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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - UnB

Faculdade de Educação - FE
Disciplina: Didática Fundamental
Professora: Dr. Liliane Campos Machado
Alunos: Danilo Farias
Gabriela Aguiar
José Renato
Laiane Moraes 140024735
Nara Andejara Gomes do Vale 12/0045605
Nayara Santos da Rocha Pinto 120172224

Introdução

O objetivo desse trabalho é compreender e apresentar de que forma os profissionais


licenciados que já atuam em escolas como professores utilizam os conhecimentos adquiridos
durante a graduação nas disciplinas de educação para a sala de aula. Para tanto foram
entrevistados professores de escolas particulares assim como da rede pública.

Tópicos a serem abordados no projeto escrito:

1)Relação trabalho, educação e sociedade - José Renato

2) Tendências pedagógicas na prática escolar

3)Planejamento no âmbito da escola e avaliação. - Laiane Moraes

4)Avaliação

5)PPP

6)Organização e planejamento de aula

7)Relação Professor Aluno - Nara Andejara

Analisar a relação entre professor e aluno é, antes de tudo, ter em mente de que as
pessoas têm infinitas possibilidades de interação social e elas contribuem para o crescimento
de todos individualmente e como grupo. Como o ser está em constante formação, a escola é
um lugar que deve ser colocado em destaque de acordo com todas as fases, definidas por
faixa etária ou grau de instrução, do aluno. Nesse ambiente ele tem segurança para receber
informações importantes e questionar ao professor e aos outros colegas suas inseguranças e
formas de ver o mundo.
Na pesquisa feita com professores, a grande maioria das perguntas foi voltada a
formação acadêmica do profissional e as formas como este deixou repercutir os ensinamentos
da graduação nas ações tanto de planejamento de aula quanto na exposição rotineira de
conteúdo para os alunos. Com exceção da questão 9, que pergunta justamente como se dá a
relação professor-aluno dentro da sala de aula. As outras questões também podem tratar dessa
relação, pois o professor pensa no planejamento de aula, de provas, de construção de uma
PPP, baseado na forma de ver e em como vem lidando com os alunos.

Sobre essa relação, observaremos sob a perspectiva de formação humana. Portanto, a


meta tanto do professor quanto do aluno deve estar objetivamente definida: acrescentar
conhecimento de vida ao outro baseado em experiências de vida e conteúdos programados. O
texto de Veiga (2010), do primeiro capítulo de A escola mudou. Que mude a formação de
professores! destaca o processo de formação como via de mão dupla em que aluno e
educador aprendem e a sua importância como formação humana:

É importante ressaltar que essa concepção destaca e demonstra como é


fundamental a formação humana. Por isso, a importância de se pensar e
construir a escola básica significa colocar em prática uma perspectiva
político-pedagógica que se corporifica no projeto pedagógico do processo
formativo. (p.21)

O professor deve aproveitar ao máximo as oportunidades de ouvir o aluno e aprender


a melhorar o seu trabalho e suas concepções de vida de acordo com a experiência do outro.
Há um problema muito grande em uma das respostas que obtivemos em nossas entrevistas, é
ela referente à nona pergunta e foi dita pelo professor de gramática de uma escola particular:

“Como eu já disse, tem que ter respeito. Você tem que pesar muito bem até onde vai abrir pro
aluno senão ele começa a te fazer mais pergunta pessoal do que da matéria. Sobre aluno que a
gente vê que precisa de ajuda, acompanhamento individual tem que identificar logo o
problema e chamar a coordenação pra interferir no caso, muitas vezes convidando o pai pra
conversar.”

Nessa resposta, o professor demonstra o desinteresse no que o aluno tem a dizer e fecha as
portas do diálogo, perdendo assim, a chance de compreender as dificuldades dos alunos ou mesmo a
possibilidade de encarar que a sua frente está uma turma cheia de ideias e pontos de vista que não
devem ser podados e sim incentivados.

Em contrapartida, o professor de biologia da Secretaria de Educação respondeu algo


mais próximo dos valores de ensino que aprendemos na disciplina de Didática:

“Ao meu ver o professor deve ser um mediador do conhecimento e da informação. Ninguém
pode deter todo o conhecimento, ainda que para a tristeza de alguns. Assim, um aluno sempre
pode lhe trazer novidades e mesmo descobertas em diversas áreas, que devem ser discutidas,
caso haja pertinência com a disciplina. Eu gosto de abrir debates, ao menos um por mês, num
sistema que eu chamo de mesa-redonda. Este é um dos momentos mais horizontais da minha
experiência como docente.”
Infelizmente esse contraste representa uma realidade do ensino atual. Chega a ser
simbólico que o professor de escola particular, conhecida por aprovar uma quantidade grande
de alunos no vestibular para cursos concorridos como Direito e Medicina, tenha essa forma
de pensar sobre o aluno: alguém que chega e absorve conteúdo sem questionar. Enquanto o
professor da rede pública tem liberdade para interagir com os alunos e deixar que eles se
situem na sociedade de acordo com suas velocidades e capacidades de adquirir conhecimento
e utilizá-lo no cotidiano.

8)Estratégias de Ensino

Transcrição das entrevistas

Entrevista de pesquisa de campo

Feita por: Nara Andejara Gomes do Vale

Entrevistado: professor de gramática e redação de um colégio particular de Brasília. Preferiu


permanecer anônimo.

1) Na sua graduação houveram mais disciplinas voltadas ao conteúdo de sua área


específica ou ao método didático? O que você acha disso?

Com certeza da minha área, não acho ruim que tenha sido assim, tive ótimos professores de
linguística que, para mim, representam uma época de ouro da Universidade. O fato de ter tido
a oportunidade de ter aula com esses além de ter complementado meus interesses por
português e outras línguas me serviu como método porque fiquei empenhado em um dia ser
transmitir esse conhecimento que é minha paixão.

2) Desde que você começou a dar aulas, quais foram as mudanças no seu método de
ensino baseadas nas experiências em sala?

Eu sempre digo pra quem está começando que a gente é obrigado a aprender a dar aula várias
vezes durante o dia, depende da quantidade de turmas que você entra e o tempo que vai ficar
com elas. Quando eu comecei, tinha muito medo de fazer brincadeiras durante as aulas
porque tinha medo de perder o controle da turma e ser desmoralizado por ter aberto aquela
brecha. Depois de muito tempo percebi que a figura ranzinza não me fazia bem, não permitia
que os alunos abrissem diálogo comigo e o mais importante em ensinar é lembrar sempre que
é uma via de mão dupla.

3) Na sua opinião, qual a maior dificuldade enfrentada pelo professor da sua área de
ensino atualmente?
Essa eu sei que você conhece muito bem, é o whatsapp. Antes dele já existia isso de
mensagens instantâneas, palavras e expressões abreviadas. Mas agora só piorou: eles não
largam o celular, não tenho como controlar cada celular em sala de aula e isso reflete na
escrita deles. Já tive muito aluno que sinceramente acreditava que o certo era a forma
abreviada da palavra.

4) De que forma a disciplina de didática foi importante na sua formação como


professor?

Antes de terminar a graduação eu já dava aula em cursinho pré-vestibular, reforço pros


amigos que iam prestar concurso. Quando eu assisti essas aulas discutia aquilo que já fazia na
prática.

5) Quais são suas impressões sobre o projeto político-pedagógico da escola em que


você atua?

Não tenho nada a acrescentar, pra mim está bom.

6) Como a didática ajudou você a planejar uma avaliação?

Pra fazer uma prova todos os professores da cadeira (no caso, de português) se reúnem e cada
um já leva escrito o que pensou em casa, aí discutimos as possíveis ambiguidades que podem
confundir o aluno na interpretação. Se deixamos passar algo depois vira um problemão, ter
que anular questão, refazer os cálculos...

7) Qual a sua concepção de escola? E de sala de aula?

Escola de verdade é isso aqui e não tem o que discutir. Quadro verde, carteiras em fileiras e
aluno respeitando a autoridade do professor.

8) Como você enxerga o papel do educador?

O educador tem uma missão muito difícil, ele sabe que estudou muito pra exercer uma função
que não é tão bem paga, então já começa aí: tem que ter vontade de ensinar pra valer.
Professor quer ver resultado, o sucesso do aluno estampado na nota do vestibular não serve só
pra levantar a bola da escola na mídia, estimula a gente também.

9) Como se dá a relação professor-aluno dentro da sala de aula?

Como eu já disse, tem que ter respeito. Você tem que pesar muito bem até onde vai abrir pro
aluno senão ele começa a te fazer mais pergunta pessoal do que da matéria. Sobre aluno que a
gente vê que precisa de ajuda, acompanhamento individual tem que identificar logo o
problema e chamar a coordenação pra interferir no caso, muitas vezes convidando o pai pra
conversar.

10) Qual a melhor forma de avaliação do seu ponto de vista? E a pior? Por quê?

Melhor é fazer que nem a gente faz aqui no colégio, começa o ano e já apresenta o esquema
pro aluno: teste específico, simulado e prova no final do semestre separando as áreas exatas
das humanas. De gramática não tem outro jeito de cobrar: eles têm que saber olhar pra uma
frase e dizer o é agramatical ou não de acordo com a norma culta. Eu cobro aqui o mesmo
que vai ser cobrado lá fora.

11) Com que freqüência você faz plano de curso? E de aula?

Anualmente. Mas já tenho um esquema pronto.

12) Com relação ao planejamento de aula, quais são as principais dificuldades que você
enfrenta? Com que freqüência você adequa seu planejamento com a realidade de seus
alunos?

Só é difícil planejar uma aula se você não domina o tema. Senão é só criar um modelo e
desenvolver na hora acrescentando as informações extras que você conhece e ainda com o
apoio do livro didático que facilita muito as coisas pra gente.

13) Qual a sua opinião sobre o modelo atual de ensino?

O professor não sai mais tão bem formado da universidade, eu falo isso porque vejo o
despreparo de quem chega aqui querendo dar aula. Sobre o futuro eu não tenho perspectivas
muito boas.

14) Como você vê os novos recursos tecnológicos dentro de sala de aula? Ajuda ou
atrapalha?

Nesse sentido, eu sou um homem das cavernas, é quadro, giz e livro na mão. Quer dizer, a
escola quer parecer moderna agora com a coisa do tablet, mas nosso modelo de ensino é
tradicional mesmo.

15) Você acha importante o PPP? Você participou da última que teve da escola que
atua?

Sim, e participei de todas as reuniões.

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Questionário feito por Danilo com um professor de Biologia da Secretaria de Educação

1.Na sua graduação houveram mais disciplinas voltadas ao conteúdo de sua área
específica ou ao método didático? O que você acha disso?
A maior parte da grade era de disciplinas gerais da área, com três blocos de licenciatura - um
de disciplinas teóricas da Faculdade de Educação, um voltado para o ensino fundamental e
outro para o ensino médio. Considero a divisão boa, pois não era um curso de pedagogia, e
sim um curso de licenciatura. Notei que nos últimos anos a UnB mudou a grade e diminuiu o
bloco de disciplinas teóricas gerais da educação, ampliando as disciplinas específicas da área,
o que me parece ser excelente, pois houve, na minha formação, uma sobreposição de
conteúdos nas disciplinas gerais que realizei na FE (dizíamos na época que eram todas a
mesma disciplina, porém com nomes diferentes).
2.Desde que você começou a dar aulas, quais foram as mudanças no seu método de
ensino baseadas nas experiências em sala?
Algo que hoje vejo essencial é o domínio de turma, e esse domínio vem sendo sempre
reconstruído, e só é adquirido com a práxis em sala de aula. Cada vez mais tenho notado que
dividir o tempo das aulas é essencial, em hoje, em geral, passo por 3 blocos em minha aula
(conteúdo de quadro, exposição e exercícios), onde a exposição pode ser realizada com
filmes curtos, que facilitam bastante o entendimento. A práxis me levou a utilizar mais vídeos
do Youtube e a ser mais independente dos livros didáticos, mas pra isso é necessário um
arcabouço conteudista amplo, por isso defendo a parte geral dos cursos.
3.Na sua opinião, qual a maior dificuldade enfrentada pelo professor da sua área de
ensino atualmente?
Certamente, não só para mim, é a diversidade de realidades dos meus alunos (realidades de
intervenção, realidades avaliativas, realidades de atenção). Poucos colegas da rede pública do
DF estão preparados, de fato, para o ensino inclusivo (eu não me sinto preparado), e muitas
vezes falta jogo de cintura para resolver problemas. Hoje na rede pública de ensino do
Distrito Federal quase todas as turmas são inclusivas. Isso per si não é problema. A
dificuldade advém do não cumprimento de leis pela própria secretaria de educação. Já tive
turma com 5 laudos distintos (num total de 7 alunos), desde TDAH até o autismo e algo no
espectro da esquizofrenia. Era o pandemônio, pois os hiperativos faziam barulho e o autista
se assustava. Além dessa diversidade de laudos, as turmas não eram reduzidas, então eu tinha
uma série de outros alunos sem laudo que necessitavam de atenção. Além disso alguns laudos
exigem que o professor sente com os alunos e realize as atividades, ou mesmo que prepare-se
conteúdo diferenciado para os alunos. Na teoria é lindo, mas, de fato, não há tempo hábil para
realizar todas essas atividades e vencer os conteúdos.
4.De que forma a disciplina de Didática foi importante na sua formação como
professor?
A disciplina de didática foi, de longe, a mais inútil de todos os 300 créditos que cursei na
UnB. A professora não tinha didática, pelo incrível que pareça. As aulas eram morosas.
Inclusive a disciplina de didática foi substituída no currículo de meu curso, por duas
disciplinas específicas, um didática para ensino fundamental e outra para o ensino médio.
5.Quais são as suas impressões sobre o projeto político-pedagógico da escola em que
você atua?
Um dos motivos deu ter pleiteado a vaga foi o PPP. Considero o PPP de minha atual escola
um plano de diretriz aplicável, com passos determinados e projetos que vão além do mero
cumprimento da legislação vigente. O PPP e sua execução, além do esforço dos colegas que
trabalham na escola, fez com que essa unidade escolar saísse da mais violenta do plano piloto
para a quinta melhor pública do DF, no IDEB. Estamos no ano de edição do PPP e é muito
bonito ver os colegas apresentando e bolando projetos trans e multidisciplinares.
6. Como a didática ajudou você a planejar uma avaliação?
A didática como área de conhecimento, e não como disciplina, me ajudou bastante. Mas a
própria legislação impõe um sistema avaliativo complexo. Hoje, no máximo, 5 pontos são
relativos a provas e testes. Dos 5 restantes, 2 são relativos a projetos gerais, restando 3 pontos
ao professor. Destes três, praticamente todas as escolas tem o ponto de caderno, muitas vezes
petrificado no PPP, me restando apenas a distribuição de 2 pontos. Em geral, gosto da
realização de seminários, e dou um ponto extra pela realização de uma pesquisa ao longo do
semestre. Algumas vezes substituo a pesquisa por desenhos esquemáticos. A grade questão
dos tipos avaliativos é a pluralidade de formas, para que os estudantes sejam avaliados
múltiplas vezes e com formatos distintos. Um modelo avaliativo, apenas, pode provocar
dificuldades para os alunos que tenham problemas com este modelo, por isso acho positivo o
uso de diversas avaliações. Apesar disso, o mundo fora da escola cobra através de provas,
seja em seleções para concursos ou vestibulares. Vejo a escola como um preparativo para as
avaliações da vida, por isso faço provas de alta complexidade, com partes abertas e partes
fechadas, e que exijam que o aluno tenha estudado o conteúdo. As provas desafiadoras são
extremamente interessantes pois muitos alunos se sentem desafiados. Já encontrei diversos
casos de estudantes apáticos que só iam bem nas minhas provas, exatamente por serem
desafiadoras. Como costumo dizer aos meus alunos, não sou balcão de distribuição de pontos,
e as provas são do nível que a vida exigirá deles.
7. Qual sua concepção de escola? E de sala de aula?
O conceito de escola é antigo, ultrapassado, e muito similar às prisões. Os jovens ficam
encarcerados, à espera de suas refeições e do banho de sol (intervalo). Considero todo o
modelo uma forma de distanciar os alunos da vontade de aprender - o que acaba sendo
discutido por Paulo Freire com maestria. A escola de hoje concorre com um mundo de
liberdade na sua parte externa, e é muito difícil concorrer com tráfico de drogas e com o
prazer sexual (já tive alunos de 11 anos detidos em uma orgia, regada a cocaína, maconha e
álcool). A escola precisa se renovar e perder seu status de prisão, e não acredito que seja
nivelando-se para baixo, e aplicando sistemas de aprovação automática que chegaremos lá.
Como relato pessoal, por inúmeras vezes recebi alunos em fase silábica no sexto ano, muitos
que sequer faziam contas de somar. muitas vezes os colegas abaixam o nível de suas aulas
para receber os frutos podres do sistema (podres no sentido que foram perdidos, que
deveriam ter sido retidos até possuírem condições mínimas de avançar), e acabam
contaminando de preguiça os colegas mais avançados, que tem aulas rasas, básicas e
repetidas.
Já a sala de aula é como a cela da prisão, dentro deste nosso sistema atual. Muitos estão ali
torturados. Mudar esse aspecto da sala é essencial. Hoje minha sala de aula é meu mundo. é
lá que dou meus voos, é nela que abro mesas redondas pra discutir, olho no olho, problemas
atuais com meus alunos. É nela que abro janelas que mostram possibilidades, que mostram
que podemos sempre ir mais longe, que podemos sonhar mais alto. A sala de aula é o local
onde as transformações podem ocorrer, onde o aprendizado toma lugar. Faz parte da minha
luta diária fazer com que, mesmo que por alguns minutos, os alunos esqueçam da prisão
escolar que está em nossa volta.
8. Como você enxerga o papel do educador?
A educação moral deveria ser função da família, e infelizmente esse papel tem sido
paulatinamente terceirizado aos professores. Julgo que o termo educador é muito amplo para
o professor, e vejo, ao menos, um erro lógico em seu uso, na forma ampla, como sinônimo de
professor. Professores são, ou deveriam ser, apenas educadores formais, enquanto os pais
deveriam ser os educadores morais. O papel do professor na atualidade, infelizmente,
trespassa o de educador formal e chega no campo da moralidade, e esse é um dos grandes
erros da sociedade atual. O papel do professor, portanto, seria sua definição - educador
formal - aquele que ensina os conteúdos que são essenciais à vida futura dos alunos, que
permite a eles ter conhecimento de mundo e interpretar os acontecimentos gerais de nossa
sociedade. Claro que há traços de moralidade nestes aspectos - professores são vistos como
espelhos pelos alunos (e mesmo nós, professores, nos espelhamos em alguns professores).
Neste campo, em ser modelo a ser seguido, o professor tem papel mais importante. Não
educa moralmente como os pais, que detém a tutela e podem impor castigos aos filhos, mas
educa através do exemplo. Ser exemplo de moralidade e corretude em sala de aula é um dos
grandes desafios para mim, como professor, pois devo aprender a corrigir meu bom aluno, na
mesma forma e intensidade que corrijo o mau aluno. E, o mais difícil, devo elogiar meu mau
aluno em seus acertos, mesmo que em detrimento de elogiar um bom aluno (discorri com
palavras simples o mau aluno - que seria aquele indiscreto que lhe tira a paciência por
atitudes diversas típicas de adolescentes). Em suma, além de educador formal o professor
deve ser modelo moral de seus alunos. Não deve ser, portanto, um educador sensu latu.
9. Como se dá a relação professor - aluno dentro da sala de aula?
Ao meu ver o professor deve ser um mediador do conhecimento e da informação. Ninguém
pode deter todo o conhecimento, ainda que para a tristeza de alguns. Assim, um aluno sempre
pode lhe trazer novidades e mesmo descobertas em diversas áreas, que devem ser discutidas,
caso haja pertinência com a disciplina. Eu gosto de abrir debates, ao menos um por mês, num
sistema que eu chamo de mesa-redonda. Este é um dos momentos mais horizontais da minha
experiência como docente.
10. Qual a melhor forma de avaliação do seu ponto de vista? Pq? E a pior? Pq?
Não creio que seja a forma ruim, creio que a valoração e a monotonia podem ser ruins.
Avaliar todos os alunos por uma única prova pode ser ruim. Passar 15 exercícios avaliativos
também, mas não acho que exista uma receita de bolo para esta questão. O ideal para mim, e
que tenho visto que surte efeitos, como já disse acima, é fazer avaliações de tipos diferentes,
que exijam do aluno o uso de estratégias diferentes. Isso desenvolve o raciocínio. Agora, há
um tipo avaliativo do qual fujo - as avaliações V ou F. Muitos alunos sequer as leem por
pressa, escolhem uma letra e marcam todas as respostas. Em geral, quando faço questões
fechadas, peço o somatório das verdadeiras, ou coloco uma múltipla escolha com as opções
de respostas corretas, para fugir desses chutes aleatórios.
11. Com que frequência você faz plano de curso? E de aula?
O plano de curso é feito uma vez ao ano, na semana pedagógica. Nele nós definimos as
diretrizes gerais do que será lecionado no ano letivo. Esses planos de curso podem ser
editados, pois algumas vezes invertemos a ordem dos conteúdos. Quanto ao plano de aula,
nunca faço. Preparo aulas, preparo atividades, tenho aulas prontas de anos anteriores, que
adapto. Mas plano de aula é uma burocracia inútil, ao meu ver. As coisas são feitas na
informalidade mesmo, sempre amarradas com o conteúdo geral do ano.
12. Com relação ao planejamento de aula, quais são as principais dificuldades que você
enfrenta? Com que frequência você adéqua seu planejamento a realidade dos seus
alunos?
Como disse, o planejamento de aula nos moldes universitários são apenas uma burocracia.
Talvez sejam cobrados em um concurso público. Nunca fiz um “planejamento de aula”
nesses moldes, sempre segui o planejamento anual e o ponto em que o conteúdo havia
parado. Para se ter ideia da realidade distante da academia, o dia em que tomei posse em meu
concurso público já entrei direto em sala de aula, sem nem conhecer a escola. Algo do tipo
“sua sala é essa, vc começa agora”. Claro que planejo, dentro do bimestre, os conteúdos, a
ordem, mas nunca aula a aula - sempre a realidade é adaptada a cada turma. Além disso,
sempre é bom contar com atividades extra, para evitar que algumas turmas fiquem em
defasagem de conteúdo em relação às outras.
13. Qual sua opinião sobre o modelo atual de ensino?
Muito ruim. O professor passa bastante tempo apenas tentando domar os alunos. muitas vezes
uma aula de 50 minutos não tem 20 minutos úteis. O modelo atual traz muitos problemas ao
professor (nosso diário, por exemplo, é online, e com isso, todos os dias tenho que preencher
diários fora de sala de aula), que muitas vezes deve auxiliar na confecção de projetos além de
sua sala de aula. A aprovação automática faz com que alunos sem o mínimo conhecimento
sejam “promovidos”, e muitas vezes os colegas “empurram” os alunos para não terem que
lidar com eles nos anos seguintes. O aluno logo descobre que não precisa estudar pra ser
aprovado, e a massa de estudantes do ensino fundamental 2 é de desinteressados que
acreditam que estarão aprovados apenas por irem às aulas. O sistema não faz com que o
aluno busque aprender, ele forma cidadãos que não praticam o raciocínio e, provavelmente,
serão apenas massa de manobra num futuro próximo.
14. Como você vê os novos recursos tecnológicos dentro da sala de aula? Ajuda ou
atrapalha?
Ajuda, sempre. Eu gosto muito do uso de TV, pela praticidade - hoje em dia podemos baixar
vídeos no Youtube e passar este material em sala de aula. Algumas unidades escolares tem
uma TV por sala, e isso nos auxilia muito, ao meu ver. Sinto falta de salas mais escuras para
passar vídeos com tranquilidade, mas um TNT preto nas janelas costuma resolver estes
problemas. O que pode vir a atrapalhar é o uso de data show - leva tempo pra ligar e desligar,
e quando as salas não são ambientes, deve ser constantemente deslocado - por isso tenho me
adaptado bem à TV para ilustrar as aulas ou passar vídeos.
15. Você acha importante o PPP? Você participou da última que teve na escola que
atua?
Já respondido na questão 5. Sim e sim.

Didática – Entrevista (Laiane)


Prof. Mailsa
Disciplina: Artes, Ensino Religioso e Letras
Dar aula no Colégio Militar José de Alencar no município de Novo Gama e na Escola
Estadual do Lago Azul também no município do Novo Gama.
Professora há____ anos.
Roteiro de perguntas para entrevista de pesquisa de campo:

1.Na sua graduação houveram mais disciplinas voltadas ao conteúdo de sua área específica
ou ao método didático? O que você acha disso?

Mais na específica. Foi bom, eu gostei [disso] no curso de letras.

2.Desde que você começou a dar aulas, quais foram as mudanças no seu método de ensino
baseadas nas experiências em sala?

Muitas. O que eu fazia antes tava dando certa. O que eu faço hoje já não dá tão certo.
Porque antigamente eram outros tipos de alunos, né.

3.Na sua opinião, qual a maior dificuldade enfrentada pelo professor da sua área de ensino
atualmente?

Na minha opinião? (sim) Superlotação das turmas. Isso atrapalha muito.

4.De que forma a disciplina de Didática foi importante na sua formação como professor?

Eu acho que... não sei não... é porque eu fui professora primeiro do que fazer a faculdade.
Mas eu acho que ajuda um pouco.

5.Quais são as suas impressões sobre o projeto político-pedagógico da escol em que você
atua?

É bom. Todo ano temos que refazer.

6. Como a didática ajudou você a planejar uma avaliação?

As técnicas, os métodos... Apesar de que da época que eu fiz didática pra cá mudou muita
coisa, viu?

7. Qual sua concepção de escola? E de sala de aula?

Você quer realmente minha opinião? A educação hoje em dia ta uma droga. Todo
mundo sem compromisso: professor, diretor, funcionário que trabalha na escola, aluno...
ninguém tem compromisso com a escola hoje em dia. (E a sala de aula?) Lotada. Aí né...
atrapalha muito. O rendimento é horrível. Tem dia que você nem consegue dar aula,
dependendo da turma.

8. Como você enxerga o papel do educador?

Coitado. É difícil. Porque hoje em dia nós não somos mais só educador. Somos os
palhaços, o professor, o médico, o psicólogo.. Porque a função do pai não existe mais né?
Só a nossa. E a gente que educa o filho dos outros.

9. Como se dá a relação professor - aluno dentro da sala de aula?


Eu tenho muita amizade com meus alunos. É tranquilo.

10. Qual a melhor forma de avaliação do seu ponto de vista? Pq? E a pior? Pq?

Ainda é a tradicional prova. Porque o aluno faz individual ali. É só ele e o que ele
aprendeu. A pior é você avaliar o menino... tipo assim, a pior é avaliar o menino em forma
de trabalho, pesquisa. Porque tem aluno que copia do outro, tira Xerox, né.

11. Com que frequência você faz plano de curso? E de aula?

De 15 em 15 dias. (ambos)

12. Com relação ao planejamento de auka, quais são as principais dificuldades que você
enfrenta? Com que frequência você adequa seu planejamento a realidade dos seus alunos?

Na metodologia. Porque as vezes a gente faz uma metodologia e quando chega na sala de
aula ... planeja uma aula,aí quando vcchega na sala, aí os meninos ta totalmente virada a
cabeça, aí você vai ter que esquecer o planejamento e dar outro tipo de aula. Entendeu?
Mas isso depende do dia. [adéquo o planejamento de aula] todo dia.

13. Qual sua opinião sobre o modelo atual de ensino?

Eu acho que esse modelo.. o construtivista né? ... Eu não gosto. [e você gosta de qual?] Eu
gosto do tradicional. Porque eu acho que o menino aprende mais.

14. Como voc vê os novos recursos tecnológicos dentro da sala de aula? Ajuda ou
atrapalha?

Isso é bom. Mas eu não sei usar não. Ajuda.

15. Você acha importante o PPP? Você participou da última que teve na escola que atua?

Super importante. Participei de todas.

Questionário feito por Gabriela Aguiar, respondido por Marina Grandi, professora de
biologia do Ensino Médio, escola particular.

1.Na sua graduação houveram mais disciplinas voltadas ao conteúdo de sua área
específica ou ao método didático? O que você acha disso?
Mais conteúdos voltados para a minha área específica. Apesar de outras matérias terem sido
a maioria, as disciplinas de didática também estiveram presentes, acho que não há
necessidade de serem adicionadas novas disciplinas didáticas, e sim, melhorar pontos cruciais
nas abordagens e ementa das disciplinas atuais.

2.Desde que você começou a dar aulas, quais foram as mudanças no seu método de
ensino baseadas nas experiências em sala?
Agora tento ser mais breve nas explicações, percebo que aulas muito longas não rendem.
Tento usar muitos esquemas e desenhos (a minha escola tem sala de alunos com altas
habilidades em desenho, aproveito e os convido para ajudar a desenhar, e a turma adora o
entrosamento) Várias táticas que só a prática com as diferentes turmas nos proporcionam.

3.Na sua opinião, qual a maior dificuldade enfrentada pelo professor da sua área de
ensino atualmente?
Pouco tempo para administrar os conteúdos e a falta de interesse dos alunos para se esforçar
nas diferentes atividades passadas em sala de aula.

4.De que forma a disciplina de Didática foi importante na sua formação como
professor? Sinceramente, eu não lembro de muitas coisas que vi na disciplina.

5.Quais são as suas impressões sobre o projeto político-pedagógico da escol em que você
atua?
Considero adequado, abrange vários pontos importantes, inclusive a participação da
sociedade na escola de maneira ativa.

6. Como a didática ajudou você a planejar uma avaliação?


A didática e as outras matérias da educação me ajudaram a escolher como devo montar a
avaliação, tentando mesclar questões de vários níveis de dificuldade para o aluno aprender a
desenvolver um pensamento a respeito do tema. Além disso, usar outros métodos de
avaliação, sem ser somente provas.

7. Qual sua concepção de escola? E de sala de aula?


A escola é uma continuação do que o indivíduo é em casa e na rua. E um lugar onde o aluno
aprende a seguir regras e a ditar regras, lutando por seus direitos. É um lugar que ajuda a
construir o cidadão. A sala de aula é um ambiente que deve ser alegre, descontraído e que
deve colaborar para construir as convicções e ideais de cada um.

8. Como você enxerga o papel do educador?


Enxergo como um amigo, que tem um pouco a mais de experiência e deve compartilha-la
com seus alunos. Essa é uma relação de troca, debates, etc.

9. Como se dá a relação professor - aluno dentro da sala de aula?


No meu caso, tento seguir o que descrevi na pergunta anterior, incentivando o crescimento de
cada um.

10. Qual a melhor forma de avaliação do seu ponto de vista? Pq? E a pior? Pq?
Gosto muito de listas de exercícios, a maioria dos alunos se dedica e se aplica para resolver as
questões, e gosto de vê-los interessados pelo conteúdo. Não gosto de apresentações em grupo
e nem de trabalho escrito! Os trabalhos saem mal feitos, copiados da internet, e eles não
estudam para a apresentação.
11. Com que frequência você faz plano de curso? E de aula?
Faço um planejamento no início dos bimestres (no meu caso é semestre, pois a escola é
semestral) e revejo toda semana para fazer ajustes necessários.

12. Com relação ao planejamento de auka, quais são as principais dificuldades que você
enfrenta? Com que frequência você adequa seu planejamento a realidade dos seus
alunos?
Dificuldades de tempo, pouco tempo para muita matéria. Revejo semanalmente.

13. Qual sua opinião sobre o modelo atual de ensino?


Acho o modelo viciado sempre nas mesmaa coisas, atualmente as coisas andam mudando, lá
na escola por exemplo tentamos diversificar ao máximo as atividades, inclusive fazendo
parcerias com as disciplinas para trabalhos multidisciplinares.

14. Como voc vê os novos recursos tecnológicos dentro da sala de aula? Ajuda ou
atrapalha?
Com certeza ajuda. Gosto quando meus alunos utilizam o celular para me mostrar questões,
ou esquemas, tabelas. Autorizo os meus alunos a ouvirem música enquanto copiam, acho que
é um método da turma ficar mais tranquila e a vontade para a explicação do conteúdo em
seguida.

15. Você acha importante o PPP? Você participou da última que teve na escola que
atua?
Acho sim muito importante, pois nada funciona sem um projeto bem estruturado para fazer
um bom trabalho, onde quer que seja. Não participei!

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José Renato
Entrevista com Professor de Educação Física do Leonardo da Vinci.

1.Na sua graduação houveram mais disciplinas voltadas ao conteúdo de sua área
específica ou ao método didático? O que você acha disso?

Meu curso é muito voltado para a metodologia dos esportes (educação física, volley,
natação etc) e cada professor explora isso de uma maneira diferente. A estrutura do curso
(licenciatura plena) é bastante voltara pra dar aula, então acredito que a graduação foi mais
voltada para a didática sim. O que não significa que os alunos tenham aprendido bem, uma
vez que nós não estudamos com crianças, mas sim adultos se passando por crianças.
2.Desde que você começou a dar aulas, quais foram as mudanças no seu método de
ensino baseadas nas experiências em sala?

Meu método de ensino não é algo imutável, estou sempre tentando me adequar a cada
turma específicas. As turmas são muito heterogêneas, uns estão ali só pra brincar, outros pra
gastar energia, uns muito interessados, então você tem que dosar isso tudo para garantir que
englobe todos os interessados sem excluir ninguém, fazendo da maneira que todos
participem. Essa é a principal diferença das aulas da faculdade, lá todos estavam interessados
em fazer e agora não, tem aqueles que não querem aula, aqueles que querem ficar brincando
de joguinho. Cada um tem um objetivo na aula e você tem que se adequar a isso.

3.Na sua opinião, qual a maior dificuldade enfrentada pelo professor da sua área de
ensino atualmente?

A maior dificuldade para mim é o valor dado ao profissional. Acho que somos muito
pouco valorizados, até porque existem aqueles professores que não tem interesse em dar uma
boa aula e acabam denegrindo nossa imagem. O professor de educação física é aquele cara
que brinca com as crianças, faz qualquer coisa com pra passar o tempo.
Ele não é visto com alguém que estuda, planeja, executa, preocupado em todos esse aspectos
e principalmente em proporcionar saúde que é o pilar central de nossa área.
A maior dificuldade é ser valorizado como profissional. E dentre os professores o prof
de educação física é o menos valorizado, é visto como o “rola bola” que não faz nada.

4.De que forma a disciplina de Didática foi importante na sua formação como
professor?

Meu professor de didática teve o cuidado de trazer para nós atividades diversas tipo
paint ball. Ele teve o cuidado de trazer atividades diferentes para que aprendêssemos a lidar
com várias situações. Mas infelizmente não me engrandeceu muito.
Ela foi importante para perceber que a aula tem uma enorme gama de possibilidades
que não só as esportivas básicas, posso dar uma aula de teatro, circo etc. Mas como didática
mesmo, achei que deixou a desejar.

5.Quais são as suas impressões sobre o projeto político-pedagógico da escola em que


você atua?
Parece que todo o ano o PPP recebe uma formulação, mas eu não estou inserido nele
por enquanto.

6. Como a didática ajudou você a planejar uma avaliação?


Pois é, foi como eu te falei. As aula de didática não me ajudaram muito a pensar sobre
a avaliação. Porque como é a avaliar na educação física ? Essa foi a grande dificuldade. Se
minha avaliação está errada, como muda-la ? Eu não consegui encontrar um bom jeito de
avaliar na educação física. O melhor que encontrei foi a auto-avaliação
7. Qual sua concepção de escola? E de sala de aula?
A escola é um lugar de troca de experiências, troca de conhecimentos e mistura. Até
nas escolas particulares você vê que existe uma diversidade muito grande. Então a escola é
muitas vezes o primeiro lugar de contato com muitas realidades. O ponto mais falho para
mim das escolas aqui no DF é que o foco é totalmente mercadológico. As escolas estão
preocupadas em passar mais gente para a unb, para faculdades e não em forma o aluno como
uma pessoa, com um cidadão íntegro que sai dali preparada para o mundo.
Eles vem no aluno um objeto que vai ou não passar num vestibular e vai ser um bem
econômico, um bem para a escola. Esse foco conteudista foge do que eu entendo por escola,
que é a vivência.

8. Como você enxerga o papel do educador?


O educador tem um papel fundamental na sociedade e para isso ele precisa se
reconhecer como educador. Tem gente que passa num concurso e acha que a carreira acabou
ali. O educador tem que estar sempre se reciclando, sempre atual com o que está
acontecendo. É um papel de fundamental importância e ele tem que entender o seu valor pra
sociedade. Ele tem que entender seu papel e interferir na educação na criança não é o papel
do educador, ele tem que transferir ensinamentos éticos pra criança, coisas sobre as diversas
realidades, minorias e propor atividades que mostrem a realidade do dia a dia.

9. Como se dá a relação professor - aluno dentro da sala de aula?


Ela se dá com total respeito sabendo sabendo que eles são reflexo de mim, se eu sou
um cara que não respeito eles eles não vão me respeita. Parte do respeito mútuo: se eu sou um
cara que respeita eles eles não tem porque me desrespeitar.

10. Qual a melhor forma de avaliação do seu ponto de vista? Pq? E a pior? Pq?
Na minha área esse é um grande desafio, porque como você faz ? Você vai avaliar se
aquele cara consegue fazer um passe e o outro não ? Se o cara faz uma cesta ? Ou você vai
levar em conta o contexto de psicomotricidade que aquela criança apresenta, de onde ela
partiu?
Cada pessoa é de um jeito, então para avaliar eu avalio cada pessoa de um jeito, então
se aquela pessoa não conseguia realizar aquele certo movimento e agora conseguia a gente
consegue ver uma evolução naquela pessoa. Então é uma avaliação que é muito mais pra
mim do que pra qualquer outra coisa. Porque como você dá uma nota ? A gente trabalha
muito com alto avaliação, para que a pessoa possa se entender como pessoa e se sentir
empoderado daquele processo.
11. Com que frequência você faz plano de curso? E de aula?

Eu faço bastante. O plano de curso é entregue no inicio da aula, mas ele é


completamente mutável. Se eu vejo que uma turma não está se adaptando aquele modelo, eu
preciso ver o problema e mudá-lo. Eu entrego o que eu espero, mas ao longo do ano eu vou
modificando meu plano de aula, até porque cada turma é específica. Tem aulas que tem
alunos diferentes, alunas que tem um diferente grau de psicomotricidade.
Mas eu acredito que isso é de fundamental importância. Se você ver a diferença entre
uma aula planejada e uma improvisada fica claro. Numa eventualidade, se um aluno sai, etc
o professor que se planeja consegue lidar muito melhor.

12. Com relação ao planejamento de aula, quais são as principais dificuldades que você
enfrenta? Com que frequência você adéqua seu planejamento a realidade dos seus
alunos?
A maior dificuldade do meu plano de aula é que eu tenho muitas ausências no meu dia
a dia. Se eu planejo uma aula pra 30 alunos e eles estão numa semana de prova vão pra aula 4
alunos apenas. Então assim, essa é a maior dificuldade, planejo uma aula pra 10 e chega na
hora e eles não vêm.

13. Qual sua opinião sobre o modelo atual de ensino?


Eu acho problemático por aquilo que eu te disse. A escola é feita para prepará-los para
o vestibular. Então eles são com uma grande bagagem e com muito conhecimento, mas as
vezes eles nem sabem pra que utilizar esse conhecimento todo. E nem sabe o que ela quer
fazer para aplicar aquele conhecimento. Até por isso vemos esse enorme grau de evazão, por
que ela muitas vezes entra na faculdade só pra entrar em qualquer curso no vestibular e
acabou.
Eu inclusive acho que isso está piorando, porque a maior parte dos alunos que eu
perco nas aulas nos clubes em que dou aula é por que eles saem para fazer cursinho pré-
vestibular. Estão muito preocupados em passar em algum curso, seja ele qual for.

14. Como você vê os novos recursos tecnológicos dentro da sala de aula? Ajuda ou
atrapalha?
Eu vejo um esforço muito grande para usar isso a favor. Já tivemos muitas
dificuldades na época em que a internet saiu, mas vejo um esforço grande para integrar isso.
Na minha área, que é a educação física, vejo uma dificuldade grande, pois vejo o
aumento do sedentarismo das crianças. Vejo que aquelas brincadeiras de rua diminuíram, as
pessoas jogam muito mais jogos, não saem de casa e isso fica perceptível na
psicomotricidade delas.
O próprio convívio fica muito mais online que pessoal. Na parte motora eu vejo um
regresso muito grande, pois eles nunca pularam corda, não sabem o que é bet. Ficam em casa
vendo tv, jogando um novo joguinho que ganharam e não tem a vivência. Normalmente
naquela uma hora de aula não é suficiente para que ela desenvolva isso.

Entrevista Didática (Nayara)

Nome: Thaís Freitas de Lima

Ano em que se formou: 2009


Instituição em que se formou: UniCEUB

Formação: Letras – Habilitação em Língua Portuguesa

Entrevista de pesquisa de campo

1) Na sua graduação houveram mais disciplinas voltadas ao conteúdo de sua área


específica ou ao método didático? O que você acha disso?
Houve muito conteúdos voltados à área específica e apenas duas disciplinas de
didática que me recordo. Achei insuficiente para preparar um professor para entrar em
sala de aula. As disciplinas de didática ensinavam como as coisas estão no papel, mas
era pouco prática. Entrar em sala de aula requer muito mais habilidades que as
ofertadas na faculdade.

2) Desde que você começou a ministrar aulas, quais foram as mudanças no seu
método de ensino baseadas na experiência em sala?
Muitas mudanças. Todo o planejamento está em constante transformação, as aulas
não podem ser engessadas. Seus planos se adaptam ao perfil de cada turma e ao
humor da classe no momento da aula. No início, procurava fazer sempre trabalhos
diferentes, com o tempo, percebi o quanto isso era cansativo e os alunos não
valorizam. Hoje, faço aulas diferentes apenas às vezes, para tirá-los da rotina. Como
as experiências em sala de aula, percebi também alguns métodos que não eram
eficazes para a aprendizagem e outros que nos levavam ao sucesso. O que dá certo,
geralmente permanece.

3) Na sua opinião, qual a maior dificuldade enfrentada pelo professor da sua área
de ensino?
Fazer com que os alunos entendam a importância de saber ler e bem escrever,
independente da área que ele deseja se profissionalizar. Os estudantes não veem
sentido no ensino da Gramática, para eles é apenas mais uma matéria chata.
No caso de Literatura, ou ama ou odeia. A grande dificuldade é fazê-los perceber que
a Literatura amplia a visão de mundo, é um registro de uma época, vai além de um
simples estória contada em um livro.

4) De que forma a disciplina de Didática foi importante na sua formação como


professor(a)?
Pouco ajudou. Lembro-me mais de formas engessadas para se fazer um planejamento
de aula, hoje cobrado na escola em que trabalho, mas que ao meu ver é pouco eficaz.
São planejamentos que não condizem com a realidade da sala de aula.

5) Quais suas impressões sobre o projeto político-pedagógico da escola em que você


atua/atuou?
Não conheço o projeto político-pedagógico da escola que atuo.
6) Como a didática a ajudou no planejamento de uma avaliação?
A avaliação na escola que atuo é engessada, padronizada. Não faço uso de estratégias
aprendidas em sala de aula enquanto estudante.

7) Qual sua concepção de escola? E de sala de aula?

8) Como você enxerga o papel do educador?


O papel do educador vai além de passar o que sabe para o aluno. Ele também é
responsável pela parte da formação do aluno como cidadão e como ser sociável.

9) Como se dá a relação professor-aluno dentro da sala de aula?


O professor serve como norteador do aprendizado do aluno. Além de transferir todo o
conteúdo exigido pelo currículo, ele também é mediador das relações humanas e
mediador de conflito.

10) Qual a melhor forma de avaliação, no seu ponto de vista? E a pior? Por que?
Avaliações qualitativas dão melhor oportunidade para acompanhar o desenvolvimento
do aluno, considerando o seu crescimento. Infelizmente, não há espaço para
avaliações qualitativas na escola que atuam, tudo se resumo a números.

11) Com que frequência você faz/fazia plano de curso? E de aula?


O Plano de curso e de aulas são apresentados uma vez por bimestre à coordenação da
escola, porém, faço revisão dos planos de aula uma vez por semana, adaptando-o à
realidade da sala de aula.

12) Com relação ao planejamento de aula, quais são as principais dificuldades que
você enfrenta? Com que frequência você adequa seu planejamento à realidade
dos seus alunos?
Um planejamento de aula quase nunca é seguido a risca, uma vez por semana faço
revisão de todo o planejamento adaptando ao ritmo e interesse dos alunos.

13) Qual sua opinião sobre o modelo atual de ensino?


Não colabora na formação do aluno enquanto cidadão e ser sociável. O ensino é
totalmente conteúdista, preocupado em colocar um aluno dentro de uma universidade,
e pouco preocupado com a sua maturidade diante das escolhas que precisa fazer na
vida.

14) Como você vê os novos recursos tecnológicos dentro da sala de aula? Ajuda ou
atrapalha?
Ajuda em partes. Embora seja mais um recurso para chamar a atenção do aluno, noto
que quando a tecnologia é muito utilizada, fica banalizada e dispersa a atenção
facilmente.

15) Você acha importante o projeto político-pedagógico? Você participou do último


que teve na escola em que atua/atuou?
É importante sim quando não se restringe a um documento, o que acontece na maioria
das vezes. Eu sequer conheço o PPP da escola que atuo.

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