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FARMACOLOGIA

VETERINÁRIA

Aula 7 Drogas bloqueadoras


neuromusculares de ação periférica
Sistema nervoso periférico somático

• Inervação da musculatura esquelética


• Controle das funções motoras do organismo
• Origem dos axônios na medula espinhal
• Liberam o neurotransmissor acetilcolina na junção
neuromuscular
• Constituído por 1 via motora (neurônio pré-ganglionar).
SISTEMA NERVOSO
PERIFÉRICO SOMÁTICO
Usos dos bloqueadores
neuromusculares
• Produção de relaxamento muscular esquelético para facilitar
acesso cirúrgico (laparatomias, toracotomias e laminectomia);
• Proporcionam relaxamento da musculatura esquelética em
procedimentos ortopédicos para a redução de fraturas;
• Realizar paralisia dos músculos respiratórios de maneira a
possibilitar a respiração artificial controlada, facilitar a
intubação endotraqueal;
• Uso em procedimentos de anestesia balanceada com o
objetivo de reduzir a quantidade de anestésico necessário em
pacientes de alto risco.
Usos dos bloqueadores
neuromusculares
• Não bloqueiam a dor (não afetam os mecanismos
sensoriais), por isso seu uso único é proibido.
• É necessária associação com drogas que causam
analgesia e anestesia adequada à cirurgia.
Sequência de relaxamento
• Músculos da face, da mandíbula e da cauda são os
primeiros a apresentar paralisia (30 a 60 segundos após
administração IV).
• Músculos do tronco e pescoço;
• Músculos da deglutição e faríngeo;
• Músculos abdominal e intercostal;
• Músculo diafragmático é o último a paralisar.
DROGAS BLOQUEADORAS
NEUROMUSCULARES
Drogas bloqueadoras
Drogas despolarizantes competitivas
• Succinilcolina • Tubocurarina
• Decametônio • Galamina
• Pancurônio
• Alcurônio
• Atracúrio
• Vencurônio
Produzem seu efeito bloqueando a resposta de estímulos dos
neurônios motores na musculatura esquelética.
Agentes neurobloqueadores
despolarizantes
• Mecanismo de ação: a succinilcolina atua como
a acetilcolina para despolarizar a junção
neuromuscular. Apresenta início de paralisia
após 2 minutos.
• Ao se ligar ao receptor nicotínico muscular
esquelético, ela impede a repolarização e
transmissão dos impulsos subsequentes, sendo
Succinilcolina hidrolisada muito mais lentamente que
acetilcolina pela AChE (colinesterase).
• Nesse processo continuado, a succinilcolina
ainda torna a junção neuromuscular resistente
a novas despolarizações. Instala-se a paralisia
flácida.
Succinilcolina
• Ruminantes possuem baixos níveis plasmáticos de colinesterases, e por isso são
muito sensíveis à succinilcolina, sendo contraindicado o seu uso nessas espécies.
• Medicamentos que reduzam os níveis de colinesterase (organofosforados e alguns
antihelmínticos) utilizados até 1 mês antes da administração de succinilcolina
podem interferir.
• Pode causar várias alterações: hiperpotassemia, elevação da pressão intracranial e
intraocular, mialgia (fasciculações), arritmias cardíacas (se liga aos receptores
muscarínicos do coração), indivíduos com compormetimento hepático (dano
hepático grave, caquéticos, mal nutridos) podem apresentar prolongamento dos
efeitos da succinilcolina (fígado produz as colinesterases). Liberação moderada de
histamina.
Agentes neurobloqueadores não
depolarizantes ou competitivos
Tubocurarina
• Mecanismo de ação: ocupam o receptor nicotínico muscular esquelético, mas
não o ativam. Isso reduz o número de receptores N disponíveis para a ACh, e o
estímulo necessário para excitar o músculo não é alcançado levando ao
relaxamento muscular.
• Apesar de ser hidrofílica, passa em pequenas quantidades pelas barreiras
hematoencefálica e placentária; é uma molécula estável, não é absorvida pelo
TGI, e após administração parenteral a tubocurarina acumula-se nos fluidos
extracelulares (biotransformada lentamente no fígado / eliminada pelos rins) – se
houver necessidade de novas doses, estas devem ser consideravelmente
reduzidas.
• A administração IV deve ser lenta e contínua até
que os efeitos desejados sejam observados.
• Características do bloqueio:
• Aparecimento lento; ausência de fasciculações
musculares; mesmo o músculo estando relaxado
ele pode responder a outros estímulos; possuem
antagonistas específicos – agentes anti-
Tubocurarina colinesterásicos (agonistas colinérgicos indiretos).
• Aumentando-se a concentração de Ach na fenda
sináptica haverá um deslocamento do agente
neurobloqueador do receptor nicotínico no
músculo esquelético.
• Contraindicado seu uso em cães – intensos efeitos
cardiovasculares e hipotensão pela liberação de
histamina.
Atracúrio
• Desprovido de efeitos colaterais cardiovasculares;
• A sua biotransformação ocorre no plasma (eliminação de Hoffmann)
independente das funções hepáticas e renais; é uma molécula termolábil (manter
a 4°C).
• Possui pequeno efeito acumulativo em doses repetitivas.
• É usado em pacientes com insuficiência renal e hepática.
• Provoca efeitos cardiovasculares mínimos.
• Provoca pequena liberação de histamina, por isso sinais clínicos de hipotensão e
taquicardia não são vistos.
Vencurônio
• É desprovido de efeito acumulativo e possui menor latência para
aparecimento de efeitos de paralisia.
• Pode ser utilizado em pacientes com insuficiência renal pois não tem
a via urinária como principal via de eliminação – a excreção do
vencurônio ocorre por via hepática – deve ser utilizado com cuidado
em pacientes hepatopatas.
• A biotransformação do vencurônio é desprezível, sendo eliminado de
forma inalterada pela bile.
Dantroleno
• Relaxante muscular diferente dos demais, atua na liberação de 𝐶𝑎+2
do retículo endoplasmático, e não atua nos músculos cardíacos e
respiratórios em doses terapêuticas.
• Em veterinária – tratamento da hipertermia malígna, tratamento da
obstrução funcional uretral (por aumento do tônus), em equinos
tratamento e prevenção da miosite pós-anestésica e da rabdomiólise,
tratamento da síndrome do estresse em suínos.
• Possui efeitos hepatotóxicos importantes.
Reversão do bloqueio de antagonistas de
neurobloqueadores não despolarizantes
Inibidores da colinesterase
• Principalmente neostigmina, piridostigmina, edrofônio.
• Relaxantes musculares competitivos como tubocurarina podem ter seus
efeitos revertidos por inibidores da AChE, pois estas substâncias
proporcionam um acúmulo de Ach na fenda sináptica que ocasiona o
deslocamento da tubocurarina do receptor nicotínico da fibra muscular,
permitindo sua ligação à Ach.
• Cuidado: acúmulo de Ach estimulará receptores muscarínicos de todo o
organismo – necessário aplicar atropina para evitar efeitos indesejáveis
como bradicardia, salivação, aumento da micção e aumento da
defecação.
• Uso de atropina: 0,03 - 0,05mg/kg
Efeitos colaterais e contraindicações
• Bloqueio ou interferência da transmissão colinérgica
nos gânglios autônomos e receptores muscarínicos
cardíacos.
• Liberação de histamina (salivação, secreção brônquica,
queda na pressão arterial e espasmo brônquico) –
(tubocurarina>succinilcolina>galamina>atracúrio)
• Cães e gatos são mais sensíveis à liberação de
histamina.
• Evitar – injetar lentamente, usar anti-histaminicos
profilaticamente.
Efeitos colaterais e contraindicações

• Todas as drogas bloqueadoras neuromusculares podem


produzir apneia – necessitando respiração artificial.
• Succinilcolina – contração muscular dolorosa, bradicardia
e aumento das secreções bronquiolar e salivar. Pode
ocorrer hipertermia maligna em porcos e cavalos.
• Tubocurarina – reduz a pressão sanguínea devido à
liberação de histamina e pelo bloqueio da transmissão
em gânglios autonômicos.
Interações medicamentosas
• Medicamentos anticolinesterásicos prolongam os efeitos da
succinilcolina, e podem tratar superdosagem de tubocurarina e de
outros competitivos.
• Aminoglicosídeos (estreptomicina, gentamicina, tobramicina),
polimixina, clindamicina, lincomicina, tetraciclinas - podem interferir
na transmissão neuromuscular da Ach e devem ser evitados seu uso
concomitante aos neurobloqueadores de ação periférica.
• Agentes anestésicos como quetamina, enfluorano, isofluorano e
halotano potencializam a ação de neurobloqueadores não
despolarizantes.
Interações medicamentosas
• Anestésico local bupivacaína potencializa os efeitos de ambos
neurobloqueadores ( despolarizantes e não despolarizantes).
• Anestésico local lidocaína e procaína prolongam a ação da
succinilcolina (neurobloqueadores despolarizantes) através da
inibição da AchE.
• Diminuição de níveis séricos de magnésio, cálcio, potássio, cálcio,
podem potencializar o bloqueio neuromuscular produzido por estes
medicamentos.
• Hipotermia pode retardar o início da ação dos bloqueadores
neuromusculares.
DUVIDAS???
Referências Bibliográficas
• Spinosa HS, Górniak SL, Bernardi MM. Sistema nervoso
autônomo e junção neuromuscular. In: Farmacologia aplicada à
medicina veterinária. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2015. p. 49-93.
• Vital MABF, Acco A. Agonistas e antagonistas colinérgicos.
Spinosa HS, Górniak SL, Bernardi MM. Farmacologia aplicada à
medicina veterinária. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2015. p. 64 – 76.

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