Professional Documents
Culture Documents
Arte e Educação
Sumário
CAPÍTULO 1 – Qual o papel do professor de arte no espaço educativo?..............................05
Introdução ....................................................................................................................05
Síntese...........................................................................................................................20
Referências Bibliográficas.................................................................................................21
03
Capítulo 1
Qual o papel do professor de
arte no espaço educativo?
Introdução
O processo de globalização, que evidentemente envolve a cultura, apresenta muitos desafios,
perspectivas e possibilidades para o ensino de Arte nos espaços educativos. Como professores de
Arte, precisamos nos questionar a cada dia sobre a nossa formação. Talvez muitos de vocês que
estão nesse curso tenham se perguntado o que é ser professor de Arte. Afinal, qual o meu papel
na escola? Que desafios terei que enfrentar? Qual a minha expectativa nos espaços educativos?
As respostas para esses questionamentos teremos a seguir.
Reconhecemos que a conectividade e a interatividade são sinais deste século. Nos dias de hoje,
a internet nos mostra respostas imediatas, em tempos reais; imagens fixas e em movimento para
quase todas as nossas necessidades. As mudanças são muitas, ocorrem em ritmo acelerado - e
nem sempre conseguimos acompanhá-las. Essas transformações não podem desconsiderar co-
nhecimentos já produzidos. Ao sermos levados a pensar na própria formação, somos questiona-
dos sobre o nosso papel na escola, em tempos em que o conhecimento tem se tornado acessível
e chega às pessoas com muita velocidade.
O capítulo foi dividido em três tópicos ou três temas amplos, por meio dos quais são propostas aná-
lises e reflexões sobre a função pedagógica e apresentados os desafios e as perspectivas do profes-
sor no ensino de Arte; os saberes necessários à profissão e, por fim, a história da Arte na sociedade.
Ao concluir esse capítulo, você será capaz de construir uma base sólida sobre o papel do professor
de Arte em espaços educativos, enfatizando a sua função, os desafios, as perspectivas, os saberes
e a importância em dominar a história da Arte conhecimento essencial a esse exercício profissional.
05
Arte e Educação
Figura 1: Internet das coisas, conectando itens do nosso dia a dia à rede mundial de computadores.
Fonte: Macrovector, Shutterstock, 2017.
Tendo em vista essas situações, qual a função do professor na sala de aula? Moyses (1995, p.34-
35) enfatiza “o papel do professor como o mediador entre o saber socialmente sistematizado e o
aluno”, sem negar, no entanto, o saber do próprio aluno. Nesse sentido, é função do professor
instigar os discentes pela busca do conhecimento.
Segundo Marinho (2012), muitos são os desafios para a formação do professor; frente a eles,
surgem novas exigências à função docente. De acordo com a autora (apud Ribas, 2000, p.23):
O professor precisa ter uma postura que provoque, instigue o aluno a buscar aprendizagem e
fazer com que o docente se torne autônomo na sua própria aprendizagem. Segundo Iavelberg
(2003, p.22), “estudar as particularidades de cada região e estabelecer relações com contex-
tos comunitários próximos e distantes produz motivação para aprender”. Para a autora, além
de aguçar a vontade de aprender, isso promove a educação ética, a cidadania, as práticas de
inclusão social, além de ampliar a visão crítica sobre questões do cotidiano no tempo e no es-
paço. Ao trabalhar na escola as práticas de inclusão, aprendemos que estamos educando para
a superação de preconceitos e discriminações.
No que diz respeito à função política da docência, Romanowski (2007, p.50) afirma que “confi-
gura-se na relação entre o professor, as determinações das políticas governamentais e a comu-
nidade escolar”. Para a autora, o professor passa a ser o mediador entre o governo e a comuni-
dade, em relação aos assuntos que visam ao melhoramento do espaço educativo.
Ainda segundo Romanowski (2007, p.50 apud FREIRE, 1996), “é importante que o professor
tenha consciência do que faz, por que faz e como faz; que estabeleça o confronto de como era
a situação, como está sendo desenvolvida e como reconstruir para fazer coisas diferentes das
que sempre faz”.
Quando falamos em saber ensinar, estamos pensando em algo que é mais do que uma
simples habilidade expressa pela competência do professor diante do processo de ensino/
aprendizagem. É muito mais. Tarefa complexa, requer preparo e compromisso, envolvimento
e responsabilidade. É algo que se define pelo engajamento do educador com a causa
democrática e se expressa pelo seu desejo de instrumentalizar política e tecnicamente o seu
aluno ajudando-o a construir-se como sujeito social.
No ensino de Arte, essa complexidade para ensinar não é diferente. É preciso preparo, compro-
misso, envolvimento e responsabilidade por parte do professor. Muitos são os desafios para o
professor de Arte, a começar pela questão fundamental: o que é ensinar Arte na escola? Segundo
Zagonel (2008, p,104):
O professor tem um desafio enorme diante de si e, apesar de o ensino de Arte não ter na escola
o reconhecimento que ele merece, o professor dessa disciplina deve ter consciência de sua
importância e, consequentemente, de sua responsabilidade como agente e participante direto
desse processo. Ele necessita cada vez mais, buscar uma formação profissional adequada, que
lhe forneça as ferramentas para cumprir dignamente com os propósitos do ensino artístico.
07
Arte e Educação
A boa formação do professor na área é de suma importância para a sua atuação no ensino de
Arte. É o que lhe possibilitará cumprir com responsabilidade as tarefas em sala de aula, alargan-
do várias aptidões no educando. Zagonel acredita que, para o educador cumprir tudo o que se
espera dele, é preciso apresentar algumas qualidades pessoais. O professor de Arte precisa ser
inicialmente um artista. Mas que tipo de artista? Veja o que diz Zagonel (2008, p.106):
não necessariamente um artista que se apresenta publicamente, mas um artista na sua alma.
Aquele que inventa e realiza objetos ou obras artísticas, que tem sensibilidade para perceber a
realidade e interagir com ela, transformando-a, e que exprime sua personalidade de maneira
criativa pelo uso de alguma técnica. E de preferência aquele que tenha estudado Arte com mais
profundidade. O professor de Arte tem que ser criativo e imaginativo, elementos essenciais na
prática artística.
Para a autora “ensinar Arte não é ensinar a copiar, a repetir, a imitar”. Então, o que seria ensinar
Arte? Nas palavras de Zagonel (2008, p.106) ensinar Arte “é estimular a criatividade e a expres-
são pessoal dos alunos, é instigar o prazer da busca pelo conhecimento”. O professor de Arte é
um orientador e um provocador.
Referindo-se à realidade brasileira, a autora defende que não se pode esperar de todos que
trabalham com o ensino de Arte uma formação de alta qualidade. Para Zagonel (2008, p. 107),
o que podemos almejar é “um professor sensível e disposto a enfrentar desafios. Um professor
apaixonado pelo que faz, pelos seus alunos e pela Arte. Um professor disposto sempre a buscar
novos caminhos, disposto a interagir, disposto a aprender”.
A autora faz referência aos princípios pedagógicos pregados por Koellreutter, músico e educador.
Ela acredita que esses princípios devem orientar a postura do professor. Apesar de Koellreutter
ter concebido essa ideia para o ensino de Música, sua área de atuação, a autora destaca que as
contribuições dele servem para todas as linguagens artísticas.
Segundo Zagonel (2008, p.107) para Koellreutter o educador deve: aprender a aprender com os
alunos o que ensinar; questionar constantemente e perguntar sempre “por quê?” – e não apenas
ensinar o aluno aquilo que pode ser encontrado nos livros. Zagonel (2008, p.108) apresenta
outras questões apontadas por Koellreutter que também servem para o professor de Arte:
• a criação como uma das principais ferramentas para a realização do trabalho pedagógico;
Além desses elementos apresentados a partir de Koellreutter, a autora relata que conforme a sua
experiência pessoal na formação de professores, o que se apresenta como desafio é a influência
das músicas das mídias sobre seus alunos. Promover a discussão sobre os desafios do professor
de Arte, refletir sobre as especificidades da sua formação e atuação na prática de ensino, é im-
prescindível, diante das situações apresentadas.
O ensino de Arte, nos dias de hoje, em pleno século XXI, se configura perante modificações ex-
pressivas em seu percurso. Demonstra-se o máximo de envolvimento com a pluralidade cultural
e com as histórias das comunidades, pretendendo com isso promover-se uma maior aproximação
com as diversas manifestações artísticas.
Ações em rede para a implementação da música nas escolas: ações políticas, acadêmicas e
práticas; O estágio supervisionado como ferramenta para a formação inicial; A ampliação e o
fortalecimento de políticas de valorização do professor; A formação continuada e os programas
de pós-graduação como meios de aperfeiçoamento docente e melhoria do ensino em
diferentes esferas.
Para Rocha (2016, p.9), “diferentes ações políticas articuladas por grupos e associações junto
às instâncias governamentais têm modificado positivamente o cenário nacional relacionado aos
programas de incentivo que favorecem a formação docente”. Mas, para o autor, ainda é pre-
ciso “avançar muito em relação à conquista da implementação efetiva da música nas escolas”
e numa “formação docente capaz de estimular uma visão aberta à diversidade e aos mundos
musicais presentes no cotidiano”.
Enfim, ensinar é mais do que mediar conhecimentos. Ensinar envolve vários desafios e perspec-
tivas que se esperam de um educador. Mesmo que ainda em formação, deseja-se que múltiplos
aspectos sejam considerados no preparo do futuro educador.
Marinho et. al (2012, p.12), em sua obra Pedagogia do Movimento: universo lúdico e psicomo-
tricidade, afirmam que “formarmos/educarmos indivíduos com competências mais aprimoradas
em suas diferentes áreas de atuação/formação é a marca da revolução”. Para os autores, “a
09
Arte e Educação
formação do professor passa por esse viés da articulação entre o saber e o saber-fazer, formação
permanente, da evolução e da adaptação às inovações e às transformações”. A graduação é ape-
nas a primeira etapa de um processo contínuo e primordial, denominado formação continuada.
O conhecimento é algo inacabado e que adquirimos ao longo de toda uma vida, segundo Mari-
nho et. al. (2012, p.22). Para Romanowski (2007, p.55), “a dinâmica de aula caracteriza-se pela
ação do professor e dos alunos, sendo mediada pelo conhecimento”. A autora complementa que
os saberes se constroem ao longo do processo. Ao relatar sobre a origem dos saberes docentes,
ela acredita que surgem:
A autora destaca que “os saberes docentes são historicamente situados”. Segundo Romanowski
(2007, p.56), esses saberes dividem-se em três componentes: saberes da experiência, que são
construídos durante a prática; saberes pedagógicos, que estão relacionados a conhecimentos da di-
dática, da psicologia da educação, da sociologia da educação e das demais ciências educacionais,
e saberes específicos pertinentes a conteúdos disciplinares de determinada área do conhecimento.
Vale lembrar que o professor, como qualquer outro ser humano, nasce por meio das relações
que estabelece no mundo. Os processos de adquirir os saberes necessários à formação docente
continuam se dando em diversos tempos e espaços. Trata-se de um processo inacabado e em
constante movimento.
VOCÊ SABIA?
A Enciclopédia Itaú Cultural disponibiliza materiais sobre Arte e Culturas Brasileiras.
Além de imagens, textos, e outras informações, você pode encontrar mídias em formato
de vídeos para serem utilizados com seus alunos em sala de aula. Como sugestão,
indico as mídias do artista Frans Krajcberg, que podem ser acessadas pelo link: http://
enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa10730/frans-krajcberg.
Assim, podemos dizer que o saber adquirido na experiência é individual e não estável, podendo
sofrer modificações e mudanças durante o processo - basta estar aberto a isso. As bibliografias
referendadas não constituem receitas prontas, mas indicam caminhos para o debate sobre os
saberes necessários ao professor de Arte.
Além de reunir acontecimentos históricos, segundo os eventos da época, a História da Arte nos
leva a refletir fenomenologicamente. Então, neste tópico, apresentaremos os períodos da História
da Arte que se desenvolveram por várias décadas na sociedade.
Consideramos Arte na Pré-História todas as manifestações que criaram forma anterior às pri-
meiras civilizações, ou seja, antes da escrita, o que resultou em diversas produções realizadas
por diferentes povos, em locais e tempos diferenciados, que apresentam algo comum entre si: a
predominância das cores preta e vermelha.
Os artistas eram anônimos. Eram povos pré-históricos nômades; não costumavam viver muito
tempo em determinado lugar e deslocavam-se com frequência de um lado para o outro, segundo
as suas necessidades alimentares. Tinham o costume de buscar refúgio em locais de fácil acesso,
como as cavernas.
Porto (2014, p.71) diz que “tudo o que se sabe, no sentido das Artes, Culturas e Costumes, sobre
esse momento tão distante no tempo, foi reconstituído a partir de objetos, e, principalmente, de
pinturas rupestre, que recebem esse nome pois eram pintadas nas paredes rochosas das cavernas
e dos abrigos em que os homens viviam”.
11
Arte e Educação
No Paleolítico, uma das características marcantes é a presença do naturalismo, por retratar so-
mente o que é visto. Segundo Porto (2014, p. 71), “a Arte Paleolítica vai de uma fidelidade linear
à natureza até formas mais sugestivas”. Além disso, outra característica presente é o Pragmatis-
mo, ou seja, a Arte gerada tinha uma utilidade, seja no aspecto material, cotidiano ou espiritual.
Foi na França, nas cavernas de Lascaux, e na Espanha, nas cavernas de Castilho e de Altamira,
que se encontraram as obras pré-históricas mais antigas em bom estado de conservação. No
Brasil, foram registrados vestígios da Arte Rupestre em Minas Gerais, Piauí, Pará e Tocantins. Pro-
ença (2008), ao se referir à Arte Pré-Histórica Brasileira, apresenta o sitio arqueológico de Lapa
da Cerca Grande, localizado no município de Matozinhos, a aproximadamente 50 quilômetros
de Belo Horizonte (MG), e o Parque Nacional da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato
(PI), onde se encontram pinturas rupestres com motivos geométricos. A autora ressalta também a
presença de pinturas rupestres com figuras antropomorfas na forma completa, pintadas no pare-
dão da encosta da Serra da Lua, na cidade de Monte Alegre (PA). No Tocantins, em Xambioá, é
possível encontrar baixo relevo rupestre zoomorfo, em formato de jacaré em bloco de pedra, no
chão da Ilha dos Martírios.
Proença (2008) afirma que o artista do período Paleolítico fez também esculturas, predominando
a figura feminina, citando como exemplo a Vênus de Willendorf, feita de pedra e encontrada por
Josef Szombathy, em 1908, perto do lugar que lhe deu o nome, Willendorf, na Áustria.
No Neolítico ou Idade da Pedra Polida, a arte deixa de ser naturalista e passa a ser simplifica-
dora e geometrizante. A observação é substituída pela abstração e a racionalização. Temáticas
abordadas nas pinturas rupestres ganham outras formas, passando a representar a vida coletiva
do homem primitivo - momento em que artistas abandonam as cavernas e começam a se dedicar
à produção da arquitetura. Para Porto (2014, p.71), “a revolução neolítica é identificada com
a vinculação a terra”. Assim, eles desenvolveram as primeiras formas de agricultura, e como
consequência, o homem passou a fixar residência por mais tempo em determinada comunidade.
Observa-se o uso de figuras leves, ágeis, pequenas e de pouca cor. Segundo Proença (2008, p.
13), “com o tempo, tais figuras reduziram-se a traços e linhas muito simples, mas capazes de
transmitir sentido a quem as via”.
Nesse período, surge a escrita pictográfica a partir do desenho, ou seja, a escrita não verbal.
O artista se preocupa em dar movimento à imagem fixa. De acordo com Proença (2008, p.13),
o artista do Neolítico venceu esse desafio de forma muito eficiente. O conceito de belo passa a
ser uma preocupação da época, principalmente na cerâmica. É o tempo em que se usa a for-
A Arte na idade antiga envolveu egípcios, gregos e romanos que enalteciam a religião, tendo
como característica central a glorificação dos deuses. Os egípcios produziram uma escrita bem
estruturada, graças a qual temos um conhecimento bastante completo de sua cultura.
Sobre a cultura egípcia (PORTO,2014, p.7), “nessa civilização a Arte surgiu a serviço da religião
e das crenças espirituais, pois acreditava-se que a pintura e a escultura, assim como a atribuição
a outros objetos e seres, possuíam funções ou poderes mágicos”. A religião parece ser uma das
propriedades mais significativas da cultura egípcia. Envolveu toda a vida desse povo, explicando
o universo, justificando a sua organização social e política, gerando o papel de cada classe so-
cial e, portanto, dirigindo toda a produção artística desse povo.
De acordo com Porto (2014, p.7), “para os egípcios a vida após a morte era mais importante do
que a vida terrena, de modo que concentravam suas atividades em torno da construção de mui-
tos objetos e espaços mortuários”. Em relação a esses espaços, é mister ressaltar a construção
de pirâmides que foram produzidas para embalsamar o corpo sagrado e mumificado dos deuses,
como os faraós, e autorizar a elevação das suas almas.
Nesse contexto, além das pirâmides, encontramos construções monumentais que atraem e fasci-
nam qualquer indivíduo até hoje, inclusive pelo misticismo que as envolvem. Isso porque, para a
maioria das pessoas, falar em Egito é pensar em pirâmides. Porto (2014, p.7) ao se posicionar
sobre Arte Egípcia afirma:
Para a representação humana na pintura e nos baixos relevos, por exemplo, mantinha-se um
ângulo no qual a cabeça era retratada sempre de perfil, enquanto o tronco ficava de frente, e
os braços e as pernas de lado, e geralmente em movimento. A norma que regia essa técnica
era chamada de Lei da Frontalidade.
Além da Lei da Frontalidade, presente na Arte Egípcia, faz parte dessa época o desenvolvimento
dos hieróglifos como elementos estéticos. Segundo Proença (2008, p.24), “hieróglifo é uma
unidade do sistema de escrita egípcio, de caráter figurativo, em que se representavam imagens
de animais, objetos etc”. Esses elementos futuramente passaram a ser componente da ornamen-
tação das obras arquitetônicas.
Do mesmo modo que os egípcios, os gregos também usavam a arte para enaltecer seus deuses,
porém de forma mais livre. Dentre os povos da antiguidade, os que apresentaram uma produção
13
Arte e Educação
cultural mais livre foram os gregos. Segundo Proença (2008, p. 30), eles “não se submeteram às
imposições de sacerdotes ou de reis autoritários e valorizaram especialmente as ações humanas,
na certeza de que o homem era a criatura mais importante do universo”. Assim, o conhecimento,
por meio da razão, esteve sempre acima da fé em divindades.
Inicialmente, a Arte Grega era imitação da Egípcia, mas posteriormente os mesmos criaram a
sua própria arquitetura, escultura e pintura, causando assombro e admiração aos gregos. Suas
criações foram movidas por concepções totalmente diferenciadas em relação às dos egípcios -
como vida, morte e divindade.
Podemos dizer que a Arte Grega se divide em dois períodos: o Arcaico (Sec. VII a. C até a épo-
ca das Guerras Pérsicas) e o Clássico (séc. V a.C.) até o final da Guerra do Peloponeso (séc.
IV a.C.). Pensadores como Sócrates, Platão e Aristóteles são da época do período Clássico, e
formaram vários pensamentos. Engelmann (2008), em sua obra Filosofia da Arte fala sobre as
contribuições que esses filósofos deixaram para a humanidade e que influenciaram várias gera-
ções de estudiosos ao longo do tempo.
Em relação à arte em Roma, da mesma forma que as anteriores, nela os artistas eram anônimos
e as suas produções tinham como objetivo mostrar a expressão da realidade vivida e de todo um
ideal de beleza. Segundo Porto (2014, p. 10), a Arte em Roma é uma das mais grandiosas da
antiguidade. Para o autor essa arte:
tem como origem duas influências: o tema popular etrusco e o ideal de beleza grego. Sua
concepção prática da vida, entretanto, leva para a escultura um estilo realista, que procurava
representar as pessoas de maneira fiel. A firmeza do gestual, os trajes impactantes e as temáticas
das conquistas traziam para as obras de artes características peculiares desse povo, assim como
as colunas comemorativas, relacionadas a feitos históricos revelavam sua agressividade. O
detalhamento e a expressividade das peças, porém, conferiam a ela inestimável valor artístico.
A Arte Romana tinha uma forte influência das concepções etruscas e do ideal de beleza grego.
Era uma arte realista e prática.
É importante frisar que levar os estudantes a espaços artísticos, como museus e galerias, enrique-
ce o trabalho do professor. É preciso deixar bem esclarecido aos estudantes o motivo da visita,
mesmo que seja de observação. Isso contribui com o processo de aprendizagem.
Nesse período, o Ocidente substituiu a tradição greco-romana pela tradição cristã. As Artes
passaram a ter um enfoque religioso, no qual vigorava a ideia de que a beleza emanava de
Deus. Era ele que, na concepção da época, detinha o poder sobre o mundo e as coisas e,
portanto, também sobre a beleza.
As artes e tudo mais que podemos definir como cultura estavam a serviço da igreja, da teologia
(que era a ciência principal). Segundo a mentalidade vigente na época, as manifestações
racionais ou reflexivas eram fonte de pecado, o que limitou a capacidade artística e reflexiva
nesse período.
A partir do século XIV, houve na Europa um súbito reviver dos ideais da cultura greco-romana em
que ocorreram grandes avanços e inúmeras concretizações nas artes. Para Porto (2014, p. 12):
15
Arte e Educação
Na verdade, no Renascimento (séc. XIV ao XV) ocorreram diversos progressos e infinitas realiza-
ções no campo das Artes, da Literatura e das Ciências, que suplantaram o legado clássico. A ideia
do Humanismo foi o impulso desse progresso e tornou-se o próprio espírito do Renascimento.
Engelmann (2008, p. 34) diz que a arte nesse período era entendida como “manifestação huma-
na e destinada a fins humanos”. Enquanto que, na Idade Média, o homem era um ser para Deus,
no Renascimento ocorreu uma ruptura com as ideias religiosas. Segundo Engelmann (p.34-35):
O Renascimento teve como objetivo produzir Arte construída pelo homem para o homem. Suas
produções artísticas demonstravam ordem, equilíbrio e harmonia dos espaços arquitetônicos
- uma das principais características da Arquitetura da época. O homem era o centro, ou seja,
valorizavam-se as ideias antropocêntricas. Surgiu, também, a busca pelo Realismo, procurando
retratar as pessoas. Temas como corpo, beleza, mitologia bíblica foram retomadas baseadas no
ideal greco-romano.
Segundo Engelmann (2008, p.35), nesse período sobressaíram-se vários nomes no Movimento
Renascentista, como Leon-Battista Alberti, Albrecht Dürer, Giorgio Vasari, Michelangelo e Leo-
nardo da Vinci. O autor destaca o mais conhecido: Leonardo da Vinci, que criou a obra Mona
Lisa, conhecida como La Gioconda (“A sorridente”, em italiano), exposta no Museu do Louvre,
em Paris, França. Para Engelmann (2008, p.35), Leonardo da Vinci “não negava a religião nem
que o homem era criação de Deus. Mas em seu pensamento artístico e científico, nota-se que
reconhecia que o homem tem a capacidade de fazer ciência e explicar o mundo e as coisas”.
Figura 6: Mona Lisa, obra de Leonardo da Vinci, conhecida como La Gioconda – que significa “A sorridente”.
Fonte: Oleg Golovnev, Shutterstock, 2017.
Por fim, podemos dizer que, no Renascimento, vários movimentos literários e artísticos se fizeram
vistos, cada um com as suas qualidades e especificidades peculiares.
Suas obras tinham como filosofia a pesquisa e o uso de materiais da natureza. As marcas de todo
o seu trabalho artístico estão relacionadas à defesa do meio ambiente e à proteção da paisagem
brasileira, especialmente a Floresta Amazônica. Ainda sobre a Arte Contemporânea, Zagonel
acredita que deve ser “a arte das crianças, pois é uma expressão atual”. Para a autora o trabalho
17
Arte e Educação
com Arte Contemporânea é importante porque, em realidade, “ toda a nossa vida está inserida
nos elementos que se encontram dentro das obras dos artistas”.
Por meio da prática da Arte Contemporânea, segundo Zagonel (2008, p.99), é possível estudar
códigos e sinais diferentes. A autora cita como exemplos os grafismos usados em algumas mú-
sicas que, segundo ela, ficam muito aproximados do que as crianças inventam. Para Zagonel
(2008, p.101):
Pensar no ensino dos elementos pertencentes a Arte Contemporânea não significa que estamos
deixando de lado o ensino das noções pertencentes às épocas anteriores. O aprendizado de
ambos os códigos é importante, uma vez que eles convivem nas produções artísticas atuais. O
que devemos evitar é restringir o ensino a um só tipo de abordagem, mas, ao contrário, preparar
o aluno para conhecer e compreender, durante seu aprendizado, diversas formas de expressão.
A Arte Contemporânea vem romper com regras pré-estabelecidas na Idade Moderna. É o mo-
mento do livre-arbítrio na criação, da invenção de novos materiais, da valorização do sujeito por
meio da subjetividade. A arte passa a ser uma arma de denúncias sociais.
A doutora em Arte-Educação e professora Ana Mae Barbosa, ao conceder entrevista ao site Itaú
Cultural sobre Arte Contemporânea afirma (VERUNCHK, 2009):
Não dá para resumir a arte contemporânea numa só característica, pois a pluralidade domina
nosso tempo. Assim, podemos apreendê-la pela seguinte série de qualidades: consciência da
morte da autonomia da obra ou do campo de sentido da arte em prol da contextualização,
metalinguagem: reflexão sobre a própria arte; incorporação de matrizes populares na arte
erudita; preocupação em instaurar um diálogo com o público e levá-lo a pensar, tendência ao
comentário social; ‘interritorialidade’ das diversas linguagens; tecnologias digitais substituindo
a vanguarda.
A Arte Contemporânea permite que as ideias sejam criadas, reinventadas, empregadas de novos
materiais, possibilitando ao artista inserir as suas próprias identidades e subjetividades, sem se
preocupar com regras, exercitando a sua autonomia e oportunizando a aglomeração de diversos
estilos artísticos.
Em relação à Arte nos dias atuais, sabemos que ela faz parte do modo de vida de todos nós, se
realizando por meio da criatividade; envolvendo o saber, o fazer e o refletir sobre os objetos ar-
tísticos. Não está apenas relacionada aos grandes museus, nem a pinturas, músicas e esculturas.
Ela se faz presente também em ilustrações, figuras em quadrinhos, grafite e imagens digitais que
podemos acessar de dentro da nossa casa.
A professora Mirian Celeste Martins, da Universidade Estadual de São Paulo (UNESP), em entre-
vista à revista Nova Escola, edição abril de 2001, antecedendo a 25º Bienal de Artes, disse acre-
ditar que o papel da arte no mundo sempre teve um motivo de transformação, desde o período
da Pré-história, considerando que o homem sempre procura algo a mais. Para ela,
“se vivemos num mundo complexo, a arte pode ser diferente pois dá sentido à vida. Ela captura
os dramas humanos e sociais, expressa-os numa obra e os devolve para essa mesma sociedade,
que muitas vezes não aceita essa interpretação”.
Sendo assim, como exemplo de Arte bem presente nos dias atuais no Brasil, podemos exemplifi-
car o Grafite, estilo que surgiu em Nova Iorque e foi parar nos muros das comunidades, estando
ligado ao movimento Hip Hop. Aranha (2008, p. 408), ao referendar o Grafite, fala que:
Andando pelas cidades brasileiras, encontramos rabiscos, letras, desenhos e pinturas feitos
sobre os muros de casas, edifícios comerciais, igrejas e prédios públicos. Em meio a tanta
poluição visual começaram a surgir desenhos e pinturas bastante originais. Bem feitos, variando
no estilo, essa espontânea expressão de artistas muitas vezes anônimos vem se tornando uma
nova linguagem artística, democratizando a arte. O fato de estarem nas ruas, para todo mundo
ver, faz com que desafiem a análise dos que buscam questionar, compreender e comentar os
Para a autora, a importância dessa mostra foi expor lado a lado trabalhos de artistas brasileiros
e internacionais, incluindo obras coletivas e individuais.
O Grafite ainda é visto com preconceito por algumas pessoas por ser considerado pichação, coi-
sa de vândalos, vagabundos ou uma arte marginal. Para o movimento Hip Hop, o Grafite retrata
as mazelas sociais, refletindo a realidade das comunidades.
VOCÊ O CONHECE?
O artista brasileiro Vik Muniz é uma boa opção para trabalhar em suas aulas. Ele
utiliza lixo e materiais descartáveis para fazer as suas obras. Além do lixo, costuma
utilizar materiais orgânicos, como chocolate, açúcar, geleia e amendoim. Seus alunos
vão adorar saber um pouco sobre esse artista. O documentário Lixo Extraordinário,
de 2010, registra o seu projeto artístico e social no maior aterro sanitário da América
Latina, no Rio de Janeiro.
Conhecer a História da Arte é um dos elementos que fazem parte dos saberes específicos neces-
sários à formação do professor de Arte.
19
Síntese Síntese
Concluímos a unidade introdutória que discutiu o papel do professor de Arte no espaço educa-
tivo. Agora, você já sabe que a sua função na escola é ser um mediador no processo de ensino
e aprendizagem. Está ciente também que ter domínio de alguns saberes é necessário para a
desenvoltura das aulas de Arte e para a atuação em outros espaços artísticos. Muitos saberes,
porém, só a experiência trará. Haverá muitos desafios e diferentes perspectivas na atuação do-
cente. Cabe a você escolher o melhor caminho para enfrentá-los.
IAVELBERG, Rosa. Para gostar de aprender Arte: sala de aula e formação de professores. Porto
Alegre: Ed. Artmed, 2003.
LIXO EXTRAORDINÁRIO. Direção de Lucy Walker, João Jardim e Karen Harley. Brasil/Reino
Unido: 2010. 94 min.
MARINHO, Hermínia R. B.; MATOS JUNIOR, Moacir A.; SALLES FILHO, Nei Alberto; FINCK,
Silvia Christina M. Pedagogia do movimento: universo lúdico e psicomotricidade. Curitiba:
Intersaberes, 2012.
MR. HOLLAND: Adorável Professor. Direção de Stephen Herek. Estados Unidos: 1995, 142 min.
POMPÉIA, Silvia Maria. A arte-educação e a reinvenção escolar. Instituto Arte na Escola, 2012.
Disponível em: http://artenaescola.org.br/sala-de-leitura/artigos/artigo.php?id=69348. Acesso
em: 4 abr. 2017.
ROCHA, José Leandro Silva. Educador Musical: Desafios e Perspectiva para a formação
docente. In: Anais do Congresso Internacional de Educação e Inclusão. Práticas pedagógicas,
direitos humanos e interculturalidade, 2016. Disponível em: http://editorarealize.com.br/
revistas/cintedi/trabalhos/Modalidade_1datahora_10_11_2014_01_00_02_idinscrito_504_
e284b64ae136f4d18be547e9eb97f377.pdf. Acesso em: 4 abr. 2017.
VERUNCHK, Micheliny. Afinal, o que é Arte Contemporânea? Itaú Cultural, 2009. Disponível
em: http://www.itaucultural.org.br/materiacontinuum/marco-abril-2009-afinal-o-que-e-arte-
contemporanea/. Acesso em: 4 abr. 2017.