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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE GOIÁS

FACULDADE FACLIONS

PRINCÍPIOS DO DIREITO AGRÁRIO

Goiânia
2017
KARLA LUDMILLA DOS REIS

PRINCÍPIOS DO DIREITO AGRÁRIO

Trabalho apresentado ao Professor


Sérgio Ricardo Moreira, da disciplina Direito
Agrário, no período noturno do curso de
Direito.

Goiânia
2017
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO
2. DESENVOLVIMENTO
3. CONCLUSÃO
4. BIBLIOGRAFIA
INTRODUÇÃO

Direito agrário é ramo autônomo do direito, com princípios próprios e que


não podemos negar sua importância e seu peso nas relações jurídicas entre o ser
humano e o campo. Além disto, também é possível compreender que no mesmo
Direito agrário existem regras que enfatizam o interesse coletivo em detrimento do
particular, uma vez que é no Direito agrário que as relações entre o homem e o
campo, absorvem a produção agrícola, pecuária, leiteira, florestal e daí, sem dúvida
a produção alimentar que assegura a sobrevivência da humanidade.
É considerado um novo ramo do direito, possuindo inúmeros conceitos,
alguns de forma mais técnica, mais formal e outros de maneira mais singela e um
tanto objetiva.
Os princípios próprios do Direito Agrário atestam seu método e de
consequência sua autonomia científica. Ademais, são frutos das ferozes lutas
reivindicativas e políticas das classes populares no país, sobretudo no que tange à
secular luta pela posse da terra.
DESENVOLVIMENTO

Tais princípios abrangem com eficácia o norteamento do direito agrário,


todavia, não são exclusivamente constitucionais. Oliveira identificou e registrou onze
princípios constitucionais de Direito agrário, sendo tais os princípios:

FUNÇÃO SOCIAL NA PROPRIEDADE RURAL

O princípio constitucional da função social da propriedade rural é, sem


oscilação alguma, o vértice do Direito agrário, pois, com a sua expressa inserção
reiterada no texto da Constituição Federal, dá-se a flexibilização do direito de
propriedade privada, onde o seu reconhecimento em favor do proprietário passa a
estar subordinado à satisfação do interesse coletivo na sua boa e útil exploração. [...]
A violação dos direitos do trabalhador rural é vista como uma violação da
própria função social da propriedade. [...]. Em decorrência desse princípio, a
proteção possessória só pode ser deferida ao proprietário ou possuidor, este seja
autor ou réu, se comprovado o atendimento dos requisitos da função social da
propriedade.

PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE


A preservação do meio ambiente, embora requisito do próprio
cumprimento da função social, erige-se em princípio autônomo, considerando a
natureza da atividade agrária, sempre muito impactante, a exigir a efetivação da
determinação constante do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama 001/86);

DESAPROPRIAÇÃO PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA COMO ASPECTO


POSITIVO DA INTERVENÇÃO DO ESTADO

Como aspecto positivo da intervenção do Estado na propriedade privada,


temos como princípio constitucional de Direito agrário a desapropriação para fins de
reforma agrária. Nessa hipótese, se o imóvel for improdutivo ou não estiver
cumprindo sua função social, ou ainda, mesmo sendo produtivo, não estiver
cumprindo os requisitos do art. 186, inc. I a IV, deve ser desapropriado para que se
possa condicionar a exploração da terra a satisfação do interesse da coletividade,
especialmente por meio de assentamentos de trabalhadores rurais. [...]
A desapropriação de imóveis para fins de reforma agrária pode incidir
também em casos de imóveis rurais arrendados, pois, se a conduta do arrendatário
é infringente dos postulados da função social, o proprietário deve arcar com ônus em
função da culpa in eligendo ou in vigilando.

VEDAÇÃO DA DESAPROPRIAÇÃO DO IMÓVEL RURAL PRODUTIVO E DA


PEQUENA E DA MÉDIA PROPRIEDADE RURAL

Como aspecto negativo da intervenção do Estado na propriedade privada,


temos a conduta de abstenção consubstanciada no princípio da vedação da
desapropriação do imóvel rural produtivo e da pequena e da média propriedade
rural, extraído do art. 185, inc. I e II, da Constituição Federal. Não obstante, o imóvel
produtivo pode ser objeto de desapropriação caso não esteja cumprindo com sua
função social, pois da tensão entre o disposto neste artigo em confronto com os arts.
184 e 186, inc. I a IV, chega-se a essa interpretação. Por outro lado, a pequena e a
média propriedade não podem, em hipótese alguma, ser desapropriadas, desde que
seu proprietário não possua outra.

IMPENHORABILIDADE DA PEQUENA PROPRIEDADE RURAL

O princípio da impenhorabilidade do imóvel rural está previsto de forma


específica no art. 5º, XXVI, da Constituição Federal. Deve-se, para a aplicação do
referido dispositivo, editar-se lei específica que defina o que vem a ser pequena
propriedade rural para esta finalidade. Não obstante, enquanto não for definida a
área que não poderá ser objeto de penhora, o parâmetro a ser adotado é o do
conceito de propriedade familiar previsto no Estatuto da Terra.

PRIVATIZAÇÃO DAS TERRAS PÚBLICAS

A privatização das terras públicas é princípio constitucional que deflui do


art. 188, §§ 1º e 2º da Constituição Federal, e está a sinalizar que o Poder Público
deve concentrar seus esforços na destinação de suas terras devolutas para fins de
reforma agrária, pois o custo ao erário, nessas hipóteses, é bem inferior ao da
expropriação de terras particulares para a mesma finalidade;

SEGURANÇA NA ATIVIDADE AGRÁRIA

Com especial destaque, surge o princípio da segurança na atividade


agrária, extraído do art. 187, inc. I, II, e V, o qual direciona a conduta estatal no
sentido de oferecer o mínimo de garantia para o exercício da atividade agrária,
sempre sujeita à influência de fatores da natureza que podem eventualmente
comprometer o seu resultado e com isso levar à ruína do agropecuarista;

AUMENTO DA PRODUTIVIDADE

O aumento da produtividade é princípio constitucional, presente nos inc.


III, IV, VI e VII do art. 187, da Constituição Federal, e recomenda a adoção de
medidas que resultem em investimentos mais robustos na pesquisa de novas
tecnologias para dar solução a problemas da agricultura e pecuária, tais como a
incidência de pragas e outros fenômenos naturais que comprometem a qualidade e
a quantidade dos produtos;

ESTÍMULO AO COOPERATIVISMO

O princípio do estímulo ao cooperativismo agrário está entrelaçado com o


do aumento da produtividade, e é decorrente de diversas disposições constantes do
texto constitucional (arts. 5º, inc. XVIII, XIX, XX e XXI, 146, inc. III, alínea “c”, 174 e
187, inc. VI) que denotam a preocupação do legislador constituinte em propiciar
essa extraordinária forma de organização atividade econômica. [...] O
cooperativismo deve ser a estratégia tônica do Poder Público especialmente em
projetos de assentamentos, pois resulta em aumento qualitativo e quantitativo da
produção agropecuária, bem como na própria eficiência da atividade agrária.

MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA NO CAMPO

O princípio da melhoria da qualidade de vida no campo é presente


implicitamente em praticamente todas as regras constitucionais que versam sobre a
matéria agrária, mas a que mais denota sua presença é a prevista no art. 187, inc.
VIII, onde está antevisto que a habitação para o trabalhador rural deve ser uma
preocupação na formulação da política agrícola. Isso é uma das providências cujo
escopo é fixar o homem no campo e até mesmo contribuir para o movimento
migratório da cidade para o campo, o êxodo urbano.

PRIMAZIA DA ATIVIDADE AGRÁRIA FRENTE AO DIREITO DE PROPRIEDADE

Por fim, o princípio da primazia da atividade agrária em face do direito de


propriedade, o qual não é só manifestado na previsão da desapropriação para fins
de reforma agrária, mas sim, também pela previsão do usucapião constitucional pro
laboreno art. 191, caput, da Constituição Federal.

Os preceitos sociais da questão agrária coadunam-se aos princípios


constitucionais do direito agrário. Com efeito, os aduzidos princípios integram-se à
questão agrária, fazendo parte de seu bojo. Veja-se que a problemática da questão
agrária encontra seu desiderato na principiologia aqui apresentada.
CONCLUSÃO

Percebe-se a preocupação do constituinte em buscar a emancipação do


campesino e o desenvolvimento agrário. O princípio da função social, que encabeça
a luta do Direito agrário, mostra-se completo por contemplar tanto a saúde do
imóvel, quanto dos proprietários, vizinhos, trabalhadores, meio ambiente e toda a
sociedade. Também, o incentivo ao aumento da produtividade e às práticas
cooperativistas, bem como a busca da melhor qualidade de vida no campo, e demais
princípios, mostram-se perfeitamente cabíveis à solução da questão agrária,
conquanto possibilitem a integralização de indivíduos à estrutura agrária.

Enfim, a efetividade do princípio da função social no cenário brasileiro


permite construir uma dimensão social mais larga, onde a riqueza formada pelos
bens originários da terra pode ser usufruída por todos, como interesse comum.
BIBLIOGRAFIA

- Código de Processo Civil.

- MARQUES, Benedito Ferreira. Direito agrário brasileiro. 6. ed. rev. Atual.

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