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Material de Apoio – Leitura Necessária e Obrigatória

Candomblé – Religião, Cultura e Tradição


Desenvolvido e Ministrado por Patricia Globo
ICA - Instituto Cultural Aruanda I Bauru-SP

AULA 01 BLOCO 02 - Versão Digitada

Da África para o Brasil

Olá sejam todos bem vindos de volta, agora eu vou tratar com vocês sobre a
formação do Candomblé que então de fato, são esses povos que vão dar origem ao
Candomblé. Como eu disse na África o culto era localizado né? Você tinha na região de Oy
ó o culto de Xangô, na região de Ketu o culto de Oxóssi, além, do culto ser familiar.
Como as famílias são destroçadas no processo de escravidão, vem gente de todos os
cultos. E como essa religião vai se organizar? Quem vai dar origem a essa religião, são
dois grandes grupos etnolinguísticos. Os sudaneses nagô ou ioruba que vem da região de
onde hoje é a Nigéria e o Benim e os bantus que vem de onde hoje é a região de Angola
na África. E como é que essa religião vai se organizar no Brasil. Os sudaneses, o povo
nagô ioruba, vão trazer o culto dos Orixás e os bantus os inquices, que eram Deuses
ligados ao chão, a terra, ao lugar. Existiam mais de trezentos Orixás e o culto que
sobreviveu no Brasil tinha aproximadamente 16. Inquices a mesma coisa, tinham muitos
inquices cultuados, mas eles eram ligados a terra. Eles na verdade não podiam ser
transplantados. O que acontece é que você vai ter então, o Candomblé Ketu que cultua
os Orixás e o Candomblé de Angola que cultua os inquices. Entretanto, na prática são os
Orixás só que eles tem outro nome, outro tipo de ritual.
Vamos pontuar as diferenças, que configurar com vocês esse Candomblé. O
Candomblé Ketu de um modo geral, cultua os Orixás, tem como língua o ritual o nagô ou
o iorubá. E uma diferença muito importante, nesse Canomblé de Orixá, o Candomblé
Ketu, os tambores são percutidos com as varinhas, com os aguidavis. E no Camdomblé de
Angola que cultua os inquices os tambores são percutidos com a mãe sempre. O ritmo é
mais rápido, mais leve. A dança é diferente, é uma dança que se chama muzenza, mais

próxima ao chão. No Candomblé Ketu, os tambores são percutidos com as varinhas, e


eventualmente com as mãos. E a dança é sempre muito performática, é sempre uma
dança que remete ao rito, aos feitos dos orixás. A língua ritual da Angola é o kikongo ou o
kimbundu. Enquanto a linha do Candomblé Ketu é o nagô ou o iorubá. Junto com o
Candomblé Angola surge um culto muito importante que é o Candomblé de Caboclo,
porque essa terra tinha também um ancestral do ponto de vista desse africanos, que era
o caboclo. Então, eles vão organizar um culto chamado Candomblé de caboclo que surge
exatamente junto com o Candomblé Angola, com o Candomblé Ketu que é o Candomblé
de Orixá. No fundo é tudo Orixá porque você vai trazer. Da região do Daomé
especificamente sai um culto que chega ao Brasil também, que vai ser organizar no Brasil
e no Haiti lá como Vodu. Aqui os negros chamados Mina, se instalaram no Maranhão e na
região de São Luís. Esse grupo vai dar origem a um culto chamado Tambor de Mina, que
cultua os Voduns.
Os voduns como os orixás são Deuses da natureza muito parecidos com os Orixás,
entretanto, o tambor de mina tem uma língua ritual diferente, uma dança diferente, um
ritmo diferente, e uma estética própria. Eu não tratar com vocês o tambor de mina, para
mais informações vocês podem consultar a bibliografia. Mas, o tambor de mina vai de São
Luís do Maranhão para o Pará e também vem para São Paulo. Tem Tambor de Mina, tem
terreiro de Tambor de Mina em Diadema-SP, muito importante por sinal. O Tambor de
Mina também vai ter um culto chamado culto dos encantados. Que é um culto muito
interessante de entidades que falam português, que não são os Orixás, são entidades, um
culto diferenciado e muito importante. Tem uma história muito bonita no tambor de
mina que dizem que ele foi fundado por uma rainha africana chamado Nã Agotimé. Nã
Agontimé virou enredo de escola de samba no Rio de Janeiro em carnavais passados. Ela
era uma rainha que foi escravizada, foi vendida como escrava. Ela deu origem a primeira
casa de culto de Vodum do Tambor de Mina, que é a Casa das Minas lá em São Luís do
Maranhão, Querebentã de Zomadonu, a Casa das Minas. O filho dela retoma o poder na
África, em Daomé e ele volta ele manda uma expedição para procurar a mãe, mas ela já
havia falecido, foi então a Rainha Nã Agontimé escravizada que fundou a religião, o culto
do Tambor de Mina no Brasil em São Luís do Maranhão. Mas, importante para nós são esse
dois grupos, o Candomblé Angola e o Candomblé Ketu basicamente.

O Candomblé Ketu comporta uma variação interna que são chamadas de nações, as
nações de Candomblé. A Angola também pode ser chamada de uma nação do Candomblé
que são variações de acordo com os grupos de onde vieram os escravos que fundaram
aquele grupo. Ou seja, então você tem por exemplo na África a região de Osogbo de onde
sai o culto de Oxum, de Ijexá, de onde sai o culto de Logun Edé. Isso constitui no Brasil
algumas ações. Mas, a maior nação do Candomblé é o Ketu. O Candomblé Ketu é uma
nação como eu já disse, o Ketu é a região do culto a Oxóssi, onde Oxóssi reinava. Toda
vez que eu fala com vocês de Candomblé é desse Candomblé que cultua os orixás que são
os Deuses da natureza. Mas, e o Candomblé Angola? Ele também é Candomblé gente, ele
também cultua em última instância os Orixás, mas eles são chamados de inquices. Então,
você tem lá o Xangô que é vermelho e se você for no Candomblé Angola, você vai em
uma festa, o nome pode não chamar Xangô o inquice, mas vai ser vermelho, vai ter fogo,
vai ter quiabo e vai ter os elementos do orixá Xangô. Como eu disse os inquices não saiam
da terra, diferentemente dos orixás. Por exemplo Iemanjá na África não era Deusa do
mar, ela era Deus do rio Iemanjá, do grande rio Iemanjá. Nessa diáspora dos africanos
escravizados trazidos para América, na constituição do culto aqui ela ganhou o governo
do mar, o domínio do mar e assim por diante. Oxum é a Deusa do rio Oshum, se você
olhar o mapa da Nigéria tem o rio Oshum. Entretanto, aqui no Brasil ela ganhou o domínio
dos rios, dos rios tranquilos, todos os rios são de Oxum. Os Deuses foram transplantados,
eles mudaram a essa violência simbólica e física que os filhos deles sofreram e eles
também mudaram. Os Deuses também se transformam, a sociedade muda, o contexto
muda, a religião muda, os Deuses mudam. É disso que se trata eu queria deixar isso muito
claro com vocês, para dizer olha é nação de Efan é de Xambá, isso tudo são variantes
dentro de um mesmo tema, dentro desse grande culto de orixá. Eu gostaria que ficasse
muito claro para vocês. Vão ouvir falar de fato, e ah vem de Alagoas a nação Efan, que é
uma região específica, um grupo específico, mas que no fim comporta poucas variações
em relação ao Candomblé de Orixá e era isso que eu gostaria que ficasse claro para
vocês. Esse povo que constitui e como é que vai formar o Candomblé no Brasil. O
Candomblé no Brasil que é uma religião urbana, étnica porque é uma religião de negros.
É urbana porque surge na cidade, de tradição oral e uma religião feminina. Então, é uma
religião de resistência, o Candomblé surge como uma religião de resistência, uma religião

de negros. Bastide dizia que eles vão recriar, o Candomblé vai recriar no Brasil pequenas
Áfricas e isso é muito importante. Religião de negros, de resistência, frente a todo o
processo de escravidão a todo a violência sofrida. E quem começa o Candomblé? São as
mulheres e na cidade. Como? É o tema do nosso próximo bloco eu já volto a falar com
vocês.

DIGITAÇÃO – Equipe Umbanda EAD


Este documento é uma transcrição literal do conteúdo da vídeo-aula

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