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RECICLAGEM DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Acadêmicos(as):
Carlos Alberto Probst
Gabriela Eyng
Luan Rodrigo Pereira
Michel Küster
Viviane Paladino Mazzi

Professor: Luciana Patricia Rosa Dias


Faculdade Metropolitana de Rio do Sul – UNIASSELVI/FAMESUL

Curso – Projeto Integrado Multidisciplinar III


28/10/2017

RESUMO

A construção civil é uma das atividades mais antigas da humanidade e a maior produtora de
entulhos. O entulho é todo material resultante do desperdício de uma construção ou o produto de
uma demolição, ou seja, todo material descartado e classificado como sem serventia em uma obra,
bem como restos de argamassa, pedaços de concreto, cacos de tijolos e telhas, pedaços de madeira,
etc. Com a crescente busca por sustentabilidade e novos recursos materiais para a construção
civil, além de uma resposta para a problemática na questão de destinação dos resíduos oriundos da
construção, surge uma possível solução, o reaproveitamento do entulho. O processo de reciclagem
de RCC (resíduos da construção civil) é na verdade bastante simples e sem complicação, e tem se
mostrado a frente no quesito benefícios. Porém para se obter tantos benefícios, necessita do
investimento de uma quantia significativa.

Palavras-chave: Entulho, Reciclagem, Custo-Benefício.

1 INTRODUÇÃO

Entulho são resíduos que não possuem mais utilização, resultantes de uma construção ou
demolição, bem como cacos de tijolos e telhas, restos de argamassas, pedaços de concreto, ou seja,
tudo que pode sobrar de uma obra. Geralmente esses resíduos não tem destino correto e são
descartados de maneira inadequada, como beiras de rios e aterros sanitários, e isso vem fazendo
com que os estudos em torno da reciclagem e reutilização desses resíduos seja cada vez maior,
principalmente nos dias atuais onde muito se valoriza a questão da sustentabilidade.
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Com o aumento dos centros urbanos, o gerenciamento dos resíduos está se tornando cada
dia mais difícil, devido à falta de aterros próximos às zonas centrais, fazendo com que o custo da
remoção e aterramento desses materiais fique cada vez maior.
O artigo tem como objetivo a conscientização e informação aos profissionais e à população
de que é possível e viável a utilização de materiais de construção alternativos a custos mais baixos.
Sendo assim, este trabalho visa pesquisar e encontrar meios de reaproveitamento do
entulho no intuito de levar conhecimento sobre o assunto aos interessados e colaborar com a
minimização da agressão ao meio ambiente.
Inicialmente se abordará a questão histórica do reaproveitamento do entulho, bem como a
origem da ideia e por qual motivo ela surgiu. Em seguida será explicado resumidamente o processo
de reutilização, assim como quais materiais podem ser utilizados e em quais áreas de construção são
indicados e podem ou não ser aplicados. Por fim, será apresentado uma pesquisa realizada com
empresas de reciclagem de entulhos, os custos referentes ao processo e o resultado dos testes físicos
feitos com o material reutilizado.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 ENTULHO

É todo material resultante do desperdício de uma construção ou o produto de uma


demolição, ou seja, todo material descartado e classificado como sem serventia em uma obra, bem
como restos de argamassa, pedaços de concreto, cacos de tijolos e telhas, pedaços de madeira, etc.

Resíduos da construção civil: são os provenientes de construções, reformas, reparo de


demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de
terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais,
resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento
asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de
entulhos de obras, caliça ou metralha. (CONAMA, 2002).

A construção civil é uma das atividades mais antigas da humanidade e a maior produtora
de entulhos, de acordo com a ABRECON (Associação Brasileira para a reciclagem de Resíduos da
Construção Civil e Demolição) no Brasil hoje é gerada meia tonelada de entulho por dia por
brasileiro, os quais ocupam 60% de todo lixo sólido produzido no país. Número preocupante uma
vez que nos damos conta de que pouco ou praticamente nada disto é reutilizado e acaba sendo
jogado em aterros sanitários ou clandestinos, encostas de rios, áreas de preservação natural, entre
outros lugares indevidos, acarretando em poluição ambiental e visual, assoreamento de rios,
aumento do gasto desnecessário do dinheiro público e uma infinidade de problemas.

2.2 REAPROVEITAMENTO DO ENTULHO


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Com a crescente busca por sustentabilidade e novos recursos materiais para a construção
civil, além de uma resposta para a problemática na questão de destinação dos resíduos oriundos da
construção, surge uma possível solução, o reaproveitamento do entulho, que ganhou força com a
resolução 307 do CONAMA de 2003 que diz que quem gera entulho é responsável pelo mesmo.

Art. 4º Os geradores deverão ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e,
secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação final. § 1 Os
resíduos da construção civil não poderão ser dispostos em aterros de resíduos domiciliares,
em áreas de “bota fora”, em encostas, corpos d`água, lotes vagos e em áreas protegidas por
Lei, obedecidos os prazos definidos no art. 13 desta Resolução.§ 2 Os resíduos deverão ser
destinados de acordo com o disposto no art. 10 desta resolução. (CONAMA; ago 2003.)

No entanto esta responsabilidade nem sempre é cumprida e por isso a reciclagem e o


reaproveitamento são a solução mais viável para este problema.
O primeiro registro de aproveitamento de entulho foi após a segunda guerra mundial, em
1946, quando os escombros de edifícios completamente destruídos foram britados e reutilizados
como agregado para e reconstrução de algumas cidades da Europa, porém no Brasil, ainda hoje, esta
proposta de reciclagem ainda está engatinhando, não pelo fato do assunto ser novidade e sim por
não ter ainda uma aceitação satisfatória pelas construtoras e/ou consumidor final, fato este que
ocorre pelo fácil acesso à riqueza de recursos naturais que o pais oferece.
Ainda assim o Brasil já conta com 310 usinas de reciclagem de resíduos sólidos registradas
pela ABRECON sendo que a maioria delas está situada no estado de São Paulo. Contudo essa
situação tende a mudar já que as leis ambientais vêm sendo alteradas acerca da destinação e
processamento de resíduos fazendo com que o setor cresça e abranja todo o território nacional.
Além de que ser sustentável garante ao setor da construção civil um crescimento acima do esperado
e ainda facilita as negociações com órgãos públicos e potenciais parceiros. Aliás, o
reaproveitamento contribui também com a limpeza da cidade, dos rios, diminui o impacto nos
aterros sanitários e lixões e até ameniza alagamentos e enchentes, uma vez que não vai parar em
bueiros e galerias de drenagem.
Não bastando os benefícios ambientais, o setor coopera inclusive no quesito social e
econômico, gerando emprego, renda, retorno financeiro para o empresário, mais a diminuição do
preço das construções uma vez que o custo do material se torna economicamente mais barato e
rentável.

2.2.1 Estudo da aplicabilidade do material reciclado

Em 2008 um experimento feito por técnicos e alunos da USP afirmou que o material
originado da reciclagem de resíduos da construção civil possui mesmas características dos materiais
convencionais se tratando de utilização não estrutural.
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O processo de reciclagem de RCC (resíduos da construção civil) é na verdade bastante


simples e sem complicação, e ocorre da seguinte forma: o entulho é recolhido na obra por uma
caçamba e é levado até o pátio da empresa responsável pela reciclagem, ali a caçamba é pesada
carregada e após ser descarregada, é pesada novamente para se saber a quantidade de entulho que
trouxe através da subtração dos pesos. O material depositado é inspecionado a fim de garantir que
não haja nenhum material diferente de agregado, (como plástico, aço, madeira) e em seguida levado
por máquina carregadeira até o britador onde é triturado. Concluída a britagem, é passado por
peneiras que definem a utilidade do material que pode ser classificado como agregado graúdo ou
miúdo.
A figura 1 apresenta o processo de moagem do entulho:

Figura 1:

Fonte: Urbem Tecnologia Ambiental.

A tabela 1 e figura 2 a seguir dispõe os materiais decorrentes do processo de reciclagem:

Tabela 1:

Produto Características Uso recomendado


Material com dimensão máxima
característica inferior a 4,8 mm, Argamassas de assentamento de alvenaria de
Areia reciclada isento de impurezas, proveniente vedação, contrapisos, solo-cimento, blocos e
da reciclagem de concreto e blocos tijolos de vedação.
de concreto.
Pedrisco reciclado Material com dimensão máxima Fabricação de artefatos de concreto, como
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Produto Características Uso recomendado


característica de 6,3 mm, isento de
impurezas, proveniente da blocos de vedação, pisos intertravados,
reciclagem de concreto e blocos de manilhas de esgoto, entre outros.
concreto.
Material com dimensão máxima
característica inferior a 39 mm,
Fabricação de concretos não estruturais e
Brita reciclada isento de impurezas, proveniente
obras de drenagens.
da reciclagem de concreto e blocos
de concreto.
Material proveniente da reciclagem
Obras de base e sub-base de pavimentos,
de resíduos da construção civil,
reforço e subleito de pavimentos, além de
Bica corrida livre de impurezas, com dimensão
regularização de vias não pavimentadas,
máxima característica de 63 mm
aterros e acerto topográfico de terrenos.
(ou a critério do cliente).
Material com dimensão máxima
característica inferior a 150 mm,
Obras de pavimentação, drenagens e
Rachão isento de impurezas, proveniente
terraplenagem.
da reciclagem de concreto e blocos
de concreto.

Fonte: Urbem Tecnologia Ambiental.

Figura 2:

Fonte: Urbem Tecnologia Ambiental.

2.3 CUSTOS
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O brasileiro tem o costume de ser adverso a novas tecnologias e meios de trabalho, até que
perceba alguma vantagem ou viabilidade econômica. E a reciclagem de RCC (resíduos da
construção civil) tem se mostrado a frente no quesito benefícios, tais como: Redução no consumo
de recursos naturais não renováveis, redução de áreas necessárias para aterro, redução do consumo
de energia durante o processo de produção, reduções da energia utilizada para extração e transporte
dos materiais aos centros consumidores, redução da poluição, geração de emprego e renda.
A reciclagem de entulho faz com o mesmo seja reutilizado produzindo assim benefícios
não só econômicos, mas também ambientais e sociais, em vez de, simplesmente, serem
encaminhados para disposição final em aterros. Paschoalin (2012) afirma que a manufatura de
novos produtos derivados de RCC caracteriza-se como uma potencial contribuição para o
desempenho sustentável da Construção Civil, permitindo uma redução significativa na utilização
dos recursos naturais, melhoria da qualidade de vida da sociedade pela não disposição dos rejeitos
em aterros.
Porém para se obter tantos benefícios é necessário o investimento de uma quantia
significativa, pois para a instalação de uma usina de reciclagem de RCC em total funcionamento e
com todo maquinário necessário, custa um valor médio de R$2.811.960,00. Baseado em pesquisa
realizada com três fornecedores diferentes, como mostra a tabela 2 abaixo.

Tabela 2:

Itens Básicos
Selecionados Fornecedores Cálculos
Preço Preço
Unitário Unitário Preço
(R$) (R$) Unitário (R$)
A B C Valor Médio Desvio Padrão Cv
Obras Civis e
100.000,00 150.000,00 175.000,00 141.666,67 38.188,13 27,0
terraplanagem
Unidade Recicladora 400.000,00 1.100.000,00 1.800.000,00 1.100.000,00 700.000,00 63,6
Peneiras 60.000,00 300.000,00 1.000.000,00 453.333,33 488.398,74 107,7
Pá Carregadeira 175.000,00 400.000,00 600.000,00 391.666,67 212.622,51 54,3
Balança 200.000,00 350.000,00 400.000,00 316.666,67 104.083,30 33,0
Acabamento e
80.000,00 95.000,00 99.000,00 91.333,33 10.016,65 11,0
Instalações fixas
Arruamento e
100.000,00 120.000,00 180.000,00 133.333,33 41.633,32 31,2
Iluminação
Subtotal 1.115.000,00 2.115.000,00 4.254.000,00 2.628.000,00 1.572.547,93 59,8
Projeto (7%) 78.050,00 176.050,00 297.780,00 183.960,00 110.078,36 59,8
7

TOTAL 1.193.050,00 2.291.050,00 4.551.780,00 2.811.960,00 1.682.626,29 119,60

Fonte: SIMPOI 2015

No entanto, em longo prazo é rentável, pois o material pronto para uso é mais barato que o
tradicional, que vêm a ser o maior atrativo das construtoras, que acabam se vinculando com as
recicladoras uma vez que fornecem entulho da obra em e compram o produto de sua reciclagem.
A seguir na tabela 3 um comparativo de preços dos materiais convencionais e reciclados.

Tabela 3:

Tipos de Media Material


Agregado Natural Natural Reciclado
Preço m³ (R$) Preço m³(R$) Preço m³ (R$) Preço m³ (R$)
Fornecedor A Fornecedor B
Areia Média 92,00 90,00 91,00 45,00
Brita 0 90,00 90,00 90,00 43,00
Brita 1 85,00 87,00 86,00 40,00
Brita 2 85,00 85,00 85,00 40,00
Brita 3 75,00 80,00 77,50 40,00
Bica Corrida 70,00 75,00 72,50 35,00
Rachão 75,00 75,00 75,00 40,00

Fonte: Dados da pesquisa

2.4 TESTE FÍSICO

Para conferência da teoria, foram realizados em um laboratório de uma empresa da região,


testes de resistência mecânica e testes de resistência à compressão. Foram coletados de uma obra
cerca de 5 quilogramas de entulho, o qual foi manualmente moído e exposto a teste em prensa
conforme exige a NBR 5739.
Para um conjunto de seis corpos de prova foram usados 1882 gramas do agregado, 624
gramas de cimento Portland CPII e 300 gramas de água. Foram realizados testes de resistência a
compressão para os corpos de prova com tempo de 1, 3 e 7 dias onde apresentaram uma resistência
de 3,93 kgf/m², 7,76kgf/m² e 9,96kgf/m² respectivamente, enquanto os testes com agregados
convencional apresentou resistência de 16,08kgf/m², 25,8kgf/m² e 29,05kgf/m², o que confirmou
que agregados providos de reciclagem não devem ser utilizados para fins estruturais, e sim somente
para utilização de baixa resistência, como para fabricação de blocos de concreto, contrapisos, base e
sub-base de pavimentação.
Nas figuras 3 e 4 a seguir, aparecem alguns produtos finais da utilização do entulho na
produção de novos materiais:

Figura 3:
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Fonte: Monteiro tijolos

Figura 4:

Fonte: Setor Reciclagens

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base no apresentado neste trabalho, conclui-se que a construção civil gera milhares de
toneladas de entulho todos os dias, os quais na grande maioria das vezes são descartados de maneira
imprópria, como nas encostas de rios ou ocupando o espaço de lixo nos aterros sanitários. Por esse
motivo, o estudo deste tema é de fundamental relevância no ramo da engenharia civil, uma vez que
a cada dia se fala mais em sustentabilidade e minimização da agressão ao meio ambiente.
Desta forma, a reutilização de materiais na construção civil trata de transformar os resíduos
das obras, normalmente encarados como entulhos e caliça, em produtos comerciais que possam ser
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novamente utilizados, criando oportunidades de reuso e reciclagem, que se traduz em


sustentabilidade e preservação ambiental.
O trabalho apresenta alternativas do reaproveitamento do entulho como argamassas, blocos
de alvenaria, sub-base de pavimentação, entre outros citados, concluindo que a reciclagem de
entulhos é economicamente viável para as empreiteiras e ecologicamente adequado para a
preservação do meio ambiente.

REFERÊNCIAS

ABRECON – Associação brasileira para reciclagem de resíduos da construção civil e demolição.


Pagina institucional <abrecon.org.br>. Acesso em: 23 out. 2017.

NBR 15114: Diretrizes para projeto, implantação e operação de áreas de reciclagem. Rio de Janeiro,
2004.

PASCHOALIN FILHO, J, A; GRAUDENZ, G, S. Destinação irregular de resíduos de construção e


demolição (RCD) e seus impactos na saúde coletiva. Revista de Gestão Social e Ambiental, v.6, n.1,
p 127-137, 2012.

Resolução CONAMA Nº 307/2002 - "Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão


dos resíduos da construção civil". 05 jun. 2002 - Publicação DOU nº 136, de 17 jun.2002, pág. 95-
96.

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