteiner


111

Por fim, é importante destacar que foi possível pôr em prática os conteúdos
aprendidos durante o curso, além de promover temas não vistos detalhadamente,
como os relacionados a flexibilidade e ao reuso de materiais.

t – house Casa Conteiner


112

REFERÊNCIAS

ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6492: Representação de


projetos de arquitetura. Rio de Janeiro, 1994.
ADAM, R. Princípios do ecoedifício: interação entre ecologia, consciência e
edifício. São Paulo: Aquariana, 2001.
ALVES, A. Todo brasileiro merece nível “A”: Habitação multifamiliar para o
programa minha casa minha vida energeticamente eficiente. 2012. 126 f. Tese
(Mestrado em Arquitetura, Projeto e Meio Ambiente) – Programa de Pós-graduação
em Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2012.
AMAZON INTERART. A versatilidade dos “Containers” na construção civil.
Disponível em: < http://www.amazoninterart.com/?p=3293 > Acesso em: 27 de jan.
de 2015.
ARAVENA, A. Entrevista Alejandro Aravena – Elemental. São Paulo, Archdaily, 15
fev. 2008.Entrevista a Equipe Archdaily. Disponível em:
<http://www.archdaily.com.br/br/office/alejandro-aravena> Acesso em: 06 fev. 2015.
__________. RAD#3 – Entrevista Alejandro Aravena – Elemental. São Paulo,
Himawari, 15 nov. 2013.Entrevista a Equipe Himawari.
ARQUITETO & CIA. Desmitificando a casa container. Disponível em:
<http://arquitetoecia.com.br/blog/?p=3844> Acesso em: 12 de dez. de 2014.
ARQUITETURA. Construída a partir de dois contêineres, casa de 100 m2 custou
40 mil dólares. Disponível em: < http://www.arquitetura.com.br/construida-a-partir-
de-dois-conteineres-casa-de-100-m%C2%B2-custou-40-mil-dolares/> Acesso em: 5
de fev. de 2015.
ASSIS, V., COLOMBINI, A. Ecoeficiência para desenvolvimento de construções
sustentáveis. Revista IETEC - Instituto de Educação Tecnológica. Belo horizonte,
2005. Disponível em: <
http://www.techoje.com.br/site/techoje/categoria/detalhe_artigo/1073> Acesso em:
25 de nov. de 2014.
BRANDÃO, D., HEINECK, L. Estratégias de flexibilização de projetos residenciais
iniciadas na década de 1990 no Brasil: tão- somente um recurso mercadológico?
Ambiente Construído. Porto Alegre, v. 7, n. 4, 2007.
______________________. Formas de aplicação da flexibilidade arquitetônica
em projetos de edifícios residenciais multifamiliares. Disponível em:
<http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/7126/1/1997_eve_lfmheineck.PDF>
Acesso em: 6 de fev. de 2015.
CASAS E PROJETOS. Casa de container um sistema construtivo ecológico.
Disponível em: < http://www.casaseprojetos.com.br/casa-de-container-um-sistema-
construtivo-ecologico/> Acesso em: 5 de fev. de 2015.

t – house Casa Conteiner


113

CONTAINER CITY. Disponível em: < http://www.containercity.com/projects> Acesso


em: 19 de nov. de 2014.
CORBAS, D. Casa construída com contêineres fica aberta para visitação até 19
de junho. São Paulo, PiniWeb, 24 maio 2011. Entrevista a Maurício Lima.
CORRÊA, L. Sustentabilidade na construção civil. 2009. 70 f. Especialização em
Construção Civil – Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais,
Belo Horizonte, 2009.
DAMASCENO, L., BATTISTELLE, R., SANTOS, M., LAHR, F. Projeto de um
protótipo sustentável. Revista Pesquisa e Tecnologia Minerva. São Paulo, v.6, n.
2, 2009.
DAY, C. Places of the soul. Architecture and environmental design as a healing art.
London: Harper Collins Publishers, 1990.
DELTA CONTAINERS. Projetos especiais utilizando containers. Disponível em: <
http://www.deltacontainers.com.br/projetos-especiais-containers.html > Acesso em:
19 de agosto de 2014.
ECYCLE. Conheça tudo sobre construção sustentável. Disponível em:
<http://www.ecycle.com.br/component/content/article/42-eco-design/2062-conheca-
tudo-sobre-construcao-sustentavel.html> Acesso em: Acesso em: 19 de agosto de
2014.
ESSER ENGENHARIA. Vantagens e desvantagens de residências em
containers. Disponível em:<http://esserengenharia.blogspot.com.br/2012/09/no-
brasil-aproveitarconteineres-para_21.html>. Acesso em: 08 de junho de 2015.
FERNANDES, Marlene. Agenda habitat para municípios. Rio de Janeiro: IBAM,
2003. CRICIÚMA, Secretaria municipal de Desenvolvimento Social e Habitação.
Plano Local de Habitação de Interesse Social. Pontual, 2012.
FINKELSTEIN, C. Flexibilidade na arquitetura residencial – um estudo sobre o
conceito e sua aplicação. 2009. 172 f. Tese (Mestrado em Arquitetura). Programa de
Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura, Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, 2009.
FISCHER, S. Diretrizes de projeto arquitetônico e design de interiores para
permitir a expansão de habitações de interesse social. Curitiba, 2003. 136 f.
Dissertação (Mestrado em Construção Civil) - Programa de Pós-graduação em
Construção Civil, Universidade Federal do Paraná. Orientação: Aguinaldo dos
Santos.
GIACOMIN, S.D.; MASCARÓ, J. J.; Adaptabilidade e flexibilidade como critérios de
projeto habitacional. In: Encuentro ULACAV – V Jornada Internacional de Vivienda
Social, 13., 2007, Santiago de Chile. Anais… Santiago de Chile: UCC (Universidad
Católica de Córdoba), 2007. 6 p.
GRUPO MAFRA RIBEIRO. O uso de contêineres marítimos na construção civil
ganha adeptos no Brasil. Disponível: <http://www.mmr.com.br/noticias/33-moa-
eco-building/129-o-uso-de-cont%C3%AAineres-mar%C3%ADtimos-na-
constru%C3%A7%C3%A3o-civil-ganha-adeptos-no-brasil.html> Acesso: 25 de nov.

t – house Casa Conteiner


114

de 2014.
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS. Plano Diretor de Natal
Disponível em: <https://www.leismunicipais.com.br/plano-diretor-natal-rn> Acesso
em: 02 mar. 2015.
INTERNATIONAL COUNCIL FOR RESEARCH AND INNOVATION IN BUILDING
AND CONSTRUCTION – CIB; UNITED NATIONS PROGRAME, INTERNATIONAL
ENVIRONMENTAL TECHNOLOGY CENTER – UNEP-IETC (Eds.). Agenda 21 for
Sustainable Construction in Developing Countries: a discussion document.
BOUTEK Report no. Bou/E0204. Pretoria: CIB/UNEP-IETC, 2002.
LIMA, M. Casa construída com contêineres fica aberta para visitação até 19 de
junho. Disponível em: < http://piniweb.pini.com.br/construcao/sustentabilidade/casa-
construida-com-conteineres-fica-aberta-para-visitacao-ate-19-218816-1.aspx >
Acesso em: 12 de fev. 2015.
LOCARES. Contêiner ganha espaço em projetos de construção civil: O uso de
contêineres marítimos na construção civil ganha adeptos no Brasil. Disponível em: <
http://www.locares.com.br/noticia-3-
conteiner+ganha+espaco+em+projetos+de+construcao+civil> Acesso em: 27 de jan.
de 2015.
LULANDIM. Containers na construção civil: sustentabilidade e economia.
Disponível em: < http://www.lulandim.com.br/page/containers-na-construcao-civil-
sustentabilidade-e-economia/> Acesso em: 27 de jan. de 2015.
MARROQUIM, F. M. G; BARBIRATO, G. M. Flexibilidade Espacial em Projetos de
Habitações de Interesse Social. In: COLÓQUIO DE PESQUISAS EM HABITAÇÃO,
4., 2007, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: EAUFMG, Grupo Morar de Outras
Maneiras, 2007.
MELHADO, A. AQUA, certificando as construções sustentáveis brasileiras.
Disponível em: < http://proactiveconsultoria.com.br/2013/wp-
content/uploads/2013/04/certificandoempreendimentosbrasileiros.pdf> Acesso em: 6
de fev. de 2015.
MILANEZE, G., BIELSHOWSKY, B., BITTENCOURT, L., SILVA, R., MACHADO, L.
A utilização de containers como alternativa de habitação social no município de
criciúma/SC. Revista Técnico Científica (IFSC). Santa Catarina, v. 3, n. 1, 2002.
MINHA CASA CONTAINER. Casa de container construída em seis meses.
Disponível em: <http://minhacasacontainer.com/2014/03/13/casa-de-container-
construida-em-seis-meses/> Acesso em: 05 de fev. de 2015.
______________________. Como construir uma casa container – concepção.
<http://minhacasacontainer.com/2015/01/15/como-construir-uma-casa-container-
concepcao/> Acesso em: 05 de fev. de 2015.
______________________. Como construir uma casa container: I – concepção.
Disponível em: < http://minhacasacontainer.com/2015/01/15/como-construir-uma-
casa-container-concepcao/> Acesso em: 05 de fev. de 2015.
______________________. Como construir uma casa container: III – Execução.
Disponível em: < http://minhacasacontainer.com/2015/01/22/como-
t – house Casa Conteiner
115

construir-uma-casa-container-iii-execucao/> Acesso em: 5 de fev. de 2015.


______________________. Moradia estudantil em container. Disponível em:
<http://minhacasacontainer.com/2014/12/18/moradia-estudantil-em-container/>
Acesso em: 5 de fev. de 2015.
______________________. O passo a passo da construção de uma casa
container. Disponível em: <http://minhacasacontainer.com/2014/03/28/o-passo-a-
passo-da-construcao-de-uma-casa-container/> Acesso em: 5 de fev. de 2015.
______________________. Quanto custa uma casa container. Disponível em:
<http://minhacasacontainer.com/2014/06/30/quanto-custa-uma-casa-container/>
Acesso em 27 de jan. de 2015.
MONTEIRO, V. Por uma moradia termicamente confortável: Proposta de
habitação de interesse social com ênfase no conforto térmico. 2012. 127 f. Tese
(Mestrado em Arquitetura, projeto e meio ambiente) – Programa de Pós-graduação
em Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2012.
NATAL. Lei complementar nº 055, de 27 de janeiro de 2004. Institui o Código de
obras e edificações do município de Natal e dá outras providências. Natal: SEMURB,
2004. Disponível em <https://www.natal.rn.gov.br/semurb/Paginas/ctd-
102.html#legislacao_div> Acesso em: 06 fev. 2015.
PINTEREST. Arquitetura com Container. Disponível em:
https://www.pinterest.com/arquitetowagner/arquitetura-com-container/ Acesso em: 1
de dez. de 2014.
PLAN SERVICE. Container é estrutura sustentável e econômica para a
construção civil. Disponível em:
<http://www.planservice.com.br/noticias_interna_clipping.aspx?id=32> Acesso em:
19 de agosto de 2014.
PORTAL MET@LICA CONSTRUÇÃO CIVIL. Container City: um novo conceito em
arquitetura sustentável. Disponível em: <http://wwwo.metalica.com.br/container-city-
um-novo-conceito-em-arquitetura-sustentavel> Acesso em: 25 de nov. de 2014.
ROSSI, A. M. G. Exemplos de flexibilidade na tipologia habitacional. In:
ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 7.,
Florianópolis, 1998. Anais... Florianópolis, 1998. p. 211-217.
SCHNEIDER, Tatjana; TILL, Jeremy. Flexible Housing: opportunities and limits.
Cambridge University Press. 2005.
SMAHA, R. Containers, uma alternativa inteligente para a construção civil.
Disponível em: <http://www.clickfozdoiguacu.com.br/pagina/containers-uma-
alternativa-inteligente-para-a-construcao-civil> Acesso em: 19 de agosto de 2015.
TODD, J. H., BENJAMIN, D., TODD, J. Compreensive water and nutrient
planning for sustainable design. L. Bragança et al. (Eds.) – SB07: Sustainable
Construction Materials and Practices. Amsterdam: IOS Press, 2007.
TODD, J., TODD, N. From eco-cities to living machines: principles of ecological
design. California: North Atlantic Books, 1994.

t – house Casa Conteiner


116

TRAMONTANO, M. Espaços domésticos flexíveis. Notas sobre a produção da


primeira geração de modernistas brasileiros. 1993. São Paulo: FAU-USP,
1993.15 p. Disponível em: < http://www.nomads.usp.br/documentos/livraria/T01-
espacosdomesticosflex.pdf>. Acesso em: 6 de fev. de 2015.

t – house Casa Conteiner


108

APÊNDICE – MODELO ALTERADO

t – house Casa Conteiner


118

t – house Casa Conteiner


119

t – house Casa Conteiner


120

t – house Casa Conteiner


109

t – house Casa Conteiner

You might also like