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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

INTENSIVO I
Prof. Fredie Didier

INTRODUÇÃO AO PROCESSO CIVIL CONTEMPORÂNEO................................................................ 6

PRINCÍPIOS DO PROCESSO CIVIL: ..................................................................................................... 13

JURISDIÇÃO ................................................................................................................................................ 33

COMPETÊNCIA............................................................................................................................................ 61

Conceito ...................................................................................................................................................... 61

1. Princípio do Juiz Natural ................................................................................................................. 61

2. Princípio da Tipicidade da Competência ....................................................................................... 62

3. Princípio da Indisponibilidade da Competência .......................................................................... 62

Distribuição da Competência .................................................................................................................. 63

Classificação da Competência ................................................................................................................. 67

Originária X Derivada .......................................................................................................................... 67

Originária ........................................................................................................................................... 67

Derivada ............................................................................................................................................. 68

Competência Absoluta X Relativa ...................................................................................................... 69

3 Critérios de distribuição da competência ........................................................................................... 74

Competência da Justiça Federal .............................................................................................................. 83

CONEXÃO E CONTINÊNCIA ................................................................................................................. 100

Conflito de Competência........................................................................................................................ 118

TEORIA DA AÇÃO .................................................................................................................................... 121

3. Elementos da Ação .......................................................................................................................... 127

CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES ........................................................................................................... 138

TEORIAS SOBRE O DIREITO DE AÇÃO ............................................................................................... 158

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Condições da Ação ...................................................................................................................................... 166

1. Possibilidade Jurídica do Pedido .................................................................................................. 166

2. Legitimidade ad causam ................................................................................................................ 167

3. Interesse de agir ............................................................................................................................... 174

Pressupostos processuais ........................................................................................................................... 176

Litisconsórcio ............................................................................................................................................... 207

Intervenção de Terceiros ............................................................................................................................ 236

1. Conceitos Fundamentais ................................................................................................................ 237

2. Fundamentos da Intervenção de 3º............................................................................................... 238

3. Efeitos da Intervenção de 3º no processo ..................................................................................... 239

4. Controle pelo Magistrado .............................................................................................................. 239

5. Cabimento ........................................................................................................................................ 240

6. Modalidades..................................................................................................................................... 245

6.1 Assistência ................................................................................................................................ 245

6.2 Intervenções especiais dos entes públicos ........................................................................... 253

6.3 Oposição ................................................................................................................................... 255

INTERVENÇÕES de TERCEIRO PROVOCADAS ................................................................................. 264

1. Chamamento ao Processo – CPC 77 ............................................................................................. 265

2. Nomeação à Autoria ....................................................................................................................... 271

3. Denunciação da Lide ...................................................................................................................... 276

4. Denunciação da Lide X Chamamento à Autoria ........................................................................ 287

Petição Inicial ............................................................................................................................................... 301

1. Petição Inicial & Demanda ............................................................................................................. 301

2. Requisitos ......................................................................................................................................... 301

3. Emenda ............................................................................................................................................. 308

4. Alteração da Petição Inicial ............................................................................................................ 309

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5. Aditamento da Petição Inicial ....................................................................................................... 310

6. Redução da Petição Inicial ............................................................................................................. 311

7. Indeferimento da Petição Inicial ................................................................................................... 312

PEDIDO ........................................................................................................................................................ 329

1. Requisitos do Pedido ...................................................................................................................... 329

2. Cumulação de Pedidos ................................................................................................................... 334

3. Litisconsórcio ................................................................................................................................... 339

4. Cumulação de Pedidos ................................................................................................................... 342

RESPOSTA DO RÉU ................................................................................................................................... 343

1. Contestação ...................................................................................................................................... 344

REVELIA ...................................................................................................................................................... 362

1. Conceito ............................................................................................................................................ 362

2. Efeitos ................................................................................................................................................ 362

3. Regras que protegem o réu revel .................................................................................................. 363

EXCEÇÕES INSTRUMENTAIS ................................................................................................................ 370

1. Incompetência Relativa .................................................................................................................. 370

2. Impedimento/Suspeição ................................................................................................................ 370

RECONVENÇÃO ........................................................................................................................................ 375

PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES E JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO


PROCESSO ................................................................................................................................................... 383

1. Providências Preliminares.............................................................................................................. 383

2. Julgamento conforme o estado do processo ................................................................................ 391

TEORIA DA PROVA .................................................................................................................................. 411

1. Acepções de “Prova” ...................................................................................................................... 411

2. Prova e Contraditório ..................................................................................................................... 413

3. Poder Instrutório do Juiz ................................................................................................................ 414

4. Objeto da Prova ............................................................................................................................... 416

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5. Sistemas de valoração da Prova .................................................................................................... 421

6. Distinção entre Indícios e Presunções .......................................................................................... 424

7. Ônus da prova ................................................................................................................................. 425

DECISÃO JUDICIAL .................................................................................................................................. 430

1. Decisões de Juiz ............................................................................................................................... 430

2. Decisões de Tribunal ....................................................................................................................... 430

3. Elementos da Decisão (3) ............................................................................................................... 431

4. Requisitos da Decisão ..................................................................................................................... 440

5. Efeitos da Decisão............................................................................................................................ 445

6. Coisa julgada .................................................................................................................................... 448

Eficácia preclusiva da coisa julgada: ...................................................................................................... 450

Ação Rescisória ............................................................................................................................................ 454

Querela nullitatis ......................................................................................................................................... 454

Tutela ............................................................................................................................................................ 457

1. Tutela Definitiva .............................................................................................................................. 457

2. Tutela Provisória ............................................................................................................................. 458

3. Histórico do Problema .................................................................................................................... 460

4. Pressupostos da Tutela Antecipada.............................................................................................. 470

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*INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA:

- Lições de Direito Processual Civil – Alexandre Câmara;

- Curso Sistematizado de Direito Processual Civil – Cassio Scarpinella


Bueno;

- Curso de Direito Processual Civil – Luiz Guilherme Marinoni;

- Curso de Processo Civil – Fredie Didier Jr.;

- Manual de Processo Civil – Daniel Assumpção Neves;

- Processo Civil - Rinaldo Mouzalas;

- Leituras complementares de processo civil;

- site www.frediedidier.com.br – link editorial.

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Há três vetores para se compreender o processo civil atualmente.


São três pilares para se estudar o processo civil:

1)

A ciência jurídica sofreu profundas transformações nos últimos


tempos. Ora, se a teoria do direito mudou, o processo civil não poderia
ficar imune a tais transformações. A própria ciência do processo foi
atualizada pelas transformações que a ciência do direito sofreu nos
últimos cinqüenta anos, mais precisamente. Mudou-se a teoria das fontes
do direito e a hermenêutica jurídica.

Na teoria das fontes, a primeira grande mudança foi o


desenvolvimento da chamada teoria dos princípios. Hoje, sabe-se que o
princípio é uma espécie de norma jurídica. O principio não é, como era
antigamente, apenas uma técnica para preencher lacuna. Logo, principio
tem preceito que deve ser observado. Princípios, ao lado das regras, são
normas e, portanto, impõem observância. O art. 126 do CPC, escrito há
mais de 30 anos, retrata o antigo papel dos princípios. Este dispositivo

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está superado, tendo em vista a evolução da teoria do direito. Hoje, pois,


o juiz pode aplicar um principio sozinho.

A segunda mudança na teoria das fontes, que tem impacto no


processo, é o papel da jurisprudência no direito. Hoje, não há mais
dúvidas de que a jurisprudência é fonte do direito. Isto não se discute
mais. O que se discute é qual o papel da jurisprudência enquanto fonte
do direito. A jurisprudência é uma norma com duas grandes
características (que a diferenciam da lei): a) é uma norma construída a
partir de um caso concreto; b) é uma norma para ser aplicada a fatos
semelhantes futuros.

Por fim, a terceira mudança na teoria das fontes diz respeito à


técnica legislativa. Hoje, o legislador reconhece sua incapacidade de
prever todas as situações possíveis. O legislador é impotente diante da
complexidade da vida. Assim, o direito foi invadido por textos
normativos abertos. Exemplo disso é a previsão de que a propriedade
deve cumprir sua função social. Isto deixa o sistema aberto, que passa a
ser transformado pela jurisdição. Paulatinamente, passa-se a se descobrir
o que é função social, por exemplo. Outro exemplo é a previsão de agir
com boa-fé. Cabe ao juiz definir os contornos normativos do texto legal.
Esses textos normativos abertos, característica do direito atual, são
chamados de cláusula geral. Explica-se: toda norma tem uma hipótese
fática (situação descrita sobre a qual incide) e um preceito normativo
(conseqüência jurídica da incidência da norma). A cláusula geral é
justamente um texto normativo aberto na hipótese fática (não se sabe
exatamente quais as situações de incidência da norma) e no preceito
normativo (também não se sabe as conseqüências normativas da
incidência). Exemplo: não se sabe a conseqüência de não se comportar de

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acordo com a boa-fé. É o juiz que também vai dizer qual a conseqüência
jurídica da incidência da norma. O juiz concretiza o texto normativo
aberto nas duas pontas.

Recentemente, saiu uma decisão no STJ que aquele credor que não
faz nada pra diminuir seu prejuízo não pode reclamá-lo depois. Trata-se
de um comportamento contrário à boa-fé. O credor tem o dever de
mitigar seu prejuízo. Não há texto neste sentido, mas aplicou-se a
cláusula geral da boa-fé. Veja que as cláusulas gerais são sintomas de
transformação do direito. Elas deixam o sistema mais flexível (menos
rígido). Hoje, há inúmeras cláusulas gerais processuais. Tanto é assim
que o projeto do novo CPC é recheado de cláusulas gerais. Exemplos de
cláusulas gerais processuais são: o devido processo legal; a boa-fé
processual (art. 14, II, CPC); o poder geral de cautela (art. 798, CPC); o
poder geral de efetivação (art. 461, § 5º, CPC), dentre outros. No que se
refere à hermenêutica jurídica, temos as seguintes mudanças: em
primeiro, deve-se ter em mente que uma coisa é o texto e outra coisa é a
norma. O juiz interpreta texto para tirar dele uma norma. A norma é o
produto da interpretação de um texto. Texto e norma não se confundem.
Esta distinção é fundamental. O juiz não interpreta normas. O texto é um
só, mas dele podem ser extraídas várias normas. Ex: o texto “proibido a
utilização de biquínis” gera normas completamente diferentes. Na
década de 50, significava que só podia utilizar maiô. Hoje, significa que
só pode entrar nu. Veja que o mesmo texto gera normas completamente
opostas. Hoje, é indiscutível que quem interpreta cria. Ou seja, o juiz, ao
interpretar o texto jurídico, cria normas. No entanto, essa atividade
criativa deve observar parâmetros. Por fim, temos o desenvolvimento
dos postulados da proporcionalidade e razoabilidade. Não é qualquer

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aplicação do direito que é lícita. O direito deve ser aplicado com


proporcionalidade e razoabilidade;

2)
Atualmente, é fundamental a relação entre processo e Constituição.
A Constituição trouxe uma série de normas processuais, não apenas
aquelas que se aplicam diretamente (ex: normas de competência), mas
também normas constitucionais processual que influenciam a produção
legislativa infraconstitucional. Temos três aspectos importantes aqui: o
primeiro é a força normativa da Constituição. Significa dizer que a
Constituição é norma, que se aplica diretamente. Antes, a Constituição
era tida como uma Carta de intenções, desprovida de força normativa. A
Constituição é norma que pauta o direito positivo e deve ser cumprida
diretamente. Nós passamos do Estado legislativo (fundado na lei) para o
Estado Constitucional de Direito. É o Estado regido pelas normas
constitucionais. O centro do sistema não é mais a lei, mas sim a
Constituição.

A segunda transformação do direito constitucional é o


desenvolvimento da teoria dos direitos fundamentais. Importante
destacar aqui a distinção entre as dimensões dos direitos fundamentais.
Temos a dimensão objetiva e a dimensão subjetiva. Objetivamente, os
direitos fundamentais são normas, que devem ser observadas pelo
legislador infraconstitucional. Nesta dimensão, os direitos fundamentais,
orientam a criação de outras normas. Assim, uma lei que não prevê o
contraditório viola a dimensão objetiva (norma) dos direitos
fundamentais. Viola a norma que prevê o contraditório. Subjetivamente,
o direito fundamental é um direito. Assim, cada individuo tem o direito

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de exigir no caso concreto que seu direito seja produzido. Assim, na sua
dimensão objetiva, o direito fundamental à herança não pode ser restrito
por lei infraconstitucional. Subjetivamente, significa que cada pessoa
pode invocar a proteção do seu direito fundamental à herança.
Relacionemos, portanto, o processo com os direitos fundamentais. Deve-
se relacionar o processo com as duas dimensões dos direitos
fundamentais. Objetivamente, as normas processuais devem estar em
conformidade com as normas de direitos fundamentais. Subjetivamente,
as normas processuais tem de estar preparadas e adequadas para
proteger os direitos fundamentais. Não basta que o processo seja
organizado de acordo com os direitos fundamentais. É preciso que o
processo proteja bem os direitos fundamentais. Exemplo: O Habeas
Corpus é um tipo de procedimento criado para tutelar mais eficazmente o
direito fundamental à liberdade.

O terceiro ponto importante é a valorização da jurisdição


constitucional. No Brasil, basta ver que qualquer juiz pode afastar a
incidência de uma lei inconstitucional. Ademais, temos o controle
concentrado de constitucionalidade. Assim, o juiz pode afastar a
aplicação de uma norma processual por entender que ela é
inconstitucional. Exemplo: uma lei diz que o prazo de defesa é de 2 dias.
O juiz pode considerar tal prazo inconstitucional, pois não permite o
exercício do contraditório, violando, desta forma, a Constituição.

*A esse conjunto de transformações pelas quais passaram a teoria


do direito e a ciência do direito constitucional, dá-se o nome de
neoconstitucionalismo. Tal rubrica é criticada, uma vez que haveria
diversos neoconstitucionalismos. Assim, há quem prefira designar essas
transformações de neopositivismo, pós-positivismo. Nada obstante, a

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onda neoconstitucionalista começou a ser criticada. Tais críticas não


negam as transformações ocorridas, mas sugerem a minimização dos
exageros trazidos pelo neoconstitucionalismo. Assim, o principio não
sobreporia todas as regras, como pretendem os exagerados
neoconstitucionalistas. Há dois textos críticos importantes em relação ao
neoconstitucionalismo, um de Humberto Ávila e outro de Daniel
Sarmento, os quais se recomenda fortemente a leitura. Já se diz hoje que
estamos vivendo uma nova fase da evolução da ciência do processo, que
é a fase de aplicação de tudo isto à ciência do processo. Relembrando,
podemos dividir a ciência do processo em três fases:

havia uma
confusão entre processo e direito material. O processo civil não era uma
ciência autônoma. Estudavam-se apenas as práticas de um processo. É a
fase do séc. XIX;

é a fase de afirmação da existência de uma


ciência do processo. Busca a autonomia do processo em relação ao
direito material. Aqui se começou a estudar os fenômenos puramente
processuais, tais como jurisdição, ação, competência etc. Esta fase vai do
final do séc. XIX até meados do séc. XX;

embora a ciência do
processo seja autônoma, o processo e o direito material devem caminhar
juntos. Busca-se a reaproximação das duas ciências. Não pode haver uma
separação estanque entre ambos. É preciso pensar o processo a partir do
direito material. Aqui surgem as discussões a respeito da efetividade do
processo. Hoje, no entanto, é preciso reestruturar a ciência do processo
de acordo com as transformações ocorridas. Fala-se, pois, em uma quarta

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fase da ciência processual, que seria a fase do neoprocessualismo. É o


processualismo renovado pela nova ciência do direito. Alguns
denominam esta fase de formalismo-valorativo. É preciso compreender o
formalismo processual a partir dos valores constitucionalmente
garantidos. Assim, o neoprocessualismo é a atual fase da evolução da
ciência do processo, que pretende uma renovação da ciência processual a
partir das transformações do neoconstitucionalismo. É, em suma, o
neoconstitucionalismo aplicado à ciência do processo. Sobre o tema, ver
textos de Eduardo Cambi (UFPR) e Carlos Alberto Alvaro de Oliveira
(UFRGS).

o processo
deve ser estudado conjuntamente com o direito material. O processo
deve ser pensado e aplicado de acordo com as necessidades do direito
material. É o direito material que vai dizer qual a razão de ser do
processo. Não existe processo oco. Todo processo tem um conteúdo. O
conteúdo do processo é exatamente um problema de direito material. Se
o processo nasce em função de um problema, ele deve ser estruturado
para resolver aquele problema. A este modo de compreender o processo
a partir das necessidades do direito material deu-se o nome de
instrumentalidade processual. Dizer que o processo é instrumento do
direito material não significa minimizar a importância do direito
processual. A relação entre as duas ciências não é hierárquica. É, na
verdade, uma relação de mutualismo. Um não vive sem o outro. Fala-se,
então, em teoria circular dos planos material e processual no ordenamento
jurídico. É a teoria que demonstra a relação de complementaridade entre
o direito material e o direito processual. Significa dizer: “o processo

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serve ao direito material ao tempo em que é servido por ele”. Numa


comparação, o processualista está para o civilista, assim como o
engenheiro está para o arquiteto. O processualista constrói a ponte entre
os sonhos (direito material) e a realidade.

Quanto à origem, a expressão devido processo legal deriva do


“due process of law”. Fala-se em devido processo legal (Brasil), devido
processo eqüitativo (Portugal), processo justo (Itália), fair trial etc. A
expressão rotulada “due process of law” tem origem no séc. XIV, mas a
ideia de devido processo legal tem origem germânica (bárbara), no séc.
XI. A Carta Magna de 1215 trouxe a ideia do devido processo legal, mas
não foi a origem da ideia nem da rotulação do postulado. O devido
processo legal tem origem na Idade Média como uma garantia contra a

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tirania do poder monárquico. Até então, a ideia que se tinha é de que o


poderoso (chefe, monarca) não se submetia ao direito. E o devido
processo legal nasceu justamente com este objetivo: até mesmo o
imperador deve exercitar o seu poder de acordo com as regras do direito.
Logo, desde sua origem, o devido processo legal é uma norma que
impõe o exercício adequado e justo do poder.

Deve-se tomar cuidado com a tradução da palavra “law”. A


palavra “law”, da expressão “due process of law”, significa direito, e não
propriamente lei, como alguns traduzem. Assim, a tradução brasileira de
“devido processo legal” significa, na verdade, devido processo em
conformidade com o direito, que é mais do que a lei. Muitos autores,
inclusive, falam em devido processo constitucional, termo mais amplo,
baseado na Constituição, que regula o direito no Brasil. Por sua vez, o
termo “devido” é um termo indeterminado. Sendo assim, ele será
compreendido historicamente. O processo que é devido hoje é diferente
do que era devido no séc. XIV, que é diferente do que era devido no séc.
XIX. Ademais, o processo que é devido em Portugal é diferente do
processo que é devido nos EUA, que é diferente do processo que é
devido no Brasil etc. O conteúdo de um processo devido varia
historicamente, no espaço e no tempo. Ex: o juiz natural não era uma
garantia natural no séc. XIV. Hoje, isto já não é um processo devido.
Igualmente se dá com a proibição de prova ilícita. O devido processo
legal é, assim, uma cláusula geral. É um texto normativo que se preenche
historicamente.

Conforme o tempo foi passando, gerou-se um acúmulo do que se


pode chamar conteúdo mínimo do devido processo legal. O termo “devido”
foi sendo construído historicamente, de modo que hoje podemos indicar

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um conteúdo mínimo do que seja um processo devido. Minimamente,


pois, um devido processo garante o contraditório, um juiz natural, a
igualdade das partes, a publicidade do processo, a proibição de prova
ilícita, a motivação das decisões e a duração razoável do processo.
Assim, um processo, para ser devido, deve ser igualitário, público,
conduzido em contraditório etc. Cada uma das conquistas históricas
serve como adjetivo de um processo devido. Não é por menos que todos
esses aspectos do processo são previstos na Constituição Federal.

Perceba-se, ainda, que a cláusula do devido processo legal também


se mantém na Constituição. O devido processo legal não foi esvaziado. E
ele permanece como norma própria justamente para que outros preceitos
sejam dele extraídos. Sempre que a sociedade perceber que uma
determinada exigência é devido no âmbito processual, e ela não estiver
explícita, pode-se buscá-la no devido processo legal. O devido processo
legal continua como norma explícita para que possamos buscar outras
garantias nele. Garantias estas que depois se tornam independentes.
Assim ocorreu com a duração razoável do processo, que até 2002 não era
previsto expressamente, mas podia ser extraído da cláusula do devido
processo legal.

Ademais, deve-se lembrar que não se retrocede em matéria de


direitos fundamentais. Assim, o devido processo legal não pode perder o
conteúdo que ganhou na história. Só se pode ganhar outros aspectos
(quando se necessitar de mais aspectos para combater a tirania); jamais
perdê-los. Todos os princípios constitucionais do processo, que serve
para construir um processo devido, derivam do devido processo legal.
Boa parte deles tem previsão expressa na Constituição. Nada obstante,
temos princípios constitucionais do processo implícitos. São princípios

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processuais que decorrem do devido processo legal, mas que ainda não
possuem texto expresso.

Como exemplos de princípios expressos na Constituição, temos o


contraditório, a duração razoável, a publicidade, dentre outros (que
serão vistos no momento oportuno). Por sua vez, temos três princípios
implícitos importantes hoje: a) boa-fé processual; b) adequação; c)
efetividade. São todos princípios corolários do devido processo legal.
Enfim, o devido processo legal se efetiva por meio de outros princípios e
de outras regas, que vão definindo o seu conteúdo.

A palavra “processo” aqui significa método de criação de normas.


Toda norma jurídica se produz após o processo. Assim é que uma lei se
produz após um processo legislativo. Pode-se falar, igualmente, em
devido processo legislativo. Na mesma toada, uma norma administrativa
se produz após um processo legislativo. Pode-se falar, então, em devido
processo legal administrativo. Agora, uma decisão judicial também é
uma norma, produto de um processo jurisdicional. Por isso que se fala
em devido processo legal jurisdicional (que é o devido processo legal a
ser aqui estudado). A garantia do devido processo legal refere-se, assim,
a qualquer tipo de processo normativo. *Fala-se, hoje, em devido
processo privado. Ex: o poder do síndico de punir um condômino; a
punição de um aluno; a punição de um associado. Diz-se que esses
poderes privados também se submetem a um devido processo (Vide
livro de Paula Sarno – Devido processo legal aplicado ao âmbito
privado). Em 2005, temos a primeira decisão do STF que aplicou ao
âmbito privado um direito fundamental. Consagrou-se a eficácia
horizontal dos direitos fundamentais. Tais direitos não regulam apenas a

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relação entre Estado e indivíduo, mas também as relações entre


indivíduos. Vide art. 57 do Código Civil.

A doutrina costuma dividir o devido processo legal em formal e


substancial. O devido processo legal formal (procedual) é o conjunto das
garantias processuais. Esta acepção já está amplamente difundida. Já o
devido processo legal substancial nasceu nos EUA, como uma exigência
de justiça. Não basta a obediência às formas prescritas (garantias). É
necessário que isto reflita em uma decisão justa. Nada obstante, no
Brasil, entende-se o devido processo legal substancial com uma outra
conotação. Existe uma concepção brasileira de devido processo legal
substancial. Aqui, os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade
decorrem da dimensão substantiva do devido processo legal. Eis a
acepção brasileira do devido processo legal substancial. Aqui, pois,
devido processo legal substancial refere-se aos postulados da
proporcionalidade e da razoabilidade no processo. Muitos autores
criticam isso, uma vez que não corresponde ao devido processo legal
substancial norte-americano, além do fato de que os postulados da
proporcionalidade e razoabilidade tem origem alemã, não podendo se
confundir com a expressão norte-americana do “due process of law”. De
mais a mais, para nós, e esta é a posição do STF, o devido processo
substancial (substantive due process) refere-se á aplicação dos postulados
da proporcionalidade e razoabilidade no processo normativo. Ler, a
respeito desta discórdia, os textos sobre devido processo legal de
Humberto Ávila (diz que, se no Brasil o devido processo substancial
refere-se à proporcionalidade e à razoabilidade, não há sentido em se
falar em devido processo substancial. Na Constituição Alemã, por
exemplo, não há devido processo legal e mesmo assim se tem

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proporcionalidade e razoabilidade) e Paulo Lúcon (ambos em Leituras


complementares de processo civil).

A exigência do devido processo legal impõe que se construa um


modelo de processo que se reputa devido. Temos dois grandes modelos
de processo: a) dispositivo (liberal): as partes protagonizam o processo,
conduzindo-o, cabendo ao juiz basicamente a tarefa de decidir. O juiz é
espectador do processo. É o modelo do processo norte-americano; b)
inquisitivo (ou inquisitorial): o protagonismo é do juiz, que tem muitos
poderes. O juiz tem o poder de conduzir, gerir e decidir o processo. É o
modelo característico dos países da Europa continental. *Não existe
modelo puro de processo. Há sempre uma predominância, ou de
aspectos de dispositividade ou de aspectos de inquisitoriedade. Um
processo pode ter uma feição dispositiva para sua instalação, mas uma
feição inquisitorial para produção de provas. No Brasil, há grande
mescla dos modelos. Assim, deve-ser ter em mente: sempre que uma
norma atribui à parte um encargo, ela é inspirada no modelo dispositivo.
Ao revés, sempre que uma norma der o protagonismo na condução do
processo ao juiz, fala-se que é uma norma com um modelo/princípio
inquisitivo. De um modo geral, a doutrina diz que os processos de países
de commom law obedecem ao modelo dispositivo. Por sua vez, os
processos de países de civil law seriam processos de índole inquisitorial.
Isto é a regra, de modo que não há nenhum problema em um país de
commom law adotar o modelo inquisitivo, por exemplo.

*Ocorre que hoje se fala em um terceiro modelo de processo,


chamado de modelo cooperativo de processo. A grande marca deste modelo
é que na condução e desenvolvimento do processo não haveria
protagonistas. Nem o juiz e nem as partes são atores principais do

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processo. Haveria simetria e harmonia entre os sujeitos processuais.


Surge, assim, um novo princípio do processo, qual seja, o Princípio da
cooperação. Para ser devido, um processo deve ser conduzido em
cooperação. Um processo conduzido em cooperação é um processo sem
protagonistas na condução, em que se respeita a lealdade e a confiança.
A cooperação relaciona-se com ética e ausência de protagonismo. O juiz
não vai ficar distante como ficava no processo dispositivo e nem vai
mandar como déspota como no processo inquisitivo. Para muitos, o
modelo cooperativo é o mais adequado para um Estado Democrático de
Direito. *No direito privado, a boa-fé gera dever de cooperação. Pegou-se
os deveres de cooperação e aplicaram-nos ao processo.

Os deveres de cooperação que nascem para o juiz no modelo


cooperativo de processo são os seguintes:

a) DEVER de ESCLARECIMENTO. Divide-se em dois aspectos: o


juiz tem o dever de esclarecer os seus pronunciamentos e o dever de se
esclarecer (pedir esclarecimentos quando ficar com dúvida);

b) DEVER DE PREVENÇÃO (PROTEÇÃO): o juiz tem o dever de,


em constatando uma falha no processo, apontá-la e dizer como corrigi-la.
*Na Alemanha, diante de um pedido absurdo, o juiz tem o dever de
mandar adequá-lo;

c) DEVER DE CONSULTA: o juiz não pode decidir com base em


questão de fato ou de direito, mesmo se puder conhecê-la de ofício, sem
dar a oportunidade de as partes se manifestarem sobre ela. Ex: juiz
percebe que uma lei discutida no processo é inconstitucional. Ainda que
matéria de ordem pública, cognoscível de ofício, o juiz deve ouvir
(consultar) as partes sobre a constitucionalidade da norma. Mesmo

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porque agir ex officio é agir sem provocação. E poder dizer algo de ofício
não significa poder dizer sem consultar as partes. No processo
cooperativo, o juiz deve dialogar com as partes. A Lei de Execução Fiscal
(Lei 6830), em seu art. 40, § 4º, traz um caso expresso de dever de
consulta. Diz que o juiz pode reconhecer a prescrição tributária de ofício,
mas deve antes consultar a Fazenda Pública. *Veja, em suma, que o
processo cooperativo passa, também, a integrar o próprio conteúdo do
devido processo legal, uma vez que para ser devido, o processo deve ser
cooperativo. A cooperação é texto expresso no CPC português e no
projeto do novo CPC brasileiro.

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O princípio do contraditório possui duas dimensões: a dimensão


formal, que é o direito de ser ouvido, de participar do processo; e a
dimensão substancial, que é o direito de poder influenciar no conteúdo da
decisão. Não basta o direito de participar (dimensão formal). É preciso
dar à parte o poder de influenciar na decisão, como produzir provas,
consultar etc. Contraditório é a participação somada da possibilidade de
influencia. *O dever de contraditório não só legitima, como qualifica a
decisão judicial.

As liminares mitigam o contraditório, mas não o eliminam. Isto


porque essas decisões são provisórias e o contraditório é diferido
(protraído). Dá-se uma decisão provisória para resguardar a efetividade,
mas preserva-se o contraditório com a posterior oitiva da outra parte.

O contraditório não é dirigido apenas ao réu. O contraditório é


dirigido às partes. O autor também tem direito ao contraditório. Não se

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pode confundir ampla defesa com contraditório. A ampla defesa é


justamente a dimensão substancial (material) do contraditório. Inclusive,
se o juiz decide alguma questão a respeito da qual uma parte não se
manifestou, essa parte não pôde convencê-lo. Logo, o contraditório foi
violado, ao mesmo tempo em que se viola o princípio da cooperação.
Ademais, para que o juiz possa se valer adequadamente da cooperação,
deve adequar o ato ao contraditório.

Relacionando a regra da congruência (juiz decide com base no que


foi pedido) com o contraditório, temos que: o juiz está adstrito ao que foi
pedido justamente porque o que foi pedido é o que foi objeto do
contraditório. Se o juiz decide algo que não foi pedido, ele está decidindo
algo que não se controverteu, que não foi objeto do contraditório. Eis a
íntima ligação entre congruência e contraditório.

O processo, para ser devido, deve ser público. Tem previsão no art.
5º, LX e art. 93, IX e X, da Constituição Federal. Este princípio sofre
restrições quanto a sua publicidade, seja em razão de interesse público,
seja para preservar a intimidade das partes. A exigência de motivação
das decisões judiciais é uma concretização deste princípio. Ele exterioriza
as razões do convencimento de juiz, permitindo um controle de sua
decisão.

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Este inciso foi acrescentado no final de 2004. Nada obstante, tal


postulado está expressamente previsto no Pacto de San José da Costa
Rica (Convenção Americana de Direitos Humanos), ratificado pelo
Brasil. Portanto, pode-se dizer que já estava incorporado no
ordenamento brasileiro. É princípio dos mais novos na construção
teórica do devido processo legal.

O chamado principio da celeridade foi substituído pelo princípio da


duração razoável do processo. Isto porque, na verdade, o processo não
tem que ser necessariamente rápido. Dizer que o processo deve ser célere
pressupõe um tom autoritário. O processo tem de demorar um pouco,
justamente para fazer valer as garantias processuais. O que o processo
não pode é demorar mais do que o necessário. O direito de produzir
provas e de recorrer, por exemplo, inevitavelmente atrasam o processo,
mas não podem ser suprimidos. Assim, o processo tem que demorar. O
que não pode é demorar excessivamente, além do razoável. Não existe
um tempo que seja razoável. Cada caso tem as suas peculiaridades. É
preciso construir a duração razoável caso a caso. Por isso se trata de um
conceito indeterminado.

Os critérios que devem ser levados em consideração para avaliar se


a duração é ou não razoável são critérios construídos pela jurisprudência
do Tribunal Europeu de Direitos Humanos. São eles:

a) complexidade da causa;

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b) comportamento das partes;

c) comportamento do juiz;

d) estrutura do órgão jurisdicional.

No Brasil, os instrumentos para efetivar esses direitos são os


seguintes: tradicionalmente, via-se apenas a tutela ressarcitória, no
sentido de se responsabilizar civilmente o Estado pela demora na
prestação jurisdicional. No entanto, isto, por si só, não resolve o
problema da demora. Assim, há outros instrumentos que tentam ser
mais vigorosos. O art. 198 do CPC, por exemplo, prevê a possibilidade
de o juiz perder a competência para julgar a causa em caso de demora
irrazoável. É a perda da competência em razão da demora irrazoável. Há
quem defenda, ainda, a possibilidade de se ajuizar mandado de
segurança contra a não decisão judicial. Sendo abusiva a omissão, não há
porque negar a incidência do MS. Além disso, a lei de ação popular
prevê que o juiz que atrasa o julgamento da ação popular deixa de fazer
parte da lista de promoção (art. 7º, p.u.).

São princípios corolários do devido processo legal.

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O processo, para ser devido, deve ser efetivo. O processo não serve
apenas ao reconhecimento de direitos. Serve, também, à concretização de
direitos. Até hoje não há a positivação deste princípio. E há uma
explicação histórica para tanto. Isto porque falar em efetividade do
processo seria falar em um direito fundamental à execução. E falar em
direito fundamental à execução é defender o credor. E o credor não é um
sujeito que, na historia, seja visto com bons olhos. Temos uma visão
histórica protetiva do devedor. A piedade e a clemência têm origem na
moralidade humanitária cristã. No entanto, percebe-se um direito
fundamental à execução. A conseqüência deste reconhecimento (de que
credor também tem proteção constitucional) é que eventual conflito de
direitos fundamentais será resolvido sob o aspecto da ponderação, pois
se trata de choque de interesses de mesma hierarquia. Assim, há várias
decisões permitindo a penhora de salário (a despeito da regra de que o
salário é impenhorável, salvo para execução de alimentos), sob o
fundamento de proteção à efetividade.

O processo, para ser devido, deve ser leal. Não é devido o processo
onde as partes ajam anti eticamente. Assim, o fundamento constitucional
do princípio da boa-fé é o devido processo legal. O próprio STF decidiu
que um devido processo legal impõe a conduta de boa-fé das partes. Este

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princípio, todavia, tem um fundamento no nível legal, que é o art. 14, II,
do CPC. De mais a mais, tal princípio é extraído de uma cláusula geral,
deixando o sistema aberto para que se possa visualizar comportamentos
anti-éticos à medida que eles apareçam. Ao invés de definir quais são os
comportamentos em conformidade com a boa-fé, fez-se uma cláusula
geral.

Divide-se a boa-fé objetiva da boa-fé subjetiva. A boa-fé subjetiva é


a consciência, o estado psicológico de estar agindo corretamente. É, por
assim dizer, um fato. Em vários momentos, o direito leva em
consideração esse fato. Ex: posse de boa-fé (subjetiva) e posso de má-fé.
A boa-fé subjetiva, enquanto fato, nada tem que ver com o princípio da
boa-fé. A boa-fé objetiva é uma norma, que impõe comportamentos em
conformidade com os padrões éticos e de lealdade objetivamente
considerados. Deve-se comportar eticamente, mesmo que isto seja
indiferente para a sua mente. Ainda que se esteja acreditando que estar
agindo de boa-fé, se o comportamento é, do ponto objetivo, inadequado,
trata-se de um comportamento ilícito. Refere-se, assim, à boa-fé norma.
Impõe-se comportamento ético numa análise meramente objetiva,
independente do estado anímico do sujeito. *Quando se fala em princípio
da boa-fé, está-se referindo à boa-fé objetiva (norma de conduta). Não se
recomenda a utilização da expressão princípio da boa-fé objetiva, pois se
trata de pleonasmo. Falar em principio da boa-fé já se refere à boa-fé
objetiva.

Todos os sujeitos processuais, inclusive o juiz, submetem-se ao


princípio da boa-fé. Ex: juiz manda emendar a inicial e depois indefere a
petição; juiz indefere pedido de provas e depois julga improcedente por
falta de provas. São comportamentos desleais do ponto de vista objetivo.

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Deve-se, assim, comportar de acordo com os padrões éticos da


sociedade. Não é por outra razão que se fala que o princípio da
moralidade do Estado (art. 37, CF) refere-se à boa-fé objetiva.

Agir de acordo com a boa-fé é muito vago. Trata-se de conceito


indeterminado. Assim, doutrina e jurisprudência identificaram alguns
grupos de comportamentos tidos como contrários á boa-fé e, portanto,
ilícitos:

a) a boa-fé-objetiva impede o abuso do direito processual. De um


modo geral, o abuso de direito sempre foi ilícito sob o fundamento de
contrariedade à boa-fé. Exercer os direitos de forma abusiva significa
exercê-los de modo contrário à boa-fé objetiva. Ex: sujeito que, sem
argumento, recorre contra texto expresso de súmula caracteriza abuso do
direito de recorrer; sujeito opta por propor ação em comarca diversa
apenas para dificultar o direito de defesa do réu. *O abuso do direito, e
aqui se inclui o abuso de direito processual, é um ilícito atípico. Significa
que não há um rol de comportamentos abusivos. Há uma cláusula geral
de abuso de direito;

b) a boa-fé objetiva impede o venire contra factum proprium, que


significa agir de maneira contraditória a um comportamento anterior.
Não significa que não se pode mudar de opinião. Mas se um
comportamento meu gerou uma expectativa justa e legítima de
comportamento coerente em outra pessoa, não se pode contradizê-lo.
Daí se extrai a norma de que nemo potest venire contra factum proprium.
Exemplos: sujeito oferece um bem à penhora e depois alega a
impenhorabilidade do bem; o juiz indefere a sua prova, mas nega seu
pedido por falta de provas; sujeito desiste do processo, o juiz homologa a
desistência e ele recorre. Trata-se, na verdade, de uma espécie de abuso

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de direito que ficou tão consagrada que ganhou autonomia. O venire


pressupõe dois comportamentos ligados entre si. Ambos, isoladamente
considerados, são lícitos. No entanto, examinados em conjunto, o
comportamento posterior torna-se ilícito. Ademais, no venire, o primeiro
comportamento é sempre comissivo. É o agir de determinada maneira
que cria a expectativa em outro;

c) os deveres de cooperação são decorrências do princípio da boa-


fé;

d) o princípio da boa-fé torna ilícitas as condutas dolosas de má-fé.


*Há outras espécies de abuso de direito decorrentes da boa-fé objetiva,
que serão estudadas na disciplina de direito civil. Exemplos:
adimplemento substancial, dever de mitigar o prejuízo, tu quoque,
supressio etc. Tudo está proibido, também no processo, em razão da boa-
fé objetiva processual.

É um dos assuntos em pauta, principalmente com o anteprojeto do


novo CPC, que o traz de forma expressa.

O processo, para ser devido, deve ser adequado.

A doutrina identificou três critérios de adequação do processo:

A) ADEQUAÇÃO SUBJETIVA: o processo deve ser adequado aos


sujeitos que vão se valer do processo. O processo para pessoas idosas,
portanto, deve ter prioridade. Igualmente, quando se diz que o incapaz
não pode atuar nos juizados, tenta-se adequar subjetivamente o

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processo. Trata-se de uma concretização do princípio da igualdade no


processo. Deve-se tratar os sujeitos conforme suas peculiaridade;

B) ADEQUAÇÃO OBJETIVA: o processo deve ser adequado ao


seu objeto, ao direito que será por ele tutelado. O processo não pode ser
o mesmo para cobrança de cheques e cobrança de alimentos. Direitos
distintos merecem tratamentos distintos. É por isso, por exemplo, que se
criam os procedimentos especiais. São procedimentos especiais para
atender determinados direitos;

C) ADEQUAÇÃO TELEOLÓGICA: o processo tem que ser


adequado às suas finalidades, a seus propósitos. Assim, o processo dos
juizados tem por objetivo ser mais rápido. Este é o espírito dos juizados.
Ex: eliminam-se recursos, simplificam-se as provas etc. Já no processo de
execução, o objetivo é a concretização de direitos. Assim, é preciso
impedir discussões que atrasem a realização destes direitos.

*O auge da adequação é o preenchimento dos três critérios.

O dever de adequar o processo de acordo com esses três critérios


cabe, tradicionalmente, ao legislador. No entanto, atualmente se entende
que a adequação deve ser feita caso a caso pelo juiz. Assim, também o
juiz seria sujeito passivo do dever de adequar o processo. Ao órgão
jurisdicional caberia a tarefa de completar o trabalho legislativo no caso
concreto. Fala-se, portanto, em uma adequação jurisdicional do processo.
Há quem defenda, inclusive, um outro nome para a adequação
jurisdicional, que seria o princípio da adaptabilidade do procedimento (ou
elasticidade do procedimento ou flexibilidade do procedimento). Em Portugal,
que tem previsão expressa deste princípio da adequação, fala-se em
princípio da adequação formal. Com o novo CPC, tal princípio deixaria de

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ser implícito, passando a ser explícito. Exemplos: autor junta 10.000


provas ao processo. O juiz poderia dar elasticidade ao prazo de
contestação, não aplicando o prazo legal de 15 dias. Estar-se-ia
adequando formalmente o processo; autor faz uma petição de 808
laudas. O juiz pode mandar reduzir tudo, adequando o processo; agravo
de instrumento sem juntar as peças obrigatórias no prazo adequado, pois
os autos haviam sumido. O juiz pode postergar a juntada para momento
posterior, adequando o processo. Para controlar eventual abuso, deve-se
reforçar a argumentação e respeitar os precedentes judiciais. O projeto
da nova Lei de Ação Civil Pública também consagra expressamente este
princípio.

Preclusão é a perda de uma situação jurídica processual ativa.


Situação jurídica ativa é um poder jurídico, tal como um direito, uma
competência. Preclusão é o nome que se deu para designar qualquer
perda de direito e poderes processuais. Pode-se falar, pois, em preclusão
para as partes e para o juiz. Tanto preclui direitos processuais das partes
quanto preclui poderes do juiz. Não se pode imaginar um processo sem
preclusão, em que todos podem, a qualquer tempo, fazer o que querem.
É preciso impedir o retrocesso. O processo é uma marcha pra frente. E a
preclusão é uma técnica indispensável para este desiderato. A preclusão
exerce papel indispensável para assegurar os princípios da segurança
jurídica, da boa-fé processual e da duração razoável do processo.

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A preclusão é um fenômeno processual. Se se perde direitos no


plano material, não se trata de preclusão. A perda de direito no plano
material pode gerar outras conseqüências, tais como a prescrição e a
decadência.

A doutrina costuma classificar a preclusão de acordo com o seu


fato gerador. Assim, fala-se em:

perde-se o direito processual


pela perda do prazo. A perda do prazo é um ato lícito. Não se tem o
dever processual de cumprir prazo;

perde-se o direito processual pela


prática de um ato anterior incompatível. É a preclusão em razão de
comportamento contraditório. A aceitação da decisão é logicamente
incompatível com o recurso, por exemplo. Assim, a preclusão lógica liga-
se com a figura do venire;

: perde-se o direito
processual pelo seu próprio exercício. Assim, o exercício do direito
processual o extingue. Ex: a parte, ao recorrer, perde este direito
justamente por já ter o feito; juiz deve julgar. Assim que o fizer, ele perde
este poder.

*Veja-se que nos três casos perde-se um direito com base em um


comportamento lícito. *A doutrina, de um modo geral, restringe à
preclusão a esses três casos vistos.

No entanto, há um quarto tipo de preclusão, colocada por apenas


alguns autores, que seria a preclusão sanção ou preclusão por ato ilícito. A
preclusão é uma punição. Perde-se o direito processual pela punição de

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um ato ilícito. Assim, o juiz que demora irrazoavelmente para decidir


excede seus prazos e, portanto, é punido pela perda da competência.

Questões de ordem pública são aquelas que o juiz pode conhecer


de ofício. Deve-se dividir o tema em duas partes:

Enquanto o processo
estiver pendente, não há preclusão para o exame de ordem pública. Se já
há coisa julgada, não se pode mais examinar questão de ordem pública.
Assim, a coisa julgada impede o exame de questões de ordem pública. É
possível alegar as questões de ordem pública a qualquer tempo, desde
que o processo ainda esteja pendente. Daí que a incompetência absoluta,
por exemplo, se findo o processo, só pode ser discutida em ação
rescisória. É possível, ainda, alegar questão de ordem pública em
recursos extraordinários (mas isto será objeto de estudo na aula de
Recursos);

A esmagadora maioria
da doutrina entende que não existe preclusão para o reexame de questão
de ordem pública enquanto estiver pendente o processo, ou seja, seria
possível o reexame de questões de ordem pública. No entanto, isto
parece ser um absurdo. Ex: alega-se o impedimento de um juiz. Tribunal
decide que o juiz não é impedido. Daí a parte recorre novamente da

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questão. Isto não pode. Assim é que, embora minoria (Barbosa Moreira,
Fredie Didier, Calmon de Passos, Frederico Marques), parece que a razão
está com a corrente que defende existir preclusão mesmo no reexame de
questões de ordem pública. Ou seja, não seria possível o reexame de
questões de ordem pública.

Vamos trabalhar com um conceito atual de jurisdição, de acordo


com as novas modificações introduzidas pelas leis processuais. A
jurisdição é um exemplo de heterocomposição, ou seja, um terceiro
estranho ao problema é chamado para resolvê-lo, vale dizer, a solução
não é dada pelos conflitantes. Isto não quer dizer que heterocomposição
seja sinônimo de jurisdição. A jurisdição é apenas um exemplo de
heterocomposição. A doutrina, em decorrência disto, diz que a jurisdição
é uma atividade substitutiva, em que o juiz substitui a vontade das
partes e impõe a vontade dele. Esta característica de substitutividade é a
marca do pensamento de Chiovenda. Nada obstante, a substitutividade
não é característica exclusiva da jurisdição. Ex: há vários tribunais
administrativos, que também decidem por heterocomposição, mas não
exercem jurisdição. Assim é que os Tribunais administrativos, por

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exemplo, tem atividade substitutiva, mas não são jurisdição, pois lhe
faltam, ao lado da substitutividade, outros atributos da jurisdição.

Ademais, não basta ser um terceiro estranho ao problema que


julgue. É preciso que ele seja imparcial. Veja os dois aspectos: objetivo (é
preciso que seja um terceiro, vale dizer, outro que não seja uma das
partes. Fala-se em impartialidade) e subjetivo (é preciso que não haja
vinculação ao resultado; não há interesse na causa. Fala-se em
imparcialidade). De mais a mais, imparcialidade não significa
neutralidade. Não se pode exigir do juiz seja ele neutro. Ninguém é
neutro. Neutro é alguém incapaz de atribuir valor aos fatos, e o ser
humano não é neutro. Todos nós trazemos nossos traumas, medos,
desejos e preconceitos para o processo. Isto impede que sejamos neutros.
Por conta disso, o juiz deve permitir que qualquer das partes possa lhe
convencer das suas razões, sem pender para nenhuma delas. A
imparcialidade tem a ver, pois, com a eqüidistância igualitária. A despeito
de não ser neutro, o juiz deve ficar em pé de igualdade

Para alguns autores, somente o Estado-Juiz poderia ser este terceiro


imparcial. A jurisdição seria monopólio estatal. No sistema brasileiro,
pode-se dizer que a jurisdição é monopólio do Estado, mas não se pode
dizer que só ele o exercerá. Isto porque o Brasil admite a Arbitragem. No
Brasil, o perfil da Arbitragem é de uma jurisdição privada, autorizada
pelo Estado. *Na Espanha, por exemplo, a jurisdição é exercida por
tribunais costumeiros, compostos por membros da comunidade.

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Ainda, não há jurisdição sem processo. Processo é o método


utilizado para controlar o exercício da jurisdição. A jurisdição pressupõe
uma atividade processual prévia que lhe confia legitimidade. Não existe
jurisdição instantânea. Ademais, não é qualquer processo. Deve ser um
processo devido.

Situações jurídicas é o termo técnico para designar direitos. A


grande característica da jurisdição é que ela é exercida diante de um (ou
mais) problema (s), de um caso específico que foi concretamente
deduzido. O juiz não decide em abstrato. Ele pensa sempre diante de um
problema. É um raciocínio problemático. Pensa-se na solução a partir de
um problema. Isto diferencia bem da função legislativa. O legislador
tenta resolver situações abstratamente consideradas. Já o juiz resolve
situações concretamente apresentadas em juízo. Até mesmo na ADIn
pode-se dizer que há uma situação concretamente deduzida. Diante da
dedução em juízo, o juiz pode reconhecer, efetivar ou proteger direitos
(situações jurídicas concretamente deduzidas). O juiz tutelar problemas
que a ele sejam levados. Normalmente, essas situações jurídicas
correspondem a uma lide, que é um conflito de interesses. Para alguns
autores, inclusive, não existe jurisdição sem lide. Se não houver conflito,
não é caso de jurisdição. No entanto, as coisas não são bem assim.
Embora a lide seja a situação mais corriqueira, não é a única. É possível

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levar ao Judiciário situações concretas não conflituosas. Ex: adoção,


pedido de mudança de nome etc. São problemas que não são conflitos,
não deixando de sê-las situações concretas deduzidas em juízo. Logo,
nem sempre há lide, embora a lide seja a situação mais corriqueira.

Não se pode ignorar que a jurisdição é poder. É manifestação da


soberania. A solução não é um conselho, mas sim um ato de império, que
deve ser cumprido.

No conceito moderno de jurisdição, não se pode negar a


criatividade do juiz. O juiz, ao julgar, cria, agregando ao sistema uma
criatividade. Esta criatividade, que é marca da jurisdição, é uma
criatividade normativa. O juiz cria norma. A criatividade revela-se de
duas maneiras: a) o juiz cria a norma jurídica individualizada do caso
concreto. Primeiramente, portanto, o juiz cria a norma jurídica do caso
levado a sua apreciação; b) ao decidir um caso, o juiz define também a
norma jurídica geral do caso concreto. Exemplos: STF, ao dizer que o
senador João deve perder seu mandato porque trocou de partido (norma
individualizada), baseou-se na norma geral de que parlamentar deve
perder mandato pela infidelidade partidária (norma geral). Esta norma
geral que regula o caso concreto aproxima muito a jurisdição da
legislação. Esta norma geral é uma norma geral construída pela
jurisdição, a partir de um caso concreto (problema), por indução,

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servindo para decidir casos semelhantes futuros. É isto que se chama de


jurisprudência. A jurisprudência é a aplicação reiterada desta norma
geral. Exatamente porque a solução é geral, quer-se que seja aplicado a
casos semelhantes. A súmula, por exemplo, nasce também de um
problema concreto, que se torna uma norma geral, para regular
problemas semelhantes. A súmula é o texto desta norma geral construída
pela jurisdição, que vem sendo reiteradamente aplicada. Nenhuma
súmula diz que João deve a José 10 mil reais. Por isso que a súmula nasce
de uma norma geral, e não de uma norma individualizada. Não se pode
mais negar que quando se exerce a jurisdição, cria-se norma de
parâmetro (padrão) a casos futuros semelhantes. *A norma é um produto
da interpretação de textos. É possível extrair normas que não estão
expressamente escritas (ex: norma da proibição de parlamentar trocar de
partidos é uma norma implícita). A questão do casamento homoafetivo é
outra questão que não está regulada pela legislação, não obstante o juiz
já crie normas a respeito do tema.

Isto é uma grande marca da jurisdição. A jurisdição é uma função


que não pode ser controlada por nenhuma outra função estatal. A
jurisdição é controlada internamente, vale dizer, jurisdicionalmente,
mediante recursos, por exemplo. O juiz decide com base naquilo que o
legislador determina. Logo, não há desarmonia entre os poderes. Outra
forma de contrabalancear o Judiciário é a escolha dos Ministros do STF
pelo Presidente da República, por exemplo. A decisão judicial não pode

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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ser revista por lei ou por ato do executivo. A Lei de Anistia é uma lei que
retira a punição, não podendo se falar em revisão do julgado.

Coisa julgada é a definitividade da solução jurisdicional, que não


poderá ser revista nem mesmo pela própria jurisdição. A coisa julgada
acaba sendo um limite à própria jurisdição. Somente decisões judiciais
tornam-se indiscutíveis pela coisa julgada.

Jurisdição é, portanto, a função atribuída a terceiro imparcial para,


mediante um processo, reconhecer, efetivar ou proteger situações jurídicas
concretamente deduzidas, de modo imperativo e criativo, em decisão insuscetível
de controle externo e com aptidão para coisa julgada.

É qualquer técnica de solução de conflitos não jurisdicional. Faz as


vezes de jurisdição, porque resolve conflitos, mas não é jurisdição. Daí o

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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nome de equivalente jurisdicional. Temos quatro espécies de equivalente


jurisdicional:

é a forma de solução de conflitos pela qual


um dos conflitantes impõe a solução ao outro. É uma forma egoísta – e,
por que não, bárbara - de solução de conflito. A autotutela, via de regra,
é proibida, sendo, inclusive, crime. Isto porque nesta modalidade de
equivalente prevalece o mais forte. Nada obstante, há casos de autotutela
permitidos e lícitos. Ex: greve, legítima defesa, guerra, desforço
incontinenti (reação do possuidor diante de uma violência à sua posse),
poder da Administração Pública de executar suas decisões etc. Em todos
os casos que a autotutela é admitida, pode-se submetê-la a controle
jurisdicional;

a solução
de conflitos é construída pelos próprios conflitantes. É uma solução
negocial do conflito. Chega-se à solução pela disposição e vontade dos
próprios conflitantes. Trata-se de uma técnica de solução extremamente
difundida e incentivada. A autocomposição é uma solução alternativa de
conflitos. Existe uma sigla que designa as formas alternativas (não
jurisdicionais) de solução conflito, que é ADR (Alternative Dispute
Resolution). A autocomposição pode ser feita extrajudicialmente ou
judicialmente (em juízo, com processo em andamento). Toda
autocomposição extrajudicial pode ser levada à apreciação do Poder
Judiciário, a fim de que seja homologada. Ex: dissolução de união estável

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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amigável para ser homologada em juízo. A autocomposição pode se dar


de duas formas:

a) transação: há concessões recíprocas;

b) submissão: um dos conflitantes aceita que o outro tem razão,


submetendo-se voluntariamente ao outro. A submissão, quando feita em
juízo, recebe o nome de renúncia, se for feita pelo autor, e recebe o nome
de reconhecimento, se for feita pelo réu;

um terceiro é escolhido para intermediar um


conflito, auxiliando os conflitantes para chegar a um acordo. O papel do
terceiro é facilitar o acordo (a autocomposição). O mediador não decide
nada. A decisão é dos conflitantes. A mediação tem grande relevância
nos conflitos internacionais e, mais atualmente, nos conflitos de família;

as Agências Reguladoras, os Tribunais de Ética


da OAB e os Tribunais de Conta são exemplos de tribunais
administrativos que julgam conflitos. Este é o equivalente jurisdicional
que mais parece jurisdição. Tem forma de jurisdição, mas faltam-lhe
outros atributos, como a coisa julgada. São decisões sujeitas a controle
jurisdicional (externo). Outro exemplo são os tribunais marítimos, que
julgam acidentes de navegação. O CADE (Conselho Administrativo de
Defesa Econômica) é outro tribunal administrativo que julga problemas
relativos à concorrência. Entra aqui, ainda, a Justiça Desportiva. As
decisões desses tribunais estão sujeitas ao controle jurisdicional. Os

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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tribunais administrativos exercem função judicante (solucionam


conflito), mas não é jurisdição.

A arbitragem NÃO é um equivalente jurisdicional. Na arbitragem,


um terceiro é escolhido pelos conflitantes para decidir o conflito. Cabe
aos conflitantes optar pela arbitragem. A via da arbitragem é, pois, uma
via voluntária. É possível a arbitragem envolvendo a Administração
Pública. Notadamente nos casos de parceria público-privada, pode a
Administração optar pela via arbitral, embora haja limites em se tratando
de Poder Público. Para que os sujeitos possam optar pela arbitragem,
eles devem ser capazes. Além disso, os interesses e direitos discutidos
devem ser disponíveis (negociáveis). A Arbitragem é manifestação da
autonomia privada e, portanto, manifestação da liberdade.

O árbitro pode ser qualquer pessoa capaz. Normalmente, a


arbitragem é feita perante um Tribunal Arbitral, composto por mais de
um árbitro (normalmente três). O árbitro, mesmo sendo um ente
privado, é, para todos os fins, um juiz. No Brasil, o árbitro é juiz de fato e
de direito. Logo, pode praticar crime contra a Administração Pública. Se
ele aceitar um suborno, pratica crime de corrupção. A arbitragem pode
ser convencionada no sentido de que o árbitro decida com base na
equidade ou até mesmo com base em direito alienígena, por exemplo. De
mais a mais, deve haver sempre respeito à ordem pública (ex: outro país

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41
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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permite a tortura. Não é possível a arbitragem se pautar com base neste


direito). Ademais, a decisão arbitral é título executivo judicial. O árbitro
pode resolver o conflito, mas não pode executar sua decisão. Ainda, o
Judiciário NÃO pode rever a decisão arbitral. O que o Judiciário pode
fazer é anular a sentença arbitral (por vício, por exemplo) para que outra
seja proferida. A arbitragem é um processo, só que conduzido por um
árbitro. Logo, se porventura a sentença arbitral é dada sem contraditório,
a sentença é anulada, e não revista. Esta ação para anular uma sentença
arbitral decai em 90 dias (é como se fosse uma ação rescisória, mas com
prazo menor). Após este prazo, a sentença fica insuscetível de qualquer
espécie de controle. A decisão arbitral, que já não podia ser revista em
seu mérito, nem mais poderá ser anulada. A decisão torna-se definitiva.
Justamente por conta dessa definitividade, a arbitragem é, no Brasil,
jurisdição. Nada obstante, há autores que não adotem este pensamento,
dizendo que não se trata de jurisdição. Primeiro porque não foi o Estado
que julgou. Em segundo, porque o juízo arbitral não pode executar o que
decidiu. Nada obstante, parece que tais argumentos são falhos, uma vez
que a jurisdição não é exclusiva do Estado, além de que a questão da não
execução é estabelecimento de competência, tão-somente. Até 1996, a
decisão arbitral precisava de homologação. Hoje, não mais há mais
necessidade. Dizem que a arbitragem gera insegurança jurídica. No
entanto, vale lembrar que ela é voluntária, permitida apenas para
pessoas capazes e direitos disponíveis.

*Em contrato de adesão, a cláusula arbitral é nula, pois a


arbitragem deve ser voluntária.

Igualmente, a lei não pode obrigar a arbitragem. Daí se extrai que


se uma sentença arbitral é anulada, não pode o Judiciário refazê-la. Deve

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ser proferida outra sentença arbitral. O processo arbitral deve,


igualmente, ser devido, sob pena de nulidade (só a publicidade que
normalmente é restrita, pois a arbitragem costuma ser sigilosa). *O
acordo do Procon não é arbitragem pelo simples fato de ser acordo. O
Procon faz uma intermediação.

A opção pela arbitragem é produto de um negócio jurídico, que


recebe o nome de convenção arbitral. É um negócio jurídico pela qual as
partes escolhem a Arbitragem, normalmente prevista no final do
contrato, como cláusula.

Existem duas espécies de convenção arbitral:

: é uma convenção de
arbitragem em que se estabelece que qualquer conflito futuro que
advenha daquele negócio deverá ser resolvido por árbitro. É uma
cláusula aberta e que visa o futuro. Cláusula compromissória não é foro
de eleição, pois isto é questão de competência para julgar a causa.
Cláusula compromissória cheia ou completa é aquela que define todas as
condições da Arbitragem. Ao revés, temos a cláusula compromissória
incompleta, que se dá quando não se prevê todas as condições
necessárias para dar início à arbitragem;

: as partes decidem que um


determinado conflito será resolvido pela arbitragem. O conflito aqui já
existe. *Quando a cláusula compromissória é incompleta, ela precisa ser
regulamentada por um compromisso arbitral quando se efetiva o
conflito. Nada impede, todavia, que haja compromisso arbitral sem
anterior cláusula compromissória. *Vide, no site direitodoestado.com,
artigo sobre Administração Pública e Arbitragem.

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a jurisdição somente pode ser exercida


por quem tenha sido investido devidamente na função jurisdicional.

*O árbitro é investido na jurisdição pela convenção de arbitragem,


e não mediante concurso público;

não há como se escapar da


jurisdição;

o exercício da jurisdição não


pode ser delegado.

*Na arbitragem, haveria delegação se o juiz transferisse o


julgamento para um árbitro fazê-lo.

Logo, a jurisdição não é delegação de jurisdição. Nada obstante, no


exercício da jurisdição, o juiz pode exercer vários poderes: ordinatórios
(poder de conduzir o processo), instrutórios (poder de produzir provas),
decisórios (poder de julgar, poder jurisdicional propriamente dito) e
executivos (poder de concretizar e efetivar sua decisão).

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Destes quatro poderes, o único que é rigorosamente indelegável é o


poder de julgar.

Por sua vez, o poder ordinatório pode ser delegado a servidor (art.
93, XIV, CRFB; art. 162, § 4º, CPC). Ademais, um Tribunal pode delegar a
um juiz de primeira instância poderes instrutórios, mediante a carta de
ordem. Igualmente, um Tribunal pode delegar a juízes a execução de
seus julgados.

Como a Jurisdição é um poder, ela se exerce sobre um dado


território.

Toda jurisdição tem uma limitação territorial, sobre a qual pode


exercer seu poder. Pode ser maior ou menor, ex. STF (exerce jurisdição
em todo o território nacional), TJ (Estado) Juiz (Comarca).

Sempre haverá um território sobre o qual a jurisdição é exercida. O


território sobre o qual se exerce a jurisdição é o FORO, delimitação
territorial sobre a qual se exerce a jurisdição.

A Justiça Estadual costuma ser exercida em Comarcas, unidades


territoriais da Justiça Estadual. A Comarca costuma ser uma cidade ou
um grupo de cidades.

As Comarcas podem ser divididas em distritos.

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O Distrito é uma subdivisão de uma Comarca. Pode ser 1 bairro,


grupo de bairros, ou, inclusive, uma cidade, quando uma Comarca
abrange várias cidades.

A Justiça Federal se divide em Seção Judiciária (sempre 1 Estado) e


pode ser dividida em Sub-seções. Sempre são 1 cidade ou 1 grupo de
cidades.

A Comarca se relaciona com a Seção Judiciária:

Exceções – Casos de Extraterritorialidade


1) Extraterritorialidade

Art. 230. Nas comarcas contíguas, de fácil comunicação, e nas


que se situem na mesma região metropolitana, o oficial de justiça
poderá efetuar citações ou intimações em qualquer delas.(Redação
dada pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993)

O oficial de justiça poderá efetuar citações ou intimações em quaisquer:

Comarcas contíguas (fazem fronteira);

Comarcas que pertencem à mesma Região Metropolitana (podem


ser ou não contíguas).

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O Oficial de Justiça pode se dirigir à outra para praticar atos de


comunicação processual, como citação ou intimação. São casos de
extraterritorialidade, já que a jurisdição será exercida além do território.

São atos de comunicação, não atos executivos, como penhora.

2) Extraterritorialidade

Art. 107. Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado ou


comarca, determinar-se-á o foro pela prevenção, estendendo-se a
competência sobre a totalidade do imóvel.

A Jurisdição do imóvel exerce-se também sobre a parte do imóvel


que encontra-se na outra comarca ou Estado, pela PREVENÇÃO.

Art. 5º, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
ou ameaça a direito;

Garante o direito de acesso à Justiça, o Direito de Ação, de


provocar os Tribunais, direito dos mais importantes, que pertence a
qualquer sujeito de direito, já que qualquer sujeito tem direito de acesso
à Justiça.

A CF garante o direito à tutela preventiva.

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CF falou em direito, sem adjetivá-lo, o que significa que é qualquer


direito, não há direito que não possa ser levado à apreciação do PJ,
direito individual ou coletivo.

A Jurisdição é inafastável no Brasil.

Sim!

Até o mérito? Sim! Se você mostrar que o ato discricionário for


irrazoável.

A CF não excepciona, não há exceção. Em alguns casos, transfere a


jurisdição a outro órgão que não o PJ, como o Senado Federal, como
crime de responsabilidade do Presidente da República. A jurisdição não
é afastada, mas exercida pelo SF quanto a esta matéria.

A arbitragem é 1 opção de pessoas capazes e livres, que decidem


não levar ao PJ. Haveria inconstitucionalidade se a lei obrigasse à
arbitragem, mas se ela permite que eu voluntariamente não queira levar
meu problema ao PJ, ela é compatível com a liberdade.

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A CF passada dizia que a lei poderia condicionar o acesso ao PJ ao


esgotamento administrativo da controvérsia: Jurisdição condicionada.
Por conta dessa previsão na CF passada, várias leis da época faziam isso.

A CF/1988 não tem essa previsão. Como ficam as leis que antes
previam isso e as leis que agora prevêem isso?

Exemplos de leis que condicionam: Lei de Habeas Data, Lei da


Súmula Vinculante e Mandado de Segurança.

Tem que mostrar a necessidade de ir diretamente ao PJ e não poder


esperar a solução administrativa. Se ele demonstra a urgência na solução
judicial, não se pode impedir que ele vá ao PJ. Não se interpreta uma
questão somente em tese.

Súmula 2, STJ – Não cabe habeas data (cf, art. 5º,


LXXII, “a”) se não houve recusa de informações por parte
da autoridade administrativa.

Ex.: caso da Justiça do Trabalho – criação das Comissões de


Conciliação Prévia (Instância de Conciliação). Os juízes começaram a
interpretar a lei como uma exigência para se poder ir à JT.

O STF disse que a interpretação não poderia levar à criação de uma


exigência para se chegar ao PJ, mas que seria apenas uma opção de
solução de conflitos.

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A Justiça Desportiva tem um regramento especial, porque é


regulada pela própria Constituição, no artigo 217, que diz que as
questões desportivas somente serão levadas à apreciação do PJ após o
exaurimento da Justiça Desportiva. Aqui é diferente, porque a própria
CF previu que a Justiça Desportiva é um condicionamento à ida ao PJ.

Art. 217, § 1º - O Poder Judiciário só admitirá ações


relativas à disciplina e às competições desportivas após
esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada
em lei.

O condicionamento em determinados casos é razoável. Não se


pode proibir em tese, o que seria ofender a CF. Em situações de urgência,
a pessoa não poderia, porém, esperar a solução no plano administrativo.

Não se pode ignorar que o direito de acesso à justiça seria o de


provocar a atividade jurisdicional. É o direito de ter uma justiça de
qualidade, em um processo devido, não simplesmente uma garantia
meramente formal de bater às portas do PJ, mas de ter o processo
devidamente decidido, com todas as garantias estudadas.

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Impõe que as causas sejam processadas e decididas por um juiz


competente e imparcial.

Competência: exigência formal do Juiz Natural

Imparcialidade: exigência substancial do Juiz Natural

Para julgar a causa, o juiz tem que ter a competência prevista em lei
(geral e abstrata, para todos, que atribui àquele órgão para julgar causas
como a sua). A garantia é de que quem tem competência foi designado
para julgar causas de um modo geral. Por conta disso, proíbe-se o
tribunal de exceção.

Tribunal de exceção: órgão criado excepcionalmente para julgar


determinado caso. Não existe na estrutura básica do PJ. É
inconstitucional, porque viola a garantia do juiz natural.

O Juiz Natural proíbe a designação de juízes ex post facto (depois


do fato).

O Juiz Natural proíbe o juiz ad hoc (para isso, para determinada


causa, providência).

O Juiz tem que ser constituído com uma regra prevista em lei: a
distribuição, porque é aleatória.

Não basta dizer que é o juiz competente, ele precisa também ser
imparcial (não ter interesse na causa). Para isso é que existem as
garantias da magistratura (inamovibilidade, irredutibilidade de salários),

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51
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para que o magistrado possa exercer a jurisdição com independência e


ser imparcial.

Ler o pequeno e emblemático julgado do STF: Recl. 417/RR Roraima

Ementa

EMENTA: CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL. COMPETÊNCIA. AÇÃO POPULAR.

Constituição, art. 102, I, "n". I. - Ação popular ajuizada para o fim de anular a nomeação de
todos os membros do Tribunal de Justiça do Estado de Roraima, estando os Juizes de 1. grau
do mesmo Estado em estágio probatório, assim sem a garantia de independência da
vitaliciedade, dependentes do Tribunal cujos integrantes são litisconsortes passivos na ação
popular. Impossibilidade de realização do devido processo legal, dado que um dos
componentes deste, o juiz natural, conceituado como juiz com garantias de independência,
juiz imparcial, juiz confiavel, não existe, no caso. II. - Hipótese em que ocorre a competência
do Supremo Tribunal Federal, para processar e julgar a ação popular, na forma do disposto
no art. 102, I, "n", da Constituição Federal. III. - Reclamação julgada procedente.

O STF entendeu que não havia juiz natural, porque os juízes não
tinham garantias de vitaliciedade, independência para julgar a causa
contra o próprio TJ de Roraima.

Princípio cuja violação é a mais difícil de ser identificada.

Muitas vezes essa violação é bastante sutil!

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Cada livro quer dar um tratamento original e peculiar...

1. A Jurisdição Voluntária é uma atividade integrativa


Pela Jurisdição Voluntária, o juiz integra a vontade de um sujeito
tornando-a apta à produção de determinado efeito jurídico. Chancela,
autorização judicial para que o efeito jurídico aconteça.

2. A Jurisdição Voluntária é uma atividade de fiscalização


Exatamente porque o juiz terá de integrar a vontade, o juiz terá de
fiscalizar a prática do ato, a regularidade, conformidade do ato.
Mudança de nome, bandido, quer dificultar a procura? Emancipação,
débil mental? Preenche os pressupostos para se emancipar, mudar o
nome?

O juiz fiscalizará o preenchimento dos pressupostos para que o


efeito se produza.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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3. A Jurisdição voluntária se caracteriza por ser um modelo


de processo inquisitivo
Há muitos poderes atribuídos ao juiz na jurisdição voluntária,
casos inclusive de procedimentos de jurisdição voluntária que são
iniciados de ofício pelo juiz, como art. 1.129 e 1.190.

O juiz tem legitimidade para instalar de ofício, o que é raro, mas


acontece.

Art. 1.129. O juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer


interessado, ordenará ao detentor de testamento que o exiba em juízo
para os fins legais, se ele, após a morte do testador, não se tiver
antecipado em fazê-lo. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973

Parágrafo único. Não sendo cumprida a ordem, proceder-se-á à


busca e apreensão do testamento, de conformidade com o disposto
nos arts. 839 a 843. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973

Art. 1.190. Se o tutor ou curador for de reconhecida idoneidade,


poderá o juiz admitir que entre em exercício, prestando depois a
garantia, ou dispensando-a desde logo.

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4. Todas as garantias da Magistratura, bem como todas as


garantias do devido processo se aplicam na jurisdição
voluntária, inclusive o princípio do contraditório
Todos os interessados devem ser ouvidos na jurisdição voluntária e
têm, inclusive, prazo de 10 dias para se manifestar.

Emancipação: necessidade de ouvir os representantes.

Retificação de registro imobiliário: necessidade de ouvir o vizinho.

5. A jurisdição voluntária será resolvida por sentença


apelável

6. A jurisdição voluntária é, em regra, necessária


Os casos de jurisdição Voluntária são, em regra submetidos ao PJ,
não há opção ao interessado. Ele só obtém o efeito pretendido dirigindo-
se ao PJ.

Exceções:

Divórcio consensual não é necessariamente judicial.

Qualquer acordo extrajudicial pode ser levado à


homologação; é opção, o sujeito leva se quiser.

7. A jurisdição voluntária é quase sempre constitutiva


Por ela, situações jurídicas são criadas, modificadas ou extintas.

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8. Intervenção do MP na jurisdição voluntária

Art. 1.105. Serão citados, sob pena de nulidade, todos os


interessados, bem como o Ministério Público.

Em todos os casos de jurisdição voluntária o MP tem de intervir?


Não!

É preciso que a causa seja uma daquelas em que o MP intervém.


Por exemplo, causa que envolva interesse de incapaz.

Ex.: divórcio consensual de casal sem filhos. O MP vai opinar sobre


o que? Não faz sentido. É um caso de jurisdição voluntária que não exige
intervenção do MP.

Basta a jurisdição voluntária para que o MP possa intervir? Não!

Só intervirá nos casos de obrigatoriedade: art. 82, CPC

Art. 82. Compete ao Ministério Público intervir:

I - nas causas em que há interesses de incapazes;

II - nas causas concernentes ao estado da pessoa, pátrio


poder, tutela, curatela, interdição, casamento, declaração
de ausência e disposições de última vontade;

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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III - nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse


da terra rural e nas demais causas em que há interesse
público evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da
parte. (Redação dada pela Lei nº 9.415, de 23.12.1996)

9. Decisão em 10 dias; não obrigatória legalidade estrita

Art. 1.109 O juiz decidirá o pedido no prazo de 10 (dez)


dias; NÃO é, porém, obrigado a observar critério de
legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a solução
que reputar mais conveniente ou oportuna.

Permite que, na jurisdição voluntária, o juiz não se atenha à


legalidade estrita, decidindo com base em equidade.

Ex.:

1. Guarda compartilhada, hoje já regrada (2008). Surgiu no foro


sem previsão legal.

2. Na interdição, o interditando tem de ser ouvido antes pelo juiz.

3. Inspeção judicial. Se o sujeito está em coma, não há sentido em o


juiz inspecioná-lo.

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JV não é jurisdição. Adm. Públ. Interesses Privados

É administração pública de interesses privados. O juiz somente


atuaria administrativamente.

É a corrente mais tradicional e majoritária.

O nome Jurisdição Voluntária seria errado.

E como, em regra, é necessária, não seria voluntária.

“Administração necessária, não jurisdição voluntária”.

Jurisdição Voluntária é jurisdição.

Calmon de Passos, Ovídio Baptista

Quadro Comparativo

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CORRENTE CORRENTE
ADMINISTRATIVISTA JURISDICIONALISTA

1 Não há lide, conflito. 1 A lide não é pressuposta. Não


Portanto, não haveria precisa haver lide para que haja
jurisdição, porque esta só JV. Tanto pode haver lide que os
haveria se houvesse lide. interessados são citados.

2 Não há partes, só 2 Há partes


interessados, porque não há
lide.

3 Não há ação, mas 3 Há ação


requerimento.

4 Não há processo, só 4 Há processo


procedimento.

5 Não há coisa julgada, só 5 Há coisa julgada


preclusão.

Não se pode dizer que só há jurisdição se houver lide, nem se pode


dizer que só há jurisdição se houver lide.

Não tem sentido dizer que porque a atividade é administrativa não


há processo. Ex. Processo administrativo. Há 80 anos não se falava em
processo administrativo. Administrativo ou jurisdiconal, há processo!

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As correntes citam o mesmo texto para falar que tem ou não coisa
julgada:

Art. 1.111. A sentença poderá ser modificada, sem prejuízo dos


efeitos já produzidos, se ocorrerem circunstâncias supervenientes.

Administrativistas: a sentença pode ser modificada.

Jurisdicionalistas: se não sobrevier fato algum, a sentença não será


modificada.

A briga sobre existência de coisa julgada reflete no cabimento ou


não de ação rescisória.

Cabe Ação Rescisória em Jurisdição Voluntária?

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60
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
Prof. Fredie Didier

A Competência é 1 conceito da Teoria Geral do Direito:

É medida de um poder.
Sempre que se refere a quantidade de poder, refere-se a
competência. Parcela de poder. Limite de exercício de poder. Somente
pode ser exercida nos limites do poder.

Não se confunde com competência legislativa nem administrativa.

Normas que estruturam a competência no Brasil

Funda a necessidade de o juiz ser competente.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
Prof. Fredie Didier

As regras de competência têm que ser típicas, previstas


expressamente em lei.

Às vezes, há lacuna de regra de competência -> problema: não se


admite vácuo de competência, alguém terá de ser competente. Há
necessidade de se admitir competência implícita, porque, sem admitir
isso, o sistema ficaria lacunoso, não seria preenchido. Ao atribuir 1
determinada competência, o legislador implicitamente atribui outras.

Ex.: CF não tem referência a embargos de declaração. Embargos de


declaração do STF: competência implícita. Admitem-se competências
implícitas, porque, sem elas, o sistema não fecha e precisa fechar.

As regras de competência são indisponíveis para o órgão julgador.


O julgador não pode dispor das regras de competência que a lei lhe
atribui. Só o legislador pode flexibilizar as regras de competência.

Kompetenzkompetenz.

Todo Juiz tem a competência de examinar a sua competência: é


uma competência mínima que o juiz tem.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
Prof. Fredie Didier

Cabe ao legislador em sentido amplo distribuir a competência.

1. CF faz a 1ª distribuição da competência em cinco Justiças:

J. Federal

J. Eleitoral

J. Militar

J. Trabalhista

J. Estadual – competência residual*

*O que não for de competência das outras Justiças, será


competência da JE

Se existe, pode fazer coisa julgada.

Ada Pellegrini Grinover defende que seria caso de não juiz. A


incompetência constitucional gera inexistência. Não é, porém, o
pensamento majoritário.

A jurisdição é una, porém exercida por vários órgãos. No Brasil,


por 5 Justiças.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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2. Leis Federais Infraconstitucionais

3. Constituições Estaduais

4. Leis Estaduais

5. Regimentos Internos dos Tribunais


O Tribunal pode pegar a competência dada a si e distribuí-la
internamente, por meio do Regimento Interno.

O Regimento Interno não atribui competência ao Tribunal, não cria


uma competência que o Tribunal não tem, mas distribui internamente a
competência que a lei atribuiu ao Tribunal.

MOMENTO: PROPOSITURA DA AÇÃO.


Art. 87. Determina-se a competência no momento em que a
ação é proposta...

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Momento em que se fixa qual o juiz competente para julgar


determinado caso: é o momento da propositura da ação.

Data Propositura Ação: distribuição; não havendo -> despacho inicial.


A data da propositura da ação é a data da distribuição ou, onde não
houver necessidade de distribuição, a data do despacho inicial.

Regra: PERPETUAÇÃO!

Art. 87. Determina-se a competência no momento em que a ação


é proposta. São irrelevantes as modificações do estado de fato ou de
direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem o órgão
judiciário ou alterarem a competência em razão da matéria ou da
hierarquia.

Art. 263. Considera-se proposta a ação, tanto que a petição inicial


seja despachada pelo juiz, ou simplesmente distribuída, onde houver
mais de uma vara. A propositura da ação, todavia, só produz, quanto
ao réu, os efeitos mencionados no art. 219 depois que for
validamente citado.

Art. 219. A citação válida

1. torna prevento o juízo,

2. induz litispendência e

3. faz litigiosa a coisa;

4. e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o

devedor e interrompe a prescrição.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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São irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito


ocorridas posteriormente

A causa se estabiliza naquele juízo, fica ali, independente de


alterações no estado de fato ou direito posteriores. Trata-se da regra da
perpetuação da jurisdição.

1. Suprimir o órgão judiciário

2. Mudar competência absoluta do juízo

2.1 Alterar C. em razão da matéria

2.2 Alterar C. em razão da hierarquia

2.3Outros casos de competência absoluta

Exceções: São fatos supervenientes à fixação da competência que


podem quebrar a perpetuação, autorizando a redistribuição da causa.

1. Se o órgão jurisdicional, o juízo, a vara, o tribunal, a comarca


deixa de existir, a causa deverá ser redistribuída

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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2. Também haverá quebra da perpetuação quando fato


superveniente alterar a competência ABSOLUTA do juiz. Só a mudança
de competência absoluta – qualquer que seja ela – autoriza a quebra da
perpetuação.

***Matéria e hierarquia são apenas exemplos de competência


absoluta. Portanto, alteração de qualquer competência absoluta.

EC 45 alterou a competência absoluta: levou várias causas da JE


para a JT: todos os processos foram remetidos da Justiça Estadual (JE) à
JT. Os processos já julgados não foram remetidos e os que tinham
recursos continuaram a ser julgados pelo TJ, não pelo TRT. Os recursos
propostos das sentenças proferidas pelo juízo competente antes da
emenda permaneceram na JE.

1º a Conhecer e Julgar a causa.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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É a competência para conhecer e julgar a causa originariamente,


em primeiro lugar, num primeiro momento, pela primeira vez. A causa
será julgada pela primeira vez, naquele juízo.

Regra: é do juiz de 1ª instância.

Exceção: Tribunais. Ex. A. Rescisória.


Há casos de Tribunais terem competência originária. Ex.: ação
rescisória é de competência originária do Tribunal.

Julgar a causa em grau de recurso.


Competência para julgar a causa em grau de recurso.

Regra: Tribunais.

Exceção: Juízes. Ex. Emb. Decl.


Há casos, ainda que excepcionais, em que juízes têm competência
derivada Ex.: quando o juiz julga embargos de declaração contra sua
decisão.

Cuidado*** Turmas recursais tem competência derivada e são


compostas por juízes, porém é outro órgão: não é juiz de 1ª instância,
bem como não é Tribunal.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Interesse público

Inderrogável: partes ou conexão

Possível: conhecida de ofício

Alegável por qlq parte, forma, momento

Atacável por Ação Rescisória

Atos decisórios praticados: nulos.

Fixada para atender determinado interesse público.

Por conta disso, não pode ser alterada pela vontade das partes,
nem por conexão. Exatamente por conta disso, a incompetência
absoluta pode ser conhecida de ofício, pode ser alegada por qualquer das
partes, por qualquer forma e em qualquer momento do processo,
enquanto estiver correndo o processo. Além disso, é um defeito tão
grave que justifica ajuizamento de ação rescisória.

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Interesse da Parte

Derrogável: partes

Impossível conhecimento de ofício

Réu, 1º momento a falar nos autos (preclusão)

Exceção de incompetência/Contestação (jurisp.)

Atos decisórios praticados: válidos.

Regra sobre CR é criada para atender interesse da parte.


Exatatamente por conta disso, é regra que pode ser alterada pela vontade
das partes. Por isso, a incompetência relativa não pode ser conhecida de
ofício (STJ 33):

STJ, SÚMULA 33 – vale para o processo civil***, não para


o DPP

A incompetencia relativa não pode ser declarada de oficio.

Só pode ser alegada pelo réu no primeiro momento que lhe couber
falar nos autos, sob pena de preclusão, podendo ser alegada somente por
meio de exceção de incompetência (peça escrita, apartada da
contestação). Há farta jurisprudência aceitando incompetência relativa
alegada na contestação. É um defeito de forma que não causa nenhum
prejuízo. O NCPC elimina essa exigência de alegar incompetência
relativa por meio de exceção.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Da regra de CR pode se dar de 2 maneiras:

Tácita / Prorrogação de Competência


Basta que o réu não alegue competência relativa -> o silêncio do
réu importa preclusão e, portanto, prorrogação da competência.

Expressa / Foro de Eleição/Contratual


O foro de eleição/contratual – é uma cláusula de um NJ em que as
partes decidem que causas relativas àquele negócio deverão ser
processadas em determinado lugar/foro.

Os contratos de adesão podem ter foro de adesão, o que costuma


acontecer. Não há proibição para que se estipule isso no contrato de
adesão, a não ser que essa cláusula seja abusiva.

Se for abusivo, pode ser anulada. Ex.: fornecedor em Porto Alegre,


consumidor em Salvador. Fornecedor executava em PA. O juiz via o
contrato e achava estranho e considerava uma baita sacanagem, mas não
podia conhecer de ofício. Tinha que esperar a citação e manifestação do
réu. Até que um juiz considerou a cláusula nula e enviou o processo para
Salvador, o município do réu. O problema foi para o STJ, que gostou da
visão e passou a defender que, nos casos de abusividade de cláusula no
foro de eleição, o juiz pode de ofício remeter ao domicílio do
consumidor. Aí veio legislador e acrescentou o § único ao artigo 112 do
CPC:

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Art. 112. Argúi-se, por meio de exceção, a incompetência relativa.

Art. 112, parágrafo único. A nulidade da


cláusula de eleição de foro, em contrato de
adesão, pode ser declarada de ofício pelo juiz,
que declinará de competência para o juízo de
domicílio do réu.

(Incluído pela Lei nº 11.280, de 2006)

O legislador incorporou ao texto do CPC a jurisprudência do STJ,


com uma diferença: no CDC, previa-se isso para contrato de consumo e o
legislador generalizou para qualquer contrato de adesão.

114: Relativa + Absoluta + Relativa

Art. 114. Prorrogar-se-á a competência [RELATIVA] se dela o juiz não


declinar na forma do parágrafo único do art. 112 desta Lei [ABSOLUTA] ou
o réu não opuser exceção declinatória nos casos e prazos
legais[RELATIVA]. (Redação dada pela Lei nº 11.280, de 2006)

O legislador criou uma hipótese de incompetência mista:

 O juiz pode de ofício remeter ao domicílio do réu – carac. da


competência absoluta,

 juiz alega no início; não pode alegar a qualquer tempo – carac. da


competência relativa.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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 ou o réu alega, nos prazos legais – carac. da competência relativa .

Se juiz e réu não alegarem, ocorrerá preclusão. É um regime misto,


preponderantemente de competência relativa.

Reconhecida a incompetência, absoluta ou relativa, os autos devem


ser remetidos ao juízo competente. A conseqüência é a mesma para CR
ou CA: remessa dos autos ao juízo competente.

O processo não se extingue em razão da incompetência.

Exceções, em que a incompetência extingue o processo:

1. no âmbito dos Juizados Especiais

2. no caso de incompetência internacional.

FORUM SHOPPING / FORUM NON CONVENIENS

Há casos em que a lei prevê vários foros igualmente competentes


para o julgamento da causa. Ex.: ação civil pública quando o dano é
nacional – pode ser proposta em qualquer capital do Brasil. Nessas
situações, fala-se em foros concorrentes. É o forum shopping, escolha de

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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um lugar dentre os possíveis para julgamento da ação, muito freqüente


no âmbito internacional.

Começou a haver o abuso do direito de escolha de um dos foros


competentes: escolhia-se um lugar só para prejudicar o réu, sem
beneficiar o autor ou a causa. O direito deve ser exercido de boa-fé. Nada
obstante, começou a haver o abuso do direito de escolha do foro
competente: por vezes, escolhia-se um lugar apenas para prejudicar o
réu, de modo que não agregava nada de benefício para o autor ou para a
causa, violando a boa-fé objetiva.

Para evitar os abusos, surgiu a teoria do Forum non Conveniens:


pode o juiz afastar a escolha abusiva do foro que se revelar não
conveniente – inadequado, abusivo, desnecessariamente lesivo. Nada
mais é do que a aplicação no âmbito da competência do princípio da
adequação jurisdicional do processo e do princípio da boa-fé, que veda
o abuso de direito. Trata-se de doutrina que nasceu na Escócia e muito
arraigada no plano internacional e que começa a ser citada no âmbito
interno no Brasil.

Em um julgado, o STJ se embananou todo e falou que não se


aplicava... misturou os assuntos. Não se pode afirmar que o STJ é contra,
a matéria voltará à pauta.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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OBJETIVO

FUNCIONAL

TERRITORIAL

Convivem, não se excluem.

Critério que considera a demanda para distribuir a causa.

Leva em consideração os elementos da demanda.

Causa de pedir –> Competência em razão da


matéria

Demanda Partes –> Competência em razão da pessoa

Pedido –> Competência em razão do valor

São 3 sub-critérios objetivos

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Competência absoluta

Natureza da RJ discutida

Distribuída de acordo com a natureza da relação jurídica discutida


em juízo. Ex.: causas cíveis -> Varas cíveis; causas criminais -> Varas
penais.

Está na causa de pedir

Competência absoluta
Fixada tendo em vista o litigante, a parte que participará do
processo.

Ex.: Varas de Fazenda Pública

Pode haver combinação desses critérios. Ex.: Vara da FP Tributária,


p/ Servidores Públicos.

Súmula: 206
A existência de vara privativa, instituída por
lei estadual, NÃO altera a competência
territorial resultante das leis de processo.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário,

marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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§ único. Lei Complementar (MP) poderá autorizar os

ESTADOS [e DF] a legislar sobre questões ESPECÍFICAS das

matérias relacionadas neste artigo.

A causa tem que ficar naquela comarca. Não é porque não há vara
da FP que todas as ações contra a FP correrão em comarca que tenha
vara da FP. Será julgada na própria comarca.

Exemplo mais comum: Juizados Especiais. A competência dos


JEEst. não é só em razão do valor da causa, há causas do JEE que não têm
teto, como decorrentes de acidentes de trânsito.

Nos JE, a incompetência pelo valor é resolvida de maneira bem


peculiar: se você pede além do teto, você está abrindo mão da diferença,
o que significa dizer que o juiz não precisa extinguir o processo por
incompetência em razão do valor, significa que a parte abre mão do
valor excedente. Pode haver acordo de alto valor, mas o juiz não pode
condenar acima do teto.

JEF – Competência Absoluta: até 60 sal. mín.

Nos JEF, a competência é absoluta em causas até 60 salários


mínimos: têm que correr nos JEF.

JEE – Competência Relativa: valor

JEE existe a opção do demandante.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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JEE – Competência Absoluta: matérias específicas

Para determinadas matérias, como Família, a Lei determinou a


extinção do processo proposto no JE.

Nos processos, o juiz exerce diversas funções: recebe os processos,


colhe provas, julga incidentes, julga a causa, recurso, executa. O
legislador pega essas atribuições e as divide entre os diversos órgãos.

Sempre que o legislador pegar as diversas funções que podem ser


exercidas em um processo e distribuí-las entre diversos órgãos
jurisdicionais, fala-se em competência funcional, competência para
exercer uma função dentro do processo.

Conexão: atribui competência funcional (absoluta) a outro juiz


para julgar a causa.
Competência Funcional pode ser visualizada em 2 dimensões:

- Plano horizontal

- Plano vertical

Mesmo nível de instância

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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É a distribuição da competência no mesmo nível de instância.

Ex.: Júri condena e o juiz doza a pena – estão no mesmo nível, com
competências funcionais distintas.

É a distribuição da competência entre instâncias.

Ex.: a divisão da competência entre originária e derivada.

=/= níveis de instância

Determinará em que foro a causa deve ser ajuizada.

Ver na aula passada a terminologia quanto aos foros.

Regra: relativa.
A regra, no Brasil, é a de que a competência territorial é relativa.
Há casos de competência territorial absoluta.

Exceção: absoluta.
* Parte da doutrina fala que é funcional, por ser absoluta.

Ação coletiva - competência territorial absoluta:


Lei 7.347/1985, Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do

local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e

julgar a causa.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Ações individuais: regras de proteção do indivíduo, não de


imposição para ele.
Lei 10.741, Art. 80. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro do

domicílio do idoso, cujo juízo terá competência absoluta para processar a causa,

ressalvadas as competências da Justiça Federal e a competência originária dos

Tribunais Superiores.

Lei 8.069/1990, Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro

do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou omissão, cujo juízo terá

competência absoluta para processar a causa, ressalvadas a competência da Justiça

Federal e a competência originária dos tribunais superiores.

A competência para ações coletivas é absoluta.


Nas ações individuais, é uma proteção para o idoso, que pode abrir
mão dela, como ocorre nas ações sobre consumo.

Art. 94, CPC

2 Regras

Art. 95, CPC

Art. 94. A ação fundada em direito pessoal e a ação fundada em


direito real sobre bens MÓVEIS serão propostas, em regra, no foro
do domicílio do réu.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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É um regra que se aplica a qualquer ação pessoal e à ação real


mobiliária.

Ação Pessoal

Domicílio do réu

Ação Real Mobiliária

Ex.: Ação de despejo.

Avião: bem móvel, pode ser hipotecado. Conceito de avião: Código


da Aeronáutica.

Ação Real Imobiliária -> art. 95

Art. 95. Nas ações fundadas em direito real sobre imóveis é


competente o foro da situação da coisa. Pode o autor, entretanto,
optar pelo foro do domicílio [do réu] ou de eleição, não recaindo o
litígio sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, posse,
divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova.

Competência – Três foros concorrentes:

foro da situação da coisa – forum rei sitae


+ 2 opções:

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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foro de eleição

foro de domicílio do réu.

O autor não poderá optar pelas 2 opções em 7 situações e outras


não elencadas especificamente neste artigo.

Competência do foro da situação da coisa (comp. territorial absoluta):


PVSPDDTNOB

direito de propriedade,

vizinhança,

servidão,

posse,

divisão e demarcação de terras,

nunciação de obra nova

...

enfiteuse

usufruto

Há outras ações reais, como enfiteuse e usufruto, que não estão no


rol.

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CPC de Nélson Nery, na parte em que comenta sobre as ações


possessórias, existe uma tabela de 2 páginas para explicar as ações reais.

Ação Publiciana
É uma ação por meio da qual se busca efetivar o direito de
propriedade sem título para isso. É chamada, por apelido, de Ação
Reivindicatória sem título. Poderei reivindicar a coisa, sem título, por
meio da ação publiciana.

Obj.: efetivar Dto. de Propriedade sem título.

Ação Reivindicatória sem título.

Prevista em 2 artigos da CF:

 108 – TRF
 109 – Juízes Federais

109 – Juízes Federais:


Pessoa – I, II e VIII

Matéria – III, V-A, X e XI

Hierarquia – X

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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 Competência em razão da Pessoa – I, II e VIII

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública

federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou


oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à
Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;

UNIÃO

Empresa Pública Federal


(CEF, Infraero, Correios) – não se fala em Sociedade de Economia Mista
Federal*.

*SEMF: competência da Justiça Estadual


SEMF (Petrobrás, BB)

ENTIDADE AUTÁRQUICA FEDERAL


É uma designação genérica, que abrange as autarquias (INSS),
Conselhos de Fiscalização profissional (entidades autárquicas em sentido
amplo), fundações autárquicas, como Funai; também abrange as
agências reguladoras federais.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Esse rol não fala em Ministério Público Federal.

A presença do MPF em juízo, por si só, torna a causa de competência da Justiça


Federal?

Resposta: questão polêmica.

Para Fredie, não é a presença do MPF que torna a causa de


competência da JF. É preciso que a causa se encaixe em alguma das
hipóteses de competência da JF. O MPF poderia demandar na JE e vice-
versa. O MPE pode demandar na JF, se a causa for de competência da JF.

Há uma decisão do STJ, de relatoria de Teori Zavascki, em que ele


não adota esse entendimento. Para Zavascki, a presença do MPF faz com
que a causa seja de competência da JF.

INTERVENÇÃO DA UNIÃO

Análise da competência: Juiz Federal


Referência a 3 súmulas do STJ, que devem ser estudadas
conjuntamente.

Imagine que uma causa esteja tramitando na JE. A União pede para
intervir. A partir do momento em que a União pede para intervir em
causa que corre na JE, o Juiz Estadual não pode analisar se a União está
autorizada ou não a intervir. Tem que enviar os autos à JF. O juiz
estadual não tem competência para examinar se a União pode ou não
intervir naquele processo que tramita na JE. Só o juiz federal poderá
analisar se a União tem ou não o direito de intervir.

Súmula: 150

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COMPETE A JUSTIÇA FEDERAL DECIDIR SOBRE A EXISTENCIA DE

INTERESSE JURIDICO QUE JUSTIFIQUE A PRESENÇA, NO PROCESSO, DA

UNIÃO, SUAS AUTARQUIAS OU EMPRESAS PUBLICAS.

Se porventura o Juiz Federal não admitir a intervenção da União,


ele deve excluir a União e remeter os autos de volta à Justiça Estadual, já
que não há mais razão para a JF examinar a causa.

Súmula: 224
Excluído do feito o ente federal, cuja presença levara o Juiz Estadual
a declinar da competência, deve o Juiz Federal restituir os autos e
não suscitar conflito.

Chegando na JE, o juiz estadual não pode discutir a decisão do Juiz


Federal. Não cabe a ele rever o que disse o Juiz Federal.

Súmula: 254

A decisão do Juízo Federal que exclui da relação processual ente


federal não pode ser reexaminada no Juízo Estadual.

Vimos a regra básica da competência em razão da pessoa.

Exceções
Sucede que há 4 exceções, situações em que a causa não será da
competência da JF, mesmo se um desses entes estiver presente:

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 Causas de falência – J. Est.


Ação de falência tramita na JE, mesmo que dela faça parte ente
federal. Inclui também a Recuperação Empresarial.

 Causas eleitorais – J. Eleitoral


Tramitarão na Justiça Eleitoral.

 Causas trabalhistas – emprego público – JT


Tramitam na Justiça do Trabalho.

Causas envolvendo servidor público (submetido a regime


estatutário) não são causas trabalhistas, são dirimidas na JF.

 Causas relativas a acidente do trabalho – JT/J. Est.


Também são causas que não tramitam na JF.

Acidente pode ocorrer

no âmbito do trabalho – gera para o acidentado

Direito a indenização, exercitável contra o


empregador. Ação acidentária trabalhista
indenizatória, contra o empregador, na JT.

Benefício previdenciário – contra o INSS – na


Justiça Estadual. Ação previdenciária acidentária
trabalhista

de outra natureza/não trabalhista

O acidente não trabalhista também gera direito


a ser indenizado pelo causador do acidente. Essa
ação indenizatória contra o causador pode correr

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87
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na JF ou na JE, dependendo de quem causar o


acidente:

o União, EPF, EAF* – Justiça Federal

o Outrem – Justiça Estadual

*INSS - Ação Previdenciária Acidentária não Trabalhista – Justiça


Federal (União, EPF, EAF).

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa


pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés,
assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de
trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;

Essa é a primeira hipótese da competência dos Juízes Federais em


razão da pessoa.

Vamos para a 2ª hipótese.

II – Estado Estrangeiro / Org. Int. X Município / Pessoa Resid./Dom.

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

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II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo


internacional e Município ou pessoa domiciliada ou
residente no País;

Nessa hipótese, não há nenhum ente federal envolvido.

2ª instância: STJ

A peculiaridade dessa causa é que ela tramitará nos Juízes


Federais, cujos recursos vão para o STJ, não o TRF. 2ª instância exercida
pelo STJ.

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

II - julgar, em recurso ordinário:

c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou


organismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou
pessoa residente ou domiciliada no País;

3ª hipótese Competência Funcional – Em razão da pessoa

VIII – MS, HD contra Ato de Aut. Fed., exceto comp. TRF

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade

federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais;

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MS e HD impetrados contra ato de Autoridade Federal -> Justiça


Federal

Autoridade Federal cujo ato pode ser discutido por MS e HD é


tanto a autoridade que pertence ao quadro de autoridades federais
quanto a autoridade privada no exercício de função pública federal.
Ex.: autoridades das instituições de ensino superior privadas. Exercem
função federal. As autoridades acadêmicas das instituições de ensino
superior têm seus atos impugnáveis perante a Justiça Federal. Súmula
15 do extinto TFR.

X – JF: Cumprir carta rogatória e Executar sentença estrangeira.

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a


execução de carta rogatória, após o "exequatur" (STJ, 105, I, i), e de
sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à
nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;

 Competência em razão da Matéria

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III – Tratado/Contrato União & Estado est. Org. Int.

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado

estrangeiro ou organismo internacional;

C. JF só se o tratado for a única fonte reguladora do caso

Se a causa se funda em Tratado Internacional, pouco importa a


causa ou as pessoas, é de competência da JF. O que importa é a matéria
discutida, matéria regulada por tratado.

O problema é que hoje em dia os tratados abrangem ampla


quantidade de assuntos. Para restringir a aplicação do inciso III, a
jurisprudência passou a entender o seguinte: o inciso III só incide se o
tratado for a única fonte que regula o caso. Se houver direito interno
que regula o caso, o inciso III não se aplica.

1 exemplo famoso: alimentos internacionais. Se alguém demanda


ação de alimentos no Brasil é uma Ação de Alimentos Internacional.
Caso raro de competência da JF, em causa de família.

V-A – DH

Grave violação a DH

PGR – STJ – Federalização: JE*  JF (IDC)

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* Ineficiência

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;

(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

É muito polêmico. Acrescentado recentemente na CF. Examinado


normalmente como se referisse apenas a causas criminais. Não é caso de
competência exclusivamente criminal. Também diz respeito a causas
cíveis.

Se houver grave violação a direitos humanos, pode o PGR pedir


que ao STJ, que a causa seja federalizada, saindo da JE para a JF. O PGR
pode pedir a federalização de causa que tramite na JF, em vista de grave
violação de DH. Mal estar criado: porque a JF seria melhor do que a JE?

O STJ, ao examinar o primeiro pedido de federalização (Dorothy


Stenck), negou, dizendo que naquele caso não cabia a federalização
porque as autoridades estaduais estavam agindo a contento, a JE estava
sendo diligente no cumprimento de suas atribuições.

O STJ estabeleceu um pressuposto para essa federalização: é


preciso que se demonstre a ineficiência das autoridades estaduais,
diligentes no cumprimento de suas funções.

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Esse pedido de federalização é chamado de IDC (Incidente de


Deslocamento de Competência). Esse foi o IDC 1.

Há 2 semanas, veio à tona o julgamento iminente do IDC 2, que


envolve uma série de assassinatos em Pernambuco, relacionados a
grupos de extermínio. O PGR pediu remessa desses processos para a JF.

Esse IDC trouxe uma novidade, que não tem no livro. O STJ
admitiu a intervenção de Amicus Curiae, alguém que intervirá no
processo para tentar ajudar o Tribunal a decidir melhor. Não há previsão
legal, o que é bom e uma recentíssima novidade. Fredie fez um editorial,
publicado no site dele sobre o assunto.

X – Ações de Naturalização e opção de Nacionalidade


Competência da JF em razão da matéria.

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução

de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a

homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e

à naturalização;

Causas de jurisdição voluntária na JF.

XI – Disputa sobre direitos indígenas

Pressupõe direitos dos índios como grupo humano.

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Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

XI - a disputa sobre direitos indígenas.

Se se tratar de direito pessoal de 1 índio (Trabalhador,


consumidor), não é da JF.

Súmula: 140

COMPETE A JUSTIÇA COMUM ESTADUAL PROCESSAR E


JULGAR CRIME EM QUE O INDIGENA FIGURE COMO AUTOR
OU VITIMA.
Se o crime é praticado contra um índio ou por um índio, é caso da
JE.

JF trata de ações de grupos indígenas, como demarcação de terras


indígenas.

Com isso, terminamos a competência dos Juízes Federais.

Juiz Estadual investido de Jurisdição Federal


Há casos raros em que um juiz estadual pode julgar causas federais.
Quando isso acontece, o recurso contra sua decisão vai para o TRF. O
juiz Estadual pode julgar causas federais, nos termos do § 3º do 109 da
CF.

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CF 109, § 3º - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no


foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que
forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que
a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa
condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também
processadas e julgadas pela justiça estadual.

DOIS PRESSUPOSTOS:

 Não haver sede da JF na localidade

 Autorização legislativa

o já foi dada para Causas contra o INSS (expressa autorização


da CF)

o Leis infra-constitucionais façam novas autorizações

*Não confundir:

 Ação previdenciária acidentária trabalhista é sempre da


JE.

 As outras Ações Acidentárias (não trabalhistas) são da


JF, mas podem tramitar na JE se lá não houver sede da
JF. Ocasionalmente, serão da JE.

Exemplos:

o Usucapião especial rural

o Execução fiscal federal

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o Juiz estadual pode cumprir cartas precatórias federais

Observações:

1. Se sobrevier a criação de uma Vara federal na comarca, a causa será


redistribuída. É fato superveniente que muda a competência absoluta.

2. Ação Civil Pública é um exemplo de causa que NÃO pode tramitar na


Justiça Estadual com recurso para o TRF. Uma Ação Civil Pública
Federal sempre tramitará na Justiça Federal.

3. Súmula 216 do TFR

Compete à JF julgar mandado de segurança impetrado contra ato de


autoridade previdenciária, ainda que localizada em Comarca do interior.

Consagra entendimento que continua a ser aplicado, apesar de ser


um absurdo. Mandado de segurança previdenciário não pode, mas
qualquer outra causa previdenciária pode. Absurdo! Se há uma regra
que facilita o acesso à justiça, porque essa regra restringe tal direito?!?!?

Competência do TRF

Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:

I - processar e julgar, originariamente:

b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou


dos juízes federais da região;

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c) ... os "habeas-data" contra ato do próprio Tribunal ou de juiz


federal;

e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao


Tribunal;

II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais


e pelos juízes estaduais no exercício da competência federal da área de sua
jurisdição.

TRF – 108, CF

 Inciso I – Competência Originária


 Inciso II – Competência Derivada
Juiz Federal
o b
o c
o e
Juiz Estadual investido de Jurisdição Federal

Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:

I - processar e julgar, originariamente:

e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados


ao Tribunal;

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Juízes federais vinculados ao mesmo Tribunal – TRF

Juízes federais vinculados Tribunais diversos – STJ

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

I - processar e julgar, originariamente:

d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o


disposto no art. 102, I, "o", bem como entre tribunal e juízes a ele não
vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos;

Sucede que o STJ ampliou a competência da letra “e”:

Súmula: 3

COMPETE AO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DIRIMIR CONFLITO DE


COMPETENCIA VERIFICADO, NA RESPECTIVA REGIÃO, ENTRE JUIZ

FEDERAL E JUIZ ESTADUAL INVESTIDO DE JURISDIÇÃO FEDERAL.

Se o conflito envolver juiz estadual investido de jurisdição federal,


será julgado pelo TRF. Na mesma região. Se forem em regiões diversas, o
conflito será julgado no STJ.

Conflito entre juiz federal e juizado especial federal


Súmula: 428

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Compete ao Tribunal Regional Federal decidir os conflitos


de competência entre juizado especial federal e juízo
federal da mesma seção judiciária.

TRF julga Ação Rescisória de seus julgados e dos juízes federais.

Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:

I - processar e julgar, originariamente:

b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus


ou dos juízes federais da região;

STJ amplia também a letra “b”? Se se trata de rescisória de juiz


estadual investido de jurisdição federal, a competência também será do
TRF.

Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:

I - processar e julgar, originariamente:

c) os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato


do próprio Tribunal ou de juiz federal;

Segue a mesma linha da letra “b”: também será da competência do


TRF

MS ato de juiz estadual investido de competência federal.

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***Ação rescisória e MS contra ato de um tribunal serão sempre da


competência desse tribunal. Sempre o próprio tribunal julgará. “b” e “c”
confirmam esta regra geral.

Conexão e Continência são semelhanças entre causas.

Modificações legais de Competência Relativa.

Esses assuntos têm a mesma natureza; o que eu falar, vale para


ambos.

Duas causas pendentes idênticas: causam litispendência, nome que


se dá à pendência de 2 causas idênticas.

A palavra litispendência tem outro sentido, que também aparece


no concurso.

Litispendência pode se referir à existência de um processo, ao


período que vai do nascimento à sua extinção.

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100
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“O recurso prolonga a litispendência”.


Certo, porque o recurso prolonga a existência do processo. Imagine
duas causas diferentes pendentes ao mesmo tempo e, apesar de
diferentes, possuem certo vínculo. Quando isso acontece, surge a
conexão ou continência: nome que se dá a uma relação de semelhança
entre causas distintas que estão tramitando.

Se as causas são semelhantes, é conveniente que sejam reunidas em


um único juízo que as processe e as julgue – medida de economia
processual – para fazer uma só instrução (mesmas provas); visa também
evitar desarmonia nas decisões das causas semelhantes. Dar relevância
ao fato de causas semelhantes que seriam reunidas é prestigiar a
harmonia das decisões e a economia processual.

Harmonia das decisões.

Economia processual.

 Reunião dos processos em um único juízo para processamento


simultâneo das causas.

 A causa sai de um juízo e vai para outro:

 Um juízo perde competência para julgar a causa

 Outro juízo ganha competência para julgar outra causa.

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101
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Aí está a modificação da competência, que só pode se dar se a


competência for relativa.

O juiz só pode perder sua competência relativa.

Conexão e continência mudam apenas competência


relativa: por isso, pode haver conexão sem haver reunião
dos processos.
É uma pegadinha!

Pode haver semelhança entre as causas, mas a reunião dos


processos ser impossível se gerar mudança de competência absoluta.

Ex.: Vara de Família e Vara Cível – varas de competências


absolutas distintas – não poderão ser reunidas causas conexas. Quando
as causas são conexas, mas não podem ser reunidas por competência
absoluta, uma delas deverá ser suspensa para que a outra seja julgada, a
fim de se evitar conflito de decisões. O efeito prioritário da conexão é a
reunião dos processos, mas nesses casos não ocorrerá.

Conexão dos processos é semelhança das ações.


Reunião dos processos é um efeito, uma conseqüência da
conexão, e não sinônimo de conexão.

Súmula: 235

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102
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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A conexão não determina a reunião dos processos, se um


deles já foi julgado.

Tira-se de um juízo uma competência relativa e dá-se para outro.

Conexão muda competência relativa:

Tira de um a competência relativa e atribui ao outro competência


absoluta para julgar a causa conexa. E esta é absoluta, é funcional.
Por isso, o juiz pode de ofício conhecer da conexão.

Ninguém precisa citar.

Qualquer das partes pode suscitar conexão. Suscitar conexão é


dizer que um juiz perdeu competência e outro juízo ganhou a
competência, que é absoluta.

Só o réu pode alegar incompetência relativa.

Conexão pode ser alegada inclusive pelo juiz. Se o réu alegar


conexão, fará na contestação. O autor costuma alegar na petição inicial.

Fredie fez inclusive editorial sobre isso. Editorial antigo. Agosto


2008.

Conexão e Continência são semelhanças entre causas. Fato apto a


produzir alguns efeitos:

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103
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Efeitos são reunião em um juízo para processamento simultâneo.


Quando isso não for possível, suspensão de um processo à espera de
outro. Isso se justifica por uma questão de economia processual e para
preservar a harmonia das decisões.

Conexão: conhecida de ofício / alegável por qualquer das


partes.
Conexão: gera perda de competência relativa e ganho de
uma competência absoluta.

Não sabemos em qual juízo as causas serão reunidas:

Reunião das Causas no juízo prevento.

Mesma Comarca: 1º despacho.

Comarcas =/=: 1ª citação.

A prevenção determinará em qual dos juízos as causas haverão de


ser reunidas e a prevenção tem 2 regras:

 Se as causas estiverem tramitando na mesma comarca, prevento é


o juízo que despachou primeiro. Art. 106.

 Se as causas estiverem tramitando em comarcas diversas, prevento


é o juízo onde primeiro ocorreu a citação. Art. 219.

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104
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Art. 106. Correndo em separado ações conexas perante juízes que


têm a mesma competência territorial, considera-se prevento aquele
que despachou em primeiro lugar.

Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz


litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por
juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a
prescrição.

§ 1o A interrupção da prescrição retroagirá à data da propositura


da ação.(Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

§ 2o Incumbe à parte promover a citação do réu nos 10 (dez) dias


subseqüentes ao despacho que a ordenar, não ficando prejudicada
pela demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário.(Redação
dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

§ 3o Não sendo citado o réu, o juiz prorrogará o prazo até o


máximo de 90 (noventa) dias. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de
13.12.1994)

§ 4o Não se efetuando a citação nos prazos mencionados nos


parágrafos antecedentes, haver-se-á por não interrompida a
prescrição.

§ 5o O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição. (Redação dada


pela Lei nº 11.280, de 2006)

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105
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§ 6o Passada em julgado a sentença, a que se refere o parágrafo


anterior, o escrivão comunicará ao réu o resultado do julgamento.

Ainda não falei o que é conexão e continência.

Art. 103. Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando Ihes


for comum o objeto ou a causa de pedir.

CONEXÃO:

identidade de pedido (objeto)

o ou

causa de pedir (matéria) – identidade parcial das ações.

CONTINÊNCIA:

Art. 104. Dá-se a continência entre duas ou mais ações sempre que há
identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por
ser mais amplo, abrange o das outras.

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106
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Continência exige algo além da conexão:

PARTES IGUAIS,

CAUSA DE PEDIR,

O PEDIDO DE UMA ABRANGER O DA OUTRA.

Ex.:

 1 pedido para anular 1 contrato (+ amplo, abrange o anular 1


cláusula)

 1 pedido para anular 1 cláusula

Esses conceitos merecem uma série de observações.

1. DESNECESSIDADE DA CONTINÊNCIA.
A continência é desnecessária, porque, pelo código, toda
continência é 1 conexão; se a causa de pedir é a mesma, o conceito
de conexão abrange o de continência. Ninguém usa o 104.

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107
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2. O CONCEITO DE CONEXÃO DO ART. 103 É UM


CONCEITO MÍNIMO.

Conexão por prejudicialidade: 1 causa interfere na outra


Os casos previstos no 103 são casos de conexão, são apenas
exemplos de conexão; não exaurem as hipóteses de conexão. Há
outros casos de conexão não previstos no 103, casos de conexão
atípica. O 103 prevê apenas hipóteses mínimas, básicas,
indiscutíveis. Como saber que são hipóteses mínimas? Sempre que
a decisão de 1 causa interferir na decisão da outra, há conexão, é a
chamada conexão por prejudicialidade. Há conexão porque a
solução de uma causa prejudica a outra.

a) Ex.: Investigação de paternidade e alimentos. Uma interfere


na outra, são causas indiscutivelmente conexas e não se
encaixam no 103: não têm a mesma causa de pedir nem o
mesmo pedido, mas são conexas, porque a solução de uma
interfere na outra. Se o juiz entender que o sujeito não é pai,
não deve alimentos. São causas conexas e serão reunidas por
causa da prejudicialidade, para além do 103.

b) Ação de despejo por falta de pagamento e consignação dos


aluguéis. Causas indiscutivelmente conexas e não têm o
mesmo pedido ou causa de pedir. São conexas por causa da
prejudicialidade.

Saber o conceito legal, e que é mínimo a outras hipóteses de


conexão, atípicas, amplamente aceitas, aqueles casos em que a solução de
uma causa interfere na outra – conexão por prejudicialidade.

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108
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Editorial 25 sobre a distinção há pouco comentada.

Editorial 25

21/08/2007
Distinção entre a alegação de modificação de competência e a alegação de
incompetência relativa.
Muitos alunos pediram-me que fizesse uma distinção entre a alegação de
modificação de competência relativa (conexão ou continência) e a alegação de
incompetência relativa.

Não há como confundi-las.

Ao afirmar a ocorrência de uma hipótese de modificação de competência,


parte-se da premissa de que o órgão jurisdicional é competente, mas, em razão
da prorrogação da competência, deve a causa ser remetida a outro órgão
jurisdicional, o prevento (é nisso que consiste a modificação). Quando se
aponta a incompetência relativa, nega-se, de logo, que o magistrado tenha
competência para conduzir a causa, pedindo-se a remessa dos autos ao juízo
competente.

A competência que surge para o juízo prevento tem natureza absoluta


(funcional), sendo essa a razão pela qual é possível o conhecimento ex officio
da conexão/continência: ao autorizar a modificação da competência, surge
uma hipótese de competência absoluta do órgão jurisdicional prevento, que
justifica, inclusive, a quebra da perpetuação da jurisdição prevista no art. 87 do
CPC. A modificação legal da competência é uma questão que transcende o
interesse das partes, indisponível, portanto, na medida em que se relaciona
com a economia processual e serve para minimizar os riscos de desarmonia das
decisões.

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109
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Cabe, assim, apresentar um quadro distintivo.

ALEGAÇÃO DE ALEGAÇÃO DE
MODIFICAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA
COMPETÊNCIA RELATIVA
RELATIVA

LEGITIMIDADE Qualquer das partes Somente o réu pode


pode suscitar a questão, suscitar a questão
além de o órgão
jurisdicional poder
conhecê-la ex officio

EFEITO DO Remessa dos autos ao Remessa dos autos ao


ACOLHIMENTO juízo prevento juízo relativamente
competente

FORMA DE No bojo da petição Exceção de


ALEGAÇÃO inicial ou contestação, incompetência
por simples petição ou
até mesmo oralmente

MOMENTO Enquanto o processo No primeiro momento


estiver pendente que couber ao réu falar
nos autos, sob pena de
preclusão

Editorial 101, sobre a proposta do novo CPC sobre conexão.

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O projeto de NCPC redefine o conceito de conexão para fim de modificação da


competência relativa.

Eis a redação do art. 40 do NCPC: “Art. 40. Consideram-se conexas duas ou


mais ações, quando, decididas separadamente, gerarem risco de decisões
contraditórias. Parágrafo único.

Aplica-se o disposto no caput à execução de título extrajudicial e à ação de


conhecimento relativas ao mesmo débito”.

Para que fiquem mais claras as minhas observações à proposta, é preciso


confrontar o novo texto com a redação do art. 103 do CPC:
“Art. 103. Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando lhes for comum o
objeto ou a causa de pedir”.

Parece-me que a proposta traz uma boa contribuição: esclarece a possibilidade


de haver conexão entre uma ação de conhecimento e outra de execução,
quando houver identidade de relação jurídica material litigiosa entre elas.
Consagra-se posicionamento doutrinário e jurisprudencial já bem consolidado.

De resto, a proposta não me agradou.

a) Repete-se o mesmo equívoco do CPC/73: opta-se por conceituar


legislativamente a conexão. Há unanimidade na doutrina no sentido de que o
conceito de conexão previsto no art. 103 do CPC é insuficiente e deve ser
considerado apenas como um exemplo de conexão. A jurisprudência firmou-se
neste sentido. Não é propriamente uma tarefa legislativa a definição de
institutos jurídicos.

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111
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Muito mais adequada, desta forma, a proposta do contida no Código Modelo


de Processos Coletivos para a Ibero-América, que deveria ser seguida: “Art. 29.
Conexão - Se houver conexão entre as causas coletivas, ficará prevento o juízo
que conheceu da primeira ação, podendo ao juiz, de ofício ou a requerimento
da parte, determinar a reunião de todos os processos, mesmo que nestes não
atuem integralmente os mesmos sujeitos processuais”.

A proposta do Código Modelo é boa, principalmente porque dá ao tratamento


do tema mais flexibilidade. Deixar a conexão como conceito vago é uma boa
alternativa, pois transfere ao órgão jurisdicional a tarefa de constatar quando,
à luz das peculiaridades do caso concreto (cuja complexidade quase nunca
pode ser alcançada pelo legislador, que raciocina sempre abstratamente), as
causas devem ser reunidas.

A proposta do Código Modelo está, ainda, em sintonia com a metodologia


adotada no projeto de NCPC, que confere ao órgão jurisdicional o poder geral
de adequação da norma processual às peculiaridades do caso concreto (art.
107, V, NCPC). Deveria ser adotada, portanto.

b) Não bastasse o equívoco de estabelecer um conceito legal de conexão,


enrijecendo o sistema que se propõe flexível, erra-se também na escolha do
conceito a ser adotado.

A conexão é definida como uma relação de semelhança entre causas


pendentes, cujo processamento separado gera o risco de decisões
contraditórias. Essa é a definição que extraí do texto proposto, que, porém,
não prima pelo estilo e pela precisão na linguagem.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Note a má-redação do texto proposto: “Consideram-se conexas duas ou mais


ações, quando, decididas separadamente, gerarem risco de decisões
contraditórias”. Na verdade, o que gera o risco de decisões contraditórias não é
a existência de decisões proferidas “separadamente”; arriscado é o
processamento separado de duas demandas que podem gerar decisões
contraditórias. O risco é efeito do processamento separado e não das “decisões
separadas”.
Passe, porém, o problema redacional. Analisemos a opção do projeto.

A prevalecer esse texto, reconhece-se a existência de conexão entre


investigação de paternidade e alimentos, consignação em pagamento e
despejo por falta de pagamento, cobrança do contrato e nulidade do mesmo
contrato etc.

No entanto, há outras situações em que a reunião dos processos por conexão é


recomendável, mas que não se subsumiriam à hipótese normativa.

Pense-se no caso de uma ação de despejo por denúncia vazia e uma ação de
consignação em pagamento dos aluguéis. O processamento separado destas
demandas não gera risco de decisões contraditórias. Mas é absolutamente
recomendável que o mesmo juízo cuide de ambas as causas, que versam sobre
a mesma relação jurídica material (relação locatícia), tornada litigiosa por
razões diversas.

O mesmo se diga da pendência de uma demanda reipersecutória e outra,


proposta pelo réu da primeira, em que pleiteia a indenização pelas benfeitorias
feitas na coisa. Não há risco de contradição entre as possíveis decisões, mas as

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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causas deveriam tramitar perante o mesmo juízo, tendo em vista a


proximidade das relações jurídicas materiais deduzidas.

Pense-se, finalmente, na pendência de demandas repetitivas. Várias pessoas


pleiteando a obtenção de um benefício salarial, a suspensão de uma exigência
de um edital, o não pagamento de um tributo etc. Não há risco de decisões
contraditórias. A concessão do pedido para um e a rejeição para outro não são
posicionamentos contraditórios; revelam uma desarmonia na jurisprudência,
mas não há contradição.

A administração judiciária das causas repetitivas é o grande desafio da ciência


processual brasileira atualmente. O NCPC não ignorou esse fato, criando um
verdadeiro microssistema de processamento e julgamento de causas
repetitivas, sobretudo para efetivar os princípios da igualdade, segurança
jurídica e duração razoável dos processos. Veja, por exemplo, a consagração do
incidente de resolução de causas repetitivas e do julgamento dos recursos
especiais e extraordinários repetitivos.

Será, então, que não deveríamos defender a existência de uma conexão por
afinidade entre essas causas? Parece-me que sim. A vingar a proposta, não se
poderia falar em conexão.

Certamente, a jurisprudência cuidaria de, novamente, compreender o conceito


legal de conexão como um mero exemplo. Há, então, conveniência na adoção
de uma acepção tão estrita de conexão?

c) Ainda há outro aspecto a ser examinado.

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114
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Como se viu, opta-se por um conceito de conexão que leva em consideração o


efeito (risco) do processamento separado de duas ou mais demandas. Toma-se
um dos objetivos da conexão, evitar decisões contraditórias, como elemento
para conceituá-la, opção que nos pareceu equivocada, como afirmado.

Mas o que estranha ainda mais é a redação do par. ún. do art. 40 do CPC, que
parece definir conexão de outra maneira. Reconhece-se a conexão entre ação
de conhecimento e ação executiva, quando disserem respeito ao mesmo
“débito”. Adota-se a teoria materialista sobre a conexão: há conexão pela
identidade ou pela ligação da relação jurídica controvertida. Aqui, conceitua-se
a conexão pelo que ela é, e não pelo que ela pretende evitar. Boa opção
técnica, mas diferente daquela feita no caput do mesmo artigo. Fica o registro
da minha perplexidade.

d) Em outro editorial, examinarei o conceito de continência adotado pelo


NCPC, que também me pareceu equivocado. Penso, na verdade, que se deveria
eliminar a continência. O NCPC resolveu redefinir a continência, passando a
considerá-la sinônimo de litispendência parcial, fenômeno diverso. Voltarei ao
tema em outro momento.

Proponho, então, que os arts. 39 e 40 do NCPC sejam fundidos, com a seguinte


redação:
“Art. XX. A competência relativa poderá modificar-se pela conexão, observado
o disposto nesta Seção. Parágrafo único. Aplica-se o disposto nesta Seção à
conexão entre ação de conhecimento e ação de execução”.

Fredie Didier Jr.

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Causas repetitivas são as causas de massa, em que milhares de


pessoas que estão em situação semelhante vão ao PJ (FGTS, Correções
monetárias, reajuste de aposentadorias, pelo mesmo motivo...). É causa
tipo, Causa Repetitiva. Nunca foram consideradas conexas, apesar de
muito parecidas, embora o juiz faça um modelo de sentença e o aplique a
todas as causas. A solução de uma não interfere na outra, porque cada
juiz poderia decidir de modos diferentes.

Do ponto de vista tradicional, causas repetitivas não são conexas.


Porém, está havendo transformação da legislação brasileira, para criar
um novo modelo de conexão para essas causas, modelo que foge desse
que vimos, desse padrão, de reunir todas em um mesmo juízo, porque
seria inviável. É o modelo de conexão dos tribunais superiores. Pega-se
uma causa ou algumas das causas repetitivas e decidirá essa causa
modelo, as outras ficam paradas esperando a decisão-modelo (decisão-
paradigma) e o que o STF e STJ disserem valerá para todas as outras.

Esse novo modelo só se aplica, por enquanto, no STJ e STF nos


Recursos Extraordinários repetitivos. Tradicionalmente, essas causas não
eram conexas. Mas, de um tempo para cá, o legislador foi criando um
modelo próprio para essas causas repetitivas. Modelo com outra
estrutura, outra configuração. Fredie chama esse modelo de Modelo de
Conexão por Afinidade.

Editoriais 25, 101 e 105 (sobre incidente de deslocamento de


competência), todos no site.

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Editorial 105

A Min. Laurita Vaz autorizou a intervenção de amicus curiae no Incidente de


Deslocamento de Competência n. 02, que tramita no STJ, em que se objetiva a
remessa para a Justiça Federal dos processos que cuidam da atuação de grupos
de pistoleiros na Paraíba e em Pernambuco (chamado de caso “Manoel
Mattos”. A Min. autorizou o ingresso das organizações não governamentais
(ONG) Justiça Global e Dignitatis – Assessoria Jurídica Popular.

Trata-se de uma decisão muito importante e paradigmática.

a) Admite-se a intervenção de amicus curiae sem previsão legal, reconhecendo


a importante função que esse sujeito processual exerce. Segue-se, assim, o
posicionamento por mim defendido há muitos anos, no sentido de ser possível
intervenção atípica de amicus curiae.

b) Ainda que implicitamente, fica reconhecida a existência de alta carga de


interesse público no objeto litigioso deste incidente de deslocamento de
competência, previsto no § 5º do art. 109 da CF/88, importante instrumento de
proteção aos direitos humanos. A federalização da causa somente será possível
se ficarem constatadas a probabilidade de grave violação de direitos humanos
e a ineficiência das autoridades estaduais para conduzir o assunto. Há, como
se vê, interesse público na investigação dos pressupostos que autorizam o
deslocamento de competência, fato que justifica a intervenção do amicus
curiae.

c) Como se trata de um incidente instaurado a partir de um processo penal, fica


ratificada a possibilidade de participação do amicus curiae em processo não

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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civil.
Decisão relevante, que merece registro.

Fredie Didier Jr.

Sempre questões fáceis. Acertar!

Há conflito de competência sempre que mais de um órgão


jurisdicional discutir sobre a competência para decidir uma causa.

Pode ser + ou -.

Os juízos brigam para julgar a causa.

Ambos se afirmam incompetentes para julgar a


causa.

Podem estar brigando para julgar uma causa só ou causas


conexas.

Juiz X Juiz / Juiz X Tribunal / Tribunal X Tribunal


O conflito de competência é um incidente processual que será
julgado sempre por um tribunal. Esse incidente pode ser suscitado pelos
próprios juízos conflitantes, pelas partes e pelo MP.

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Se o MP não suscitar, deverá intervir obrigatoriamente


no conflito.
O assunto que costuma ser cobrado em tema de conflito de
competência é praticamente um só.

Estudo da competência para julgar o conflito de


competência.
E perguntarão sobre a competência de todos os tribunais. Como
acertamos essa questão no concurso?

1º, o conflito pode ser entre:

Juiz X Juiz / Juiz X Tribunal / Tribunal X Tribunal

E também lembrar que

Não existe conflito se entre os órgãos houver diferença


hierárquica.
Um juiz da Bahia não pode conflitar com o TJ da Bahia. Nenhum
juízo do Brasil conflita com o STF. Não existe conflito entre o TJ e o STJ.
Porque há diferença hierárquica entre eles. Pode haver entre TRT e STJ.

Saber a competência do STF, STJ, TJ e TRF

 STF – como não conflita com ninguém, só julga conflito


que envolva Tribunal Superior:
o Tribunal Superior X Tribunal Superior

o Tribunal Superior X Tribunal

o Tribunal Superior X Juiz

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 TRF – conflitos entre juízes da mesma região do TRF –


juízes vinculados ao mesmo Tribunal.
o Entre Juízes Federais

o Envolvendo juízes estaduais investidos

 TJ – juízes estaduais vinculados ao Tribunal

 STJ – quase todos os casos são da competência do STJ –


cabe a ele o resto; o que não for da competência do STF,
TRF e TJ, é da competência do STJ:
Fácil:

 STF – só quando tiver TS

 TRF/TJ – só quando tiver juízes a eles vinculados

 STJ – Juízes vinculados a tribunais diversos:

Ex.: Juiz Federal X Juiz do Trabalho: STJ

Na dúvida, chuta STJ!

E quando é juiz federal: separar os estados ligados a cada TRF

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TRF 1 – BA, MG, PI, MA, GO, TO, DF, MT, RO, RR, AC, PA,
AP e AM

TRF 2 – RJ e ES

TRF 3 – SP e MS

TRF 4 – RS, PR e SC

TRF 5 – SE, AL, PE, PR, RN e CE


Conflito entre juízes do trabalho, Justiça do Trabalho – TRT ou TST.

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Ação é, neste sentido, o direito de acesso aos tribunais. O direito de


acesso aos Tribunais é o direito de ir ao PJ para resolver uma questão. É
aquilo que estudamos com o nome de “inafastabilidade da jurisdição”.

O direito de ação é um direito

(distinto do direito que se afirma quando se vai a


juízo). Uma coisa é o direito de crédito, que se pede quando se
vai ao PJ. Outra, o próprio direito de ação, de ir ao PJ;

(existe independentemente do direito que se alega,


tem-se pura e simplesmente o direito de ir a juízo).

O estudo da inafastabilidade da jurisdição é o estudo do direito de


ação, que já fizemos.

Essa é a 1ª acepção: ação como direito de ia ao PJ.

Ação em sentido material é o direito que se tem em face de outra


pessoa.

Ex.: direito de crédito, de anular um contrato, de ser indenizado.

Qualquer direito que se tem em face de uma pessoa é o direito de


ação que se tem em face dela.

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Ex.: art. 195, CC

Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação


contra os seus assistentes ou representantes legais, que derem causa
à prescrição, ou não a alegarem oportunamente.

A palavra ação substitui, aqui, a palavra “direito”.

Ação em sentido processual.

Ação é sinônimo de demanda.

A demanda é um ato, não um direito. Que ato? Um ato de exercício


do direito de ir a juízo, pelo qual se formula um pedido relativo a um
determinado direito material.

Ato concreto, não abstrato, porque se refere sempre a uma situação


específica. Sempre trata de um problema específico, de um direito
material que se afirma. Lembrar do que foi falado na aula sobre
jurisdição (a jurisdição sempre atua diante de um problema concreto e
esse problema concreto foi trazido pela demanda (ato de provocação do
PJ). Toda demanda se refere a, pelo menos, um aspecto do direito
material a ser resolvido.

Como qualquer ato jurídico, a demanda tem as suas


condições/requisitos. Este ato dá início ao processo, e não só isso. Esse

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ato vai dizer, estabelece/fixa qual é o objetivo do processo, o propósito


do processo. É um ato absolutamente imprescindível.

Vamos analisar a provocação do PJ, ação no sentido de demanda.


Tem 3 partes claras a estudar para o concurso:

1. Elementos da ação/demanda

2. Condições da ação

3. Classificação das ações

Toda demanda se refere a um problema concreto. Tem por


conteúdo um determinado problema, que sempre será uma relação
jurídica; às vezes, afirmam-se várias relações jurídicas, mas no mínimo
uma será firmada. Sempre. E a relação jurídica firmada pela demanda
passa a ser chamada de relação jurídica deduzida ou afirmada em
juízo. Expressão muito consagrada, muito técnica, é a tradução da
expressão latina “res in iudicium deducta”.

A partir do momento em que o processo nasce, a relação jurídica


afirmada é mero direito afirmado. É direito afirmado, deduzido, incerto,
porque, a outra parte pode ganhar, o advogado pode perder o prazo
para recorrer etc.

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Quando as pessoas vão ao PJ, afirmam um direito, que pode ser


reconhecido ou não. Se não, terão uma coisa julgada contra elas. Essa
incerteza quanto ao processo é a marca do processo. O que o torna
devido, é o processo que tem resultado incerto. Se o resultado já está
definido, para que processo?

Se em toda demanda há afirmação de, ao menos, uma relação


jurídica, quais são os três elementos de uma relação jurídica?

1. SUJEITOS

2. OBJETO

3. FATO

Fato que liga pessoas em torno de um objeto. Toda relação jurídica


tem esses três elementos. Em toda demanda, terei que afirmar sujeitos
em torno de um objeto ligados por um fato.

Quais as três partes da Parte Geral do CC?

1. DAS PESSOAS

2. DOS BENS

3. DO FATO JURÍDICO

Porque a Parte Geral se divide em 3 partes? Porque trata da parte


geral da relação jurídica.

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O que tem a ver com processo?

A demanda, como traz sempre a afirmação de uma relação jurídica


(pessoas, bens, fato), os elementos da demanda também são três.

3 Elementos 3 Partes da Elementos da Condições Critérios da


da Relação Parte Geral Demanda da ação competência
Jurídica do CC objetiva

Sujeito Pessoas Partes Legitimidade Da Pessoa


ad causam

Objeto Bens Pedido Possibilidade Do Valor


jurídica do
pedido

Fato Fato Causa de Interesse de Da Matéria


Jurídico Pedir agir

São 3 as condições da ação porque são 3 os elementos da demanda,


e o são porque são 3 os elementos da Relação Jurídica.

Critérios da competência objetiva, são os critérios que levam em


consideração a demanda e como ela veicula uma relação jurídica, serão
3 critérios da competência, um para cada elemento:

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COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA PESSOA,

COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO VALOR,

COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA.

O sentido é o que se estabelece entre a demanda e o que é discutido


em juízo. Os elementos da demanda, os critérios da competência se
referem à relação discutida, e assim por diante.

Parte é o sujeito do Processo que atua com parcialidade. Atua com


interesse na causa.

As partes da demanda são as partes principais: demandante e


demandado, autor e réu.

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Mas também existem as partes auxiliares, aqueles que ajudam as


partes principais, atuam de maneira interessada. São partes, mas são
meros coadjuvantes. É o caso do assistente, parte auxiliar.

Distinção importante: há quem seja parte apenas de uma parte do


processo, de um incidente processual. O sujeito não é parte do processo
como um todo. Caso do juiz, não é parte no processo. Mas na alegação
de suspeição, ele é parte. Naquele incidente, ele é parte. Separar as partes
do processo das partes do conflito, que não são necessariamente as
mesmas do processo.

Ex.: MP (parte) pede alimentos em face do pai (parte) para o filho.


Não há coincidência, filho não é parte.

Parte ilegítima é parte com todos os direitos e deveres das partes,


só que não é parte legítima.

Quando o réu alega sua ilegitimidade, ele é parte; mas diz que não
deveria ser parte; mas enquanto não sair do processo, é parte.

O estudo será feito por ocasião do estudo da petição inicial.

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O pedido pressupõe que um fato tenha acontecido e sobre o qual


um enunciado normativo incida.

FATO JURÍDICO é um fato que sofreu a incidência de uma


norma, um fato que ganhou uma conotação que até então não tinha.
Dentro da relação jurídica estão os direitos e deveres.

CP = 7 = 3 + 4

CAUSA DE PEDIR é o conjunto das afirmações do fato jurídico e


da relação jurídica discutida. A causa de pedir é o fato e o fundamento
jurídico do pedido. Fundamento jurídico do pedido é o direito que a
pessoa afirma ter (direito está dentro da relação jurídica). O fato jurídico
é 3, o fundamento jurídico é 4 e o pedido é 5.

Não confundir fundamento jurídico com fundamento legal, que é a


simples hipótese normativa (2). Fundamento jurídico é o direito que se
afirma ter quando se vai a juízo, tanto que o juiz não fica vinculado à
hipótese normativa, mas fica vinculado ao direito afirmado.

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O que está mais longe de 5? 3, fato jurídico.

O que está mais próximo de 5? Causa de pedir próxima: 4, direito


(com letra minúscula, não o Direito com letra maiúscula, leis).

O direito de ação é abstrato. A ação é concreta, o ato, a demanda, se


refere a uma situação específica.

Nelson Nery inverte causa de pedir próxima e remota:

Remota: direito

Próxima: fato jurídico

De acordo com o CPC, na petição inicial, o autor deve expor ambas


as causas de pedir, próxima e remota. Por conta disso, fala-se que o
direito brasileiro adotou a Teoria da Substanciação da Causa de Pedir,
que quer dizer que a causa de pedir pressupõe fato jurídico e
fundamento jurídico. Uma causa de pedir só é igual a outra causa de
pedir se o fato jurídico e a relação jurídica de ambas forem iguais.

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Para esta teoria, causa


de pedir é apenas o fundamento jurídico do pedido, só o direito
afirmado. De acordo com a Teoria da Individualização, basta que se trate
do mesmo direito afirmado, que ambas afirmem o mesmo direito. Se
ambas afirmam o mesmo direito, elas são a mesma causa de pedir.

Ação para anular um contrato por erro.

- Fato jurídico/Causa de pedir remota: contrato celebrado em erro

- Relação Jurídica/Fundamento jurídico/Causa de Pedir próxima:


direito de anular o contrato

- Pedido: anulação do contrato

Ação para anular o mesmo contrato por dolo.

- Fato jurídico: contrato celebrado com dolo

- Relação jurídica/ Fundamento jurídico/Causa de Pedir próxima:


direito de anular

- Pedido: anulação do contrato

Para a teoria da individuação, essas causas são idênticas, porque em


ambas o direito de anular é o mesmo.

Para a , adotada pelo CPC, as


causas são distintas, porque os fatos são diferentes.

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Fundamento jurídico não se confunde com fundamento legal.

Acidente causado por outrem fundamenta o pedido de indenização

3 4 5

Alguém vive com outrem Um Precisa de alimentos/Outro pode pagar


Pedido de alim. 3 4 5

TREINAR. Pegar 3 ações e identificar os elementos.

A causa de pedir remota se subdivide em duas partes:

CAUSA DE PEDIR REMOTA ATIVA: é o fato-título, o fato


de onde nasce o direito

CAUSA DE PEDIR REMOTA PASSIVA: é o fato que o


impulsiona a ir a juízo

Exemplo: ação para cumprimento de contrato não cumprido.

3 Fato jurídico/causa de pedir remota: inadimplemento do contrato (2


substantivos)

1.1ATIVA: contrato

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1.2PASSIVA: inadimplemento

A ação é real quando a causa de pedir próxima é a afirmação


de um direito real.

A ação é pessoal quando se afirma um direito pessoal.

Objeto do pedido: móvel

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Objeto do pedido: imóvel

Ação por meio da qual se busca a entrega de uma coisa.

Uma ação real ou pessoal podem ser reipersecutórias.

Ex.: ação de despejo é 1 ação real e reipersecutória.

Ação de reconhecimento, de certificação. Vou ao judiciário com o


propósito de reconhecimento de um direito.

Provimento Cautelar.

Vou ao PJ para obter a efetivação de um direito.

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Uma demanda pode veicular a pretensão de mais de uma dessas


tutelas. Posso ir ao PJ para obter qualquer um dos tipos de tutela de uma
vez só. Ação multifuncional, que serve a mais de um propósito. Essa
ação pela qual posso pedir mais de uma espécie de tutela jurisdicional é
chamada de ação sincrética: reúne, mistura diversas espécies de tutela
jurisdicional: que assegure e reconheça, por exemplo. Uma ação é
sincrética quando serve a mais de um desses propósitos. E a tendência
hoje é do sincretismo. Uma ação pode resolver tudo ou quase tudo.

Existem direitos que somente podem ser exercitados em juízo. Se o


direito somente pode ser exercitado em juízo, a ação é necessária para o
exercício desse direito. Tenho que demandar.

A ação é necessária quando a causa de pedir próxima é um direito


que somente pode ser exercitado em juízo. É uma ação necessária que
gera um processo necessário.

Ex.: interdição, ação anulatória, falência, Ação rescisória de


sentença.

Toda ação necessária é uma ação constitutiva. Ver adiante


(próxima aula)

Não se discute interesse de agir.

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É uma designação que tem 2 acepções, pode aparecer nas provas


em 2 sentidos:

É aquela que permite que o réu formule pedido contra o


autor dentro da contestação, como acontece nos juizados especiais e no
procedimento sumário.

É o que se chama também de pedido contraposto. Pedido


formulado pelo réu no bojo da contestação.

No caso em que o réu quer fazer pedido contraposto, ele tem


que tomar 2 atitudes: defender-se e contra-atacar, na mesma peça de
defesa.

Aqui, ação dúplice é um tipo de direito discutido. Tem que


examinar o direito que se discute em juízo. A ação é dúplice em sentido
material quando a simples defesa do réu já servir como contra-ataque.

Lógica do cabo de guerra. Quando a defesa do réu servir


como ataque, estamos num cabo de guerra processual, que é ação
dúplice em sentido material.

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Ex.: oferta de alimentos. Ao negar o pedido, com 1 única afirmação já se


requer o direito. ADIN/ADC. Ao negar a ADIN, já se exerce a ADC e
vice-versa.

Toda ação declaratória é dúplice em sentido material, porque


se o autor pede para declarar a existência de uma relação, a defesa do réu
afirmará que não existe. Basta se defender, a simples defesa já serve
como contra-ataque.

Reconvenção é uma formalidade que distingue o pedido


contraposto da reconvenção. Se o legislador mudar essa distinção, não
haverá distinção alguma entre reconvenção e pedido contraposto. Essa
distinção hoje feita é fraca.

Em ambos os sentidos possui aspectos de duplicidade.

DUPLICIDADE PROCESSUAL: é a possibilidade de o réu da


possessória formular pedido de indenização (precisa de pedido).

DUPLICIDADE MATERIAL: a ação possessória é dúplice no que


diz respeito à proteção possessória.

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Ler texto sobre ação dúplice. Autora: Juliana Demarchi. Livro:


“Leituras complementares de Processo Civil”.

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É a base para compreender a diferenciação entre essas ações

É o poder de exigir de outrem uma prestação.

A prestação devida pelo sujeito passivo pode ser 4:

DE FAZER

NÃO FAZER

DAR

 $$$

 não $$$

São exemplos claros de direitos a uma prestação

DIREITOS OBRIGACIONAIS,

DIREITOS REAIS,

DIREITOS DE PERSONALIDADE

São os únicos que podem ser lesados ou inadimplidos.

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139
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
Prof. Fredie Didier

O não cumprimento do direito devido causa lesão ou


inadimplemento, porque os direitos a uma prestação são os únicos que
possuem algo a ser prestado, uma conduta devida. Inadimplir é não
cumprir a prestação devida.

Esses direitos são os únicos que se submetem à prescrição.


Prescrição atinge a pretensão; é um fenômeno que apenas está
relacionado aos direitos a prestação.

O prazo de prescrição conta-se do inadimplemento.

CC, Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a


qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e
206.

Esses direitos precisam ser realizados materialmente: esses direitos


só se efetivam se a conduta devida for cumprida. É preciso que o sujeito
passivo faça, não faça, entregue a coisa, entregue o dinheiro; se a coisa
não for entregue, o direito não se realiza; se o fazer não se realizar, o
direito não se realiza. Esses direitos necessitam de uma concretização
física. Tolerar é não fazer... Não há uma 5ª, não se divide.

Realização material da prestação devida, que é a concretização do


direito, tem um nome técnico para designar a prestação material:
EXECUÇÃO.

Executar é fazer cumprir uma prestação. Quando se executa,


significa que a prestação foi cumprida. A execução pode ser voluntária
ou forçada.

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140
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
Prof. Fredie Didier

Execução Voluntária, quando o próprio devedor espontaneamente


cumprir a obrigação. Ele executa voluntariamente o direito.

Execução Forçada se dá quando a prestação é cumprida à força


pelo PJ.

O assunto EXECUÇÃO tem a ver com direitos a prestação.

Direitos a uma Prestação, Inadimplemento, Prescrição e Execução


fazem parte de uma mesma família e não promíscua. CPC 580.

CAPÍTULO III
DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA REALIZAR QUALQUER EXECUÇÃO

Seção I
Do Inadimplemento do Devedor

Art. 580. A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça
a obrigação certa, líquida e exigível, consubstanciada em título
executivo. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

TÍTULO II
DAS DIVERSAS ESPÉCIES DE EXECUÇÃO

CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

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141
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
Prof. Fredie Didier

Art. 617. A propositura da execução, deferida pelo juiz, interrompe a


prescrição, mas a citação do devedor deve ser feita com observância do
disposto no art. 219.

Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e


faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente,
constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição.

§ 1o A interrupção da prescrição retroagirá à data da propositura da


ação.(Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

§ 2o Incumbe à parte promover a citação do réu nos 10 (dez) dias


subseqüentes ao despacho que a ordenar, não ficando prejudicada pela
demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário.(Redação dada pela
Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

§ 3o Não sendo citado o réu, o juiz prorrogará o prazo até o máximo


de 90 (noventa) dias.(Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

§ 4o Não se efetuando a citação nos prazos mencionados nos


parágrafos antecedentes, haver-se-á por não interrompida a prescrição.

§ 5o O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição. (Redação dada pela Lei


nº 11.280, de 2006)

§ 6o Passada em julgado a sentença, a que se refere o parágrafo


anterior, o escrivão comunicará ao réu o resultado do julgamento.

Executar é realizar materialmente o fazer, não fazer ou dar.

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142
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Classificação importantíssima:

EXECUÇÃO
DIRETA

INDIRETA

O Estado cumpre a prestação pelo devedor; faz o que o devedor


deveria ter feito; faz o que ele deveria fazer. Ex.: demolir um muro;
devedor inadimplente -> o Estado derruba o muro.

De acordo com uma concepção tradicional, essa é a única execução


que existe. Execução é Execução Direta.

O Estado força o devedor a cumprir a prestação devida; pressiona


o devedor para que cumpra a prestação; pressiona-o psicologicamente.
Execução indireta, porque é feita na mente do devedor. Pressiona
psicologicamente o devedor a cumprir a prestação.

“Faça sob pena de multa”. A cominação de multa aterroriza o


devedor.

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143
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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“Pague sob pena de prisão civil”.

A execução indireta é invisível: dá-se na mente do sujeito.

A execução indireta se desenvolveu muito nos últimos tempos, de


modo que a doutrina, de olho na vida, percebeu que a execução indireta
pode se realizar de 2 maneiras:

Cria-se um mecanismo para aterrorizar o sujeito

Prevê uma recompensa se o sujeito fizer: estimula.

A Execução pode realizar-se

 EM PROCESSO AUTÔNOMO
Um processo que foi instaurado com o objetivo de executar.

 COMO FASE DE UM PROCESSO SINCRÉTICO


Processo que foi instaurado com mais de um objetivo, não só para
executar, mas para executar também.

A execução se dará sempre em um processo: ou um processo só


para isso, ou num processo sincrético. Sempre haverá processo de
execução.

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144
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Aqui termina a Execução

Quando o CPC foi aprovado, em 1973, ...

Eu ia ao Poder Judiciário apenas obter o reconhecimento do meu


direito.

Se eu quisesse a execução dessa sentença, eu teria que dar origem a


um novo processo, com o propósito exclusivo de executar. Essa era a
regra. Excepcionalmente, o legislador previa algumas ações de prestação
sincréticas, mas isso era excepcional, em alguns procedimentos especiais;
eram especiais exatamente por serem sincréticos. Ex.: ações possessórias,
MS. Excepcionais.

Uma parte da doutrina (maioria) optava por chamar todas as ações


de prestação, sincréticas ou não, como ações condenatórias (ação pela
qual afirmo uma prestação).

Uma outra parte da doutrina dizia que era preciso distinguir as


ações sincréticas das não sincréticas: ação condenatória é ação de
prestação não sincrética (era a regra, era um padrão). Ação condenatória
seria ação de puro conhecimento. Eles diziam que não era possível
chamar todas as ações de condenatórias; estas seriam uma espécie de
ação de prestação. As ações de prestação sincréticas deveriam receber
outro nome: deveriam chamar-se ações mandamentais ou executivas em
sentido amplo.

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145
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Nas mandamentais, a execução é indireta. Na executiva em sentido


amplo, a execução é direta.

REGRA: NÃO SINCRÉTICA

SINCRÉTICA: PROCEDIMENTOS ESPECIAIS

DOUTRINA:

 Majoritária: todas são condenatórias

 Minoritária:

Condenatória = não sincrética

Sincrética

 Mandamental – Exec. Indireta

 Executivas – Exec. Direta

– profunda reforma legislativa, que, com o art. 461 do


CPC, tornou sincréticas todas as ações de prestação de fazer e
não fazer. O que era excepcional, torna-se a regra nas prestações
de fazer e não fazer.

Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de


obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela

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146
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará


providências que assegurem o resultado prático equivalente ao
do adimplemento. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de
13.12.1994)

2ª CORRENTE dizia: agora, não existe mais ação condenatória de


fazer e não fazer, porque ambas passaram a ser sincréticas.

– outra reforma – 2ª etapa da reforma, que aplicou às


ações de prestação para entrega de coisa o mesmo que fora feito
para as de fazer e não fazer. Toda ação de prestação para
entrega de coisa passou a ser sincrética (461-A)

Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder

a tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação. (Incluído pela

Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

2ª CORRENTE dizia: agora já não é mais possível falar em ação


condenatória para entrega de coisa, pois acabou, é tudo sincrética... Não
se pode mais usar o verbo condenar se se fala em entrega de coisa.

Art. 287. Se o autor pedir que seja imposta ao réu a abstenção da


prática de algum ato, tolerar alguma atividade, prestar ato ou entregar
coisa, poderá requerer cominação de pena pecuniária para o caso de
descumprimento da sentença ou da decisão antecipatória de tutela (arts.
461, § 4o, e 461-A). (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

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147
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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O verbo “condenar” seria atécnico.

– o legislador tornou sincréticas todas as ações de


prestação pecuniárias.

Tornaram-se sincréticas:

FAZER e NÃO FAZER – 1994

DAR COISA – 2002

QUANTIA – 2005

Se todas as ações são sincréticas, a história deu uma guinada de


180º: o sincretismo, antes exceção, virou a regra.

Carlos Alvaro de Oliveira

Divide as três pelo tipo de prestação:

se for pecuniária, a ação é condenatória;

se for para entrega de coisa, é executiva em sentido amplo; e

se for para fazer e não fazer, é mandamental.

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148
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Há quem defenda que as condenatórias acabaram (Ada Pellegrini


Grinover)

CONCEPÇÃO TERNÁRIA:

CONDENATÓRIA

CONSTITUTIVA

DECLARATÓRIA

QUATERNÁRIA (ADA)

MANDAMENTAIS

EXECUTIVAS EM SENTIDO AMPLO

CONSTITUTIVAS

DECLARATÓRIAS

QUINÁRIA (CARLOS ALVARO)

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149
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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CONDENATÓRIA - $$$ AD

MANDAMENTAL – FAZER / NÃO FAZER

EXECUTIVA – COISA =/= $$$

CONSTITUTIVA

DECLARATÓRIA

É o poder de criar, extinguir, ou alterar situações jurídicas. As


situações jurídicas nascem, se desenvolvem e morrem sem que ninguém
veja.

Não se relaciona a uma prestação devida; não existe prestação


correlata. O sujeito passivo não deve nada; apenas se submete no direito
potestativo; sujeita-se à transformação jurídica.

Não se pode falar em

INADIMPLEMENTO

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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PRESCRIÇÃO

EXECUÇÃO – NÃO HÁ O QUE EXECUTAR

Se a lei prevê prazo para exercer direito potestativo, o prazo será


decadencial.

Efetiva-se não materialmente.

Exemplos:

 Direito de anular

 Direito de casar

 Direito ao divórcio

 Direito de resolver um contrato

 Direito de rescindir uma sentença

Se você for ao Poder Judiciário pedir o reconhecimento de um


direito potestativo, pedirá o reconhecimento de criação, extinção ou
alteração de uma situação jurídica, você alega ter um direito potestativo
e se vale de uma ação constitutiva, aquela pela qual se afirma um direito
potestativo e se pede a criação, extinção ou alteração de uma situação
jurídica. Não se submete a prazo de prescrição, mas a prazo decadencial.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Nem toda ação constitutiva se submete a prazo; se houver prazo


para ação constitutiva, ele é decadencial. Ex.: ação de divórcio. É
constitutiva e não tem prazo.

Direito de resolver um contrato é direito de extingui-lo por


inadimplemento.

Exemplos de ação constitutiva:

 Ação anulatória de ato jurídico

 Ação rescisória de sentença

 Ação de divórcio

 Ação de exclusão de herdeiro

Costuma ser dito que as ações constitutivas somente produzem


efeitos ex nunc.

Porém, é possível que uma ação constitutiva produza efeito


retroativo, como é o caso da ação anulatória, como no 182 do CC

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Art. 182. Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao


estado em que antes dele se achavam, e, não sendo possível restituí-las,
serão indenizadas com o equivalente.

 (altera o quadro jurídico da


pessoa).

Alguns civilistas se referem a ações de interdição como


declaratórias e, às vezes, em prova de Direito Civil, isto aparece. Para o
PC, a interdição é constitutiva.

A anulatória é indiscutivelmente constitutiva. A de nulidade,


porém, que para Fredie é constitutiva, para alguns Civilistas, é
declaratória. Anulatória e de nulidade: ambas desfazem o ato, então
seriam constitutivas.

Constitutiva: objetivo é tirar da administração, do negócio.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Declaratória: para a maior parte dos constitucionalistas.

Tira a lei do ordenamento, é desconstitutiva.

Não é declaratória. É uma ação para atribuir paternidade, para


torná-lo pai. Há diferença ente pai e genitor. O pai tem vínculo jurídico;
o genitor, genético. O normal é o sujeito ser pai e genitor, o que não é
obrigatório, como na adoção, por exemplo. Filho por inseminação genital
heteróloga.

Ações constitutivas

 referem-se a direitos potestativos;

 se houver prazo, é decadencial;

 não geram execução, não há prestação devida;

 em regra, efeitos prospectivos; há casos de eficácia retroativa

 a jurisdição voluntária é essencialmente constitutiva (costuma-se


exercer direitos potestativos).

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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São aquelas em que se pede a simples declaração da existência,


inexistência ou modo de ser de uma situação jurídica. Não se busca
efetivar direito algum, a prestação ou direito potestativo. Simplesmente,
quero a certeza quanto a uma situação jurídica, se ela existe, não existe,
ou de que modo ela existe.

CPC, Art. 4o O interesse do autor pode limitar-se à declaração:

I - da existência ou da inexistência de relação jurídica;

II - da autenticidade ou falsidade de documento.

[III – modo de ser]

Parágrafo único. É admissível a ação declaratória, ainda que tenha


ocorrido a violação do direito.

O STJ já entendeu na Súmula 181 que cabe ação declaratória para


interpretar um contrato:

Súmula: 181
E ADMISSIVEL AÇÃO DECLARATORIA, VISANDO A OBTER
CERTEZA QUANTO A EXATA INTERPRETAÇÃO DE CLAUSULA
CONTRATUAL.

Relação jurídica é um exemplo de situação jurídica. A doutrina fala


que qualquer situação jurídica pode ser objeto de declaratória.

As ações meramente declaratórias são imprescritíveis. Não há que


se falar de prazo para mera certificação.

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155
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Não se admite ação declaratória de fato. 1 exceção: há 1 caso de


ação meramente declaratória de fato: ação declaratória de autenticidade
ou falsidade de documento.

Exemplos:

 Ação de usucapião

 Ação de consignação em pagamento

 Ação declaratória de constitucionalidade

 Ação declaratória de inexistência de relação tributária

 Ação declaratória de união estável

Em todos esses casos, não se busca inovar. Busca-se dar certeza


jurídica ao que já existe.

Mandado de Segurança: pode assumir qualquer natureza, a


natureza que a demanda tiver, depende do que for pedido – declaratória,
constitutiva ou condenatória.

As declaratórias possuem eficácia retroativa.

Art. 4º, Parágrafo único. É admissível a ação declaratória, ainda que


tenha ocorrido a violação do direito.

O legislador fala em violação do direito.

Qual direito pode ser violado?

Direitos a uma prestação.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Direitos potestativos não podem ser violados.

O sujeito que teve um direito a uma prestação violado pode propor


ação apenas declaratória. O que uma pessoa normal faria? Proporia uma
ação condenatória. Porém, se quiser, pode propor uma ação meramente
declaratória. Aceita-se ação meramente declaratória quando já poderia
ter sido ajuizada ação condenatória.

Uma vez violado o direito a uma prestação, o sujeito tem 2 opções:

 Propor uma condenatória;

 Propor uma declaratória.

Exemplo: Vladimir Herzog, jornalista suicidado durante a ditadura

Quebrou-se um paradigma para reconhecer que sentença


meramente declaratória, nos casos do parágrafo único do artigo 4º,
porque diz respeito a direito a uma prestação exigível, é título executivo.
Teori Zavaski. Essa sentença é tão apta à execução quanto uma ação
condenatória. O STJ passou a reconhecer eficácia executiva às
sentenças meramente declaratórias de um direito a uma prestação
exigível.

Art. 475-N. São títulos executivos judiciais: (Incluído pela Lei nº


11.232, de 2005)

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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I – a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência


de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar
quantia; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Ação meramente declaratória ajuizada quando já se poderia ajuizar


uma condenatória não interrompe a prescrição, porque não me
comportei no sentido de buscar a prestação. A prescrição se interrompe
quando o credor age para buscar seu direito.

Uma interrompe a prescrição e outra não. Só comportamento


voltado à cobrança interrompe a prescrição.

É claro que existem declaratórias que não geram nenhuma


execução. Ex.: declaratória de autenticidade/falsidade de documento
não tem nada a executar.

Declaratória que gera execução é a do parágrafo único do 4º.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Segundo esta Teoria, o direito de ação é o direito a um julgamento


favorável.

Direito de ação = direito a julgamento favorável.


O direito de ação existe quando entro no PJ e ganho, é o direito a
ganhar, a obter uma decisão favorável.

Segundo esta Teoria, quem vai ao PJ e perde, não tinha o direito de


ter ido. Portanto, não tinha o direito de ação. Teoria bastante esquisita,
porque só se sabe se tem o direito de ação depois.

Vingou por muito tempo.

Se só há ação quando for favorável, as condições da ação eram as


condições para um julgamento favorável.

Condições da ação: condições para vitória.

Preenchidas as condições da ação, o autor ganhava.

Carência de ação = improcedência da ação


Aquele autor que não preenchesse as condições da ação.

Exatamente porque só tem ação quem ganha, não tem ação quem
perde. Carecedor de ação é o perdedor.

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Não há diferença nesta concepção entre carência de ação e


improcedência de ação. Se não preenche as condições da ação, é carente
da ação.

Ambas são decisões de mérito e, por isso, fazem coisa julgada.

Origem do que se entende por condições da ação.

Para essa concepção, o direito de ação é o direito a qualquer


decisão, pouco importa seu conteúdo, se favorável ou desfavorável,
independe do resultado do processo.

Direito de Ação = direito a decisão F/D


Nem se fala em condições da ação. É um não tema, porque a ação
não teria condições. Pouco importa o resultado, você tem direito de ação.

Aquelas discussões que havia no Concretismo, os temas até então


discutidos como

Condições da ação = problemas de mérito ou como


pressupostos processuais.
Essa é a concepção que prevalece no mundo. Vencedora do Século
XX.

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160
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Direito de ação = direito a uma decisão de mérito.


Pode até ser improcedente, mas tem que ser decisão de mérito.

Só tem direito de ação aquele que conseguir a análise do mérito de


sua ação.

Direito de ação é direito a um julgamento de mérito.

Condições da Ação são condições para exame do mérito.

Carência =/= de Improcedência

 Carência de ação não é decisão de mérito.

 Improcedência seria uma decisão de mérito.


Improcedência é uma decisão que rejeita o pedido; portanto, o
mérito foi examinado.

Concepção desenvolvida por Liebman.

CPC desenvolvido por Alfredo Buzaid. O CPC é 1 tributo a


Liebman.

Liebman deixou marca perene no Brasil. Veio fugido durante a


Guerra e, finda, voltou para a Europa.

Carência da ação: processo se extingue sem julgamento de mérito.

Até aqui, conteúdo básico. A partir de Agora, aprofundamento.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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A teoria Eclética sofre críticas de todos os lados.

Para Liebman, as questões do processo se dividem em 3:

 Pressupostos processuais

 Condições da Ação

 Questões de mérito

1. QUESTÃO É OU NÃO DE MÉRITO: REFERE-SE OU NÃO


AO PEDIDO.
O curioso é que, para Liebman, a questão é ou não de mérito: diz ou não
respeito ao pedido. Do ponto de vista lógico, não há 3ª possibilidade. A
falha lógica (2 opções), para que dividir em 3 grupos as questões
processuais?

Tudo deveria ser ou pressuposto processual ou questões de mérito.


Ou a questão é de mérito, ou não é de mérito.

Onde ficam as condições da ação? Ficam sobrando!

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2. LIEBMAN NÃO CONSEGUIU DEMONSTRAR COMO


SEPARAR A ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DA AÇÃO DA
ANÁLISE DE MÉRITO.
Julgada improcedente, a decisão não é de mérito. Portanto, poderia
entrar com a ação novamente.

Ex.: Investigação de paternidade. Se é filho, julga procedente. Se


não é, extingue por carência. Então, não existe investigação de
paternidade julgada improcedente? Sim, é isso o que acontece. Não tem
sentido.

Qual teoria que fala que ou você entra e ganha ou você não tem
ação? A Concretista. Se adotar a teoria de Libman, é o que acontecerá.

Pedido juridicamente impossível: carência de ação.

Ex.: quero usucapir um bem público. Pedido juridicamente


impossível. Se o pedido é o mérito, dizer que é juridicamente impossível
não é examinar o mérito? Para Liebman, não. Nada obstante, o mérito ser
o pedido. Essa confusão, na prática é terrível. O que os juízes fazem na
prática? Os juízes falam que condições da ação confundem-se com o
mérito... Besteira. É um horror a aplicação dessa teoria na prática, porque
permite a repropositura da ação. O que deveria ter sido decidido no
mérito, não o foi.

Ou o problema é pressuposto processual ou é de mérito.


Portanto, verifica-se se o pedido será ou não rejeitado.

Para Liebman, a análise das condições da ação deve ser feita a


qualquer tempo, enquanto o processo estiver pendente, e o juiz deve
determinar, inclusive, a produção de provas para verificar se as

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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condições da ação estão presentes. Não só é possível examinar as


condições da ação enquanto o processo estiver pendente, como também
produzir provas para constatar o preenchimento de tais condições.

Não bastasse a teoria ser frágil, ele permite que o processo


permaneça eternamente instável. A qualquer momento poderia ser
extinto por falta de condições da ação. O juiz poderia parar o processo
para produzir provas a fim de verificar o preenchimento das condições
da ação.

A doutrina teve de desenvolver outra teoria para minimizar os


aspectos danosos desta parte do pensamento de Liebman: Teoria da
Asserção. Desenvolvida para minimizar os impactos dessa parte do
pensamento de Liebman.

A análise das condições da ação deve ser feita apenas com base
naquilo que foi afirmado pela parte. Ou seja, não se produzirá prova
acerca da existência das condições da ação. Não se produzirá provas
para aferir a existência das condições da ação.

Como se faz? Tomam-se como verdade as afirmações da parte.


Consideram-se verdadeiras as afirmações da parte.

Sendo verdadeiras as afirmações, estão presentes as condições da


ação? Se a resposta for positiva, se tudo o que a parte falar for verdade,
as condições da ação estão presentes. Se, depois, com o desenrolar do
processo, o juiz verificar que não era verdade, ele julgará improcedente o
pedido. Decisão de improcedência.

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Se o juiz constata, pela simples afirmação (conforme o afirmado


na petição inicial), que as condições da ação não estão presentes,
extingue o processo por carência. Se depender de prova para constatar
o problema, extinguirá por improcedência.

Na doutrina Brasileira, a Teoria da Asserção é amplamente


majoritária.

Fredie não adota, porque para ele, se o absurdo se revela


claramente, tanto melhor, o caso é de rejeitar no mérito, por “absurdez
macroscópica”. Se o caso é tão absurdo, basta ler para ver a
improcedência, deve-se julgar improcedente de cara!

Quem adota a Teoria da Asserção, extinguiria casos absurdos sem


extinguir o mérito.

Fredie reconhece que, se é para adotar a Teoria Eclética, deve-se


minimizá-la com a Teoria da Asserção, como um “tempero”.

Aqui, terminamos a introdução das condições da Ação.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
Prof. Fredie Didier

Para que a ação exista, é preciso que o pedido possa ser, em tese,
acolhido. Pedido juridicamente possível é o pedido que, em tese, pode
ser acolhido.

A história dessa condição da ação é uma grande trapalhada: na


Itália, Liebman pensou nesta condição da ação numa época em que não
se permitia o divórcio. Seria um pedido juridicamente impossível, então
o juiz não poderia sequer examiná-lo. Deveria extinguir sem análise do
mérito. Tanto que esse era o único exemplo.

Aconteceu que o divórcio foi aprovado na Itália em 1972. O


exemplo que Liebman dava sobre pedido juridicamente impossível
desapareceu. Quando a edição do manual de 1973 saiu, sai a edição do
curso de Liebman e ele já não menciona a possibilidade jurídica do
pedido, já não trata dela mais. O trecho que falava em 3 condições
passou a falar em 2.

Liebman mudou a teoria e não avisou os brasileiros que, baseando-


se na posição anterior de Liebman, adotaram 3 condições.

EPISÓDIO HISTÓRICO MUITAS VEZES


PERGUNTADO EM CONCURSO.

Hoje: Saber se o pedido é juridicamente impossível é um problema


de mérito, não tem nada a ver com condição da ação! Praticamente
unânime.

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166
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Porém, ainda há um gigante que adota a concepção tradicional de


Liebman: Cândido Dinamarco. Não só é contra a Teoria da Asserção
como, para ele, a possibilidade jurídica do pedido deve ser ampliada, em
vez de ser eliminada; deve ser estendida para outras situações. Ampliada
para os outros elementos da demanda. Não tem porque restringir o
exame da possibilidade jurídica ao pedido: deve ser feita em relação a
toda demanda. Toda a demanda deve ser juridicamente possível e não
apenas o pedido. O que Dinamarco propõe? Propõe que se mude o nome
dessa condição da ação, que deve passar a chamar-se “possibilidade
jurídica da demanda”, e não “possibilidade jurídica do pedido”.

Exemplo desse pensamento ampliativo de Dinamarco: cobrança de


dívida de jogo é juridicamente impossível por conta da causa de pedir. É
o jogo como causa que torna a causa de pedir juridicamente impossível.

Fato superveniente gera carência da ação.

É a aptidão para a condução válida de um processo, nos pólos


ativo e passivo, em que se discute determinada relação jurídica.

A legitimidade deve ser analisada em ambos os pólos: ativo (para


pedir) e passivo (para responder).

O exame da legitimidade depende sempre da análise daquilo que


estiver sendo discutido em juízo em cada relação jurídica. A parte será

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167
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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legítima ou não a depender da relação jurídica discutida. Para se saber se


a parte é legítima, deve-se analisar a relação jurídica específica.

Relação jurídica -> legitimidade

Ninguém é legitimado em tese.

Legitimado: em face de situação concreta

Conferida unicamente a um sujeito. Apenas 1 sujeito pode estar em


juízo discutindo determinada relação jurídica.

Regra.

Regra porque legitimado é o titular do direito. Só eu, a princípio,


posso ir a juízo defender os meus direitos.

Ocorre quando o legislador autoriza + de 1 pessoa a propor 1 ação,


em que se discute determinada relação jurídica.

Ex.: ADI, ação coletiva, qualquer condômino pode defender o


condomínio em juízo, qualquer credor solidário pode defender o crédito
em juízo.

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168
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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A noção de legitimação concorrente é indispensável para saber o


que seja litisconsórcio unitário. Ver aulas à frente, em que se tratará do
tema. Fazer um link para a aula de litisconsórcio. (p. 160)

Há LO sempre que alguém estiver em juízo, em nome próprio,


defendendo interesse próprio. Básica, trivial. O básico da legitimação é
defender os próprios interesses.

NA LO, há uma coincidência entre o legitimado e o sujeito da


relação discutida. As figuras dos legitimados coincidem com os sujeitos
da relação jurídica.

Regra. CPC 6º.

Art. 6o Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio,


salvo quando autorizado por lei.

Há LE sempre que alguém estiver em juízo defendendo em nome


próprio interesse alheio; o sujeito tem autorização, pela lei, para defender
interesse que não é seu, direito que não lhe diz respeito.

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169
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Não há aquela coincidência entre legitimados e sujeitos da relação


jurídica discutida.

Ex.: ações coletivas (vai a juízo defender interesse da coletividade),


MP vai a juízo requerer alimentos a uma criança.

INTERESSE PRÓPRIO E ALHEIO


Há situações em que o sujeito está em juízo para defender interesse
próprio e alheio. É dele também, não é só dele. É dele e de outrem. Ex.:
caso do condômino – quando o condômino está em juízo defende a coisa
dele e de outrem. Está em juízo em posição de legitimado ordinário
(porque é dele) e extraordinário (porque não é só dele).

SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL

Sinônimo
A doutrina costuma utilizar a expressão
substituição processual como sinônima de legitimação
extraordinária.

Espécie
Alguns autores, porém, usam o termo
substituição processual como espécie de legitimação
extraordinária.

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170
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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A substituição processual seria um exemplo de


LE, não sinônimo. Ex.: ação em que o LE está sozinho em
juízo defendendo interesses de outrem em juízo.

Se estivessem em litisconsórcio, não haveria


substituição processual. Ex.: MP vai sozinho pedir
alimentos para guri. Se for em litisconsórcio, seria
legitimado da doutrina.

Doutrina minoritária, cuidado no concurso.

Decorre da LEI. Não existe LE negocial.

O LE É PARTE, AUTOR/RÉU.
Como parte que é, tem que assumir todos os deveres da parte. Ex.:
pagamento de Custas; eventual multa.

COISA JULGADA: VINCULA O SUBSTITUÍDO.


A coisa julgada que provenha de um processo conduzido por um
LE vincula o substituído.

É coisa julgada que afetará terceiro.

REGRA.

Qualquer exceção deve ser prevista expressamente. Ex.: CC 274

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171
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores


solidários não atinge os demais; o julgamento favorável
aproveita-lhes, a menos que se funde em exceção pessoal ao
credor que o obteve.

SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL

SUCESSÃO PROCESSUAL

Substituição Processual: legitimação extraordinária.

Sucessão Processual: mudança de sujeitos no decorrer do


processo.

Ex.: espólio.

SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL

REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL

Representação processual: o representante está em juízo, em nome


alheio, defendendo interesse alheio.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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O representante não é parte; representado é parte.

Representante está ali apenas para suprir uma incapacidade.

Representante age em nome alheio.

Ex.: quando um guri vai a juízo pedir alimentos, está representado


por um de seus pais. Como o guri é incapaz, precisa ser representado.
Parte é o guri. Está atuando junto com este apenas porque este é incapaz.

A falta de LE leva à extinção do processo sem exame


do mérito.
É indiscutível, pouco importa a concepção adotada. Para todos, o
entendimento é o mesmo.

Para Fredie e outros, se falta LO, o caso é de improcedência. Para


Liebman e para o CPC, é caso de extinção sem exame de mérito.

Legitimação para ações coletivas: legitimação autônoma para


condução do processo (Nélson Nery). “Processo coletivo” é o nome que
Nélson Nery deu para as ações coletivas.

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173
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Deve ser examinado em 2/3 dimensões:

É preciso saber se o processo pode ser útil, se pode propiciar algum


tipo de utilidade; se não, falta interesse de agir, porque é inútil, porque
não propicia qualquer proveito a quem tem direito de ação.

É preciso averiguar se o processo é necessário à obtenção daquela


utilidade.

O processo precisa existir para atingir aquela utilidade?

Ex.: se a solução pode ser obtida no âmbito administrativo, o


processo é desnecessário.

Cândido Dinamarco e, portanto, a USP, acrescenta uma 3ª


dimensão ao interesse de agir. Dizem que para que haja interesse de agir
é preciso que haja

O processo tem que ser adequado à finalidade que se busca. Se o


processo for inadequado, há falta de interesse de agir “por inadequação

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174
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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da via eleita”. Escolheu-se um procedimento inadequado ao pedido que


foi formulado.

Ex.: entro com um mandado de segurança e preciso de perícia. O


juiz falará que, se precisa de perícia, o MS é a via inadequada.

Crítica de Fredie: nada impediria que o juiz corrigisse a via.

Para os Abstrativistas, a falta de interesse gera extinção sem exame


de mérito.

Para os Ecléticos, chega-se à mesma conclusão, mas partindo-se do


pressuposto de que é condição da ação.

Aqui termina Teoria da Ação.

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175
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Para concurso, basear o estudo somente aqui.

Pressupostos para que o processo nasça.

É preciso de um ato, que é a demanda, para que exista o processo.

A demanda deve ser proposta perante um órgão investido de


jurisdição.

Aptidão para ser sujeito de um processo. Tem capacidade de ser


parte todo aquele que pode ser sujeito de um processo qualquer. Quem
pode teoricamente ser sujeito de um processo pode ser parte.

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176
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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É absoluta sempre.
Ou se tem, e se tem sempre, ou não se tem.

A legitimidade pode se ter para uma coisa e não ter para outra. A
capacidade de ser parte é um exame em tese. Análise abstrata.

Tem capacidade de ser parte todo sujeito de direito: pessoa física,


pessoa jurídica, condomínio, nascituro, comunidade indígena, órgãos
públicos (Defensoria Pública, MP, PROCON, TC, massa falida, espólio
etc.)

Todas as pessoas têm capacidade de ser parte; além delas, várias


outras:

Há no mundo mais partes em potencial do que pessoa.

Coisas não tem capacidade de ser parte.

Os direitos dos mortos vão além de sua existência física. Direito


ao nome e a ser enterrado. Morto não tem capacidade de ser parte, mas
tem determinados direitos, como a ser sepultado e direito ao nome.

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177
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Animais sempre foram vistos como coisa e por isso não têm
capacidade de ser partes. Hoje, está se falando em animais como
incapazes, sujeitos de direito, capacidade de ser parte!

Quem seriam os sujeitos de direito? Os grandes primatas: gorilas,


chimpanzés, orangotango e os bonobos.

Concepção chamada de Abolicionismo Animal.

Capacidade de ser parte = Personalidade judiciária.

Pressupostos para que o processo seja válido. Só pode ser válido se


existir.

A análise dos Pressupostos de Validade pressupõe que já tenham


sido analisados os Pressupostos de Existência.

Alguns autores não falam em Pressupostos de Validade, mas em


Requisitos de Validade.

“Fale sobre os Pressupostos e os Requisitos processuais.”

Pressupostos de Existência

Requisitos/Pressupostos de Validade

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178
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Embora imperfeito, o ato não será invalidado se o defeito não tiver


importância.

Às vezes, o defeito autoriza o aproveitamento do ato como se fosse


outro: converte-se o ato em outro. No processo, é a fungibilidade. Em
Direito civil, você verá a conversão do ato nulo, o aproveitamento de um
ato defeituoso.

Defeito gera invalidade. Mas nem sempre o ato será invalidado


porque é defeituoso.

Importante distinguir defeito de invalidade. O defeito gera


invalidade, mas nem todo defeito gera invalidade.

O estudo da validade é o estudo da perfeição de um ato. Ato válido


é ato perfeito. Por conta disso, ato inválido é o que tem defeito, é o ato
imperfeito.

O defeito do ato jurídico pode levar à nulidade do ato, mas nem


sempre o defeito gera invalidade, podendo ser ignorado, embora tenha
defeito. Portanto, nem todo ato defeituoso gera invalidade. A falta de
pressupostos processuais de validade pode gerar a invalidade do
processo. Este defeito processual pode ser conhecido de oficio pelo juiz.

Mas esta é a regra geral. Há exceções, em que alguns defeitos de


falta de pressupostos processuais de validade não poderão ser
conhecidos de oficio, como por exemplo, a competência relativa. Os
defeitos relacionados à falta de pressuposto processual de validade são
os mais graves que podem comprometer o processo como um todo.
Nada obstante, atualmente, a doutrina (Luiz Guilherme Marinoni) vem

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179
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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defendendo que a regra de que “não há nulidade sem prejuízo” também


se aplica ao defeito de falta de pressuposto de validade. A falta de
pressuposto processual, a despeito de ser um defeito muito grave, não
pode gerar invalidade se não houver prejuízo. A regra de que não há
nulidade sem prejuízo seria uma regra que se aplica, também, à análise
dos pressupostos processuais de validade.

A falta de pressupostos processuais de validade pode gerar a


invalidade do processo. Esse defeito processual, que é a falta de
pressupostos de validade, pode ser conhecido de ofício pelo juiz. É a
regra.

Regra: pode ser conhecido de ofício pelo juiz.


Há defeitos que não podem ser conhecidos de ofício, é excepcional,
mas existe. A incompetência relativa não pode ser conhecida de ofício.

A falta de pressupostos processuais é a mais grave.

Não há nulidade sem prejuízo:


Atualmente, a doutrina vem defendendo que essa regra, de que
não há nulidade sem prejuízo, também se aplique a esses defeitos, à falta
de pressupostos processuais de validade. Nada obstante ser defeito
muito grave, não deve gerar nulidade se não houver prejuízo. O pessoal
está aplicando à análise dos pressupostos de validade: não há nulidade
sem prejuízo. É uma regra que se aplica também aos pressupostos de
validade.

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180
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Ex.: há processos em que a intervenção do MP é obrigatória, como


processo de que faça parte um incapaz. Exigência processual. Imagine
que o MP não intervenha, há um defeito grave. Nada obstante, o incapaz
ganhou a causa. Portanto, o defeito não gerou prejuízo. Nessa situação,
não se deve invalidar.

A aplicação da regra de que não há nulidade sem prejuízo é


novidade. Art. 249, § 2º

Art. 249, § 2o Quando puder decidir do mérito a favor da parte a quem

aproveite a declaração da nulidade, o juiz não a pronunciará nem mandará repetir

o ato, ou suprir-lhe a falta.

Essa regra se aplica aos pressupostos processuais de validade. A


regra antiga era que faltou um pressuposto de validade, tem que
invalidar. Hoje, a invalidação depende de prejuízo. Não havendo
prejuízo, não se invalida. Isto é a ultima novidade em tema de
pressupostos processuais. É a concepção da instrumentalidade
substancial do processo.

INSTRUMENTALIDADE SUBSTANCIAL DO
PROCESSO
Há um pessoal que chama essa posição de instrumentalidade
substancial do processo.

Mesmo faltando um pressuposto de validade, ignora-se a falta se


isso não redundar em prejuízo.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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É o respeito às exigências formais do procedimento.


Ex.: petição inicial tem que ser apta; é preciso juntar os documentos
indispensáveis à propositura da ação; é preciso que haja citação.

A CITAÇÃO EXERCE DUPLO PAPEL NO PROCESSO:

1 – É condição de eficácia do processo em relação ao réu.


Condição para que produza efeitos a ele. O processo só é eficaz para o
réu após sua citação. Até a citação, o processo não produz efeitos para o
réu.

2 – É um requisito de validade de eventual sentença proferida contra o


réu.
Para que se profira uma decisão contra o réu, é preciso que ele tenha sido
citado, sob pena de ser inválida. Uma sentença a favor do réu não
depende de sua citação. Somente uma sentença contrária ao réu depende
de sua citação.

DEFEITO TRANSRESCISÓRIO: sentença proferida contra réu


revel não citado ou citado invalidamente.

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182
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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QUERELA NULLITATIS: desconstitui a sentença, a qualquer


tempo.

Sentença proferida contra réu revel não citado ou citado


invalidamente tem defeito gravíssimo, considerado o mais grave defeito
que uma sentença pode ter. Esse defeito é chamado de defeito
transrescisório. É tão grave que permite a desconstituição dessa
sentença, mesmo após o prazo da ação rescisória. Pode-se desconstituir
essa sentença a qualquer tempo. O instrumento para tal é a “querela
nullitatis”. Em ambas as situações (ré não citado ou citado
invalidamente), este é o instrumento para sua desconstituição.

Art. 475-L. A impugnação somente poderá versar sobre: (Incluído pela


Lei nº 11.232, de 2005)

I – falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia; (Incluído


pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 741. Na execução contra a Fazenda Pública, os embargos só


poderão versar sobre: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)

I – falta ou nulidade da citação, se o processo correu à


revelia; (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)

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183
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Autorizam a desconstituição da sentença mesmo após o prazo da


rescisória.

Na PUC/SP (Arruda Alvim, Nelson Nery, Cássio Scarpinella,


Tereza Wambier...), o pessoal tem um entendimento diferente desse
assunto. Para eles, a citação é pressuposto de existência do processo.
Para eles, processo sem citação é processo que não existe. Para eles, a
sentença nesses 2 casos é sentença inexistente. E a querela nulitatis seria
uma ação de inexistência, não de nulidade.

É um pensamento difundido, porque a PUC recebe professores do


Brasil todo.

Marinoni e outros não concordam.

Isso pode cair no concurso, e examinar-se se não há resposta mais


certa do que essa. Dependerá do sujeito que está fazendo. Como saber a
posição do examinador? Acessar o site www.cnpq.com.br. Procurar o
link “plataforma lattes”. Clicou, vai em buscar currículo e coloca o nome
do examinador. Lá, ver perfil do examinador.

A citação é um ato processual. Portanto, o processo já existia, e o


processo só passa a ser eficaz para o réu.
E quando o juiz indefere a petição inicial, na sentença. O autor
apela, o Tribunal decide. Não existe processo?!

Todo mundo pensa assim, só pessoal da PUC pensa que não existe
processo.

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184
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Negativos. Fatos Estranhos ao processo.

Não podem acontecer para que o processo seja válido.


Os pressupostos de validade extrínsecos são chamados de
negativos, porque são fatos estranhos ao processo, que não devem
acontecer para que o processo seja válido.

Ex.:

 inexistência de coisa julgada;

 inexistência de litispendência;

 inexistência de convenção de arbitragem;

 inexistência de perempção.

São fatos que não devem ocorrer.

O pressuposto não é a coisa julgada, a litispendência..., mas a sua


inexistência.

Sobre perempção, ver aula futura.

Alguns autores chamam esses pressupostos de impedimentos


processuais.

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185
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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A competência e a imparcialidade são pressupostos de validade em


relação ao juiz.

Capacidade de ser parte, vista na aula passada, é pressuposto de


existência. Analisaremos aqui os pressupostos de validade.

É a capacidade para a prática de atos processuais sozinho.


Ato processual é ato jurídico, e exige-se capacidade para ser
praticado.

Na aula passada, vimos que a capacidade de ser parte está para o


processo como a personalidade está para o Direito Civil. A capacidade
processual está para o processo como a capacidade civil está para o
Direito Civil.

Capacidade Civil – Direito Civil.


Personalidade – Direito Civil
Capacidade processual – Processo Civil

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186
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Pode-se ter capacidade para um ato e não ter para outro.


Ex.: sujeito preso tem capacidade processual; mas para os juizados,
não tem. A regra é a de que quem tem capacidade civil, tem capacidade
processual.

Caso de sujeito com capacidade civil, mas sem capacidade


processual.
Ex.: pessoa casada tem capacidade civil, mas em certas situações
não tem capacidade processual. Ver adiante.

Caso de sujeito com capacidade processual, mas sem capacidade


civil.
Ex.: eleitor de 16 anos tem capacidade processual para ação
popular e não tem plena capacidade civil.

Embora haja correspondência entre capacidade civil e processual,


há exceções.

Se falta capacidade processual, impõe-se que o juiz determine a


integração da incapacidade.

Não corrigido o defeito:

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Se o autor for o incapaz, o processo será extinto sem exame do


mérito.

Se o réu for o incapaz e não suprir a incapacidade, o processo


segue à sua revelia.

Se o 3º for o incapaz e não suprir a incapacidade, será expulso do


processo.
Previstas no CPC 13.

Art. 13. Verificando a incapacidade processual ou a irregularidade da


representação das partes, o juiz, suspendendo o processo, marcará prazo
razoável para ser sanado o defeito.

Não sendo cumprido o despacho dentro do prazo, se a providência


couber:

I - ao autor, o juiz decretará a nulidade do processo;

II - ao réu, reputar-se-á revel;

III - ao terceiro, será excluído do processo.

CAPACIDADE PROCESSUAL DAS PJ

As PJ são presentadas em juízo. O termo “representadas” levaria a


crer que as PJ são incapazes, porque a representação supre uma
incapacidade. Alguns autores assim entendiam. Acontece que sempre
que se fala em “representação”, é preciso supor a existência de 2 sujeitos
(representante e representado). Quando 1 PJ está em juízo e um de seus
órgãos a representa, não há 2 sujeitos, pressuposto para que haja

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188
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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representação. O órgão não representa o sujeito, é o sujeito, compõe o


sujeito. O órgão da PJ é a PJ, corporifica a PJ, não representa a PJ.

O órgão presenta a PJ, torna presente a PJ, torna concreta a PJ,


torna carne a PJ, a relação entre o órgão e a respectiva PJ não é uma
relação de representação, mas de presentação.

O promotor não representa o MP, ele é o MP, ele torna o MP


presente, carne, corporificado.

Música “Esse Amor”, de Caetano Velloso. “Branquinha”. Disco “O


estrangeiro”.

Enfim, PJ não são incapazes processuais, são presentadas em juízo


pelos seus órgãos. Poderá ser representada por outrem, distinto dela,
como o advogado, o preposto.

CAPACIDADE PROCESSUAL DAS PESSOAS CASADAS


A regra é a de que as pessoas casadas não sofrem restrições em sua
capacidade processual. Porém, há casos em que há restrição da
capacidade processual da pessoa casada.

Necessário consentimento do cônjuge – Ação sobre D. Reais


Imobiliários.

Não necessário se o regime for de Separação Absoluta.

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Essa exigência não se aplica se o casamento for em regime de


separação absoluta. CPC 10 & CC 1647.

CPC, Art. 10. O cônjuge somente necessitará do


consentimento do outro para propor ações que versem sobre
direitos reais imobiliários. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de
13.12.1994)

§ 1o Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para


as ações: (Parágrafo único renumerado pela Lei nº 8.952, de
13.12.1994)

I - reais imobiliárias; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de


1.10.1973)

I - que versem sobre direitos reais imobiliários; (Redação


dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

II - resultantes de fatos que digam respeito a ambos os


cônjuges ou de atos praticados por eles; (Redação dada pela Lei
nº 5.925, de 1.10.1973)

III - fundadas em dívidas contraídas pelo marido a bem da


família, mas cuja execução tenha de recair sobre o produto do
trabalho da mulher ou os seus bens reservados; (Redação dada
pela Lei nº 5.925, de 1.10.1973)

IV - que tenham por objeto o reconhecimento, a constituição


ou a extinção de ônus sobre imóveis de um ou de ambos os
cônjuges. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1.10.1973)

§ 2o Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do


autor ou do réu somente é indispensável nos casos de composse
ou de ato por ambos praticados. (Incluído pela Lei nº 8.952, de
13.12.1994)

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190
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CC, Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648,


nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no
regime da separação absoluta:

I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;

II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou


direitos;

III - prestar fiança ou aval;

IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens


comuns, ou dos que possam integrar futura meação.

Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos


filhos quando casarem ou estabelecerem economia separada.

NOMENCLATURA ULTRAPASSADA:

Outorga uxória X Autorização Marital

Da esposa do Marido

NOMENCLATURA ATUAL: CONSENTIMENTO DO


CÔNJUGE.

Se o cônjuge não quer, ou se não pode dar o consentimento, é


possível pedir o suprimento da falta de consentimento, em casos em que
não possa ser concedido. CPC 11 e CC 1648.

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191
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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CPC, Art. 11. A autorização do marido e a outorga da mulher


podem suprir-se judicialmente, quando um cônjuge a recuse ao
outro sem justo motivo, ou lhe seja impossível dá-la.

Parágrafo único. A falta, não suprida pelo juiz, da


autorização ou da outorga, quando necessária, invalida o
processo.

CC, Art. 1.648. Cabe ao juiz, nos casos do artigo


antecedente, suprir a outorga, quando um dos cônjuges a
denegue sem motivo justo, ou lhe seja impossível concedê-la.

ENTENDIMENTO DE TEPEDINO:

Outra forma: aplicar regras do casamento à união estável.

Fredie não conhece decisões a este respeito. Mas sua posição é de


que, se nos autos houver notícia da união estável, convém o
consentimento, para evitar discussões sobre os pressupostos.

Não. CC, 1649.

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192
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Não, ele não pode fazer isso. Ele não tem nada a ver com isso, é um
problema do casal (esposa e marido). Diante da falta de consentimento, o
juiz deve mandar ouvir o cônjuge preterido para que ele diga o que quer.

Essa interpretação Fredie extrai do CC 1649

Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando


necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato praticado, podendo o outro
cônjuge pleitear-lhe a anulação, até 2 anos depois de terminada a
sociedade conjugal.

Parágrafo único. A aprovação torna válido o ato, desde que feita por
instrumento público, ou particular, autenticado.

Em alguns casos, exige-se litisconsórcio necessário entre os


cônjuges. Art. 10, § 1º (I & IV; II & III)

CPC, 10 § 1o Ambos os cônjuges serão necessariamente


citados para as ações: (Parágrafo único renumerado pela Lei nº
8.952, de 13.12.1994)

I - que versem sobre direitos reais imobiliários; (Redação


dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

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IV - que tenham por objeto o reconhecimento, a constituição


ou a extinção de ônus sobre imóveis de um ou de ambos os
cônjuges.(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1.10.1973)

II - resultantes de fatos que digam respeito a ambos os


cônjuges ou de atos praticados por eles; (Redação dada pela Lei
nº 5.925, de 1.10.1973)

III - fundadas em dívidas contraídas pelo marido a bem da


família, mas cuja execução tenha de recair sobre o produto do
trabalho da mulher ou os seus bens reservados; (Redação dada
pela Lei nº 5.925, de 1.10.1973)

Art. 10, § 1º, I e IV – REAL IMOBILIÁRIA – segue o que vimos no


pólo ativo. Mas no passivo, o litisconsórcio é necessário.

Art. 10, § 1º, II & III – em alguns casos de obrigação solidária, em


que os cônjuges são devedores solidários, ambos devem ser citados
em litisconsórcio necessário.

Ex.:

cobrança de indenização por ato ilícito praticado por ambos


(inciso II);

cobrança de dívida contraída para fazer frente às economias


domésticas. Quem casa deve saber que responde

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solidariamente por dívidas contraídas para a manutenção


doméstica (inciso III & CC 1.643 e 1.644).

Art. 1.643. Podem os cônjuges, independentemente de


autorização um do outro:

I - comprar, ainda a crédito, as coisas necessárias à


economia doméstica;

II - obter, por empréstimo, as quantias que a aquisição


dessas coisas possa exigir.

Art. 1.644. As dívidas contraídas para os fins do artigo


antecedente obrigam solidariamente ambos os cônjuges.

Deve-se atualizar a redação do inciso III, porque são fundadas pelo


cônjuge a bem da família, e ao “contraídas pelo marido”, como fala o
CPC.

 em que há composse de ambos os cônjuges, um precisa do


consentimento do outro.

 contra ilícito praticado por ambos os cônjuges, ambos têm que


ser necessariamente citados.

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Art. 10, § 2o Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor


ou do réu somente é indispensável nos casos de composse ou de ato por
ambos praticados. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

Art. 12 – hipóteses de presentação e representação.

Art. 12. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:

I - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, por seus


procuradores;

II - o Município, por seu Prefeito ou procurador;

III - a massa falida, pelo síndico;

IV - a herança jacente ou vacante, por seu curador;

V - o espólio, pelo inventariante;

VI - as pessoas jurídicas, por quem os respectivos estatutos


designarem, ou, não os designando, por seus diretores;

VII - as sociedades sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem


couber a administração dos seus bens;

VIII - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou


administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no
Brasil (art. 88, parágrafo único);

IX - o condomínio, pelo administrador ou pelo síndico.

§ 1o Quando o inventariante for dativo, todos os herdeiros e


sucessores do falecido serão autores ou réus nas ações em que o espólio
for parte.

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§ 2o - As sociedades sem personalidade jurídica, quando


demandadas, não poderão opor a irregularidade de sua constituição.

§ 3o O gerente da filial ou agência presume-se autorizado, pela


pessoa jurídica estrangeira, a receber citação inicial para o processo de
conhecimento, de execução, cautelar e especial.

Tema comum em provas.

Curador -> representante de incapaz.

É o representante de um incapaz processual.

Por que é especial?

Porque o é apenas para um processo específico.

É um representante ad hoc. Terminado o processo, cessa a


representação. Por isso é um representante especial.

Diferente do Pai, que representa o filho em todos os atos civis.

O tutor de um incapaz só pode ser designado pelo juiz de


família ou criança e adolescente.

Qualquer juiz de qualquer processo pode designar o curador


especial, porque é apenas para um processo específico.

Como representante que é, não é parte. Parte é o curatelado.

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197
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A curatela especial é atribuição institucional da


defensoria pública.
Onde não houver defensoria pública, qualquer pessoa capaz pode
ser curador especial, embora os juízes costumem designar advogados
onde não há defensoria pública. É uma questão de conveniência, não
obrigatória.

O curador especial não tem poderes de disposição dos


interesses do curatelado.

Os poderes do curador são poderes de defesa do curatelado.


Pode recorrer, contestar, produzir provas, mas não pode dispor do
direito do curatelado. Pode opor embargos à execução.

Súmula 196, STJ

Ao executado que, citado por edital ou por hora certa, permanecer


revel, será nomeado curador especial, com legitimidade para
apresentação de embargos.

Não pode reconvir. Pode propor cautelar ou MS contra ato


judicial.

Quais os casos em que deve haver curador especial? CPC 9.

Art. 9o O juiz dará curador especial:

I - ao incapaz, se não tiver representante legal, ou se os interesses deste


colidirem com os daquele;

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198
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Juiz designa curador especial para

 incapaz sem representante

 incapaz em conflito com o representante.

Art. 9o O juiz dará curador especial:

II - ao réu preso, bem como ao revel citado por edital ou com


hora certa. (citação ficta)

O juiz deve nomear curador especial para

 réu 1revel 2citado por

o 2.1 edital

o 2.2 hora certa

“Ao réu revel nomeia-se curador especial”. Errado.

O réu revel só terá direito a curador especial se for citado por edital
ou hora certa.

São 2 requisitos: revelia + citação por edital ou hora certa

O juiz deve nomear curador especial para

 réu preso

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199
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Não faz sentido, porque, mesmo presa, a pessoa tem os melhores


advogados para trabalhar para ele. O que a doutrina diz? O réu só tem
direito a curador especial se a restrição à sua liberdade dificultar sua
atuação em juízo.

Alguns atos processuais exigem, além da capacidade processual, a


capacidade postulatória.

É uma capacidade técnica, exigida para a prática de determinados


atos processuais – os atos postulatórios, em que se pede, se postula algo.

Costuma ser dos advogados, dos defensores públicos e dos


membros do MP.

Há casos excepcionais em que leigos têm capacidade postulatória:

 Justiça do Trabalho;

 Juizados Especiais em 1ª instância e até 20 salários mínimos;

 HC;

 o Governador do Estado tem capacidade postulatória para ADI e ADC


(STF);

 quando na comarca não houver advogado;

 quando, embora havendo advogados na comarca, nenhum aceita a causa.

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200
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Art. 36. A parte será representada em juízo por advogado legalmente

habilitado. Ser-lhe-á lícito, no entanto, postular em causa própria, quando tiver

habilitação legal ou, não a tendo, no caso de falta de advogado no lugar ou recusa

ou impedimento dos que houver.

A ação de alimentos permite que o leigo peça alimentos. Ele só


pode pedir alimentos provisórios, mas logo depois o juiz tem que
nomear advogado para continuar a causa.
Lei Mª da Penha. A mulher que se afirma vítima de violência
doméstica pode requerer medidas protetivas independentemente de
advogado, mas não pode requerer no processo. Semelhante à hipótese
acima. Ato postulatório que pode ser praticado por leigo.

“Na JT dispensa-se capacidade postulatória.” Errado. A lei


atribui ao leigo capacidade postulatória. Dispensa-se advogado. Não
confundir.

Há 2 situações distintas que o tema traz à tona:

Ato praticado por quem não seja advogado (capacidade


postulatória): nulo.
Ato praticado por quem não tem capacidade postulatória. Ato
nulo, porque praticado por agente incapaz. Art. 4º, Estatuto da OAB.

Ato praticado por advogado sem procuração: ineficaz, salvo


ratificação do mandatário.

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201
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Ato praticado por quem tem capacidade postulatória. É advogado.


Só que não tem procuração, não provou que foi constituído para isso.
Procuração não tem nada a ver com capacidade postulatória, mas com
representação. O advogado tem capacidade postulatória porque é
advogado.

Art. 37, Parágrafo único. Os atos, não ratificados no prazo,


serão havidos por inexistentes, respondendo o advogado por
despesas e perdas e danos.

Esse dispositivo é horroroso.

Como algo não existe e pode ser ratificado? Ratifica-se/Confirma-


se o que não existe? Como o que não existe pode gerar condenação?
Como pode gerar perdas e danos? Como o nada tudo causa? O CC
regula melhor o assunto e parece ter revogado o CPC.

Art. 662. Os atos praticados por quem não tenha mandato,


ou o tenha sem poderes suficientes, são ineficazes em relação
àquele em cujo nome foram praticados, salvo se este os ratificar.

Parágrafo único. A ratificação há de ser expressa, ou


resultar de ato inequívoco, e retroagirá à data do ato.

Não tem nada a ver com existência, mas com eficácia.

Há uma parcela da doutrina (CUIDADO!) – PUC/SP – porém, que,


diante do parágrafo único do 37, defende o seguinte: capacidade
postulatória seria pressuposto de existência do processo. Aqui o

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202
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problema é muito grave. Primeiro, nem de capacidade postulatória trata


o § ún. do 37. Ele cuida de não juntada de procuração, outra coisa.
Segundo, conforme vimos, o caso é de ineficácia, não de inexistência.

STJ tem súmula que comeu essa pilha.

Súmula 115, STJ

Na instância especial é inexistente recurso interposto por


advogado sem procuração nos autos.

Ler o editorial, como complemento da aula, provavelmente o


penúltimo ou o último, que conta que o NCPC repete o dispositivo do
parágrafo único do 37.

Editorial 111

O parágrafo único do art. 37 do CPC prescreve que a não-ratificação dos atos praticados por
advogado sem procuração importará havê-los por inexistentes.

O NCPC repete essa regra no § 2º do art. 87: “Os atos não ratificados serão
havidos por juridicamente inexistentes, respondendo o advogado por despesas
e perdas e danos”.

A regra vigente é péssima e já foi revogada. Reproduzi-la no NCPC é um duplo


equívoco, portanto.

Explico.

De logo, cabe uma observação: o ato processual a que se refere o texto


normativo foi praticado por quem poderia praticá-lo, ou seja, um advogado. Há

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203
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capacidade postulatória. O que não há é a prova da representação voluntária,


negócio jurídico que, no caso, serviria para a integração da incapacidade
técnica da parte. A falta de capacidade postulatória está regulada no art. 4º do
EOAB: ato praticado por não advogado é ato praticado por agente incapaz e,
portanto, é nulo.

A situação não é de inexistência, mas, sim, de ineficácia do processo ou do ato


em relação àquele que supostamente seria a parte, mas que não outorgou o
instrumento de representação. “A falta de poderes não determina nulidade,
nem existência” (MIRANDA, Francisco Cavalcanti Pontes de. Tratado de direito
privado. 3ª ed. São Paulo: RT, 1983, t. 4, p. 27.).
Trata-se de ato cuja eficácia em relação ao suposto representado submete-se a
uma condição legal resolutiva: a ratificação. O caso é de aplicação direta do
quanto disposto no art. 662 do CC-2002: “ Os atos praticados por quem não
tenha mandato, ou o tenha sem poderes suficientes, são ineficazes em relação
àquele em cujo nome foram praticados, salvo se este os ratificar”. Não falta
capacidade postulatória, pois o ato foi praticado por um advogado, que a tem;
o problema está na representação, que não restou comprovada.

O advogado será responsabilizado pelas perdas e danos, em razão da extinção


do processo instaurado sem que lhe tenha sido outorgada a procuração: se o
processo não existisse juridicamente, seria inconcebível e ilógico colocar a
extinção do “nada jurídico” como suporte fático do dever de indenizar. A
situação é similar àquela do processo instaurado por uma parte ilegítima: é
como se o advogado, que não foi autorizado a demandar, estivesse pleiteando
em juízo direito alheio, sem que tivesse legitimação extraordinária para tanto; é
como se o autor fosse o advogado, não o seu pretenso representado. Admitir

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ratificação de ato inexistente é, no mínimo, uma contradição lógica. Tudo


aquilo que se coloca posteriormente à prática do ato, como exigência para a
produção dos seus efeitos jurídicos, somente pode ser considerado como
condição (em sentido amplo), fato que opera no plano da eficácia; o ato
processual, no caso, produz efeitos imediatamente, mas sua eficácia fica
subordinada a condição resolutiva.
Como se vê, a compreensão do texto normativo exige do intérprete domínio dos
conceitos de fato jurídico, ratificação, plano da eficácia do fato jurídico,
ineficácia relativa, condição, plano da validade do ato jurídico, capacidade,
entre outros. Todos são conceitos jurídicos fundamentais.

Observe, então, que não basta identificar o erro do par. ún. do art. 37 do CPC,
reproduzido no § 2º do art. 87 do NCPC. É preciso perceber que ele fora
revogado pelo art. 662 do Código Civil, que é norma posterior, igualmente
genérica, que cuida da mesma hipótese fática e que, portanto, revogou o CPC
no particular.

Há um grave problema na ressurreição do equivocado e revogado texto


normativo.
A partir do texto legal, há quem defenda que, no direito brasileiro, a capacidade
postulatória é pressuposto processual de existência. O Superior Tribunal de
Justiça acolheu a terminologia no enunciado 115 da súmula da sua
jurisprudência predominante: “Na instância especial é inexistente recurso
interposto por advogado sem procuração nos autos”.
A fragilidade teórica dessa concepção é evidente. O problema de que cuida o
parágrafo único do art. 37 do CPC nem diz respeito à capacidade postulatória
nem está relacionado ao plano de existência dos atos processuais.

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205
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Sugiro rever a redação do § 2º do art. 87 do NCPC, que ficaria assim:


“Os atos não ratificados são ineficazes em relação àquele em cujo nome foram
praticados”.
Sugiro, ainda, acrescentar um § 3º ao art. 87 do NCPC:

“O advogado responderá por despesas e perdas e danos se não houver a


ratificação dos atos praticados sem procuração.”

Fredie Didier Jr

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É a pluralidade de sujeitos em um dos pólos do processo.

Sempre que houver mais de 1 sujeito em 1 dos pólos do processo,


há litisconsórcio.

1.1 ATIVO

1.2 PASSIVO

1.3 MISTO

Quando surge concomitantemente ao processo. O processo já nasce


em litisconsórcio.

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Surge com o processo já em andamento.

Gerado por

CONEXÃO

SUCESSÃO

ALGUMAS INTERVENÇÕES DE 3º:

Oposição

Assistência litisconsorcial

Denunciação da lide

Chamamento ao Processo

Aqui, devemos analisar a relação jurídica discutida.


Ela é que serve de base para classificar o litisconsórcio entre
simples e unitário.

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Existe quando a decisão de mérito puder ser diferente para os


litisconsortes.
A simples aptidão para ser diferente torna o litisconsórcio simples;
a decisão pode ser a mesma. O que importa é a possibilidade de ser a
mesma decisão ou não.

“Poderia não ser a mesma decisão.”

L. em causas repetitivas é sempre simples.

Ex.: Questões tributárias, de servidor, Previdenciárias.

O L. envolvendo ob. solidárias poderá ser unitário ou


simples, a depender da divisibilidade da obrigação.
Ob. Sol. Divisível: Litisconsórcio Simples

Ob. Sol. Indivisível: Litisconsórcio Unitário

A decisão de mérito tem de ser a mesma para todos os


litisconsortes.

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Litisconsortes: tratados como se fossem uma só pessoa.

Todas as pessoas serão tratadas como se fossem uma só, porque a


decisão será a mesma para todos. O tratamento será único.

“A decisão deve ser a mesma.”

Íntima relação com a co-legitimação1.

Litisconsórcio entre dois legitimados extraordinários, para


discutir a mesma relação, é unitário.

Sempre que houver um litisconsórcio entre 1 legitimado


extraordinário e 1 legitimado ordinário, ele será unitário.
Por quê? Porque discutem uma única relação jurídica! Como uma
relação jurídica poderia ter duas soluções distintas?

O L. envolvendo ob. solidárias poderá ser unitário ou simples,


a depender da divisibilidade da obrigação.
Ob. Sol. Divisível: Litisconsórcio Simples

1
Legitimação Concorrente / Co-legitimação ocorre quando o legislador autoriza + de 1 pessoa a propor 1 ação, em
que se discute determinada relação jurídica.

Ex.: ADI, ação coletiva, qualquer condômino pode defender o condomínio em juízo, qualquer credor solidário
pode defender o crédito em juízo.

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Ob. Sol. Indivisível: Litisconsórcio Unitário

Se a ação é constitutiva e tem litisconsórcio, “chute”


que ele é unitário.

MÉTODO de IDENTIFICAÇÃO do
LITISCONSÓRCIO:

Duas etapas sucessivas – a 2ª depende do resultado da primeira.

Mais de uma L. Simples.


Cada relação jurídica terá uma solução.

Uma ? – passemos à segunda pergunta

Sim L. Unitário.
Se tem dois sujeitos discutindo uma relação que não pode ser
fracionada, o litisconsórcio é unitário, porque a relação não pode ser
definida de 2 maneiras.

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Há litisconsórcio unitário sempre que 2 ou mais sujeitos


estiverem em juízo discutindo uma relação jurídica indivisível.

Não L. Simples.

Ex. 1: cinco contribuintes vão a juízo, todos pedindo para não


pagar determinado tributo, dizendo que é inconstitucional. Ex.: IPTU.
Unitário ou simples? A decisão de mérito tem de ser a mesma para
todos? O imposto pode ser inconstitucional para um e não ser para
outro?

a) n = 5 relações jurídicas.

Litisconsórcio Simples.

Tanto que uma pessoa pode fazer acordo com o Município. Se ele
pode fazer acordo, ou renunciar, a decisão não precisa ser,
obrigatoriamente, a mesma para todos. Cada relação pode ser
decidida de uma forma.

São cinco problemas semelhantes. Não apenas um. A solução pode


ser diferente e, por isso, L. Simples.

: Litisconsórcio formado nas causas repetitivas é


sempre simples. Questões tributárias, de servidor,
Previdenciárias.

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Ex. 2: dois condôminos vão a juízo defender o condomínio


invadido. L. Unitário ou simples?

a) n = 1

b) uma solução.

L. Unitário.

O litisconsórcio unitário tem íntima relação com a co-legitimação.

Ex. 3: MPE e MPF se litisconsorciam em uma ação coletiva. Ex.:


ambos pretendem parar a construção de uma fábrica.

a) uma relação jurídica.

b) 1 solução. Não podem parar para um e não parar para outro.

L. entre dois legitimados extraordinários, para discutir a mesma


relação, é unitário.

Ex. 4: MP e uma criança se litisconsorciam para pedir alimentos.

Uma relação discutida.

Um credor apenas.

Litisconsórcio Unitário.

Sempre que houver um litisconsórcio entre um legitimado


extraordinário e um legitimado ordinário, ele será unitário.

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Ex. 5: dois credores solidários vão cobrar dívida.

a) UMA RELAÇÃO JURÍDICA.

Obrigação solidária pode ser divisível ou indivisível. Ex.:


entregar um cavalo; dinheiro.

É uma única relação jurídica, mas pode ser divisível ou


indivisível.

O L. envolvendo ob. solidárias poderá ser unitário ou simples, a


depender da divisibilidade da obrigação.

DICA MÍSTICA. Se a ação é constitutiva e tem litisconsórcio,


“chute” que ele é unitário. A probabilidade de haver L. Simples é
raríssima.

Ação constitutiva. Marcar L. Unitário e partir para a próxima


questão.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Como os litisconsortes serão tratados?

Isso só se pode saber após determinar se o L. é simples ou Unitário.

As que a parte pratica com o objetivo de melhorar sua situação no


processo.

Pode ser que não melhore.


Recebe o nome de alternativa porque pode ser que ela não
melhore.

Ex.: contestar, alegar, recorrer.


Posturas de quem pretende melhorar sua situação.

4.2
Levam a uma situação desfavorável.

Ex.: não recorrer, não contestar, confessar, desistir, renunciar.

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TRÊS REGRAS:

1ª) Conduta determinante praticada por um litisconsorte não


prejudica o outro. Sem exceção.

 Ex.: confissão, desistência, recurso apenas de 1.

 No L. Unitário, ou todos agem de forma determinante, ou a


determinante de 1 é ineficaz.

 No L. Simples, 1 pode confessar, ele se prejudica, mas não


prejudica os demais.

2ª) No L. Unitário, a conduta alternativa de um beneficia o outro.

 No L. Unitário, são tratados como se fossem 1 só.

3ª) No L. Simples, a conduta de um não beneficia o outro.

Cada 1 cuida de sua vida.

Há exceções. Ex.: a prova produzida por 1 litisconsorte


pertence ao processo. Portanto, todos podem beneficiar-se
dela.

Produzir prova é conduta alternativa que pode beneficiar


os outros.

Art. 48. Salvo disposição em contrário, os litisconsortes serão


considerados, em suas relações com a parte adversa, como

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216
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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litigantes distintos; os atos e as omissões de um não


prejudicarão nem beneficiarão os outros.

* A letra da lei deve ser interpretada corretamente: as condutas


alternativas benéficas se comunicam p/ Litisconsortes Unitários,
considerados, em relação à parte adversa, como 1 parte única.

CONDUTA CONDUTA
ALTERNATIVA DETERMINANTE

As condutas Praticada por 1


alternativas benéficas litisconsorte, não
se comunicam p/ prejudica o outro.
Litisconsortes
Unitários,
considerados, em
relação à parte
adversa, como 1 parte
única.

LITISCONSÓRCIO Conduta de um não Confissão de um não


SIMPLES beneficia o outro. prejudica os demais.

Exceções: provas

LITISCONSÓRCIO Conduta de 1 Ou todos agem de forma


UNITÁRIO litisconsorte beneficia determinante ou a
o outro. conduta de 1 é ineficaz.

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217
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INTENSIVO I
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Litisconsortes tratados
como 1 só.

O art. 46 se aplica a todas as formas de litisconsórcio, apesar


de se referir apenas a Litisconsórcio Facultativo:

Art. 46. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo


processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando:

Litisconsórcio por Comunhão:

I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações


relativamente à lide;

Litisconsórcio por Conexão (de interesses):

II - os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo


fundamento de fato ou de direito;

III - entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa


de pedir;

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Litisconsórcio por Afinidade:

IV - ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de


fato ou de direito.

Litisconsórcio Facultativo Impróprio: é sempre por


afinidade

Parágrafo único. O juiz poderá limitar o litisconsórcio


facultativo quanto ao número de litigantes, quando este
comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa. O
pedido de limitação interrompe o prazo para resposta, que
recomeça da intimação da decisão. (Incluído pela Lei nº 8.952, de
13.12.1994)

Art. 46. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo


processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando:

Litisconsórcio por Comunhão:

I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações


relativamente à lide;

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219
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Litisconsortes comungam de um mesmo problema


No L. por Comunhão, discutem problemas comuns, comungam de
um mesmo problema.

Ex.: condôminos.

Art. 46. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo


processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando:

Litisconsórcio por Conexão (de interesses):

II - os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo


fundamento de fato ou de direito;

III - entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela


causa de pedir;

O L. surge por conexão de interesses.


No L. por Conexão, os litisconsortes não comungam dos mesmos
problemas e mesmos interesses; cada um tem os seus.

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Ex.: MP e guri. Conexão: direitos indisponíveis.


Há conexão da situação do guri com a atuação do MP, em defender
direitos indisponíveis.

Art. 46. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo


processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando:

Litisconsórcio por Conexão (de interesses):

II - os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo


fundamento de fato ou de direito;

III - entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela


causa de pedir;

QUANDO HOUVER CONEXÃO, HAVERÁ


LITISCONSÓRCIO!

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Art. 46. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo


processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando:

Litisconsórcio por Afinidade:

IV - ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de


fato ou de direito.

Problemas parecidos. Não são o mesmo problema nem são


problemas ligados.

União de forças.
No L. por afinidade, os litisconsortes se juntam porque tem
problemas parecidos, não porque é o mesmo problema ou problemas
ligados. Cada um tem os seus problemas e há apenas união de forças.

O L. nas causas repetitivas é por afinidade.


Causas Repetitivas Litisconsórcio por Afinidade!

Causas repetitivas envolvem relações jurídicas diversas, mas com


afinidade de questões por terem pontos em comum, de fato ou de direito
(Litisconsórcio por afinidade).

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222
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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O L. por afinidade é sempre simples.


Litisconsórcio por Afinidade -> Litisconsórcio Simples.
Como as relações jurídicas são diversas (não é 1 só), cada uma
pode ser decidida especificamente (Litisconsórcio Simples).

LITISCONSÓRCIO FACULTATIVO SIMPLES no PÓLO ATIVO /


Litisconsórcio Facultativo Impróprio

No CPC/1939, o L. por afinidade era recusável. O réu tinha o


direito de recusar o L. por afinidade ativo. Era 1 direito do réu. Ex.: o
fisco poderia recusar o L. Por isso, alguns autores chamavam o L. por
afinidade de L. Facultativo Impróprio.

O CPC acabou com a possibilidade de recusa no L. por afinidade.


L. Facultativo Impróprio teria sido abolido pelo CPC/73.

Mas...

73-90 – Profunda transformação econômica -> fenômeno curioso na


prática forense, que não havia existido antes: Litisconsórcios
multitudinários (adjetivo que se relaciona a multidão – multidão no pólo
ativo). Todas as pessoas estavam ali por afinidade. O L. Multitudinário
começou a se multiplicar. O réu tinha o mesmo prazo de 15 dias para se
defender de 1 ou 500 relações diferentes. Isso fez com o que o legislador
tivesse que resgatar o litisconsórcio facultativo impróprio – o
litisconsórcio recusável foi resgatado, para resolver problema que não
existira antes.

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223
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O L. Facultativo Impróprio é sempre por Afinidade – CPC 46, §


ún.

CPC 46, § único. O juiz poderá limitar o litisconsórcio


facultativo quanto ao número de litigantes, quando este
comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa. O
pedido de limitação interrompe o prazo para resposta, que recomeça
da intimação da decisão. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

Possível limitar o litisconsórcio por afinidade ativa: a pedido ou de ofício.

O pedido de limitação do réu interrompe o prazo de resposta.

O juiz decide se limita ou não e recomeça o prazo de defesa.


Admite-se a recusa de ofício, o que não existia no CPC/39.
Fundamentação na solução do conflito.

Formação Obrigatória. Vontade irrelevante para sua formação.


Tem de surgir. A vontade é irrelevante.

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224
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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O CPC pretende regular o L. Necessário – CPC 47:

UNITÁRIO

POR EXPRESSA PREVISÃO LEGAL -> SIMPLES

Art. 47. Há litisconsórcio necessário, quando, por disposição


de lei (simples) ou pela natureza da relação jurídica (unitário), o
juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para todas as
partes; caso em que a eficácia da sentença dependerá da citação
de todos os litisconsortes no processo.

Parágrafo único. O juiz ordenará ao autor que promova a


citação de todos os litisconsortes necessários, dentro do prazo
que assinar, sob pena de declarar extinto o processo [sem
julgamento de mérito].

Se o legislador diz que o unitário é necessário, os litisconsórcios


necessários por expressa previsão legal são simples (se fossem unitário,
já entraria na regra geral, não havendo necessidade de outra previsão).

L. Necessário por força de lei é L. Simples.


É possível falar em L. Necessário Simples, nos casos de expressa
previsão legal.

Ex.: L. na ação de usucapião de imóveis, são várias relações – com


cada vizinho se tem uma relação distinta.

Pode acontecer, todavia, que um litisconsórcio previsto em lei seja


unitário.

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225
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Para o CPC, todo L. Unitário é Necessário.


Para o CPC, o L. será necessário quando for unitário. O Unitário
seria (futuro do pretérito) uma espécie de Necessário.

O Problema é que nem todo Unitário é Necessário.

Existe L. Facultativo Unitário.


É Unitário, mas é Facultativo. O duro é saber como identificá-lo.
Como identificar?

Fredie tem um método:

Não existe litisconsórcio necessário ativo. LU->A -> F


Sempre que o Unitário for ativo, ele será Facultativo.

Ex: dois condomínios, MP e menor, MP Estadual e MP Federal – os


exemplos são todos de litisconsórcios unitários ativos facultativos.

Quase todos os 6 exemplos referidos são Facultativos Unitários.

Facultativo Unitário é fenômeno quase exclusivo do pólo ativo.


Seria razoável uma pessoa ficar condicionada à vontade de outra
para ir a juízo? Não. Se o sujeito não quer demandar, o outro pode
demandar sem sua vontade. Se o unitário for ativo, ele será facultativo.

Caso dos cônjuges: um não precisar ir com o outro; precisa apenas


do consentimento; vai sozinho, se quiser.

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226
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Tem gente que acha que existe Necessário Ativo. Principal


defensor: Nelson Nery.
A

Existe Litisconsórcio Necessário Ativo:

Se B não quiser ir, A pode ir sozinho. Contra C e B.

A parte que não quis ir vira réu.

Meu, onde está o litisconsórcio Ativo!?!??! Não existe!!!

Apesar disso, a idéia de Nery é muito difundida, exatamente


nesses termos. Isso não tem lógica nenhuma.

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227
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LNA. É possível trazer ao processo quem não quis ir a juízo?

Segundo Nery, B vira réu, deve ser citado.

Para Fredie, diante de um LUFA, B tem que ser intimado para ter
ciência do processo e tomar a conduta que mais lhe for conveniente. B
não será réu, não será demandado, porque A não tem nada contra ele.

Caso de composse. Não é Necessário. Precisa de consentimento.

TST Súm. 406, inciso I.

SUM-406 AÇÃO RESCISÓRIA. LITISCONSÓRCIO. NECESSÁRIO


NO PÓLO PASSIVO E FACULTATIVO NO ATIVO. INEXISTENTE
QUANTO AOS SUBSTITUÍDOS PELO SINDICATO (conversão das
Orientações Jurisprudenciais nºs 82 e 110 da SBDI-2) - Res. 137/2005,
DJ 22, 23 e 24.08.2005
I - O litisconsórcio, na ação rescisória, é necessário em relação
ao pólo passivo da demanda, porque supõe uma comunidade de
direitos ou de obrigações que não admite solução díspar para os
litisconsortes, em face da indivisibilidade do objeto. Já em
relação ao pólo ativo, o litisconsórcio é facultativo, uma vez que
a aglutinação de autores se faz por conveniência e não pela
necessidade decorrente da natureza do litígio, pois não se pode
condicionar o exercício do direito individual de um dos litigantes

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no processo originário à anuência dos demais para retomar a


lide. (ex-OJ nº 82 da SBDI-2 - inserida em 13.03.2002)
II - O Sindicato, substituto processual e autor da reclamação
trabalhista, em cujos autos fora proferida a decisão rescindenda,
possui legitimidade para figurar como réu na ação rescisória,
sendo descabida a exigência de citação de todos os empregados
substituídos, porquanto inexistente litisconsórcio passivo
necessário. (ex-OJ nº 110 da SBDI-2 - DJ 29.04.2003)

É possível que o LFU traga um grave problema. Se ele é U, a


decisão deve ser a mesma para todos. Pode ser que 1 deles não esteja em
juízo. A decisão valerá para aquele que não foi a juízo? Essa é a pergunta
das mais importantes e cuja resposta não é fácil.

A coisa julgada vincula o possível litisconsorte facultativo


unitário que não participou do processo?

Não há posicionamento uniforme: 3 correntes.

a) A coisa julgada vincula o possível litisconsorte unitário.

Acontece o seguinte fenômeno: é como se A fosse legitimado


extraordinário de B.

O litisconsorte que foi atua como legitimado extraordinário


daquele que não foi.
E o contraditório como fica? Ocorre pela legitimação
extraordinária.

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229
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Posicionamento de Fredie, Barbosa Moreira e Ada.

b) A coisa julgada só vinculará se for para beneficiar. Para prejudicar, não vincula.

Posicionamento de Leonardo Greco. Minoritário.

c) A coisa julgada não vincula em qualquer hipótese.

Posicionamento de Talamini.

Para resolver esse tipo de problema, sugere-se a possível


intimação do litisconsorte unitário.

Intima-se o possível litisconsorte unitário para que saiba o que


está acontecendo e não alegue nada posteriormente.
Ex.: ação de usucapião: Litisconsórcio Necessário Simples – citar os
proprietários e vizinhos de imóveis lindeiros.

CF 114, § 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação


coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum
acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica,
podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as
disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como
as convencionadas anteriormente. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

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230
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Em dissídio coletivo, as partes devem ajuizar a ação de comum


acordo.... Existem 5 ADI. Um dissídio não pode ser proposto apenas se o
réu aceitar! Os Sindicatos não ficam vinculados um ao outro!

1) Não existe LNA.

U N

S F

2) L U P -> N
Existe U N? Onde? Pólo passivo. Se o U for passivo, será N.

3) L U A -> F
Existe U F? Onde? Quando for Ativo. O N A não existe, então quando o
U for A, será F.

4) Leis -> L N S
Existe N S? Sim, nos casos de N expressos na lei. Ex.: L. na ação de
usucapião.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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5) L F S

De quilo! É o + comum.
Existe S F ? De quilo! Em grande quantidade! É o que mais existe. Ex.: L.
por afinidade.

Existe de um tudo, menos um. Qual o L que não existe? L N A.

Todas as combinações das quatro existem.

U- N

S- F

Falso. Todo N é U.

Existe N S.

Falso. Todo U é N.

Existe U F.

Falso. Todo F é S.

Existe F U no pólo ativo.

Falso. Todo S é F.

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232
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Existe S N por força de lei.

1–LNU

A sentença é nula. Cabe querela nulitatis.

2–LNS

A sentença é válida para o que foi citado e ineficaz em relação ao que não
foi citado.

Pode ou não se formar.

Terminamos Litisconsórcio.

Dois assuntos relacionados, avulsos.

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233
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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É a determinação de chegada de 3º ao processo por ordem do juiz.

O juiz traz o terceiro ao processo.

É a intervenção de terceiro por determinação judicial.


No CPC/39 era prevista expressamente e era muito ampla.

O juiz poderia trazer quem ele entendesse que deveria participar


do processo. Essa autorização ampla foi eliminada pelo CPC/1973, que
não previu autorização tão ampla quanto aquela.

CPC 47, par único: previsão expressa para o LN não


citado.
A previsão expressa de Intervenção Iussu Iudicis no CPC atual fica
restrita ao litisconsorte necessário não citado.

Tendência de ampliação dos casos de Intervenção Iussu


Iudicis para além do CPC 47, § ún.
A prática mostrou que há outras situações em que é uma medida
útil, recomendável.

Ex.: litisconsorte unitário facultativo.

Ex.: intimação do cônjuge para ver se ele consentirá ou


não.

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234
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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CPC 47, § único. O juiz ordenará ao autor que promova a citação de todos os

litisconsortes necessários, dentro do prazo que assinar, sob pena de declarar

extinto o processo [sem julgamento de mérito].

Duas acepções

1. SINÔNIMO de ASSISTÊNCIA LITISCONSORCIAL.


Assunto da próxima aula.

2. SENTIDO de LITISCONSÓRCIO FACULTATIVO


ATIVO ULTERIOR SIMPLES.

Alguém pede para intervir no processo e se tornar litisconsorte


simples do autor.

Comum nos casos de afinidade.

Não prevista no CPC.

Comum na jurisprudência.
Vários julgados dizem que essa intervenção é 1 burla ao juiz
natural, porque o sujeito estaria escolhendo seu juízo.

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235
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Alguns autores vêm tentando, sob certos pressupostos, admitir a


Intervenção Litisconsorcial Voluntária em algumas situações.

Isonomia: as causas repetitivas não podem ser submetidas a


decisões desarmônicas.

PRESSUPOSTOS:

Boa-fé

Concessão antes da liminar* - na LMS, até o despacho inicial.

Não havendo má fé e, concedida antes da liminar, há quem admita


essa intervenção, a fim de tratar igualmente pessoas em situação
semelhante. Dinamarco, Leonardo Greco.

A nova Lei do MS, 12.016/2009, art 10, § 2º, parece ter encampado
esse entendimento, ao dizer que essa intervenção não se admite após o
despacho da petição inicial. Isso significa que, até o despacho da petição
inicial, caberia essa intervenção.

Art. 10, § 2o O ingresso de litisconsorte ativo não será


admitido após o despacho da petição inicial.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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1.1 PARTE
É o sujeito que está no processo agindo com parcialidade.

1.2 TERCEIRO
É aquele que não é parte. Veja que se trata de um conceito por
exclusão ao de parte. É aquele que está fora do processo.

1.3 INTERVENÇÃO DE 3º
É o ingresso do terceiro no processo alheio, tornando-se parte. Veja
que, para que haja intervenção de terceiros, são necessários dois
fenômenos: a existência de um processo e o ingresso de um terceiro
tornando-se parte. Em suma, a intervenção de terceiros tem a
característica, pois, de transformar um terceiro em parte.

1.4 INCIDENTE DO PROCESSO


É um procedimento novo que nasce de um processo já existente
para fazer parte dele, tornando-o mais complexo.

“Surge um galho na árvore”.

Toda intervenção de terceiro é um incidente do processo.

Também são incidentes do Processo:

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237
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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 Impugnação ao valor da causa.

 Reconvenção.

 Incidente de Suspeição.

 Exceção de Incompetência Relativa

 Incidente de Deslocamento de Competência.

1.5 PROCESSO INCIDENTE


É um processo novo, que nasce de um processo que já existe, mas
dele se desgarra e nele produz efeitos.

Ex.: embargos de 3º, ação cautelar incidental.

Intervenções de 3º não são processo incidente.

É inevitável que boa parte dos processos repercutam com relação a


terceiros.

Terceiros que possam vir a sofrer repercussão do processo lhe


permitirão intervir no processo.

Conforme a repercussão, haverá 1 intervenção de 3º.

Cabem em situações específicas de repercussão de processos em


relação a 3º.

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238
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Economia processual.

Com elas, consegue-se resolver, em um processo só, vários


problemas.

Agregar ao processo uma nova parte, um novo sujeito


parcial.

O 3º pode entrar no processo como mais uma parte ou pode entrar


no processo no lugar de uma parte, havendo uma troca.

Possível agregar ao processo um novo pedido. Não é


sempre que acontece.

O processo aumenta de tamanho no seu aspecto subjetivo e,


possivelmente, terá novo objetivo. Ex.: denunciação da lide (agrega-se novo
pedido ao processo).

Toda intervenção de terceiro passa pelo crivo do juiz.

Terceiro não pode entrar no processo sem que o juiz autorize.

CPC, 51 cuida da Assistência.

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239
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Art. 51. Não havendo impugnação dentro de 5 (cinco) dias, o


pedido do assistente será deferido. Se qualquer das partes
alegar, no entanto, que falece ao assistente interesse jurídico
para intervir a bem do assistido, o juiz:

I - determinará, sem suspensão do processo, o


desentranhamento da petição e da impugnação, a fim de serem
autuadas em apenso;

II - autorizará a produção de provas;

III - decidirá, dentro de 5 (cinco) dias, o incidente.

O artigo dá a entender que se o terceiro pedir para ser assistente e


ninguém se recusar, ele entrará automaticamente. Isso é errado, mesmo
com a concordância das outras partes. É preciso que o juiz verifique se
estão presentes os pressupostos para que ele seja assistente.

As intervenções de 3º foram previstas no CPC para o Processo de


Conhecimento, Procedimento Ordinário.

No processo de execução e processo cautelar, há outra sistemática.

Há procedimentos que não admitem ou restringem Intervenções


de 3º. Ex.: Juizados Especiais – proibição expressa.

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240
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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No Procedimento Sumário, não cabe intervenção de 3º. Só se tratar


de contrato de seguro.

No Procedimento Sumário, só se admitem 3 Intervenções


de 3º:

ASSISTÊNCIA,

RECURSO DE TERCEIRO; E

INTERVENÇÃO FUNDADA EM CONTRATO DE SEGURO


(é um gênero, não uma espécie de intervenção de terceiro)

2 ESPÉCIES:

Denunciação da lide fundada em contrato de seguro


e

Chamamento ao Processo fundado em contrato de


seguro previsto no CDC 101, II.

Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de


produtos e serviços, sem prejuízo do disposto nos Capítulos I e II
deste título, serão observadas as seguintes normas:

II - o réu que houver contratado seguro de responsabilidade


poderá chamar ao processo o segurador, vedada a integração
do contraditório pelo Instituto de Resseguros do Brasil. Nesta
hipótese, a sentença que julgar procedente o pedido condenará
o réu nos termos do art. 80 do Código de Processo Civil. Se o réu
houver sido declarado falido, o síndico será intimado a informar

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241
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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a existência de seguro de responsabilidade, facultando-se, em


caso afirmativo, o ajuizamento de ação de indenização
diretamente contra o segurador, vedada a denunciação da lide
ao Instituto de Resseguros do Brasil e dispensado o litisconsórcio
obrigatório com este.

 Não cabe intervenção de 3º em ADI, ADC e ADPF. Se o


processo é objetivo, não havia razão para permitir a
intervenção do cidadão ou pessoa jurídica interessada. As
leis confirmam esse entendimento.

Em 11 anos, a interpretação sobre essa intervenção mudou:

Um co-legitimado não poderia intervir numa ADI já


proposta? Essa regra seria inútil, porque, se não puder
intervir, poderia propor outra ADI. Se pode o +, não poderia
o - ? Doutrina passou a dizer que essa proibição não abrange
os co-legitimados da ADI, ADC e ADPF.

 Há outra mitigação, feita pelas próprias leis. Elas mitigaram


esta proibição de intervenção de 3º, da seguinte maneira:
admitem, essas leis, a intervenção do chamado Amicus Curiae
que pode intervir nos processos de ADI, ADC e ADPF.

Amicus Curiae = Amigo da Corte/Tribunal

É um sujeito que intervém no processo para auxiliar o juiz a


decidir, dá subsídios para que o juiz profira uma decisão
mais justa, levando uma outra visão do problema, ampliando
a visão do Tribunal, com novos elementos. É um sujeito cuja

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242
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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participação aprimora o exercício da função jurisdicional;


qualifica-a. Ele nasceu no Common Law, em causas com
grande repercussão social ou de alta complexidade técnica.

1ª previsão: Lei 6.385/76 – Trata da CVM. Qualquer processo


do Brasil que trate de uma matéria que diga respeito à CVM,
esta deve obrigatoriamente ser intimada. Intervirá como
Amicus Curiae. É Intervenção de Amicus Curiae obrigatória,
para tipo de causa específica, e o Amicus Curiae é pré-
determinado.

Lei 8.884/94 – Segue o padrão da CVM – impôs a intervenção


do CADE nas matérias que discutam proteção à
concorrência. É a mesma lógica: em causas tecnicamente
complexas, impõe-se a intervenção e escolhe-se o Amicus
Curiae.

Leis 9.882 e 9.868/99 – ADI, ADC e ADPC – estas leis


permitem a intervenção do Amicus Curiae, não impõem; elas
não dizem quem é o Amicus Curiae, qualquer sujeito que
possa contribuir com a qualificação da decisão; pessoa física
ou jurídica. Associações, Sindicatos, Universidades,
Professores, qualquer sujeito que possa contribuir, em
qualquer ADI, ADC ou ADPF. O sistema se abriu,
flexibilizando essa intervenção, facultando, não impondo. O
sujeito pode pedir para ser Amicus Curiae.

Para Fredie, intervenção de Amicus curiae, não é intervenção


de 3º, porque intervém para ser auxiliar do juízo, não para ser

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parte. Em muitos livros, a intervenção de Amicus Curiae


aparece como exemplo de intervenção de 3º.

Admite-se intervenção oral. Cabe sustentação oral de Amicus


Curiae. Nada obstante, ele costuma se manifestar por escrito.

STF admitiu, em processo penal – HC –, intervenção de


Amicus Curiae, pela relevância social do tema. Caso de
intervenção atípica de Amicus Curiae.

STJ admitiu Amicus curiae no IDC 2. IDC pressupõe grave


violação de DH.

Atualmente, admite-se intervenção de Amicus Curiae em


qualquer processo.

Admite-se atipicamente, desde que a causa justifique a


intervenção, por se tecnicamente complexa ou ter grande
repercussão e o Amicus possa contribuir, aprimorar a
decisão. Se a causa precisa e o sujeito pode colaborar,
permite-se a intervenção. Muito estimulada em ações
coletivas.

O Amicus tanto não vira parte (não é intervenção de 3º) que,


mesmo que um ente federal intervenha como Amicus (ex.
ANATEL), não se desloca a competência.

*O amicus curiae deve se manifestar por meio de advogado. A


decisão que admite ou não amicus curiae não é recorrível.
Ademais, os peritos não são amicus curiae, embora ambos
sejam auxiliares do juízo. O plural de amicus curiae é amici

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curiae. O amicus curiae deve demonstrar representatividade, e


não interesse jurídico ou econômico.

*Daqui para frente, sempre que se falar em “A”, será o autor; “B”,
será o réu; e “C”, será o terceiro.

A – Autor

B – Réu

C – Terceiro

A B

Nem toda intervenção de terceiro gera litisconsórcio.

A assistência é a intervenção de terceiros por excelência.

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Intervenção de 3º espontânea, entra no processo porque ele


pediu.
Há intervenções de 3º que são provocadas, o 3º é trazido ao
processo. Não é o caso da Assistência.

Pode se dar em qualquer momento/estágio do processo.

Pólo Ativo ou Passivo.

Não traz ao processo nenhum pedido novo.

O assistente não formula pedido novo.

O assistente adere àquilo que uma das partes deseja.


Intervenção ad coadjuvandum – o 3º intervém para ajudar uma das
partes a conseguir sua vitória. É preciso que o assistente demonstre que
mantém vínculo jurídico com a causa.

Tem de ter interesse jurídico na causa.

O aspecto mais importante é saber qual interesse jurídico autoriza


a assistência.

 Interesse jurídico - espécies:

 Forte/Direto/Imediato

 Fraco/Indireto/Mediato

Ambos permitem a assistência, só que permitirão a assistência com


regras diversas. Cada nível gerará um regime jurídico para a assistência

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“x”

A B

Seu juiz, quero intervir neste processo para ajudar A, porque:

a) Terceiro se afirma titular do direito discutido


Sou titular do direito discutido

A está discutindo com B um direito que é meu; se o direito é meu,


claro que posso intervir para ser assistente do autor.

b) Terceiro se afirma co-titular do direito discutido


O direito discutido também é meu, sou co-titular do direito
discutido

Sou condômino, por exemplo.

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c) Terceiro se afirma co-legitimado


Sou co-legitimado

Tenho tanta legitimação quanto A para discutir “x” em juízo.

Será assistente litisconsorcial aquele que poderia ser litisconsorte


unitário, mas só vai se tornar agora. Neste caso, assistente e assistido
estão em “pé de igualdade”, assim como há entre litisconsortes unitários.

O 3º intervém e se torna litisconsorte unitário do assistido.

A assistência litisconsorcial é o litisconsórcio unitário, facultativo e


ulterior.
É litisconsórcio facultativo e unitário que se forma com o processo
em andamento.

Não há distinção entre assistente e assistido. A eles se aplica o regime da


unitariedade.

A assistência litisconsorcial ocorre no pólo ativo.

Eu C, quero ajudar B, porque mantenho com ele, B, assistido, uma


relação jurídica conexa com aquela que se discute. Nossa relação é

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diversa e a solução que se der a X repercutirá na relação que tenho com


B, assistido. C (3º, assistente) é reflexamente atingido, indiretamente.

Ex.: ação de despejo. O sub-locatário pede para intervir na ação de


despejo. Se cair a locação, cairá a sub-locação.

Aqui, o terceiro se mete em um problema que não é seu. Nada


obstante, como ele sofre um efeito reflexo, o legislador autoriza que ele
intervém.

O assistente simples não vira litisconsorte do assistido. Vira parte


auxiliar. Intervém apenas para ajudar, como auxiliar, não como litisconsorte.

DIFERENÇA:

O assistente fica submetido à vontade do assistido. Se o assistido


manifesta uma vontade, o assistente fica submetido a ela.

Se o assistido pratica negócios processuais, o assistente fica


submetido a ele.

O CPC 53 cuida da Assistência Simples:

Art. 53. A assistência não obsta a que a parte principal


reconheça a procedência do pedido, desista da ação ou transija
sobre direitos controvertidos; casos em que, terminando o
processo, cessa a intervenção do assistente.

ASSISTIDO – condutas:

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Manifestação de vontade expressa – negócios processuais

Omissões

Nos casos em que o assistido se omite, o assistente pode


praticar os atos:

Art. 52. O assistente atuará como auxiliar da parte principal,


exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus
processuais que o assistido.

Parágrafo único. Sendo revel o assistido, o assistente será


considerado seu gestor de negócios.

Não é uma contradição com o art.53. Se o assistido se omite, o


assistente está lá para ajudar.

Assistente simples submete-se aos negócios jurídicos praticados e supre as


omissões do assistido.

O assistente simples é um legitimado extraordinário subordinado.

É Legitimado extraordinário porque está em juízo defendendo


interesse alheio. Atua em nome próprio defendendo direito alheio. É
subordinado porque sua atuação é subordinada à vontade do assistido.

Muitos autores vêm defendendo a possibilidade de intervenção como


assistente simples nos casos de interesse institucional.
Uma instituição pede para intervir como Assistente Simples
porque tem interesse institucional na causa. Ex.: MP pede para intervir

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em causa em que promotor esteja sendo demandado em razão de sua


atuação.

A pergunta abaixo destina-se ao assistente simples, uma vez que,


quanto ao assistente litisconsorcial, não há duvidas que ele se submete,
haja vista que é litisconsorte unitário.

O assistente litisconsorcial é claro que se submete, porque é


litisconsórcio unitário.

NÃO. Submete-se a outro tipo de eficácia preclusiva, distinto da coisa


julgada: “eficácia da intervenção”.

Usar esta frase em qualquer prova: “A eficácia da intervenção é, a um só


tempo, mais e menos rigorosa do que a coisa julgada. A eficácia da intervenção
submete o assistente simples aos fundamentos da decisão proferida contra o
assistido. O assistente simples não poderá discutir novamente os fundamentos
da decisão proferida pelo assistido.”

Ex: demanda entre locador e locatário - sublocatário interveio para


ajudar locatário – o locatário perdeu (foi despejado) sob o fundamento
judicial de que a casa alugada tornou-se um prostíbulo – o sublocatário
não poderá mais discutir se a casa se transformou ou não em um
prostíbulo. A coisa julgada não vincula a fundamentação, mas a eficácia
da intervenção vincula.

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O CPC coloca Assistência fora da parte referente à Intervenção de


3º. Mesmo assim, é intervenção de 3º por excelência.

 É possível afastar a eficácia da intervenção mais facilmente


do que se afasta a eficácia da coisa julgada.

Cuida exclusivamente da Assistência Simples “exceptio male gestis


processus” - Efeito de Intervenção:

Art. 55. Transitada em julgado a sentença, na causa em que


interveio o assistente [simples], este não poderá, em processo
posterior, discutir a justiça da decisão*, salvo se alegar e provar que:

I - pelo estado em que recebera o processo, ou pelas declarações e


atos do assistido, fora impedido de produzir provas suscetíveis de
influir na sentença;

II - desconhecia a existência de alegações ou de provas, de que o


assistido, por dolo ou culpa, não se valeu.

* Os seus fundamentos. Não é o dispositivo, são os fundamentos


da decisão, que podem ser afastados nas hipóteses de “exceptio male
gestis processus”.

Duas situações permitem que o assistente escape à eficácia da


intervenção. Em suma, se o assistente demonstrar que o resultado
desfavorável deveu-se a um comportamento negligente do assistido, ele
poderá se afastar da eficácia da intervenção. Estas duas hipóteses são

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chamadas de exceptio male gestis processus (alegação de má condução do


processo). O assistente vai alegar que o assistido geriu mal o processo.
Tais exceções retiram a eficácia da intervenção.

São hipóteses de “exceptio male gestis processus”. Má gestão


processual do assistido

*A assistência do advogado num processo para receber seus


honorários é uma assistência especial regulada pelo Estatuto da OAB.

Previsão: Lei 9469/97, artigo 5º:

O “caput” prevê a intervenção especial da União. O parágrafo


único, por sua vez, prevê a intervenção especial das pessoas jurídicas de
direito público.

Caput – União

Parágrafo único – PJD Público, U, M, E, Autarquias, FPDP...

Art. 5º A União poderá intervir nas causas em que


figurarem, como autoras ou rés, autarquias, fundações
públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas
federais.

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Parágrafo único. As pessoas jurídicas de direito público


poderão, nas causas cuja decisão possa ter reflexos, ainda que
indiretos, de natureza econômica, intervir, independentemente
da demonstração de interesse jurídico, para esclarecer
questões de fato e de direito, podendo juntar documentos e
memoriais reputados úteis ao exame da matéria e, se for o
caso, recorrer, hipótese em que, para fins de deslocamento de
competência, serão consideradas partes.

Caput:

A intervenção da União, especial, é 1 intervenção espontânea, a


qualquer tempo, em qualquer dos pólos, sem trazer pedido novo. Até
aqui, nenhuma diferença para a Assistência.

A diferença é que esta intervenção especial da União não precisa


de interesse jurídico, por isso é uma intervenção especial. Não é em
qualquer processo, não pode intervir em qualquer processo só porque
quer, mas nos processos de que façam parte fundações, autarquias,
empresas públicas e sociedades de economia mista federais. Nestes
casos, a União pode intervir sem demonstrar interesse jurídico. Ou seja,
importam os envolvidos.

PARÁGRAFO ÚNICO:

A intervenção especial das pessoas jurídicas de direito público


(qualquer pessoa jurídica, tal como Estado, Município, as Adm. Ind. etc.)

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é também intervenção espontânea, cabe a qualquer tempo, em qualquer


dos pólos, sem trazer pedido novo.

A diferença é que pode se dar em qualquer processo, pouco


importam os envolvidos. Essa intervenção se funda em interesse
econômico. Não é intervenção despida de interesse. Qualquer pessoa de
D Público, em qualquer processo, pode pedir para intervir, desde que
demonstre interesse econômico.

Demonstrando interesse econômico, essa intervenção é para


apresentar memoriais, provas ou outros elementos que auxiliem o juiz a
decidir. Por isso, muita gente defende que é caso de Amicus Curiae.

Intervenção espontânea. O terceiro pede para intervir.

Não intervém para ajudar, como na Assistência, mas para se


contrapor àquilo que as partes originais disputam.

A diz que é dono de X. B diz o mesmo.

C diz que é dono de X. A coisa está sendo disputada por pessoas que não
são suas donas.

A oposição agrega ao processo pedido novo.

O processo passa a ter 2 demandas.

Na elaboração da sentença, primeiro o juiz decide a oposição.

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Porque se a coisa for de C, não será de A nem de B. Ele ganha


tempo.

Natureza do litisconsórcio na oposição:

A oposição gera um litisconsórcio necessário, ulterior, simples.

Litisconsórcio Simples: Se A reconhece que é de C, a oposição


continua com B.

O reconhecimento da procedência do pedido só a ele atinge.

Art. 58. Se um dos opostos reconhecer a procedência do


pedido, contra o outro prosseguirá o opoente.

*Os embargos de terceiro, além de pressuporem violência contra a


coisa, não têm por pressuposto a disputa pela coisa.

A disputa pela coisa ocorre na oposição.

Na oposição, o Litisconsórcio tem 2 marcas:

O prazo de defesa é comum, de 15 dias, não é dobrado.

Os advogados dos opostos serão citados para fazer defesa


pessoalmente; os advogados têm o poder de receber a citação
para fazer defesa; não precisam de procuração especial.

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Pode alguém requerer ser assistente do oponente.

INCIDENTE DO PROCESSO Processo Incidente

“OPOSIÇÃO INTERVENTIVA” Oposição Autônoma

Art. 59. A oposição, oferecida antes da audiência, será


apensada aos autos principais e correrá simultaneamente com a
ação, sendo ambas julgadas pela mesma sentença.

A oposição até o início da audiência é a oposição tida como


intervenção de terceiro. *Não é porque há autos diferentes que é outro
processo. A oposição interventiva tem autos diferentes e é o mesmo
processo. O fato de ter autos diferentes não significa que é outro
processo.

Art. 60 - “Oposição Autônoma” – processo incidente

Se o momento de ajuizamento for entre a audiência e a sentença, é


1 processo incidente, é chamada de “oposição autônoma”, porque é 1
processo novo que surge. Não será julgada, necessariamente, junto com a
causa principal.

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Art. 60. Oferecida depois de iniciada a audiência, seguirá a


oposição o procedimento ordinário, sendo julgada sem prejuízo da
causa principal. Poderá o juiz, todavia, sobrestar no andamento do
processo, por prazo nunca superior a 90 (noventa) dias, a fim de
julgá-la conjuntamente com a oposição.

Vai, todavia, ao mesmo juízo da causa principal. A diferença é que


a oposição autônoma não será julgada necessariamente junto com a
causa principal. Ela pode, ou não, ser julgada simultaneamente com a
causa principal. O julgamento conjunto não necessariamente ocorrerá,
pode acontecer.

A demanda contra B.

Nomenclatura que adotaremos:

A - Adversário

B – Alienante/Cedente

C – Adquirente/Cessionário

A está demandando contra B o bem X, e B aliena X para C. Isso é


transferência de coisa litigiosa, coisa objeto de disputa judicial está sendo
transferida a outra pessoa. Isso é alienação da coisa litigiosa: transferir,

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alienar, ceder a 3º aquilo que está sendo disputado. O que estamos


fazendo é só um exemplo. Não é necessariamente o réu que aliena a
coisa litigiosa (apesar de ser a regra), mas pode ser o autor vendendo
também.

Uma coisa litigiosa pode ser vendida. Seria muito fácil travar a
economia se se proibisse a alienação de coisa litigiosa.

A pendência de um processo não é obstáculo à transmissão da


coisa litigiosa. Tem repercussões processuais, por isso tem regramento
próprio, com conseqüências próprias.

A transferência da coisa litigiosa não impede que o


processo continue contra o alienante.

O alienante transferiu a coisa porque quis, o processo continua


contra ele, mesmo não sendo mais dele a coisa.

A alienação da coisa litigiosa é um negócio ineficaz em relação ao


adversário (A). O negócio entre B e C é ineficaz em relação a A, então A
vai continuar demandando contra B. Tanto é verdade que, se A ganhar,
A vai poder pegar a coisa da mão de C. Quem compra coisa litigiosa sabe
que arca com esse ônus. É um investimento, porque você compra mais
barato e, se der certo, você ganha uma grana. Por isso a situação é tão
comum. Para C, o risco é que, se quem lhe vendeu perder a causa, C
perde a coisa.

Só tem 1 caso que foge a esta regra. Se a coisa for um imóvel, o


adquirente (C) só se submete à coisa julgada se a pendência do processo

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estiver averbada no registro. Se o registro está limpo, não se sabe que há


pendência sobre o imóvel. A lei de Registros Públicos exige o registro de
pendência.

Em todos os outros casos, móvel ou direito litigioso, o adquirente


(C) se submete à coisa julgada. Depois vai resolver com o alienante (B).
Essa coisa tem um vício - o negócio pode ser desfeito se a coisa tem vício.

O adquirente (C) de coisa litigiosa pode pedir para entrar no lugar


do alienante (B).

Tecnicamente: O adquirente pode pedir para suceder o alienante


(entrar no lugar dele no processo). Para que isso aconteça, é preciso que
o adversário consinta.

C pode solicitar suceder B, se A consentir.

A alienação de coisa litigiosa pode gerar sucessão no


processo, desde que o adversário consinta.
Se o alienante quiser ficar no processo, poderá ficar como
assistente simples do adquirente.

Se o adversário consentir, B vai para casa. B sai do processo e C


entra no seu lugar. Se B, ainda assim, quiser ficar no processo, poderá
ficar como assistente simples de C.

“A” pode até negar consentimento, mas essa negativa tem que ser
fundamentada, sob pena de abuso de direito. Deve haver justo motivo,
não pode ser uma negativa de consentimento imotivada.

Até agora, vimos que a alienação da coisa litigiosa gera

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 Coisa julgada em relação ao adquirente,

 Sucessão processual e

 Assistência simples do alienante ao adquirente.

Se A não consentir, não houve a sucessão processual. C poderá


intervir para ser assistente litisconsorcial de B, porque A não deixou B
sair do processo. C poderá intervir, porque o direito agora é dele. Ele
acabou de comprar o direito litigioso.

A demanda contra B, B vende para C, C pede para suceder, A não


consente, o processo então prossegue contra B, C pede para ser assistente
litisconsorcial de B e B vai permanecer no processo defendendo interesse
de C, interesse que não é mais dele. O titular da coisa é C, não B. B, até
então, defendia o seu interesse; a partir do momento que transfere coisa
a 3º e permanece no processo, ele passa a defender direito de 3º, não dele
B. Houve mudança na legitimidade de B. A legitimidade de B foi
alterada, porque ele era um legitimado ordinário e passa a ser um
legitimado extraordinário (atuará no processo defendendo interesse de
outra pessoa).

Se A consentir, pode acontecer sucessão e uma assistência simples.

Se A não consentir, pode surgir uma assistência litisconsorcial de C


para B e uma legitimação extraordinária ulterior.

ASSISTÊNCIA SIMPLES

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261
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Esse assunto tem muita informação, tem muitas variáveis, mas não
é difícil.

Art. 42. A alienação da coisa ou do direito litigioso, a título


particular, por ato entre vivos, não altera a legitimidade das
partes.

Isso quer dizer que o processo pode prosseguir contra b.

§ 1o O adquirente ou o cessionário (C) não poderá ingressar


em juízo, substituindo o alienante, ou o cedente (B), sem
que o consinta a parte contrária (A).

C só entra no lugar de B se A consentir. Esse é o resumo do


texto acima.

Está tudo no CPC:

§ 2o O adquirente ou o cessionário (C) poderá, no entanto,


intervir no processo, assistindo o alienante ou o cedente
(B).

C pode ser assistente litisconsorcial (porque vai defender


direito dele) de B.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Diferente se A consentir: B pode ser assistente simples para


proteger-se de eventual processo futuro.

§ 3o A sentença, proferida entre as partes originárias,


estende os seus efeitos ao adquirente ou ao cessionário (C).

Alienante:B

Cedente:B

Transmitente: B

Vendedor:B

Esse assunto é pegadinha o tempo todo por causa da


terminologia.

Lado Ativo: cedente, transmitente, alienante, vendedor.

Lado Passivo: adquirente, cessionário, transmitido,


comprador.

*** Esse exemplo trata de Assistência litisconsorcial no pólo passivo: –


raro exemplo de litisconsórcio facultativo unitário passivo.

Até agora, tínhamos visto situações em que o 3º foi a juízo por


vontade.

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São aquelas em que o terceiro é trazido a juízo. Vem por


provocação, não por vontade.

A B

B provoca a intervenção de C

C vem a juízo/ao processo por provocação de B, neste exemplo.

Vou ensinar uma fórmula para que você possa aprender a distinguir as
intervenções de 3º provocadas. Essencial ter claro este assunto.

Três Intervenções de terceiro provocadas:

 Denunciação da lide

 Nomeação à autoria

 Chamamento ao processo

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É assim que faço até hoje.

Faça a seguinte pergunta:

= “C tem relação com A?”


A resposta variará conforme o tipo de intervenção.

Esse é o segredo.

Vamos começar com as intervenções mais simples e deixar a mais


complexa para o final.

A B

C tem relação com A, também, porque B tem a mesma relação. C


tem o mesmo tipo de vínculo de B com A.

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 É uma intervenção de 3º provocada pelo réu. Só o réu


pode provocá-la.

 Só cabe em processo de conhecimento.

 É uma intervenção opcional. O réu não é obrigado a


chamar ao processo. Chama ao processo se quiser. É uma
faculdade dele.

 Pressupõe a existência de um vínculo de solidariedade


entre Chamante e Chamado. Chamante e chamado
respondem solidariamente pela obrigação.

A palavra mágica é “solidariedade”. Intervenção de 3º, quando há


solidariedade, é Chamamento ao Processo!

Se o fiador for réu, ele pode chamar ao processo o devedor...

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Chama

Fiador -> Devedor

Fiador -> Co-fiador

Devedor -> Outro devedor

Fornecedor -> Seguradora

Você traz ao processo aquele que responde solidariamente com você!

B C

Chamante Chamado

Fiador Devedor

Fiador Co-fiador

Devedor Outro
devedor

Fornecedor Seguradora

 Como isso vem no concurso:

“O devedor foi demandado e chama ao processo o fiador.” Errado.


Devedor não chama o fiador. Este é que chama aquele.

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 Uma dúvida comum dos alunos:

Nos casos de ob. solidária, o CC permite ao credor escolher um ou


alguns dos devedores solidários para demandar.

Isso é direito do credor, o direito civil permite que o credor de


obrigação solidária possa escolher qualquer dos devedores solidários.

Nada obstante, vem o Código de Processo Civil e diz que o


escolhido pode trazer ao processo outros devedores, contra os quais o
credor nem queria demandar.

O chamamento ao processo é um instituto em desarmonia com o


direito material.

Importante este ponto de desarmonia entre o direito material e o


processual.

Esses 3 casos estão previstos no CPC 77:

Art. 77. É admissível o chamamento ao processo:

I - do devedor, na ação em que o fiador for réu;

II - dos outros fiadores, quando para a ação for citado apenas um deles;

III - de todos os devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de


alguns deles, parcial ou totalmente, a dívida comum.

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O chamamento ao processo forma um litisconsórcio passivo


ulterior, simples ou unitário, conforme a obrigação solidária seja
divisível ou indivisível.

O chamamento ao processo está em desarmonia com o direito


material, porque o direito material permite que o credor escolha o
devedor solidário e aquele escolhido pode trazer os outros devedores
contra os quais o credor não queria demandar, quebrando o benefício
dado pelo CC.

O chamamento ao processo tem utilidade. Qual?

Uma vez feito o chamamento ao processo, a sentença poderá ser


proferida contra todos, chamante e chamado. E porque ela pode ser
proferida contra todos, poderá ser executada contra todos, executada
contra chamante e chamado e, por isso, aquele (chamante ou chamado)
que vier a pagar a dívida, poderá se voltar contra o outro, para cobrar
deste o seu quinhão. Pode utilizar a mesma sentença para buscar o seu
quinhão, na mesma ação.

Art. 80. A sentença, que julgar procedente a ação, condenando os

devedores, valerá como título executivo, em favor do que satisfizer a


dívida, para exigi-la,

 por inteiro, do devedor principal,

 ou de cada um dos co-devedores a sua quota, na proporção que Ihes


tocar.

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269
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
Prof. Fredie Didier

Há 1 hipótese especial de chamamento ao processo nas causas de


consumo. Hipótese especialíssima: Art. 101, II, CDC.

Lá, o chamante é o fornecedor que foi demandado pelo


consumidor. O Chamante/Fornecedor pode chamar ao processo a
Seguradora. É um caso absolutamente excepcional, porque, a princípio, a
Seguradora não é responsável solidária com o fornecedor perante o
consumidor, responde apenas perante o fornecedor. A Seguradora deve
ao Fornecedor e este, à vítima. Seria, então, 1 chamamento ao processo
estranho.

Por que o CDC optou pelo chamamento ao processo? Optou bem.

O CDC, simplesmente, estipulou que a seguradora de 1


Fornecedor, nas causas de consumo, é devedor solidário, em relação ao
Fornecedor, perante o Consumidor.

A Seguradora é responsável solidário com o Fornecedor perante o


Consumidor.

Isso é bom para o consumidor, porque passa a ter, além do


patrimônio do fornecedor, também o patrimônio da Seguradora para
buscar sua satisfação.

Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de


produtos e serviços, sem prejuízo do disposto nos Capítulos I e II
deste título, serão observadas as seguintes normas:

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270
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
Prof. Fredie Didier

II - o réu que houver contratado seguro de responsabilidade


poderá chamar ao processo o segurador, vedada a integração
do contraditório pelo Instituto de Resseguros do Brasil. Nesta
hipótese, a sentença que julgar procedente o pedido condenará
o réu nos termos do art. 80 do Código de Processo Civil. Se o réu
houver sido declarado falido, o síndico será intimado a informar
a existência de seguro de responsabilidade, facultando-se, em
caso afirmativo, o ajuizamento de ação de indenização
diretamente contra o segurador, vedada a denunciação da lide
ao Instituto de Resseguros do Brasil e dispensado o litisconsórcio
obrigatório com este.

Não há solidariedade na obrigação alimentar, porque não há 1


obrigação alimentar, há várias. Pai e Mãe, cada um, tem a sua obrigação
perante o filho, independentemente, conforme suas respectivas
condições econômicas.

É uma intervenção provocada pelo réu. Só o réu pode provocá-la.

Só se aplica em processo de conhecimento.

É dever do réu.
É instituto que tem tudo a ver com a Teoria da Aparência, que
busca preservar a confiança que as pessoas têm naquilo que aparenta ser.
Aquilo que parece ser gera uma sensação de confiança e precisa ser

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271
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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protegido. A Teoria da Aparência está relacionada à segurança jurídica.


Há situações em que a aparência esconde quem é o verdadeiro
responsável pelo ato e, por conta disso, o autor da ação pode se enganar
na escolha do réu. O autor pode propor a ação em face de uma pessoa,
mas o legitimado era outra pessoa. Há casos em que esse erro pode ser
corrigido pelo próprio réu, que foi indevidamente demandado, em razão
da aparência. O réu sabe quem é o legitimado, mesmo o autor não
sabendo.

Ex.: caseiro contra quem o autor demandou, enquanto deveria ter


demandado contra o proprietário do imóvel.

É uma intervenção de 3º provocada que tem por objetivo corrigir o


pólo passivo do processo.

OBJETIVO: corrigir o pólo passivo do processo, em que a


lei imputa ao réu o dever de indicar o legitimado.
O réu tem que nomear em 2 casos. Nos 2 casos, deve
obrigatoriamente nomear, dizer que não é parte legítima e indicar quem
é o verdadeiro réu.

A pessoa não pode se recusar a ser réu.

A B Nomeante

C Nomeado

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272
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
Prof. Fredie Didier

O Nomeante (B) vai embora e o Nomeado (C) assume seu lugar. A


Nomeação à Autoria gera uma sucessão processual.

O Nomeante (B), se quiser, pode permanecer no processo como


Assistente Simples do Nomeado (C). Se não quiser, vai embora.

Se o Nomeado (C) se recusa a entrar no processo, o processo


seguirá contra o Nomeante (B) como legitimado extraordinário do
Nomeado (C), problema é deste.

Se o caso for de Nomeação à Autoria e não for feita a nomeação, o


réu não fizer a nomeação à autoria, ele arca com perdas e danos, porque
ele tem o dever de nomear.

Não é sempre que o réu tem o dever de nomear. Tem o dever de


nomear somente em 2 situações (62 & 63):

B -> C

Nomeante -> Nomeado

 Art. 62 Mero detentor -> Proprietário/Possuidor

Se o mero detentor (não é possuidor) for demandado, ele vai dizer


que é caseiro, vaqueiro, bibliotecário, motorista). Vai nomear o
propr./possuidor. “Irmão, peça isso ao pro/poss. a quem estou
vinculado.”

Isso vai acontecer em uma ação reipersecutória.

Essa é a hipótese clássica de Nomeação à Autoria.

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273
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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B >C

Nomeante -> Nomeado

 Art. 63 Preposto -> Preponente Ação


Indenizatória

O sujeito é demandado para indenizar um prejuízo. Ele vai dizer:


fiz isso a mando de tal pessoa, a quem estou vinculado, me mandou.
Causei o prejuízo porque recebi ordem, demande contra meu chefe, sou
apenas “pau mandado”. Numa ação proposta contra o preposto, ele
falará para o autor “demande contra a pessoa a quem respondo”.

Art. 63. Aplica-se também o disposto no artigo antecedente à ação de


indenização, intentada pelo proprietário ou pelo titular de um direito
sobre a coisa, toda vez que o responsável pelos prejuízos B alegar
que praticou o ato por ordem, ou em cumprimento de instruções de
terceiro (C).

Isso é o básico, dificilmente o concurso perguntará algo diferente.

B C

Nomeante Nomeado

62 Mero Detentor Proprietário Ação


reipersecutória

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274
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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63 Preposto Preponente Ação


Indenizatória

ATENÇÃO AO APROFUNDAMENTO – QUESTÃO


PERIGOSA:

Você só utilizará se alguém lhe perguntar diretamente, fizer a pergunta


sobre isso.

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275
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Pergunta-chave:

C tem relação com A?

Tem! E só ele tem, B não tem. Tanto só C tem, que o objetivo é corrigir o
pólo passivo.

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:

III - o empregador ou comitente, por seus empregados,


serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes
competir, ou em razão dele;

Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do


direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado;
e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão
solidariamente pela reparação.

Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os


autores os co-autores e as pessoas designadas no art. 932.

O instituto se chama Denunciação da Lide.

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276
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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O réu denuncia a lide ao 3º. O verbo é bi-transitivo (direto e


indireto), denuncia algo a alguém.

A denunciação da lide pode ser feita pelo réu e pelo autor.


Aqui é diferente. É a 1ª intervenção provocada que o autor também
pode fazer. Não é comum, não há muitas, mas é possível. Quando
é feita pelo autor, ela é feita já na petição inicial. O autor propõe a
petição inicial com a denunciação da lide. O réu formula a
denunciação da lide em sua defesa.

Vamos trabalhar com exemplo da denunciação da lide feita pelo


réu.

A Denunciação da Lide é uma demanda: o denunciante está


demandando contra um 3º, está formulando um pedido contra o
3º, acionando o 3º. O 3º denunciado é 1 demandado. Diferente dos
demais. É uma demanda de reembolso, de regresso: o denunciante
quer que o 3º lhe reembolse os prejuízos que sofreu. O 3º responde
regressivamente ao denunciante.

É uma demanda de regresso eventual: é uma ação proposta


para a hipótese, para a eventualidade de o denunciante vir a
perder a causa principal.

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277
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Demanda 1 – Principal

A B

Demanda 2 – Denunciação da Lide

A demanda contra B.

B: Se eu perder, C vai ter que me indenizar, reembolsar.

É eventual porque só se justificará se B perder para A. Se B ganhar,


não terá nada a cobrar. B pode propor a ação agora para que o juiz
determine, de imediato, que C o reembolse.

B ainda não sofreu prejuízo nenhum, só está sendo demandado. A


possibilidade de sofrer prejuízo já o autoriza a demandar alguém.

O processo passa a ter 2 demandas e o juiz terá de julgar ambas:

A B

B C

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278
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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A sentença conterá as duas, mas a sentença julgará primeiro a


demanda 1, porque a 2 é eventual. A Denunciação da Lide, demanda 2,
só será examinada se o denunciante (B) for derrotado na ação principal.

Se o denunciante vencer na demanda 1, a Denunciação da Lide


sequer será examinada. O juiz não examinará a Denunciação da Lide.

Se B ganha de A, mas perde para C, terá que reembolsar todas as


custas a C, porque foi desnecessária a Denunciação da Lide. A
Denunciação da Lide tem coisas boas (resolver tudo num processo só) e
coisas ruins.

A pergunta fundamental: C tem relação com A?

Não gravar: C tem relação com A?

Mas:

Isso porque o autor poderá denunciar, caso em que o adversário do


denunciante será B.

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279
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Não, não tem! A relação do denunciado é só uma relação de


regresso.

Intervenção de terceiro é direito material aplicado. São as questões


de direito material que indicam qual a intervenção de 3º. Com isso,
vimos as generalidades sobre a denunciação.

Agora, vamos ver os problemas, um de cada vez.

Qual é o papel do denunciado no processo? Ele vem ao processo


para ser o que? Essa é uma pergunta muito pegadinha! Lembrar que, na
denunciação da lide, há 2 demandas. Então, a resposta tem que ser
dividida em 2 partes:

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280
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Na DEMANDA 2, o denunciado é réu demandado, não há


peculiaridade. É simplesmente 1 demandado. Falar disso, sob pena
de perder metade da questão.

Dizer o que é o denunciado na DEMANDA 1. O


denunciado na demanda 1 é o que? Isso é difícil, é um ponto
sensível. Na demanda 1, ele vai discutir direito que não é dele,
não tem relação com A, então, na demanda 1, C é um estranho.
Atuará como legitimado extraordinário. Na demanda principal, o
denunciado é legitimado extraordinário.

O denunciado vai fazer tudo o que puder para o denunciante


ganhar, porque, se o denunciante ganhar de seu adversário, nem se
examina a denunciação da lide. Se B ganha de A, C ganha de B!!! Veja
que onda!!!

Demanda 1 – Principal

A B

Demanda 2 – Denunciação da Lide

A B

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281
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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B C

C é inimigo de B na demanda 2, mas amigo de B na demanda 1. O


grande inimigo de C é A, apesar de B ser inimigo também, mas não tanto
assim.

Até agora, não havia nenhuma polêmica, quem vem agora.

C vai ser um legitimado extraordinário que vai ser o que no


processo? 3 correntes:

CPC

O denunciado é litisconsorte do denunciante contra A.

Se B é litisconsorte de C, é um litisconsórcio entre um legitimado


ordinário (B) e um legitimado extraordinário (C). Quando há
litisconsórcio entre legitimado ordinário e extraordinário, o litisconsórcio
é unitário. Litisconsórcio unitário ulterior passivo (nesse exemplo) e
facultativo. C é litisconsorte porque quer.

Qual a natureza do
litisconsórcio entre denunciante e denunciado?

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282
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Resposta: Partir da premissa que o denunciado é legitimado


extraordinário do denunciante. Litisconsórcio unitário ulterior
facultativo. Pode ser ativo ou passivo, dependendo de quem denunciar a
lide.

Essa pergunta é um clássico!

Nelson Nery

Para Nery, o denunciado é assistente simples do denunciante. Não


é litisconsorte unitário, é apenas assistente simples, meramente ajudante
do denunciante em relação ao adversário.

O assistente simples é um legitimado extraordinário subordinado,


porque defende interesses de outrem, subordinando-se aos interesses
deste.

Pensamento coerente, o problema é que o denunciante atribui ao


denunciado poderes de litisconsorte. Seriam super-poderes para
assistente simples. O denunciado pode conduzir o processo como
litisconsorte.

Apesar de a tese ser boa, contradiz a lei brasileira.

Dinamarco

Entende que o denunciado é assistente litisconsorcial do


denunciante. Dinamarco não o chama de litisconsorte, prefere chamar de
assistente litisconsorcial. Esta é uma pseudo-terceira-corrente. Vimos que

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283
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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o assistente litisconsorcial é 1 litisconsorte unitário!!! É só 1 questão de


nome entre a 1ª e a 3ª.

Se tivesse que optar, pegaria a primeira corrente.

O denunciado pode ser condenado diretamente?

Demanda 1 – Principal

A B

Demanda 2 – Denunciação da Lide

A hipotenusa é sempre menor do que a soma dos catetos. Poderia


fazer um atalho?

Do ponto de vista do direito material, não, porque não há relação


entre C e A. Unânime na doutrina. Responde somente ao denunciante se
este for prejudicado.

O problema é que a resposta não é tão simples.

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284
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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O exemplo clássico da denunciação da Lide é a Seguradora.

Demanda 1 – Principal

Vítima Segurado

A B

Demanda 2 – Denunciação da Lide

Os juízes começaram a ficar de olho no patrimônio da seguradora.


Condenando diretamente a seguradora, porque ela tinha patrimônio e o
segurado não...

É um negócio feito a facão, meio mal acabado...

Condenação direta da seguradora. Os outros denunciados não


sofrem o mesmo ônus... O negócio pegou tanto que gerou mudança no
CDC, e este falou em chamamento ao processo, porque, aí, executa
contra qualquer um. Aquele artigo é produto da transformação
jurisprudencial quando à denunciação da lide no caso da seguradora.

Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de


produtos e serviços, sem prejuízo do disposto nos Capítulos I e II
deste título, serão observadas as seguintes normas:

II - o réu que houver contratado seguro de responsabilidade


poderá chamar ao processo o segurador, vedada a integração
do contraditório pelo Instituto de Resseguros do Brasil. Nesta
hipótese, a sentença que julgar procedente o pedido condenará
o réu nos termos do art. 80 do Código de Processo Civil. Se o réu

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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houver sido declarado falido, o síndico será intimado a informar


a existência de seguro de responsabilidade, facultando-se, em
caso afirmativo, o ajuizamento de ação de indenização
diretamente contra o segurador, vedada a denunciação da lide
ao Instituto de Resseguros do Brasil e dispensado o litisconsórcio
obrigatório com este.

O negócio pegou tanto que o CC também mudou.

Art. 788: A seguradora, nos casos de seguro de dano obrigatório


(DPVAT, por exemplo), responde diretamente à vítima. Não encampou
para qualquer seguro, mas para o caso de seguro de dano obrigatório.

Art. 788. Nos seguros de responsabilidade legalmente


obrigatórios, a indenização por sinistro será paga pelo segurador
diretamente ao terceiro prejudicado.

Parágrafo único. Demandado em ação direta pela vítima


do dano, o segurador NÃO poderá opor a exceção de contrato
não cumprido pelo segurado, sem promover a citação deste para
integrar o contraditório.

Essa pergunta embute duas questões: saber se é possível a


condenação direta do denunciado (Não). Só que a jurisprudência
começou a fazer isso em qualquer seguro, sem autorização legal. O CDC
empolgado denominou de chamamento ao processo. O CC empolgado
falou que pode nos casos de seguro obrigatório.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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 DENUNCIAÇÃO nos CASOS de SEGURO. DISSERTE.

É um clássico, uma hipótese tradicional, porque a seguradora


responde perante o segurado e este perante a vítima. Diante da ineficácia
do processo, a jurisprudência a transformou em um chamamento ao
processo, já que a Seguradora responderá diretamente ao consumidor.

Tratar também do CC e CDC.

Ler o esquema da internet antes da próxima aula

DENUNCIAÇÃO DA LIDE

Descendente do Chamamento à Autoria.

Versão atual do antigo Chamamento à Autoria. Há entre eles um


vínculo histórico.

A Denunciação da Lide não é o Chamamento à Autoria com outro


nome. São institutos diferentes.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Para entender Chamamento à Autoria, deve-se entender, antes, o


que é Evicção.

Evicção

É a perda para 3ª pessoa de um bem que você adquiriu de outrem.

É tão comum que o legislador previu expressamente a garantia


contra a evicção, nos contratos de transmissão de direitos.

QUEM TRANSMITE GARANTE CONTRA EVICÇÃO

Quem vende garante quem compra sobre evicção. Quem compra


algo e perde por evicção pode se voltar contra quem vendeu. É caso
clássico de garantia, permitindo, portanto, ação regressiva contra quem
vendeu.

No CPC/1939 previa-se o chamamento à autoria.

A B (Adquirente)

C (Alienante)

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B, se perdesse a causa, perderia o bem por evicção. B precisava


fazer o chamamento à autoria de quem lhe vendeu o bem.

Comunicava-se o alienante da existência da ação e avisava-lhe que,


se perdesse a ação, cobraria dele em regresso. O regresso era cobrado
posteriormente.

Apenas avisava-se o vendedor que no futuro poderia haver uma


ação de regresso. O Alienante poderia comportar-se de 2 maneiras. Uma
é “eu não tenho nada a ver com isso” e não fazer nada – no futuro, se for
o caso, ele se defenderia numa ação de regresso. Outra postura possível é
“deixe comigo, deixe que eu resolvo, saia do processo, vai para casa, que
entro em seu lugar” – C assumiria o processo para B.

A Denunciação da Lide já é 1 demanda de regresso. B já está


demandando agora.

Elimina-se o Chamamento à Autoria, vem a Denunciação da Lide.


Agora, cobra-se a evicção pela Denunciação da Lide. A Denunciação da
Lide por Evicção é a hipótese mais famosa de Denunciação da Lide – art.
70, I.

Art. 70. A denunciação da lide é obrigatória:

I - ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo domínio


foi transferido à parte, a fim de que esta possa exercer o direito que da
evicção Ihe resulta;

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289
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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A denunciação da Lide é mais ampla do que o chamamento à


autoria. Esta cabia apenas para Evicção. A Denunciação da Lide cabe em
qualquer caso de processo; a Evicção é apenas uma das hipóteses.

O que significa dizer que a Denunciação da Lide é obrigatória?

A Denunciação da Lide é obrigatória para o Direito de Regresso? Se não denunciar,


perde-se o direito de regresso?

A resposta a essa pergunta tem que ser dividida em 4 partes:

Art. 70. A denunciação da lide é obrigatória:

I - ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo domínio foi


transferido à parte, a fim de que esta possa exercer o direito que da evicção
Ihe resulta;

II - ao proprietário ou ao possuidor indireto quando, por força de obrigação


ou direito, em casos como o do usufrutuário, do credor pignoratício, do
locatário, o réu, citado em nome próprio, exerça a posse direta da coisa
demandada;

III - àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em
ação regressiva, o prejuízo do que perder a demanda.

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290
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Caput: fala que a denunciação é obrigatória, que, sem fazer a


Denunciação, perde-se o direito de regresso.

Esse artigo está presente desde 1973.

A interpretação é que: a denunciação é obrigatória apenas nos


casos de evicção - só a denunciação do inciso I é obrigatória; as demais,
não. Isto não é uma questão polêmica. Entendimento pacífico.

O Chamamento à Autoria já era obrigatório, e só existia para


evicção. Era obrigatório porque o Código Civil/1916 impunha o
Chamamento à Autoria como indispensável para cobrar a Evicção. Esse
artigo era o 1.116 do CC/1916.

Já é mais elaborado do que os dois primeiros.

Mesmo em caso de Evicção, a Denunciação da Lide não é sempre


obrigatória, porque, às vezes, a Denunciação da Lide é proibida. Quando
é proibida, não pode ser obrigatória. Não pode ser obrigatória se for
proibida. Ex.: Evicção em Juizados Especiais não permite Denunciação
da Lide.

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291
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Além disso, há casos em que a Denunciação da Lide é impossível,


nem proibida, é simplesmente impossível. Ex.: imagine que o sujeito
sofra uma evicção por ato administrativo. Ele perdeu a coisa não por
decisão judicial, mas por decisão administrativa. Não existe denunciação
da lide no âmbito administrativo. Ex.: DETRAN prende carro que Você
comprou. Você não pode denunciar da Lide no DETRAN.

Nos casos em que a denunciação da Lide é proibida ou impossível,


não pode ser considerada obrigatória. Nesses casos, admite-se “Ação
Autônoma de Evicção”: cobrar a garantia da Evicção autonomamente,
sem ser pela Denunciação da Lide.

Pelo menos, em 2 casos: Denunciação proibida ou impossível.

Há quem defenda que a Denunciação da Lide não é obrigatória


nunca, em hipótese alguma, nem nos casos de Evicção.

Dois fundamentos:

a) FUNDAMENTO ÉTICO

É preciso evitar o enriquecimento ilícito. Se você diz que a


denunciação é obrigatória, mas o advogado não denuncia, ele
favorece quem vendeu a coisa indevidamente.

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292
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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b) FUNDAMENTO HISTÓRICO

O CC/16 impunha o Chamamento à Autoria (art. 1.116). Esse


artigo foi reproduzido pelo CC/2002, art. 456.

Art. 456. Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o
adquirente notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer
dos anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo.

Parágrafo único. Não atendendo o alienante à denunciação da lide, e


sendo manifesta a procedência da evicção, pode o adquirente deixar
de oferecer contestação, ou usar de recursos.

CHAMAMENTO À AUTORIA refere-se a instituto que não mais


existe. Hoje não existe mais, o que existe é 1 demanda regressiva. É 1
artigo obsoleto, 1 fóssil.

Há várias decisões do STJ nesse sentido.

A questão é complexa.

Em prova objetiva, marcar que ela é obrigatória.

Em prova discursiva, usar os 4 argumentos: de Obrigatória, 2 fases


intermediárias, e não é obrigatória nunca.

Nada impede que o Denunciado denuncie a uma 4ª pessoa, esta a


uma 5ª e assim sucessivamente.

Admitidas.

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293
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Art. 456. Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta,
o adquirente notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer
dos anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo.

Parágrafo único. Não atendendo o alienante à denunciação da lide, e


sendo manifesta a procedência da evicção, pode o adquirente deixar
de oferecer contestação, ou usar de recursos.

Esse trecho do 456 é novo, não existia no CC/1916. Essa novidade


gerou inúmeras polêmicas na doutrina.

Existem 5 correntes doutrinárias para interpretar esse dispositivo.


Não há corrente majoritária, a jurisprudência não cuida do assunto.

Nada mudou, ignora-se a mudança. Alexandre Câmara defende


isso. Sem a regulamentação pelo CPC, é 1 dispositivo inócuo. Fredie
adota esta posição.

Esse dispositivo consagra as denunciações sucessivas. Portanto,


nenhuma novidade. Apenas ratifica que é possível fazer denunciações
sucessivas. Flávio Yarshell, professor da USP.

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294
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Esse dispositivo permitiria uma denunciação coletiva. Para evitar


atraso do processo com as denunciações sucessivas, B poderia denunciar
à lide todos os alienantes que compõem a cadeia sucessória. Atos
Carneiro.

O art. 456 teria autorizado a denunciação da lide per saltum.


Pergunta da Magistratura/RJ.

B poderia ignorar aquele que lhe vendeu (C) e denunciar à lide o


anterior (D). D não responderá a B, mas virá a juízo como legitimado
extraordinário de C. Fredie acha essa interpretação muito esquisita.
Cássio Scarpinella.

O art. 456 criou solidariedade passiva entre os alienantes. Para essa


galera, todos os alienantes, que venderam a coisa com problema,
respondem perante o último comprador, que poderá demandar contra
qualquer deles. Por isso, poderá pular. Seria caso de solidariedade legal.
Humberto Theodoro.

Art. 456, Parágrafo único. Não atendendo o alienante (C) à


denunciação da lide, e sendo manifesta a procedência da evicção,

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295
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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pode o adquirente (B) deixar de oferecer contestação, ou usar de


recursos.

Não é fóssil, é mais atual, tanto que trata de Denunciação da Lide.


Foi acrescentado durante a tramitação legislativa.

Se B denuncia à Lide C e este é revel, B pode abrir mão da briga


com A. A revelia do denunciado permite que B abandone sua luta contra
A e lute contra C.

B e C formam litisconsórcio unitário contra A. Nada obstante, a


revelia de “C” dispensa “B” da briga com “A”.

Este artigo revogou o CPC no particular, porque o CPC diz o


contrário.

Art. 75. Feita a denunciação pelo réu:

II - se o denunciado for revel, ou comparecer apenas para


negar a qualidade que Ihe foi atribuída, cumprirá ao
denunciante prosseguir na defesa até final;

Se o denunciado for revel (não aceitar a denunciação), o


denunciante ficará no processo até o final e terá de defender o
denunciado.

Na verdade, esse dispositivo do CPC revogado pelo CC é 1 fóssil


que ficou no CPC, porque é o antigo Chamamento à Autoria, em que o
denunciado poderia escolher se desejaria permanecer no processo.

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296
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Voltar para a 5ª concepção. -> O denunciante poderia se voltar


contra qualquer dos solidários.

Art. 70. A denunciação da lide é obrigatória:

III - àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a


indenizar, em ação regressiva, o prejuízo do que perder a
demanda.

É cláusula de encerramento da denunciação da lide, permitindo a


denunciação para qualquer hipótese de ação regressiva.

As hipóteses do 70 são taxativas, mas o inciso 3 abre para qualquer


ação regressiva.

Surgiu quando do lançamento do CPC – possível a denunciação


para cobrar garantia em negócios de transmissão de direitos. Só a
garantia de negócios em que houve transmissão de direitos é que
poderia ser cobrada com base no III. Essa garantia que existe nos
negócios com transmissão de direitos é chamada de GARANTIA
PRÓPRIA e só nesses casos seria possível a denunciação do III. Nem em
casos de seguro caberia denunciação da lide. Alega que é necessário
restringir para que a denunciação da lide não atrapalhe muito o

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297
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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processo, misturando fatos novos, complicando a instrução processual.


O autor dessa concepção foi Vicente Grecco.

Para esta, não há restrição. A Denunciação da Lide pode ser


oferecida em qualquer hipótese. Pode-se aproveitar a denunciação para
resolver mais de 1 problema. Essa concepção ampliativa é de Dinamarco
e Barbosa Moreira.

Uma das maiores polêmicas é interpretar o inciso III do 70.


Jurisprudência contraditória, inclusive do STJ.

Essa briga é o pano de fundo para responder à clássica questão que


é saber se o poder público pode denunciar a lide ao servidor. Ação de
regresso do Poder Público contra o servidor.

A polêmica gira em torno dessas duas concepções. Hely Lopes


Meirelles fala que não cabe, por misturar responsabilidade objetiva e
subjetiva. Adotou a concepção restritiva de Vicente Grecco. Vários
julgados falam isso.

Outros tantos julgados admitem a denunciação da lide ao


servidor, adotando a concepção ampliativa de Dinamarco. No STJ, há
posições nos dois sentidos.

Nos concursos para advocacia pública, defender que cabe a


denunciação.

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298
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Diante do exposto, proibição não há. A questão é saber se convém


ou não, conforme as peculiaridades do caso; analisar caso a caso. Se as
peculiaridades do caso recomendam que não se faça a denunciação, por
atrapalhar, não se fará. Se auxiliar, pode ser feita.

Não há proibição em tese para a denunciação da lide ampla do III.


Cabe ao juiz controlar caso a caso a sua conveniência, conforme as
peculiaridades do caso em concreto analisado. Fredie é que desenvolveu
essa concepção.

REsp 975.799

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO


ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO.
DENUNCIAÇÃO DA LIDE.
1. A "obrigatoriedade" de que trata o artigo 70 do Código de
Processo Civil, não se confunde com o cabimento da denunciação.
Aquela refere-se à perda do direito de regresso, já o cabimento liga-
se à admissibilidade do instituto.
2. O cabimento da denunciação depende da ausência de violação
dos princípios da celeridade e da economia processual, o que
implica na valoração a ser realizada pelo magistrado em cada caso
concreto.

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299
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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3. No caso, o Tribunal de Justiça entendeu cabível a denunciação. A


revisão de tal entendimento depende do revolvimento fático-
probatório inviável no recurso especial. Incidência do verbete
sumular nº 07/STJ. Precedente: REsp 770.590/BA, Rel. Min. Teori
Albino Zavascki, DJ 03.04.2006.
4. Ainda que superado tal óbice, as instâncias ordinárias deixaram
transparecer que não haveria violação dos princípios aludidos, pois
o servidor já teria sido condenado pelo Tribunal do Júri, o que
limitaria as discussões a respeito do elemento subjetivo.
5. Recurso especial não conhecido.

NO CONCURSO: ADMITE-SE CLARAMENTE A


DENUNCIAÇÃO DA LIDE.

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300
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Petição inicial é o instrumento da demanda, forma pela qual a


demanda se apresenta.

A Petição Inicial tem que conter a demanda e seus elementos


(pedidos, causa de pedir e partes).

Existem casos de demandas orais, que serão reduzidas a termo. Ex.:


Juizados Especiais; Ação de Alimentos; ação proposta por mulher que se
afirma vítima de violência doméstica.

Há, também, a forma eletrônica.

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301
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Deve ser assinada por alguém que tem capacidade postulatória,


normalmente o Advogado, o membro do MP ou o Defensor Público.

Ver as exceções na aula sobre capacidade postulatória.

A petição inicial deve ser endereçada ao órgão jurisdicional


competente.

Terminologia:

Juiz Estadual: Juiz de Direito

Juiz Federal: Juiz Federal

JE: Comarca

JF: Seção Judiciária

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302
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Tribunal gosta de ser chamado de Egrégio ou de Colendo.

Na Bahia, pode ser chamado de Vetusto.

Se for o STF, e só ele, Excelso.

O autor sabe sua qualificação. Nome, estado civil, endereço,


profissão e nacionalidade.

O CNJ baixou resolução exigindo o CPF, para tentar evitar casos de


homonímia e evitar que o sujeito proponha diversas ações apenas
mudando uma ou outra letra.

Para pessoa jurídica, é um pouco diferente. Tipo de pessoa jurídica,


endereço da sede ou filial e o CNPJ.

“Nascituro de ... Nome da Mãe”, neste ato representado pela mãe,


e aí qualifica a mãe.

Qualificar o réu. “Estado civil ignorado”. Nome, prenome ou


apelido. O fundamental é identificar o réu. Se você não sabe onde o réu
mora ou se encontra, você tem que ser coerente. Tem que pedir a citação
por edital.

Se souber a qualificação de alguns, colocar; se não sabe, “vem


propor ação possessória contra todos aqueles que invadiram sua
propriedade e encontram-se, neste momento, no imóvel”.

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303
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Se você não sabe quem é o réu, identificar o réu “aquele que seja
credor do laudêmio do imóvel ...).... A questão é identificar, de algum
modo, o réu.

Ver aula sobre Causa de Pedir.

Requisito fundamental da petição inicial. A ele, dedicaremos


atenção muito especial na próxima aula. Só vale a pena estudar pedido
após estudar toda a petição inicial. Ver mais à frente.

O autor tem de requerer a citação do réu. Se o autor não disser


nada, a citação será por correio (postal). Esta é a regra.

Exceções à regra estão no 222.

Art. 224. Far-se-á a citação por meio de OFICIAL DE JUSTIÇA nos casos
ressalvados no art. 222, ou quando frustrada a citação pelo correio.

Art. 222. A citação será feita pelo correio, para qualquer comarca do País,
exceto: (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993)

a) nas ações de estado; (Incluído pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993)

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304
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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b) quando for ré pessoa incapaz; (Incluído pela Lei nº 8.710, de


24.9.1993)

c) quando for ré pessoa de direito público; (Incluído pela Lei nº 8.710, de


24.9.1993)

d) nos processos de execução; (Incluído pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993)

e) quando o réu residir em local não atendido pela entrega domiciliar de


correspondência; (Incluído pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993)

f) quando o autor a requerer de outra forma. (Incluído pela Lei nº 8.710,


de 24.9.1993)

O autor tem de indicar as provas e requerer a sua produção.

Duas espécies:

Ex.: procuração; título executivo; planta do imóvel, na ação de


usucapião.

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305
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Porque fez a eles referências na petição inicial. Se fizer referência a


um documento na petição inicial, deve juntá-lo.

Se fizer referência a um documento, mas não o tem, deve pedir, na


petição inicial, a exibição do documento, contra réu ou 3º.

A toda causa deve ser atribuído um valor, certo e em Real.

Há inúmeras conseqüências que tomam por base o valor da causa.

Ex.: o valor da causa é base de cálculo de tributo (conseqüência


tributária); define competência; define tipo de procedimento; pode servir
como base de cálculo de multas processuais.

O valor da causa não tem finalidade meramente fiscal; tem


variadas finalidades.

“Dá à causa o valor de ...”

“Atribui à causa o valor de ....”

Para fins meramente fiscais

Não indeterminar “Dá-se, Atribui-se”

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306
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Segue critério previsto em lei – CPC 259.

Art. 259. O valor da causa constará sempre da petição inicial e será:

I - na ação de cobrança de dívida, a soma do principal, da pena e dos juros


vencidos até a propositura da ação;

II - havendo cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos


valores de todos eles;

III - sendo alternativos os pedidos, o de maior valor;

IV - se houver também pedido subsidiário, o valor do pedido principal;

V - quando o litígio tiver por objeto a existência, validade, cumprimento,


modificação ou rescisão de negócio jurídico, o valor do contrato;

VI - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais,


pedidas pelo autor;

VII - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, a estimativa


oficial para lançamento do imposto.

Se a situação não se encaixa em nenhum desses casos, o valor da


causa será por arbitramento do autor.

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307
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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O réu pode impugnar o valor da causa. A impugnação ao valor da


causa é um incidente processual, será autuada separadamente (tem autos
próprios) e será resolvida por decisão interlocutória, impugnável por
agravo de instrumento.

O réu pode impugnar o valor da causa por 2 razões:

a) Porque o autor desrespeitou o 259 ou

b) Em razão da desproporcionalidade do valor atribuído, nos casos


em que cabe ao autor fixá-lo.

O juiz pode controlar de ofício o valor da causa, em ambas as


hipóteses.

Retificar defeito, corrigir a petição inicial.

Se o juiz constata o defeito, ele tem o DEVER de mandar corrigi-


lo.
O autor tem um direito à emenda, o autor tem o direito a que sua
petição não seja indeferida sem que lhe tenha sido dada a oportunidade
de emendá-la.

A emenda à petição inicial deve ser feita em 10 dias

EMENDA À PETIÇÃO INICIAL – PRINCÍPIO DA


COOPERAÇÃO:

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308
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Art. 284. Verificando o juiz que a petição inicial não preenche os requisitos
exigidos nos arts. 282 e 283, ou que apresenta defeitos e irregularidades
capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor a
emende, ou a complete, no prazo de 10 (dez) dias.

Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a


petição inicial.

O valor do pedido é discutido em contestação.

Se o juiz reduzir o valor da causa e sobre este houverem sido


recolhidas as custas, estas serão devolvidas.

É a troca de elementos da petição inicial.

É a troca de réu, possível até a citação.

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309
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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É a troca de pedido ou de causa de pedir.

Até a Citação, é possível a alteração objetiva.

Entre a citação e o saneamento, é possível, desde que o réu


concorde.
Após o Saneamento, não é mais possível.

Art. 264. Feita a citação, é defeso ao autor modificar o pedido ou a causa


de pedir, sem o consentimento do réu, mantendo-se as mesmas partes,
salvo as substituições permitidas por lei.

Parágrafo único. A alteração do pedido ou da causa de pedir em


NENHUMA HIPÓTESE será permitida após o saneamento do processo.

É o acréscimo de um pedido à petição inicial.

Pode ser feito até a citação – CPC 294.

Art. 294. Antes da citação, o autor poderá aditar o pedido, correndo à


sua conta as custas acrescidas em razão dessa iniciativa. (Redação
dada pela Lei nº 8.718, de 14.10.1993)

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310
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Exceção: ação declaratória incidental proposta pelo autor. Ver aula


sobre o assunto, mais à frente.

Se o pedido tiver um valor, o valor da causa é do mesmo valor.

Se o réu considerar o pedido excessivo, isso será alegado em


contestação.

Se o pedido não tem valor (valor incerto), o valor da causa será por
arbitramento e o autor poderá colocar o valor que ele entender
adequado. O réu poderá alegar desproporcionalidade no valor da causa.

Diminuir, tirar um pedido, 1 réu.


Não há um artigo que trata disso.

Pode se dar de várias maneiras e cada 1 terá seu regramento.

O autor desiste da causa em relação a 1 réu; o autor renuncia a um


dos pedidos, o autor desiste de um dos pedidos.

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311
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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É um juízo de rejeição da Petição Inicial, ANTES DE CITAR O


RÉU.
Decisão favorável ao réu. Por isso, não há problema em ser
proferida sem sua citação.

Porque a decisão é proferida antes da citação do réu, não haverá


condenação em honorários advocatícios.
Ex.: há várias questões que levam ao indeferimento, porém o juiz
não as viu, e manda citar o réu; este alega as questões que poderiam ter
levado ao indeferimento; o juiz poderá acolher a argumentação do réu,
mas, se o fizer, extinguirá o processo, mas não mais por indeferimento.

Indeferida a petição inicial, o autor pode apelar. Essa apelação


permite juízo de retratação. Se não se retratar, a Apelação sobe ao
Tribunal sem Contra-razões do réu.

Apelação: permite juízo de retratação (48hs).

Sobe sem contra-razões, que serão apresentadas ao Tribunal, se


este determinar a citação do réu.

Art. 296. Indeferida a petição inicial, o autor poderá APELAR,


facultado ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, reformar
sua decisão. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

Parágrafo único. Não sendo reformada a decisão, os autos serão


imediatamente encaminhados ao tribunal competente. (Redação
dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

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312
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Há varias causas de indeferimento. Nada obstante, pode ocorrer de


o juiz não as perceber, mandando ouvir o réu. Em sua defesa, o réu pode
alegar questões que poderiam ter levado ao indeferimento da petição
inicial. O juiz, obviamente, poderá acolher estas argumentações do réu.
Neste caso de o juiz acolher, extinguirá o processo, mas não o será
mais pelo indeferimento. Ora, o que torna o indeferimento uma decisão
distinta das outras é justamente o fato de extinguir o processo antes de
ouvir o réu. Depois de ouvido o réu, mesmo que o juiz extinga o
processo com base em causas de indeferimento, não há mais que se falar
em indeferimento.

O indeferimento pode ser parcial – o juiz indefere apenas parte da


petição inicial. O processo não será extinto e, por isso, o recurso é o
agravo de instrumento.

Aqui, estamos tratando do indeferimento feito por juiz.

Se o indeferimento for feito por Tribunal, muda tudo. Ou o


indeferimento é feito pelo Relator, e o recurso será Agravo Regimental,
ou o indeferimento é feito pelo Colegiado, e o recurso variará conforme o
caso.

O indeferimento pode ser uma decisão com exame de mérito ou sem


exame de mérito. Tradicionalmente, só se vê o indeferimento sem exame
de mérito, que é o normal, aquele previsto no art. 295 c/c art. 267, I, CPC.

Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: (Redação dada


pela Lei nº 11.232, de 2005)

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313
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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I - quando o juiz indeferir a petição inicial;

Art. 295. A petição inicial será INDEFERIDA:

I - quando for inepta;

II - quando a parte for manifestamente ilegítima;

III - quando o autor carecer de interesse processual;

Exceção aos demais incisos: Indeferimento COM


resolução do mérito:
IV - quando o juiz verificar, desde logo, a decadência*** ou a
prescrição (art. 219, § 5o);

Art. 219, § 5o O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição. (Redação


dada pela Lei nº 11.280, de 2006)

Art. 269. Haverá resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº


11.232, de 2005)

IV - quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição; .

*** CC 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem


aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz
não pode suprir a alegação.

V - quando o tipo de procedimento, escolhido pelo autor, não


corresponder à natureza da causa, ou ao valor da ação; caso em que só
não será indeferida, se puder adaptar-se ao tipo de procedimento legal;

Vl - quando não atendidas as prescrições dos arts. 39, parágrafo único,


primeira parte, e 284.

Art. 39. Compete ao advogado, ou à parte quando postular em causa


própria:

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314
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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I - declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço em que


receberá intimação;

§ único. Se o advogado não cumprir o disposto no n o I deste artigo, o


juiz, antes de determinar a citação do réu, mandará que se supra a
omissão no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, sob pena de
indeferimento da petição...

EMENDA À PETIÇÃO INICIAL:

Art. 284. Verificando o juiz que a petição inicial não preenche


os requisitos exigidos nos arts. 282 e 283, ou que apresenta
defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de
mérito, determinará que o autor a emende, ou a complete, no
prazo de 10 (dez) dias.

Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz


indeferirá a petição inicial.

A inépcia está ligada ao pedido ou causa de


pedir. Atentar para as questões, nas quais você
conseguirá atingir a resposta por exclusão.

Parágrafo único. Considera-se inepta a petição inicial quando:

I - Ihe faltar pedido ou causa de pedir;

II - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;

III - o pedido for juridicamente impossível;

IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.

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315
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Nada obstante, existem casos de indeferimento da petição inicial


com exame do mérito. Nestes casos, haverá decisão de improcedência
(rejeição de mérito) sem ouvir o réu. Fala-se, aqui, em improcedência
prima facie ou julgamento liminar de improcedência (com aptidão para
coisa julgada material).

É uma decisão de mérito, sem ouvir o réu.

Teremos uma decisão de improcedência sem ouvir o réu.

Improcedência prima facie / Julgamento liminar de


improcedência.
Assunto da moda.

Art. 269. Haverá resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de
2005)

I - quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor;

II - quando o réu reconhecer a procedência do pedido;

III - quando as partes transigirem;

IV - quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição;

V - quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação.

Há uma certa falta de sistematização no Código com relação aos


casos de improcedência prima facie. Não há um trecho do CPC
exclusivamente dedicado ao tema. Há casos espalhados pelo Código. De
mais a mais, temos duas hipóteses que merecem atenção:

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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PRESCRIÇÃO/DECADÊNCIA LEGAL
É preciso que o juiz possa conhecer da prescrição ou da decadência
de ofício, já que está fazendo isso antes de o réu ser ouvido.

O juiz só pode conhecer de ofício da decadência se se trata de


decadência legal.

O juiz não pode conhecer de ofício a decadência convencional.

O CPC autoriza que o juiz conheça de qualquer prescrição de


ofício. Trata-se de uma norma que se extrai do CPC 219, § 5º. É estranho,
porque não condiz com nossa tradição, além de ser uma interferência
pesada na esfera privada. Mesmo assim, o dispositivo autoriza.

CPC 219, § 5o O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição. (Redação


dada pela Lei nº 11.280, de 2006)

FEPESE – Procurador Florianópolis 2011

14. Acerca da cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública, regida


pela Lei no 6.830, de 22 de setembro de 1980, somente uma afirmação
NÃO pode ser feita. Identifique-a.

a. ( ) A Fazenda Pública pode recusar a substituição do bem penhorado por


precatório.

b. ( ) A citação por edital na execução fiscal é cabível quando frustradas as


demais modalidades.

c. ( X ) Em execução fiscal, a prescrição não pode ser decretada de


ofício, mesmo se ocorrida antes da propositura da ação.

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d. ( ) Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de


funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes,
legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente.

e. ( ) Em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis, suspende-se o


processo por um ano, findo o qual se inicia o prazo da prescrição quinquenal
intercorrente.

Em execução fiscal, o juízo pode decretar de ofício a


prescrição, mesmo se ocorrida antes da propositura da ação.

COISA JULGADA MATERIAL FAVORÁVEL AO RÉU


QUE NÃO FOI OUVIDO.

Se o juiz reconhecer de ofício a prescrição/decadência, haverá coisa


julgada material a favor do réu, apesar de não ter sido ouvido. Não sabe
que ganhou. Por isso, o escrivão tem que comunicar o réu por carta, para
que tenha informação do fato.

CPC 219, § 6o Passada em julgado a sentença, a que se refere o parágrafo


anterior, o escrivão comunicará ao réu o resultado do julgamento.

Esse dispositivo aplica-se a outro caso de improcedência prima


facie, que veremos daqui a pouco.

Mostrarei uma aparente contradição do CPC, que costuma ser


objeto de provas orais. Preste atenção!

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267 295 269

Art. 267. Extingue-se Art. 295. A petição Art. 269. Haverá


o processo, sem inicial será resolução de
resolução de INDEFERIDA: mérito: (Redação dada
mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de
pela Lei nº 11.232, de 2005)
2005)

I - quando o juiz IV - quando o juiz IV - quando o juiz


indeferir a petição verificar, desde logo, a pronunciar a decadência
inicial; decadência*** ou a ou a prescrição;
prescrição (art. 219, §
O indeferimento da Prescrição e
5o);
PI extingue o processo decadência
sem exame do mérito É possível indeferir a extinguem o
PI por prescrição e processo com exame
decadência. do mérito

O INDEFERIMENTO POR PRESCRIÇÃO E


DECADÊNCIA É COM EXAME DO MÉRITO (PRIMA
FACIE).

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Improcedência liminar em causas repetitivas. CPC 285-A

Art. 285-A. Quando a matéria controvertida for unicamente de


direito e no juízo já houver sido proferida SENTENÇA DE
TOTAL IMPROCEDÊNCIA em outros casos idênticos, PODERÁ
ser dispensada a citação e proferida sentença, reproduzindo-se
o teor da anteriormente

Que versa questão exclusivamente de direito (só há


necessidade de prova documental) e

Já há entendimento consolidado de improcedência,

O juiz já pode julgar improcedente.

A matéria dispensa prova oral, pericial.

Já julga logo improcedente, nem cita o réu.

É uma forma de dar força aos precedentes.

Se já há uma orientação consolidada que aquele tipo de pedido


é improcedente, para que prosseguir o processo, citar o réu?

Hoje, prevalece o entendimento que me parece correto, no sentido de que o 285-A só


pode ser aplicado se essa for a orientação do respectivo tribunal, naquele tribunal.

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320
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Se o tribunal se orienta no sentido de que é procedente e o juiz


julga improcedente, ele estará contrariando o próprio tribunal!

Se o autor apelar, o juiz poderá se retratar. Isso é o padrão.


Nenhuma diferença. A diferença está a partir de agora. O autor apela, o
juiz não se retrata, a apelação subirá ao Tribunal COM contra-razões do
réu. Aqui é peculiar.

Neste caso de indeferimento com exame do mérito, sobe com


contra-razões do réu, diferente do indeferimento da petição inicial que
vimos na aula passada. As contra-razões assumirão a natureza de
contestação. Será a primeira manifestação do réu no processo.

Não se retratando o juiz, o réu apresentará contra-razões e, então,


a apelação subirá para o Tribunal.
 Essa exigência de contrarrazões parece que deve ser
estendida às hipóteses de prescrição e decadência, já que se
trata de decisão de mérito. Se houver apelação, deve o réu ser
intimado para contra-arrazoá-la.

O réu será citado para contra-arrazoar, com natureza de


contestação.

Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de


mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)

I - quando o juiz indeferir a petição inicial;

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Art. 295. A petição inicial será INDEFERIDA:

I - quando for inepta;

Parágrafo único. Considera-se inepta a petição


inicial quando:

I - Ihe faltar pedido ou causa de pedir;

II - da narração dos fatos não decorrer


logicamente a conclusão;

III - o pedido for juridicamente impossível;

IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.

II - quando a parte for manifestamente ilegítima;

III - quando o autor carecer de interesse processual;

Exceção aos demais incisos: Indeferimento COM


resolução do mérito:

IV - quando o juiz verificar, desde logo, a decadência


[legal]*** ou a prescrição (art. 219, § 5o);

Art. 219, § 5o O juiz pronunciará, de ofício, a


prescrição. (Redação dada pela Lei nº 11.280,
de 2006)

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Art. 269. Haverá resolução de


mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de
2005)

IV - quando o juiz pronunciar a decadência


ou a prescrição; .

*** CC 211. Se a decadência for


convencional, a parte a quem aproveita pode
alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas
o juiz não pode suprir a alegação.

V - quando o tipo de procedimento, escolhido pelo autor,


não corresponder à natureza da causa, ou ao valor da ação;
caso em que só não será indeferida, se puder adaptar-se ao
tipo de procedimento legal;

Vl - quando não atendidas as prescrições dos arts. 39,


parágrafo único, primeira parte, e 284.

Art. 39. Compete ao advogado, ou à parte


quando postular em causa própria:

I - declarar, na petição inicial ou na


contestação, o endereço em que receberá
intimação;

§ único. Se o advogado não cumprir o


disposto no no I deste artigo, o juiz, antes de

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determinar a citação do réu, mandará que se


supra a omissão no prazo de 48 horas, sob
pena de indeferimento da petição...

Emenda à petição inicial:

Art. 284. Verificando o juiz que a petição


inicial não preenche os requisitos exigidos
nos arts. 282 e 283, ou que apresenta defeitos
e irregularidades capazes de dificultar o
julgamento de mérito, determinará que o
autor a emende, ou a complete, no prazo de
10 (dez) dias.

Parágrafo único. Se o autor não cumprir a


diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.

Parágrafo único. Considera-se inepta a petição inicial


quando:

I - Ihe faltar pedido ou causa de pedir;

II - da narração dos fatos não decorrer logicamente a


conclusão;

III - o pedido for juridicamente impossível;

IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.

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É um defeito da petição inicial relacionado ao pedido ou à causa


de pedir.

Quatro hipóteses (CPC 295, parágrafo único):

a) QUANDO FALTAR PEDIDO OU CAUSA DE PEDIR NA


PETIÇÃO INICIAL.
É interpretada também para abranger os casos em que o
pedido ou a causa de pedir são obscuramente formulados. Se
o pedido é obscuro ou a causa de pedir é obscura, é causa de
inépcia.

b) QUANDO O PEDIDO FOR JURIDICAMENTE IMPOSSÍVEL.


Pedido juridicamente impossível gera inépcia.

c) QUANDO O PEDIDO NÃO DECORRER LOGICAMENTE


DA CAUSA DE PEDIR.
O pedido não é coerente com a causa de pedir. Há uma
incompatibilidade lógica entre causa de pedir e pedido. Há
inépcia pela incoerência.

d) HÁ PEDIDOS CUMULADOS INCOMPATÍVEIS ENTRE SI.


Petição suicida. Ex.: Você quer anular e revisar o contrato.
Não pode, não dá.

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CPC 295, § único. Considera-se inepta a petição inicial quando:

I - Ihe faltar pedido ou causa de pedir;

II - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;

III - o pedido for juridicamente impossível;

IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.

5ª hipótese (L. 10.931/04):

não menção do quantum devido em ação de revisão


contratual de empréstimo, financiamento ou alienação
imobiliários.
É uma 5ª hipótese de inépcia, prevista na legislação
extravagante.
Ex.: sujeito faz financiamento imobiliário. Considera
que a prestação está alta. Quem faz financiamento e
considera os valores excessivos, tem que dizer qual o
valor que reputa correto. Se propuser uma revisão do
contrato sem dizer quanto considera devido, causa a
inépcia. Art. 50 , Lei 10.931/2004.

Art. 50. Nas ações judiciais que tenham por objeto obrigação decorrente de
empréstimo, financiamento ou alienação imobiliários, o autor deverá
discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que
pretende controverter, quantificando o valor incontroverso, sob pena de
inépcia.

Dispõe sobre o patrimônio de afetação de incorporações imobiliárias, Letra de


Crédito Imobiliário, Cédula de Crédito Imobiliário, Cédula de Crédito

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Bancário, altera o Decreto-Lei no 911, de 1o de outubro de 1969, as Leis


no 4.591, de 16 de dezembro de 1964, no 4.728, de 14 de julho de 1965, e
no 10.406, de 10 de janeiro de 2002, e dá outras providências.

Já estudamos isso.

Art. 295. A petição inicial será INDEFERIDA:

II - quando a parte for manifestamente ilegítima;

III - quando o autor carecer de interesse processual;

O juiz indefere pela equivocada escolha do procedimento. CPC


295, V.

O juiz só indeferirá com base no inciso V se não puder retificar o


procedimento. Se puder retificar, não há razão para indeferir. O
problema é que até hoje não consegui ver 1 caso que o juiz não possa
retificar. É muito difícil, nunca vi. Razão pela qual o indeferimento com
base neste inciso depende apenas de má-vontade do juiz. Não consigo
ver 1 caso em que ele não possa adequar.

Art. 295. A petição inicial será INDEFERIDA:

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V - quando o tipo de procedimento, escolhido pelo autor,


não corresponder à natureza da causa, ou ao valor da ação;
caso em que só não será indeferida, se puder adaptar-se ao
tipo de procedimento legal;

Podemos dizer que acabou petição inicial.

Vamos analisar o pedido.

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É o bem da vida almejado, o resultado que se espera alcançar com


o processo.

Pedido de decisão, para que o juiz decida.

Iremos analisar esses 4 atributos do pedido.

Se o pedido tem que ter esses 4 atributos, a sentença também tem


que os observar, já que decidirá sobre aquele.

Pedido certo é pedido expressamente formulado. O pedido precisa


constar expressamente da petição inicial.

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Regra: expressamente formulado.


A regra é que não se admite pedido implícito. O que é um pedido
implícito? É aquele que se reputa formulado sem tê-lo sido efetivamente.

Exceções:

pedido de correção monetária e juros legais,

condenação às verbas da sucumbência (honorários advocatícios está aqui dentro),

pedido relativo à obrigação de prestações periódicas (as prestações vincendas reputam-


se incluídas no pedido, mesmo que não fale nada a respeito, como alimentos – CPC
290).

Há casos excepcionais, em que se admite pedido implícito.

Ex.: pedido de correção monetária e juros legais, condenação às


verbas da sucumbência (honorários advocatícios está aqui dentro),
pedido relativo à obrigação de prestações periódicas (se vou ao PJ tratar
de prestações periódicas, as prestações vincendas reputam-se incluídas
no meu pedido, mesmo que eu não fale nada a respeito, como alimentos
– CPC 290).

Art. 290. Quando a obrigação consistir em prestações periódicas,


considerar-se-ão elas incluídas no pedido, independentemente de

declaração expressa do autor; se o devedor, no curso do processo, deixar


de pagá-las ou de consigná-las, a sentença as incluirá na condenação,
enquanto durar a obrigação.

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Pedidos: interpretados restritivamente.


O art. 293 determina que a interpretação do pedido não seja
extensiva. É preciso interpretar o pedido restritivamente.

Art. 293. Os pedidos são interpretados restritivamente,


compreendendo-se, entretanto, no principal os juros legais.

Na semana passada, teve um julgamento do STJ que ignorou o 293,


dizendo que o pedido tem que ser interpretado ampliativamente. É
bonito, mas vai contra TEXTO EXPRESSO DO LEGISLADOR! A decisão
é linda, mas ela simplesmente ignora o 293! Ficar atento nos concursos!!!
Adotar a posição do legislador!??!

O pedido tem que ser delimitado em relação a o que e a quanto se


pede. Determinar o que você quer e quanto você quer.

Delimitado: o que e quanto se pede.

O pedido tem que ser certo E determinado, apesar de o CPC


falar que o pedido tem que ser certo OU determinado!

Pedido não determinado: “pedido genérico”.

Regra: pedido genérico é vedado.

Exceções: CPC 286.

Seção II
Do Pedido

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*É o bem da vida almejado, o resultado

que se espera alcançar com o processo.

Art. 286. O pedido [MEDIATO*] deve ser certo ou [E]


determinado. É lícito, porém, formular pedido genérico:

I - nas ações universais, se não puder o autor individuar na


petição os bens demandados;

O que é ação universal?

Ação que tenha por objeto uma universalidade?


Herança, patrimônio, rebanho. Você não sabe
quantas cabeças há, quantos livros etc.

II - quando não for possível determinar, de modo definitivo, as


conseqüências do ato ou do fato ilícito;

Pedido genérico, pedido nas ações indenizatórias quando


não se puder de logo quantificar o tamanho do prejuízo.

É com base nessa previsão que as pessoas costumam fazer


pedido genérico nas ações de dano moral. As pessoas
entram com pedido genérico pedindo, sem estipular o
valor, para não correr o perigo de arcar com as verbas de
sucumbência. Para Fredie, isto não é possível, apesar de
amplamente aceito pela jurisprudência. O juiz fixa o valor
conforme sua avaliação.

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Se a lesão à moral for continuada, pode aumentar com o


passar do tempo, aí tudo bem, pode fixar uma parte (a do
passado) e apurar o que vier no futuro. Mesmo assim, não
é o entendimento que prevalece.

III - quando a determinação do valor da condenação depender de


ato que deva ser praticado pelo réu.

Pode-se estipular pedido genérico quando o valor


do pedido depender de um comportamento do
réu. É o que acontece na prestação de contas: o
pedido é genérico, porque dependo de que o réu
preste as contas para eu saber a quanto tenho
direito.

A clareza e a coerência são atributos do pedido sem os quais a


petição inicial será inepta.

Respostas a duas perguntas dos alunos:

Se o juiz indeferir a petição sem mandar emendar, cabe apelação.

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Não existe condenação implícita. O pedido é implícito, a


condenação não.

Há cumulação de pedidos sempre que mais de um pedido for


formulado em um processo.

Quando feita pela mesma parte. É a mesma parte que formula os


pedidos.

Quando a cumulação é resultado de atuação de mais de uma parte.

Quando existente desde o início do processo.

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O processo já nasce com vários pedidos.

Quando surgir ao longo do processo.

Ex.: petição inicial tem um pedido. Réu denuncia da lide.


Cumulação de pedidos heterogênea (feita por autor e réu) e ulterior
(feita no meio do processo).

Agrega-se um pedido ao processo durante o processo.

Sempre que há vários pedidos, o dispositivo da sentença deverá


tratar de todos. Será um dispositivo complexo, um dispositivo da
sentença com vários capítulos, um capítulo para cada um dos pedidos.

Esses exemplos e espécies de cumulação que analisamos são as


mais bobinhas.

A divisão de cumulação que cai em concurso é a que veremos a


seguir.

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É a cumulação regida pela partícula “E”. Na cumulação


própria, pretende-se que todos os pedidos formulados sejam
acolhidos.

Não há relação de dependência entre os pedidos


formulados.

Os pedidos formulados são independentes.

Cada um pode ser acolhido ou rejeitado,


independentemente da solução que se der ao outro.
Ex.: danos morais e danos materiais. Posso ganhar em
ambos, ambos parcialmente, ganhar em um e perder no
outro.

O acolhimento de um não depende do acolhimento do


outro.

O 2º pedido só pode ser acolhido se o 1º for acolhido.

Eu quero ambos, mas o 2º pedido depende do


acolhimento do 1º.

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Ex. investigação de paternidade e alimentos. Só haverá


direito a alimentos se for pai.

Fórmula: “B (2º pedido) só se A (1º pedido)”. Só tenho o


2º se tiver o 1º.

É regida pela partícula OU.

Formulam-se vários pedidos, mas só 1 pode ser acolhido.


Você não quer que todos sejam acolhidos, formula vários para
ver se 1 cola.

2.3.2.1
Você apresenta vários pedidos, mas com uma
hierarquia. Quero A, se não puder A, quero B. Se não
puder B, quero C.

Hierarquia entre os pedidos. O juiz deve respeitá-la.


Quando isso ocorre, o juiz só pode examinar B se
rejeitar A. Não pode pular.

Se o autor perde no 1º e ganha no 2º, poderá recorrer,


porque, para ele, o 1º é mais importante do que o 2º. Vai
tentar ficar com o 1º.

Cumulação imprópria eventual/subsidiária:

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Art. 289. É lícito formular mais de um pedido em ordem sucessiva, a fim de


que o juiz conheça do posterior, em não podendo acolher o anterior.

Fórmula: “B, só se não A”. Só terei B se não tiver A.

Na prova, sempre tentam confundir o candidato com as


cumulações própria sucessiva com a imprópria eventual.

Formulação de um pedido ou outro, sem hierarquia.


Tanto Taz.
O juiz pode lhe dar B sem examinar A, porque para
você não há ordem de importância entre os pedidos.

Quero oferecer o pagamento para A ou para B. Tanto


faz.

Não há previsão expressa de cumulação alternativa. Ela


é extraída do 288. Ora, se o autor pode estabelecer ordem,
pode não estabelecê-la.

Exemplo claro de cumulação imprópria alternativa é:


autor quer consignar o pagamento para Fulano ou para
Ciclano. Trata-se de uma cumulação imprópria e, ainda,
alternativa.

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Art. 288. O pedido será alternativo, quando, pela natureza da


obrigação, o devedor puder cumprir a prestação de mais de um
modo.

Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha


couber ao devedor, o juiz Ihe assegurará o direito de cumprir a
prestação de um ou de outro modo, ainda que o autor não tenha
formulado pedido alternativo.

*Há três possíveis litisconsórcios que podem surgir das cumulações


própria sucessiva, imprópria eventual e imprópria alternativa. São,
respectivamente, os litisconsórcios sucessivo, eventual e alternativo. Tais
litisconsórcios relacionam-se com as eventuais cumulações de pedidos.

Cumulações Litisconsórcios

própria sucessiva Sucessivo

imprópria eventual Eventual

imprópria Alternativo
alternativa

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339
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2 sujeitos formulam 2 pedidos, só que um dos pedidos só pode ser


acolhido se o outro for.

Ex.: o Filho pede a investigação de paternidade e a Mãe pede o


ressarcimento das despesas do parto. A mãe só ganha se o filho ganhar.

Litisconsórcio que nasce de uma cumulação sucessiva.

Há uma cumulação de pedidos contra 2 pessoas, mas


preferencialmente contra A.

O que Você quer é contra A, Você só quer contra B se não puder ter
contra A. É o que acontece na denunciação da lide proposta pelo autor.
Quando o autor formulou a denunciação da lide, fez um litisconsórcio
eventual. Quer contra o réu. Se perder para o réu, quer contra o 3º. O que
ele quer mesmo é contra o réu. É uma cumulação imprópria eventual.

Você formula o pedido contra 2 pessoas, tanto faz se o pedido vai


ser acolhido contra uma ou contra a outra. O juiz só pode acolher contra
uma delas.

É o que acontece na consignação em pagamento. Quero consignar


contra A e B, litisconsortes alternativos, produto de uma cumulação
imprópria alternativa.

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CUMULAÇÃO

Quando vou ao PJ e peço o cumprimento de uma obrigação


alternativa, formulo apenas 1 pedido, sem cumulação, para que seja
cumprida a obrigação alternativa. Como a obrigação é alternativa, a
obrigação pode ser cumprida de mais de 1 forma, porque a obrigação
alternativa permite isso.

Pedido Alternativo (CPC 288): 1 pedido que pode ser cumprido de


mais de 1 maneira.

Na cumulação alternativa, há 2 pedidos distintos, mas só 1 pode


ser acolhido.

Cumulação Alternativa: + de 1 pedido, mas só um pode ser acolhido.

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Três requisitos (CPC 292):

1º) o juízo deve ser competente para todos eles

2º) É preciso que todos os pedidos possam tramitar sob o mesmo


procedimento
Precisam tramitar no mesmo trilho.

Quando para cada pedido corresponder um tipo diferente de


procedimento, o autor poderá cumulá-los se optar pelo procedimento
ordinário.

3º) Compatibilidade dos pedidos


Os pedidos hão de ser compatíveis entre si.

É pegadinha de concurso:

Esse requisito não se aplica à cumulação imprópria, porque, aqui,


necessariamente os pedidos são incompatíveis.

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Art. 292. É permitida a cumulação, num único processo, contra o mesmo


réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão.

§ 1o São requisitos de admissibilidade da cumulação:

I - que os pedidos sejam compatíveis entre si*;

* não se aplica à cumulação imprópria.

II - que seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;

III - que seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.

§ 2o Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de


procedimento, admitir-se-á a cumulação, se o autor empregar o
procedimento ordinário.

Designação genérica, que abrange várias espécies.

Lista:

1) Contestação (defesa)

2) Reconvenção (não é defesa)

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É resposta do réu, não significa que será defesa!

3) Silêncio (o réu é revel, revelia, o réu simplesmente se cala)

4) Impugnação ao valor da causa

5) Exceções instrumentais (incompetência relativa,


impedimento e suspeição)

6) Pedido de revogação da justiça gratuita

Única hipótese que não estudaremos. Prevista na lei de


assistência judiciária.

7) Reconhecimento da procedência do pedido.

Instrumento de defesa do réu. Modo pelo qual a defesa do réu se


apresenta.

A palavra correspondente à AÇÃO (para o Autor) é Exceção (para


o Réu). Uma e outra possuem vários sentidos, todos eles relacionados à
figura do autor e do réu, respectivamente.

Autor  Réu

Ação Exceção

A palavra AÇÃO tem 3 sentidos.

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344
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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A palavra exceção também assume 3 sentidos:

Sentido constitucional

Sentido substancial/material

Sentido processual

É o direito de defesa. Direito de exceção.

Assim como existe o direito de agir, existe o direito de


reagir. É o direito constitucional de defesa.

Esse assunto cai muito em concurso!

Exceção substancial:

É um direito.

É um contradireito.

A exceção substancial é um direito que alguém tem


contra o direito de outrem.

“A” tem um direito contra “B”. Se “B” tiver uma


exceção substancial, “B” tem um direito contra o direito

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de “A”. O direito de “A” será aniquilado pelo direito de


“B”.

Significa que ela pressupõe o outro direito para


aniquilá-lo. É um direito que aniquila outro direito. É
um direito dirigido ao outro direito, para aniquilá-lo.

É uma espécie de antídoto. Por que? Porque o


antídoto é 1 veneno, só que é 1 contraveneno. O
antídoto não nega o veneno. Ele supõe o veneno para
neutralizá-lo.

Exemplos:

1) Exceção de contrato não cumprido. O sujeito vem


cobrar o contrato e o outro diz que tem o direito de
não cumprir o contrato enquanto o primeiro não
cumprir sua parte.

2) Direito de retenção. Tenho o direito de reter a coisa


até Você pagar o que me deve.

3) Prescrição. Quando o sujeito cobra uma dívida


prescrita, o réu tem o direito de não pagá-la,
porque está prescrita. Mas a dívida continua
existindo, tanto que se o réu quiser, poderá pagá-
la.

Esses 3 são exemplos básicos, indiscutíveis. Pode


citá-los que o examinador vai gostar.

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4) O direito de compensar é exceção substancial. Mas


isso é controvertido. Fredie não colocaria como
exemplo em uma prova.

A exceção substancial será exercida no processo


como defesa. O réu exercerá sua exceção
substancial na contestação. Nada obstante ser um
direito, é um direito exercido como defesa. As
exceções substanciais serão deduzidas na
contestação.

A exceção substancial é um direito deduzido


como defesa!

A ÚLTIMA DICA:

Quando o CC 190 fala que a exceção prescreve, é


porque é direito.

Ex.: compensação. Se você tem um crédito, ele


está prescrito para você cobrá-lo e para utilizá-lo
como compensação. O crédito está prescrito para
cobrar e compensar.

Art. 190. A exceção [substancial] prescreve no


mesmo prazo em que a pretensão.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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O 190 dá margem a 300.000 teorias, mas neste


curso não temos espaço para discutir. Estamos
vendo objetivamente para concurso.

É a defesa concretamente formulada. Qualquer defesa


formulada pelo réu é 1 exceção. Qualquer defesa é 1 exceção.

Interessa-nos estudar as defesas! Porque são reunidas


na contestação! A contestação consolida, reúne as defesas do
réu.

É a defesa contra o acolhimento do pedido.

Exemplos:

 prescrição,

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 exceção de contrato não cumprido,

 direito de retenção,

 pagamento já efetuado,

 decadência.

A defesa é contra o exame do pedido.

O réu se defende no sentido de que o pedido sequer seja examinado.

Exemplos:

 Incompetência,

 Incapacidade processual,

 conexão

Defesa que o juiz pode conhecer de ofício.

Exemplos

 Carência de ação

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 Prescrição

 Pagamento
O juiz pode conhecer de ofício do pagamento. Pegadinha!

 Decadência

Defesa que o juiz não pode conhecer de ofício. Aqui a palavra exceção está sendo
utilizada em sentido muito estrito.

Exemplos:

 Direito de retenção
O juiz não pode conhecer de ofício do direito de retenção

Exceção de pré-executividade é defesa do executado com base em prova


documental. Pode-se alegar qualquer tipo de defesa, desde que
comprovada documentalmente. Não importa que seja objeção ou
exceção.

Defesa dilatória é aquela que tem por objetivo retardar a eficácia do


direito do autor. É uma pirraça. Você só quer dilatar no tempo o que o
autor pretende.

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Existem defesas dilatórias:

Defesas Dilatórias de Mérito


Ex: exceção de contrato não cumprido, direito de retenção.

Defesas Dilatórias de Admissibilidade


Ex.: incompetência, conexão, nulidade de citação.

O objetivo é destruir, aniquilar.

Defesas Peremptórias de Mérito


Ex.: pagamento.

Defesas Peremptórias de Admissibilidade


Ex.: carência de ação, incapacidade processual.

Aquela em que o réu formula sem trazer fato novo ao processo.


Não traz ao processo afirmação de nenhum fato novo.

O ônus da prova é todo do autor, porque só ele formulou os fatos.

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Se a defesa é direta, não há necessidade de réplica. Réplica é a


manifestação do autor sobre a contestação.

Só há 2 possibilidades de a defesa ser direta, em todos os outros


será indireta:

O réu nega os fatos do autor.

Confissão Qualificada: o réu reconhece os fatos do autor


como verdadeiros, mas não aceita as conseqüências
jurídicas dos fatos.

Neste 2º caso de defesa direta, ocorre o que se chama de “confissão


qualificada”. Por que? Porque o réu reconhece os fatos, mas nega as
conseqüências jurídicas que decorrem desse fato.

“A confissão qualificada é cindível”. Falso!

O réu traz ao processo fato novo.  Réplica


O ônus da prova do fato novo é do réu, que o trouxe.

Se a defesa é indireta, haverá necessidade de réplica.

Toda exceção substancial é defesa indireta.

Toda defesa de admissibilidade é indireta.

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Cindível: Confissão Complexa.

Cindível: Confissão Qualificada.

PEGADINHA: pode acontecer de o sujeito reconhecer os fatos do


autor e trazer outros fatos que impedem aquilo que o autor deseja. O réu
reconhece os fatos, mas traz outros, que impedem que o autor obtenha
aquilo que pretende. Aí, teremos uma confissão agregada com a alegação
de outros fatos, chamada, então, de “confissão complexa”.

Quando a confissão for complexa, ela pode ser dividida.


“Confissão complexa” é confissão cindível, porque o juiz poderá separar
o que é confissão do que é alegação.

“A confissão qualificada é cindível”. Falso!

Art. 354. A confissão é, de regra, indivisível, não podendo a parte, que a

quiser invocar como prova, aceitá-la no tópico que a beneficiar e rejeitá-la


no que Ihe for desfavorável. [Confissão Complexa:] Cindir-se-á, todavia,

quando o confitente Ihe aduzir fatos novos, suscetíveis de constituir

fundamento de defesa de direito material ou de reconvenção.

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De acordo com essa regra, toda a defesa do réu deve concentrar-se


na contestação. Toda a DEFESA, não toda a MANIFESTAÇÃO.

O réu começa a trazer todas as defesas possíveis, para a


eventualidade de qualquer hipótese que passar pela cabeça do juiz.

Ex: não o conheço; se conhecer, já paguei; se não paguei,


prescreveu.

Sucede que esta regra de concentração da defesa tem 2 ressalvas:

Existem defesas que a própria lei impõe devam ser oferecidas


fora da contestação. Ex.: Incompetência relativa, impedimento e
suspeição do juiz são defesas que têm que ser deduzidas fora da
contestação, quebrando a regra da concentração da defesa na
contestação.

Há defesas que podem ser deduzidas depois da contestação,


também quebrando a regra da concentração da defesa. Ex.: CPC
303.

Art. 303. Depois da contestação, só é lícito deduzir novas


alegações quando:

I - relativas a direito superveniente;

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II - competir ao juiz conhecer delas de ofício;

III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em


qualquer tempo e juízo.

É o que acontece, por exemplo, com a decadência


convencional, em que a própria lei excepciona o princípio da
eventualidade.

Também as defesas que podem ser suscitadas de ofício podem ser


suscitadas mesmo após a contestação.

O réu tem que impugnar especificamente cada um dos fatos


alegados pelo autor. Não pode fazer defesa genérica, não pode fazer uma
negativa geral “tudo que o autor falou é mentira”. Tem que fazer uma
defesa especificada.

O fato que não for impugnado especificadamente será havido


como fato admitido como incontroverso. Portanto, dispensa-se a prova
dele.

Essa regra do ônus da impugnação especificada também sofre


mitigações. Há sujeitos que estão dispensados deste ônus:

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 Advogado dativo

 Curador especial

 MP

Defesa por negativa geral:

Art. 302, Parágrafo único. Esta regra, quanto ao ônus da


impugnação especificada dos fatos, não se aplica ao advogado
dativo, ao curador especial e ao órgão do Ministério Público.

Estes sujeitos caem no processo abruptamente e, por isso, estão


liberados de fazer defesa especificada. São surpreendidos com sua
participação no processo.

O que o MP tem a ver com isso? Essa é 1 regra antiga e em 1973,


quando o CPC veio, o MP fazia defesas de incapazes em alguns casos.
Não havia ainda defensoria pública. Hoje é muito pouco provável que o
MP faça defesa de incapaz. Só se aplicará nos casos em que o MP faça a
defesa de réu, portanto praticamente em desuso, já que as defensorias
estão quase organizadas.

Por que o CPC não fala em defensor público? Ele não está
liberado do ônus. Só estará se for advogado dativo ou curador especial.
O simples fato de ser defensor público não o liberará do ônus. O

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defensor foi constituído para fazer a defesa, e deverá fazê-la


especificadamente.

Fazenda Pública. Não há referência à Fazenda Pública. E ela está


liberada do ônus da impugnação especificada?

Na opinião de Fredie, não. Inclusive, há decisão do STJ neste


sentido, dizendo que a Fazenda Pública não está liberada do ônus da
impugnação especificada. Ademais, a Fazenda Pública defender-se por
negativa geral seria considerada uma conduta antiética. Nada obstante,
há autores (tal como Leonardo Cunha) que entendem que a Fazenda
Pública não se submete ao ônus da impugnação especificada.

2º GRUPO

São os fatos que, mesmo não impugnados especificadamente, não


podem ser reputados como ocorridos.

Previstos no artigo 302.

ÔNUS DA IMPUGNAÇÃO ESPECIFICADA PRESUNÇÃO


RELATIVA:

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Art. 302. Cabe também ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na
petição inicial. Presumem-se verdadeiros os fatos não impugnados, salvo (não se presumem
verdadeiros os fatos):

Não se presumem verdadeiros os fatos:

I - se não for admissível, a seu respeito, a confissão;

Há um equívoco em pensar que a Fazenda Pública está


defendendo os interesses públicos. Ela está em juízo
defendendo os interesses dela própria. Por exemplo, o réu de
uma Ação Coletiva é a Fazenda Pública. Ela age contrariamente
ao interesse público. Ela tem os próprios interesses
(fazendários). É uma visão distorcida da Fazenda Pública.

II - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei


considerar da substância do ato;

Existem atos jurídicos que a lei exige que sejam provados


apenas por instrumento. Quando um ato só se prova por
instrumento, ele só se prova por instrumento, de modo que, se
você não junta o instrumento, o ato não se prova, mesmo se o
réu se calar sobre ele. Ex.: testamento, compromisso de compra
e venda de imóvel. O silêncio do réu não supre a falta do
instrumento quando ele é da substância do ato.

III - se estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.

Norma gente boa. Você faz a defesa toda bonitinha e deixou


passar um ato, sem impugná-lo. Se, a despeito de não impugnar

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especificadamente um fato, for possível compreender pelo


contexto da defesa que a intenção do réu era de impugná-lo, o
fato não se presumirá ocorrido. Visa a interpretar as coisas de
modo pouco formalista. É regra que concretiza o princípio da
cooperação.

Editorial 89

Não se admite a formulação de defesa genérica. O réu não pode apresentar a


sua defesa com a negativa geral dos fatos apresentados pelo autor (art. 302 do
CPC). Cabe-lhe impugná-los especificadamente, sob pena de o fato não-
impugnado ser havido como existente. Eis o ônus da impugnação especificada.
Ao autor cabe formular sua demanda de modo claro e determinado (demanda
obscura é inepta e o pedido genérico é apenas excepcionalmente admitido);
idêntica razão impõe a regra que veda a contestação genérica. Prestigiam-se,
assim, o princípio da cooperação e, consequentemente, o princípio da boa-fé
processual.

Esse ônus não se aplica quando a defesa tiver sido apresentada por advogado
dativo, curador especial ou membro do Ministério Público (parágrafo único do
art. 302).
Essa regra precisa de uma explicação mais minuciosa.

O curador especial e o advogado dativo (art. 5º, §§ 3º e 4º, Lei n. 1060/1950)


estão dispensados de observar esse ônus ao elaborarem a defesa dos seus
representados. Isso porque são representantes que assumem suas funções em

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situação que não lhes permite, no mais das vezes, ter acesso imediato ao réu,
de quem poderia extrair as informações indispensáveis para a elaboração de
uma defesa específica. Ambos aterrissam no processo de “paraquedas”. Nestas
circunstâncias, justifica-se plenamente a não-incidência da regra de não
impugnação especificada: para que não tenham de mentir ou esforçar-se na
criação de uma “estória do réu”, autoriza-se que esses representantes
apresentem uma defesa genérica.

A menção ao Ministério Público justificava-se, pois, ao tempo da promulgação


do CPC (1973), a ele cabia, em certas situações, a defesa de pessoas em estado
de hipossuficiência, atribuição semelhante à que hoje exerce a Defensoria
Pública. O Ministério Público poderia promover a defesa do interditando, por
exemplo (art. 1.182, § 1º, CPC; art. 449 do Código Civil de 1916). O novo perfil
constitucional do Ministério Público não é mais compatível com esse tipo de
atuação: ao MP cabe a legitimidade para a defesa de interesses da
coletividade. Se, porém, em alguma situação específica, relacionada a direito
individual indisponível de incapaz (a única que se pode cogitar), o Ministério
Público promover a defesa do réu, a regra de exceção ao ônus da impugnação
especificada poderá incidir, desde que obviamente o Ministério Público não
tenha acesso ao representado, situação fática indispensável para essa
incidência. Observe-se, porém, o seguinte: a regra se refere ao Ministério
Público como representante do réu (mesma condição do curador especial e do
advogado dativo). Se o Ministério Público for réu (hipótese rara, mas
plenamente possível; pense-se na ação rescisória contra sentença proferida em
processo promovido pelo Ministério Público: ele será o réu) ou autor (no caso
da réplica), terá de observar o ônus da impugnação especificada.

O defensor público não está livre deste ônus ao elaborar a contestação da

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pessoa que representa. Só não terá esse ônus se atuar como advogado dativo
ou curador especial, que é uma função institucional da Defensoria Pública (art.
4º, VI, da Lei Complementar n. 80/1994).

Mas não se pode cometer o equívoco de que toda a atuação do defensor


público será sempre na qualidade de curador especial ou advogado dativo.
Repita-se: a incidência da regra pressupõe a dificuldade de comunicação entre
o representante judicial e o réu, que pode não existir na relação entre o
defensor público e o cidadão carente.

A Fazenda Pública submete-se ao ônus da impugna¬ção especificada (neste


sentido, STJ, 2ª T., REsp n. 635.996/SP, rel. Min. Castro Meira, j . em
06.12.2007, publicado no DJ de 17.12.2007). Não há razão para dispensas os
advogados públicos deste ônus, até mesmo por uma questão ética: ao
advogado particular cabe a tarefa de manifestar-se precisamente sobre o que
afirma a parte adversária; o advogado público, qualificado após a aprovação
em concursos públicos concorridíssimos, poderia, simplesmente, não
manifestar-se sobre as afirmações da parte adversária, sem qualquer
conseqüência... O papel do advogado na construção da decisão judicial justa
não pode ser desprezado; a incidência da regra aos advogados dos entes
públicos seria verdadeira capitis deminutio desses profissionais. Veja-se o
exemplo da ação civil pública em que um ente público é réu: nessa situação, o
interesse público está, preponderantemente, do lado ativo, não se admitindo a
negação geral, conduta que se pode reputar temerária, quando provinda de
ente público.
Fredie Didier Jr.

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1. CONCEITO

O que é a Revelia?

Revelia é a não apresentação tempestiva da contestação.

A Revelia é um fato. O fato de o sujeito réu não ter apresentado sua


defesa no prazo.

A revelia é um fato jurídico, que produz efeitos jurídicos.

Não confundir revelia (fato) com os efeitos jurídicos da revelia, que


são outra coisa.

2. EFEITOS

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2.1 Material

É o fato de presumirem-se verdadeiras as afirmações de


fato feitas pelo autor.

2.2 Prosseguir o processo sem a intimação do réu revel.

2.3 Preclusão do direito de apresentar algumas defesas.

2.4 Mediato/Indireto

É o efeito de permitir o julgamento antecipado da lide.


Só surgirá se houver presunção de veracidade. Esse efeito
depende do primeiro. Depende de que o primeiro aconteça
para que ele também aconteça.

3. REGRAS QUE PROTEGEM O RÉU REVEL


Aliviam o rigor dos efeitos da revelia. A lei dá um certo alívio, em
certas circunstâncias, ao rigor dos efeitos da revelia. São 12 regras!

3.1 A presunção de veracidade dos fatos alegados não é


um efeito automático ou necessário da revelia
É preciso que haja um mínimo de verossimilhança naquilo
que o autor afirmou.

Se o que o autor falou é absurdo, improvável, não é porque o


réu é revel que a história seja verdadeira. Ex.: o autor afirma

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que trabalhou 24hs/dia nos últimos 3 anos. Isso não será


verdadeiro.

O juiz deve verificar a verossimilhança daquilo que o autor


afirmou.

3.2 Revelia não significa derrota do réu


Não é porque o réu é revel que ele perderá. O juiz pode, por
exemplo, reputar todos os fatos como ocorridos e entender
que o autor não tem razão.

Revelia não é igual a procedência do pedido.

Art. 330. O juiz conhecerá diretamente do pedido, proferindo


sentença:

II - quando ocorrer a revelia (art. 319).

3.3 CPC 303


Autoriza que sejam deduzidas defesas depois do prazo da
contestação, mitigando os efeitos da revelia.

Art. 303. Depois da contestação, só é lícito deduzir novas


alegações quando:

I - relativas a direito superveniente;

II - competir ao juiz conhecer delas de ofício;

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III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em


qualquer tempo e juízo.

3.4 O réu revel tem o direito de intervir no processo a


qualquer momento
A partir do momento em que intervier, tem o direito de ser
intimado dos atos.

Se der tempo, pode produzir provas.

3.5 Réu revel com advogado nos autos tem o direito de


ser intimado dos atos processuais
Tem advogado nos autos, mas não apresentou defesa. É 1 réu
revel presente. Está presente nos autos, só não se defendeu.

3.6 O autor que queira alterar pedido ou causa de pedir


deverá promover nova citação

Art. 321. Ainda que ocorra revelia, o autor não poderá alterar o
pedido, ou a causa de pedir, nem demandar declaração incidente,
salvo promovendo nova citação do réu, a quem será assegurado o
direito de responder no prazo de 15 (quinze) dias.

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3.7 Querela nullitatis


Estudamos na aula sobre pressupostos processuais. É um
instrumento de proteção do réu revel. Ver na aula sobre
pressupostos.

Defeito transrescisório: sentença proferida contra réu revel não citado ou citado
invalidamente.

Querela Nullitatis: desconstitui a sentença, a qualquer tempo.

Sentença proferida contra réu revel não citado ou citado


invalidamente tem defeito gravíssimo, considerado o mais
grave defeito que uma sentença pode ter. Esse defeito é
chamado de defeito transrescisório. É tão grave que permite
a desconstituição dessa sentença, mesmo após o prazo da
ação rescisória. Pode-se desconstituir essa sentença a
qualquer tempo. O instrumento para tal é a “querela
nullitatis”. Em ambas as situações (réu não citado ou citado
invalidamente), este é o instrumento para sua
desconstituição.

3.8 Réu revel citado por edital ou por hora certa tem
direito a curador especial

Art. 9o O juiz dará curador especial:

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II - ao réu preso, bem como ao revel citado por edital ou


com hora certa. (citação ficta)

Defesa por negativa geral:

Art. 302, Parágrafo único. Esta regra, quanto ao ônus da


impugnação especificada dos fatos, não se aplica ao
advogado dativo, ao curador especial e ao órgão do
Ministério Público.

O curador especial fará a defesa do réu, impedindo que essa


revelia produza qualquer efeito.

3.9 O assistente simples pode contestar pelo assistido


revel
É uma regra de proteção do revel.

Art. 52, Parágrafo único. Sendo revel o assistido, o assistente será


considerado seu gestor de negócios.

3.10 Não se reputam verdadeiros os fatos se, havendo


pluralidade de réus, algum deles contestar a ação.

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Art. 320. A revelia não induz, contudo, o efeito mencionado no artigo


antecedente:

I - se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;

Se houver litisconsórcio passivo e um dos litisconsortes não


contestar, a contestação de um dos litisconsortes impede a
presunção de veracidade do outro que foi revel.

Isso só se aplica a fatos comuns a ambos os litisconsortes.

Aplica-se sempre ao litisconsórcio unitário e, ao litisconsórcio


simples, naquilo que é comum a ambos os litisconsortes.

3.11 Não se reputam verdadeiros os fatos se o litígio


versar sobre direitos indisponíveis

Art. 320. A revelia não induz, contudo, o efeito mencionado no artigo


antecedente:

II - se o litígio versar sobre direitos indisponíveis;

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3.12 Não se reputam verdadeiros os fatos se a petição


inicial não estiver acompanhada de instrumento
público considerado indispensável à prova do ato,
pela lei.

Art. 320. A revelia não induz, contudo, o efeito mencionado no artigo


antecedente:

III - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público,


que a lei considere indispensável à prova do ato. – ATO SOLENE

O incisos II e III são os mesmos casos da impugnação não


especificada. Ver logo acima.

O artigo 303 permite que o réu formule várias defesas, mesmo após
a contestação

Art. 303. Depois da contestação, só é lícito deduzir novas alegações


quando:

I - relativas a direito superveniente;

II - competir ao juiz conhecer delas de ofício;

III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer


tempo e juízo.

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Permite que algumas defesas sejam suscitadas mesmo após o prazo


de defesa.

EXCEÇÕES INSTRUMENTAIS

São alegações que devem ser formuladas e processadas


separadamente.

Vão receber autos próprios e terão processamento próprio.

São instrumentais porque são defesas que se formulam


separadamente. Recebem autos separadamente.

Vamos separá-las em 2 grupos:

1. Incompetência Relativa
Exclusivamente resposta do réu.

2. Impedimento/Suspeição
O CPC as coloca como respostas do réu.

Porém, não serão necessariamente opostas pelo réu.

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Pelo CPC, as Exceções Instrumentais suspendem o processo até


que sejam decididas.

Tem 1 exceção aí. Exceção de impedimento/suspeição de membro


do MP ou de Auxiliar da Justiça não suspendem o processo.

Art. 138, § 1o A parte interessada deverá argüir o impedimento ou a


suspeição, em petição fundamentada e devidamente instruída, na
primeira oportunidade em que Ihe couber falar nos autos;

Excipiente Excepto/Exceto

Incompetência Relativa Réu Autor

Impedimento/Suspeição Autor / Réu Não é a outra parte.

Pode ser o

Juiz/Tribunal,

Promotor ou

Auxiliar da Justiça

(Perito, Escrivão...)

Será sempre julgada pelo juiz da causa. O juiz da causa é que


julgará a exceção de incompetência relativa. Será uma decisão
interlocutória, impugnável por agravo de instrumento.

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O problema é quando se alega que a maioria absoluta ou todo o


Tribunal é suspeito. Surge logo a pergunta: quem é que vai julgar essa
suspeição, já que acusei todo o Tribunal ou sua maioria absoluta?

STF. É de sua competência julgar a Exceção de


Impedimento/Suspeição contra maioria absoluta de QUALQUER
Tribunal.

Se o STF entender que o Tribunal é suspeito, quem vai julgar a


causa é o próprio STF. Art. 102, I, n, CF

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da


Constituição, cabendo-lhe:

I - processar e julgar, originariamente:

n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou


indiretamente interessados, e aquela em que mais da metade dos membros do
tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente
interessados;

*Se o réu opor uma exceção de incompetência absoluta, o


juiz deve recebê-la como contestação, pois a incompetência
absoluta é matéria de contestação.

O sujeito tem 15 dias para opor as exceções Instrumentais, 15 dias


após o fato que gerou a incompetência/Suspeição. O problema é que esta
regra é cheia de exceções!!!

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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1. A INCOMPETÊNCIA RELATIVA SÓ PODE SER


OPOSTA NOS PRIMEIROS 15 DIAS.

Não há como cogitar a possibilidade de uma incompetência relativa


superveniente.

A incompetência relativa é sempre originária. É sempre nos


primeiros 15 dias que o réu vai se manifestar.

Impedimento e Suspeição podem surgir no curso do processo. Ex.: o


juiz se apaixonou por uma das partes num processo de Fredie.

Fazenda Pública tem prazo em quádruplo para se defender. E terá


também para opor exceção? Se a exceção tiver que ser oposta no
primeiro momento que cabe a ela falar nos autos, prazo em
quádruplo também. Se a suspeição acontece durante o processo e o
poder público quer se valer das exceções, o prazo é normal, não terá
prazo em quádruplo.

2. ESTE PRAZO DE 15 DIAS NÃO SERVE PARA NADA EM


RELAÇÃO AO IMPEDIMENTO. A alegação de impedimento não
se sujeita a prazo.

3. EM RELAÇÃO À SUSPEIÇÃO, ESTE PRAZO SÓ VALE PARA AS


PARTES. As partes que não entrarem com a Exceção de Suspeição
perdem o direito de entrar, realmente preclui. Só que o juiz pode se
declarar suspeito a qualquer tempo.

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373
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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4. Se for contra juiz ou Tribunal, será sempre um acórdão de tribunal,


impugnável por Recurso Especial ou Recurso Extraordinário,
conforme o caso. Reconhecida a suspeição do juiz, ele é condenado a
pagar as custas.

Há 4 pequenas questões que precisamos examinar:

1. Reconhecida a Suspeição ou Impedimento, as decisões proferidas


pelo juiz parcial são nulas.

2. Não se exige poder especial para argüir suspeição, embora isso seja
recomendável, por ética da advocacia.

3. O CPC autoriza que o réu ofereça exceção de incompetência em seu


domicílio. Imagine que ele esteja sendo processado em Manaus e
quer alegar incompetência relativa do Juízo de Manaus. Ele, que mora
em Salvador, pode entrar com a exceção de incompetência em
Salvador, assim como com a contestação, pedindo a remessa de
ambos a Manaus. Ser réu é inevitável.

4. A decisão de suspeição em um processo vale para outros processos?


Sim. Não tem sentido que não valha. Assim, a decisão de suspeição
em um processo vale para outro.
*O sujeito pode entrar com a exceção instrumental antes de contestar.
Pelo fato de suspender o processo, uma vez decidida a exceção, a
parte é intimada, que terá o restante dos dias faltantes para contestar.
Nada obstante, na prática entra com tudo junto (contestação e
exceção).

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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É uma DEMANDA do Réu contra o Autor no mesmo processo em


que o réu está sendo demandado.

Reconvenção não é defesa, é Ação, Demanda! Reconvenção é


resposta do réu, mas não é defesa do réu.

Reconvenção não dá origem a processo novo. Ela agrega ao


processo um pedido novo. É pedido novo em processo que já existe. É
demanda nova em processo que já existe. Tanto é assim que se o juiz
indeferir a petição inicial da reconvenção, trata-se de uma decisão
interlocutória impugnável por agravo de instrumento.

O CPC diz que se o réu quiser reconvir, ele deve fazê-lo no prazo
de defesa. E deve fazê-lo simultaneamente com a contestação. Se o réu
quer reconvir e contestar, ele deve fazer isso ao mesmo tempo. Não pode
reconvir num dia e contestar em outro. Se quiser reconvir e contestar,
deve fazê-lo no mesmo tempo, sob pena de preclusão consumativa. Isso
não quer dizer que o réu é obrigado a reconvir. Ele não é obrigado, faz se
quiser. Mas se quiser fazer as 2 coisas, deve fazê-lo ao mesmo tempo.
Pode apenas reconvir e não contestar.

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375
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Se o réu reconveio, há confissão ficta? Depende, porque nessa


reconvenção ele pode ter impugnado uma série de fatos trazidos pelo
autor. Se ele não impugnar, haverá presunção em relação àquilo não
impugnado. Se impugnar, não há preclusão sobre o que for impugnado.

Se a Fazenda Pública quiser reconvir, prazo em quádruplo.

Reconvenção e ação serão julgadas na mesma sentença e o recurso


contra esta sentença será um só. A sentença terá dois capítulos.

Ação e Reconvenção são independentes entre si. Se um motivo


impedir o julgamento da ação ou da Reconvenção, julga-se a outra,
independentemente. Se ambas têm que ser julgadas, serão julgadas na
mesma sentença.

Apresentada a Reconvenção, o autor será intimado para contestar a


reconvenção. A diferença é que essa intimação para contestar será feita
na pessoa do advogado do autor e o autor, se quiser e for o caso, poderá
apresentar reconvenção da reconvenção. O autor pode reconvir também,

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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porque, na reconvenção, é um demandado. Então, poderá reconvir da


reconvenção. Não há problema teórico.

O autor pode ser revel na reconvenção, só que aí, ele vai ser um
revel presente - é um revel que está nos autos -, tem que ser intimado
dos atos processuais.

Ambos têm a mesma natureza: demanda do réu contra o autor no


mesmo processo. Agrega-se um pedido novo ao processo.

Qual a diferença entre ambos? É uma diferença formal.

A tem duas características formais marcantes:

FORMULADA EM PEÇA DISTINTA da


CONTESTAÇÃO

Na prática, essa formalidade costuma ser relativizada. Os juízes


costumam ser tolerantes e admitem ser apresentada na mesma peça, se o
advogado errar.

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A RECONVENÇÃO É MUITO AMPLA

Posso formular qualquer tipo de pedido.

O CPC diz que para que eu reconvenha basta que a reconvenção


seja conexa com a ação principal ou com os fundamentos de defesa.

Se a reconvenção tem algo a ver com a ação principal ou com os


fundamentos de defesa, posso reconvir.

O é formulado na mesma peça de


contestação e é muito restrito, é simplificado, é sempre limitado pela lei,
a lei limita muito, ela fecha.

Nos Juizados Especiais admite-se pedido contraposto, mas proíbe-


se reconvenção: só se admite pedido contraposto porque é limitado, fica
restrito aos limites da causa.

No Procedimento Sumário não se admite reconvenção, mas se


admite pedido contraposto, porque é mais restrito, aos fatos da causa.

Distinguem-se na forma.

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Regra: a reconvenção tem que ser dirigida ao autor, o réu reconvém ao


autor. Regra é que a Reconvenção traz pedido novo, mas não traz pedido
novo porque é dirigida ao autor. Sucede que é possível conceber
Reconvenção que traga ao processo um 3º, desde que em litisconsórcio
com o autor.

No procedimento ordinário, cabe sempre, qualquer que tenha sido


o pedido do autor.

Nos procedimentos especiais é que há dúvida sobre se cabe


reconvenção.

EXISTE UMA REGRA.

Todo procedimento especial que se transforme em ordinário com a


defesa, permite a Reconvenção. Cabe em outros casos, mas aqui vão dois
exemplos: Ação Monitória (STJ 292) e Ações Possessórias.

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SÚMULA: 292

A reconvenção é cabível na ação monitória, após a conversão do


procedimento em ordinário.

As Possessórias também admitem pedido contraposto, que é o


pedido contraposto de indenização.

Além disso, e lembre-se disso (!), as possessórias são


materialmente dúplices em relação à proteção possessória.

Posso reconvir na Possessória para pedir o que quiser, menos


proteção possessória e indenização, porque isto o réu obtém com sua
defesa. Se ele quer pedir qualquer outra coisa, aí pede com reconvenção.

Para reconvir, o réu precisa respeitar as regras de competência. Só


vai caber a reconvenção se o juízo for competente para ela. Não posso
reconvir formulando demanda para a qual o juízo da causa não é
competente.

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REGRA: não há interesse na Reconvenção quando se pleitear algo


que, pela Contestação, poderia-se obter. Isso que estou pedindo na
Reconvenção posso obter pela Contestação?

Exemplos:

1 - Ver o caso das possessórias logo atrás. Exemplifica bem isso.

2- Ação declaratória de existência de relação.

Não, porque basta ele se defender que pode obter o


reconhecimento da inexistência.

Isso foi questão objetiva do MPF!!

Isso não quer dizer que não se admite reconvenção em ação


declaratória. Cabe reconvenção em ação declaratória. O que não cabe é

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reconvir para pedir a declaração contrária – isso não cabe por falta de
interesse.

STF, Súmula nº 258

É admissível reconvenção em ação declaratória.

Lembrem-se das Exceções Substanciais.

Elas são contra-direitos. Mesmo assim, devem ser alegadas em


defesa, não em reconvenção.

Ex: o réu que alegar compensação – vai fazê-lo na contestação. Não


vai reconvir para alegar compensação. Ele pode reconvir para pedir,
pleitear eventual diferença que resulta da compensação. Se na
compensação sobra crédito para o réu, poderá cobrá-lo pela
reconvenção. Ele não pode pleitear pela reconvenção a compensação,
mas poderá cobrar o crédito dela decorrente.

O réu não precisa reconvir para obter aquilo que sua simples
defesa já lhe propicia.

É o que se chama de ação dúplice em sentido material.

Ações processualmente dúplices permitem pedido


contraposto.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Assunto com duas partes. Uma depende da outra.

Após a resposta do réu, começa uma fase do processo em que se


concentra a prática de atos de saneamento do processo: fase de
saneamento/ordenamento do processo. Isso não significa que o
saneamento ocorra apenas neste momento, ocorre em vários momentos.
Acontece que o legislador previu uma fase só para ordenar o processo,
em que a concentração da prática desses atos é muito intensa.

1.

O juiz tomará providências que permitam, preparem o


processo para que nele seja proferida uma decisão. Preparando,

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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ordenando, saneando o processo para que nele seja proferida a decisão.


São as providências preliminares ao julgamento do processo, para que se
profira o julgamento conforme o estado do processo.

O julgamento conforme o estado do processo é a decisão a ser


tomada após as providências preliminares. É impossível fazer uma
listagem exaustiva das providências preliminares e pouco útil, porque as
providências preliminares são todas as indispensáveis para que o juiz
profira a decisão.

se o réu contesta e a defesa é indireta, a providência a ser tomada é


a réplica do autor (defesa indireta gera réplica);

– o réu fez denunciação da lide – a providência preliminar é citar o


denunciado.

– o réu alegou um defeito processual – qual será a providência


preliminar? Mandar corrigir esse defeito.

– o réu é revel citado por edital – tem que nomear curador especial,
que fará a defesa do réu. É revel, mas terá defesa, porque é citado
por edital.

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São várias providências, que variarão conforme a resposta


do réu.

Uma das providências preliminares, porém, merece


tratamento em separado:

A decisão tem dois momentos:

 Primeiro analisa as questões incidentes;


 Depois analisa a questão principal.

A questão principal é decidida no dispositivo de uma decisão. E a


solução da questão principal pode tornar-se indiscutível pela coisa
julgada material. A recai sobre o da
decisão, que trata da .

As são decididas na da
decisão e, por isso,

Há questões que são examinadas como fundamento e outras que


são postas no processo como questão principal. Tudo depende da forma
como a questão vem ao processo.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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- Simples fundamento.
Examinar a questão “incidenter tantum” é examiná-la como
simples fundamento.

– Examinar a questão como


“principaliter tantum” é examiná-la como questão principal. A solução
dela faz coisa julgada.

Em um processo a questão pode ser principal e, em outro,


incidente. Depende de como ela foi trazida ao processo.

Ex.: controle difuso – a inconstitucionalidade da lei é


examinada como questão incidente. Não faz coisa julgada, porque não
é a questão principal. Qualquer juiz pode examinar a
inconstitucionalidade “incidenter tantum”.

No controle concentrado, a inconstitucionalidade da lei é


examinada como questão principal. Faz coisa julgada, porque é a
questão principal. Apenas o STF pode examinar a inconstitucionalidade
“pricipaliter tantum”.

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Aprender a distinguir uma questão preliminar de uma


questão prejudicial.

Ambas fazem parte do mesmo gênero das QUESTÕES PRÉVIAS


– têm que ser examinadas antes das outras.

Questão Preliminar é aquela cuja solução determinará se a questão


seguinte será ou não examinada. Não superada, nem se examina a
questão seguinte. Funciona como uma barreira: se você não a supera,
não vai adiante.

Sua solução vai determinar se a outra questão será examinada.


Tenho que enfrentar a questão preliminar para verificar se examinarei
ou não a questão seguinte. O exame para a questão seguinte passa pelo
prévio exame da questão preliminar e pouco importa como será o
exame da questão seguinte.

A outra espécie de questão prévia é a questão prejudicial.

QUESTÃO PREJUDICIAL: também tem que ser examinada antes


de outra, mas a sua solução determinará como a questão seguinte será
decidida. A questão prejudicial diz como se examinará a questão
seguinte. A questão prejudicial dá um direcionamento, diz o caminho a
seguir.

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Ex.: filiação é uma questão prejudicial aos alimentos, porque,


se não for filho, não tem direito aos alimentos.

A prejudicial pode se apresentar no processo ora como questão


incidente, ora como questão principal:

É posta como mero fundamento do pedido. Como questão


incidente que é, sua análise não fará coisa julgada.

O problema é que às vezes, a prejudicial pode entrar no processo como


questão principal, quando será apta à coisa julgada material.

A questão prejudicial já é principal desde o início, desde a petição


inicial.

Ou pode vir por meio de ADI.

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Quando a questão prejudicial tiver sido posta como questão


incidente e o réu nega a prejudicial, o autor será intimado desta
manifestação do réu e poderá, em 10 dias, entrar com Ação Declaratória
Incidental, que tem por objetivo transformar a análise da questão
prejudicial de incidenter tantum para principaliter tantum.

Ação Declaratória Incidental:

Art. 325. Contestando o réu o direito que constitui fundamento do pedido, o autor
poderá requerer, no prazo de 10 (dez) dias, que sobre ele o juiz profira sentença
incidente, se da declaração da existência ou da inexistência do direito depender, no
todo ou em parte, o julgamento da lide (art. 5o).

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Porque o réu já tem à sua disposição a reconvenção, que é muito


mais ampla do que a ADI.

O réu pode propor a ADI como reconvenção; basta que proponha


ação declaratória.

O CPC fala no autor, porque pela ADI o autor formula um novo


pedido, acrescenta um pedido que não tinha feito.

Art. 469. Não fazem coisa julgada:

I - os motivos, ainda que importantes para determinar o


alcance da parte dispositiva da sentença;

Il - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da


sentença;

III - a apreciação da questão prejudicial, decidida


incidentemente no processo.

Art. 470. Faz, todavia, coisa julgada a resolução da questão


prejudicial, se a parte o requerer (arts. 5o e 325), o juiz for
competente em razão da matéria e constituir pressuposto
necessário para o julgamento da lide.

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Para se fazer coisa julgada, é necessário que a questão seja


principal. Fará também coisa julgada material na Ação Declaratória
Incidental.

2.

É a decisão que o juiz pode tomar após a fase de saneamento, após a


fase de providências preliminares.

O julgamento conforme o estado do processo pode assumir sete


feições.

Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de


mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)

I - quando o juiz indeferir a petição inicial;

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IV - quando se verificar a ausência de pressupostos de


constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo;

V - quando o juiz acolher a alegação de perempção,


litispendência ou de coisa julgada;

Vl - quando não concorrer qualquer das condições da ação,


como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o
interesse processual;

Vll - pela convenção de arbitragem; (Redação dada pela Lei nº


9.307, de 23.9.1996)

Não há mais vontade no seu prosseguimento. Não há mais o desejo


de que ele prossiga. Não há mais interesse das partes no julgamento da
causa.

Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de


mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)

Il - quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por


negligência das partes;

III - quando, por não promover os atos e diligências que Ihe


competir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta)
dias;

Vlll - quando o autor desistir da ação;

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Se o autor morre e o direito em jogo não se transmite, não há mais o


que fazer, o processo tem que ser extinto. Quando o autor morre e o
direito não é transmissível, o processo se extingue sem julgamento de
mérito.

Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de


mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)

X - quando ocorrer confusão entre autor e réu;

.:

É hipótese de extinção do processo sem resolução do mérito.

Existe confusão quando o mesmo sujeito reúne as situações de


credor e devedor.

A confusão é hipótese de extinção das obrigações (CC 381ss)

Pagamento, compensação, novação, bem como a CONFUSÃO,


extinguem o processo.

Se o juiz acolhe a alegação de pagamento, compensação, novação,


extingue o processo com exame de mérito.

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Isso não tem nenhum sentido. Há um erro claro do legislador.


Reconhecida a confusão, o processo se extingue com exame de mérito,
porque ela se equipara à extinção por pagamento, compensação,
novação. É 1 erro histórico do CPC.

Na prova objetiva, marcar a letra da lei.

Atenção para o sujeito que lhe pergunte sobre isso. Compreender


para poder explicar.

Art. 268. Salvo o disposto no art. 267, V, a extinção do processo não


obsta a que o autor intente de novo a ação. A petição inicial, todavia, não
será despachada sem a prova do pagamento ou do depósito das custas e
dos honorários de advogado.

Art. 267, V - quando o juiz acolher a alegação de perempção,


litispendência ou de coisa julgada;

PEREMPÇÃO:

Parágrafo único. Se o autor der causa, por 3 vezes, à extinção do


processo pelo fundamento previsto no no III do artigo anterior, não poderá

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intentar nova ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe


ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito.

Art. 267, III - quando, por não promover os atos e diligências que Ihe

competir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;

O art. 268 diz que a extinção do processo sem exame do mérito não
impede a repropositura da demanda, o que significa que, extinto o
processo sem exame do mérito, nada impede que o autor volte a propor
a mesma demanda em juízo.

Exceção: Nos casos de extinção como base no inciso V, não é


permitido ao autor repropor a demanda.

Art. 267, V - quando o juiz acolher a alegação de perempção,


litispendência ou de coisa julgada;

Portanto, quando o juiz colher a alegação de perempção,


litispendência ou de coisa julgada, é proibido o autor de repropor a
demanda.

Não há necessidade que se alegue a perempção, litispendência e


coisa julgada; o juiz pode conhecer de ofício.

:
o sujeito vai a juízo e abandona a causa;
o sujeito vai a juízo e abandona a causa;
o sujeito vai a juízo e abandona a causa.

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abandonos consecutivos da causa impedem que o autor proponha


a ação uma 4ª vez. Reputa-se a conduta abusiva.

: O inciso é cinco, não é quinto. O que é quinto é o artigo. Cuidar


com a nomenclatura.

Por conta dessa extravagância, há quem defenda o cabimento de


ação rescisória desta sentença sem exame de mérito, porque é uma
sentença sem exame de mérito que impede a repropositura, e se
assemelha a decisão de mérito. Doutrina sobre isso já tem muita. Não há
no STJ jurisprudência sobre o assunto. Na verdade, tem-se posicionado
contra. Tem se posicionado contra essa tentativa. A enxurrada
doutrinária muda a jurisprudência.

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Já vimos confusão, extinção por morte do autor e o inciso v.

O STJ diz que a referência ao inciso V é meramente


exemplificativa, não exaustiva. O STJ quis dizer que há outras hipóteses
sem exame do mérito que impedem a repropositura. O STJ se valeu de
um humor negro. Sobre o inciso IX também tem o mesmo
entendimento.

Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de


mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)

IX - quando a ação for considerada intransmissível por


disposição legal;

O STJ diz que se o processo é extinto por ilegitimidade, é extinto


com base no inciso VI. Você não pode voltar a juízo contra a mesma
pessoa. Você não pode repetir o erro. Isso que diz o STJ é correto e a
doutrina concorda. Tem que voltar a juízo com correção do erro.

Embora o CPC faça distinção só no inciso V, em todos os casos de


extinção por invalidade (invalidade do processo: I, IV, V, VI e VII),
você não pode repetir a demanda, tendo de corrigir o defeito para voltar
a juízo.

A doutrina diverge em como chamar o fenômeno esquisito.


Decisão de mérito, coisa julgada processual (a questão processual se
torna indiscutível – não há coisa julgada do mérito, porque não foi
analisado). Posso até levar a análise do pedido novamente, mas

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397
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corrigindo o erro anterior. Assim, alguns defendem que cabe Ação


Rescisória, assim como no inciso V.

Em suma, rigorosamente, só nos casos de revogação é que se pode


voltar a juízo igualmente, da mesma forma que se foi, sem nenhuma
diferença.

Daí a importância em dividir o estudo nessas três hipóteses.

Só não vimos as hipóteses de extinção do processo sem julgamento


do mérito por revogação.

Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: (Redação dada


pela Lei nº 11.232, de 2005)

Vlll - quando o autor desistir da ação;

Desistir do processo é abdicar do andamento do processo. Você


não abre mão do direito material discutido. Não significa renunciar ao
direito, mas apenas abdicar do processo. Por isso que se trata de
extinção sem exame de mérito. Você não renuncia ao pedido.

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A desistência pode ser parcial. Nada impede que o autor desista


apenas de parte do processo.

Para o advogado decidir, deve ter poder especial. A desistência


exige poder especial para o advogado.

A desistência só produz efeitos após a homologação pelo juiz. Art.


158, § único.

Art. 158, Parágrafo único. A desistência da ação só produzirá efeito depois


de homologada por sentença.

Se o réu já apresentou resposta, a desistência depende do


consentimento dele.

Art. 267, § 4o Depois de decorrido o prazo para a resposta, o autor não


poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação.

A interpretação que se dá é “depois de decorrido o prazo para a


resposta com a resposta”. Só há necessidade de consentimento se ele
respondeu; se é revel, não há necessidade de consentimento.

Não usar expressão “pedir a desistência”. O autor pede a


homologação da desistência. O autor comunica a desistência e pede sua
homologação.

A desistência só pode ocorrer até a sentença. Proferida a sentença,


o autor não pode mais desistir.

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Em ações coletivas, a desistência não gera extinção do processo;


gera sucessão processual. O juiz determina que outro autor, outro
legitimado para a ação coletiva conduza a causa.

E ainda tem uma pegadinha concursal, sobre desistência. Art. 3º,


Lei 9.469/97.

Art. 3º As autoridades indicadas no caput do art. 1º poderão concordar


com pedido de desistência da ação, nas causas de quaisquer valores desde
que o autor renuncie expressamente ao direito sobre que se funda a ação
(art. 269, inciso V, do Código de Processo Civil).

Parágrafo único. Quando a desistência de que trata este artigo decorrer de


prévio requerimento do autor dirigido à administração pública federal para
apreciação de pedido administrativo com o mesmo objeto da ação, esta
não poderá negar o seu deferimento exclusivamente em razão da renúncia
prevista no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)

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400
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
Prof. Fredie Didier

Norma específica da AGU. Esta é uma lei importantíssima para


concurso da AGU, é uma das que regem a atuação dos Advogados
Federais.

Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: (Redação dada pela Lei
nº 11.232, de 2005)

Il - quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;

Extingue-se o processo se este ficar parado por negligência das


partes. Antes de extinguir o processo com base no inciso II, o juiz tem
que promover uma intimação pessoal das partes, para que em 48hs dêem
andamento ao processo. Isso é fundamental.

É preciso que se trate de um ato do qual o processo depende para


andar. Se as partes não o fizerem, o processo não andará. Fredie nunca
viu isso: processo parado por culpa de ambas as partes, por mais de um
ano. Isso é conto de fadas!

Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: (Redação


dada pela Lei nº 11.232, de 2005)

III - quando, por não promover os atos e diligências que Ihe competir, o

autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;

Abando do processo pelo autor. Acontece muito. Refere-se apenas


ao autor, e corretamente.

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401
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
Prof. Fredie Didier

: também deve ser precedida de intimação


pessoal ao autor para, em 48hs, dar andamento. A mesma coisa do que
ocorre acima.

: é preciso que seja um ato sem o qual o


processo não ande. Ao autor cabe fazer ato indispensável para o
andamento do processo. Ex.: se o autor não paga a perícia, o juiz pode
extinguir. Julga contra o autor. O ônus da prova é dele. A perícia é
importante para que o pedido seja acolhido, não para o processo andar.
Se o réu já tiver apresentado resposta, a extinção com base no inciso III
depende do consentimento dele.

Súmula: 240

A extinção do processo, por abandono da causa pelo autor,


depende de requerimento do réu [obviamente, se o réu já estiver nos
autos].

É essa extinção que, se for reiterada, gera perempção.

Nas causas coletivas, o abando gera sucessão processual e não


sucessão no processo.

O abandono é tácito; a desistência, expressa. O abandono não exige


poder especial; a desistência exige. Abandono é ato-fato.

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402
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
Prof. Fredie Didier

§ 1o O juiz ordenará, nos casos dos ns. II e Ill, o arquivamento dos


autos, declarando a extinção do processo, se a parte, intimada
pessoalmente, não suprir a falta em 48 (quarenta e oito) horas.

Il - quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por


negligência das partes;

III - quando, por não promover os atos e diligências que Ihe


competir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;

§ 2o No caso do parágrafo anterior, quanto ao no II, as partes


pagarão proporcionalmente as custas e, quanto ao no III, o autor será
condenado ao pagamento das despesas e honorários de advogado
(art. 28).

Il - quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por


negligência das partes;

III - quando, por não promover os atos e diligências que Ihe


competir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;

§ 3o O juiz conhecerá de ofício, em qualquer tempo e grau de


jurisdição, enquanto não proferida a sentença de mérito, da matéria
constante dos ns. IV, V e Vl; todavia, o réu que a não alegar, na
primeira oportunidade em que Ihe caiba falar nos autos, responderá
pelas custas de retardamento.

IV - quando se verificar a ausência de pressupostos de


constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo;

V - quando o juiz acolher a alegação de perempção,


litispendência ou de coisa julgada;

Vl - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como


a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse
processual;

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403
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
Prof. Fredie Didier

Já vimos.

O juiz pode extinguir por prescrição ou decadência após o


exame das preliminares.

O juiz não precisará resolver o conflito, porque as partes o


fizeram por auto-composição.

Auto-composição está prevista no Art. 269, II, III e V.


Art. 269. Haverá resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de
2005)

II - quando o réu reconhecer a procedência do pedido;

III - quando as partes transigirem;

V - quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação.

AUTO-COMPOSIÇÃO é um negócio que o juiz homologa,


resolvendo o processo com exame do mérito. Para isso, o advogado tem
que ter poder especial.

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404
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
Prof. Fredie Didier

Pode se dar em qualquer momento do processo, mesmo após a


coisa julgada. Pode haver auto-composição nos tribunais, não há
nenhum problema.

Não depende de homologação do juiz, salvo se no acordo houver


uma cláusula nesse sentido. A homologação do juiz só serve para
extinguir o processo com julgamento do mérito. As partes podem trazer
para a auto-composição outras lides que não somente a que está sendo
discutida. Podem trazer outras dívidas não constantes no processo.
Podem trazer ao processo objeto estranho a ele. Resolver todos os
problemas com aquela pessoa. Nada impede que ela seja parcial.

Ela se dá pelo reconhecimento da procedência do pedido. Isso é


auto composição. O réu reconhece que o autor tem razão. 269, II.

A auto-composição pode ocorrer por transação.

Art. 269, III – No inciso III, há também auto-composição pela


Transação

Cada parte cede um pouco.

No inciso V, há também auto-composição pela Renúncia.

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405
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Se não couber nenhuma das 3 opções (2.1, 2.2 ou 2.3), o juiz vai
verificar se pode julgar imediatamente. Se puder julgar imediatamente, é
porque o caso pode ser julgado apenas com base em prova documental.

Quando isso acontece, surge a 4ª variação conforme o


estado do processo:

É um julgamento proferido logo após as providências preliminares


em que o juiz dispensa a produção de provas em audiência. Previsto no
artigo 330, CPC.
Art. 330. O juiz conhecerá diretamente do pedido, proferindo sentença

I - quando a questão de mérito for unicamente de direito, ou, sendo de direito e de fato,
não houver necessidade de produzir prova em audiência;

II - quando ocorrer (os efeitos da) a revelia (art. 319).

O juiz pode julgar o pedido procedente ou improcedente, com base


unicamente na prova documental. É uma técnica de abreviação do
procedimento, porque o juiz dispensa a audiência.

Não é quando ocorrer a revelia, é quando ocorrer o efeito material


da revelia: quando ocorrer a presunção de veracidade dos fatos
afirmados, cabe julgamento antecipado da lide. É preciso que a revelia
tenha produzido a presunção de veracidade dos fatos afirmados.

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406
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Se o juiz decidir julgar o processo conforme o estado do processo, a


decisão é perigosa, porque tolhe a produção de provas, o que pode gerar
eventual nulidade. O juiz tem que ter um cuidado: advertir as partes de
que vai julgar antecipadamente a lide, porque, uma vez advertida, se a
parte não impugnar, dizendo que quer produzir prova, preclui, e depois
não poderá alegar cerceamento de defesa.

O juiz não pode julgar improcedente por falta de provas. Ele


pode até julgar improcedente, mas não por falta de provas. Ele vai ter
que dizer “é improcedente porque você não tem direito”. Se ele julga
antecipadamente, é porque aquelas provas são bastantes. Seria um
comportamento abusivo do juízo julgar por falta de provas.

Se a causa precisa de outras provas, ele vai ter que julgar e precisa
de mais provas, abrem-se, para ele, dois caminhos.

MARCAR AUDIÊNCIA PRELIMINAR:

O juiz fará 3 coisas:

1. O juiz vai tentar conciliar as partes. Se as partes


não comparecerem, não há acordo. Se
conciliarem, acaba o processo.

2. Frustrada a conciliação, o juiz fixará os pontos


controvertidos da causa. Ele vai arrumar o
processo, vai preparar o processo para audiência.

3. Organiza a atividade instrutória

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407
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Marcar a audiência de instrução, escolher perito,


autorizar ou não testemunha, marcar
depoimento pessoal. É um possível julgamento
conforme o estado do processo.

DESPACHO SANEADOR

Ocorre nos casos em que o juiz não parte para a audiência


preliminar, mas para a audiência de instrução e julgamento. ... Tendo
em vista tudo isso, fixo os pontos controvertidos e organizo a atividade
instrutória.

O despacho saneador não é um despacho, é uma decisão. E ele não


é saneador porque declara saneado. O processo foi saneado pelas
providências preliminares. Vai declarar tudo isso e vai organizar a
atividade instrutória. O despacho saneador tem 2 partes: declaratória e
constitutiva.

Quando não cabe audiência preliminar, cabe despacho saneador.

1 – Quando a auto-composição não for possível. Ex.: a lei veda a


conciliação em improbidade administrativa.

2 – Quando a conciliação for improvável.

3 – Impossibilidade da auto-composição ou improbabilidade da


conciliação.

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408
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Pode acontecer de apenas um pedido estar prescrito, de


ter acordo em relação a um pedido.

Pode acontecer de o juiz ter de proferir uma dessas decisões apenas


sobre uma parte do processo.

Nesses casos, o processo não se extingue, porque irá prosseguir em


relação à outra parte. A decisão parcial tem essa característica: não gera a
extinção do processo. Ela pode ser uma decisão de mérito, parcial, mas
de mérito. Pode ser um julgamento antecipado parcial, o julgamento só
de um pedido. Pode ser uma auto-composição parcial, uma prescrição
parcial, uma decadência parcial.

Decisão de mérito não extingue sempre o processo. Essa decisão


gerará decisão definitiva. Poderá ser objeto de ação rescisória. É uma
decisão definitiva e, quanto a isso, não há discussão. Pode haver decisão
de mérito parcial.

Discute-se isso devido ao nome que deve-se dar à decisão.

Doutrina majoritária: trata-se de decisão interlocutória de


mérito definitiva. Por ser decisão interlocutória, é impugnável
por agravo de instrumento. É a posição consagrada, inclusive,
no projeto do novo CPC.

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409
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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A outra parcela da doutrina entende que seria uma “sentença


parcial”. E o nome é “sentença parcial”, uma decisão que
resolve parte do processo.

Esta parcela da doutrina se divide em três facções:

1 – é sentença parcial agravável (posição majoritária


entre a doutrina minoritária)

2 – decisão apelável

3 – cabe apelação por instrumento (não previsto no


CPC, ninguém sabe como seria...)

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410
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
Prof. Fredie Didier

Tudo de que se pode extrair prova.

Só há 3 fontes de prova.

PESSOAS

COISAS

FENÔMENOS: barulho, fedor, maré, luar, hematoma, lesão.


Naturais, físicos, químicos.

Modo pelo qual se extrai prova de uma fonte para colocá-la no


processo. Extrai-se prova de uma fonte e coloca-se no processo. Meios de
extração da prova da fonte e colocá-la no processo.

Ex.: balde de água – tira-se água da fonte e a leva.

Depoimento, Perícia.

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411
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
Prof. Fredie Didier

A testemunha é uma fonte de prova. O testemunho é um meio de


prova. Colocar essa graça na prova!

Vigora, entre nós, a liberdade dos meios de prova. Significa que a


parte pode produzir prova por qualquer meio. Admitem-se as chamadas
provas atípicas (é um meio de prova atípico, não previsto em lei, mas
admitido pelo 332 do CPC, que consagra a atipicidade dos meios de
prova.

Ex.: prova emprestada. Não está regulada em lugar algum, mas é


admitida. Prova emprestada é a importação de uma prova produzida em
outro processo.

Ex.: Reconstituição do Ilícito. Meio atípico para o PC, e é possível.

Mas é preciso que haja um limite a isso. A liberdade dos meios de


prova tem limite na proibição da prova ilícita. Não se admite prova que
tenha sido produzida com violação a qualquer norma jurídica. A
proibição de prova ilícita é conteúdo do devido processo legal. Tudo
bem que se busca a verdade no processo, mas há um limite ético. Não se
admitem as provas ilícitas. Tudo o que foi visto em PP sobre prova
ilícita, vale para o PC, porque o que lá é desenvolvido (com maior
profundidade) aplica-se para o PC.

A testemunha provou. Ela convenceu acerca da existência de um


fato.

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412
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
Prof. Fredie Didier

Você vai à fonte, introduz a prova no processo e convence o juiz.

O direito fundamental à prova é conteúdo da dimensão substancial


do contraditório.

O contraditório envolve o direito de produzir provas.

Quatro aspectos:

Tenho o direito de que a prova seja produzida

Ex.: fiscalizar. Uma perícia não pode ser produzida em sigilo.


Tenho o direito de vê-la sendo produzida.

Tenho o direito de fiscalizar a produção da prova.

Prova produzida secretamente viola o contraditório.

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413
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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O juiz não pode ignorar a prova, terá de valorá-la. A parte pode


exigir que o juiz valore a prova.

O fundamento constitucional à prova é o contraditório.

O CPC autoriza que o juiz determine provas de ofício.

Todos os casos do art. 267 o juiz pode conhecer de ofício.


Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº
11.232, de 2005)

I - quando o juiz indeferir a petição inicial;

Il - quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;

III - quando, por não promover os atos e diligências que Ihe competir, o autor abandonar a
causa por mais de 30 (trinta) dias;

IV - quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento


válido e regular do processo;

V - quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada;

Vl - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica,
a legitimidade das partes e o interesse processual;

VII - pelo compromisso arbitral;

Vll - pela convenção de arbitragem; (Redação dada pela Lei nº 9.307, de 23.9.1996)

Vlll - quando o autor desistir da ação;

IX - quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal;

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414
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
Prof. Fredie Didier

X - quando ocorrer confusão entre autor e réu;

XI - nos demais casos prescritos neste Código.

No que diz respeito à produção de provas, o modelo seguido é


inquisitivo. É um poder instrutório paralelo ao das partes.

Art. 130. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte,


determinar as provas necessárias à instrução do processo,
indeferindo as diligências inúteis ou meramente protelatórias.

O juiz não pode achar que o processo é um instrumento de busca


indefinida da verdade. O processo não serve para que a verdade seja
buscada infinitamente. A verdade não é valor do processo. Valorosa é
uma decisão justa, que dê segurança, que seja efetiva, que seja rápida na
medida do possível. A verdade não é fim, é meio. O juiz, a pretexto de
buscar a verdade, não pode ficar produzindo provas indefinidamente e
não julgar.

O processo não se pauta pela verdade formal. O sistema não é de


verdade formal, porque o Brasil autoriza que o juiz produza prova. Isso
está superado.

Também o PC não é verdade real. A verdade real não existe, já


acabou. O passado nos chega por meio do relato de alguém e o relato é
feito por uma pessoa que tem problemas, qualidades, defeitos, paixões.
Cada 1 de nós vê os fatos de acordo com o que somos.

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415
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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“O segredo da verdade consiste em saber que não existem fatos, só


existem histórias”.

E qual é a história verdadeira? A história que convence. E esta é a


verdadeira? Não, mas no processo vence quem convence, mas deve-se
observar o devido processo. A verdade que se busca no processo é a
verdade possível, tendo em vista os limites do devido processo legal, a
verdade possível, que possa ser reconstruída, a verdade que baste para
que se profira uma decisão justa. O convencimento é um ato de fé.

“Não há amor, só há prova de amor.”

Alegações de fato relevantes para a causa.

É o fato probando.

Para ser objeto da prova, o fato probando deve ter 3 características:

Relevância para o processo

Ser determinado (delimitado no tempo e no espaço) – onde e


o que, quando

Está errado falar que fato negativo não se prova. Ex.: certidão
negativa juntada em processo de concurso público.

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416
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Controvérsia

Somente fato controvertido pode ser objeto de prova.

O fato deve ser relevante, determinado e controvertido.

Podem ser objeto de prova fatos jurídicos (ex. contrato) ou simples


(não jurídico, ex. cor de uma camisa.).

A existência do direito objetivo também pode ser objeto de prova.


Pode acontecer de se ter de provar o teor e a vigência de uma norma
jurídica. O CPC 337 regula o assunto.

Art. 337. A parte, que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou


consuetudinário, provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o determinar o
juiz.

A parte deve provar esses quatro direitos se o juiz desconhecer tais


direitos.

CPC 334 costuma cair muito em concurso. Estabelece os fatos que


não devem ser objeto de prova.

Art. 334. Não dependem de prova os fatos:

I - notórios;

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417
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Algo que já aconteceu e a sua existência reputa-se de conhecimento


de todos, em um dado momento histórico, em uma dada comunidade,
mesmo que não seja de conhecimento de todos.

É um tipo de conhecimento privado do juiz que é aceito.

II - afirmados por uma parte e confessados pela parte


contrária;

É clássica questão sobre a distinção entre confissão e admissão.

Cuida dos fatos confessados. Se há confissão, é porque o fato é


incontroverso. Porque é incontroverso, não é objeto de prova.

A confissão é expressa.

É ato jurídico em sentido estrito.

Exige poder especial ao advogado.

III - admitidos, no processo, como incontroversos;

Cuida da Admissão. Em ambos os casos, há 1


incontrovérsia do fato, ora decorrente da confissão,
ora decorrente da admissão.

A admissão é tácita, é não contestar, é calar-se


diante da alegação de outrem.

Ato-fato.

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418
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Dispensa poder especial ao advogado.

IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de


veracidade.

Havendo presunção legal, o fato não precisa ser


objeto de prova. Não há necessidade de provar o
fato presumido pela lei.

A presunção legal é uma norma, uma regra


jurídica que o juiz tem que aplicar.

Há duas espécies de presunção legal:

ABSOLUTA – aquela que não permite prova contrária do


fato presumido. A lei presume o fato como ocorrido e não admite
prova em contrário. O legislador torna irrelevante discutir o fato,
que se reputa irrelevante para a causa. Já se reputa ocorrido, então
nem perderei tempo em discuti-lo. São raras, mas existem.

Ex.: quem compra bem imóvel em cuja


matrícula haja sido averbada uma penhora
presume-se conhecedor da penhora. Jamais
poderá dizer que não havia penhora.

Ex.: quem casa autoriza o cônjuge a contrair


dívidas para a economia doméstica. Presunção
absoluta: ao autorizar, o cônjuge responde pelas
dívidas que o outro contrair para a economia
doméstica.

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419
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Presume-se a repercussão geral no RE quando a


decisão recorrida contraria Súmula do STF.

RELATIVA – aquela que o legislador faz, mas admite prova


em sentido contrário.

Quem se vale de uma presunção relativa, está dispensado de


provar o fato, mas a outra parte pode provar em sentido contrário. A
presunção legal relativa redistribui o ônus da prova.

Ex.: lei de investigação de paternidade (Artigo 2º-A, § único,


Lei 8.560/92).

Art. 2o-A. Na ação de investigação de paternidade, todos os meios legais,

bem como os moralmente legítimos, serão hábeis para provar a verdade dos fatos.

(Incluído pela Lei nº 12.004, de 2009).

Parágrafo único. A recusa do réu em se submeter ao exame de código

genético - DNA gerará a presunção [relativa] da paternidade, a ser apreciada em

conjunto com o contexto probatório. (Incluído pela Lei nº 12.004, de 2009).

PRESUNÇÃO JUDICIAL é outro assunto. O que havia antes dessa lei


era presunção judicial. O juiz presumia. Agora, o legislador presumiu,
criou uma regra jurídica. Se não houver prova em sentido contrário,
pode presumir.

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420
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Súmula: 301, STJ

Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de


DNA induz presunção juris tantum de paternidade.

O STJ misturou presunção legal e judicial. Hoje, esta súmula é


correta. Foi recepcionada pela legislação que a confirmou. Os
precedentes da súmula não indicavam presunção legal, apontavam para
a presunção judicial.

Presunção de domínio que decorre do registro imobiliário.

OBS: existe um tipo de registro imobiliário que produz presunção


absoluta – registro Torrens. Para ser obtido, exige-se processo. Uma vez
obtido, o registro gera presunção absoluta de que Você é dono.

Presunção de veracidade da declaração de pobreza. Presume-se


verdadeira a declaração de quem se declara pobre.

Pode ser afastada.

Foram identificados três sistemas de valoração da prova:

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421
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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O órgão jurisdicional decide com base em sua consciência e não


deve satisfação a ninguém. O júri é assim. Mas é algo muito residual. No
Brasil, só reside no júri.

O juiz não tem poder nenhum de valoração da prova, cujo valor é


atribuído pela lei. O juiz é mero aplicador da lei. Normas do tipo “o
testemunho de uma mulher não derruba o testemunho de um homem”,
só se o fossem 2 mulheres.

“TESTIS UNUS, TESTIS NULLUS” – um testemunho, nenhum


testemunho.

Adotado pelo CPC. Art. 131. Ele tem que expor as razões do seu
convencimento, não pode ser íntimo, tem que publicizar as razões do seu
convencimento.

Traz, consigo, uma série de limitações às arbitrariedades do juiz, à


valoração da prova. A exigência motivação é apenas a primeira dessas
limitações.

Outras limitações

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422
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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O juiz tem que se ater ao que foi discutido, porque foi submetido
ao contraditório. O juiz não pode invocar na sua fundamentação
argumentos de fé, tem que pautar sua argumentação na racionalidade.

O juiz não pode decidir contra as máximas ou regras da


experiência. São juízos feitos a partir da observação daquilo que
normalmente acontece. Ex.: gravidez dura 9 meses; em água parada, dá
mosquito; lei da gravidade.

Servem para que o juiz preencha conceitos indeterminados. Ex.:


conceito de preço vil. Quando o preço é vil, a arrematação deve ser
anulada.

Regras da experiência caem muito na prova discursiva.

A próxima função da máxima da experiência é ajudar o juiz a


confrontar as provas. O juiz vai comparar as provas. Por que esta prova é
mais convincente do que a outra? O juiz poderá dar valor maior ou
menor a cada prova.

Outra função é ajudar o juiz a fazer as presunções judiciais,


produto das regras da experiência, que servem como suporte das
presunções judiciais. Ver mais à frente.

Regras da experiência: comum X técnica. Uma regra da experiência


é, também, um conhecimento privado de que o juiz pode se valer, como
os fatos notórios.

Regras da experiência e fatos notórios são, ambos, exemplos de


saberes privados do juiz.

Fato notório é fato que já aconteceu e é do conhecimento de todos.

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423
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Regras da experiência é um juízo, uma hipótese do que pode


acontecer, tendo em vista o que sempre acontece.

Regra da experiência não é regra jurídica.

O que é um indício?

CAPÍTULO X

DOS INDÍCIOS

Art. 239. Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação

com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras

circunstâncias.

O indício é um fato que se liga a outro fato, como causa ou


conseqüência dele.

Indício e indicador têm a mesma etimologia. Um indício indica,


aponta outro fato. As regras da experiência é que autorizam a ligação
que se costuma fazer entre o indício e o outro fato.

Regra da Experiência + Indícios -> conclusão do raciocínio do juiz.

A conclusão que o juiz faz é a presunção judicial. Presunção


sempre acontece.

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424
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Como fato que é, o indício deve ser provado, é objeto de prova.

O indício é, a um só tempo, objeto de prova e meio de prova.


Precisa ser provado e serve como prova de um outro fato.

A presunção judicial não é meio de prova. Meio de prova é indício.


Presunção judicial não é meio de nada, é conclusão de um raciocínio. É
por isso que se diz que o indício é prova indireta. A prova não é sobre o
fato, mas sobre outro fato que leva a ele. Ex.: o adultério, geralmente, se
prova por indícios.

Regra que determina quem arcará com a prova de determinado


fato.

O juiz não pode se negar a julgar porque não há prova. Como tem
que julgar mesmo se não houver prova, a lei diz quem arcará com as
conseqüências pela falta de prova do fato. Quando se diz que “o autor
tem ônus da prova”, se ele não provar, perderá.

Pouco importa saber quem produziu a prova. Qualquer das partes


pode produzir a prova. Pode acontecer de o ônus da prova ser meu e eu
não ter feito a prova, mas eu ter me desincumbido do ônus da prova,
basta que a outra parte prove por mim. Desvincular-me-ei da prova sem
produzi-la. O relevante a saber é se a prova foi ou não produzida, e não
quem a produziu. Isso é o que se chama de função objetiva do ônus da
prova. A função objetiva do ônus da prova é servir como regra de
julgamento.

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425
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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O juiz só aplica o ônus da prova como regra de julgamento se não


houver prova E se não houver possibilidade de produzir a prova. O juiz
determinará a produção da prova, já que ele tem poder instrutório.

A função objetiva do ônus da prova é servir como regra de


julgamento quando não houver prova e quando não for possível
produzir prova. O juiz decidirá contra quem tem o ônus.

Se falo em função objetiva do ônus da prova, tenho que falar em


função subjetiva do ônus da prova. Dar o ânimo, o estímulo de que as
partes precisam para fazer prova. É modular o comportamento
processual.

Pelo nosso CPC, as regras de ônus da prova são regras estáticas,


invariáveis, inflexíveis. Diz o seguinte: o ônus é de quem alega; quem
alega tem o ônus da prova.

Pode acontecer de um fato ser de prova impossível ou


excessivamente onerosa, quando, então, ocorrerá o que se chama de
prova diabólica. A Constituição diz que aquele que não tem outro imóvel
pode usucapir de maneira especial o imóvel. A usucapião especial
pressupõe que o sujeito não tenha outro imóvel. Como se prova que não
se tem outro imóvel? Juntar as certidões negativas de registro imobiliário
de todo mundo!?!?! Não, a outra parte deve provar que isso não é
verdade.

Fizeram com que a doutrina construísse uma Teoria que


justificasse a possibilidade de o juiz, no caso concreto, redistribuir o ônus
da prova. Isso fez com que o ônus variasse com base no caso concreto,
que deveria ser redimensionado tendo em vista os princípios da

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426
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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igualdade e do processo adequado, de modo a atribuir àquele que pode


suportar o ônus, o dever de produzi-la.

É pressuposto dessa redistribuição que ela não gere uma prova


diabólica. Essa teoria nasceu na Argentina, com o nome de “Cargas
Probatórias Dinâmicas”. É essa teoria que prega, no caso concreto, o
dever de o juiz redistribuir a carga no caso concreto. No Brasil, tal teoria
se chama “Teoria da Distribuição Dinâmica do Ônus da Prova”. Essa
teoria, muito difundida na Teoria Brasileira, está sendo muito aplicada
na jurisprudência, inclusive no STJ, já que promove a igualdade e o
processo adequado. O projeto do novo CPC consagra, mas ainda não há
texto de lei.

O CDC permite a inversão do ônus da prova. Art. 8. A inversão


prevista no CDC é uma redistribuição caso a caso do ônus da prova,
exatamente como prega a distribuição dinâmica. A diferença é que a
inversão do ônus da prova no CDC só pode ser feita a favor do
consumidor, nos casos de hipossuficiência técnica ou de
verossimilhança nas suas alegações.

A Teoria da Distribuição Dinâmica é muito mais ampla, porque


aplica-se a qualquer processo.

Esta pergunta quer que você trate da Distribuição Dinâmica. Dizer


que a teoria vem se consagrando no Brasil, garantindo os direitos

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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fundamentais, e o CDC já a concretizou para as causas de consumo


modulada, apenas em favor do consumidor.

Aplica-se em qualquer processo, não apenas de consumo.

A inversão deve se dar sempre antes de o juiz decidir. Se o juiz vai


redistribuir, vai atribuir ônus para quem não tinha. Então, tem que
atribuir o ônus no momento em que a parte possa dele se desincumbir. A
parte terá que modular seu comportamento conforme ônus que não
possuía. Regra de ônus da prova é regra de julgamento. Regra de
inversão do ônus da prova é regra de procedimento, que o juiz deve
aplicar durante o processo.

Tem uma decisão do STJ que mistura e autorizou o juiz a inverter


durante a decisão. Essa decisão do STJ não tem força, foi uma besteira e
não reflete a posição do STJ.

Ainda existem regras de prova legal no ordenamento


(sobreviventes), regras em que o legislador valora a prova pelo juiz.
Funcionam como balizas. Ex.: quando o legislador diz que o ato só se
prova por documento.

Não, nem a confissão é prova plena.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Se o juiz for médico, pode dispensar prova pericial? Não, apenas


conhecimentos vulgarizados, as regras da experiência e fatos notórios. A
prova pericial exige conhecimento técnico, dependente, portanto, de
avaliação técnica.

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Gênero que engloba as seguintes espécies:

Prevalece o entendimento de que é a decisão que encerra o


procedimento.

Vimos que há quem defenda que há sentenças que não encerram o


procedimento. Porém, é posição minoritária.

Em tribunal, as decisões podem ser:

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INTENSIVO I
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Quando proferidas por um membro de Tribunal.

Decisões Colegiadas

O CPC chama todas as decisões de “Sentença”, palavra que, então,


pode assumir 2 concepções:

ESTRITA – sentença como espécie de decisão de juiz.

GÊNERO – sentença como sinônimo de qualquer decisão


judicial.

A doutrina costuma dividir as decisões em Terminativas e


Definitivas

TERMINATIVAS: não examinam o mérito.

DEFINITIVA: examinam o mérito.

São três elementos da Decisão:

RELATÓRIO

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431
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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FUNDAMENTAÇÃO

DISPOSITIVO

Histórico daquilo que de relevante aconteceu no processo.

Peça descritiva. O juiz descreve o que aconteceu.

Há uma regra constitucional que exige que as decisões sejam


motivadas. A motivação é regra que compõe o conteúdo do devido
processo legal. Está ligada à publicidade das razões que levaram a
determinada conclusão.

A motivação tem dupla função:

1) FUNÇÃO ENDOPROCESSUAL
Serve para que as partes possam elaborar os seus recursos e que o
tribunal possa verificar se a decisão merece ser revista ou não.

2) FUNÇÃO EXTRAPROCESSUAL
Serve para que a decisão possa ser submetida ao controle público.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Decisão sem motivação é decisão nula, como é nula decisão que


inverte o ônus da prova na sentença. Nulidade, viola o contraditório.

Há um autor italiano, Taruffo, que defende que a decisão não


motivada é inexistente. Mas esse pensamento é minoritário.

Prevalece o entendimento que a decisão não motivada é nula.

Ler o artigo 376, § único, inserido no projeto do substitutivo do


CPC, Senador Walter Pereira. “não se reputa motivada a decisão:” – rol
exemplificativo.

O que está na fundamentação não se submete à coisa julgada.

A COISA JULGADA NÃO RECAI SOBRE A


FUNDAMENTAÇÃO.

Na fundamentação, o juiz fixará qual é a norma jurídica geral que


incidirá no caso concreto. O juiz definirá a norma geral que recai no caso
concreto.

A norma jurídica geral do caso concreto (que está na


fundamentação) é uma norma jurídica construída pela atividade
jurisdicional, a partir da análise de um caso concreto e que tem aptidão
para servir como modelo para casos semelhantes futuros. É o
precedente judicial. O precedente judicial está sempre na
fundamentação. O precedente é sempre a fundamentação, é isso que
Você quer que se aplique ao seu caso.

PRECEDENTE é NORMA construída pela jurisdição, encontrável


na fundamentação, construído a partir de um caso e que se aplicará a
casos semelhantes.

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433
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Quando um precedente vem sendo reiteradamente aplicado (a


norma geral começa a ser utilizada em vários casos semelhantes e isso se
consolida num Tribunal), significa que surge a jurisprudência.

JURISPRUDÊNCIA é a reiterada aplicação de um precedente. O


precedente pode virar jurisprudência.

Distinga jurisprudência de precedente. A jurisprudência é a


consolidação do precedente.

SÚMULA é o texto do precedente reiteradamente aplicado. É o


texto da norma construída jurisdicionalmente. É o texto da norma
construída pela jurisdição diante de um caso concreto. O texto vem
depois da norma, porque a norma é construída pela jurisdição. A súmula
não é a norma, mas o texto da norma reiteradamente aplicada.

Os precedentes judiciais estão ganhando muita relevância no


Direito Brasileiro, que é pautado em precedentes.

Existem três efeitos do precedente no Brasil.

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434
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Todo precedente, por pior que seja, serve, no mínimo, como


argumento.

Alguns precedentes no Brasil, se forem observados, impedem


recurso da decisão que os observem.

Todo precedente consolidado em súmula do STJ ou do STF tem


esse efeito.

Alguns precedentes têm que ser observados, têm que ser


considerados.

Ex.: precedente consolidado em súmula vinculante do STF.

: todo precedente tem eficácia erga omnes. Todo mundo tem


direito de usá-lo. Pode ser utilizado em qualquer caso, usado por

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435
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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qualquer pessoa. Qualquer pessoa pode se valer do precedente, qualquer


que seja seu efeito.

Distinguir a eficácia do precedente da eficácia da coisa julgada.

A coisa julgada só vincula as partes, por isso só atinge o


dispositivo.

A eficácia do precedente atinge qualquer pessoa.

O precedente é uma norma geral, que se aplica a casos futuros. É


preciso interpretar o precedente para saber quando pode ser aplicado e
como.

Quando se vai interpretar o precedente, você vai ter que buscar,


conhecer o contexto do caso que gerou o precedente, para que Você
possa saber se o precedente se aplica ou não ao seu caso. Por isso, você
terá que buscar o caso de que ele surgiu. Vocês terão de fazer a
comparação entre o caso do precedente e o caso que está sendo analisado
agora. Essa comparação entre o caso em apreço e o caso do precedente é
imprescindível. Essa comparação entre seu caso e o caso do precedente
tem um nome: “distinguishing”. Não há como aplicar o precedente sem
fazer o “distinguishing”.

Na aplicação de Súmula vinculante, o juiz tem que fazer o


“distinguishing”, ineliminável.

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436
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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A coisa julgada, que atinge o dispositivo, não pode ser revista a


qualquer tempo.

Um precedente pode ser superado a qualquer tempo. A eficácia do


precedente pode ser revista a qualquer tempo.

É o nome técnico e pedante para a superação do precedente.

A superação do precedente pode se dar para frente ou para trás –


eficácia prospectiva ou retrospectiva.

supera-se o
precedente dali para frente, protegendo-se as relações consolidadas
sob o precedente anterior, o que é a REGRA, no sistema que
protege a confiança, a boa-fé, a segurança.

atinge relações
anteriores; acontece quando o precedente superado for um
precedente novo, recente, ainda não consolidado. O precedente
recente, novo, não consolidado, quando superado, o será com
eficácia retroativa.

A norma geral do caso concreto (precedente) da qual se extrai a


norma individualizada é o núcleo normativo da fundamentação. A
norma geral possui a ratio decidendi. É a razão de decidir, o núcleo
normativo da fundamentação.

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437
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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A súmula é o texto normativo da ratio decidendi. Você quer que a


solução do seu caso tenha a mesma ratio decidendi.

Na fundamentação, há comentários, manifestações que não são a


ratio decidendi. Há comentários laterais, paralelos (obter dictum/dicta). É
tudo que está na fundamentação e não é ratio decidendi. Por isso, não
formam precedentes, não podem, por exemplo, ser sumulados; são
meros comentários.

O obter dictum pode servir para anunciar uma possível orientação


do Tribunal, um possível posicionamento futuro do Tribunal. Foi o que
Celso de Melo fez.

É o anúncio, a sinalização, que os Tribunais costumam fazer em


obter dictum, no sentido de dizer como será seu posicionamento.

No dispositivo, o juiz vai definir a norma jurídica individualizada,


que regulará aquele caso concreto. Ex: João deve a José. Francisco deve
alimentos a Maria. Essa norma individualizada consta do dispositivo da
decisão.

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438
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Pode se tornar indiscutível pela coisa julgada, que recai sobre a


norma individualizada, constante do dispositivo da decisão.

É inter-partes, vale para os sujeitos da relação discutida e pode


ser revista por ação rescisória.

É a conclusão, a parte mais importante da decisão. Sem


dispositivo, a decisão não existe. É no dispositivo que se fixa o
comando normativo do caso concreto, a norma que vai regular
aquele caso concreto.

Pode acontecer e normalmente acontece que o dispositivo


contenha várias decisões. Ex.: se o sujeito faz 4 pedidos, haverá 4
decisões, 1 para cada pedido. Cada uma das decisões é 1 decisão
autônoma. Pode acontecer de o dispositivo ser um feixe de
decisões e quando isso acontece, ocorre o que se chama de
capítulos de sentença. Capítulo de sentença é cada unidade
decisória da sentença. Uma decisão pode ter várias decisões,
uma decisão pode ser uma do ponto de vista formal, mas
substancialmente ser várias, conter várias decisões. Cada uma
dessas várias decisões é um capítulo de sentença. Posso recorrer
só de 1 capítulo. A rescisória pode ser de 1 só capítulo. Não tem
problema. Pode ser que apenas um capítulo seja nulo, não
comprometa a decisão toda; ela só é nula naquele capítulo
específico.

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439
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Quando a decisão tem vários capítulos, ela é chamada de


“decisão objetivamente complexa”.

Atributos que a decisão deve ter para ser considerada uma decisão
perfeita.

Sentido muito amplo, como perfeição. Ela tem que ser perfeita do
ponto de vista formal.

Existem 2 dimensões da congruência:

Para ser internamente congruente, deve ser certa, clara, coerente e


líquida.

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440
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Decisão expressa, em que se certifique expressamente qual a norma


do caso concreto. Não pode ser duvidosa.

O juiz deve manifestar-se com clareza, de maneira inteligível.


Linguagem inteligível, letra legível. O dever de clareza decorre da
cooperação.

A decisão não pode ser contraditória, não pode conter proposições


contraditórias.

O juiz não pode dizer uma coisa na fundamentação e outra na decisão.

É aquela que define de modo completo a norma jurídica


individualizada. E o que é definir de modo completo uma norma jurídica
individualizada?

É dizer:

Quem deve.

A quem se deve (quem é o credor).

O que deve.

Quanto deve.

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441
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Se a decisão judicial disser quem deve, a quem se deve, o que deve


e quanto deve, a decisão é líquida, lembrando que a certeza é a parte da
decisão em que o juiz diz se deve.

OBS: Tenho que dizer contra o que estou recorrendo. Devo


especificar o capítulo de que estou recorrendo. Só vou recorrer do
capítulo que eu perdi.

Quando o pedido for líquido, a sentença tem de ser líquida. Se não


for, o autor poderá impugná-la (aquele que formulou o pedido líquido).

Súmula: 318

Formulado pedido certo e determinado, somente o autor


tem interesse recursal em argüir o vício da sentença
ilíquida.

Se o pedido for ilíquido, a sentença pode ser ilíquida, não tem de


ser, pode ser.

Nos juizados especiais, as decisões hão de ser sempre líquidas.

No procedimento sumário, nas causas relacionadas a acidente de


trânsito, as decisões têm que ser sempre líquidas.

A iliquidez de uma decisão costuma restringir-se ao quanto se


deve. Normalmente as decisões são ilíquidas quanto ao “quanto”. Há,
porém, casos de iliquidez que atinge outros elementos, como, por

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442
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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exemplo, quem é o credor. Acontece, por exemplo, com as sentenças


coletivas. “Indenize as vítimas”. Não definiu. Quanto vai pagar? Não
definiu. Iliquidez maior, própria das sentenças coletivas.

Decisões ilíquidas devem submeter-se à liquidação de sentença,


assunto do Intensivo II.

A decisão há de ser congruente com a postulação. É a partir disso


que surgem 3 expressões muito conhecidas:

É a decisão que decide fora do que foi pedido. Peço A e o Juiz me


dá B. O juiz inventa.

É aquela em que o juiz dá além do que foi pedido. Peço 100 e ele
me dá 120. O juiz exagera.

É aquela em que o juiz deixa de examinar uma questão que ele


tinha de examinar. O juiz esquece, se omite no exame de uma questão
que ele deveria ter enfrentado.

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443
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Pode acontecer de duas maneiras:

 O juiz deixa de examinar um fundamento relevante


A decisão é nula – o juiz simplesmente o ignora. Se eu não
recorrer, a decisão transita em julgado.

 O juiz deixa de examinar um pedido


A decisão é, nesse ponto, inexistente – o juiz simplesmente
ignora um pedido. Se formulo 4 pedidos e o 4º não é
decidido, a decisão quanto a este não existe. Se não recorro,
não significa nada, não acontece nada. Posso voltar a juízo
para pedir que seja julgado o que não foi. Ainda estou
aguardando a resposta do Poder Judiciário. Não há coisa
julgada do que não foi julgado.

A decisão tem 3 capítulos, mas não o referente ao 4º capítulo. Não é nulo


porque não existe. Ela é, no particular, inexistente.

Por isso, é incompreensível o que o STJ fez:

Súmula: 453

Os honorários sucumbenciais, quando omitidos em decisão transitada em


julgado, não podem ser cobrados em execução ou em ação própria.

O fundamento do STJ é que há coisa julgada. Mas é uma coisa


julgada que não foi julgada!?!??! Segundo o STJ, sim! O que é motivo de
tristeza e depressão para quem gosta de estudar processo.

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444
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Efeito principal da decisão é o efeito que decorre da norma jurídica


individualizada (do dispositivo) e atinge a relação jurídica discutida na
causa.

O efeito principal de uma sentença declaratória é a certeza quanto


a uma relação jurídica.

Se a sentença for constitutiva, o efeito principal é a mudança da


situação jurídica. É a situação jurídica nova, constituída, o efeito
principal de uma sentença constitutiva.

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445
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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O efeito principal de uma sentença condenatória é autorizar a


execução. Permitir que se possa cobrar a prestação devida.

Dispositivo da Decisão.

Atinge outra relação jurídica (não a discutida), com a qual é


conexa.

Decorre do dispositivo da decisão para atingir relação jurídica


outra que não a discutida, mas que é conexa a ela.

Quando o juiz despeja o inquilino (efeito principal),

Permite a Intervenção do Assistente Simples.


É exatamente a possibilidade do efeito reflexo que permite a
intervenção como assistente simples. É porque o sujeito pode sofrer
efeito reflexo que ele pode intervir como assistente simples.

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446
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Decorre da sentença como fato, pouco importa o que o juiz decidiu.

Não são efeitos que decorrem do que foi decidido.

São defeitos que decorrem do fato sentença.

São efeitos que decorrem automaticamente da lei.

A lei atribui à sentença esses efeitos, independentemente de


manifestação do juiz e de pedido das partes.

Ex.:

A terceira sentença de abandono tem por efeito anexo a


perempção.

Sentença de divórcio – efeito anexo: cessa a comunhão


patrimonial.

Hipoteca judiciária: qualquer sentença que condene o réu a


pagar quantia pode ser inscrita como título de uma hipoteca de um
imóvel do réu – o autor pode pegar a sentença e inscrevê-la na matrícula
do imóvel do réu e hipotecá-lo. Posso fazer hipoteca judiciária mesmo se
a sentença for recorrida. A hipoteca judiciária está no CPC 466

Art. 466. A sentença que condenar o réu no pagamento de uma


prestação, consistente em dinheiro ou em coisa, valerá como título
constitutivo de hipoteca judiciária, cuja inscrição será ordenada pelo juiz na
forma prescrita na Lei de Registros Públicos.

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447
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Parágrafo único. A sentença condenatória produz a hipoteca judiciária:

I - embora a condenação seja genérica;

II - pendente arresto de bens do devedor;

III - ainda quando o credor possa promover a execução provisória da


sentença.

A sentença é um documento público e, como tal, tem eficácia


probatória.

Pode provar, por exemplo, a data de realização de uma audiência.

A sentença prova ela mesma.

É a indiscutibilidade da norma jurídica individualizada definida na


decisão judicial, no mesmo ou em qualquer outro processo. É uma
estabilidade normativa. Torna-se definitiva a solução daquele caso
concreto. Esse é o conceito de coisa julgada material.

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448
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Nem toda decisão tem aptidão para a coisa julgada material. Para
que uma decisão produza coisa julgada material, ela tem que preencher 3
pressupostos:

É a indiscutibilidade da decisão no processo em que foi proferida.

A doutrina, de modo geral, chama esse fenômeno de coisa julgada


formal. Lembrar de estudar o posicionamento de Luiz Mourão dado na
aula sobre o julgamento conforme o estado do processo.

Não pode se fundar em cognição superficial, sumária.

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449
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Impedir nova decisão sobre o que já foi decidido. É o básico, não


posso decidir, de novo, o que já foi decidido.

Às vezes, formulo uma demanda que tem como causa de decidir a


coisa julgada de um primeiro processo.

Coisa julgada utilizada como efeito de uma demanda produz efeito


positivo, porque o juiz do 2º processo terá de levar em consideração a
coisa julgada do 1º.

A coisa julgada torna irrelevantes quaisquer alegações que


poderiam ter sido formuladas, mas não foram.

Art. 474. Passada em julgado a sentença de mérito, reputar-se-ão


deduzidas e repelidas todas as alegações e defesas, que a parte poderia
opor assim ao acolhimento como à rejeição do pedido.

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450
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Transitada em julgado, tudo aquilo que poderia ter sido deduzido


e não foi, reputa-se deduzido e repelido.

Preclui a possibilidade de suscitar algo que poderia ter sido suscitado.


É como se a coisa julgada esquecesse tudo, trava, acabou.

Se, depois da coisa julgada, sobrevier um fato que repercuta no que


foi decidido, eu vou poder suscitar. Fato posterior à coisa julgada que
repercuta no que foi decidido, esse pode ser suscitado. A eficácia
preclusiva não atinge, porque ele aconteceu depois.

Não posso trazer questões anteriores, apenas posteriores à coisa


julgada.

Um sentença pode definir uma relação jurídica continuativa.


Relação continuativa é aquela que se prolonga no tempo. Ex.: alimentos,
guarda de filhos, relação tributária, relação previdenciária. Todas elas
são relações continuativas. A decisão sobre elas é uma decisão que faz
coisa julgada. Como essas relações duram, permanecem, pode acontecer
algum fato superveniente que imponha a mudança do que foi decidido,
e aí muda-se a decisão.

A eficácia preclusiva da coisa julgada não atinge o pedido, mas o


fundamento. Pressupõe decisão sobre o pedido. Se aquele pedido não foi

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451
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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decidido, não pode mais ser alegado. Só se for muito grave, e aí caberá
rescisória.

Qual é a regra?

A regra é de que a coisa julgada só produza efeitos inter-partes. A


coisa julgada só vincula quem foi parte. Essa é a regra.

Art. 472. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é


dada, não beneficiando, nem prejudicando terceiros. Nas causas
relativas ao estado de pessoa, se houverem sido citados no processo,
em litisconsórcio necessário, todos os interessados, a sentença
produz coisa julgada em relação a terceiros.

Há casos, porém, em que a coisa julgada pode produzir efeitos


ultra-partes. É aquela que extrapola para atingir terceiro. Ex.: coisa
julgada que atinge o adquirente de coisa litigiosa, coisa julgada que
atinge o substituído em processo conduzido por um substituto
processual. Exemplos raros.

E ainda há a coisa julgada erga omnes, que atinge todos. Ex.: ADI.

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452
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Forma-se independentemente do resultado da causa. Procedente


ou improcedente, haverá coisa julgada.

Sentença condenatória no âmbito penal pode ser revista a qualquer


tempo. Fredie não conhece no PC, e seria inconstitucional, porque Você
prestigia apenas uma das partes.

É a coisa julgada que só ocorre se houver esgotamento de prova.

A improcedência por falta de provas não faz coisa julgada.

Este modelo de coisa julgada não é a regra.

A regra é de que se Você entra e perde, um abraço!

Mas há casos que permitem que você volte a juízo com outras
provas.

Ex.: coisa julgada no Mandado de Segurança, na Ação Popular, na


Ação civil Pública.

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453
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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A coisa julgada, no Brasil, não é inexpugnável. Ela pode ser revista


por vários instrumentos.

Dois anos para ajuizamento.

Questões de justiça ou de validade.

Competência originária de Tribunal.

Assunto do Intensivo II.

Sem prazo, formal (tem a ver com a citação), está prevista no artigo
475-L, I, e 741, I.

Art. 475-L. A impugnação somente poderá versar sobre: (Incluído pela Lei
nº 11.232, de 2005)

I – falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia; (Incluído


pela Lei nº 11.232, de 2005)

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454
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Podem ser corrigidos a qualquer tempo, até mesmo de ofício. Art.


463

Art. 463. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la: (Redação dada


pela Lei nº 11.232, de 2005)

I - para Ihe corrigir, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões


materiais, ou Ihe retificar erros de cálculo;

II - por meio de embargos de declaração.

Sentença fundada em lei, ato normativo ou interpretação tidos pelo


STF como inconstitucionais. É um caso de instrumento para controlar
injustiça de decisão. Art. 475-L, § 1º, e 741, §único.

Art. 475-L. A impugnação somente poderá versar sobre: (Incluído pela Lei
nº 11.232, de 2005)

II – inexigibilidade do título; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 1o Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se


também inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo
declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em
aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo
Tribunal Federal como incompatíveis com a Constituição Federal. (Incluído
pela Lei nº 11.232, de 2005)

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455
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Art. 741. Na execução contra a Fazenda Pública, os embargos só poderão


versar sobre: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)

II - inexigibilidade do título;

Parágrafo único. Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo,


considera-se também inexigível o título judicial fundado em lei ou ato
normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou
fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo
Supremo Tribunal Federal como incompatíveis com a Constituição
Federal. (Redação pela Lei nº 11.232, de 2005)

Esse assunto é do intensivo II.

Este instrumento é previsto como defesa do executado.

A possibilidade de rever a coisa julgada fora das hipóteses


previstas para isso, quando ela for manifestamente injusta, quando for
manifestamente inconstitucional. Criaram, então, a teoria sobre a
Relativização da coisa julgada, movimento que prega a relativização
atípica da coisa julgada. Prega-se a relativização fora daquelas hipóteses.
Esse movimento recebeu acolhida do STJ em alguns casos, notadamente
relacionados a investigação de paternidade e indenizações milionárias
contra o poder público.

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456
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Os principais líderes desse movimento são Candido Dinamarco e


Humberto Theodoro Jr. Fredie é contra.

É a tutela que se funda em cognição exauriente. É a tutela final


fundada em cognição exauriente. É aquilo que se busca do processo. Vou
ao processo para obter um resultado final, que será obtido após 1 análise
exaustiva do juiz.

Tutela Satisfativa.

Tutela Satisfativa.

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457
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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A tutela cautelar também é definitiva.

Não satisfaz. Meramente assegura, meramente garante futura


satisfação.

Vou ao PJ para obter providências que resguardem futura


satisfação de um direito meu. Tutela-geladeira.

Garante futura satisfação.

As três são tutelas definitivas e as três podem ser concedidas


provisoriamente. Qualquer tutela pode ser concedida provisoriamente.

É a tutela que se funda em cognição sumária. O juiz não analisa a


fundo. É uma solução provisória.

A tutela varia conforme sua estabilidade. A que se estabiliza, é


definitiva.

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458
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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É exatamente a Tutela Provisória.

É uma técnica de antecipação dos efeitos de uma Tutela Definitiva.


A tutela antecipada é uma técnica de antecipação provisória dos efeitos
de uma Tutela Definitiva.

TUTELA ANTECIPADA SATISFATIVA

TUTELA ANTECIPADA CAUTELAR.

Existe tutela antecipada de qualquer tutela definitiva.

Para concedê-la, o juiz deve observar alguns requisitos.

Normalmente, a lei, quando autoriza a tutela antecipada, exige o


preenchimento de dois pressupostos.

Mostrar que provavelmente você tem razão

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTENSIVO I
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Fala-se que a TUTELA ANTECIPADA pressupõe urgência


(perigo) e evidência (é a demonstração da probabilidade do seu direito).
O legislador costuma exigir um pressuposto de evidência e 1 de urgência
para concessão de tutela: fumaça do bom direito e perigo.

Nada impede que o legislador preveja uma tutela Antecipada


somente fundada em urgência ou só fundada em urgência. O normal é
os 2, mas nada impede ser exigido apenas 1.

Ex.: ação monitória é ação que autoriza o juiz expedir desde logo uma
ordem de pagamento, só com base em evidência, sem exigir-se urgência.

A TUTELA ANTECIPADA é uma decisão provisória, fundada em


cognição sumária que antecipa efeitos de uma tutela definitiva, que pode
ser satisfativa ou cautelar, fundada em pressupostos de urgência e/ou
evidência. Ex.: tutela antecipada das possessórias – a tutela antecipada só
se funda em evidência.

Esse foi o esclarecimento conceitual.

Art. 804 – prevê a Tutela Antecipada Cautelar Genérica

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460
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Qualquer providência cautelar pode ser concedida


antecipadamente com base no 804.

Art. 804. É lícito ao juiz conceder liminarmente ou após justificação prévia a


medida cautelar, sem ouvir o réu, quando verificar que este, sendo citado,
poderá torná-la ineficaz; caso em que poderá determinar que o requerente
preste caução real ou fidejussória de ressarcir os danos que o requerido
possa vir a sofrer.

Há previsão de tutela antecipada para qualquer providência


cautelar desde 1973, nos termos do art. 804.

Em relação à Tutela Antecipada Satisfativa, não havia previsão


semelhante. Não havia nenhuma regra que permitisse tutela Antecipada
Satisfativa para qualquer situação.

Tutela Antecipada Satisfativa, na época, só em situações


excepcionais, previstas episodicamente. Não havia uma regra geral
sobre antecipação de tutela satisfativa. Ex.: ação de alimentos, ação
possessória, mandado de segurança, procedimentos que permitiam

Tutela Antecipada Satisfativa, mas só para algumas situações.


Não havia previsão genérica. Se eu quisesse uma Tutela Antecipada
Satisfativa, ou meu caso se tratava de hipótese possível, ou eu não tinha.
Tutela antecipada, então, ou era concedida no âmbito cautelar, ou era
concedida em situações previstas em procedimentos especiais, porque a

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461
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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tutela antecipada satisfativa, só em procedimentos especiais; ela não se


admitia como regra.

Então, diante desse fenômeno, havia o seguinte problema: se meu


caso envolvia uma questão que não estava regulada por procedimento
especial, era regulado por procedimento comum, eu não tinha tutela
antecipada. Os advogados começaram a distorcer o artigo 804, diante da
omissão legislativa. Como era um artigo com previsão genérica, começou
a ser utilizado como uma válvula de escape, os advogados começaram a
se valer dele para obter tutela satisfativa já que não prevista
expressamente, somente a Tutela Cautelar Genérica. Força da
necessidade de adequação do processo. Surge um fenômeno forense: a
Cautelar Satisfativa. Você entrava com a cautelar para obter uma
providência satisfativa, diante da lacuna legislativa.

Por conta disso, houve necessidade de reformar o CPC – Reforma


de 1994.

A Reforma de 1994 manteve o artigo 804, mas criou uma regra


semelhante ao 804 para a tutela satisfativa – o artigo 273 e 461, § 3º,
artigos que criam a Tutela Antecipada Satisfativa Genérica.

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462
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Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar,


total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido
inicial, desde que, existindo 1 prova inequívoca, se convença da
2verossimilhança da alegação e:

I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil


reparação; ou

II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o


manifesto propósito protelatório do réu.

Art. 461, § 3o Sendo relevante o fundamento da demanda e


havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é
lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou mediante
justificação prévia, citado o réu. A medida liminar poderá ser
revogada ou modificada, a qualquer tempo, em decisão
fundamentada. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

A partir de 1994, qualquer providência satisfativa pode ser


concedida antecipadamente. Não há mais laguna no sistema. Posso
buscar tutela satisfativa em qualquer situação. Temos a Tutela Cautelar
Genérica, Tutela Satisfativa Genérica e Tutelas Satisfativas especiais.

Edital: “Tutela Provisória” -> Tutela Antecipada Genérica

As pessoas começaram a entrar com as ações de conhecimento


pedindo tutela antecipada, sem necessidade de dois processos. Grande
Revolução!!!

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463
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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Importante esse conhecimento teórico, essa terminologia, esse


histórico.

Não, a reforma generalizou a Tutela Antecipada Satisfativa, o que


é outra coisa, e o que é muito bom.

- serve para as obrigações de fazer, não


fazer e dar =/= $$$ (dinheiro) – dar coisa distinta de dinheiro.

- cuida do resto: ações $ (pecuniárias), ações


constitutivas e ações declaratórias.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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1) Essas duas regras formam um sistema, devem ser interpretadas


conjuntamente. Formam um sistema que autoriza a antecipação
de tutela satisfativa para todos os casos.

2) Dentro desse sistema de antecipação de tutela satisfativa para


todos os casos, existe um micro-sistema, que é o da tutela
antecipada satisfativa contra o Poder Público, que tem regras
próprias, reguladas na Lei 9.494/97, no CTN 151, V, e 170-A, Lei
8.437/92, STF Súm. 729. Se você quer entender as regras da
Tutela Antecipada Satisfativa contra o PP, elas estão aqui. Cabe
tutela antecipada satisfativa contra o PP, mas cabe com essas
ponderações. Essas restrições previstas na lei 9.494/97 foram
consideradas constitucionais na ADC 4. Fora dessas
peculiaridades, cabe Tutela Antecipada contra o PP. Ex.: Tutela
Antecipada contra o PP para dar/fornecer remédio. É possível
porque nenhuma dessas leis restringe. Normalmente,
relacionadas a pagar quantia. Basta ler a lei.

3) Cabe tutela antecipada em Ações Constitutivas e Declaratórias –


cabe para antecipar efeitos da declaração, efeitos da

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constituição. Atenção! Não posso pedir a antecipação da


declaração, a antecipação da constituição. Posso pedir que se
antecipem os efeitos da declaração, os efeitos da constituição.

LIMINAR é decisão dada in limine (no início), antes de ouvir o réu.

Uma TUTELA ANTECIPADA pode ser dada antes de ouvir o réu


(tutela antecipada liminar), como pode ser dada depois de ouvir o réu. O
juiz pode dar tutela antecipada na sentença, para que a apelação não
tenha efeito suspensivo. A tutela antecipada pode ser liminar, mas nem
toda tutela antecipada é liminar.

JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE é decisão definitiva,


não se funda em cognição sumária.

ANTECIPAÇÃO DE TUTELA é antecipação dos efeitos de futuro


julgamento, sem necessidade de audiência.

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Art. 273, § 7o Se o autor, a título de antecipação de tutela,


requerer providência de natureza cautelar, poderá o juiz, quando
presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em
caráter incidental do processo ajuizado. (Incluído pela Lei nº 10.444,
de 7.5.2002)

Simplificou completamente o sistema. Se quero obter uma


providência cautelar, posso obtê-la dentro de um processo não cautelar.
Tornou o processo ainda mais sincrético. É possível que um só processo
possa gerar tutela cautelar e satisfativa. Se entro com ação de
conhecimento e peço providência cautelar, o juiz não precisa nem
adaptar, concede a cautelar dentro da ação de conhecimento.

Ao contrário: Se entro com o processo cautelar e peço uma


providência satisfativa, o juiz pode aplicar essa “fungibilidade”? Aí é um
pouco diferente. O juiz deve receber como ação de conhecimento e pode
até dar tutela antecipada e vai citar o réu como se ação de conhecimento
fosse. Se a ação é cautelar, o prazo de defesa do réu é de 5 dias; se a ação
é de conhecimento, o prazo é de 15.

O art. 461 é assunto do Intensivo II.

Vamos examinar o resto do 273. Volume Laranja do Livro do


Fredie. Estudar o assunto pelo livro dele. É o último capítulo do livro.

Há três aspectos dignos de registro.

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A tutela antecipada satisfativa não pode ser dada de ofício. É


preciso que alguém peça. O autor pode pedir. E o réu também pode,
porque também faz pedido, pode pedir tutela, pode pedir antecipação da
tutela. Se o réu reconveio, poderá pedir tutela antecipada na
reconvenção. Pode ser que o réu tenha formulado pedido contraposto e
poderá claramente pedir tutela antecipada. Pode ser que a ação seja
dúplice e, nesta, o réu está na mesma posição do autor e, portanto,
caberá tutela antecipada também a favor do réu, se a ação é dúplice. E
também cabe tutela antecipada se o réu simplesmente contestou. Ele
pode pedir a tutela antecipada dos efeitos da improcedência, da tutela
que o beneficia.

E o MP, fiscal da lei, pode pedir Tutela Antecipada? Sim, nos casos
em que intervém em favor de incapaz. Pode requerer tutela antecipada
em favor do incapaz.

Observar dois aspectos.

NA EXECUÇÃO de TUTELA ANTECIPADA, o JUIZ PODE se


VALER dos §§ 4º e 5º DO 461 – conferem ao juiz amplos

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poderes para efetivar sua decisão – medidas executivas – que


efetivem amplamente sua decisão.

Todos os poderes previstos no 4º e 5º se aplicam à tutela antecipada


do 273.

A TUTELA ANTECIPADA SEGUE as REGRAS da


EXECUÇÃO PROVISÓRIA. A execução provisória segue como
regramento da tutela Antecipada.

§ 3o A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e


conforme sua natureza, as normas previstas nos arts. 588 (leia-se 475-
O – regras da execução provisória), 461, §§ 4o e 5o, e 461-A. (Redação
dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

Art. 588 – Revogado

Art. 461, § 4o O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na


sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do
autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo
razoável para o cumprimento do preceito. (Incluído pela Lei nº 8.952, de
13.12.1994)

§ 5o Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado


prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar
as medidas necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de
atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de
obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de
força policial. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

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Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao
conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da
obrigação. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

A execução provisória corre sob responsabilidade do exeqüente.


Como é provisória, se, porventura, for reformada, revista, reformada,
todos os prejuízos causados ao executado haverão de ser ressarcidos em
responsabilidade objetiva. Responsabilidade objetiva do exeqüente.
Quem se vale da tutela antecipada tem que saber que, revista a decisão,
todos os prejuízos causados à outra parte serão ressarcidos em
responsabilidade objetiva.

A execução provisória pode ir até o final da execução, mas a


execução provisória só autoriza alienação de bem ou levantamento de
dinheiro se houver caução idônea. Regra da execução provisória que se
aplica à tutela antecipada. Essa caução é dispensada nos casos de dívida
alimentar de até 60 salários mínimos – 475-O.

Sempre devem ser observados.

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Basta que 1 pressuposto alternativo seja observado para haver a


possibilidade de antecipação de tutela.

Prova inequívoca produzida regular, válida, em


contraditório, nos autos. Prova produzida e em
contraditório.

Não é documental necessariamente. Pode ser que só venha


aparecer depois da perícia. Mas se for liminar,
normalmente vai ser documental, aí tem contraditório.

É o juízo de probabilidade gerado no juízo.

O juiz tem de observar se os efeitos da decisão podem ser


revertidos. O juiz não pode antecipar a tutela se ela produz

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efeitos irreversíveis. Pressuposto muito criticado na


prática. Se levado ao pé da letra, inviabilizaria as tutelas.

Interpretação correta: o juiz tem que ponderar o que é mais


irreversível: conceder e gerar conseqüências irreversíveis
ou não conceder e gerar conseqüências irreversíveis?

Pressupõe balanceamento do juiz no caso concreto. Não é 1


pressuposto intransponível.

Basta um deles para que caiba a Tutela Antecipada.

Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou


parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde
que, existindo 1 prova inequívoca, se convença da 2verossimilhança
da alegação e:

I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou

Se quero tutela antecipada fundada e perigo, tenho que


mostrar os 3 requisitos anteriores e o perigo (urgência).
Tutela antecipada de urgência e evidência.

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Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou


parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde
que, existindo 1 prova inequívoca, se convença da 2verossimilhança
da alegação e:

II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto


propósito protelatório do réu.

Antecipa-se a tutela como punição do abuso do direito de Defesa


Manifesto Propósito Protelatório, conduta ilícita no processo, que
autoriza a antecipação de tutela, que é punitiva. Essa antecipação de
tutela Não pressupõe urgência.

É uma tutela antecipada só de evidência, que não pressupõe


urgência.

É punitiva, porque pune conduta ilícita no processo.

Não pode ser dada liminarmente, porque pressupõe que haja


abuso do direito de defesa.

Art. 273, § 6o , A tutela antecipada (decisão parcial do mérito da


causa) também poderá ser concedida quando um ou mais dos pedidos
cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso. (Incluído pela Lei nº
10.444, de 7.5.2002)

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Quando parte da demanda esteja incontroversa, o juiz pode “dar


uma tutela antecipada”. Errado, pois o juiz decidirá definitivamente. O
que o § 6º consagra (e isso é bastante tranqüilo há 8 anos) é a
possibilidade de uma decisão parcial de mérito definitiva.

Decisão sobre parcela incontroversa da demanda é decisão


definitiva de mérito, apta à coisa julgada material.

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