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RESUMO:
O presente artigo tem como objetivo informar à luz de uma visão de cidadão comum, as
regras que a Lei de Acesso à Informação pretende instituir. Nesta avaliação o que se
pretende demonstrar é a importância do acesso à informação por parte de qualquer
brasileiro, para a democracia, ao mesmo tempo em que não se deixa de considerar a
obrigatória mudança que terá que ser operada na forma e conceituação da prestação do
serviço público no Brasil. Por outro lado, concluímos pela necessidade da criação de um
novo serviço em todos os Entes Públicos Municipais e a habilitação, treinamento e
atualização de servidores para o atendimento desta nova obrigação.
I – INTRODUÇÃO.
Num conjunto de seis capítulos e quarenta e sete artigos a lei pretende regrar
inteiramente os procedimentos a serem adotados para que o cidadão brasileiro possa ter
acesso integral a todas as ações dos gestores da res pública.
II - CENÁRIO
Não prestar informações que são públicas decorre do não querer informar ou
do não ter para informar ou ainda do não saber como informar?
1
Diretora Jurídica da Confederação Nacional de Municípios. Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais
pela Universidade de Cruz Alta. Especialista em Gestão Estratégica Municipal.
Avançada em relação ao que é feito na maioria dos países, a lei brasileira
quer alcançar um patamar de eficiência que somente agora e aos poucos, começamos a
perseguir.
Sabemos todos que nada disso ocorreu e que os tímidos auxílios alcançados,
o foram através de financiamentos inacessíveis à esmagadora maioria dos Municípios
brasileiros.
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LC.101/2000 – Art. 64 A União prestará assistência técnica e cooperação financeira aos Municípios
para a modernização das respectivas administrações tributária, financeira, patrimonial e previdenciária,
com vistas ao cumprimento das normas desta Lei Complementar.
§ 1º A assistência técnica consistirá no treinamento e desenvolvimento de recursos humanos e na
transferência de tecnologia, bem como no apoio à divulgação dos instrumentos de que trata o art.48 em
meio eletrônico de amplo acesso público.
§ 2º A cooperação financeira compreenderá a doação de bens e valores, o financiamento por intermédio
das instituições financeiras federais e o repasse de recursos oriundos de operações externas.
A transparência, importante e desejada, fica muito aquém das expectativas
em decorrência dessas estruturas precárias de tecnologia da informação, embora os
Municípios e seus gestores estejam fazendo o máximo para atender ao preconizado pela
legislação.
Portanto, embora meritório o propósito legal, mais uma vez está sendo
vendida à população uma ilusão inexeqüível na sua plenitude e que como sempre,
onerará o erário municipal, diminuindo o atendimento às necessidades mais prementes
da população.
III – ALCANCE:
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LC nº. 131, de 27.5.2009 - Acrescenta dispositivos à Lei Complementar nº. 01, de 4 de maio de 2000,
que estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras
providências, a fim de determinar a disponibilização, em tempo real, de informações pormenorizadas
sobre a execução orçamentária e financeira da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
para o cidadão brasileiro, acenando com uma via de solução que não vai solucionar
coisa alguma.
O público no Brasil é tido como aquilo que é de alguém que não sou eu. O
que é público pode ser usado de qualquer forma, pode ser danificado, pode ser
destruído, pode ser desperdiçado, pois não é MEU!
4
Lei nº 12.527 de 18 de novembro de 2011 - Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII
do art. 5o, no inciso II do § 3o do art. 37 e no § 2o do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei no
8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei no
8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências.
5
Constituição Federal de 1988- art. 5º XXXIII – todos tem direito a receber dos órgãos públicos
informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da
lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado.
6
Constituição da República de 1988- § 3º do art. 37 – A lei disciplinará as formas de participação do
usuário na administração pública direta e indireta, regulando especialmente: II – o acesso dos usuários a
registros administrativos e a informações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X e
XXXIII.
sociedades de economia mista e todas as Entidades controladas direta ou indiretamente
pelos Entes que formam a Federação Brasileira.
IV – CONDIÇÕES DE EXECUÇÃO:
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Informação sigilosa - aquela submetida temporariamente à restrição de acesso público em razão de sua
imprescindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado.
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Informação pessoal – aquela relacionada à pessoa natural identificada ou identificável.
documentos públicos, pelo treinamento e atualização dos servidores que atuarão na
organização dos documentos e no atendimento à população.
Quando não puder ser autorizado o acesso pleno à informação, por ser ela
parcialmente sigilosa, poderá ser fornecida certidão ou cópia de documentos relativos ao
que não estiver resguardado por sigilo, devendo o requerente ser informado com
justificativa adequada sobre a inviabilidade da plenitude do acesso.
9
Listagem divulgada pela Secretaria de Prevenção da Corrupção e Informações Estratégicas – SPCI da
Controladoria Geral da União.
O art. 37 da Constituição da República Federativa do Brasil10 elenca a
publicidade dos atos da administração como um dos princípios fundamentais da
administração pública. Portanto, a publicidade das práticas administrativas é a regra. No
mesmo artigo, no seu § 1º a Carta Magna quantifica o que deve ser publicado e a forma
de fazê-lo.
10
Art.37 da Constituição da República Federativa do Brasil.
“A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também ao seguinte”:
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter
caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou
imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.”
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Lei nº 10.098 de 19 de dezembro de 2000.
2000, e da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada
pelo Decreto Legislativo nº. 186, de 9 de julho de 2008.
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Informação ultassecreta: prazo de segredo de 25 anos, renovável uma única vez;
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Informação secreta: prazo de segredo: 15 anos
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Informação reservada: prazo de segredo: 5 anos
Regulamento a ser editado tratará de todos os procedimentos a serem
adotados no tratamento das informações pessoais e dos cuidados com sua utilização.
XII – CONCLUSÃO.
Por outro lado possibilitarão a fiscalização em tempo real dos atos e práticas
das administrações em todos os níveis e quem sabe comece a despertar os brasileiros
para a real preocupação com o público e o gerenciamento desta res pública que é de
todos e que nossa negligência permite muitas vezes que grupos ou pessoas, ou famílias
dela se apropriem sem qualquer constrangimento ou pudor.
Vamos torcer para que ela seja um marco de educação e orientação do voto
no Brasil.