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Valéria Klay
Apostila de
Canto Popular
Nível Básico
TEORIA E PRÁTICA
Gráficos
Valéria Klay
Revisão
J.G. Pinheiro
valeriaklay@gmail.com
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NÍVEL BÁSICO II : APOSTILA PRÁTICA...................................... Pág. 44
Programa do Nível Básico II........................................................................ Pág. 45
EXERCÍCIOS DO NÍVEL BÁSICO II................................................ Pág. 47
CONSCIÊNCIA CORPORAL................................................................... Pág. 47
RESPIRAÇÃO: A respiração Intercostal Baixa com Apoio Simples.... Pág. 48
DESENVOLVIMENTO TÉCNICO........................................................ Pág. 51
Exercício de Base I: Timbre Nasal............................................................... Pág. 51
Vocalize I: Terças da Escala de Dó Menor natural................................... Pág. 52
Exercício de Base II: Som Vibratório com sirene..................................... Pág. 53
Vocalize II: Acordes da Escala de Dó Menor natural.............................. Pág. 54
Exercício de Base III: Vogais........................................................................ Pág. 55
Vocalize III: Escalas de Dó Menor Natural e Harmônica:
Graus e Cadências........................................................................................... Pág. 55
Exercício de Base IV: Sílabas com Consoante e Vogal............................ Pág. 56
Vocalize IV: Intervalos Harmônicos, 3m e 6m.......................................... Pág. 57
Exercício de Base V: Teoria Musical .......................................................... Pág. 58
Intervalos Harmônicos.................................................................................. Pág. 58
Escala de Dó Menor Natural........................................................................ Pág. 59
Escala de Dó Menor Harmônica.................................................................. Pág. 60
Vocalize V: Escalas de Dó Menor Natural e Harmônica ........................ Pág. 61
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NÍVEL BÁSICO IV : APOSTILA PRÁTICA..................................... Pág. 76
Programa do Nível Básico IV....................................................................... Pág. 77
EXERCÍCIOS DO NÍVEL BÁSICO IV.............................................. Pág. 79
CONSCIÊNCIA CORPORAL................................................................... Pág. 79
RESPIRAÇÃO: A respiração Mista e Dinâmica....................................... Pág. 80
DESENVOLVIMENTO TÉCNICO........................................................ Pág. 82
Exercício de Base I: Timbres Nasal e vibratório....................................... Pág. 82
Vocalize I: Intervalos de 8J........................................................................... Pág. 83
Exercício de Base II: Sílabas com Consoante e vogais............................. Pág. 84
Vocalize II: Cadência menor e forma.......................................................... Pág. 84
Exercício de Base III: Todas as vogais........................................................ Pág. 85
Vocalize III: Escala de Dó Pentatônica Menor......................................... Pág. 85
Exercício de Base IV: Sílabas diferentes com Consoante e Vogal.......... Pág. 86
Vocalize IV: intervalos Tensos, 7M, 7m, 2M, 2m .................................... Pág. 87
Exercício de Base V: Teoria Musical .......................................................... Pág. 88
Intervalos Tensos............................................................................................ Pág. 88
Escala de Dó Menor Pentatônica................................................................. Pág. 89
Vocalize V: Escala de Dó Menor Pentatônica........................................... Pág. 90
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Canto Popular
Nível Básico
APOSTILA TEÓRICA
Professora Valéria Klay
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Canto Popular - Nível Básico
A TÉCNICA VOCAL HOJE
Introdução
A voz
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O movimento da voz e seus problemas
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Em si, o trabalho técnico se divide em duas partes. Primeiro é preciso cuidar
do contexto muscular. Aqui estão compreendidos os exercícios diários que nos
desenvolvem e mantém em forma. Psicologicamente, o aluno deve sempre trabalhar
com a consciência leve. Sem juízos estéticos, nem necessidade de perfeição. Os
exercícios são feitos para serem utilizados diariamente, como uma pratica saudável.
A segunda parte é o desenvolvimento artístico, onde se trabalha dinâmicas,
ritmos, repertórios, improviso ou estilos tímbricos.
Na segunda parte não há necessidade de se pensar nos exercícios de base. O
momento de interpretar uma música, por exemplo, não é o adequado para se
preocupar com a técnica, que deve estar incorporada a nossa memória mecânica.
Assim como aprendemos a dirigir, nosso corpo aprenderá a respirar, gerar e projetar
o som, por si só (lembremos que não basta entender como se dirige, é preciso ter
isso automatizado).
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O APARELHO RESPIRATÓRIO: A Força do Som
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O APARELHO FONADOR: A Qualidade do Som
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O APARELHO RESSONADOR: A Projeção do Som
O som que chega da laringe é muito suave. As pregas vocais não estão
preparadas para fazer dinâmica. Para ganhar volume sem apertar a laringe,
precisamos enviar o som às cavidades de ressonância do rosto, onde será
amplificado.
Estas cavidades possuem a forma de uma F, formada pela laringe, boca e
fossas nasais. A Faringe, feita de musculatura flexível, produz diferentes
harmônicos, ajudando na criação da qualidade do som. Na técnica vocal popular
desenvolvida nesta apostila, o foco da voz se situa no centro do rosto, com o uso
pronunciado da ressonância nasal. (nos “Ressonadores centrais do rosto”). O foco
nas cavidades faríngeas é muito utilizado em culturas árabes, enquanto nas técnicas
eruditas (o “bel canto”), o som é focalizando no palato mole.
A escolha da projeção através das diferentes cavidades de ressonância fazem
a singularidade do cantor.
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CLASSIFICAÇÃO E REGISTROS VOCAIS
Classificação
O registro
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É melhor deixar a voz se desenvolver divagar, no registro mais cômodo e
saudável, sem forçar uma definição antecipada. O caminho é inverso: enquanto em
canto erudito sabemos onde queremos chegar e nos preparamos para assumir esse
modelo, em canto popular, o próprio caminho não é revelado senão por meio do
trabalho, no qual o cantor irá descobrindo e aperfeiçoando suas características mais
pessoais.
Timbres e acústicas
Cada registro vocal, por sua vez, se divide em dois sub-registros, grave e
agudo. O sub-registro grave foi chamado originalmente de “voz de peito” ou
“registro de peito”, e o agudo, de “voz de cabeça” ou “registro de cabeça”, uma vez
que, no canto erudito, são esses seus pontos de maior ressonância.
Na medida em que um cantor prova todo o registro que possui, sua laringe,
em alguns momentos, se reacomoda, para atingir as diferentes notas de seu alcance.
Por isso, para os cantores, é comum a impressão de que a laringe “sobe” para as
notas agudas e “desce”, para as graves.
Na verdade, há um certo ponto, exatamente onde termina o registro grave e
começa o agudo, em que a laringe não consegue mais esticar, precisando de um total
reajuste na musculatura. Este movimento é denominado “passagem principal da
voz”. Dentro de cada sub-registro existem duas passagens, mais suaves que a
principal, dividindo pela metade as vozes de peito e cabeça. Quase imperceptíveis,
costumamos notá-las somente na prática da vocalize. (Em vista disso, serão
abordadas diretamente nos exercícios deste curso.)
A passagem da voz, algo natural e instintivo, é o que mais sai prejudicado
quando o cantor apresenta rigidez e tensão. Nesse casso, a laringe costuma se fixar a
um dos registros. Em vista disso, a rigidez laríngea é explorada em diversos estilos
de canto por todo o mundo. Como na música flamenca, em que o cantor acomoda
com força a laringe só no registro grave, quebrada no limite agudo da voz de peito,
conseguindo assim a voz peculiar do estilo. Assim mesmo, é importante ter em
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mente que a rigidez laríngea pode (e costuma) ser prejudicial aos órgãos da fisiologia
do canto. Sabe-se que cantores de flamenco têm curtas carreiras.
Uma maneira simples de procurar a própria passagem é fazer um som muito
relaxado (por exemplo, o da letra U), numa sirene que começa na nota mais grave
possível e vai até a mais aguda que se consiga emitir sem esforço. Mais ou menos na
metade do caminho, será possível ouvir um lapso... Um ponto em que o som
contínuo da sirene falha, sendo rapidamente interrompido.
Aí está sua passagem!
O falsete
Muito foi escrito sobre a “proibida” voz de falsete, entendida como uma
falsa entonação às vezes usada comicamente. A verdade é que, de falso, o falsete
não tem nada. Ele é mesmo a voz aguda, ou de cabeça, dos homens.
As necessidades do canto erudito, que dependia dos sub-registros mais
poderosos, fizeram com que as cantoras se especializassem na voz “de cabeça” ou
aguda e os cantores personificassem a voz “de peito” ou grave. Assim se estabeleceu
a noção equivocada de que a voz aguda, nos homens, não passa de uma imitação.
Uma falsa voz de mulher. Um falsete. A verdade é que, em ambos os gêneros, a voz
humana apresenta graves e agudos.
Mais aberto às características individuais dos intérprete, o canto popular tem
utilizado a voz de falsete muito mais, podendo-se encontrar exemplos tanto entre os
inúmeros estilos regionais, quanto entre os maiores nomes da cultura de massa, tais
como Caetano Veloso, Ney Matogrosso, os Bee-Gees, Fredy Mercury, Prince e
tantos pelo mundo. Outro cantor que rompeu as regras ao utilizar amplamente o
falsete, mesmo dentro de padrões eruditos, é Edson Cordeiro.
Vale ressaltar, também, que o uso do falsete nos primeiros estágios das
vocalizes é altamente benéfico. Desse modo, o exercício tem início com a execução
de um som mais relaxado.
A classificação vocal
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Classificação das oitavas:
OS REGISTROS VOCAIS
Registros femininos
Soprano:
Diz-se da cantora soprano que tem a voz leve e ágil, com facilidade para os
registros agudos, e capaz de passar para a voz de cabeça rápida e facilmente.
Soprano Lírico:
Uma cantora soprano dotada de ampla região média, com agudos fortes e
brilhantes.
Soprano Dramático:
Mezzo-soprano:
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Esta é a voz feminina intermediária. Com grande capacidade de extensão,
possibilita à cantora atingir notas tanto de soprano, quanto de contralto. A
classificação é simples: quando aguda, é soprano, quando grave, mais ainda
feminina, é mezzo-soprano. A extensão do registro mezzo-soprano é
aproximadamente de um Lá-2 a um Lá-4.
Contralto:
A voz feminina mais grave está em vias de extinção. A tendência aos agudos
e a competição sonora na agitada e barulhenta vida moderna, tem forçado as vozes
cada vez mais para o agudo. Devido à falta de contraltos, encontramos hoje muitas
mezzo-sopranos classificadas erroneamente. Não se enganem: uma voz de contralto
sempre parecerá masculina. A extensão do registro contralto é aproximadamente de
um Fá-2 a um Fá-4.
Registros masculinos
Tenor:
Trata-se da voz masculina mais aguda Como na voz das mulheres, também
se divide em tenor ligeiro, lírico e dramático. A extensão do registro tenor localiza-se
aproximadamente uma oitava abaixo do soprano.
É o tenor com mais facilidade para agudos, para utilizar sua voz de cabeça,
ou falsete.
Tenor lírico:
Como no caso da voz soprano-lírica, este registro ganha força na voz média,
possuindo mais potência que o tenor leve.
Tenor dramático:
Barítono:
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Baixo:
Contra-tenor:
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COMO TRABALHAR EM CASA
HIGIENE VOCAL
Não adianta trabalhar nossa voz se não zelamos por sua saúde. Uma voz
linda é, em essência, uma voz saudável. Certos conhecimentos básicos costumam
ajudar muito nesta questão:
1. Descanso: Precisamos dormir bem. Nada pior para a voz que falta de sono e
estresse.
2. Voz falada: Falar muito, e alto, cansa nossas pregas vocais. É importante começar
a ter consciência de nossa voz, a cada momento, para não abusar dela sem
necessidade.
3. Temperatura: Antes de ser exercitada, a voz deve ser aquecida, como a uma
musculatura. Faz mal tomar ou comer gelado durante o trabalho vocal. Também
é importante alongar o pescoço e proteger a garganta nos dias frios. Vale ressaltar
que qualquer temperatura extrema altera nossas pregas vocais.
5. Vestimenta: Para cantar é bom estar com roupa cômoda. É importante que a
barriga não esteja apertada, isso desestimularia a respiração fisiológica.
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7. Cigarro: Faz mal de maneiras diferentes, tanto em curto quanto em longo prazo.
A fumaça irrita a laringe, estressando e estimulando a produção de muco. Seu
calor, como qualquer temperatura extrema, não é bom para as pregas vocais.
Com o tempo, a nicotina e outros sedimentos do cigarro se depositam nas pregas
vocais, que ficam pesadas, sem a agilidade necessária ao canto.
8. Álcool: Também não é bom para cantar. Apesar do que muitos acreditam, mesmo
sendo muito utilizada para “soltar” o cantor tímido, a bebida afeta o tônus das
pregas vocais. Também anestesia a laringe, levando o cantor a abusar da
musculatura por falta de sensibilidade.
9. Drogas: Em geral elas não são boas para a fisiologia envolvida no canto. A
fumaça quente danifica nossas pregas vocais, e as drogas químicas produzem
estresse e adormecem a laringe.
10. Hormônios: Os hormônios estão muito ligados a nossa laringe, por isso as
mulheres devem saber que as pregas vocais se sensibilizam demais nos períodos
de menstruação, especialmente na fase da TPM. Nesses períodos é aconselhado
evitar grandes esforços vocais.
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Canto Popular
Nível Básico I
APOSTILA PRÁTICA
Professora Valéria Klay
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OBJETIVOS DO NÍVEL BÁSICO DE CANTO POPULAR:
Consciência Corporal:
- Desenvolver técnicas de relaxamento e alongamento do corpo, pescoço,
rosto, boca e laringe; Desenvolver uma postura adequada ao canto;
Respiração:
- Conhecer o aparelho respiratório; Controlar a respiração abdominal e o
apoio abdominal simples (fisiológico); Conhecer e controlar a coluna de ar;
Desenvolvimento vocal:
- Fonação: Aprender a cantar com adução das pregas vogais; Reconhecer o
golpe de glote;
- Sons e sílabas:
Consoantes nasais: Mmm... – Nnn... – NH... etc., com uso exclusivo e
continuo;
Vogais: U – I – A, com uso contínuo: (atacando sempre com U);
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- Registro: Uma oitava a partir da nota mais grave facilmente timbrada; voz de
peito suave e centrada; exploração da voz de cabeça (chamada de “falsette” no
homem);
Interpretação:
- Dinâmica: Muito suave; ligado; deslizado; som regular; movimentos
ascendentes, descendentes e retos;
Teoria Musical:
Percepção auditiva:
- Reconhecimento de centro tonal;
- Escala diatônica de Do maior (Arpejos e terças da escala maior, Arpejo
maior; Grau conjunto).
- Intervalos harmônicos: 3M e 6M
Ritmo:
- Andamento: lento.
- Figuras: mínima, semínima.
- Compasso: simples, 2/4 e 4/4
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Exercícios do Nível Básico I
Consciência Corporal
Assim como um esportista precisa alongar antes e depois da musculação, o cantor precisa
aquecer e desaquecer seu corpo e especialmente sua musculatura laríngea com exercícios de
alongamento.
Quando o objetivo é reeducar a musculatura, o relaxamento dela é o que nos permite
assimilar novos movimentos a partir de um ponto zero. Segundo a física acústica, um corpo sonoro
tenso resiste em vibrar.
Exercícios Preparatórios:
Coluna:
Ombros:
Pescoço:
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Rosto:
Alongamento laríngeo:
1. Bocejo Mudo - Técnica de bocejar sem som, impedindo a ponta da língua de recuar,
como ela faria naturalmente;
5. Careta – Esticar a língua para fora da boca, com força, para depois relaxar;
7. Careta com Lábios de Peixe (mastigado) - Fazer os últimos dois movimentos (ou seja,
usar a língua e orbiculares) simultaneamente, enquanto se conta, em voz suave, até
10;
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Postura correta:
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RESPIRAÇÃO
Antes de começar a trabalhar com qualquer técnica de respiração é sempre bom ter em
mente que:
- Nesta área, qualquer exercício precisa ser precedido de uma expiração total que esvazie os
pulmões do ar que já estiver lá.
- O ar deve sempre entrar pelo nariz e sair pela boca, nesta ordem, a menos que o exercício
específico indique o contrário.
- Nunca se faz uma respiração exagerada (até as clavículas). Excesso de ar é mais prejudicial que
falta de ar.
- Nunca reter o ar entre inspiração e expiração. A idéia é imaginar o processo da respiração como
um movimento “circular”. Uma só ação, única e contínua.
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Descrição da Respiração Fisiológica:
Nossos pulmões são como duas pirâmides. Em sua base, o diafragma, semelhante a uma
plataforma elástica, consegue manipular o ar contido neles, como uma sanfona.
No modo como respiramos cotidianamente, o fôlego é menor, chegando
somente até os pequenos vértices das pirâmides. O problema desta respiração
“abreviada” é que ela diminui nossa capacidade pulmonar consideravelmente, além
de nos fazer desperdiçar a potência do diafragma. Outro inconveniente é que as
pregas vogais, em lugar de esperar relaxadamente pela coluna de ar para então
vibrar, precisam se fechar, no tenso esforço de freá-lo.
Por outro lado, a respiração fisiológica consiste em tomar ar suficiente para
encher a base dos pulmões, aproveitando o grande espaço e o impulso do
diafragma, enquanto o tórax fica vazio, também liberando as pregas vogais do
estresse de frear o ar.
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Os pontos de apoio da coluna de ar
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Exercícios básicos visando o desenvolvimento da respiração
abdominal com apoio simples:
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Desenvolvimento Técnico
Todos os exercícios de desenvolvimento técnico têm uma introdução,
chamada “Exercício de base”, com séries de respirações e voz falada, para
desenvolver os mecanismos que a serem utilizados no vocalize.
Esses exercícios de base, junto aos de consciência corporal e respiração,
devem integrar a rotina diária de trabalho do aluno, desenvolvendo e fixando o
trabalho em aula.
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1.2. Vocalize: Terças da Escala de Dó Maior
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2. Exercício de base: Som Vibratório com Sirene
frente e para trás. Os joelhos trabalham como molas, ajudando no vai-vem. Os braços se movem
como pêndulos, no ritmo do som. As mãos começam atrás do corpo, na primeira nota, e vão até a
cima da cabeça. Use o impulso de deslizar para adiante para ajudar na emissão do som mais
agudo.
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2.2. Vocalize: Acordes da Escala de Dó Maior
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3. Exercício de base: Vogais
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4. Exercício de base: Vogais com Som de Sirene
O som deve ser como uma sirene, que sobe para o agudo na segunda letra,
para descer novamente na terceira. Cuidar para o som sair muito suave, sem
sustentar o agudo, sem afinar, sem cantar. Utilizar mais de um registro, muito leve,
tratando de perceber o momento da passagem para a voz de cabeça.
Procure fazer o mesmo movimento do exercício 2. Pratique-o também na vocalize.
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5. Exercício de base: Teoria Musical
Tábua:
b/#
Dó
Ti
Te /li
Lá
Le / Si
Só
Se / Fi
Fá
Mi
Me / Ri
Ré
Ra / Di
Dó
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Intervalos:
Existem diferentes tipos de intervalos. Uma Segunda, por exemplo, pode ser
maior (2M), menor (2m), aumentada (2+) ou diminuta (2°). Esta apostila trabalhará
apenas com os intervalos maiores, menores e justos.
Para fazer esta classificação voltamos a tomar a escala de Dó Maior Típica
como referencia. Usamos Dó central como eixo, e contamos uma Segunda para
cima e outra para baixo:
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Como comprovamos, a Segunda formada para cima de Dó é maior que a
formada para baixo de Dó. Chamamos a maior Segunda ( Dó - Ré ) de Maior: 2M,
e à menor ( Dó - Si ) de menor: 2m.
Toda 2M mede um tom ou dois semitons. Toda 2m mede meio tom ou um
semitom. Isto serve para todos os intervalos de Segunda.
Para classificar uma Terça voltamos a tomar a escala de Dó como referencia,
partimos de Dó, medimos e comparamos os dois intervalos:
Intervalos Harmônicos: 6M e 3M
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Os intervalos maiores são, se comparados com os menores, mais alegres e
firmes. Sempre os encontramos na escala de Dó Maior ascendente, enquanto os
mesmos se transformam em menores na escala maior descendente.
Podemos reconhecê-los e cantá-los na tábua:
b/#
Dó
Ti
(Te /li)
Lá: 6M
(Le / Si)
Só
(Se / Fi)
Fá
Mi: 3M
(Me / Ri)
Ré
(Ra / Di)
Dó
A Escala de Do Maior:
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Do Maior), que é puxado pelo terceiro grau, que também fica só a um semitom de
distância.
O terceiro grau cumpre a função de tônica (repouso), junto ao primeiro grau,
dando o modo da escala.
Esses dois sensíveis, posicionados nos únicos dois intervalos de semitom da
escala, formam o famoso “Tri-tom” (três tons), a grande tensão da escala maior, que
cumpre a função harmônica de “Dominante”.
Todas as escalas maiores têm a mesma estrutura de tons e semitons.
Por convenção, utilizamos a escala de Do maior como referencia.
Desenvolvimento:
- Antes de todos os exercícios com escalas, recomenda-se brincar com a tábua, apontando diferentes
graus para seguir com a vista e cantar.
Dó
Ti
(Te /li)
Lá
(Le / Si)
Só
(Se / Fi)
Fá
Mi
(Me / Ri)
Ré
(Ra / Di)
Dó
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Exemplo na pauta:
A vocalize que acompanha o exercício de percepção auditiva pode ser feito com qualquer dos sons
deste nível ou os nomes das notas.
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Canto Popular
Nível Básico II
APOSTILA PRÁTICA
Professora Valéria Klay
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Programa do Nível Básico II
Consciência Corporal:
- Incorporar técnicas de relaxamento e alongamento do corpo, pescoço, rosto,
boca e laringe; Incorporar uma postura adequada ao canto;
Respiração:
- Controlar e administrar a coluna de ar; Controlar a respiração intercostal
baixa e o apoio intercostal simples;
Desenvolvimento vocal:
- Fonação: Cantar com adução das pregas vogais; suavizar o golpe de glotes;
- Sons e sílabas:
Consoantes nasais: Mmm... – Nnn... – NH... etc., com uso exclusivo e
continuo;
- Vogais: U – I – A, com uso contínuo: (atacando sempre com U);
- Sílabas com ataque de consoantes nasais: Maa..., Nhaa..., etc.
- Registro: Uma oitava a partir da nota mais grave com colocação laríngea
neutra; voz de peito suave e centrada; Aprofundar a exploração da voz de
cabeça; Descobrir e explorar a passagem principal (peito-cabeça)
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Interpretação:
- Dinâmica: Som regular; Muito suave; Suave; Ligado; Deslizando;
Teoria Musical:
Percepção auditiva:
- Escala de Do Menor Natural e Harmônica (Arpejos e terças da escala
menor; Arpejo menor).
- Intervalos harmônicos: 3m e 6m
Ritmo:
- Andamento: Andante
- Figuras: Mínima, Semínima,
- Compasso: Simples, 2/4 e 4/4
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Exercícios do Nível Básico II
Consciência Corporal
Os exercícios de consciência corporal podem ser os mesmos durante o nível básico completo,
ficando aberta, para o professor ou fonoaudiólogo, a possibilidade de acrescentar qualquer exercício
que ache necessário.
O importante é nunca esquecer de aquecer e alongar tanto o corpo como o aparelho fonador
antes da prática vocal, e cuidar da postura e do relaxamento.
Os cuidados básicos de consciência corporal se encontram no começo da Apostila Prática do
Nível Básico I.
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RESPIRAÇÃO
Respiração intercostal-baixa com apoio simples (reconhecimento e
desenvolvimento):
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Apoio intercostal-simples:
Respiração intercostal-baixa-anterior:
Respiração intercostal-baixa-media:
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Respiração intercostal-baixa-posterior:
Respiração intercostal-baixa-completa
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DESENVOLVIMENTO TÉCNICO
Todos os exercícios de desenvolvimento técnico têm uma introdução,
chamada “Exercício de base”, com séries de respirações e voz falada, para
desenvolver os mecanismos que a serem utilizados no vocalize.
Esses exercícios de base, junto aos de consciência corporal e respiração,
devem integrar a rotina diária de trabalho do aluno, desenvolvendo e fixando o
trabalho em aula.
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1.2. Vocalize: Terças da Escala de Dó Menor Natural
52
2. Exercício de base: Som Vibratório com Sirene
Utilize dois tempos para a inspiração e quatro para a expiração. Escolha entre
as seguintes possibilidades: “TRR...”; “BRR...”. O som deve ser emitido como uma
sirene, que sobe para o agudo e depois volta para onde estava. Movimente os
orbiculares durante o trabalho com o som “TRR...”. Trate de que o som saia muito
suave, sem sustentar o agudo, sem afinar, sem cantar.
Utilize mais de um registro, muito leve, buscando perceber o momento exato
da passagem para a voz de cabeça.
Procure trabalhar de pé, na posição de tai-chi-chuan, fazendo balançar os braços, para
frente e para trás. Os joelhos trabalham como molas, ajudando no vai-vem. Os braços se movem
como pêndulos, no ritmo do som. As mãos começam atrás do corpo, na primeira nota, e vão até a
cima da cabeça. Use o impulso de deslizar para adiante para ajudar na emissão do som mais
agudo.
Pratique o mesmo movimento na vocalize.
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2.2. Vocalize: Acordes da Escala de Dó Menor Natural
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3. Exercício de base: Vogais
55
4. Exercício de base: Sílabas com Consoante e Vogal
Utilize dois tempos para a inspiração e quatro tempos para a expiração com
som. Escolha primeiro uma consoante e depois uma vogal de cada grupo a seguir
para formar as sílabas (consoantes: “MM...”; “NH...”; “NN...”; “GN...”. Vogais:
“U”, “A”, “I”.)
O som deve ser leve e constante, se posicionando sempre nos ressonadores
centrais do rosto. Utilizar respiração intercostal-baixa com apoio simples, constante
e progressivo.
Procure fazer o mesmo movimento do exercício 2. Pratique-o também na
vocalize.
56
4.2. Vocalize: Intervalos Harmônicos, 3m e 6m
57
5. Exercício de base: Teoria Musical
Exemplo na tábua:
b/#
Dó
Ti
(Te /li)
Lá: 3m
(Le / Si)
Só
(Se / Fi)
Fá
Mi: 6m
(Me / Ri)
Ré
(Ra / Di)
Dó
58
A Escala Menor Natural:
Do menor Natural:
b/#
Dó
(Ti)
Te /(li)
(Lá)
Le / (Si)
Só
(Se / Fi)
Fá
(Mi)
Me / (Ri)
Ré
(Ra / Di)
Dó
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A Escala Menor Harmônica:
A Escala Menor Natural foi utilizada por muito tempo, quando a música
ocidental ainda era polifônica, contando com um grande desenvolvimento de escalas
diferentes (as outras escalas, filhas da maior, os modos gregorianos).
Mas com o descobrimento da harmonia, e em conseqüência das funções
harmônicas, os compositores começaram a precisar de uma escala menor com
sensível. Respondendo a isso, surgiu a primeira escala alterada da historia, a Escala
Menor Harmônica, que é a mesma escala Menor natural, com o sétimo grau
ascendido, caso seja transformada novamente em sensível.
Podemos afirmar que: 1.) a Escala Menor Harmônica é igual à Escala Menor
Natural, com o sétimo grau ascendido; e 2.) a Escala Menor Harmônica é igual à
Escala Maior, com o terceiro e sexto graus descendidos.
Do menor Harmônica:
b/#
Dó
Ti
(Te) /(li)
(Lá)
Le / (Si)
Só
(Se / Fi)
Fá
(Mi)
Me / (Ri)
Ré
(Ra / Di)
Dó
60
Desenvolvimento:
61
Canto Popular
Nível Básico III
APOSTILA PRÁTICA
Professora Valéria Klay
62
Programa do Nível Básico III
Consciência Corporal:
- Utilizar técnicas de relaxamento e alongamento do corpo, pescoço, rosto,
boca e laringe; Utilizar uma postura adequada ao canto;
Respiração:
- Dominar e administrar a coluna de ar; Controlar a respiração abdominal e
intercostal baixa complexas;
Desenvolvimento vocal:
- Fonação: Cantar com adução das pregas vogais; Suavizar o golpe de glote;
- Sons e sílabas:
- Consoantes nasais: Mmm... – Nnn... – NH... etc., com uso exclusivo e
continuo;
- Todas as vogais;
- Sílabas compostas com consoantes fricativas no final: Mimm..., Romm...,
Liamm..., Jom, Tom, etc.
- Sílabas com ataque de consonantes nasais, com vogais compostas: Maai...,
Nhaai..., Mua, Mini, etc.
- Registro: Uma décima a partir da nota mais grave com a laringe neutra;
Resolver a passagem principal (peito-cabeça), respeitando a primeira
colocação natural (especialmente nos homens).
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Interpretação:
- Dinâmica: Som regular; Muito suave; Suave; Ligado; Deslizando;
- Estilo: Som central, limpo e claro.
- Repertorio: duas peças simples. Utilizar amplificação da voz
Teoria Musical:
Percepção auditiva:
- Escala pentatônica maior.
- Intervalos justos: 4J, 5J, 8J.
- Forma.
- Cadencia maior.
Ritmo:
- Andamento: Andante
- Figuras: Mínima, Semínima, Colcheia.
- Compasso: Simples, 2/4, 4/4 e 3/4.
64
Exercícios do Nível Básico III
Consciência Corporal
Os exercícios de consciência corporal podem ser os mesmos durante o nível básico completo,
ficando aberta, para o professor ou fonoaudiólogo, a possibilidade de acrescentar qualquer exercício
que ache necessário.
O importante é nunca esquecer de aquecer e alongar tanto o corpo como o aparelho fonador
antes da prática vocal, e cuidar da postura e do relaxamento.
Os cuidados básicos de consciência corporal se encontram no começo da Apostila Prática do
Nível Básico I.
65
RESPIRAÇÃO
Apoio “Complexo” abdominal e intercostal (reconhecimento e
desenvolvimento)
Apoio Complexo:
Utilize quatro tempos para a inspiração e oito para a expiração. Trabalhe com
“ZZZZ” (sem timbrar), mantendo a língua relaxada e vibrando entre os dentes.
Lembre de não começar a fazer força até não ser totalmente necessário.
66
Exercícios - Cinco respirações intercostais-complexas sem som
Utilize quatro tempos para a inspiração e oito para a expiração. Trabalhe com
“ZZZZ” (sem timbrar), mantendo a língua relaxada, vibrando entre os dentes.
Inspire mandando o ar para o intercostal-baixo-médio, fazendo força para abrir as
costelas flutuantes.
Durante a expiração, mantenha as costelas abertas através da força
intercostal.
O intercostal anterior e posterior já foram desenvolvidos com a respiração
intercostal-baixa-simples, e não precisam ser trabalhados por separado novamente.
67
DESENVOLVIMENTO TÉCNICO
Todos os exercícios de desenvolvimento técnico têm uma introdução,
chamada “Exercício de base”, com séries de respirações e voz falada, para
desenvolver os mecanismos que a serem utilizados no vocalize.
Esses exercícios de base, junto aos de consciência corporal e respiração,
devem integrar a rotina diária de trabalho do aluno, desenvolvendo e fixando o
trabalho em aula.
68
1.2. Vocalize: Escala de Dó Maior, Graus e Intervalos de 5J
69
2. Exercício de base: Vogais
Utilize dois tempos para a inspiração e oito tempos para a expiração. Quatro
tempos para a saída do som, falando as vogais interligadas. Desenvolva o exercício,
escolhendo entre os diferentes grupos vocálicos:
70
3. Exercício de base: Sílabas com Consoante, vogal e consoante
Utilize dois tempos para a inspiração e oito tempos para a expiração com a
sílaba escolhida. Monte a sílaba com uma consoante do primeiro grupo, qualquer
vogal no meio e uma consoante do segundo grupo:
71
4. Exercício de base: Sílabas com Consoante, Vogal e Vogal
Utilize dois tempos para a inspiração e oito tempos para a expiração com o
som escolhido. Monte o exercício escolhendo uma consoante para o ataque e um
grupo de vogais para o desenvolvimento:
72
5. Exercício de base: Teoria Musical
Intervalos Justos:
Exemplo na tábua:
b/#
↑8J - Dó - 1↓
(Ti)
(Te) /(li)
(Lá)
Le / (Si)
↑5J - Só – 4J↓
(Se / Fi)
↑4J - Fá – 5J↓
(Mi)
Me / (Ri)
(Ré)
(Ra / Di)
↑1 – Dó – 8J↓
73
Do Maior Pentatônica:
A escala Pentatônica é muito antiga. Ela, como o nome indica, está composta
de cinco notas que, partindo de Dó, são: Dó, Ré, Mi, Fá, Lá. Foi a única escala
conhecida, até Pitágoras descobrir as notas Fá e Si (as duas sensíveis da escala
maior), enquanto estudava as leis da acústica.
Simples e musical, foi muito utilizada por tribos indígenas, tendo originado
diferentes ritmos folclóricos, como a Vaguala, do norte de Argentina, e até por
tribos africanas, dando origem ao blues, ao cruzar o Oceano Atlântico com nos
navios negreiros.
Exemplo na tábua:
b/#
Dó
(Ti)
(Te) /(li)
Lá
(Lê) / (Si)
Só
(Se / Fi)
(Fá)
Mi
(Me) / (Ri)
Ré
(Ra / Di)
Dó
74
Desenvolvimento:
75
Canto Popular
Nível Básico IV
APOSTILA PRÁTICA
Professora Valéria Klay
76
Programa do Nível Básico IV
Consciência Corporal:
- Utilizar técnicas de relaxamento e alongamento do corpo, pescoço, rosto,
boca e laringe; Utilizar uma postura adequada ao canto;
Respiração:
- Dominar e administrar a coluna de ar; Realizar respiração e apoios mistos e
dinâmicos;
Desenvolvimento vocal:
- Fonação: Cantar com adução das pregas vogais; Articulação glótica;
- Sons e sílabas:
- Consoantes nasais: Mmm... – Nnn... – NH... etc., com uso exclusivo e
continuo;
- Todas as vogais;
- Sílabas com ataque de consoantes e vogais compostas: Maai..., Nia..., Rioo...,
lioo..., etc.
- Sílabas compostas com consoantes fricativas no final (Mimm..., Romm...,
Liamm..., etc).
- Combinação de sílabas: TROPO – LILIA – LULIA – etc.
- Registro: Uma décima a partir da nota mais grave com colocação laríngea
central; Uniformizar os registros de peito e cabeça; afirmar a voz toda.
77
Interpretação:
- Dinâmica: Suave, médio suave, médio forte; som regular; ligado; deslizando;
(stacatto, filatto);
Teoria Musical:
Percepção auditiva:
- Escala pentatônica menor.
- Intervalos tensos: 7M, 7m, 2 M, 2m;
- Forma.
- Cadencia menor.
Ritmo:
-Andamento: Quase rápido
-Figuras: Mínima, Semínima, Colcheia.
Células rítmicas com sincopas simples e contratempos;
-Compasso: Simples, 2/4, 4/4 e 3/4
78
Exercícios do Nível Básico IV
Consciência Corporal
Os exercícios de consciência corporal podem ser os mesmos durante o nível básico completo,
ficando aberta, para o professor ou fonoaudiólogo, a possibilidade de acrescentar qualquer exercício
que ache necessário.
O importante é nunca esquecer de aquecer e alongar tanto o corpo como o aparelho fonador
antes da prática vocal, e cuidar da postura e do relaxamento.
Os cuidados básicos de consciência corporal se encontram no começo da Apostila Prática do
Nível Básico I.
79
RESPIRAÇÃO
Reconhecimento e desenvolvimento da respiração Mista e Dinâmica
A respiração mista
Esta técnica consiste em utilizar as respirações abdominal e intercostal
simultaneamente, ou seja, aproveitar ao mesmo tempo as capacidades e qualidades
de ambas.
Para isto, é necessário unificar o ponto de apoio da força num só lugar
comum, localizado na cintura. Ajuda bastante apoiar as mãos na cintura para
identificar o movimento.
A respiração mista pode ser utilizada com apoio simples ou complexo.
A respiração dinâmica
Cada tipo de respiração se dirige a um estilo específico de voz. Por isso, não
basta conhecer todas elas, é preciso ser capaz de utilizar, “dinamicamente”, cada
uma no momento certo. Não existe um procedimento comum para o uso da
respiração dinâmica. Trata-se de uma capacidade a ser adquirida, não de mais uma
técnica. Ao exercitar todo o repertório de técnicas, o cantor naturalmente aprende a
se valer de todas elas, adequadamente.
A respiração dinâmica é uma técnica que possibilita o uso conjunto de todas
as respirações estudas. O eixo será sempre a respiração mista, inspirando com o
ponto de apoio intermediário (localizado na cintura). O que faz essa respiração ser
dinâmica é sua flexibilidade, podendo tender para abdominal, intercostal, complexo
ou simples, dependendo da necessidade do momento.
Generalizando, pode-se dizer que a respiração simples funciona melhor no
registro mais grave (peito), e a complexa no agudo (cabeça). Do mesmo modo, a
respiração abdominal funciona melhor no registro grave e a intercostal no agudo.
Em frases ascendentes é melhor utilizar a respiração intercostal-complexa, em
80
quanto que em frases descendentes, a respiração-abdominal simples funcionará
melhor.
O mais importante é incorporar todas as respirações, já que a memória
mecânica é capaz de selecionar a respiração mais efetiva a cada momento.
81
DESENVOLVIMENTO TÉCNICO
Todos os exercícios de desenvolvimento técnico têm uma introdução,
chamada “Exercício de base”, com séries de respirações e voz falada, para
desenvolver os mecanismos que a serem utilizados no vocalize.
Esses exercícios de base, junto aos de consciência corporal e respiração,
devem integrar a rotina diária de trabalho do aluno, desenvolvendo e fixando o
trabalho em aula.
82
1.2. Vocalize: Intervalos de 8J
83
2. Exercício de base: Sílabas com Consoante e Vogais
Utilize dois tempos para a inspiração e doze tempos para a expiração com o
som escolhido. Monte o exercício escolhendo uma consoante para o ataque e um
grupo de vocais para o desenvolvimento:
Ataque: “M”; “N”; “R”; “L”; “K”, “T”, “P”, “J”.
Desenvolvimento: “IEO”, “IEA”, “IEI”, “IEU”, “IOU”, “IOI”, “IAO”,
“IAE”, “IAU”, “IAI”, “IUI”.
O som deve ser firme e uniforme, se posicionando sempre nos ressonadores
centrais do rosto.
No final, mantenha firme o apoio complexo e não deixe cair a colocação ou altura.
Utilizar a respiração mista-dinâmica.
84
3Exercício de base: Todas as Vogais
85
4. Exercício de base: Sílabas Diferentes com Consoante e Vogal
Utilize dois tempos para a inspiração e doze tempos para a expiração com o
som escolhido. Monte o exercício somando duas sílabas, iguais ou diferentes:
Ataque: “M”; “N”; “R”; “L”; “K”, “T”, “P”, “J”, “TR”.
Desenvolvimento: “IA”, “IE”, “IO”, ou uma vocal qualquer.
86
4.1. Vocalize: Intervalos Tensos, 7M, 7m, 2M, 2m
87
5. Exercício de base: Teoria Musical
Intervalos Tensos
Os intervalos tensos são utilizados para criar tensão. Tal tesão, às vezes, pode
ser resolvida, por meio de uma seqüência de tensão e repouso. Com estes intervalos,
podemos criar os acordes “dominantes”, cujas tenções serão resolvidas em acordes
de “tônica”, ou repouso, criando uma seqüência harmônica, ou cadência.
As segundas maiores, quando cantadas uma depois da outra, são ideais para
criar melodias. No entanto, as segundas menores só intensificam a tensão quando
tocadas melodicamente, como na trilha do filme tubarão. As sétimas menores atuam
como a característica principal dos acordes típicos dominantes, como no quinto
grau de Dó Maior, G7, com essa sétima formando o tri-tom com a Quarta justa da
escala.
As sétimas maiores soam tão tensas quanto uma Segunda menor, já que o
ouvido escuta o primeiro harmônico da nota de baixo (uma oitava), batendo com a
nota de cima.
exemplo na tábua:
b/#
↑8J - Dó - 1↓
↑7M – Ti – 2m↓
(Lá)
Le / (Si)
(Só)
(Se / Fi)
(Fá)
(Mi)
Me / (Ri)
↑2M – Ré – 7m↓
↑1 – Dó – 8J↓
88
Dó Menor Pentatônica:
Exemplo na Tábua:
b/#
Dó
(Ti)
Te /(li)
(Lá)
(Lê) / (Si)
Só
(Se / Fi)
Fá
(Mi)
Me / (Ri)
(Ré)
(Ra / Di)
Dó
89
Desenvolvimento:
90
91
Apêndice
Descrição dos sons
Obs.: Todas as descrições de sons encontradas nesta apostila estão em
linguagem informal, para a rápida orientação da voz cantada. Informações de nível
formal podem ser encontradas em qualquer texto de fonoaudiologia.
“U”: O som muito leve se focaliza embaixo do nariz, enquanto os orbiculares dão
forma de “beijinho” aos lábios, que se separam um pouco dos dentes. A língua
preenche o fundo da boca, como uma colher, sem deixar de tocar os dentes
inferiores.
“Ô”: igual à letra “U”, a articulação é feita inteiramente pêlos orbiculares, embora o
maxilar precise abrir verticalmente um pouco mais. Os lábios projetados em forma
circular separam-se dos dentes ligeiramente. A língua está na mesma posição da
vogal “U”, mas o dorso se eleva, aproximando-se do palato mole.
92
“Ê”: Igual á letra “I”, a articulação é feita pela parte posterior da língua, que eleva o
dorso até quase tocar o palato. O maxilar precisa abrir verticalmente, um pouco. Os
lábios entreabertos permitem que os dentes e língua sejam vistos.
2. Articulação de consoantes:
“F”: Apoiar os dentes superiores nos lábios inferiores, deixando escapar um pouco
de ar.
“P”: Igual que a letra “B”, com mais resistência dos lábios para deixar o som sair.
93
Consoantes com articulação de língua anterior:
“J”: Tocar apenas com o final da ponta da língua no começo do palato, deixando-a
vibrar relaxadamente.
“S”: Como na letra “J”, sem encostar tanto no palato, para deixar sair mais
quantidade de ar, e sem fazer timbre.
“T”: Igual que a letra “D”, encostando uma maior parte da ponta da língua, e
fazendo maior pressão.
“X”: Fazer a letra “S”, com a ponta da língua um pouco recuada e mais em ponta.
94
Consoantes com articulação de língua posterior:
“M”: Emitindo o som contínuo, faça de conta que está mastigando alguma coisa,
mexendo o maxilar com os lábios fechados. Movimente também os orbiculares.
Quando o som é utilizado como ataque, mantenha o maxilar fechado e a língua
relaxada, encostada no palato, onde se sente a vibração. Utilize a maçã do rosto para
aprofundar o som nasal (faça careta de mau cheiro, retraindo os músculos
nasogenianos).
95
“NH”: Mantendo o maxilar fechado e a língua relaxada, encostada inteira no palato,
onde se sente a vibração. Utilize a maçã do rosto para aprofundar o som nasal (faça
careta de mau cheiro).
“BB”: Com o rosto relaxado, deixe os lábios vibrando juntos, depois do ataque
com a letra “B”.
“TR”: O som deve ser executado com o rosto relaxado, a consoante “T” começa,
batendo nos dentes, para instalar a vibração leve e constante do som “RRR”, o mais
perto possível dos dentes. Quando a língua não consegue se manter vibrando é por
causa da tenção. Nesse caso se recomenda praticar esse som todo dia.
Bibliografia
96
GIUSEPPE ROSSI DELLA RIVA. “Aclaraciones sobre la Escuela Italiana del Bel
Canto”. Três Conferencias pronunciadas na sala RICORDI, Buenos Aires,
Argentina, 1955.
97