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A escrita é assim entendida como uma atividade da qual aquele que escreve expressa seu pensamento,

suas intenções, sem levar em conta as experiências e os conhecimentos dos leitor ou da interação que
envolve esse processo.

Leitura e escrita assumem, assim, outras configurações e tomam o papel de protagonistas das
aulas de Língua Portuguesa, em detrimento de questões limitadas ao âmbito gramatical. Ler e
escrever tornam-se, então,“parte da interação verbal escrita, enquanto implicam a participação
cooperativa do leitor na interpretação e na reconstrução do sentido e das intenções pretendidos
pelo autor” (ibidem, p.45).

Nessa visão de ensino, “tanto aquele que escreve como aquele para quem se escreve são vistos
como atores / construtores sociais, sujeitos ativos que –dialogicamente – se constroem e são
construídos no texto” (KOCH e ELIAS,2010, p.34).

Há, portanto, de um lado, o autor que, com o propósito de alcançar sua intenção comunicativa,
faz, mesmo inconscientemente, escolhas dentre o seu repertório de linguagens. De outro lado, o
leitor que, com base nos saberes acumulados em outras práticas comunicativas e nas “pistas”
deixadas na superfície textual, relacionadas às escolhas linguísticas feitas pelo autor, constrói o
sentido do que vai lendo.

Tais pistas podem ser verbais (seleção lexical, uso das figuras de linguagem, colocação d os
termos na frase) e não verbais (ilustração, disposição das palavras no suporte, cor, tipo e tamanho
de fonte, uso de itálico, negrito e sublinhado)

Ainda, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais


(1997):

O domínio da língua escrita é fundamental para a participação social efetiva, pois é por meio dela que o homem se comunica, tem
acesso à informação, expressa e defende pontos de vista, partilha ou constrói visões de mundo, produz conhecimento. Por isso, ao
ensiná-la, a escola tem a responsabilidade de garantir a todos os seus alunos o acesso aos saberes lingüísticos, necessários para o
exercício da cidadania, direito imaleável de todos. (p. 24)

Escrever é comunicar-se com quem tem o que dizer, é um objeto que pretende alcançar através da
interlocução. Embora tenha surgido das várias necessidades de comunicação, de registro e de
preservação da memória isto é, de uma necessidade sócio-histórica emergente, a escrita evoluiu conforme
as exigências postas pela sociedade

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Língua


Portuguesa. Brasília, 1997

Segundo Koch e Elias (2014) compreende-se que o processo de escrita é algo


complexo e que demanda, a essa atividade, o uso de diferentes estratégias de produção
textual. Além disso, temos a escrita como processo, que considera não apenas aspectos
linguísticos, mas também o uso social da escrita. Por esse motivo, adotamos, neste trabalho, a
concepção interacionista de língua e de produção textual, já reconhecemos o caráter dialógico
da escrita, como uma prática social situada: escrever para alguém, em uma dada circunstância,
para atender a um dado objetivo específico. Commented [R1]: aprofundar
Convém ressaltar ainda que, por ser processual, a escrita implica procedimentos que
lhes são próprios, normalmente resumidos em três grandes fases: a primeira que se dá a partir Commented [EN2]: Por que está falando das etapas da escrita
aqui? Na seção anterior você já falou disso. Ou você deixa essa
do planejamento, a segunda corresponde à escrita propriamente dita e a terceira é a reescrita, discussão toda lá ou traz toda para cá.

como apresenta Antunes (2003).


À primeira etapa correspondente todo o cuidado de quem vai escrever para: a)
delimitar o tema de seu texto e aquilo que lhe dará unidade; b) eleger os objetivos; c) escolher
o gênero; d) delimitar os critérios de ordenação das ideias; e) prever as condições de seus
leitores e a forma linguística (mais formal ou menos formal) que seu texto deve assumir.
À segunda etapa corresponde a tarefa de pôr no papel, de registrar o que foi
planejado. É a etapa da escrita propriamente dita, momento em que quem escreve faz suas
escolhas de ordem lexical (escolha das palavras) e de ordem sintático semântico (a escolha
das estruturas e frases), de acordo com o que foi anteriormente planejado e com as condições
concretas da situação comunicativa.
A terceira etapa é da revisão e da reescrita. Trata-se do momento de análise do que foi
escrito, para aquele que escreve confirmar se os objetivos foram cumpridos, se conseguiu a
concentração temática desejada, se há coerência e clareza no desenvolvimento das ideias.
Ainda é o momento de cuidar dos aspectos da superfície do texto, como ortografia, a
pontuação e a divisão do texto em parágrafos.

Colocar antes do quadro

O conteúdo temático essa expressão refere-se aos temas das diferentes atividades
humanas, ou seja, o assunto de que vai tratar o enunciado em questão. No gênero notícia o
tema é evidenciado a partir do título, o qual indica o enfoque principal na temática, a qual
será abordada no texto. Por exemplo, se no título da notícia estiver exposto como foco central
a “escovação bucal” nesse momento é chamado à atenção do leitor para a mensagem
transmitida que será sobre saúde bucal, assunto esse, que no decorrer da notícia será tratado.
O estilo verbal na notícia leva em consideração a linguagem empregada e a seleção
dos recursos linguísticos (vocabulário, estruturas sintáticas, a escolha lexical, preferências
gramaticais, etc.) que serão empregadas em função da esfera em que o gênero irá circular.
Logo, esse gênero poderá ser mais formal o menos formal, bem como, pode apresentar termos
técnicos de determinada áreas de conhecimento, a exemplo, uma notícia sobre o meio rural
provavelmente nela apresentará termos/palavras que só o leitor do meio rural entenderá.
A construção composicional desse gênero relaciona-se com a finalidade de sua ação,
que é de informar com precisão, clareza e objetividade. Por isso, quase sempre apresenta um
lide para informar o local e o tempo de ocorrência dos fatos, assim como os participantes dele.
Apresenta também um corpo, no qual, geralmente, recupera outros discursos a fim de validar
informações dispostas ou de se valer delas numa posição de adesão, ou oposição.
A partir da apresentação acima dos três elementos mediante ao gênero notícia,
elaboramos um quadro para representar de forma mais didática esses elementos na notícia.
Diante das considerações apresentada por Bahktin aos três fatores, foi possível refletir, de
forma detalhada, quanto à dimensão discursiva da notícia e as característicos desse gênero
discursivo. Sendo assim, abaixo mostramos o quadro para identificamos melhor as
características na notícia.

Quadro 1. Características da notícia a partir dos três elementos: o conteúdo temático, o estilo verbal e a estrutura
composicional.
o É um fato novo, de algo acontecido na realidade, um
evento socialmente relevante, recente ou atual, que
merece publicação/divulgação em uma mídia;
O conteúdo temático o ênfase no(s) fato(s) narrado(s) com oferta do máximo de
dados possíveis para que o relato pareça verdadeiro e a
notícia confiável (por exemplo, podem ser incluídos
depoimentos).
o linguagem formal, em função da situação comunicativa;
o relato predominantemente em 3ª pessoa, o qual busca
um distanciamento em relação ao fato, contribuindo
para a ideia da objetividade, sustentando a credibilidade
da informação;
o tempos verbais no passado (pretérito): pretérito
imperfeito para introduzir ‘personagens’ (‘quem era’) e
descrever o cenário (morava perto de...; gostava de...;
costumava passar as tardes...) e pretérito perfeito para
relatar o fato ocorrido (passou o tempo...; percebeu
que...; bateu na porta...);
O estilo verbal o uso de poucos adjetivos, dando ênfase aos substantivos
e aos verbos, os quais devem impressionar o leitor;
o linguagem mais objetiva com destaque para os aspectos
principais ou interessantes do fato relatado, situando-o
no seu momento histórico, como forma de revestir a
informação de seriedade;
o o uso da polifonia dos locutores, que pode ser
encontrados por meio de duas marcas lingüísticas
pronominais, a exemplo de (me e eu);
o pelo discurso relatado entre aspas, que indica uma
forma de argumentação por autoridade e etc;
o e por meio dos verbos discendi como: afirmar, falar
gritar, declarar, ordenar, perguntar, exclamar,
pedir, concordar etc.
o texto curto;
o predominância das modalidades: expor e narrar;
o título capaz de resumir o tema da notícia;
o subtítulo (é uma ou duas linhas explicativas, abaixo do
título), esta é opcional;
Estrutura o lead – primeiro parágrafo da notícia (expõe brevemente
composicional o assunto ou destaca o fato essencial, o clímax;
responde as perguntas: “o que aconteceu?”, “com
quem?”, “quando?”, “onde?”, “como”, “por quê?”;
o corpo da notícia: em que surgem informações
secundárias até se chegar aos detalhes, seguindo uma
ordem decrescente: primeiro os fatos mais importantes,
depois os secundários.
Fonte – Quadro organizado pela autora com base em Bakhtin (2000), Nascimento (2009), Erbolato (1991),
Martins (1997) e Garcia (2001)

Embora já tenhamos esboçado uma ligação entre os elementos organizados por


Bahktin com as características do gênero notícia, elaboraremos acima um quadro, a partir de
uma síntese dessas proposições. Partimos dos três fatores bahktiniano, para identificação das
características da notícia e também para sua produção.
.
Na primeira linha da tabela onde se encontra as características do conteúdo temático
na notícia, expõe sobre como podemos identificar o primeiro elemento exposto por Bahktin
dentro da notícia.
No caso dos critérios da estrutura composicional, ela também é importante para
explicar a montagem da notícia.

A partir do disposto na última coluna do quadro, é importante também realçar que a


mesma recorrência gramatical pode servir a diferentes visadas ou que pode ocorrer um
engendramento de visadas dialógico-valorativas. Se numa notícia são apresentados dados
(números) pelo autor institucional, por exemplo, estes podem orientar a interpretação do leitor.
No entanto, se o autor decide apresentar dados a partir de uma fonte prestigiada, ele orienta
com alta credibilidade a interpretação do leitor. Esse engendramento, por vezes, não é
percebido pelo leitor menos avisado. Assim, o estilo e a composição da notícia se emaranham
indissociavelmente para dar conta do tema e do relato de fatos, que se constitui como objetivo
sócio-discursivo desse gênero. A partir dessa orientação interna, que também é externa, dirige-
se a interpretação do relato sob o artifício de explicitar uma verdade absoluta e incontestável.

Após essa apresentação, concluímos que esses elementos no gênero notícia intervêm
de modo fundamental na interpretação e identificação de um determinado gênero, portanto,
são muito importantes.

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