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PLANEJAMENTEO E AVALIAÇÃO

João Luiz Gasparin


Programa de Pós-Graduação em Educação
Universidade Estadual de Maringá – PR
gasparin01@brturbo.com.br

O planejamento e a avaliação, no processo pedagógico, são


dois aspectos fundamentais de todo o trabalho docente em sala de aula. O
planejamento é sempre a previsão do que será desenvolvido no transcorrer
do período letivo. A avaliação consiste na apreciação do trabalho realizado.
Toda a ação do professor, conscientemente ou não,
desenvolve-se sobre teorias de educação ou de ensino e aprendizagem que
se traduzem em métodos e técnicas de ensino com os quais se elabora ou
reelabora o conhecimento científico e se concretiza o plano ou o projeto de
trabalho do professor. A avaliação evidencia o quanto professor e alunos
conseguiram alcançar do previsto e com que qualidade foi obtido.
Dentre as várias teorias educacionais que dão suporte ao
planejamento optamos por apresentar uma que, em nosso entender, garante
ao professor integrar o conteúdo da vida cotidiana dos educandos com o
conteúdo científico que é objeto de todo trabalho escolar. Trata-se da
Pedagogia Histórico-Crítica.
Planejar as atividades docentes a partir desta teoria implica
levar em conta quatro níveis de compreensão da realidade.
O primeiro deles, o mais amplo e profundo, tem como base a
teoria do conhecimento do materialismo histórico-dialético, cuja diretriz
fundamental, no processo de conhecimento, consiste em partir da prática,
ascender à teoria e descer novamente à prática, não já como prática inicial,
mas como práxis, unindo contraditoriamente, de forma inseparável, a teoria
e a prática em um novo patamar de compreensão da realidade e de ação
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humana. O fundamento para esta fase do planejamento é o método da


economia política de Marx.
O segundo nível tem como suporte a Teoria Histórico-Cultural
de Vigotski, quando explicita o nível de desenvolvimento atual e a zona de
desenvolvimento imediato, dos quais resulta o novo patamar de
desenvolvimento atual, como síntese de ambos.
O terceiro nível são os cinco passos da Pedagogia Histórico-
Crítica de Saviani: Prática Social, Problematização, Instrumentalização,
Catarse e Prática Social.
Por fim, como quarto nível, no chão da sala de aula, está
minha leitura e interpretação de Marx, Vigotski e Saviani, buscando
transpor seus fundamentos teórico-metodológicos para uma nova forma de
planejamento e de ação teórico-prática do professor, seguindo os cinco
passos propostos por Saviani na Pedagogia Histórico-Crítica.
Quanto ao segundo tópico desta palestra – a avaliação – é
necessário esclarecer que toda teoria educacional traz, implícita ou
explicitamente, sua concepção sobre avalaição. No caso da Pedagogia
Histórico-Crítica, a avaliação consistirá em evidenciar o crescimento do
educando, tendo como critério a aquisição do conhecimento científico
como instrumento de transformação social. O ponto de partida para esta
forma de avaliação é o conhecimento inicial do aluno sobre o tema da aula,
comparado ao conhecimento científico que o professor lhe apresentou. O
aluno deverá, mentalmente, realizar o processo dialético de unir sua prática
de vida, com o conhecimento científico escolar, chegando a uma nova
síntese de compreensão do conteúdo e de uso em sua vida cotidiana.
Este processo de constatar o rendimento escolar do aluno
poderá ser desenvolvido de forma consistente se o professor tiver clareza
do conceito de avaliar. Para isso, é necessário, em primeiro lugar,
desmistificar um pouco as concepções de avaliação e seus usos correntes
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nos livros de didática ou em obras específicas sobre o assunto. Assim,


buscou-se verificar e avaliar se os conceitos que os autores utilizam são de
fato avaliação ou sondagem. O trabalho desenvolveu-se por meio de
pesquisa bibliográfica. Os resultados indicam que há falta de clareza sobre
os conceitos de avaliação, confundindo-a com pesquisa ou coleta de dados.
Por outra parte, a análise das funções da avaliação – diagnóstica, formativa
e somativa - explicita que estas modalidades não se constituem avaliação
em si mesmas, mas apenas assinalam momentos em que se realizam no
processo pedagógico.
Um resultado importante aponta que, na realidade, quem faz a
avaliação não são os alunos, mas é o professor. Na maioria das vezes, os
alunos não realizam avaliações de seus conhecimentos, mas somente
provas, exames, testes, sondagens e os professores acreditam que os
educandos fizeram avaliação. Uma prova, se bem elaborada, pode aferir o
nível de conhecimento do aluno, mas poderá não ser uma avaliação.
Como conclusão destas breves considerações sobre a nova
forma de planejar o trabalho docente e de avaliar seus resultados é
necessário ter claro que são opções pedagógicas que ainda precisam de
maiores estudos e aprofundamentos para se tornarem realidade prática em
nossas escolas, estando aberto, portanto, o caminho para que nós,
professores, arrisquemos dar um novo passo adiante.

Palavras-chave: Planejamento na perspectiva dialética ; Avaliação;


crítica de conceitos e usos da avaliação.

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