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Universidade Federal da Bahia

Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas


Programa de Pós-Graduação em Estudos Disciplinares
Sobre Mulheres
(PPGNEIM/UFBA)

considerações sobre poder, sujeitos subalternos, movimentos sociais e resistência


Professora associada dos Estudos de Gênero
e das Mulheres na Universidade da Califórnia/
Berkeley
Membra da diretoria do Centro para Novos
Estudos Raciais
Coordenadora do Consórcio de Gênero de
Berkeley
Presidente do Conselho Consultivo Beatrice
Bain Research Group

2015 2002

2004
repensar o poder e a resistência em sujeitos subalternos
colocar em questão como pensamos poder, movimentos sociais e resistência

Groupe Du 6 Novembre: Delhi Group – India (1987)


lesbiennes issues de l’Esclavage, CALERI – Deli (1998)
Du colonialisme, et de
l’Immigration – Paris, França(1991) Dyketactics! – Filadélfia EUA (1975)

Quatro circuitos de resistência: psíquico, transgressivo, transformativo e


diretamente opositivo

Variadas relações com visibilidade, invisibilidade e


invisibilização em relação ao poder
Binária – presume uma divisão binária dos sujeitos generificados através do poder.
Todas essas teorias colocam todos os sujeitos sob a chancela do patriarcado. É um
conceito ocidental que exclui e oblitera uma infinidade de macro relações de poder em
outros espaços.Tende a desenfatizar ou apagar relações de sexualidade, racismo, classe,
colonialismo ou pós-colonialismo.
Unitária – produzem uma consideração universalizante da formação dos sujeitos,
apagando sujeitos subalternos, especialmente os subalternamente generificados,
sexualizados, racializados e classificados. O sujeito universal do feminismo ou queer
que privilegiam exclusivamente gênero ou sexualidade, por exemplo, numa construção
linear ou como matriz. Falham em perceber diferenças nas condições materiais, sociais,
psíquicas e simbólicas que produzem os sujeitos e por cristalizarem as posições apagam
os sujeitos subalternos.
Multiplamente Linear – é mais densa e flexível por considerar um âmbito mais
expansivo do poder. Considera sujeitos apagados ou marginalizados em perspectivas
binárias ou unitárias. Gênero, sexualidade, racialização, classe, nação, colonialismo e
pós colonialidades são eixos, vetores ou estruturas que se interseccionam ou
entrelaçam. Correm o risco de não levar em conta os sujeitos ou poderes que não estão
prontamente visíveis.

Agregada – gênero, sexualidade, raça, classe,colonialismo, pós-colonialismo são


agregados nas mais diversas formas. São configurações de poder entrelaçadas. Apesar
de nos mover para fora da linearidade não levam em conta o poder imperceptível e não
consideram genealogias e escalas de poder.

Essas duas conceituações têm o mérito de se estabelecerem com a preocupação com as


múltiplas dinâmicas de poder.
Foucault – poder pode assumir diversas formas diferentes, existe apenas em seu
exercício e concerne a microfísicas, sujeitos, objetos, condutas e é transformado por estes.
“O poder está imbricado em desejo e age no corpo”.

O micropoder pode se consolidar em unidades homogeneizadas ou binaridades fixadas.


O não-fechamento e as múltiplas circulações possibilitam a resistência. A ausência da
possibilidade de resistência estabelecem não relações de poder, mas sim relações de
dominação.

Foucault “leva em consideração a disformabilidade e a habilidade de se solidificar em


múltiplas formas de poder, suas produções em escalas, seus bloqueios e circulações,
suas múltiplas genealogias e vigências, sua densidade e intensidade, suas visibilidades e
habilidades de passar despercebida por mecanismos de vigilância”.
Dinâmica na qual o micropoder circulante se torna visível e forma, transforma e opera
na produção de condições materiais, sujeitos e condutas .

O poder é sempre múltiplo, é sempre mutuamente constituído com, através e como


cada dinâmica plural de poder.

O poder é mais efetivo quando está escondido e a noção de co-formações pode nos
tirar da binaridade visível/invisivel tornando acessível um continuum que se espalha
entre hipervisível e invisível concomitantemente.

O sujeito é tanto sujeito-efeito como sujeito-em-processo

Co-formações pode dar conta de muitas complexidades além dos sujeitos lésbicos
trazidos no texto. Por exemplo, um sujeito dominantemente sexuado, mas
subalternamente generificado, classificado e religiosamente marcado, produzido num
contexto subalterno: uma mulher muçulmana, heterossexual, desempregada, residente
em uma comunidade empobrecida na India.
Ressignificação (ampliação)do termo co-produção utilizado na teria pós-colonial para
propor que o colonialismo criou condições nos lugares colonizados, mas também
produziu efeitos profundos nos espaços dos colonizadores.

Significar atuações indivisíveis de (co-formado) poder pelas dimensões materiais,


discursivas, corporais, sociais, psíquicas e simbólicas que começam nas escalas mais
micros, que congelam em vários tipos de largas escalas de relações de poder, sendo
específicas a um tempo-espaço particular.
O tempo espaço da autora vai do colonialismo-pós-colonialismo até a globalização
neoliberal, um dispositivo inteiro em que as co-formações de poder solidificam,
dissolvem, re-solidificam e continuam a circular.
Resistência psíquica – pode ser tanto a resistência de se converter em consciente um
fenômeno inconsciente como no sentido sociológico de ação contra poder.
Transgressões – infração em limitações, como uma violação contra, um sair de dentro
de, e uma contravenção.
Resistência Transformativa – envolve movimentos em direção ao intangível, invisível e
inconscientes desejos e prazeres que participam da produção de novos sujeitos e de
espacialidades temporais.
Resistência oposicionista
Resistência oposicionista
Para a autora os quatro grupos lésbicos por ela analisados já trabalham com a noção de
que gênero, sexualidade, racismo, classe, colonialismo-pós-colonialismo são
inseparáveis. Indissociabilidade ilegível em grades dominantes de inteligibilidade.

Co-formações (inseparabilidade do poder) e co-produções (tempo-espaço ampliados


ou dispositivos inteiros) proporcionam noções mais fluídas de poder, incluindo o que
não aparece em formas visíveis. Também proporciona visualizar o poder em escalas,
inclusive aquelas que na primeira vista não reconhecemos.

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