You are on page 1of 53

Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ


Instituto de Estudos Sociais e Políticos – IESP

Núcleo de Estudos de Teoria Social e América Latina

Coordenação Geral: Breno Bringel e José Maurício Domingues


Coordenação Executiva: Pedro Borba

Sítio eletrônico: netsal.iesp.uerj.br


Email para contato: netsal@iesp.uerj.br

Dossiê Temático no5 – Sociologia Latino-americana II: Desenvolvimento e Atualidade


Rio de Janeiro – Dezembro de 2015
Documento de apoio à pesquisa organizado pelos pesquisadores do NETSAL

Responsável Editorial: Pedro Borba


Capa: Clóvis Borba

2
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

Sumário

1. Apresentação 4

2. O legado de Leopoldo Zea para a América Latina: uma nota – Francini Oliveira 6

3. Notas sobre o CLAPCS na “era Costa Pinto” (1957-1961): construção institucional,


circulação intelectual e pesquisas sobre América Latina no Brasil – Breno Bringel,
Leonardo Nóbrega, Felipe Macedo, Lília Macêdo e Humberto Machado 10

4. La sociología en Argentina: apuntes para un estado de situación – Lucas Rubinich 19

5. La sociología en Chile hoy – Kathya Araujo 30

6. Un breve balance de la sociología en México – Enrique de la Garza Toledo 37

7. Resenha de “¿Qué significa pensar desde América Latina?” de Juan José Bautista
S. – Natasha Bachini 43

8. Apêndice – Coordenação Executiva NETSAL 51

3
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

1. A presentação

Com enorme prazer que apresentamos a quinta edição dos Dossiês Temáticos do
Núcleo de Estudos de Teoria Social e América Latina (NETSAL) do Instituto de Estudos
Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ), sob o
título Sociologia latino-americana II: desenvolvimento e atualidade. Como o próprio
nome sugere, este documento desdobra o anterior, já preocupado com as potencialidades
e iniciativas do pensamento social e político na América Latina. Com isso, completamos
um ciclo bianual de debates no seio do núcleo sobre as intersecções entre a circulação de
ideias em escala latino-americana, as hierarquias na produção de conhecimento e os
significados da epistemologia para as ciências sociais. Através do resgate histórico e do
panorama contemporâneo, os dois Dossiês complementam-se sem arbitrar
necessariamente um juízo definitivo. Seguindo o espírito originalmente estipulado para
esta publicação, agrega-se aqui materiais de apoio à pesquisa, ou seja, análises, entrevistas
e resenhas cuja pluralidade possa fomentar o debate de ideias ao redor do tópico em
questão.
Por outro lado, cumpre observar o reforço, nesta edição de 2015, de uma tendência
em direção à prevalência de contribuições originais na composição do Dossiê. Essa
inflexão é vista com bons olhos na medida em que é consequência da própria dinâmica
de pesquisa do NETSAL, combinada a certa maleabilidade do perfil editorial dos Dossiês
Temáticos. Baseando-se inicialmente na compilação de textos já disponíveis alhures, eles
caminharam para o atual formato pelo acúmulo dos pesquisadores envolvidos e pela
natureza do tema tratado. Em busca de textos que melhor pudessem se inserir no debate,
ficamos honrados em contar nesta edição, além da produção própria da equipe, com
aportes originais de renomados pesquisadores do México, da Argentina e do Chile para
uma avaliação situada das trajetórias do pensamento sociológico nestes países.
Convém também valorizar o retorno que temos recebido das edições já publicadas.
Com um ano conturbado e ainda indefinido na política brasileira, o Dossiê Temático n.2
sobre conjuntura política (junho/2013) tem recebido renovado interesse, especialmente
através da busca por uma perspectiva de conjunto e historicamente ampla sobre a crise
atual. Da mesma forma, as avaliações em torno ao segundo aniversário das jornadas de
junho reavivaram o interesse no Dossiê Temático sobre o tema (n. 3, dez/2013), no qual

4
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

insistíamos em uma mirada global para as novas formas de protesto e ação coletiva. Nosso
propósito, em quaisquer dos casos, segue sendo oferecer um compêndio criterioso de
material para embasar o debate, não só dos próprios pesquisadores do NETSAL, mas de
todos aqueles possíveis interessados.
Afora esta apresentação e um apêndice, este Dossiê Temático traz seis textos
inéditos sobre sociologia latino-americana. No primeiro, Francini Oliveira reflete sobre o
papel central de Leopoldo Zea na articulação institucional de uma comunidade epistêmica
latino-americana já nas décadas de 1940 e 1950. Na sequência, a equipe de trabalho
dedicada ao projeto de pesquisa sobre o Centro Latino-Americano de Pesquisa em
Ciências Sociais (CLAPCS) apresenta uma síntese sobre o período em que Costa Pinto
dirigiu a instituição, aprofundando as reflexões sobre circulação de ideias já presentes na
edição anterior dos dossiês. No miolo do documento, incluímos textos inéditos de Lucas
Rubinich (UBA), Kathya Araujo (UAHC) e Enrique de la Garza Toledo (UAM) sobre as
trajetórias da sociologia na Argentina, no Chile e no México, respectivamente.
Completando a edição, trazemos a resenha crítica feita por Natasha Bachini da mais
recente obra do sociólogo boliviano Juan José Bautista, cujo mote é pensar desde a
América Latina em uma chave decolonial. Por fim, o apêndice cumpre a função de
atualizar o registro de nossas atividades iniciado já em 2014, sistematizando as
publicações e os eventos que compuseram a trajetória do NETSAL ao longo de 2015.

Boa leitura a tod@s!

Breno Bringel e José Maurício Domingues (Coordenadores do NETSAL)


Pedro Borba (Coordenador-Executivo do NETSAL)

5
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

2. O legado de Leopoldo Zea para a América


Latina: uma nota

Francini Oliveira1

Escrever sobre Leopoldo Zea em poucas linhas é um tanto desafiador, afinal,


considerando-se o alcance que sua obra atingiu no continente, assim como a amplitude e
o caráter multifacetado de seu legado, soa problemático eleger uma perspectiva de análise
em detrimento de tantas outras possíveis e necessárias que, somente quando consideradas
em conjunto, podem dar conta da complexidade de sua trajetória. Obviamente, não há
como ignorar a importância que sua produção teve para os intelectuais da chamada
“América Latina” - sobretudo para aqueles dedicados ao pensamento social, ao ensaio e
à história das ideias. Porém, gostaria de destacar um aspecto que, salvo raras exceções,
tem sido deixado de lado pelos pesquisadores dedicados ao tema: refiro-me às ações
pioneiras que o mesmo soube cavar do ponto de vista institucional e à sua capacidade em
aglutinar intelectuais de diversos países em prol de um projeto comum e, com isso, incitar
a formação de redes de trabalho com as quais se confundiria e teria sua carreira
consolidada. Mas isso não sem antes explicitar ao leitor em que consistia o referido
“projeto”.
Grosso modo, do ponto de vista das ideias que buscou sustentar, Zea defendia uma
filosofia “americanista” ancorada em questões políticas. Um problema prévio que então
se colocava aos pensadores da América Latina dizia respeito justamente à necessidade de
se voltar ao estudo do passado a fim de averiguar não somente o que fomos, mas
principalmente o que poderíamos ser. Havia a urgência para viabilizar a inserção de
nossas nações na modernidade através de um projeto filosófico próprio, capaz de traduzir
as necessidades de uma América com raízes ibéricas. Tratava-se, em outras palavras, de
colocar a “Filosofia” a serviço da “Nação” e, assim, redefinir sua prática nos países do
continente.
O modo, pois, como Zea viria a compreender a “Filosofia” e a definir o métier do
filósofo, colocando ambos a serviço de uma reflexão voltada para o contexto específico
da região, o levaria a um processo de reflexão fomentado na sua própria realidade
histórica. O envolvimento dispendido estava, como já mencionado, preso às discussões
sobre a formação de nossos países, bem como sobre as possibilidades de desenvolvimento
do Estado Moderno. Em torno desse eixo específico é que iria gravitar a produção
intelectual de inúmeros de nossos ensaístas, filósofos, cientistas sociais e historiadores –
inclusive (e sobretudo) a do próprio Leopoldo Zea.
1
Bolsista de Pós-Doutorado em Sociologia no IESP e pesquisadora do NETSAL. Doutora em Sociologia
pela Universidade de São Paulo (2012).

6
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

Na esteira desse “projeto” (para manter a voga fenomenológica bem na moda


àquela altura), a intelectualidade do período teve de enfrentar problemas que, se hoje
soam um tanto quanto ingênuos, foram vividos de modo dramático por tal geração, na
medida em que eram considerados reivindicações cruciais para o sucesso e/ou malogro
dessa espécie de “filosofia da realidade nacional” que se tentava criar. Contudo, não me
parece ser o caso de discutir aqui em que medida o pensamento latino-americano de
meados do XX estava ou não marcado por um nacionalismo político de caráter duvidoso;
tampouco examinar, do ponto de vista do debate aí presente, seu grau de
comprometimento ideológico. Conforme adiantei, gostaria de colocar em relevo as
iniciativas de vezo institucional lideradas pelo filósofo – as quais, no bojo dessas
demandas políticas, possibilitaram o surgimento de novas modalidades temáticas à então
filosofia “praticada” no continente. Não obstante a originalidade com que Zea soubera se
apropriar de toda uma tradição filosófica europeia ao longo de sua trajetória, penso que
foi sobretudo do ponto de vista institucional que ele exerceu papel dos mais importantes.
Leopoldo Zea foi, sem dúvida, o herdeiro direto das ações pioneiras traçadas por
José Gaos, no sentido de que fora o grande responsável pela articulação de uma rede
intelectual de vanguarda na periferia dos sistemas intelectuais dominantes, mas não só:
também soube, na condição de líder, coordenar ideias díspares e estabelecer linhas de
ação para o grupo que “fundou” em meados do século XX (1940-1960). Durante anos,
esteve à frente da organização de comitês, congressos e revistas especializadas – os quais
auferiram ao seu núcleo de pesquisas e aos seus investigadores uma agenda bastante coesa
de trabalho em prol do desenvolvimento e do reconhecimento do chamado pensamento
filosófico latino-americano –, impulsionando, ainda, a formação de outros núcleos de
trabalho, para além dos comitês de História das Ideias e de Filosofia que tão bem soube
coordenar. As iniciativas de Zea, nesse sentido, serviram certamente de modelo à
fundação de outros centros de investigação (como, por exemplo, a CEPAL) que, nas
décadas seguintes, puderam colocar a América Latina no centro do debate e, ainda,
impulsionar a aglutinação de pesquisadores de áreas diversas interessados em contribuir
de alguma maneira para o desenvolvimento da região.
Ao que tudo indica, foi no ano de 1944 que o “pontapé” inicial foi dado quando
um grupo de ensaístas e filósofos – ao qual Zea viria a se filiar – começou a se articular
e a chamar, de fato, a atenção no México. A partir do lançamento da coleção Tierra Firme,
sob o selo da editora Fondo de Cultura Económica, pode-se dizer que houve a ascensão
de um movimento de ideias em prol de uma “consciência filosófica latino-americana”,
que ganharia força em todo o território americano, com dois polos principais de difusão:
um no México (matriz) e outro na Argentina (filial). A responsabilidade sobre o último
recairia sobre Francisco Romero, não por acaso herdeiro, em seu país, de intelectuais que,
balançados com a presença de Ortega y Gasset, haviam iniciado um movimento de
redefinição e de reforma da Filosofia praticada até então nas universidades argentinas.
Seria somente em 1947, contudo, que Zea começaria a articular sua rede de trabalho, isto
é, ao ser chamado para presidir o Comitê de História das Ideias na América, criado por
solicitação de Silvio Zavala, quando este dirigia o Instituto Pan-Americano de Geografia
e História (IPGH). Foi sobretudo a partir daí que as condições objetivas se desenhariam
para que seus projetos pudessem, enfim, ser colocados em prática.

7
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

Uma das intenções centrais do referido comitê seria justamente a de analisar a


história das ideias nos países americanos com o objetivo de colocá-las em circulação. Era
imprescindível a esses intelectuais galgar apoios políticos e institucionais para alcançar
uma posição de destaque capaz de projetá-los internacionalmente – internacionalização
através da qual seria possível estabelecer alianças e criar estratégias para que estivessem
sempre em contato uns com os outros. Daí as cartas, os comitês, os diversos seminários
promovidos ao longo de pouco mais de duas décadas e, ainda, a criação de uma editora.
Devido às estratégias que foi capaz de estabelecer, criando mecanismos de
consagração, bem como de consolidação em praticamente todo o continente, Zea logra
uma posição de destaque e de projeção no cenário intelectual da região, inovando no que
dizia respeito às práticas e formas de trabalho. Em poucos anos, ele auferiu à sua rede um
alcance invejável a partir da organização de seminários, comitês e da criação de centros
de pesquisa voltados ao assunto - como o Centro de Investigaciones sobre América Latina
y el Caribe que fundou na UNAM (Universidade Autônoma do México). Ressalto que,
desde o início, seu pioneirismo se mostrou decisivo: após receber uma bolsa de estudos
do governo mexicano em 1945, tendo em vista dar continuidade a seus estudos sobre o
positivismo na América, Zea residiu alguns meses nos Estados Unidos e, logo depois,
planejou e levou adiante uma espécie de “peregrinação” por alguns países da América do
Sul. À época, as missivas trocadas com João Cruz Costa, professor da Universidade de
São Paulo, não somente corroboram a determinação com que levou adiante essa “missão”,
como também denunciam as dimensões reais de tal empreitada. Assim que chegara a
Buenos Aires, em agosto de 1945, Zea revelou estar a par do interesse do colega brasileiro
pelo positivismo, segundo lhe informara Francisco Romero; e confessara-lhe achar ter
chegado a hora de reunir forças para que criassem uma rede de intelectuais em prol de
uma “unidade espiritual autenticamente americana”. Contava ainda sobre as pesquisas
que pretendia realizar com sua bolsa de estudos em países como o Chile e a Argentina,
incentivando Cruz Costa a fazer o mesmo e convidando-o para unir-se a ele e, juntos,
tecerem um mapa do impacto do positivismo em toda América. Como consequência,
surgiriam livros como El positivismo en México (1943-1945); Dos etapas del
pensamiento en Hispanoamérica: del romanticismo al positivismo (1949); Esbozo de una
historia de las ideas en el Brasil (1957), entre outros disseminados pela rede.
A propósito, sua aproximação com o Brasil se deu a partir do contato estabelecido
com Cruz Costa em meados dos anos 40. Haviam sido apresentados por carta graças às
amizades que tinham em comum com o filósofo argentino Francisco Romero e com o
uruguaio Arturo Ardao. Zea sabia da importância e, por outro lado, da dificuldade de
inserir o Brasil nessa “unidade espiritual americana”. Não titubeou e tratou de se fazer
presente por aqui através do antigo professor e ensaísta paulista. Em contrapartida, foi
devido a essa aproximação que Cruz Costa chegou a ser membro do Comitê de História
das Ideias do já citado Instituto Pan-Americano de Geografia e História (IPGH) e, ainda,
conselheiro da Congress Library de Washington, por indicação da Sociedade Americana
de Filosofia. Obviamente, com o passar do tempo, a presença de Leopoldo Zea ampliou-
se no Brasil e fez com que diversos outros movimentos se inspirassem nas iniciativas e
no movimento de ideias por ele liderados (de Darcy Ribeiro a Leonardo Boff), embora
não seja o caso de matizar aqui todas estas influências.

8
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

A meu ver, o que chama a atenção e merece ser sublinhado nesta nota diz respeito
à enorme capacidade de Zea de galgar posições e inserções estratégicas nos diversos
países do continente e de como soube conduzir todo um processo de seleção, recepção e
tradução das obras operadas pelo grupo que aglutinou em torno de si. Graças à sua
atuação, e à de outros filósofos espalhados pelo continente que a ele se juntaram (dentre
os quais destaco Arturo Ardao e Arturo Andrés Roig em países do Cone Sul), em pouco
menos de uma década o grupo obteve um alcance institucional invejável, à frente que
estava na organização de seminários, comissões, bem como da criação de revistas e
periódicos. Desde o início, seu pioneirismo se mostrou notável e sua obra é, pois,
tributária desses contatos estabelecidos. Ao mesmo tempo, soube se apropriar e divulgar
pesquisas realizadas nos demais países que julgava de interesse de todos os americanos.
O tema da construção, bem como dos entraves da modernidade em países da
América Latina, envolvendo a formação de uma identidade cultural, econômica e política
específicas, remonta a uma discussão que, sabemos, tem longa tradição e jamais poderia
ser aqui esgotada. Por isso, ocorreu-me trazer à baila uma dimensão da trajetória de
Leopoldo Zea que tem ficado em segundo plano. Procurei colocar em relevo sua
importância para a constituição, bem como consolidação de um projeto filosófico caro à
intelectualidade latino-americana, atentando para o fato de que seu legado não pode
prender-se somente ao campo das ideias, uma vez que se trata de um personagem que
soube abrir caminhos e construir uma agenda coletiva de trabalho como poucos. Sua
atuação profissional chama atenção sobretudo pela envergadura e pelo alcance de
proporções continentais conquistados. De certa forma, penso ser este seu mais valioso
legado, afinal, caducadas as ideias, as redes e os centros de pesquisas que fundou
permanecem atuais e seguem dando seus frutos.

Referências bibliográficas

ALTAMIRANO, C (Org.). Historia de los intelectuales en América Latina. Buenos


Aires: Katz, 2008.
GAOS, J. Pensamiento de Lengua Española. México: Editorial Stylo, 1945.
OLIVEIRA, F.V. “Sobre a Filosofia na América”. In: Fantasmas da tradição: João Cruz
Costa e a cultura filosófica uspiana em formação. Tese de doutorado. SP: FFLCH/USP,
2012, pp.108-142
VILLEGAS, A. Panorama de la filosofía ibero-americana actual. Buenos Aires: Eudeba,
1963.
ZEA, L. América como consciência. 2ª. ed. México: UNAM, 1972.
_____. Arielismo y Globalización. México: Tierra Firme (F.C.E), 2002.
_____. Dos etapas del pensamiento en Hispanoamérica. México: Colegio de México,
1949.
_____.En torno a una filosofía americana. México: F.C.E., 1947.
_____. El positivismo en México. México: Colegio de México, 1943.
_____. El positivismo y la circunstancia mexicana. 2ª.ed. México: F.C.E., 1997.

9
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

3. N otas sobre o CLAPCS na “era Costa Pinto”


(1957-1961): construção institucional, circulação
intelectual e pesquisas sobre a América Latina no Brasil

Breno Bringel
Leonardo Nóbrega
Felipe Macedo
Lilia M. S. Macêdo
Humberto Machado2

O Centro Latino-Americano de Pesquisas em Ciências Sociais (CLAPCS) foi


oficialmente criado em 17 de abril de 1957, com a assinatura do presidente da República
do Brasil do seu decreto de criação, na sede do Itamarati, no Rio de janeiro. O caráter
agregador desta instituição, que se colocava como objetivo a realização de estudos de
problemas próprios da região latino-americana, se constitui formalmente quando da 2ª
Conferência Regional de Ciências Sociais para a América Latina (Rio de Janeiro, abril de
1957), momento em que se define, sob os auspícios do governo brasileiro e colaboração
dos demais governos latino-americanos, além de financiamento da UNESCO, a
construção do Centro, com sede no Rio de Janeiro, em paralelo à fundação da Faculdade
Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO), com sede em Santiago, no Chile.
A formação do CLAPCS foi fruto, no entanto, de vários anos de articulação e
discussão. Em termos gerais, foi parte de um novo imaginário geopolítico do pós-Segunda
Guerra Mundial que contribuiu para consolidar a América “Latina” como região a partir
de novas institucionalidades e políticas de atores internos e externos. Entre 1952 e 1956
a Unesco promoveu diversos seminários para discutir as agendas e as articulações
regionais das Ciências Sociais na América Latina, no Sul da Ásia e no Oriente Médio. O
próprio Luiz Aguiar de Costa Pinto, primeiro diretor do CLAPCS, narrou com detalhes
em texto publicado no Boletim do CBPE3 sua participação como relator de várias destas

2
Equipe de pesquisadores do IESP-UERJ vinculada ao projeto “A experiência do Centro Latino-americano
de Pesquisas em Ciências Sociais (CLAPCS) e os estudos latino-americanos no Brasil”, do qual também
participa Juan Pedro Blois, que realizou pós-doutoramento no IESP-UERJ e é professor da Universidad
Nacional General Sarmiento, na Argentina. A pesquisa, coordenada pelo Prof. Breno Bringel, conta com
financiamento da FAPERJ e da UERJ.

3
COSTA PINTO, L. A. (1956) “As Ciências Sociais na América do Sul: impressões de um seminário”,
Boletim do CBPE, Rio de Janeiro, p.173-182.

10
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

conferências regionais e internacionais que foram fundamentais para gestar anos depois
o Centro.
Costa Pinto foi uma figura central na concepção, na fundação e no
desenvolvimento inicial do CLAPCS. A própria imagem do Centro ficou bastante
associada ao nome do sociólogo baiano quem, contudo, somente o dirigiu em seus
primeiros anos de existência (1957-1961). Foram anos intensos, de aposta pela construção
institucional de uma agenda de pesquisa latino-americana(ista) e de redes de pesquisa e
de interação entre intelectuais e centros afins nos diferentes países da região. As notas
que seguem pretendem descrever este momento inicial do CLAPCS focando em três
elementos: sua construção institucional, a circulação intelectual e o estabelecimento
incipiente de uma agenda de pesquisas sobre a América Latina no Brasil. Pretende-se com
estes apontamentos seguir revelando aspectos fundamentais de uma experiência tão
interessante e rica como esquecida na história da sociologia latino-americana, assim como
dar sequência a um trabalho coletivo que vem sendo desenvolvido por nós nos últimos
anos.
No dossiê Temático n.4 do NETSAL, “Sociologia latino-americana: originalidade
e difusão”, publicado em dezembro de 2014, publicamos um primeiro texto panorâmico
sobre a experiência do CLAPCS e os estudos latino-americanos no Brasil (Bringel,
Nóbrega e Macedo, 2014). Desde então, a pesquisa sobre o CLAPCS conduzida no
NETSAL avançou intensamente ao longo de 2015, incluindo as seguintes frentes: a) uma
compilação exaustiva do material produzido pelo centro; b) a análise inicial desta
documentação; c) a discussão coletiva sobre pesquisas e publicações relacionadas ao
Centro, à história da sociologia no Brasil e na América Latina, às agendas da sociologia
latino-americana e do pensamento social na região, bem como debates mais gerais sobre
a geopolítica do conhecimento; d) o mapeamento e a análise de centros contemporâneos
ao CLAPCS no Brasil e no resto da região, tais como o CBPE, a CEPAL, a FLACSO, a
CLACSO, o ISEB, a PUC-Rio, a USP, a Universidade do Brasil e a Universidade do
Distrito Federal; e) a realização de entrevistas com pesquisadores que investigaram temas
afins, participaram diretamente do CLAPCS ou do debate intelectual daquele momento4.
Em 2016, este trabalho será aprofundado e resultados mais substantivos serão
apresentados em eventos e compartilhados com o público em geral. O resultado final será
a produção de um livro com os resultados da pesquisa que será publicado pelo Conselho
Latino-americano de Ciências Sociais (CLACSO).
Deste modo, nos furtamos neste momento de uma análise mais detida sobre o
CLAPCS em seus primeiros anos, restringindo-nos somente a apontamentos descritivos
sobre seu modus operandi e sua relevância no circuito latino-americano no momento de
institucionalização das Ciências Sociais na região. Pensamos que isso pode ser relevante
para contribuir com a reunião de elementos que problematizem certos consensos na
história da sociologia no Brasil e na América Latina, bem como para estimular uma visão

4
Pelas informações, conversas informais e/ou entrevistas concedidas, Breno Bringel gostaria de agradecer
a Charles Pessanha, Fernanda Beigel, Glaucia Villas Boas, Gláucio Soares, Lícia Valadares, Luiz Antônio
Machado, Manuel Antonio Garretón, Moacir Palmeira e Wanderley Guilherme dos Santos.

11
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

mais integrada sobre os estudos sobre a região, incorporando o Brasil à totalidade


(sub)continental.
Para reconstruir nesta breve nota a vida institucional e intelectual do CLAPCS em
seus inicios, recorreremos aos Boletins publicados pelo centro entre os anos 1958 e 1961.
Os boletins eram impressos pelo CLAPCS e enviados para pesquisadores individuais,
centros de pesquisa, bibliotecas, universidades e instituições diversas de todo o mundo,
principalmente da América Latina. Eram publicados quatro números por ano, com a
exceção do primeiro ano quando se publicaram somente dois boletins, chegaram a ser
distribuídos pela Editora Civilização Brasileira com uma tiragem de aproximadamente
1500 exemplares que tiveram um alcance notório em um público internacional e
altamente especializado, tal como pode-se comprovar nas “Cartas à redação” transcritas
nos próprios Boletins com depoimentos de vários pesquisadores sobre o trabalho do
CLAPCS. Ditos Boletins são uma fonte riquíssima de informação, tendo em vista que
incluíam relatos detalhados do funcionamento institucional do Centro, da participação de
seus pesquisadores em diversos eventos, da divulgação de resultados iniciais de pesquisa,
do levantamento bibliográfico de publicações relativas à América Latina no mundo
inteiro (o que era um importante instrumento de pesquisa e trabalho na construção de um
circuito intelectual próprio) e demais notícias de interesse. Também eram publicados
artigos e avanços de pesquisa, o que levou a que o Boletim fosse paulatinamente
aumentando seu volume até se transformar no início de 1962 na Revista América Latina.
O objetivo, de acordo com a apresentação da revista em seu primeiro número, passava a
ser não somente a divulgação das atividades do Centro, mas principalmente “a publicação
de estudos que focalizem diferentes aspectos da região ou, em particular, de países,
através da colaboração selecionada que estamos encarecendo aos cientistas sociais”
(Revista Améria Latina, Janeiro-Junho 1962).

Dinâmica institucional e circulação intelectual

O CLAPCS era gerido por Comitê Diretor responsável pela coordenação tanto do
Centro como de sua irmã no Chile, a FLACSO. Dito comitê foi formado inicialmente por
Eduardo Hamuy (Univ. do Chile), Gino Germani (Univ. de Buenos Aires), Isaac Ganon
(Univ. de Montevideo), Lucio Mendieta y Nuñes (Univ. Nacional de Mexico), Orlando
Carvalho (Univ. de Minas Gerais), Oscar Chavez Esquivel (Univ. de Costa Rica), Rafael
Arboleda (Univ. Javeriana – Colômbia) e Salcedo Bastardo (Univ. Central, Caracas). Sua
direção geral ficou inicialmente a cargo de Lucio Mendieta y Nuñez, nome fundamental
da institucionalização da sociologia mexicana no século XX 5 . Pouco depois, acabou
sendo transferida para Isaac Ganon, por motivos de saúde (cf. Boletim 1958 – n. 2), tendo
seus encontros mais formais uma periodicidade anual, os chamados “Períodos de Sessões
do Comitê Diretor”. Posteriormente, também passaria a fazer parte do Comitê Pablo
González Casanova, que assumiu em caráter provisório em 1961 a presidência deste
Comitê, e Humberto Diez Contreras.
5
Vide o artigo de Enrique de la Garza Toledo publicado neste mesmo número do Dossiê NETSAL sobre a
sociologia Mexicana hoje.

12
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

Além do Comitê Diretor, cada uma das instituições contava com uma direção
específica. Luiz de Aguiar Costa Pinto (Univ. do Brasil) foi escolhido o primeiro Diretor
do CLAPCS e Gustavo Lagos Matus (Univ. do Chile), o primeiro Secretário Geral da
FLACSO. Vale notar que Costa Pinto, além de diretor do CLAPCS, exerceu ao mesmo
tempo a vice-presidência da International Sociological Association (ISA), além de ser
membro destacado da Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS) e do Instituto de Ciências
Sociais da Universidade do Brasil. Em 1961 será substituído na direção do CLAPCS por
Manuel Diegues Júnior em eleição realizada em uma Reunião extraordinária do Comitê
Diretor em março de 1961 na cidade de Bogotá.
Esta estrutura regional e nacional era complementada por uma base operativa de
funcionários, responsáveis pela gestão cotidiana do Centro. No dia 28 de julho de 1958,
é inaugurada a primeira sede do CLAPCS na Av. Pasteur, 431 (Praia Vermelha, Rio de
Janeiro), onde se estabeleceu a equipe operativa, composta inicialmente pelos professores
Waldemiro Bazzanella (assistente do Diretor do Centro), Thomaz Pompeu Accioly
Borges, Joaquim Costa Pinto e Anita Hirsch (Boletim, 1969, n. 1), esta última vinda da
França. Pouco depois, viriam a se juntar também J. Roberto Moreira (e suas assistentes
Maria Lêda Rodrigues de Almeida e Olga de Oliveira e Silva.) e Edison Carneiro.
Além da equipe fixada na sede do CLAPCS, entre pesquisadores e pessoal
administrativo, o Centro contava com funcionários remunerados em mais onze países da
região, ligados aos diferentes projetos em desenvolvimento. Além das pesquisas
desenvolvidas pelos pesquisadores vinculados, o CLAPCS estabeleceu diversas
cooperações técnicas para seminários, reuniões e diversas outras atividades relacionadas
ao seu campo de trabalho. Muitos estudantes e pesquisadores brasileiros ainda em
formação realizaram algumas de suas primeiras pesquisas empíricas como assistentes de
pesquisa no CLAPCS, como ocorreu com Luiz Antônio Machado, Moacir Palmeira,
Otávio Velho, Licia Valladares, entre outros/as.
A circulação de pessoas de diversas instituições, tanto da América Latina quanto
de diversas outras partes do mundo, é uma das propostas mais evidentes do recém-criado
Centro. Além dos diversos colaboradores em pesquisas esporádicas, e da circulação de
pesquisadores em eventos internacionais, o Centro recebeu pesquisadores em caráter
institucional, muitos deles enviados pela Unesco. Este foi o caso, por exemplo, de Joseph
A. Kahl, Jean Labbens e Herbert Blumer, recebidos como “experts” internacionais.
Também passaram pelo centro com estadias mais longas os pesquisadores vinculados ao
Comitê Diretor, muitos dos quais chegaram a viver no Rio de Janeiro por meses ou anos,
como foi o caso de Rodolfo Stavenhagen.
Dentre os visitantes ilustres é possível apontar a visita do Diretor do projeto
principal da UNESCO sobre educação de base na América Latina, Oscar Vera, a equipe
de economistas Gustaaf Loeb, Isaac Kerstenetzky e Fernando Souza Costa, H. M. Philips,
chefe da Divisão de Ciências Sociais Aplicadas da UNESCO, Andre Bertrand, Diretor de
Ciências Sociais da UNESCO, José Medina Echevarria, da CEPAL, Dudley Kirk, do
Population Council, dentre outros nomes destacados que incluem, por exemplo, Wright
Mills.
Com a inauguração da sua primeira sede na Urca e posteriormente a transferência
da mesma para um casarão na Rua Dona Mariana em Botafogo, o Centro se estabelece

13
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

como um local agregador, promovendo reuniões periódicas todas as sextas-feiras, além


da formação de uma biblioteca em Ciências Sociais ímpar, tendo como primeira
bibliotecária Sonia Avelino Silveira. O acervo é formado a partir da aquisição de livros
de interesse do Centro além da doação ou permuta com instituições, estabelecendo um
espaço fundamental de circulação de pesquisadores e estudantes residentes ou de
passagem pela cidade.
Além de financiamento principalmente do governo brasileiro e da Unesco nos
primeiros anos, e da cooperação com governos e instituições de diversos países latino-
americanos, o CLAPCS trabalhou no sentido de estabelecer diversas outras parcerias.
Desta forma, contou, por exemplo, com o apoio da OEA para a expansão do seu programa
de bolsas de estudos. Dentre as cooperações técnicas do Centro, pode-se destacar o
“Comitê dos 21”, da Operação Pan Americana, a CEPAL, BIT, Nações Unidas (TAB),
FLACSO, CSUCA, ODECA, UNESCO e BID. Estas cooperações, conquanto instáveis
no tempo, permitiram a geração de projetos conjuntos e a circulação de pesquisadores
pela região.
Apesar de relativamente curta, a etapa de Costa Pinto na direção do CLAPCS foi
crucial. Criaram-se os pilares de uma conectividade regional em Ciências Sociais sem
precedentes entre o Brasil e o restante dos países da região. Talvez um dos maiores
méritos e inovações do CLAPCS nesse momento tenha sido justamente a proposta de ir
além de contatos rápidos e informais entre intelectuais (em eventos, seminários,
encontros, etc.) para criar pesquisas coletivas que envolviam pesquisadores de diferentes
países da região sobre temas fundamentais para o subcontinente. Vejamos alguns dos
eixos centrais destas pesquisas.

Pesquisas, metodologia e publicações

A partir de reunião do Comitê Diretor em novembro de 1957 na Universidade de


Minas Gerais, estabelece-se um ponto inicial para a realização de pesquisas e atividades,
cuja lista de projetos está transcrita no primeiro Boletim publicado pelo CLAPCS (1958,
n. 1). Durante o biênio 1959-1960, os principais projetos do CLAPCS foram os seguintes:
1. O estado das Ciências Sociais na América Latina
2. Implicações Sociais do Desenvolvimento
3. Urbanização
4. Estratificação e Mobilidade Social
5. Educação e Desenvolvimento
6. Carreiras Ocupacionais
7. Estrutura Agrária na América Latina
8. Censo da População Universitária
9. Retorno de Imigrantes
Nota-se desde o início uma preocupação clara por sistematizar o acumulo
existente nas Ciências Sociais na região, como base indispensável para avançar na
construção do conhecimento sociológico. Este passo prévio foi importante para criar
bases a partir das quais construir de maneira mais endógena a agenda da sociologia do
desenvolvimento.

14
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

Por outro lado, em termos concretos, as atividades, artigos e pesquisas do Centro,


em face do aspecto transnacional das colaborações, convergiam para a definição de uma
metodologia comum a ser adotada nas análises dos temas tratados como entraves ao
desenvolvimento latino americano. A comparação foi o método mais utilizado, mas
sempre com uma tentativa de pensar a região como unidade, a pesar de sua diversidade.
Cabe notar que os estudos e pesquisas do CLAPCS em seus primeiros anos incluíam doze
países da região: Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, Guatemala, Haiti, El Salvador,
Honduras, Nicarágua, Peru, Uruguai e Venezuela.
Os Boletins do Centro oferecem um detalhado panorama de suas atividades e
pesquisas organizadas entre 1958 e 1962 dentre as quais pode-se destacar algumas de
suas principais iniciativas, como a reunião, em 1958, entre o IBGE e o CLAPCS sobre as
questões metodológicas e linguísticas para a realização do censo de 1960 no Brasil. Ainda
em 1958, o CLAPCS organizou em parceria com a Unesco a compilação bibliográfica
sobre “Problemas de Urbanização na América Latina” que reuniu mais de 350 títulos de
diversas disciplinas, para facilitar a divulgação para estudiosos do tema, e foi apresentado
no Seminário sobre Urbanização promovido pela CEPAL, no Chile, em dezembro do
mesmo ano.
Concomitantemente a tais atividades, o Centro encarregou o prof. Juan Comas da
UNAM para a coordenação de um mapeamento das pesquisas nos principais centros
nacionais de antropologia latino-americanos (Projeto “As novas e urgentes tarefas da
Antropologia na América Latina), assim como participou da mesa redonda em Paris
(organizada pelo Bureau International de Recherches sur les Implications Sociales du
Progrès Technique – BIRISPT) sobre análises comparativas de desenvolvimento
econômico e seus resultados sociais. Neste evento, patrocinado pelo Conselho
Internacional de Ciências Sociais da Unesco, o CLAPCS relatou a parte referente ao
Brasil.
O ano de 1959, marcado por alta produtividade acadêmica e intercâmbio intelectual
transnacional, tem início com dois projetos de pesquisa organizados pelo Centro de
abrangência transnacional. São eles, o projeto “Estado atual das Ciências Sociais na
América Latina” – cuja equipe era integrada por Aldo Solari (Uruguai); Eduardo Hamuy
(Chile); José Augustin Silva Michelena (Venezuela); José Rafael Arboleda (Colômbia);
Lucio Mendieta y Nuñes (México); Manuel Diegues Jr. (Brasil); Norberto Rodrigues
Bustamante (Argentina); Oscar Chavez Esquivel (Costa Rica) – e o Projeto “Novas
tarefas da Antropologia na América Latina” – coordenado por Carlos Ponces Sangines
(Bolívia); Efraim Morote Best (Peru); Gonzalo Rubio Orbe (Equador); Juan de Dios
Rosales (Guatemala); Julio de la Fuente (México).
Registro importante deste ano foi o lançamento da primeira publicação do Centro, a
monografia 'Recôncavo – Laboratório de uma Experiência Humana', do Prof. L. A. Costa
Pinto, então diretor do Centro. Ainda em meados de 1959, o CLAPCS recebe o auxilio
especial da UNESCO com o objetivo de criar no Centro um perfeito serviço de
documentação, tecnicamente habilitado a funcionar como "clearing house" sobre
problemas sociais da America Latina, servindo a especialistas e instituições
especializadas de toda a região.

15
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

Nos dias 16 e 17 de outubro de 1959 reuniu-se na sede do CENTRO o grupo de


trabalho encarregado de discutir e planejar a preparação de um dicionário de ciências
sociais em língua espanhola. A justificativa para tal projeto era de que a precisão
terminológica seria indispensável para o trabalho científico.
Patrocinado pelo Centro e pela FLACSO, realizou-se no Rio de Janeiro, entre 19 e 24
de outubro de 1959, o Seminário Científico Internacional sobre o tema: “Resistências à
Mudança – fatores que impedem ou dificultam o Desenvolvimento”. Foi certamente o
evento organizado pelo Centro com maior repercussão nacional e internacional. A escolha
do tema do Seminário partiu da intenção de colher a opinião e confrontar a experiência
de destacados especialistas sobre os fatores e condições que podem constituir obstáculos
ao desenvolvimento e que, por conseguinte, podem comprometer a execução prática de
políticas concebidas para promover o progresso econômico e social da região.
No ano de 1960, foram publicados diversos relatórios nacionais da pesquisa sobre
Ciências Sociais na América Latina (Uruguai, Argentina, Colômbia, Costa Rica, Chile,
México e Venezuela) e os relatórios da Argentina e do Uruguai da pesquisa de
estratificação. Também cresce o interesse pelo tema da educação, sendo publicados
artigos preliminares sobre o assunto e, no No. 4 deste ano, “Educação e
Desenvolvimento” passa a ser uma das linhas de pesquisa oficiais do Centro.
Nota-se que o boletim traz progressivamente cada vez mais estudos no formato de
artigo, seja de pesquisadores vinculados ao Centro ou contribuições a partir de outras
instituições. O Centro expande sua importância como polo de pesquisa e sua publicação
amplia a circulação de conhecimento sobre a América Latina. Os anos seguintes
confirmam essa tendência que, posteriormente, resultará na publicação da Revista
América Latina, conforme já assinalado. Destaque para as publicações de Accioly Borges
(questões agrárias e estratificação) e J. Roberto Moreira (educação e desenvolvimento),
nos três primeiros números do ano III, mostrando que eram figuras chaves do Centro
nestes assuntos, assim como Bazzanella para urbanização, por exemplo. Outra evidência
da expansão da circulação é a publicação da “Revista dos Periódicos”, uma seção do
boletim que compilava os trabalhos publicados sobre América Latina separados por
disciplinas.
Por outro lado, o biênio 1961-1962, já em transição para a diretoria de Manuel
Diegues Junior, manteve um padrão semelhante de trabalho nas pesquisas anteriores,
embora com algumas novidades, principalmente a elaboração do Informe sobre a
Situação Social na América Latina, projeto realizado a convite do Secretário Geral da
OEA, voltado para o estudo de problemas sociais da América Latina em áreas nas quais
a organização interamericana pudesse colaborar.
Na sequência, o “Inquérito sobre as Ciências Sociais na América Latina”, projeto
transnacional composto por pesquisadores de vários países latino americanos que
coordenavam a aplicação de questionários a serem enviados para os centros e institutos
de seus países, a saber: Norberto Bustamante (Argentina); Eduardo Hamuy (Chile); José
Rafael Arboleda (Colômbia); Oscar Chavez Esquivel (Costa Rica); Aldo E. Solari
(Uruguai) e José Augustin Silva Michelena (Venezuela).
Por solicitação do Dr. Oscar Vera, diretor do Projeto Principal da UNESCO, para a
América Latina, o CLAPCS decidiu patrocinar e organizar a Conferência Interamericana

16
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

sabre Educação e Desenvolvimento Social e Econômico, a realizar-se no 2º semestre de


1961, com auxílio da UNESCO, da OEA e de outras organizações internacionais. A
primeira reunião preparatória da conferência se deu na Reitoria da Universidade do Brasil
sendo o grupo de educadores e cientistas sociais responsáveis por sua organização
presidido pelo Prof. Lourenço Filho, da Universidade do Brasil, e secretariado pela Profª
Helène Brulé, técnica da Unesco junto ao Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais
(CBPE).
A preparação da conferência estava diretamente ligada à realização de um conjunto de
estudos e investigações: 1) Estudos históricos das relações entre educação e
desenvolvimento social e econômico no maior número possível de países da América
Latina; 2) Estrutura e perspectivas demográficas em relação com os sistemas
educacionais na América Latina; 3) Estrutura agraria e educação na América Latina e em
alguns países selecionados de ouras regiões; 4) Efeitos dos processos de urbanização e
industrialização sobre a educação; 5) Problemas educacionais típicos das grandes cidades;
6) Migrações internas e educação; 7) Estratificação social, mobilidade social e valores de
classe e educação pública e privada; 8) Valores políticos reais e formais e situação
educacional; 9) O problema do financiamento da educação; 10) O Papel da Educação na
integração de grupos culturais; 11) Bibliografia sobre problemas de educação e
desenvolvimento social e econômico.
O ano de 1961 é pródigo para as finanças do Centro uma vez que a UNESCO decide
elevar para 50 mil dólares a sua contribuição para o CLAPCS em reconhecimento ao
esforço que a instituição sediada no Rio de Janeiro vinha fazendo para cumprir seus
programas (esta mesma soma seria desembolsada em 1962). Além disso, neste mesmo
ano foram assinados os primeiros contratos financiados pela UNESCO para a preparação
de monografias nacionais ligadas ao projeto sobre “Educação e Desenvolvimento na
América Latina”. Na esteira do bom momento financeiro, a IBM concedeu redução de
preço e prazo para a aquisição do “Equipamento 3000”.
Mediante o incremento do aporte financeiro, o Centro pôde avançar com a pesquisa
“Desenvolvimento Econômico e Mobilidade Social”, coordenada por L. A. Costa Pinto.
Esta investigação tinha por objetivo indicar os meios pelos quais uma teoria geral da
mudança social poderia ser aplicada para estudar alguns aspectos característicos da
mobilidade social em sociedades que estivessem passando por um processo recente e
acelerado de desenvolvimento econômico. Tais estudos teriam por base pesquisas já em
andamento na América Latina, principalmente no Brasil, feitas sob a coordenação do
Centro ou de outros institutos.
O ano de 1961 segue mostrando a importância de temas chave como a
estratificação social, desenvolvimento, ciências sociais (ensino e pesquisa) e educação.
Este último, em especial, teve atenção no projeto "educação e desenvolvimento na
América Latina" desde o ano anterior e começou a gerar resultados. Mantendo a
característica do Centro de pesquisas comparativas com equipes em diversos países,
lograram ampliar o projeto por meio de financiamento da Unesco. A pesquisa no Brasil
parece mais avançada, tendo um estudo sobre a questão no Nordeste e a publicação de
um mapeamento das instituições de ensino e pesquisa no Brasil.

17
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

Paralelamente, também segue a pesquisa sobre "Estado das Ciências Sociais na


América Latina". No ano anterior o Centro havia publicado diversas análises nacionais e
as previsões são de expansão para mais países. Também segue comentada a pesquisa de
"ensino de ciências sociais" embora sem muitos resultados até então. Percebe-se quero os
temas se cruzam, o que é visível também no caráter das publicações. Em comum, todas
as questões debatidas estão diretamente atreladas à perspectiva de favorecer o
"desenvolvimento" e a "mudança social". A preocupação com a institucionalização das
ciências sociais serve diretamente como instrumento para o estudo de tais temas.
Um exemplo do cruzamento de temas é a preocupação de uma educação que se
adeque a demografia e a necessidade de mão de obra especializada de uma região, como
no caso da Colômbia apontado no no3 desse ano. Os exemplos mais corriqueiros são os
relacionados ao tema que mais tem publicações no boletim e em livros: "estratificação e
mobilidade social". Projeto marcante desde o início do Centro, é combinado com temas
como trabalho, urbanização, estrutura agrária e a própria educação. No fim do mesmo
ano, o No. 4 publica análises do tema em capitais da região (Rio de Janeiro e Montevideo),
somando resultados as análises sobre países publicadas pelo Centro anteriormente.
Todas estas atividades e o intenso ritmo de pesquisas e intercâmbios produzido ao
longo dos primeiros anos de existência do CLAPCS mostram não somente a vitalidade
do Centro como seu lugar central na trajetória das Ciências Sociais da América Latina em
seu momento de institucionalização. O complemento da descrição dos acontecimentos e
projetos aqui listados com uma perspectiva mais analítica nos permitirá em breve poder
localizar de maneira mais significativa o papel do CLAPCS na trajetória da sociologia
latino-americana. E, com isso, ter subsídios para problematizar também a própria
institucionalização das Ciências Sociais no Brasil e sua inserção no debate regional.

18
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

4. L a sociología en Argentina: apuntes para un


estado de situación

Lucas Rubinich6

I.

Para dar cuenta de algunos aspectos del estado actual de la sociología en la


Argentina es imprescindible reconocer el resultado complejo de entramados cambiantes
entre el campo cultural (y en él, el mundo académico) y político (y allí con un papel
fundamental, el Estado), en un proceso reciente que comprende casi sesenta años. El
momento fundacional de este período es la creación de la Carrera de Sociología de la
Universidad de Buenos Aires (UBA) en 1957, ya que a partir de este momento se fueron
generando las condiciones para la existencia de una comunidad académica.
En principio, al tomar como totalidad de ese mundo al conjunto del campo
profesional ampliado de la sociología en la Argentina es preciso plantear dos espacios
con sus particularidades: (1) el mundo académico científico y cultural, cuya especificidad
podría explicarse diciendo que se genera conocimiento valiéndose de distintos recursos
teóricos y también técnicos, pero que sobre todo allí, en relativa autonomía, se construyen
las preguntas que armarán objetos analíticos; (2) la profesión liberal, marcada por el uso
de esos recursos, aún en las zonas menos puntualmente técnicas, sobre todo para
responder preguntas formuladas en otra instancia. No por la comunidad de pares, sino por
quién contrata.
Lo que puede ser definido como el centro de los distintos espacios en los que se
desarrollan prácticas relativas a la sociología corresponde al espacio de producción
científica y cultural. Las instituciones que conforman el espacio son principalmente los
centros de producción académica ligados al sistema universitario público y organismos
estatales de promoción de la actividad científica. La sociología permite incluir en este
espacio también a formaciones culturales como revistas o grupos independientes que,
además de ser parte del mundo académico, se incluyen también en zonas del campo de la
alta cultura. La sociología argentina a la largo de sus cincuenta años de historia moderna
tuvo una relación productiva con zonas del campo cultural, y esto es posible de observar
en las trayectorias de los principales referentes de la larga década de 1960.
Este espacio es el centro no solo porque el conjunto de la comunidad profesional
lo reconoce así, sino también porque es el eje que posibilita la existencia de un verdadero
campo de la sociología. Si hay solo enseñanza de la sociología en la cátedra universitaria,
venta de conocimiento técnico no problematizado al mercado, y producción de materiales
solo para ser enseñados, no hay campo sociológico. Ese centro de producción está

6
Professor titular da Universidade de Buenos Aires, Argentina.

19
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

acompañado por instituciones de formación académica y profesional: básicamente las


carreras de sociología. Este estado de campo, como ya se ha dicho, existe como tal desde
1957 en adelante.

II.

Desde ese momento hasta el presente pueden construirse dos períodos


fundamentales: (a) el que va desde el momento fundacional hasta el golpe de Estado de
1976; (b) otro cuya génesis puede localizarse en algunos lugares de exilio, principalmente
México, y que adquirirá presencia institucional en la propia sociedad a partir de la
apertura democrática de 1983. Cada uno de estos períodos tiene sus complejidades, pero
la brecha provocada por el terrorismo de Estado es muy significativa y se da además en
el marco de un proceso global de crítica a las experiencias de contestación de los años
1960, en el que la sociología había ocupado un lugar no menor.
Como he sostenido en otro lado (Rubinich, 1999) en la sociología argentina o, por
lo menos en el significativo espacio de la sociología argentina influenciado por la Carrera
de Sociología de la UBA, hay, en lo que se puede denominar la década de los años 1960
marcada por la radicalización política, tres momentos que van desde la creación de esa
carrera en 1957 hasta la intervención de la universidad a comienzos de la segunda mitad
de 1974: (1) Afirmación institucional y primeros conflictos entre el fundador Gino
Germani y los nuevos; (2) Extrema radicalización de grupos de los “nuevos” con
significación simbólica al interior del campo, a medida que avanza la segunda mitad de
los años 1960 y comienzan los 1970; (3) Realización institucional de la politización en la
universidad montonera 1973-74.
Gino Germani, Juan Carlos Portantiero y Roberto Carri son pensados aquí como
los que expresan condensadamente cada uno de estos momentos. Y esos referentes más
significativos, además de sus relaciones con el estricto mundo universitario, desde ya
politizado, poseían otras que eran redes político-culturales más amplias que podían incluir
al grupo para-universitario antiperonista que sobrevivía luego del golpe de Estado del
año 1955 en lugares institucionales; los espacios culturales del Partido Comunista
argentino de prestigio intelectual hasta los primeros años 1960; la revista con identidad
de nueva izquierda, o alguno de los muy diversos grupos político-culturales del área
politizada del mundo cultural.
En el primer momento, Gino Germani se proponía analizar desde esta nueva
disciplina que intentaba dejar atrás las reflexiones puramente especulativas sobre la vida
social, fenómenos relevantes y conflictivos de la vida pública del país. La ciencia
desplazaba al ensayismo, a la par que influía sobre el mundo de las humanísticas y sobre
todo en sus zonas más arcaicas. La sociología era un viento modernizador en el campo
cultural y las nuevas generaciones intelectuales comenzaban a mirarla con particular
atención (Germani, 2005).7

7
A medida que avanzaba la década crecerían las instituciones que ofertaban las carreras de sociología y,
obviamente, la cantidad de estudiantes. En 1969, “…alrededor de 4000 estudiantes (aproximadamente el
1,6% del total de estudiantes universitarios) sigue la carrera de sociología en 9 lugares; 3 universidades
agrupan aproximadamente el 90% del alumnado. El resto concurre a las instituciones que iniciaron sus

20
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

El fenómeno de radicalización política del mundo universitario y de surgimiento


de una nueva izquierda, uno de cuyos rostros, y no el menos significativo, será el
peronismo revolucionario, tiene como uno de los múltiples espacios institucionales de
constitución al espacio político cultural universitario en el que la Carrera de Sociología
de la UBA ocupa un lugar de privilegio. Uno de los jóvenes intelectuales que bajo el
amparo intelectual de un referente cultural del Partido Comunista, como Héctor P. Agosti,
había recuperado a Gramsci a fines de los años 1950, era uno de los docentes que estaban
en la segunda línea académica de la sociología después de 1966, pero que ya ocupaba un
lugar intelectual bastante relevante. Las credenciales que permitían ese prestigio de Juan
Carlos Portantiero y que reconvertiría en el ámbito de la sociología, no eran producto de
una trayectoria académica, sino la de un innovador intelectual politizado que hacía pie en
la sociología portando un capital específico adquirido fuera del campo, pero que en la
segunda mitad de los años 1960 era un componente importante de las sociologías
preocupadas por el cambio social: la obra de Antonio Gramsci. Apenas transcurridos un
par de años Portantiero escribiría junto a Miguel Murmis el trabajo Sobre los orígenes del
Peronismo que suponía una discusión sobre las características del movimiento.
Las elecciones de 1973 habían dado el gobierno a Cámpora, y en ese contexto los
sectores ligados a la “tendencia revolucionaria del peronismo” ocuparon lugares
significativos en distintas áreas de gobierno. La Universidad dirigida por Rodolfo Puigrós
se convierte en un espacio privilegiado para estos sectores. La Carrera de sociología produce
con este movimiento institucional una operación de cambio generacional. En el breve y
conflictivo año y medio de esa administración más que cambios significativos en el
currículo, lo que se presiente es una implicación más real y probablemente más trágica con
la política. No es simplemente la elaboración de una especulación entorno a la dependencia
o a la revolución nacional. Las generaciones más jóvenes que participan de esa
administración son más actores (quiéranlo o no) de una lucha política dentro del peronismo
que irá adquiriendo formas militares dramáticas. Ya no son, en esta franja, vanguardias
culturales que proclaman una implicación en la política. O bien ocupan el lugar de
subordinados al líder, y por lo tanto pierden su productividad cultural y política en ese
contexto, o devienen en sector más o menos secundario (de acuerdo a su ubicación en los
distintos frentes de acción posibles) de una vanguardia político- militar.
Es quizás Roberto Carri, en un libro publicado a fines de 1973, quién mejor
expresa esta posición. Allí se recogen artículos publicados en la revista Antropología del
Tercer Mundo y otros producidos exclusivamente para el libro. En ambos casos se
observan las características mencionadas. No son, ni quieren serlo, trabajos académicos.
Pero ahora, tampoco son los productos de la vanguardia populista cultural de las ciencias
sociales; se han convertido decididamente en herramientas intelectuales de la política.
La etapa posterior al golpe tiene, por lo menos tres momentos: (1) el de puesta en
debate de las experiencias vividas en los años 1960 y 1970, básicamente a las formas
posibles de cambio social, con el predominio de una sociología política, que, por un lado
se preocupaba por la construcción de un nuevo orden democrático, y por otro, atendía a

actividades luego de 1966”. A estos lugares de grado se les debe agregar el posgrado de “las escuelas de
sociología de la Facultad de Derecho y Ciencias Sociales y la de Filosofía y Humanidades de la Universidad
Nacional de Córdoba”r (Rubinich 1999)

21
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

las nuevas formas de contestación social que no se daban a través de instituciones clásicas
como sindicatos o partidos; (2) el de la década del 1990 con una presencia importante de
los organismos financieros internacionales influyendo de manera directa en formas de
diagnosticar la desigualdad social y produciendo una transformación, como parte de un
proceso global, del mundo educativo en general y académico en particular; y (3) en los
últimos cinco o diez años, un proceso de recambio generacional en el marco de complejas
condiciones estructurales, en las que principalmente pueden mencionarse los cambios del
sistema académico generados en el marco de la revolución neoconservadora, como el
afianzamiento de algunas universidades privadas con voluntad de formar sectores de elite
social, y a la vez, un gobierno que creó más universidades y otorgó más presupuesto a el
área de ciencia y técnica.
El golpe de estado de 1976 implantará el Terrorismo de Estado y que resultará en
la represión estatal ilegal, en la intervención de las universidades y obviamente en fuertes
imposibilidades de desarrollar en los ámbitos académicos públicos una sociología con
preocupaciones trascendentes. En el país continuarán las actividades de sociólogos que
no tenían un compromiso político o que no había sido tan intenso. La universidad del
Salvador entabló una estrecha relación con los centros privados de investigación que
recibían financiación de fundaciones norteamericanas y europeas durante la dictadura.
Fue en esos ámbitos en los que se desarrollaron análisis de las políticas económicas de la
dictadura, de las formas que habían adquirido las dictaduras inmediatamente anteriores a
la apertura democrática de 1973 y sobre todo, desde allí se construirá uno de los pilares
donde se asentarían las reflexiones de sociología política institucionalista o de filosofía
política que armaron los argumentos de la revalorización democrática.8
Otro pilar significativo correspondería a sectores del exilio (sobre todo del exilio
mexicano) que construyeron esa revalorización desde tradiciones de izquierda, sobre las
críticas que florecían en Europa a los socialismos reales y sobre la propia reflexión crítica
acerca de los fracasos de las experiencias revolucionarias en América Latina. En uno y
otro caso se arriba a un clima de época marcado por la mencionada mirada
institucionalista de la acción política que se expresará menos a través de la historicista
sociología política, que de una nueva ciencia política sostenida en relación a las ideas de
pacto social, reforma política y gobernabilidad entre otras. Pero los recorridos que
permiten el arribo a un lugar más o menos similar son distintos (Burgos, 2004)9. En el

8
Los centros de investigación como el Centro de Estudios de Estado y Sociedad (CEDES) y el Centro de
Investigación sobre el estado y la administración (CISEA) se convirtieron en espacios de reflexión que en
ese momento de restricción de libertades cumplieron un papel importante en la producción de conocimiento
y también en la formación de investigadores jóvenes. El mencionado en segundo término funcionó en algún
tramo anterior a las elecciones y en un momento inmediato posterior como un verdadero Think Tank del
alfonsinismo. De esos espacios surgieron los análisis de Guillermo O’Donnell sobre el Estado burocrático
autoritario, los análisis de Jorge Sábato sobre las clases dominantes los trabajos de Oscar Ozlak sobre la
conformación del estado argentino y las miradas críticas desde la economía a las políticas neoliberales de
Adolfo Canitrot y Roberto Frenkel. Allí coexistirán perspectivas de análisis diferentes y surgirán estilos de
trabajo que se consolidarán luego en democracia, como los análisis de Jorge Balán y Elizabeth Jelin. Otros
centros como el CEUR, el CENEP y el dependiente del estado CEIL, que no tuvieron la relevancia política
de los anteriores, fueron también espacios que posibilitaron la continuidad de la investigación académica.
9
La intervención de los sociólogos en la vida pública fue parte de la rutina del mundo político cultural de
la transición democrática. Oscar landi, José Nun, Horacio González, Liliana De Riz, entre muchos otros
ocuparon asientos junto a los mencionados en el texto y también a intelectuales provenientes de las

22
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

caso de sectores del exilio mexicano, su mirada crítica sobre la experiencia revolucionaria
no supuso simplemente una adaptación vulgar a la democracia liberal, como bien observa
Burgos (2004)10.
Al fin, éstos eran participes directos y herederos de las experiencias
problematizadoras políticas y teóricas, de las nuevas izquierdas de los años 1960. Es
bueno recordar que esas experiencias atacaban no solo la pasividad burocrática de las
izquierdas tradicionales, sino también (y fundamentalmente) sus reduccionismos
teóricos. La sociología politizada de los años 1960 en sus mejores expresiones fue
compleja y sirvió para generar debates que permitieron entender mejor sociedades de este
rincón del mundo y (cuando sean revisados sus productos sin la pasión de los prejuicios)
las formas políticas sociales y militares que adquirió un proceso de importante
politización revolucionaria extendido por anchas y heterogéneas franjas de la sociedad de
la época.
El arribo a la crítica de las izquierdas, en el marco de la resignificación de las
democracias parlamentarias, y en ese contexto, la opción de las socialdemocracias como
un espacio de inserción en la lucha política, para el espacio que provenía de una
experiencia de análisis sustentado en marxismos aggiornado, es mucho más que un simple
golpe de timón. Quizás la experiencia de la revista Controversia de exiliados argentinos
en México es el indicador que permite recomponer los elementos que conformarían esta
transformación. Allí aparecerán los debates intelectuales eurocomunistas sobre el
deterioro del socialismo real y la mirada crítica sobre la experiencia propia (Casco, 2005;
Burgos, 2004)11.
Más allá de los debates en revistas o en foros públicos, uno de los pocos trabajos
de sociología que queda decididamente afuera de las visiones sofisticadas de la llamada
teoría de los dos demonios es el libro de Juan Carlos Marín, Los hechos armados, cuya
primera edición fue difundida alrededor de 1978 en México. El libro tenía como objetivo
dar cuenta de las “precondiciones del genocidio”. Obviamente se desplegaban los
recursos del oficio del sociólogo: una mirada teórica, referentes observables que
permitieran localizar que esa reflexión se sostenía en objetivos que trascendían un trabajo

humanidades en cientos de mesas redondas, conferencias, presentaciones de libros y revistas, seminarios


más o menos informales a lo largo de la década del ochenta. La revista Punto de Vista y la revista Unidos
y luego La ciudad Futura serán las tribunas de este nuevo debate sobre las formas democráticas y sus
posibilidades.
10
“Cuando intelectuales como James Petras o Agustín Cuevas o el más joven Kim Park, explican las
enormes transformaciones en el pensamiento de la izquierda política sólo como parte de una maniobra
estratégica de los EEUU o de la socialdemocracia europea a través de sus agencias privadas o estatales de
financiamiento de la investigación incurren en una grave simplificación que tiene como principal
consecuencia negativa el ocultamiento de contribuciones legítimas para el pensamiento transformador
latinoamericano.” (Burgos, 2004)
11
“La Dirección de la revista Controversia estuvo a cargo de Jorge Tula, también integrante de este grupo,
y su Consejo de Redacción estuvo formado por Sergio Bufano, Carlos Abalo, José María Aricó, Ricardo
Nudelman, Rubén Caletti, Nicolás Casullo, Oscar Terán, Héctor Schmucler y Juan Carlos Portantiero. El
eje que aglutino a estos intelectuales en torno de la revista fue de modo central, el reconocimiento de la
derrota de los proyectos políticos en los que se habían enrolados, y este reconocimiento era el punto de
partida para una reflexión critica y superadora. Superadora de las posiciones políticas pero también teóricas
con las que habían actuado en esos convulsionados años. Así, el marxismo, el populismo representado en
Argentina por el peronismo, los regímenes socialistas de Europa del Este son algunos de los focos centrales
del análisis y la reflexión que recorren sus números.” (Casco, 2005)

23
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

académico restringido a ese mundo. Se dirá en uno de los prólogos (el de la edición de
1995) “el libro… intentó ser un esfuerzo consciente por adelantarse y alertar a los iguales
acerca de la iniciación y tendencia de un proceso- para nosotros en ese momento
inequívoco e irreversible-: la determinación de guerra de exterminio que habían tomado
los sectores más grandes, concentrados y poderosos de los capitalistas argentinos ante la
crisis de su modo de acumulación capitalista.”
El trabajo evalúa que con la recuperación de la ciudadanía política en 1973 se
desencadenó un proceso social que “instaló por un lado el inicio de la crisis del carácter
político del orden social de los ciudadanos” y por otro “la búsqueda de un reordenamiento
del orden social como recuperación política de la crisis de la identidad política de los
ciudadanos.” En suma, un registro empírico minucioso de los hechos armados producidos
por las diferentes organizaciones revolucionarias y por las fuerzas denominadas
contrainsurgentes es la base de datos que posibilita construir un objeto reflexivo en base
a una perspectiva teórica en las que se encuentran elementos de Clausewitz, Marx, Piagget
y Foucault y que da cuenta de una lucha de clases en la que su intensidad hizo que con
un grado de consenso moral de la sociedad capitalista se convocará al Estado a la guerra
de aniquilamiento. Este libro tuvo varias reediciones, pero ocupó un lugar secundario en
el debate, aunque influyó en las caracterizaciones que algunos organismos de derechos
humanos hicieron del período de intenso conflicto social. En el ámbito específico de la
sociología, el autor había sido uno de los jóvenes fundadores y formador de generaciones,
y entonces hay de hecho un reconocimiento intelectual a su figura, pero, a la par, y salvo
en grupos afines, ese texto, no fue leído.
Los objetivos que perseguían las reformas llevadas a cabo en Argentina a
principios de la década del 1990 no sólo se alcanzarían con las modificaciones
económicas. También se plantearon alteraciones importantes en la política social. Así,
surge en este período una manera diferente de problematizar los conflictos “sociales” y
un aumento de la creencia en los expertos como una de las fuentes de resolución de los
mismos.
Tanto la reducción extrema de las capacidades estatales, como la “eficientización”
que suponía el incremento de personal profesional flexibilizado, expresaban una fuerza
político cultural expandida a nivel internacional que producía una verdadera revolución
neoconservadora. Paralelamente a este movimiento, desde los organismos financieros
internacionales que serán los diseñadores y directamente promotores de las nuevas
políticas públicas, se reafirmará discursivamente la autonomía de la sociedad civil. Esas
políticas se proponían una transformación modernizadora de estos espacios que reposaba
por lo menos en dos ejes: su revalorización como actor con capacidad de implementación
concreta de las nuevas políticas sociales y, una dinamización de sus capacidades,
racionalizando estos espacios al estilo nueva empresa. Estos criterios suponían la
profesionalización de sus cuadros técnicos. Las llamadas ONGs – las incluidas en redes
que eran parte de este nuevo clima y que lograban algún tipo de financiación –
decididamente comenzaban a reclutar profesionales jóvenes de la sociología. El proyecto
de profesionalización deudor directo de las mencionadas políticas internacionales incluyó
diagnósticos realizados por grupos de centros de investigación que además promovieron
instancias de discusión y formación con los sectores de ese mundo dispuestos a incluirse

24
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

en el contenedor espacio del tercer sector. Las universidades de San Andrés y Di Tella,
junto al CEDES crearon una carrera de postgrado para generar especialistas en este
espacio.
Pero quizás el espacio de mayor significación política en la década de los noventas
y quizás también en el momento presente (no solo porque promovieron en el Estado la
incorporación de profesionales flexibilizados de las ciencias sociales, sino porque su
intelligentzia fue reclutada no exclusivamente en el mundo clásico e ideologizado de los
economistas de Chicago, sino también en espacios académicos de otras ciencias sociales
como la sociología con perfiles de profesionales formados en la radicalización política
previa a las dictaduras) es la fracción de los organismos financieros (básicamente el
Banco Mundial y el BID) que intervinieron como nunca antes había ocurrido en el diseño
conceptual e implementación de las políticas públicas de los estados nacionales en
América Latina.
Su relación con las ciencias sociales tiene dos aspectos principales a tomar en
cuenta. Por un lado su capacidad para abordar el diseño, la fundamentación teórica y
metodológica de las políticas públicas y de los distintos programas que implicaban su
implementación puntual. Estas tareas fueron imaginadas por investigadores de ciencias
sociales, algunos de ellos con una relación de pertenencia directa al organismo, y otros
(una franja importante de esos recursos intelectuales) con una circulación parcial por esos
mundos y pertenencia simbólica principal al mundo académico. Alternativamente esta
nueva intelligentzia internacional se desempeñó específicamente en los espacios de
producción de conocimiento de los propios organismos o en distintas funciones en los
estados nacionales. Algunos de los más prestigiosos continuaban con su pertenencia
académica. Pero, por otro lado, el diseño de estas políticas públicas, como ya se ha
mencionado, presuponía en el Estado un tipo de recursos humanos con una capacitación
técnica profesional que habría que buscar en el mundo de las ciencias sociales.
Principalmente el Ministerio de Desarrollo Social, aunque también el Ministerio de
trabajo, el de Salud y el de educación, sus similares provinciales y las áreas sociales de
los municipios se volvieron hasta hoy contratantes de profesionales técnicos provenientes
de la sociología.
El mundo profesional no académico tuvo entonces en la Argentina un proceso que
comenzado en los años 1960 se desarrolló y creció sobre todo a partir de la apertura
democrática y se afianzó como un espacio heterogéneo reconocido y legitimado en
distintas áreas en la década de 1990. El desarrollo de estos espacios y su consecuente
legitimación produjo una dinamización de la práctica profesional y entonces un
crecimiento concreto de posiciones laborales. Paralelamente hubo un reconocimiento
público más amplio y a la vez, tomando a la totalidad de la comunidad como un objeto
analítico, también la generación de algunos significativos nuevos problemas.
Los debates sobre la democracia y sobre la revolución quedan a un costado a
directamente ya no tienen presencia, sobre todo, en los últimos cinco o diez años, en que
la generación fundadora o se va retirando o tiene menos presencia o no tiene la fuerza
para imponer nuevas cuestiones. El proceso de generación de estructuras de posgrado que
no existía de la manera extendida como se manifiesta desde hace una década en la
Argentina resultó en una muy importante y variada producción de las nuevas

25
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

generaciones. Las tesis de posgrados producidas en las distintas universidades en las que
hay formación en sociología o disciplinas similares, crecieron en proporción geométrica
en relación a lo que había en la década de 1990. Si se observan las últimas cinco jornadas
de sociología organizadas por la Carrera de Sociología de la Universidad de Buenos Aires
es posible ver entre 800 y mil ponencias con los más variados temas y una diversidad de
acercamientos teórico y metodológicos que se corresponden con la diversidad existente
en el conjunto del campo académico internacional A la vez, el espacio profesional no
académico de la sociología que se venía afianzando durante todo el período democrático
tuvo también un crecimiento y una diversificación.
A partir del centro constitutivo de formación de investigadores, crucial en de la
identidad del campo sociológico se desprenden zonas diferentes del mundo relativo a la
práctica profesional no académica que se fueron constituyendo como espacios con alguna
fuerza e identidad quizás desde los años sesenta, aunque en las últimas dos décadas
tuvieron un desarrollo significativo. Expresan un tipo de práctica similar- más allá del
capital y la porción de recursos humanos implicados en cada caso nacional- al que se
realiza en otras sociedades contemporáneas.
Los distintos espacios de la práctica profesional no académica que se han
localizado en una investigación son los siguientes: (a) el de las consultoras de opinión
pública; (b) el de las consultoras de investigación de mercado; (c) los departamentos de
investigación de mercado, de marketing , eventualmente de recursos humanos de la
empresa privada; (d) el que corresponde a organismos estatales de distinto nivel
(nacional, provincial y municipal); (e) el del mundo de las organizaciones no
gubernamentales ONGs también llamado “tercer sector”, y, aunque en menor grado de
importancia; (f) la docencia no universitaria. Por último merece una especial atención lo
que aquí se denominó: (g) el espacio tecnocrático internacional.12 (Rubinich y Beltrán,
2010)

III. Algunos problemas del presente

Si se junta el mapa de lo que efectivamente se hace con la sociología, con los


elementos comunes del deber ser planteados por las zonas más prestigiosas de esta
comunidad, aparecen por lo menos un par de problemas interesantes. En realidad, los dos
que se plantearán acá están relacionados con maneras de resolver la tensión autonomía-
heteronomía. El primero se refiere al inficionamiento que los organismos financieros
internacionales produjeron en los 1990 en zonas del mundo académico y las marcas que
allí dejaron, y, el segundo, tiene que ver con las discusiones surgidas al calor de los
intentos de transformación del sistema universitario, también promovidos por los

12
Resultados obtenidos en base a una encuesta, realizada entre los años 1999 y 2001, sobre 180 casos de
sociólogos que hubieran recibido su título de licenciatura entre los años 1988 y 1998, a quienes se les
administró, telefónicamente, un cuestionario breve. La encuesta fue realizada en el marco del proyecto
UBACyT “Las ciencias sociales en el fin de siglo. Un análisis del mundo académico y su relación con
tradiciones intelectuales y nuevas perspectivas profesionales en la Argentina de los ‘90”, dirigido por L.
Rubinich; con el objetivo de contar con datos propios sobre la forma en que se organizan y distribuyen las
diversas prácticas sociológicas en el interior del campo.

26
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

organismos financieros, en los que se plantea el debate de la relación entre la sociología


y el mercado de trabajo.
En el primer caso es necesario deslindar dos aspectos, para no transformar la
cuestión en una crítica política legítima, pero no pertinente a la cuestión a tratar aquí. Que
los organismos financieros se convirtieran en diseñadores conceptuales de políticas
públicas de los Estado nacionales de América Latina en los años 1990 y tuvieran la
suficiente capacidad política para lograr la implementación concreta de esas políticas
públicas, los convierte en un espacio del mundo tecnocrático con gran fortaleza política.
Pero que posean no solamente la capacidad de producir conocimiento sobre lo social, sino
que además hayan logrado prestigiarlo como conocimiento académico, plantea algunos
problemas a la sociología académica, a la producción de conocimiento en autonomía. La
autonomización relativa del mundo científico y cultural de los poderes políticos,
económicos y religiosos es el ideal de funcionamiento de la ciencia y la cultura modernas
y existen instituciones que no sin tensiones expresan ese ideal. En la década de los
noventa una visión individualista de lo social que podía ser predominante en una ciencia
económica al servicio de poderes transnacionales, pero que apenas tenía alguna presencia
marginal en el mundo académico de la sociología, ocupó un lugar importante en este, a
partir de una relación de ida y vuelta entre franjas de ese mundo académico e instituciones
financieras internacionales como el Banco Mundial y el BID.
Si la ciencia social fuese acumulativa en un sentido lineal, se habría superado esta
discusión hace ya casi ciento cincuenta años cuando Marx refutaba de manera
contundente estas perspectivas en sus discusiones con los economistas clásicos y los
jóvenes hegelianos caracterizando a estas perspectivas que no tomaban en cuenta la
determinación de la acción social como robinsonadas. Éstas resucitaron en la sociología
de fines del siglo XX bajo la categoría moral de pobre. Esa categoría casi deshistorizada
y definida a través de atributos y no de relaciones, ocupó un lugar no solo en estadísticas
públicas, y en los análisis puramente tecnocráticos, sino también en los académicos.
No habría que subestimar el deterioro de objetivos trascendentes en estas
comunidades intelectuales o, para decirlo más puntualmente: los objetivos trascendentes
de la reconstrucción democrática no fueron percibidos como tan trascendentes por franjas
importantes de la comunidad que intentaron una salida profesional que posibilitase una
sobrevivencia adecuada a su status. Además la llamada crisis de paradigmas afectaba al
mundo ideológico que se había planteado como alternativo en los 1970, y también a las
ciencias sociales como compañera de ese mundo ideológico. De resultas de esa situación
se emprendían caminos nuevos en un mundo que al fragmentarse en diversidades
legítimas no poseía la capacidad de intervención del que solo cuenta con algunos centros
fuertes.
La relación entre sociología y mercado de trabajo puede ser problemática cuando,
como ocurrió en algunas de las discusiones de los noventa se plantea una subordinación
mecánica de la formación de sociólogos al mercado de trabajo. Una carrera de grado de
sociología consigue que sus profesionales tengan una inserción importante en un mercado
de trabajo heterogéneo y dinámico, como se ha demostrado en los últimos veinte años en
la Carrera de Sociología de la UBA, cuando los egresados cuentan con una formación que
les permite abordar cuestiones de la vida social apoyados en los grandes pilares de la

27
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

teoría social y en los estilos de trabajo metodológicos y técnicos que le permiten hacer
andar esa teoría social y producir conocimiento. Eso los posiciona para pensar diversidad
de hechos sociales. No es posible formar a un profesional para una posición exclusiva y
puntual del mercado de trabajo, cuando esa posición puede resultar inexistente cuando el
profesional esté formado. Es la imaginación sociológica la que hará que un sociólogo
pueda abordar un nuevo problema referido al consumo de distintos sectores sociales, o la
pertinencia y forma de un plan de vivienda de acuerdo a las características socio culturales
de una población, o las formas que adquiere la reproducción de la dominación en
determinadas instituciones, o las grietas que abre un grupo subordinado para resistir a esa
dominación.
La sociología para mantener su identidad reconociendo su herencia de tradiciones
científicas y culturales necesita irremediablemente construir conocimiento “sobre el
poder” porque es la única manera de intentar decir algo productivo sobre el hecho social.
En tanto existan instituciones como las universidades que posibiliten el mantenimiento
de la relativa autonomía frente a los poderes políticos, económicos y religiosos, esa tarea,
no sin dificultades, tendrá al menos, la posibilidad potencial de realizarse. El
conocimiento útil para el poder, cuando de alguna manera está tensionado por el espacio
de formación del mundo científico académico autónomo tiene dimensiones
problematizadoras que lo vuelven quizás más útil para el poder. En el momento que la
institución de formación se plantea sin mediaciones como un espacio de formación que
genera productores exclusivos de conocimiento útil para el poder, de profesionales que
se mimetizarán con una posición situada históricamente en el mercado, la disciplina
seguramente se transformará apenas en un rutinario conocimiento técnico con poca
utilidad para la sociedad entendida en el sentido trascendente y también para los actores
del poder ubicados ya en el llamado mercado o en el Estado. Actualmente hay una gran
producción de conocimiento, diverso y que apelan a distintas formas de construcción del
objeto analítico. Es un humus que puede posibilitar experiencias político culturales
interesantes. No obstante, es verdad que la vitalidad de las sociologías periféricas estuvo
ligada a cuestiones que de algún modo la trascendían como comunidad acotada, y se
trataba de una efervescencia social que radicalizaba productivamente una mirada
sociológica siempre cuestionadora del orden.

VI. Bibliografía

Bourdieu, Pierre (2000) Los usos sociales de la ciencia. Buenos Aires: Nueva Visión.
Burgos, Raúl (2004) Los gramscianos argentinos. Cultura y política en la experiencia de
Pasado y Presente. Buenos Aires Siglo XXI
Carri, Roberto, (1973) Poder imperialista y liberación nacional, Buenos Aires Efece
ediciones.
Germani, Ana, (2004) Gino Germani. Del antifacismo a la sociología, Buenos Aires
Taurus.
Marín, Juan Carlos (2003) Los hechos armados. Argentina 1973-1976. Buenos Aires: La
Rosa Blindada, PICASO (2ª edición).

28
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

Murmis, Miguel y Portantiero, J. Carlos (1971) Estudio sobre los orígenes del peronismo.
Buenos Aires: Siglo XXI Editores.
Pereyra, Diego (2005) “International Networks and the Institutionalisation of Sociology
in Argentina (1940-1963)” University of Sussex at Brighton.
Picó Josep (2003) Los años dorados de la sociología (1945-1975), Madrid, Alianza.
Portantiero, Juan Carlos, (1981) Los usos de Gramsci, Folios México.
Rubinich, Lucas (1999) Los sociólogos intelectuales: cuatro notas sobre la sociología en
los ’60, Buenos Aires, revista Apuntes de Investigación N 4 junio de 1999.
Rubinich, Lucas y Beltrán Gastón (2010) “Qué hacen los sociólogos” Aurelia rivera,
Buenos Aires.
Rubinich, Lucas (2001) La conformación de un clima cultural. Neoliberalismo y
universidad. Buenos Aires: Libros del Rojas.

29
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

5. L a sociología en Chile hoy

Kathya Araujo13

Privilegiaremos cuatro los rasgos de la sociología en Chile hoy para realizar una
semblanza de la misma. Éstos articulan de manera íntima una trayectoria histórica y una
serie de inflexiones teóricas e institucionales. En primer lugar, y a semejanza de otras
sociologías latinoamericanas, la sociología chilena desde los comienzos de su
institucionalización en los años 1950/1960 se caracterizó, y en parte sigue
caracterizándose, por la clara impronta de problemáticas políticas. Si, como veremos, esta
tendencia sigue siendo acentuada hoy en día, es posible observar al mismo tiempo que la
hegemonía de un tipo de sociología política ha sido contestada por una serie de
expresiones que se sitúan en ruptura con ella, entre ellas la fuerte vinculación del trabajo
sociológico con las políticas públicas. En segundo lugar, se destaca, y en clara relación
con los avatares de la dimensión política, una inflexión de índole propiamente teórica,
que es posible relacionar con la fuerza con la cual se implantó en Chile la teoría de
sistemas de Luhman y, posteriormente, la teoría del actor-red de Latour. En tercer lugar,
desde los años 1980 y como consecuencia no prevista del cierre de las escuelas de
sociología en las universidades por la dictadura militar, la sociología chilena se
profesionalizó fuertemente desarrollando estudios de mercado, consultorías, asesorías,
análisis para ONGs u organismos internacionales o encuestas de opinión pública, las que
en vínculo o no con la academia, estructuran desde entonces una parte significativa de las
prácticas de los sociólogos en Chile. Finalmente, en cuarto y último lugar, sobre todo en
la década de 1990 y del 2000, la sociología chilena se ha abierto y no cesa de abrirse a
nuevas temáticas sociales. Se muestra significativamente más sensible a dimensiones
culturales, barriales, familiares e incluso relacionales que tienden con más frecuencia a
ser estudiadas sin referencia a debates políticos o de políticas públicas. Veamos cada uno
de estos puntos en detalle.

I.
La dimensión mainstream de la sociología chilena se estructuró fuertemente en
torno a temas políticos. Si en un primer momento, que podría con cierto laxismo fecharse
entre 1950 y 1980, los temas fundadores y centrales de la sociología chilena – como en
muchos otros países latinoamericanos – fueron el desarrollo, la democracia y la
dependencia (Martuccelli, 2015), progresivamente, y sobre todo entre 1990 y 2010, la
sociología transitó del análisis del sistema político propiamente dicho a estudios

13
Professora e pesquisadora do Instituto de Humanidades, Universidad Academia de Humanismo
Cristiano. Chile.

30
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

focalizados en la implementación de diferentes políticas públicas. Esta dimensión se vio


reforzada por la participación de muchos sociólogos en puestos de gobierno o en la
administración pública en los cuatro primeros gobiernos de la Concertación (1990-2010).
Es cierto que a este respecto es exagerado hablar de una generación de sociólogos que
habría reemplazado a los “Chicago boys”, el grupo de influyentes economistas en la
dictadura militar (1973-1990), pues, de hecho, el discurso económico ha continuado
siendo dirimente en la discusión pública en Chile. Sin embargo, también lo es que en la
inflexión económica que se produjo en los 1990 los sociólogos tuvieron un rol activo en
la afirmación de esta nueva sensibilidad pública (“la otra deuda”, la equidad, los
malestares de la modernización, etc.). No se trata de un aspecto menor, puesto que los
sociólogos con una clara identidad disciplinaria fueron actores políticos de la transición
y de los años post-dictadura.
Pero, volvamos a los años 1950. La sociología chilena participa, en estrecha
discusión con otras sociologías nacionales de América Latina, en el esfuerzo por poner
forma al desarrollo y los pactos políticos que se estructuran por esas décadas. A
semejanza, también, de otras experiencias nacionales en América Latina, rápidamente la
sociología chilena se interesará por los escollos al desarrollo: la heterogeneidad
estructural de Aníbal Pinto (1959) y su afirmación de un contraste entre un país
políticamente desarrollado y económicamente subdesarrollado; la tesis de Faletto – junto
a Cardoso – (1969), subrayando las falencias de la clase dirigente chilena; o los trabajos,
más abiertamente críticos, que desde el estructuralismo desarrollarán Sunkel y Paz
(1970). Todos estos temas tienen una indefectible impronta económica. No obstante, es
desde la sociología política y desde la particular articulación entre dependencia y
desarrollo que son pensados el crecimiento y la independencia nacional.
Desde un punto de vista histórico, esta fase está estrechamente vinculada al
período de reformas que se abrió con el gobierno de Frei (1964-1970) y luego, por
supuesto, con el breve gobierno de la Unidad Popular (1971 – 1973). Pero se trata de una
fase que también se benefició de la implantación de la CEPAL, lustros antes, y de los
trabajos que estimuló el argentino Raúl Prebisch desde Santiago en torno al eje centro-
periferia, así como, en torno a los años 1960 e inicios de los 1970, por la presencia por
razones de exilio político de intelectuales de otros países de la región. A eso habría que
sumarle la atracción que suscitó el gobierno de Allende (Unidad Popular) en sociólogos
europeos como Alain Touraine y Manuel Castells y sus trabajos en torno a los
movimientos sociales o las luchas urbanas.
El golpe de estado de Pinochet en 1973 marca un quiebre en la sociología chilena.
A los exilios y persecuciones de muchos intelectuales, se añadió el cierre de centros de
estudio y, con ello, la necesidad para los sociólogos de reconvertirse ya sea en actividades
diversas en el mercado de trabajo o en la búsqueda de otras formas de financiamiento
internacional. A raíz de esta situación, sin que haya sido probablemente evidente del todo
para los propios protagonistas, la sociología empezó a mutar internamente. Aún cuando
la problemática política seguía siendo mayoritaria, en particular en torno al tema de la
dictadura y la represión, subrepticiamente nuevas temáticas fueron incorporándose al
quehacer sociológico desde los años 1980 a medida que una nueva agenda de
investigación propulsada por los organismos internacionales se instalaba: poblaciones,

31
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

ruralidad, jóvenes y sobre todo los estudios de género. La participación ciudadana en


todas sus manifestaciones, comunidades eclesiales de base, agrupaciones barriales,
movimientos sociales y, más tarde la denominada sociedad civil se convirtieron en
grandes problemáticas de la sociología chilena. Si la política sigue siendo dirimente, sin
embargo, la sociología se aboca más al estudio de actores sociales más o menos
independientes del sistema de partidos políticos strictu sensu. Tal vez pocos trabajos
representen mejor este primado de lo político y esta inflexión en curso como el trabajo El
proceso político chileno de Manuel Antonio Garretón publicado en 1983, o los trabajos
de Norbert Lechner (1985) y el puente que éstos establecen entre cultura, política y
subjetividades.
Con la llegada de la Concertación (1990), la sociología política chilena a veces en
vínculo con responsabilidades gubernamentales. Se “tecnificó” y se “concretizó”, es
decir, se interesó cada vez más por los procesos de diseño, establecimiento y evaluación
de políticas públicas. Resulta imposible minimizar el efecto, ya sea directo o indirecto,
que ha tenido esta estrecha colaboración con los gobiernos de turno en la producción del
perfil del sociólogo experto en vínculo con la tecnocracia. Primera conclusión: si la
sociología política crítica sigue siendo un eje temático central, no posee más el rol
hegemónico que detentó históricamente en la fase de formación de la sociología chilena.
Ello no impide, empero, que el marco institucional y político siga muchas veces operando
como marco explicativo. A tal punto es frecuente, que los análisis de la sociedad chilena
muchas veces se hacen a partir de períodos presidenciales, como es visible en algunos
trabajos de alto impacto público como el de Tomás Moulian, quien en 1997 escribió un
verdadero best seller sociológico nacional, Chile actual: anatomía de un mito, o en los
trabajos de gran tiraje de Eugenio Tironi (2005) y en algunos de los Informes de
Desarrollo Humano del PNUD.

II.
La dictadura militar no solamente produjo un quiebre represivo en el quehacer
sociológico, sino que también participó, de manera totalmente involuntaria, en la
afirmación de nuevas tendencias sociológicas en el país, a través de la relevancia que
tuvieron ciertas teorías sociales, primero la de Luhmann y, más recientemente, la de
Latour.
Entre los 1980 y 1990 con una fuerza inusitada si se compara con el resto de
América Latina (en donde la teoría de Luhmann solo tuvo desarrollos más bien puntuales
en México y en parte en Brasil), la teoría de sistemas tuvo una importante aceptación
entre los sociólogos chilenos. Cousiño y Valenzuela (1994), en la estela del trabajo de
Morandé, propondrán una interpretación de conjunto de la evolución de la sociedad
chilena en donde el peso analítico recae sobre la “cultura” y el “mercado” en claro
detrimento del sistema político. Sin reducir la teoría luhmaniana a este solo aspecto, es
difícil no hacer la hipótesis que la fascinación por su trabajo se debió a la traducción
particular que proponía a una sociedad privada de vida política. Para Luhmann este
aspecto lejos de ser un impasse podía ser leído como un rasgo de sociedades complejas
en las que el sistema político constituía una dimensión subalterna. Una interpretación
plausible, puesto que si la impronta de Luhmann será aún visible en los años 2000,

32
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

especialmente en los trabajos de Mascareño (2010), su importancia decrece a medida que


los debates públicos se reconstituyen. Aún cuando la plausibilidad de esta interpretación
pudiera ser puesta en cuestión, resulta imposible desestimar lo que este movimiento
aportó a la sociología chilena al desplazar de su centralidad a un conjunto de teorías, como
la marxista, que hasta entonces habían privilegiado y acentuado lo político y los procesos
de dominación.
Un proceso análogo, o sea la atracción por teorías en donde lo político tiene escaso
alcance, es también observable hacia finales de la primera década de los años 2000. Los
trabajos de Bruno Latour tendrán en Chile una recepción significativa, especialmente
entre las jóvenes generaciones, en claro contraste con su más reducida influencia en otros
países de América Latina. El caso de Latour es especialmente significativo. Si las
diferencias con la teoría de sistemas son notorias, algo les es común: una descripción de
la vida social en la que lo político tiene un rol subalterno. No es de extrañar, por ello, que
este movimiento se vincule con la crítica que hace este conjunto de sociólogos, en acuerdo
con la crítica de los adherentes teóricos a Luhmann, a una supuesta sobre-implicación
política de la producción sociológica de la generación directamente precedente. Lo
importante en la teoría del actor red son las asociaciones, las maneras en que se consolidan
redes entre actores plurales humanos y no humanos en donde los aspectos técnicos tienden
a dotarse de una primacía indiscutible. Sobre todo, y en este punto en una estrecha
relación con el trabajo de Luhmann, una vez más, Latour presenta un nuevo rostro del
anti humanismo contemporáneo: la voluntad de desplazar el gobierno de los hombres por
la administración por las cosas (redes y dispositivos).
¿Por qué traer a colación estas dos teorías? Seguramente podrían traerse a colación
otras teorías sociales (como aquellas producidas por Beck, Giddens, Foucault, o la
importante recepción de Bourdieu) que en ese período tuvieron, y sin duda continúan
teniendo, un eco importante en el quehacer sociológico chileno (Ramos, 2014). Evocar
con este acento el trabajo de Luhmann y Latour responde a que su diferencial de recepción
en Chile con respecto a otros países latinoamericanos, exige una interpretación. Esta
característica particular, proponemos, permite subrayar dos rasgos particulares en la
sociología chilena. El primero, la existencia de una corriente de sociólogos que
propusieron y proponen una visión a-política de la sociedad con, sin duda, más ahínco, y
éxito, que en muchos otros países de América Latina. En segundo lugar, la concomitante
relevancia de la atracción por el anti-humanismo, un elemento, que como señalamos está
presente en estas teorías. No es irrelevante este dato. Estos caracteres pueden ser
asociados con una traducción teórica de la fuerza del modelo neoliberal y, al menos
parcialmente, puestos en relación con los efectos, sobre el campo intelectual, de la
dictadura militar (Garretón, 2014).

III.
En tercer lugar, y como lo hemos mencionado, uno de los efectos imprevistos de
la dictadura militar es que abrió las vías a una activa profesionalización de la sociología.
La dimensión, comparada con otras situaciones de América Latina pero también con otras
sociologías como la estadounidense y la europea, es particularmente relevante. A
diferencia de otras experiencias, en las cuales la sociología no buscó institucionalizarse o

33
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

profesionalizarse prefiriendo guardar una mirada crítica sobre la vida social, muchos
sociólogos chilenos por razones de sobrevivencia material tuvieron que abrirse al
mercado. El resultado de esta coerción fue particular.
En efecto, a diferencia de otros países, la sociología en Chile logró conservar parte
del mercado (con economistas y politólogos) en lo que concierne a encuestas de opinión
pública, informes a empresas o análisis de intervenciones sociales. Se trató de una
profesionalización coactiva que se tradujo, a nivel de los curriculums académicos, por la
importancia creciente que tuvieron los cursos de metodología en la formación de los
sociólogos, algo muy visible en la casi totalidad de los departamentos de sociología hoy
en Chile. La formación técnica de los sociólogos chilenos es particularmente sólida en la
actualidad.
Pero esta profesionalización también tuvo una segunda arista. Los sociólogos se
vieron obligados a interesarse a temáticas radicalmente desprendidas de toda
significación política, como los estudios de mercado efectuados con el fin de conocer el
perfil de los consumidores lo muestran a cabalidad. No es un asunto menor: por ejemplo,
en Chile, a semejanza de algunas otras sociedades latinoamericanas, es la clasificación
según categorías de consumo la que se ha convertido en una de las principales
representaciones de la sociedad que tanto los individuos como la sociología movilizan.
Resultado: un número significativo de sociólogos ejercen su oficio fuera de la academia
produciendo estudios de muy diversa índole que se caracterizan a diferencia de los
estudios de fases anteriores de la sociología chilena, por prestarle poca o ninguna atención
a la política.

IV.
En cuarto y último lugar, y de manera transversal a los puntos precedentes, la
sociología chilena se ha abierto a una gran diversidad temática. Este proceso no puede ser
desconectado del proceso de fortalecimiento y maduración de una sociología académica
que renace con la vuelta a la democracia. Las ciencias sociales adquieren nuevo ímpetu
en las universidades y se fortalecen con la presencia en la última década de nuevas
generaciones, que bien vuelven del exterior con sus doctorados o bien los realizan en el
país. Nuevos temas hasta hace muy poco considerados poco sociológicos, poco
“políticos”, o sea poco relevantes para el desarrollo del país, ganan mayor legitimidad.
Sobre todo, cada una de estas temáticas se autonomiza, con mayor o menor fuerza de una
agenda política institucional.
Las cuestiones familiares se estudian cada vez más en sí mismas,
independientemente de lo que significan para las políticas públicas. La escuela es cada
vez más objeto de estudio de relaciones entre profesores y alumnos, más allá de las meras
evaluaciones de políticas educativas comparadas a nivel nacional o internacional.
Estudios sobre nuevos actores sociales, como los empresarios, aunque presentes en los
años 1980, se incrementan y se acentúan. Estudios sobre el uso concreto de las normas
en la vida cotidiana se desarrollan. Por último, en una lista no exhaustiva, una sociología
sobre la técnica, pero también una sociología económica, de estudio de las desigualdades
o del consumo tienden a afirmarse con fuerza en la última década.

34
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

Esta diversidad temática y sobre todo su autonomía intelectual respecto a lo


político, aunque sin necesariamente negarlo, marcan otra arista mayor de la sociología
contemporánea. En su mayor ambición intelectual, se trata de reemplazar la antigua
preeminencia de lo político por otras claves interpretativas de la sociedad. Es lo que se
propuso José Joaquín Brunner (1992) insistiendo en el rol clave de la cultura en la
modernización del país en los años 1990; Larraín (2001) en su estudio sobre la identidad
chilena; o, más ampliamente, al final de aquella década, los trabajos tan significativos que
se dieron en Chile en torno al debate entre identidad, modernidad y modernización
(Pinedo, 1999). En la actualidad, se puede hacer referencia también a los trabajos que
proponen, desde el estudio del proceso de individuación, una interpretación general de la
sociedad chilena (Araujo y Martuccelli, 2012). Todos estos trabajos, vale la pena
subrayarlo, a diferencia de posturas anti-humanistas, no deniegan la importancia de lo
político, pero intentan, desde perspectivas analíticas distintas, proponer nuevas vías para
asentar miradas macro-sociológicas.
En definitiva, la sociología chilena hoy no está, como tantas veces se afirma a
propósito de otras sociologías nacionales, en “crisis”. No solo el número de estudiantes
es relativamente estable sino que incluso el número de doctorandos, muchos de ellos
formados en el exterior, no deja de aumentar en los últimos años, aportando a su regreso
nuevos horizontes teóricos, aunque suscitando desde ya algunas dudas acerca de su futura
inserción profesional en la academia. Adicionalmente, la producción, cada vez más
impulsada y orientada por los sistemas internacionales de evaluación, no cesa de ser cada
vez más abundante, aunque puedan resultar problemáticas las exigencias de producción
actuales para el desarrollo de la disciplina. La encrucijada de la sociología chilena, está
en otro lado. Por momentos pareciera que los sociólogos dudan acerca del camino que
deben recorrer. Entre los que siguen proponiendo lecturas abiertamente políticas de la
situación actual (Mayol, 2012; Atria et al, 2013), aquellos que buscan paradigmas que
superen el “antropocentrismo” de la “vieja” sociología, los que profesionalizan cada vez
más la actividad sociológica y, por último, aquellos que exploran nuevas perspectivas de
interpretación generales o pluralizan las temáticas sociológicas, existe un riesgo real de
una fragmentación disciplinaria creciente que se traduzca en un todavía mayor
angostamiento de un espacio de discusión golpeado históricamente por la dictadura, por
una democracia de consensos, por la tecnificación y, más recientemente, por los efectos
de políticas de evaluación internacionales que golpean con fuerza, y enfrentando
relativamente poca resistencia, al quehacer sociológico en el país.

Bibliografía:

Araujo, K. y Martuccelli, D. (2012) Desafíos Comunes. 2 Vols. Santiago: LOM ediciones.


Atria, Fernando et al (2013) El Otro modelo. Santiago: Editorial Debate.
Brunner, José Joaquín (1992) América Latina: Cultura y Modernidad. México: Grijalbo.
Cardoso, Fernando Henrique y Faletto, Enzo (1969) Dependencia y desarrollo en
América Latina. México: Siglo XXI.

35
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

Cousiño, C. y Valenzuela E. (1994) Politización y Monetarización en América Latina.


Santiago: Cuadernos del Instituto de Sociología de la Universidad Católica de Chile.
Garretón, Manuel Antonio (1983) El proceso político chileno Santiago: FLACSO
------------------------- (2014) Las ciencias sociales en la trama de Chile y América latina.
Santiago: LOM ediciones
Larraín, Jorge (2001) La identidad chilena. Santiago: LOM ediciones.
Lechner, Norbert (2006 [1985]) Los patios interiores de la democracia. Obras Completas,
tomo 1, Santiago: LOM ediciones.
Martuccelli, Danilo (2015) “Cartografía y horizontes de la sociología sobre América
Latina”. Papeles del CEIC, vol. 2015/1, nº 114, http://dx.doi.org/10.1387/pceic.13012
Mascareño, Aldo (2010) Diferenciación y Contingencia en América Latina. Santiago:
Ediciones Universidad Alberto Hurtado.
Mayol, Alberto (2012) El derrumbe del modelo. Santiago: LOM ediciones.
Moulian, Tomás (1997) Chile actual: anatomía de un mito. Santiago: LOM ediciones.
Pinedo, Javier (1999) “Chile a fines del siglo XX: entre la modernización y la identidad”,
en Eduardo Devés et al (comp.) El pensamiento chileno del siglo XX. México: Ministerio
Secretaría General de Gobierno, Instituto Panamericano de Geografía e Historia, Fondo
de Cultura Económica, pp. 313 – 357.
Pinto, Aníbal (1959) Chile, un caso de desarrollo frustrado. Santiago: Ed. Universitaria.
Ramos, Claudio (2014) “Local and global communications in Chilean social science:
Inequality and relative autonomy”. Current Sociology, Published online before print
February 24, doi: 10.1177/0011392114521374
Sunkel, O. y Paz, P. (1970) El subdesarrollo, Latinoamérica y la teoría del desarrollo,
México, D.F.: Siglo XXI.
Tironi, Eugenio (2005) El sueño chileno. Santiago: Taurus.

36
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

6. U n breve balance de la sociología en México

Enrique de la Garza Toledo14

La Sociología como disciplina académica apareció en México en 1875, cuando el


ministerio de Educación de la Dictadura de Porfirio Díaz, Justo Sierra, la estableció como
cátedra obligatoria en la Escuela Nacional Preparatoria de reciente creación. La principal
corriente sociológica que llegó a México antes de la revolución de 1910 fue el Positivismo
de Augusto Comte, introducido por uno de sus discípulos directos, Gabino Barreda, que
con Justo Sierra se combinó con el evolucionismo de Spencer. Fue tan importante como
doctrina legitimadora del “orden y progreso” de la Dictadura que se convirtió en la guía
ideológica del grupo intelectual-político dominante durante la misma: los así llamados
“científicos”. En este caso, la evaluación de Marcuse (1972) acerca del papel conservador
de la Sociología en sus orígenes se cumplía plenamente al condenar ésta en México a la
Revolución. Esta Sociología tenía una función plenamente ideológica para justificar la
Dictadura, de tal forma que nunca se tradujo en programas de investigación empírica.
Tras el triunfo de la Revolución iniciada en 1910, el rechazo al positivismo era
igualmente ideológico y su sucesor, el Positivismo Lógico, tendría que esperar muchos
decenios para ser estudiado en el país. Por lo pronto, los años 1920 y 1930 fueron de
ajuste de cuentas con el Positivismo originario a cargo de un espiritualismo Bergsoniano
y de un marxismo de manual de academia de la URSS. La transformación de la Sociología
de fondo vino hacia finales de los años 1930 desde dos perspectivas: la más profunda, la
de los intelectuales españoles que arribaron al país a raíz de la derrota de la República,
entre los que predominaban los Historicistas a la manera de Dilthey, y los fenomenólogos.
Muchos de estos intelectuales eran filósofos profundos, conocedores de la llamada
“disputa de los métodos” (Positivismo Lógico y Hermenéutica) que se desarrollaba en
Europa desde inicios de aquel siglo.
Trajeron a México la presentación de la Hermenéutica, sin haber en el país
Positivistas Lógicos del mismo nivel. Sin embargo, no fueron promotores de
investigaciones empíricas. Su discusión se desarrollaba en un nivel más abstracto, el de
la ontología y la epistemología. Ante este vacío de propuestas alternativas de cómo
investigar, un extraño personaje llamado Lucio Mendieta y Núñez, abogado, se volvió el
eje de las directrices de segundo nivel de la teoría, con respecto de la discusión profunda
pero muy abstracta de los españoles. A finales de los años 1930 fundó el Instituto de
Investigaciones Sociales en la UNAM y la Revista Mexicana de Sociología, que hasta los
años 1970 fueron las instituciones que guiaban el cómo hacer sociología en México. Sin

14
Professor e pesquisador da Universidad Autónoma Metropolitana, México.

37
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

embargo, aunque se dieron a conocer muchas teorías sociológicas de alcance medio en


los años 1940 y 1950 y la metodología del hipotético deductivo se filtró a través de la
publicación en la Revista Mexicana de Sociología de uno de los primeros manuales
norteamericanos, la investigación empírica tuvo que esperar en general hasta los años
1960.
Fue en esa década cuando se inició propiamente la investigación empírica
sociológica en México. El texto que dio el banderazo fue La Democracia en México de
Pablo González Casanova, obra de investigación empírica de acuerdo con el Hipotético
Deductivo, pero en donde teóricamente se combinaban a Marx con Weber y otros autores.
Sin embargo, este positivismo implícito llegó en mal momento, puesto que los aires
libertarios empezaban a correr por América Latina y por México. Fueron los años de
despegue de las teorías de la CEPAL sobre el desarrollo en América Latina, que pronto
se reconvirtieron en teorías de la dependencia (véase el clásico texto de Rodolfo
Stavenhagen, Siete tesis equivocadas sobre América Latina). De este modo, el
positivismo como forma de investigación empírica no fructificó ampliamente frente a
planteamientos dependentistas, supuestamente de inspiración marxista orientados por el
método histórico-estructural. El hecho es que en la sociología mexicana no hubo polémica
con el positivismo lógico ni conocimiento profundo de sus fundamentos. Otro tanto pasó
con el Funcionalismo de Parsons. En México nunca hubo período funcionalista de la
sociología, primero, porque llegó tardíamente (años 1970), y segundo, porque llegó en un
decenio en el que el marxismo dominaba ampliamente el panorama de la sociología. Sin
embargo, sin dar la polémica en el plano teórico o epistemológico, en esa década se
hicieron las primeras investigaciones empíricas de gran aliento, con muestras muy
grandes, usando los recursos estadísticos de la época. Las grandes temáticas de
investigación estaban muy vinculadas con preocupaciones marxistas, tanto en su versión
dependentista como no dependentista: movimiento obrero, movimiento campesino y
urbano-popular, estructuras agrarias y urbanas, corporativismo y Estado, autoritarismo
estatal, régimen de partido casi único, presidencialismo, socio-demografía del mercado
de trabajo, marginalidad, movimiento estudiantil. Se producían amplias conexiones
transdisciplinarias entre la Sociología, la Economía y la Ciencia Política a través del
concepto de Modelo de Desarrollo y el de Dependencia (Arguedas, et al, 1979).
Los años 1980 fueron en México de instauración del Neoliberalismo que, como
veremos, ha tenido amplias repercusiones en el quehacer sociológico hasta la fecha. En
esos años la institución más influyente de la Sociología se desplazó del Instituto de
Investigaciones Sociales de la UNAM hacia El Colegio de México. El primero más
influenciado por el marxismo, el segundo por el positivismo lógico e impulsor del método
hipotético deductivo. Son años de declive de la protesta, que había sido tan amplia y tan
intensa en la década anterior. Aunque los nuevos profesores de las Universidades venían
de ese activismo, y lograron mantener vivo al marxismo durante la década, ahora sí
estaban en lucha con el funcionalismo. Son años de crisis de la teoría de la Dependencia,
de gran emergencia de las corrientes anti-positivistas, hermenéuticas y postempiristas en
el mundo y que llegaron tarde a México. Sea como fuere, en el plano teórico el
funcionalismo no llegó a consolidarse, ni el positivismo lógico en epistemología. Aunque
en la investigación empírica hubo diversidad, expresada sobre todo en la competencia

38
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

entre técnicas cualitativas y cuantitativas, ganaron terreno las segundas difundidas no por
epistemólogos sino por estadísticos.
Peculiar situación la de los 1990. Se difundieron ampliamente nuevas teorías
sociales como las de Habermas, Giddens, Bordieu, Foucault y Luhmann. Entre los
filósofos sí se dio la polémica contra el positivismo y la hermenéutica y de ésta con el
realismo. Pero en un ambiente epistemológico anti-positivista, los investigadores sociales
no encontraron inspiración de cómo investigar, por el profundo relativismo y hasta
agnosticismo de las corrientes hermenéuticas y postempiristas (Gadamer, Foucault,
Kuhn). Empieza, así, la época actual de la dispersión teórica, diferente de los períodos
anteriores al 1980, en los que había hegemonías de corrientes. Tampoco se desarrollaron
grandes polémicas entre las corrientes. Pareciera que los investigadores adoptaban
conceptos más por moda que por discusión profunda de sus fundamentos (además de que
ya no habría fundamentos según las corrientes dominantes en la epistemología
internacional). Hasta la fecha, no hay una corriente teórica en la Sociología en México
que pueda reclamar su dominancia. Es decir, hay actualización teórica en el país, pero
con superficialidad. En estos años decaen el Movimiento obrero y el interés de los
académicos por el mismo. Surgen también las primeras formas de reestructuración
productiva en grandes empresas (tecnología, organización flexibilidad, cultura) que
inauguran nuevas transdisciplinariedades lideradas por la sociología, que trajo al país a
las teorías de la Regulación, de la especialización flexible, las neoschumpeterianas, entre
otras. De forma más concreta, la sociología del trabajo tuvo un importante repunte y a
destiempo se conocieron las corrientes francesa (Touraine, Friedman y Naville) e inglesa
(Hyman), principalmente. En la sociología política, se debilita la visión marxista en un
contexto neoliberal que privilegia las teorías de elección racional, a la vez que se fortalece
en los estudios empíricos el análisis estadístico (Andrade y Leal, 1994).
La forma que adquirió en México el clima internacional anti-fundacionista y de
crisis de paradigmas, así como la postmodernidad, fue la de adopción de múltiples marcos
teóricos, de predomino de la investigación empírica implícitamente positivista, pero
conviviendo con el cualitativismo. Las temáticas se diversificaron, aunque fueron muy
relevantes temas como las migraciones, la transición del sistema político a una supuesta
democracia, la identidad y la subjetividad, los efectos de la globalización y del
neoliberalismo. Es decir, no obstante las temáticas se revitalizaron y las teorías adoptadas
conceptualmente también, cesaron las grandes polémicas y, en todo caso, se mantuvieron
restringidas a lo muy especializado (Paoli Bolio, 1990). La Sociología se fragmentó en
muchas especialidades con comunidades diferenciadas y formas de entender cómo hacer
investigación también. En otras palabras, una diversificación de enfoques teóricos, traídos
sobre todo por egresados de Doctorados de los países desarrollados, que reproducen
aquellos manejados por sus mentores y su círculo (Zabludovsky, 1997).
La escisión con la epistemología es casi total en los 1990. Ésta se había vuelto
mayoritariamente relativista y no proporcionaba e incluso desautorizaba, en general, la
búsqueda de la verdad. No podía proporcionar guías para la investigación social, desde el
momento en que muchas de las doctrinas más influyentes profesaban una profunda
desconfianza con la ciencia. No significa que por ausencia de alternativas todos los
investigadores cayeran en brazos de un positivismo, endeble en fundamentos pero con

39
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

recetas fáciles de entender. Aunque no dejaron de desarrollarse investigaciones inspiradas


en la fenomenología de Schutz, los interaccionistas o etnometodólogos, o la Antropología
comprensiva. Es decir, las corrientes hermenéuticas menos radicales, o bien dejando entre
paréntesis su relativismo del poder determinante del saber en Foucault. Lo que no
encontraremos en el plano nacional es un debate acerca de los fundamentos que llevaran
a rechazar al positivismo y adoptar corrientes como las mencionadas. En la Teoría
Sociológica predomina el perfil de comentarista de textos, al grado de poderse afirmar
que no hay actualmente creadores de Teorías. Los temas de investigación preferentes son
diversos, pero destacarían, una vez más, las migraciones, el género, los nuevos
movimientos sociales, los sociodemográficos del mercado de trabajo, el sistema político,
la cultura política, las identidades y subjetividades, la globalización y el neoliberalismo.
Habría que anotar que para finales de los 1990 se extiende la impresión, entre los
académicos de la sociología, sobre el fracaso del neoliberalismo en lo económico, para
paliar la pobreza y la desigualdad, así como de la reforma política para conducir a la
democracia.
Es en esta década cuando se consolidan los mecanismos institucionales de control
de la academia. En México no hubo dictadura militar en los 1970, aunque sí un régimen
bastante autoritario. Las Universidades no fueron desmanteladas, como en Chile o en
Argentina, y los estudios sociológicos no fueron suspendidos como es esos países. Al
instaurase el neoliberalismo ha medidos de 1980, el nuevo orden no contaba en general
con la academia porque esta venía del movimiento del 1968 y tantos otros movimientos
sociales que emergen desde entonces. La opción gubernamental fue crear una
institucionalidad que ha metido a la academia en un sistema de investigación
productivista en donde lo que cuenta no es el compromiso con lo que se investiga, sino
ser aceptado por el sistema. Esto se traducirá en puntajes que se reflejarán en ingresos
adicionales a través del Sistema Nacional de Investigadores (SNI), de los sistemas de
becas y estímulos de cada Universidad y de muchos programas de canalización de
recursos para la investigación en financiamiento de proyectos, para redes de
investigadores y para revistas aceptadas por el Consejo Nacional de Ciencia y Tecnología
(Conacyt). No se trata de pequeños montos, sino un sistema que ha estratificado muy
fuertemente el ingreso monetario de los académicos con implicaciones en el prestigio y
en el acceso a otros recursos para investigar.
La primera consecuencia fue en la metodología, ya que la burocracia del Conacyt
determinó formatos para presentar proyectos de investigación de corte positivista. Esto
marca cómo tienen que funcionar los investigadores para ser más probablemente
aceptados. Es decir, el positivismo se ha afianzado en México en plena época relativista
no por debate kuhniano entre paradigmas, sino por imposición institucional. Para esa
perspectiva, el hipotético deductivo es prácticamente el método de la ciencia, como si
estuviéramos en los 1960; la cuantificación es preferida a la cualificación; y hay un
privilegio del dato sobre la reflexión teórica. Los sociólogos hasta cierto punto lo han
interiorizado y, si no lo aceptan, lo asumen para poder prosperar. Las normas
institucionales, establecidas no por intelectuales de importancia, presionan también en
cuanto a cuáles temas son válidos para investigar (por ejemplo, el desprecio que reciben
las investigaciones acerca de trabajadores frente al ensalzamiento y apoyo de los estudios

40
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

sobre innovación en las empresas que ignoran al trabajo). A pesar de todo, no cesa el
debate en cuanto a las bondades del neoliberalismo (en lo rural, urbano, para los jóvenes,
las mujeres, los indígenas, vinculado con la violencia, el narco) y los sociólogos se han
inclinado más hacia el campo del pesimismo, sin vislumbrar salidas razonables.
Un efecto perverso adicional de los sistemas de estímulos ha sido el desencanto
acerca de los movimientos sociales de los académicos de la sociología, su alejamiento de
los movimientos sociales, que ha llevado a discusiones meramente abstractas rayando lo
bizantino. Además, las antiguas formas de vincularse con los sujetos sociales (típicas en
años 1970 y 1980) hacen perder el tiempo y no resultan en productos académicos
legítimos en un contexto neoliberal (Maya López, 2005). Como consecuencia de todo
eso, el vínculo discursivo más importante con el palpitar del país no corre a cargo de
investigadores, sino de un nuevo actor: el formador de opinión en televisión y radio.
El sistema productivista reseñado sí funciona en términos de producción y de
productividad de artículos, libros y ponencias en congresos. Un estudio reciente muestra
que, entre 2005 y 2011, el número de artículos indexados de sociología en México fue de
1603. En tipos de revistas, las sociológicas fueron las primeras en ciencias sociales. En
número de artículos la sociología fue el número 2, después de los de educación. Del total
de artículos en ciencias sociales, el 13.4% correspondieron a sociología y, en general, hay
una tendencia decreciente con el tiempo (Contreras, et al., 2014). Al mismo tiempo, la
política gubernamental de apertura de Doctorados de calidad (certificados) en provincia
provocó que la existencia histórica de instituciones emblemáticas de la sociología (el
Instituto de Investigaciones Sociales de la UNAM, primero, y luego El Colegio de
México) se viera desplazada por otras instituciones especializadas en temas que las dos
primeras no podían abarcar o en los que no tenían la primicia. Así como no puede hablarse
actualmente de la hegemonía de una corriente teórica en la sociología mexicana, lo mismo
vale si pensamos una u otra institución en particular.
Sin embargo, a pesar del aumento de la producción y de la productividad en la
sociología mexicana, su impacto social es muy dudoso. Hay un control burocrático sutil
de temáticas, métodos y formas de presentación de resultados, sin que haya una
evaluación directa de la calidad, excepto por número de citas. La contraparte del
productivismo es la “evaluacionitis”, que imprime un ritmo continuo de evaluación por
parte del Conacyt, de la subsecretaría de educación superior, de las propias universidades,
de las redes, las revistas, los postgrados, etc.).
Además del ingreso monetario y de los apoyos a la investigación, el “prestigio”
se mide por el nivel en el sistema nacional de investigadores (I, II o III), en la escala de
evaluación de estímulos de la propia Universidad (por ejemplo A, B, C, o D); si se
pertenece a cuerpos académicos consolidados o a redes; si una revista en la que se publica
forma parte de padrón de excelencia del Conacyt, y así por delante. Al académico sólo le
queda adaptarse a las reglas, sin mucha discusión acerca de éstas que, junto con el
envejecimiento de la planta de profesores e investigadores (60 años en promedio de edad),
han generado una planta de investigadores esterilizada para los grandes debates, algo muy
diferente a lo que vivía esta generación en sus inicios (post 68). Las nuevas generaciones,
además de las dificultades para ubicarse en las Universidades (los antiguos no se quieren
jubilar; la jubilación no es obligatoria, porque verían muy mermados sus ingresos),

41
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

nacieron y vivieron en el neoliberalismo. No pasaron por las experiencias de sus


predecesores (las grandes insurgencias de masas de los 1970), formados o influenciados,
por contrapartida, en el relativismo o en la postmodernidad.
En suma, en la sociología mexicana hay una pérdida de la conciencia teórica y/o
epistemológica, regida más por las modas y por los estímulos y becas. Este ha sido el
saldo del neoliberalismo: producir sin pensar; “neutralidad” sin crítica; una academia
domesticada. Para salir de este marasmo será necesario un impulso que venga del exterior,
de los movimientos sociales o políticos, que conmuevan las conciencias y ayuden a
recuperar la memoria.

Bibliografía

Andrade, A., J.F. Leal (1994) La Sociología Contemporánea en México. México, D.F.:
UNAM.
Arguedas, Leda, et al., (1979) Sociología y Ciencia Política en México. México, D.F.:
UNAM.
Contreras, Oscar, et al. (2014) Informe sobre la producción en México en Ciencias
Sociales y Humanidades. Tijuana: COMECSO.
Marcuse, H. (1972) Razón y revolución. Madrid: Alianza Editorial.
Maya López, Laura (2005) “A Veinte Años de Sociológica”, v.20, No. 59, sept-dic
Paoli Bolio, F. (1990) Desarrollo y organización de las Ciencias Sociales en México.
México, D.F.: Ed. Porrúa.
Zabludovsky, Ginna (1997) Teoría Sociológica y Modernidad. México, D.F.: Plaza y
Valdés.

42
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

7. R esenha de “¿ Qué significa pensar desde


América Latina?” de Juan José Bautista

Natasha Bachini

Bautista, Juan José. ¿Que significa pensar desde América Latina?: hacia uma
racionalidade transmoderna y postocidental. Madri: Ediciones Akal S.A., 2014.

Juan José Bautista S. é um sociólogo e filósofo boliviano, reconhecido pelos seus


trabalhos críticos à racionalidade moderna e ao eurocentrismo. De origem indígena,
formou-se em Sociologia pela Universidad Mayor de San Andrés e fez mestrado e
doutorado em Filosofia na UNAM (México), onde conheceu Enrique Dussel e Franz
Hinkelammert, autores dos quais se tornou discípulo. Dentre as suas obras, destacam-se
Hacia una crítica ética de la racionalidad moderna (2013), Hacia la descolonización de
la Ciencia Social Latinoamericana (2012), Hacia una dialéctica del desarrollo de la vida
(2012) y Crítica de la razón boliviana (2010).
Em ¿Que significa pensar desde América Latina?, Bautista propõe a elaboração
de uma filosofia transmoderna, que tenha como horizonte cognitivo a América Latina e
pense a realidade por meio de uma dialética do desenvolvimento e da reprodução da vida.
Inserido no debate pós-colonial, o autor é influenciado pelas obras de Heidegger
(O que significa pensar, 1972) e, especialmente, pelos pensamentos de Marx, Dussel e
Hinkelammert. A partir desse aporte teórico, Bautista reflete sobre as mazelas produzidas
pela modernidade no território latino-americano, que se estendem, na visão do autor, do
âmbito econômico à esfera intelectual.
Sob uma perspectiva muito próxima às de Maldonado-Torres (2007) e Mignolo
15
(2010) , Bautista entende a criação da Filosofia moderna como uma estratégia de
dominação e negação dos povos não-ocidentocêntricos, suas culturas e seus saberes. Sua
pretensão à universalidade, à racionalidade e à superioridade são apontadas pelo autor
como fundamentais aos processos de consolidação do sistema capitalista e de colonização
dos povos não-europeus, cujas consequências são a desigualdade, a pobreza, a exclusão
15
Mignolo sugere que “a matriz colonial do poder é uma estrutura complexa fruto da dominação
eurocêntrica, de três níveis entrelaçados: o do poder, do saber e do ser” (MIGNOLO, 2010 apud
BALESTRIN, 2013). Para o autor, a colonização política da América Latina, da África e da Ásia iniciada
no séx. XVI decorre e é justificada por um discurso eurocêntrico modernizante, que permitiu não apenas a
exploração política e econômica dos povos originários desses territórios, como também provocou a
alienação de suas subjetividades. Maldonado-Torres (2007) segue a mesma linha de pensamento,
especialmente no que se refere ao conceito de colonialidade do Ser, propondo o conceito de diversidade
radical por meio do qual, ao mesmo tempo em que critica o eurocentrismo, destaca o potencial das
epistemes não europeias.

43
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

e o racismo. Por isso, Bautista entende que, ao refletirmos sobre a realidade a partir de
teorias e conceitos da ontologia moderno-ocidental, estamos produzindo um pensamento
situado e local, e reproduzindo esses processos de dominação e colonização.
A respeito do processo de colonização do conhecimento, Bautista observa como
diversas obras acerca do pensamento filosófico mundial, como a de Randall Collins16,
possuem milhares de páginas, mas nenhuma sequer dedicada ao pensamento latino-
americano, como se ele não existisse. Bautista destaca também como propositalmente a
Filosofia moderna estabeleceu o marco do começo da história na Grécia Antiga,
desconsiderando que esta havia sido uma colônia egípcia e que houve centros de sistema-
mundo anteriores aos gregos, como a China, por exemplo.
Outra crítica feita pelo autor nesse âmbito se refere a periodização ideológica da
história como antiga, medieval e moderna, que afirma a “inevitabilidade modernizadora”,
como se a modernidade fosse o estágio superior alcançado pela humanidade ao qual todos
povos estão predestinados a chegar. Segundo Bautista, isso ocorre porque a ontologia
moderna parte do Ser europeu, do seu território e de sua realidade, excluindo a realidade
dos demais povos que foram explorados para possibilitar o desenvolvimento e o progresso
das economias capitalistas do Norte. Aqui observamos a convergência de Bautista com
os teóricos dependentistas e com os autores do grupo Modernidade/Colonialidade, no
sentido que o subdesenvolvimento não é uma condição para um processo evolucionista,
mas sim está ligado à expansão dos países industrializados, de modo que “não existe
modernidade sem colonialidade, já que esta é parte indispensável da modernidade”.
(QUIJANO, 2000, p. 343)
Portanto, para que se construa um pensar crítico sobre a realidade e para que seja
possível superá-la, Bautista defende que a ética da libertação 17 seja a base da
fundamentação de um pensamento crítico latino-americano transmoderno, pois essa parte
de uma história anterior à modernidade, da história que foi negada pelo processo de
colonização.
Mas o que seria o pensamento crítico transmoderno ou a filosofia transmoderna?
De acordo com Bautista, o primeiro autor a usar esse conceito foi Dussel, em El
encubrimiento del outro (1992). Discípulo de Dussel, em seu livro, Bautista define esse
conceito observando que o prefixo trans não é sinônimo de pós, visto que não parte de
conceitos modernos para a crítica à modernidade, nem significa a negação niilista da
modernidade e do conhecimento por ela desenvolvido, mas a elaboração de um
pensamento e de novas categorias para além daquela, que tenham como locus o que foi
sistematicamente negado pela modernidade nos últimos 500 anos. Nesse sentido, para
que de fato se construa uma compreensão total da realidade, o autor entende que é
necessário partir não apenas dos territórios e conhecimentos invisibilizados pelo projeto
moderno, mas de uma nova concepção de ética que valorize, sobretudo, a vida.

16
COLLINS, Randall. The sociology of philosophies: a global theory of intellectual change. Cambridge:
Harvard University Press, 2000.
17
O uso do conceito de libertação em vez de emancipação marca a distinção do pensamento decolonial do
debate pós-moderno, pois, para esses autores, o horizonte cognitivo do discurso emancipatório tende a ser
eurocentrado e limitado pela totalidade, enquanto o projeto de libertação parte da exterioridade, referindo-
se à América Latina e seus sujeitos concretos. (PAZZELO & DA MOTTA, 2013).

44
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

O livro se estrutura em três partes e nove capítulos. Na primeira parte, intitulada


Do pensar, Bautista discute os conceitos e categorias centrais da obra de Enrique Dussel,
defendendo-a como um empreendimento filosófico exemplar do que significa pensar
desde a América Latina e do pensar ana-dia-lético, que se coloca além da dialética
moderna e parte do reconhecimento do outro negado pela totalidade ocidental. O autor
explica como, por meio de um diálogo crítico com Hegel, Heidegger, Ricoeur e Levinas,
Dussel propõe a transcendência cognitiva da racionalidade ontológica-moderna-ocidental
e a estruturação da filosofia latino-americana a partir da linguagem metafísica da
alteridade negada. Nesse sentido, o autor destaca que a alteridade é entendida por Dussel
como distinção e não como diferença, visto que busca compreender a realidade por meio
da dimensão que não está incluída no meu mundo, do locus do outro.
Tendo em vista a superação do capitalismo e da modernidade, a filosofia de
Dussel, e posteriormente de Bautista, interpela o sujeito moderno a partir da sabedoria
“ininteligível” do outro, que é o pobre, o índio, o dominado, o mestiço, o oprimido. Para
tanto, é necessário, segundo Bautista, intentar um novo princípio ético e epistemológico:

“O problema é construir um marco categorial que permita entender no plano


da filosofia a especificidade do problema do subdesenvolvimento, da
dependência, da opressão, do colonialismo, da miséria, da ignorância, da
negação, do sofrimento e da exclusão latino-americanos e para ele (Dussel)
não bastava (porque era insuficiente) o pensamento e a filosofia europeus,
porque estes não eram nem nunca foram seu problema”. (BAUTISTA, 2014,
p. 25, tradução minha)

Assim como Dussel, Bautista critica o chamado marxismo ocidental, linha de


pensamento predominante na América Latina de 1945 a 1990, e o pós-modernismo,
argumentando que essas teorias não possuem um caráter verdadeiramente emancipatório,
pois, por mais que rechacem o capitalismo, partem de pressupostos modernos e
ocidentais18. Para os autores, além de essas correntes expressarem em parte a colonização
do pensamento latino-americano, assumi-las corresponde a afirmar o suposto caráter de
inferioridade histórica inata dos povos não europeus. Do mesmo modo, os autores
confluem mais uma vez com a teoria da dependência quando observam que aderir ao
discurso desenvolvimentista é perpetuar o nosso subdesenvolvimento: “quando, querendo
ser o que não somos (desenvolvidos), ao final terminamos negando o que éramos para
poder ser o que não somos” (BAUTISTA, 2014, p. 58, tradução minha).
Outro ponto importante de Dussel retomado por Bautista é como o socialismo real
e o neoliberalismo contribuíram para o afastamento da teoria política e da filosofia da
ética e o quanto é importante essa reaproximação para a superação do paradigma
moderno. Sob essa perspectiva, explica que Dussel estrutura sua ética multifundacional
em três princípios inspirados nas obras de três autores: materialidade e trabalho vivo
(Marx), giro pragmático e a questão do locus do pensamento latino americano (Apel) e
princípio da vida (Hinkelammert).

18
Nesse ponto, Bautista observa que Dussel considera o movimento zapatista (1994) como o primeiro
movimento que rompe com a modernidade na América Latina, pois este propõe uma interpelação a partir
do passado pré-hispânico.

45
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

Especialmente acerca da obra de Hinkelammert e sua influência em Dussel,


Bautista esclarece que o primeiro defende, antes de uma ética da libertação, a necessidade
de reivindicar uma ética da vida da vítima pobre e dominada. Para Hinkelammert, a
racionalidade meio-fim da economia de mercado neoliberal possui um caráter totalitário,
pois, ao garantir o desenvolvimento por meio da destruição da natureza e miséria dos
homens, está levando toda a humanidade ao suicídio de modo inconsciente.
A relação com a natureza das culturas originárias é uma referência de suma
importância à ética dusseliana e a proposta bautistiana de uma nova racionalidade, visto
que, primeiramente, precisamos estar vivos para pensar e transformar a realidade. Para
esses autores, esse tipo de relação se opõe à gravidade gravíssima do presente, que é a
produção sistemática da morte por meio do avanço tecnológico, da dominação e da
exploração do trabalho humano e da natureza.
Na segunda parte, Da crítica, Bautista discute a crise da racionalidade ocidental19
de nosso tempo e o desenvolvimento na América Latina de um pensamento
epistemológico distinto, de uma filosofia não-ocidental. Para tanto, o autor volta à história
da filosofia e às raízes da divisão entre filosofia, epistemologia e metodologia.
Nesse trecho, o autor evidencia a relação entre a produção do conhecimento e o
desenvolvimento econômico. De início, Bautista discute a criação do “mito grego”, que,
em sua visão, foi criado para justificar a situação histórica europeia como se Grécia e
Europa tivessem surgido de si mesmas, renegando os seus antecedentes e destruindo a
memória histórica dos povos que conquistaram. Bautista enfatiza que “a modernidade é
a primeira civilização que concebe o antigo como algo mal ou inferior em si”, de modo
que afirma a sua superioridade perante os outros povos nomeando-os como bárbaros.
(BAUTISTA, 2014, p. 103, tradução minha)
Bautista destaca que essa concepção de conhecimento nas sociedades latino-
americanas produz uma série de consequências, como: 1) a produção de des-
conhecimento e negação da história do continente e seus verdadeiros problemas; 2)
dificuldades de desenvolvimento ou desenvolvimento lento das Ciências Sociais e da
Filosofia na América Latina; 3) produção de ideologia, não de Filosofia e Sociologia.
Sendo assim, do mesmo modo que autores como Mariátegui, Mignolo e
Stavenhagen, Bautista entende que a solução para esses problemas não é nos atualizarmos
com e para a modernidade, pois essa já se mostrou incapaz de resolver os problemas que
ela mesmo criou, mas construir um conhecimento desde muitos séculos antes do seu
surgimento, um projeto transmoderno, que tenha a séria intenção de formalizar um pensar
epistemológico desde os problemas teóricos da América Latina.
Para Baustista, somente uma teoria transmoderna pode ser realmente crítica, visto
que o que se conhece até então por teoria crítica tem ido contra a sua própria definição,
ou seja, não tem contribuído para a transformação da realidade, transformando-se pouco

19
Quando Bautista utiliza a expressão “crise da racionalidade ocidental”, está dialogando diretamente com
a obra de Husserl A crise das ciências europeias e a fenomenologia trasncedental (1991). Nesse texto,
Husserl argumenta que a crise da racionalidade ocidental reside na cultura de matematização do pensamento
oriunda da fundamentação proposta pela modernidade das ciências do espírito sobre as mesmas bases das
ciências naturais, e que tem como consequência a ruptura entre o objetivismo fisicalista e o subjetivismo
transcendental. Feito esse diagnóstico, o autor propõe nessa obra uma fenomenologia transcedental, que
reconecte a racionalidade aos problemas humanos, ao mundo da vida.

46
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

a pouco em teoria tradicional, pois sua ideia de emancipação está intrinsecamente ligada
a dois fundamentos modernos: racionalidade e industrialização.
Bautista avança nesse argumento com base no conceito de crítica-ética de Franz
Hinkelammert. O autor pontua que em Hinkelammert a concepção de ética tem um caráter
kantiano, é normativa, baseia-se na aspiração ao bem-comum. O bem-comum para o autor
define-se pelo equilíbrio, resistência, interpelação dos valores e respeito a vida humana.
Além disso, a ética hinkelammeriana compreende a responsabilização pelos efeitos
indiretos ou não-intencionais das ações.
Segundo o autor, para Hinkelammert as maiores contradições da modernidade
residem nas concepções de bom, justo e verdadeiro, pois aquilo que é assim considerado
na ética teleológica moderna, cujo fim é a produção de capital, tem como meios a
destruição da natureza e a exploração (e por vezes a eliminação) do próprio homem. A
economia política neoliberal e o direito moderno, ao tomarem como absolutas as leis de
mercado, na visão do autor, dirigem os homens e fazem com que eles às sirvam sem
critério, o que configura sua tendência destrutiva e o seu caráter irracional.
Destarte, ao partir da lógica da indeterminação, Hinkelammert rompe com o
positivismo moderno e propõe a epistemologia da crítica-ética, que questiona as teorias,
produz novos métodos pertinentes às realidades tematizadas e indica que é possível viver
de um modo distinto e pensar a partir de outros horizontes racionais. No entanto, sua
proposta não é “ produzir outra ordem, mas produzir uma ordem cuja centralidade gire
em torno da produção e reprodução da vida da humanidade e da natureza”, visto que a
“modernidade tem negado a possibilidade de viver dignamente a várias pessoas¨.
(BAUTISTA, 2014, p. 120)
No entanto, Bautista entende que a realização da crítica-ética de Hinkelammert
prescinde de uma análise da sociedade que vá além das Ciências Sociais e da Economia,
como a da teologia da libertação20. O autor afirma que a teologia da libertação é uma
ortopraxis, pois se baseia na vida concreta dos crentes que sofrem as injustiças produzidas
pelo sistema, mas que, ao mesmo tempo, creem em Deus e querem entender por que o
seu reino não chegou até eles.
Bautista ressalta que, antes da teologia da libertação, a filosofia nunca havia
pensado o tema da pobreza. Acerca desta questão, o autor explica que para essa corrente
Deus está na relação intersubjetiva entre seres humanos que se reconhecem como irmãos,
de modo que a existência do pobre se configura como “uma prova evidente de uma
sociedade sem Deus”. Assim, o caminho para a libertação apontado por esses autores é o
do mútuo reconhecimento que, por consequência, acabaria com a desigualdade e
viabilizaria a superação do capitalismo.
Na terceira parte do livro, Da racionalidade, finalmente Bautista apresenta sua
teoria de filosofia latino-americana e sua proposta de como viabilizar a transformação
social a partir da recuperação das relações comunitárias e de uma produção de alimentos
cuja base não seja a exploração da natureza, mas a reprodução da vida.

20
A teologia da libertação é um movimento cristão surgido nos países da América Latina na década de
1960, após o Concílio Vaticano II e a Conferência de Medellín (1968), cujos membros consideravam que
o Evangelho exigia a opção pelos mais pobres e que, para realizar essa opção, a teologia deveria se utilizar
dos conhecimentos das ciências humanas e sociais para libertá-los das injustiças sociais que sofrem.

47
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

O autor inicia a sua argumentação a respeito de “como pensar com Marx para mais
além de Marx”, diferenciando as categorias hegelianas analisar, refletir e pensar. Bautista
enfatiza que o pensar é o ato próprio da ciência, pois observa o horizonte cultural e
civilizatório que está por trás do sujeito. Ao propor o pensar desde a América Latina e a
transição para uma forma de vida distinta, transmoderna ou pós-ocidental, o autor entende
que devemos partir da matriz histórico cultural cuja forma de vida é comunitária e não
social, inspirando-se nas comunidades do mundo andino-amazônico da Bolívia e seus
conceitos fundadores.
O primeiro passo à transcendência indicado por Bautista é a passagem das relações
sociais coisificadas produzidas pelo capitalismo e da subjetividade por ele produzida, para
as relações comunitárias, que têm um fundamento ecológico e concebem o homem e a
natureza enquanto sujeitos. O segundo passo é a recuperação da racionalidade das
comunidades ameríndias encoberta pelo caráter fetichista e totalitário da sociedade
moderna. Para tanto, segundo o autor, é necessário pensar a sociedade a partir do que ela
nega: as relações diretamente sociais das pessoas com seus trabalhos nas comunidades
ameríndias. O terceiro passo proposto por Bautista é a transição da doutrina de Hegel à
teoria do fetichismo de Marx e Hinkelammert. Nessa transição, o conceito de reino da
liberdade de Marx é apontado pelo autor como transcendente, visto que propõe relações
de trabalho livres a partir da expropriação dos meios de produção. Isso significa um
rompimento com o mito do progresso e com a ideia de realização sempre futura das
sociedades humanas, pois a possibilidade de transformação está materializada no tempo
presente. Em outras palavras, assim como os indígenas dos Andes já declaravam no séc.
XIX, é preciso lutar pela libertação do tempo da dominação.
Dessa maneira, Bautista entende que a teoria transmoderna deve: 1) partir de outro
locus de enunciação, pois o projeto de razão europeu baseia-se na exploração e dominação
da América Latina; 2) negar as noções de que a racionalidade e a crítica são
exclusivamente modernas; 3) mostrar as limitações das categorias mais importantes
produzidas pela modernidade para ir além delas; 4) tomar autoconsciência21, no sentido
de examinar como se enfrentam os desafios de história latino-americana22; 5) ter como
princípio produzir um mundo onde seja possível a vida de todos.
Segundo Bautista, as concepções de natureza como Pachamama e de comunidade
dos povos andino-amazônicos são fundamentais a esse processo, pois diferentemente da
subjetividade moderna, cuja base é a solidão existencial, a subjetividade desses povos se
desenvolve na relação com Pachamama23, e a “a vida de nossa subjetividade depende da
vida dela”. Essa diferença nos ajuda a compreender, por exemplo, porque para os
europeus não há problema em agredir a natureza. (BAUTISTA, 2014, p. 249, tradução
minha)

21
O processo de autoconsciência consiste na compreensão do desenvolvimento da subjetividade dos povos
que estrutura a sua cosmovisão, e o conteúdo de sua subjetividade é definido pelas relações que os homens
estabelecem com a natureza (BAUTISTA, 2014).
22
Para Bautista, esse processo nos prepara para ser os sujeitos reais da política e da história.
23
Pachamama é a deidade máxima para os povos andinos (especialmente bolivianos, peruanos, argentinos
e chilenos) que representa a geração da vida, cuja concepção está relacionada fundamentalmente com a
terra, a fertilidade e o feminino.

48
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

O autor comenta ainda que alguns projetos ditos emancipadores, porém típicos de
sujeitos colonizados, como o de Evo Morales, procuraram recentemente unir as duas
cosmovisões. No entanto, essa iniciativa é contraditória na visão de Bautista em pelo
menos dois pontos: i) o custo da industrialização força a Bolívia a importar tecnologia, o
que dá continuidade ao atraso e desenvolvimento da região; ii) a ideia de Suma Qamaña
não permite que haja exploração industrial da natureza, o que não é respeitado no projeto
de Morales.
Nesse sentido, Bautista retoma mais uma vez o argumento dependentista de que
ingressamos no mercado capitalista como provedores de matéria-prima e consumidores
de mercadoria, sustentando o desenvolvimento europeu. Enquanto os países da Europa
viviam a segunda revolução industrial, por exemplo, a América Latina não tinha passado
nem pela primeira. Além disso, quando países como o Paraguai tentaram se industrializar,
sofreram forte retaliação internacional. Portanto, a concepção de desenvolvimento
moderna nunca conduzirá a América Latina ao desenvolvimento. Assim, para construir
uma dialética de desenvolvimento da vida, a alternativa dos países latino-americanos é
partir de outra concepção de desenvolvimento que não se baseie na exploração de outros
povos.
Bautista conclui sua argumentação reafirmando que a racionalidade transmoderna
deve prever a reprodução da vida; que deve pensar “o que éramos, o que somos e o que
queremos ser” a partir de lemas como Suma Qamaña, Ñandereco (vida harmoniosa),
Tekokavi (vida boa), Ivi Maraei (terra sem mal) e Qhapaj ñan (caminho ou vida nobre).
Nesse processo, para o autor é imprescindível a recuperação de um sistema de produção
dos alimentos que permita a produção e reprodução da vida, visto que não consumimos
apenas os nutrientes, mas a intencionalidade pela qual os alimentos foram produzidos.
Em suma, o diagnóstico realizado por Bautista a respeito da colonialidade latino-
americana dialoga, em larga medida, com o debate pós-colonial, não apresentando grande
originalidade nesse campo. Por outro lado, a densa estrutura epistemológica apresentada
e o caráter propositivo de sua teoria se destacam em relação a outras obras do pensamento
decolonial, que, comumente se concentram no âmbito do diagnóstico e não apontam
caminhos plausíveis de superação do eurocentrismo e da desigualdade imposta pelo
sistema capitalista.
No entanto, o autor poderia ter dedicado mais páginas ao conhecimento dos povos
pré-hispânicos do que aos conceitos herdeiros das matrizes europeias. Os conceitos
relacionados a essa primeira matriz são tratados apenas sumariamente na última parte do
livro e, sem uma articulação que torne clara e direta sua proposta de elaboração de um
pensar transmoderno, desde a América Latina.

Referências Bibliográficas:

BALLESTRIN, Luciana (2013). A América Latina e o giro decolonial. Revista Brasileira


de Ciência Política, nº11. Brasília, maio - agosto de 2013, pp. 89-117.
QUIJANO, Anibal (2000). “Colonialidad del poder y clasificacion social”. Journal of
world-systems research, v. 11, n. 2, p. 342-386.

49
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

MALDONADO-TORRES, Nelson (2007). “Sobre la colonialidad del ser: contribuciones


al desarrollo de un concepto”, em CASTRO-GOMEZ, Santiago & GROSFOGUEL,
Ramon (coords.) El giro decolonial: reflexiones para uma diversidad epistémica más allá
del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores; Universidad Central, Instituto
de Estudios Sociales Contemporaneos, Pontificia Universidad Javeriana, Instituto Pensar.
MIGNOLO, Walter (2002). “The geopolitics of knowledge and the colonial difference”.
The South Atlantic Quarterly, v. 101, n. 1, p. 57-95.
PAZELLO, Ricardo Prestes & MOTTA, Felipe Heringer Roxo da (2013). Libertação e
emancipação: uma revisão conceitual para a América Latina. Monções: Revista de
Relações Internacionais da UFGD, v.2. n.3.
STAVENHAGEN, Rodolfo. (1963), “Clases, colonialismo y aculturación en América
Latina”. Revista América Latina - CLAPCS, no 4, pp. 63-104.

50
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

8. Apêndice
Na última edição destes Dossiês Temáticos (n. 4: Sociologia Latino-Americana:
Originalidade e Difusão), incluímos um apêndice com a finalidade de sistematizar a
retomada das atividades de pesquisa do NETSAL nos últimos anos, concomitante à
transição institucional do IESP/IUPERJ para a UERJ. Em poucas páginas, a intenção foi
construir uma visão de conjunto do trabalho realizado nos mais diferentes formatos, como
a publicação de livros individuais e coletivos, o lançamento de iniciativas editoriais
próprias, a organização de seminários de debate acadêmico e político, a circulação de
pesquisadores visitantes no núcleo e a remodelagem de nossa comunicação virtual. A
ideia de preservar essa memória através de um registro anual foi então acolhida pela
coordenação. Por ser a publicação que mais amplamente dialogia com nossas linhas de
discussão ao longo do ano, o Dossiê Temático foi o veículo escolhido para abrigar essa
retrospectiva. Além da continuidade de publicações seriadas como os Cadernos de
Trabalho e dos Dossiês Temáticos, o ano de 2015 merece destaque pela oportunidade de
recolocar em pauta as manifestações de junho de 2013, com colóquio nacional dedicado
ao tema, e também pela oportunidade de reunir nossos pesquisadores associados no I
Seminário Internacional de Teoria Social e América Latina realizado em outubro.

L ivros:

MELO, Daniela Tranches de. Movimentos sociais e a


institucionalização de políticas públicas de saúde no Brasil. Rio
de Janeiro: MAUAD/FAPERJ, 2015.

51
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

DOMINGUES, José Maurício. O Brasil entre o presente e o futuro:


conjuntura atual e inserção internacional. Rio de Janeiro: Mauad, 2ª
Edição revista e ampliada, 2015.

SILVA, Fabrício Pereira da. Democracias errantes: reflexões


sobre experiências participativas na América Latina. Rio de
Janeiro: Ponteio, 2015.

MANEIRO, María; BERTOTTI, María Carla;


FARÍAS, Ariel & GRANCE, Ernesto. Imágenes en
movimiento. Buenos Aires: Editorial El Colectivo,
2015.

C adernos de trabalho:
▬ “Sociologia política e o espectro da modernização na
América Latina”, de Pedro Borba (Vol. 3, n. 2, 2015).

▬ “Chile en la encrucijada de un nuevo ciclo”, de Alexis Cortés


(Vol. 3, n. 1, 2015).

▬ “A sociologia como profissão no Brasil e na Argentina:


formação, organização e intervenção dos sociólogos”, de Juan
Pedro Blois (Vol. 2, n. 3, 2014).

52
Sociologia Latino-americana II – Dezembro 2015 – NETSAL – IESP/UERJ

▬ “Movimientos sociales y gobiernos en América Latina: nuevos escenarios, ejes de


conflicto y relaciones”, de Breno Bringel e Alfredo Falero (Vol. 2, n. 2, 2014).

- Ver edições anteriores em netsal.iesp.uerj.br/index.php/pt/publicacoes/working-papers

E ventos:
- Colóquio “Jornadas de Junho... dois anos depois”
(22/06/2015)

Dois anos após as manifestações que sacudiram o país em


junho de 2013, o Colóquio recolocou a discussão sobre seus
múltiplos significados, impactos e desdobramentos na
política, na sociedade e na cultura. Foram apresentadas
interpretações que resultam de pesquisa empírica realizada
ao longo dos dois últimos anos em diferentes cidades, bem
como análises da atual conjuntura política.

- I Seminário Internacional de Teoria Social e América Latina (16 e 17/10/2015)

Este seminário foi a primeira iniciativa de reunir os


pesquisadores associados do NETSAL sediados em
diversas instituições do país e do exterior. Vertebrado em
torno de temas como sociologia econômica, teoria
sociológica e movimentos sociais, o debate teve um forte
potencial para fomentar sinergias intelectuais e
institucionais. Além de editar na forma livro os textos
enviados pelos participantes, esperamos realizar esse
encontro a cada dois anos a fim de estreitar os vínculos
da equipe.

53

You might also like