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PRAZOS DECADENCIAIS NO CDC

A decadência é em sentido amplo a perda do direito por não havê-lo exercido no prazo
fixado em lei. No CDC, o prazo decadencial afeta o direito de reclamar, ante o
fornecedor, quanto ao defeito do produto ou serviço. Aqui há a extinção do direito. A
decadência resulta de prazo extintivo imposto pela lei, por esse motivo não pode ser
renunciada pelas partes, nem depois de consumada.
Os prazos decadenciais para que o consumidor reclame dos vícios do produto ou
serviço adquirido estão devidamente previstos no art. 26 do Código de defesa do
consumidor que dispõe: “ Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de
fácil constatação caduca em: I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e
de produtos não duráveis; II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e
de produtos duráveis.”
O citado artigo trata do prazo para reclamar o descumprimento da garantia legal e
prevê dois tipos de prazos decadenciais: a) os duráveis: que são aqueles que não se
extinguem com o uso, ou seja, não se acaba assim que utilizado, levando certo tempo
para desgastar e; b) os não duráveis que são aqueles que se acabam com o uso, é o
exemplo dos alimentos, bebidas, etc.
Em se tratando de prazos decadenciais para reclamar o descumprimento de uma
garantia contratual o Superior Tribunal de Justiça tem se manifestado no sentido de
aplicar por analogia os prazos referidos no art. 26 do CDC, referentes a garantia legal:
“Diferentemente do ocorre com a garantia legal contra vícios de adequação, cujos
prazos de reclamação estão contidos no art. 26 do CDC, a lei não estabelece prazo de
reclamação para a garantia contratual. Nessas condições, uma interpretação
teleológica e sistemática do CDC permite integrar analogicamente a regra relativa à
garantia contratual, estendendo-lhe os prazos de reclamação atinentes à garantia
legal, ou seja, a partir do término da garantia contratual, o consumidor terá 30 (bens
não duráveis) ou 90 (bens duráveis) dias para reclamar por vícios de adequação
surgidos no decorrer do período desta garantia” (REsp 967.623/RJ, Rel. Ministra Nancy
Andrighi, 3ª T., DJe 29-6-2009).
O paragrafo 1º do art. 26 do CDC indica que se tratando de vícios aparentes (aqueles
de fácil constatação), o prazo decadencial se inicia a partir da efetiva entrega do
produto ou do término da execução dos serviços É o que se chama de termo inicial da
decadência. Já se se tratar de vícios ocultos (aqueles de complexa ou difícil percepção)
dispõem o paragrafo 3º do mesmo art. que, inicia-se o prazo decadencial a partir do
momento em que ficar evidenciado o defeito, ou seja, no momento em que os defeitos
se tornarem percebíveis.
O paragrafo 2º do art. 26 do CDC trás hipóteses que obstam a decadência, sendo
segundo a doutrina majoritária de natureza suspensiva, ou seja, os prazos retornam ao
seu curso após terminada a suspensão. São elas “(...), I- a reclamação
comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos ou
serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma
inequívoca. II- VEDADO. III- A instauração de inquérito civil, até o seu encerramento”.
OBS: A reclamação no PROCON não suspende o prazo.
Questão muito importante a ser ressaltada é a do caso de não aparecer o vício oculto,
não se conta o prazo decadencial. Se o vício aparecesse apenas vinte anos, por
exemplo, após a aquisição do produto, seria ainda possível falar-se em contagem do
prazo decadencial?
Segundo os ensinamentos de Claudia Lima Marques a resposta é negativa, dispondo
que “ os bens de consumo possuem uma durabilidade determinada. É a chamada vida
útil do produto”.
No mesmo sentido entende o Superior Tribunal de Justiça:
“De fato, conforme premissa de fato fixada pela corte de origem, o vício do produto
era oculto. Nesse sentido, o dies a quo do prazo decadencial que trata o art. 26, § 3º
do Código de Defesa do Consumidor é a data em que ficar evidenciado o aludido vício,
ainda que haja uma garantia contratual, sem abandonar, contudo, o critério da vida
útil do bem durável, a fim de que o fornecedor não fique responsável por solucionar o
vício eternamente. A propósito, esta Corte já apontou nesse sentido” (REsp
1.123.004/DF, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, 2ª T., DJe 9-12-2011).
Podemos assim afirmar que o vício oculto que aparecer após a vida útil do produto,
não tem garantia.

PRAZOS PRESCRICIONAIS NO CDC


Prescrição é a extinção de uma ação judicial possível, em razão da inercia do titular de
seu direito por certo lapso temporal. Aqui, diferentemente do que ocorre na
decadência, não extingue-se o direito, mas sim a ação e; ainda defere da decadência
no sentido de que o prescribente pode renunciá-la.
A prescrição está disposta no artigo 27 do CDC, in verbis:
“Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por
fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a
contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.”
O prazo prescricional de 5 anos se dá, aqui, nos casos de responsabilidade por danos,
ou seja, nos acidentes causados por defeitos do produto ou serviços.

OBS:
Vício, no produto ou serviço quando ocorrer dele não se apresentar com a qualidade
ou quantidade que se espera diante das informações contidas.
Defeito, este só é visualizado quando, em decorrência do vício do produto ou serviço, o
consumidor vem a sofrer danos de ordem material e/ou moral.
PRÁTICAS COMERCIAIS NO CDC

PRÁTICAS COMERCIAIS

Nas palavras do ministro Antonio Herman de V. Benjamin, práticas comerciais “são os


procedimentos, mecanismos, métodos e técnicas utilizados pelos fornecedores para,
mesmo indiretamente, fomentar, manter, desenvolver e garantir a circulação de
produtos e serviços até o destinatário final”.

São as práticas comerciais que servem e sustentam a sociedade de consumo, de modo


a aproximar os consumidores dos bens e serviços que estão a sua disposição no
mercado de consumo.

O Capítulo V, do Código do Consumidor, se inicia com o artigo 29, que estabelece


quem são os destinatários das normas ali consignadas e amplia a sua incidência para
além das pessoas determináveis, de modo a resguardar o interesse de qualquer pessoa
que esteja exposta às práticas comerciais.

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