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USO DO SIG PARA CARACTERIZAÇÃO AUTOMÁTICA

DE UMA BACIA HIDROGRÁFICA

Marcelo Jorge de Oliveira


CONTEÚDO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 2

2. OBJETIVO ............................................................................................................... 3

3. MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 4

3.1. Obtenção do modelo digital de elevação e delineamento automático da bacia ..... 4

3.2. Caracterização fisiográfica da bacia .................................................................. 13

3.2.1. Área da bacia e relação cota x área x volume ............................................. 13

3.2.2. Forma da bacia .......................................................................................... 14

3.2.3. Sistema de Drenagem ................................................................................ 15

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 17

4.1. Delineamento automático da bacia ................................................................... 17

4.2. Características fisiográficas da bacia ................................................................ 17

4.2.1. Área da bacia e relação cota x área x volume ............................................. 17

4.2.2. Forma da Bacia .......................................................................................... 18

4.2.3. Sistema de Drenagem ................................................................................ 19

5. CONCLUSÕES ...................................................................................................... 21

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 22

1
1. INTRODUÇÃO

A exigência de uma visão globalizada das questões ambientais tem contribuído


para uma crescente demanda por informações cartográficas, obtidas em ritmo cada vez
mais intenso graças ao desenvolvimento de técnicas apoiadas no uso de computadores e
às imagens obtidas por satélites espaciais. Segundo Tucci (2004), os dados que podem
ser extraídos de mapas, fotografias aéreas e imagens de satélites, como áreas,
comprimentos, declividades e coberturas do solo são os dados fisiográficos.
O delineamento e a caracterização morfométrica das bacias hidrográficas e da
rede de drenagem associada é uma etapa imprescindível em análises hidrológicas, de
modo que Engman (1996) afirma que o gerenciamento integrado dos recursos hídricos
depende da disponibilidade de dados adequados para a construção e validação de
modelos representativos dos processos hidrológicos.
Felgueiras (2001) afirma que a obtenção de dados para a caracterização de
bacias hidrográficas têm sido facilitada pela técnica da Modelagem Numérica do
Terreno (MNT), a qual define como uma representação matemática computacional da
distribuição de um fenômeno espacial que ocorre dentro de uma região da superfície
terrestre.
A forma mais comum de modelagem do terreno, segundo Borrough, (1984), é a
chamada matriz de altitudes, devido à facilidade com que as matrizes são trabalhadas no
computador. Uma forma de apresentação de matriz de altitudes consiste no Modelo
Digital de Elevação (MDE), um conjunto de pontos definidos no espaço tridimensional
(X, Y, Z), onde X e Y representam as coordenadas geográficas em Latitude e
Longitude, respectivamente e Z representa a altitude do terreno.
Bancos de dados que incluem o conhecimento da informação disponível acerca
de um país em termos de bacias hidrográficas são muitas vezes fragmentados,
incoerentes, incompletos, e, por vezes, imprecisos. A gestão integrada das bacias
hidrográficas requer o desenvolvimento de modelos que são utilizados para muitos
propósitos, por exemplo, gerenciar direitos da água, avaliar a qualidade da água, e
simplesmente para compreender a hidrologia da bacia.
Segundo Maidment (2002), com a finalidade de facilitar a organização dos
recursos hídricos para uma dada bacia e permitir o acesso a informação por modelos
hidrológicos, foi desenvolvida pelo Dr. David Maidment (Universidade do Texas,
Austin - Centro de Investigação de Recursos Hídricos), em colaboração com várias

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universidades proeminentes (Consórcio de Universidades para o Avanço da Ciência
Hidrológica) e ESRI, a ferramenta Arco Hydro, desenvolvida como um software de
mapeamento para profissionais de recursos hídricos. Ele gera divisas para as bacias
hidrográficas baseadas na hidrologia, e permite uma representação geoespacial das
massas de água superficiais e a integração com modelagem hidrológica e hidráulica. O
Arco Hydro baseia-se em um software de sistema de informação geográfica (GIS).
As vantagens da automação são a maior eficiência e confiabilidade dos
processos, a reprodutividade dos resultados e a possibilidade de armazenamento e
compartilhamento dos dados digitais. Neste sentido, a utilização de bases topográficas
obtidas por sensores orbitais representa uma alternativa de grande interesse para suprir a
necessidade de intervenções manuais na modelagem do relevo e, portanto, a resolução
de 90m dos dados da missão de mapeamento topográfico SRTM, dos Estados Unidos,
representa um avanço importante em relação às alternativas até então disponíveis
(Valeriano, 2004).
Um projeto conjunto entre a National Geospatial Intelligence Agency (NGA) e a
National Aeronautics and Space Admistration (NASA), denominado Shuttle Radar
Topography Mission (SRTM) obteve dados de elevação de aproximadamente 80% da
superfície terrestre. Os referidos dados podem ser obtidos via File Transfer Protocol
(ftp) na página <http://srtm.usgs.gov/index.html> da US Geological Survey.

2. OBJETIVO

O presente estudo teve como objetivo utilizar as ferramentas do Arc Hydro,


instalada na interface do software Arc GIS 9.2, para a caracterização automática de
uma bacia hidrográfica.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Obtenção do modelo digital de elevação e delineamento automático da bacia

O delineamento automático foi realizado através da ferramenta Arc Hydro Tools


1.2, instalada na interface do software Arc GIS 9.2, aplicado sobre um modelo digital
de elevação obtido de uma imagem SRTM, obtida da página
<http://srtm.usgs.gov/index.html> da US Geológical Survey. Os referidos arquivos
foram processados no software Global Mapper 7.02, obtendo-se o MDE. No MDE, cada
pixel na imagem possui além das coordenadas X e Y, representando Latitude e
Longitude, respectivamente, a coordenada Z, com valor referente à altitude no terreno.
Os valores são divididos em classe de valores e recebem uma cor, conforme a classe a
que pertença. A Figura 1 apresenta o MDE.

Figura 1 – Modelo Digital de Elevação utilizado para realização do trabalho.

Os próximos passos foram realizados pelo sistema de caracterização de bacias Arc


Hydro Tools 1.2 sobre o MDE. Esta ferramenta pode ser obtida no site da ESRI, no
endereço eletrônico http://www.esri.com/industries/water_resources/index.html,
possuindo um tutorial com maiores detalhes sobre sua funcionalidade. Os tratamentos
dados por cada ferramenta são descritos abaixo.
Arc Hydro/Terrain Preprocessing/DEM Manipulation/Fill Sinks – A primeira
ferramenta utilizada foi a Fill Sinks, a qual preenche depressões defeituosas que podem
ocorrer no processo de montagem do MDE. Segundo Mendes e Cirilo (2001), estas

4
depressões são preenchidas considerando a altitude dos pixels vizinhos. A Figura 2
mostra um exemplo de falhas em um MDE, no software Global Mapper 7.02, quando a
ausência de dados provoca depressões no modelo. Nesta figura observa-se o perfil do
relevo definido por uma linha passando por cima de falhas. A Figura 3 apresenta o
MDE da área de interesse modificado pela ferramenta Fill Sinks.

Figura 2. Depressões causadas por falhas na obtenção de um MDE.

Figura 3. MDE após a utilização da ferramenta Fill Sinks da ferramenta Arc Hydro.

Arc Hydro/Terrain Preprocessing/Flow Direction – Esta ferramenta atribui a cada


pixel um valor relativo à direção do fluxo de água que venha a passar sobre o mesmo. A
direção do fluxo será no sentido da célula vizinha de menor valor de altitude. Desta
forma, o valor Z do pixel passa a ter apenas oito possíveis valores quais sejam 1, 2, 4, 8,

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16, 32, 64 e 128 conforme a direção do fluxo seja, respectivamente, Leste, Sudeste, Sul,
Sudoeste, Oeste, Noroeste, Norte e Nordeste (Figura 4).

Figura 4. Matriz de direção de fluxo.

Arc Hydro/Terrain Preprocessing/Flow Acumulation – Esta função atribui valores a


cada pixel, sendo este o número de pixel que lhe direciona o fluxo. O valor mínimo é
zero, atribuído aos pixels localizado no divisor de água ou num pico que não recebe
contribuição de fluxo de nenhum dos pixels que o circunda. Por outro lado, o valor
máximo, localiza-se no exultório da bacia e representa o número total de pixels da
mesma, uma vez que toda água captada por qualquer um dos pixels localizado em seu
interior será direcionada para seu exultório. A Figura 5 apresenta a matriz de acúmulo
de fluxo com os valores dos pixels distribuídos por classe de acúmulo de fluxo.

Figura 5. Matriz de acúmulo de fluxo.

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Arc Hydro/Terrain Preprocessing/Stream definition – Esta ferramenta atribui a cada
pixel o valor um ou zero, conforme o pixel faça ou não parte de um curso d’água. Para
esta função faz-se necessária a determinação do número mínimo de acúmulo para a
definição de um curso d’água. Neste trabalho, utilizamos um numero mínimo de 80
pixels para formar um curso d’água, devendo-se sempre escolher o numero de pixel que
melhor se adéqüe a sua situação, podendo ser comparada a imagem gerada com cartas
topográficas do IBGE. A matriz de definição de cursos d’água está apresentada na
Figura 6, sobreposta ao MDE.

Figura 6. Matriz de definição de fluxo sobreposta ao MDE.

Arc Hydro/Terrain Preprocessing/Stream segmentation (Links) – Através desta


ferramenta, os fluxos que compõem a matriz de definição de cursos d’água são
segmentados, identificando cada trecho de curso entre um exultório e outro. Assim,
todos os pixels que pertencem a um mesmo trecho recebem o mesmo valor para a
coordenada Z. Os pixels que não fazem parte de um curso d’água permanecem com
valor igual a zero. A Figura 7 apresenta a matriz de cursos d’água segmentados.

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Figura 7. Matriz de segmentação de cursos d’água.

Arc Hydro/Terrain Preprocessing/Catchement Grid Delineation – A partir da


matriz de segmentos de cursos e de exultórios, a ferramenta Sub-Watershed Delineation
atribui valores únicos aos pixels que compõem as áreas de drenagem para cada
segmento de curso (Figura 8).

Figura 8 – Sub-bacias dos trechos de cursos d’água individualizados.

Arc Hydro/Terrain Preprocessing/Catchement Polygon Processing – Com esta


ferramenta obtêm-se a vetorização das sub-bacias. Na vetorização, as sub-bacias passam
a se constituir em polígonos. A Figura 9 apresenta detalhe de como é realizada a
vetorização.

8
Figura 9 – Sub-bacias vetorizadas.

Arc Hydro/Terrain Preprocessing /Drainage Line Processing - Com esta ferramenta


obtêm-se a vetorização dos cursos d’água. Na vetorização, os cursos d’água passam a se
constituir em linhas. A Figura 10 apresenta o detalhe de como é realizada a vetorização.

Figura 10 – Cursos d’água vetorizados.

O próximo passo foi a delimitação das Bacias Hidrográficas da área de estudo.


Esta delimitação foi realizada com uso da ferramenta Hydrology/Basin do Spatial
Analyst Tools do Arc Toolbox. Na Figura 11 são apresentadas as Bacias Hidrográficas
delimitadas automaticamente.

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Figura 11. Bacias Hidrográficas delimitadas automaticamente.

Com uso da ferramenta Arc Hydro pode-se locar um ponto e delimitar a área de
drenagem a montante deste. Esta é uma ferramenta adequada para o estudo de áreas de
contribuição de pontos onde estão locados estações Fluviométricas para estudos
hidrológicos. Assim, com o uso da ferramenta Batch Point Generation locou-se um
ponto sobre um curso d’água e com a ferramenta Arc Hydro/Watershed
Processing/Batch Watershed Delineation gerou-se a Bacia Hidrográfica a montante
do ponto locado (Figura 12).

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Figura 12. Bacia Hidrográfica a montante de um ponto.

A ferramenta Spatial Analyst Tools do Arc Toolbox permitiu a determinação


automática da ordem dos cursos d’água através da ferramenta Hydrology/Stream
Order. Na Figura 13 é apresentada a classificação dos cursos d’água de acordo com
Strahler, na qual estes são ordenados de 1 a 5 de acordo com a ordem do contribuinte,
com cada ordem recebendo uma cor especificada, conforme destacado na Figura 13.

Figura 13. Classificação dos cursos d’água de acordo com Strahler.

Após delimitada a área de drenagem, ou Bacia Hidrográfica a montante de um


ponto, com uso da ferramenta Clip do Arc Toolbox extraiu-se apenas a área da Bacia
para facilitar as operações. Existem diversas opções de ferramentas no Arc Hydro/Arc

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Gis 9.2 que podem ser utilizadas para determinação de características físicas da Bacia
Hidrográfica que podem ser utilizadas em estudos hidrológicos. Abaixo, são
apresentadas algumas destas.
Arc Hydro/Terrain Preprocessing /Drainage Point Processing – Com esta
ferramenta determinou-se os pontos de deságüe de cada curso d’água, conforme
apresentado na Figura 14.

Figura 14. Ponto de deságüe de cada curso d’água.

Arc Hydro/Watershed Processing/Longest Flow Path – Com esta ferramenta


determinou-se a distancia do ponto mais remoto da bacia a seção de deságüe, conforme
apresentado na Figura 15.

Figura 15. Distância do ponto mais remoto da bacia à seção de deságüe.

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Arc Hydro/Terrain Morphology/Drainage Boundary Characterization – Com esta
ferramenta determinou-se os valores de ponto mais elevado, ponto mais baixo e
perímetro das margens da bacia, ou do divisor de águas, conforme apresentado na
Figura 16.

Figura 16. Valores de elevação e perímetro das margens da Bacia Hidrográfica.

Arc Hydro/Terrain Morphology/Drainage Area Characterization – Esta ferramenta


determina a área e o volume acumulado para cada cota, sendo muito útil para a locação
de barragens e construção de reservatórios.

3.2. Caracterização fisiográfica da bacia

3.2.1. Área da bacia e relação cota x área x volume

A área da bacia hidrográfica pode ser determinada através da tabela de atributos,


conforme Figura 17.

Figura 17. Área da bacia hidrográfica.

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A relação área e volume acumulado para cada cota é determinada com uso da
ferramenta Drainage Area Caracterization.

3.2.2. Forma da bacia

Tempo de concentração (Tc) é o tempo que leva a água para percorrer a distância entre
o ponto mais remoto da área e o seu exultório, obtido pela fórmula de Kirpich,
modificada para bacias acima de 100 ha, conforme a Equação 1:
0 , 385
 L3 
Tc  85,2    (1)
H
Em que: Tc é o tempo de concentração, em min; L é o comprimento do talvegue, em km
e H o desnível médio do talvegue, em m.
O comprimento do talvegue foi determinado com uso da ferramenta Longest
Flow Path. O desnível do talvegue ( H ) foi determinado pela equação 2.
CN  CF
H (2)
L
Em que: CN é a cota da nascente (m), CF é a cota da foz (m) e L é o comprimento
do talvegue (m).

Coeficiente de compacidade (Kc) - Relaciona o perímetro da bacia ao perímetro de


uma circunferência com a mesma área, sendo, assim, tanto mais próximo da unidade,
quanto mais próxima de um círculo for a forma da bacia. Este valor para o Kc também é
um indicativo de maior tendência à ocorrência de enchentes na bacia, quando
comparadas a outras bacias de características similares, com menor Kc. O Kc é dado
pela Equação 4:
P
Kc  0,28. (3)
A

Em que: Kc é o coeficiente de compacidade, adimensional; P é o perímetro da bacia,


em km, obtido pelo Drainage Boundary Characterization e A , a área da bacia, em
km2.

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Índice de Circularidade
Simultaneamente ao coeficiente de compacidade, o índice de circularidade tende para a
unidade à medida que a bacia se aproxima da forma circular e diminui à medida que a
forma torna alongada. Para isso, utilizou-se a seguinte equação:
12,57  A
IC  (4)
p2

em que IC é o índice de circularidade, A a área de drenagem (m2) e P o perímetro (m).

Fator de forma (Kf) - é outro indicador da forma da bacia e da tendência a enchentes.


Este índice relaciona a largura média da bacia ao seu comprimento (Equação 5). Quanto
menor for o Kf, mais alongada é a bacia e menor é a possibilidade de enchentes, quando
comparada a outras sob condições similares.
A
Kf  (5)
L2
Em que: Kf é o coeficiente de forma, adimensional; A é a área da bacia, em km2 e L ,
o comprimento da bacia, em km, cuja forma de determinação pode ser obtida de
maneiras diversas, levando a resultados também diversos. Aqui, o comprimento da
bacia foi determinado pela distância, em linha reta, entre a foz do rio principal e o ponto
mais distante do mesmo, ao longo do perímetro.

3.2.3. Sistema de Drenagem

O sistema de drenagem é formado pelo rio principal e seus tributários. Seu estudo
indica a maior ou menor velocidade com que a água deixa a bacia hidrográfica, sendo,
assim, o índice que indica o grau de desenvolvimento do sistema de drenagem, ou seja,
fornece uma indicação da eficiência da drenagem da bacia, sendo expressa pela relação
entre o somatório dos comprimentos de todos os canais da rede – sejam eles perenes,
intermitentes ou temporários – e a área total da bacia.

Densidade de drenagem - é dada pela razão entre o comprimento total dos cursos e a
área de drenagem fornecida pela extensão Arc Hydro do Arc Gis 9.2.
Lt
Dd  (6)
A

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Em que: Lt é o comprimento total dos cursos d’água, em km e A é a área de
drenagem, em km2.

Densidade de confluências - Reflete a densidade de drenagem pela relação entre o


número de confluências e a área de drenagem. Assim, quanto maior a densidade de
confluência, mais ramificada é a rede de drenagem.
NC
Dc  (7)
A
Em que: NC é o número de confluências, obtido pela ferramenta Drainage Point
Processing apresentada na Figura 14 e A é a área de drenagem, em km2.

Ordenação dos cursos d’água - Consiste na hierarquização dos cursos em ordens


distintas, refletindo o grau de ramificação da rede de drenagem de uma bacia. Desta
forma, as bacias cujos cursos apresentam ordens mais elevadas são aquelas cuja rede de
drenagem é mais ramificada. A classificação dos cursos d’água foi realizada pelo
critério de Strahler, sendo:
Critério de Strahler – São considerados cursos de ordem 1, todos aqueles que não
possuírem afluentes; os de ordem 2 surgem da confluência de dois canais de ordem 1 e
podem ter afluentes de ordem 1; os cursos de ordem 3 surgem da confluência de dois
canais de ordem 2 e podem ter afluentes de ordem 2 e 1; os canais de ordem n são os
que se originam da confluência de dois canais de ordem n-1 e possuem afluentes de
ordem n-1 até 1 (Figura 19).

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Delineamento automático da bacia

Na Figura 18 é apresentada a Bacia Hidrográfica obtida digitalmente para


determinação de alguns parâmetros.

Figura 18. Bacia Hidrográfica em estudo.

4.2. Características fisiográficas da bacia

4.2.1. Área da bacia e relação cota x área x volume

À área da bacia é 224,23 km², conforme Figura 17. A Tabela 1 apresenta os


valores acumulados de área e volume para cota.
Tabela 1. Valores de área e volume acumulado para cada cota.
Cota Cota Área Acumulada Volume Acumulado
Inferior Superior (m2) (m3)
301 301 64792,6 0
3301 391,3 6608845,1 265502253,2
391,3 481,6 21405854,9 1442540807
481,6 571,9 50522029,2 4499985312,9
571,9 662,2 139214998,3 12666222591,3
662,2 452,5 197147681 28274259196,3
452,5 842,8 215370599,5 47079773312,1
842,8 933,1 220586403,7 66809532796,7
933,1 1023,4 222352002 86812733247,8
1023,4 1113,7 223696448,5 106956528779,5
1113,7 1204 224222888,3 127186406138,6

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4.2.2. Forma da Bacia

A bacia apresentou um tempo de concentração (Tc) de 58h, coeficiente de


compacidade (Kc) de 1,86 e fator de forma (Kf) de 0,02, como pode ser visto na
resolução das equações abaixo.

0 , 385
 35,859 3 
Tc  85,2   3485,85 min  58 h
 3 

99,89
Kc  0,28   1,86
224,23

12,57  224230987,4
IC   0,28
99894,212

224,23
Kf   0,02
99,894 2

De acordo com o valor de Kc, que segundo Villela e Mattos (1975) é um número
adimensional que varia com a forma da bacia, independentemente de seu tamanho, esta
Bacia é pouco susceptível a enchentes, pois segundo Cardoso et. (2006) uma bacia é
mais suscetível a enchentes acentuadas quando o valor de Kc se aproxima da unidade.
Quanto ao valor de Kf, Villela e Mattos (1975) citam que uma bacia com um
fator de forma baixo é menos sujeita a enchentes que outra de mesmo tamanho, porém
com fator de forma maior. O Kf representa a forma da bacia, que bem como a forma do
sistema de drenagem, pode ser influenciada por algumas características, principalmente
pela geologia, podendo atuar também sobre alguns processos hidrológicos ou sobre o
comportamento hidrológico da bacia (Cardoso et al., 2006).
De acordo com os resultados, pode-se afirmar que a bacia hidrográfica em
estudo mostra-se pouco suscetível a enchentes em condições normais de precipitação,

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ou seja, excluindo-se eventos de intensidades anormais, pelo fato de o coeficiente de
compacidade apresentar o valor afastado da unidade (1,86) e, quanto ao seu fator de
forma, exibir um valor baixo (0,02). Assim, há uma indicação de que a bacia não possui
forma circular, possuindo, portanto, uma tendência de forma alongada. Tal fato pode
ainda ser comprovado pelo índice de circularidade, possuindo um valor de 0,28. Em
bacias com forma circular, há maiores possibilidades de chuvas intensas ocorrerem
simultaneamente em toda a sua extensão, concentrando grande volume de água no
tributário principal (Cardoso et al., 2006).

4.2.3. Sistema de Drenagem

A densidade de drenagem encontrada na bacia hidrográfica foi de 8,94 km.km-2.


De acordo com a classificação de Strahler (1957) esta Bacia possui densidade de
drenagem média. A densidade de drenagem é um fator importante na indicação do grau
de desenvolvimento do sistema de drenagem de uma bacia. Esses valores ajudam
substancialmente o planejamento do manejo da bacia hidrográfica. A densidade de
drenagem depende do clima e das características físicas da bacia hidrográfica. O clima
atua tanto diretamente (regime e vazão dos cursos), como indiretamente (influência
sobre a vegetação). Valores baixos de densidade de drenagem estão geralmente
associados a regiões de rochas permeáveis e de regime pluviométrico caracterizado por
chuvas de baixa intensidade.

2005,28
Dd   8,94 km.km 2
224,23

197
Dc   0,88 conf .km 2
224,23

Na Figura 19 pode-se observar a ordenação dos cursos d’água segundo critério


de Strahler.
O sistema de drenagem da bacia em estudo, de acordo com a hierarquia de
Strahler, possui ramificação de quarta ordem, o que significa boa ramificação para a
escala do mapa utilizado, considerando que a área da bacia não possui valor elevado.

19
Figura 19. Ordenação dos cursos d’água de acordo com o critério de Strahler.

20
5. CONCLUSÕES

As ferramentas do Arc Hydro em conjunto com outras ferramentas do Arc


Toolbox permitem o delineamento automático de Bacias Hidrográficas e da rede de
drenagem a partir de um modelo digital de elevação (MDE), facilitando o trabalho de
profissionais da área de recursos hídricos, otimizando o tempo desprendido para
realização dos trabalhos e aumentando a precisão na obtenção dos dados.
Com uso das ferramentas instaladas no SIG foi possível a delimitação de uma
Bacia Hidrográfica a montante de um ponto locado sobre um curso d’água e a obtenção
de características fisiográficas desta bacia utilizadas para estudos hidrológicos, sendo
estas características relacionadas com a área, forma da bacia, sistema de drenagem e
topografia. Estas ferramentas, na atual conjuntura das discussões para resoluções de
problemas referentes a recursos hídricos são de suma importância para a geração de
bancos de dados consistentes e que sejam facilmente disponíveis para o uso em modelos
hidrológicos.
Com relação às características da Bacia Hidrográfica, podemos afirmar que:
- A caracterização morfométrica da bacia hidrográfica aponta para uma bacia de
forma mais alongada, sendo comprovado pelo índice de circularidade, coeficiente de
compacidade e fator de forma. Isso denota um forte controle estrutural da drenagem.
- A densidade de drenagem é de 8,94 km.km2, podendo-se afirmar que a bacia em
estudo apresenta uma profunda dissecação fluvial e perenidade.
- A bacia hidrográfica é de quarta ordem, apontando que o sistema de drenagem
da bacia é bem ramificado.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BORROUGH, P. A. Principles of geographical information systems for land resources


assessment. (Soil and Resources Survey. Nº 12). Oxford: Claredon Press. 1986.

CARDOSO, C. A.; DIAS, H.C.T.; SOARES, C.P.B.; MARTINS, S.V. Caracterização


morfométrica da Bacia Hidrográfica do Rio Debossan, Nova Friburgo, RJ. Revista
Árvore, Viçosa-MG, v.30, n.2, p.241-248, 2006.

ENGMAN, E. T. Remote sensing applications to hydrology. Future Impact. Hydrology


Sciencies Journal, v. 41, n. 4, pp637-647, 1996.

FELGUEIRAS, C. A. Modelagem numérica de terreno. In: CÂMARA, G.; DAVIS, C.;


MONTEIRO, A.M.V.; Introdução à ciência da geoinformação. São José dos Campos:
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 2001. Cap. 7. Disponível em:
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TUCCI, C. E. M. Hidrologia: ciência e aplicação. Porto Alegre: UFRGS/ABRH, 2004.


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MAIDMENT, D.R., 2002. ArcHydro: GIS for Water Resources, ESRI Press, Redlands.

MENDES, C. A. B.; CIRILO, J. A. Geoprocessamento em recursos hídricos:


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NASA Shuttle Radar Topography Mission, 2005. Disponível em: <http://


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STHRALER, A.N. Quantitative analysis of watershed geomorphology. Trans.


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VALERIANO, M. M. Modelo digital de elevação com dados SRTM disponíveis


para América do Sul. São José dos Campos: INPE: Coordenação de Ensino,
Documentação e Programas Especiais (INPE-10550-RPQ/756). 72p. 2004.

VILLELA, S.M.; MATTOS, A. Hidrologia aplicada. São Paulo: McGraw-Hill do


Brasil, 1975. 245p.

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