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Acadêmicos(as):
Carlos Alberto Probst
Gabriela Eyng
Luan Rodrigo Pereira
Michel Küster
Viviane Paladino Mazzi
RESUMO
A construção civil é uma das atividades mais antigas da humanidade e a maior produtora de
entulhos. O entulho é todo material resultante do desperdício de uma construção ou o produto de
uma demolição, ou seja, todo material descartado e classificado como sem serventia em uma obra,
bem como restos de argamassa, pedaços de concreto, cacos de tijolos e telhas, pedaços de madeira,
etc. Com a crescente busca por sustentabilidade e novos recursos materiais para a construção
civil, além de uma resposta para a problemática na questão de destinação dos resíduos oriundos da
construção, surge uma possível solução, o reaproveitamento do entulho. O processo de reciclagem
de RCC (resíduos da construção civil) é na verdade bastante simples e sem complicação, e tem se
mostrado a frente no quesito benefícios. Porém para se obter tantos benefícios, necessita do
investimento de uma quantia significativa.
1 INTRODUÇÃO
Entulho são resíduos que não possuem mais utilização, resultantes de uma construção ou
demolição, bem como cacos de tijolos e telhas, restos de argamassas, pedaços de concreto, ou seja,
tudo que pode sobrar de uma obra. Geralmente esses resíduos não tem destino correto e são
descartados de maneira inadequada, como beiras de rios e aterros sanitários, e isso vem fazendo
com que os estudos em torno da reciclagem e reutilização desses resíduos seja cada vez maior,
principalmente nos dias atuais onde muito se valoriza a questão da sustentabilidade.
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Com o aumento dos centros urbanos, o gerenciamento dos resíduos está se tornando cada
dia mais difícil, devido à falta de aterros próximos às zonas centrais, fazendo com que o custo da
remoção e aterramento desses materiais fique cada vez maior.
O artigo tem como objetivo a conscientização e informação aos profissionais e à população
de que é possível e viável a utilização de materiais de construção alternativos a custos mais baixos.
Sendo assim, este trabalho visa pesquisar e encontrar meios de reaproveitamento do
entulho no intuito de levar conhecimento sobre o assunto aos interessados e colaborar com a
minimização da agressão ao meio ambiente.
Inicialmente se abordará a questão histórica do reaproveitamento do entulho, bem como a
origem da ideia e por qual motivo ela surgiu. Em seguida será explicado resumidamente o processo
de reutilização, assim como quais materiais podem ser utilizados e em quais áreas de construção são
indicados e podem ou não ser aplicados. Por fim, será apresentado uma pesquisa realizada com
empresas de reciclagem de entulhos, os custos referentes ao processo e o resultado dos testes físicos
feitos com o material reutilizado.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 ENTULHO
A construção civil é uma das atividades mais antigas da humanidade e a maior produtora
de entulhos, de acordo com a ABRECON (Associação Brasileira para a reciclagem de Resíduos da
Construção Civil e Demolição) no Brasil hoje é gerada meia tonelada de entulho por dia por
brasileiro, os quais ocupam 60% de todo lixo sólido produzido no país. Número preocupante uma
vez que nos damos conta de que pouco ou praticamente nada disto é reutilizado e acaba sendo
jogado em aterros sanitários ou clandestinos, encostas de rios, áreas de preservação natural, entre
outros lugares indevidos, acarretando em poluição ambiental e visual, assoreamento de rios,
aumento do gasto desnecessário do dinheiro público e uma infinidade de problemas.
Com a crescente busca por sustentabilidade e novos recursos materiais para a construção
civil, além de uma resposta para a problemática na questão de destinação dos resíduos oriundos da
construção, surge uma possível solução, o reaproveitamento do entulho, que ganhou força com a
resolução 307 do CONAMA de 2003 que diz que quem gera entulho é responsável pelo mesmo.
Art. 4º Os geradores deverão ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e,
secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação final. § 1 Os
resíduos da construção civil não poderão ser dispostos em aterros de resíduos domiciliares,
em áreas de “bota fora”, em encostas, corpos d`água, lotes vagos e em áreas protegidas por
Lei, obedecidos os prazos definidos no art. 13 desta Resolução.§ 2 Os resíduos deverão ser
destinados de acordo com o disposto no art. 10 desta resolução. (CONAMA; ago 2003.)
Em 2008 um experimento feito por técnicos e alunos da USP afirmou que o material
originado da reciclagem de resíduos da construção civil possui mesmas características dos materiais
convencionais se tratando de utilização não estrutural.
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Figura 1:
Tabela 1:
Figura 2:
2.3 CUSTOS
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O brasileiro tem o costume de ser adverso a novas tecnologias e meios de trabalho, até que
perceba alguma vantagem ou viabilidade econômica. E a reciclagem de RCC (resíduos da
construção civil) tem se mostrado a frente no quesito benefícios, tais como: Redução no consumo
de recursos naturais não renováveis, redução de áreas necessárias para aterro, redução do consumo
de energia durante o processo de produção, reduções da energia utilizada para extração e transporte
dos materiais aos centros consumidores, redução da poluição, geração de emprego e renda.
A reciclagem de entulho faz com o mesmo seja reutilizado produzindo assim benefícios
não só econômicos, mas também ambientais e sociais, em vez de, simplesmente, serem
encaminhados para disposição final em aterros. Paschoalin (2012) afirma que a manufatura de
novos produtos derivados de RCC caracteriza-se como uma potencial contribuição para o
desempenho sustentável da Construção Civil, permitindo uma redução significativa na utilização
dos recursos naturais, melhoria da qualidade de vida da sociedade pela não disposição dos rejeitos
em aterros.
Porém para se obter tantos benefícios é necessário o investimento de uma quantia
significativa, pois para a instalação de uma usina de reciclagem de RCC em total funcionamento e
com todo maquinário necessário, custa um valor médio de R$2.811.960,00. Baseado em pesquisa
realizada com três fornecedores diferentes, como mostra a tabela 2 abaixo.
Tabela 2:
Itens Básicos
Selecionados Fornecedores Cálculos
Preço Preço
Unitário Unitário Preço
(R$) (R$) Unitário (R$)
A B C Valor Médio Desvio Padrão Cv
Obras Civis e
100.000,00 150.000,00 175.000,00 141.666,67 38.188,13 27,0
terraplanagem
Unidade Recicladora 400.000,00 1.100.000,00 1.800.000,00 1.100.000,00 700.000,00 63,6
Peneiras 60.000,00 300.000,00 1.000.000,00 453.333,33 488.398,74 107,7
Pá Carregadeira 175.000,00 400.000,00 600.000,00 391.666,67 212.622,51 54,3
Balança 200.000,00 350.000,00 400.000,00 316.666,67 104.083,30 33,0
Acabamento e
80.000,00 95.000,00 99.000,00 91.333,33 10.016,65 11,0
Instalações fixas
Arruamento e
100.000,00 120.000,00 180.000,00 133.333,33 41.633,32 31,2
Iluminação
Subtotal 1.115.000,00 2.115.000,00 4.254.000,00 2.628.000,00 1.572.547,93 59,8
Projeto (7%) 78.050,00 176.050,00 297.780,00 183.960,00 110.078,36 59,8
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No entanto, em longo prazo é rentável, pois o material pronto para uso é mais barato que o
tradicional, que vêm a ser o maior atrativo das construtoras, que acabam se vinculando com as
recicladoras uma vez que fornecem entulho da obra em e compram o produto de sua reciclagem.
A seguir na tabela 3 um comparativo de preços dos materiais convencionais e reciclados.
Tabela 3:
Figura 3:
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Figura 4:
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base no apresentado neste trabalho, conclui-se que a construção civil gera milhares de
toneladas de entulho todos os dias, os quais na grande maioria das vezes são descartados de maneira
imprópria, como nas encostas de rios ou ocupando o espaço de lixo nos aterros sanitários. Por esse
motivo, o estudo deste tema é de fundamental relevância no ramo da engenharia civil, uma vez que
a cada dia se fala mais em sustentabilidade e minimização da agressão ao meio ambiente.
Desta forma, a reutilização de materiais na construção civil trata de transformar os resíduos
das obras, normalmente encarados como entulhos e caliça, em produtos comerciais que possam ser
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REFERÊNCIAS
NBR 15114: Diretrizes para projeto, implantação e operação de áreas de reciclagem. Rio de Janeiro,
2004.