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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM

VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL

Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância


em Saúde no Brasil

Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no


SUS: O Subsistema Nacional de Vigilância em
Saúde Ambiental
Disciplina I
Sistema Único de Saúde e Vigilância em
Saúde no Brasil

Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no


SUS: O Subsistema Nacional de Vigilância em
Saúde Ambiental

Daniela Buosi Rohlfs


Cássia de Fátima Rangel Fernandes
Thenille Faria Machado do Carmo
Objetivos da Unidade

O objetivo central desta unidade é apresentar o histórico de evolução da construção


da Saúde Ambiental, desde as conquistas mundiais, até a criação da Vigilância em
Saúde Ambiental no âmbito do Sistema Único de Saúde. Além disso, apresenta a
atual organização da VSA no Ministério da Saúde, descrevendo o objetivo e
competência de cada um de seus programas.
Sumário
1. Construção da Vigilância em Saúde Ambiental no âmbito do Sistema Único de
Saúde .......................................................................................................................... 6

1.1 Relação Saúde e Ambiente – Aspectos Históricos ................................................................ 6


1.2 Histórico da construção da Vigilância em Saúde Ambiental no Brasil ................ 12
1.3 Competências da Vigilância em Saúde Ambiental ....................................................... 19
2. Forma de Atuação da Vigilância em Saúde Ambiental ......................................... 22

2.1 Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano ....................................... 22


2.1.1 Modelo de Atuação................................................................................................................. 24
2.1.2 Campo de Atuação............................................................................................................... 25
2.1.3 Estratégias para implementação e operacionalização do Vigiagua ............. 27
2.1.4 Instrumentos Normativos e Diretrizes ......................................................................... 32
2.2 Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Contaminantes Químicos .... 34
2.2.1 Modelo de Atuação .............................................................................................................. 36
2.2.2 Componentes da Vigilância em Saúde de Populações Expostas a
Contaminantes Químicos - Vigipeq........................................................................................... 40
2.3 Vigilância em Saúde dos Riscos Associados a Desastres ....................................... 59
2.3.1 Modelo de atuação ................................................................................................................ 62
2.3.2 Normativas ............................................................................................................................... 68
2.3.3 Componentes da Vigilância em Saúde Ambiental dos Riscos Associados
aos Desastres - Vigidesastres ..................................................................................................... 69
2.3.4 Estratégias de atuação....................................................................................................... 76
2.3.5 Força Nacional do Sistema Único de Saúde – FN-SUS .................................... 80
3. Áreas transversais à Vigilância em Saúde Ambiental ........................................... 82

3.1 Análise de Situação em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador - Asisast . 82


3.2 Núcleo de Desenvolvimento Sustentável .......................................................................... 83
4. Referencias Bibliográficas ..................................................................................... 90
Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

1. Construção da Vigilância em Saúde Ambiental no


âmbito do Sistema Único de Saúde

1.1 Relação Saúde e Ambiente – Aspectos Históricos

A relação entre saúde e ambiente tem sido evidenciada desde a Grécia


Antiga quando Hipócrates em sua obra “Dos Ares, das Águas e dos Lugares”
apresenta as preocupações com a influência de aspectos ambientais na
determinação das doenças.

Entretanto, por muito tempo vigorou o conceito de saúde baseado no


modelo biomédico. Este modelo, amparado pelo surgimento da bacteriologia,
trazia uma concepção reducionista, estritamente biológica, mecanicista,
medicalizadora, hospitalocêntrica, individualista e centrado na figura do
médico. O modelo de saúde biomédico trouxe melhorias para as condições de
saúde da população, porém ainda eram evidentes as desigualdades e
problemas de saúde no mundo todo, havendo assim o reconhecimento da
necessidade de uma política de saúde mais abrangente, que atuasse sobre os
determinantes sociais da saúde (DSS) (Buosi et al., 2011).

Segundo a Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da


Saúde – CNDSS, os DSS são os fatores sociais, econômicos, culturais,
étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a
ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na
população (Buss& Pellegrini, 2007).

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

SAIBA MAIS
Para saber mais sobre as relações entre saúde e seus determinantes sociais,
assim como a evolução histórica dos diversos paradigmas explicativos do
processo saúde/doença no âmbito das sociedades, leia o artigo científico “A
Saúde e seus Determinantes Sociais” disponível na Biblioteca do AVA.

O conceito de saúde passa então a incorporar o estilo de vida das


pessoas, englobando a forma como as pessoas vivem, as escolhas que fazem,
e não apenas a ausência de doença. Considerando estes aspectos, em 1949,
a Organização Mundial da Saúde define saúde como: "... um estado de
completo bem estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença
ou enfermidade", englobando assim a dimensão psíquica, social e
comportamental da atual sociedade, o que inclui o ambiente em que se vive
(WHO, 1946).

Ao tempo em que o conceito de saúde se ampliava, as questões


ambientais também ganhavam destaque com a realização da primeira
conferência da Organização das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente,
denominada Conferência de Estocolmo, realizada na capital da Suécia,
Estocolmo, em 1972. Neste momento emergiram as contradições ligadas ao
desenvolvimento e ao ambiente, e iniciou-se uma conscientização global
quanto à necessidade de preservar e melhorar o ambiente humano. Essa
conferência foi um marco na agenda ambiental, e possibilitou uma mudança
das atenções, que antes eram centradas na noção de preservação e
conservação da natureza biofísica, para a noção de um ambiente global,
colocando as questões ambientais no topo da agenda política nacional,
regional e internacional (Freitas, 2005).

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SAIBA MAIS
A Conferência de Estocolmo deu origem à Declaração de Estocolmo sobre Meio
Ambiente Humano, uma declaração de princípios comuns com objetivo de
oferecer aos povos de todas as nações inspiração para a melhoria da qualidade
do meio ambiente humano (Pelicioni, 2004).

No setor Saúde, houve uma grande mudança de olhar com a publicação


do Relatório Lalonde, em 1974, pelo Ministério de Bem Estar e Saúde do
Canadá. O relatório aponta o ambiente (natural e social) como um dos grupos
explicativos do fenômeno saúde/doença, propondo assim um modelo
ecossistêmico de saúde (Lalonde, 1974). O resultado concretiza-se na
produção de um modelo que inter-relaciona quatro grupos explicativos do
fenômeno saúde/doença:

Figura 1 – Grupos explicativos do fenômeno saúde/doença segundo Modelo


Ecossistêmico de Saúde.

A partir de então, iniciou-se a formação, entre os profissionais de saúde,


de uma nova mentalidade, integrando uma abordagem mais holística e a
consciência ecológica no trato das questões afeitas à promoção, à proteção e
à recuperação da saúde da população. O ambiente passava então a ser
reconhecido como um componente do processo saúde-doença (Brasil, 2009a).

Esse novo pensamento de caracterização do processo saúde-doença foi


realçado em 1978 com a publicação da Declaração de Alma-Ata para os
Cuidados Primários em Saúde, durante a I Conferência Internacional sobre

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Cuidados Primários à Saúde, realizada em Alma-Ata na Rússia. Os


determinantes e condicionantes do processo saúde-doença passam então a
incorporar as dimensões sociais, políticas, culturais, ambientais e econômicas,
como indispensável às ações e aos serviços de saúde, contribuindo para o
fortalecimento e renovação da Atenção Primária em Saúde (OMS, 1978).

A Atenção Primária à Saúde ou Atenção Básica constitui o primeiro nível de atenção do


Sistema Único de Saúde (SUS) e caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito
individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos,
o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. É desenvolvida por meio
do exercício de práticas gerenciais e sanitárias democráticas e participativas, sob forma de
trabalho (Brasil, 2009b).

SAIBA MAIS
Para saber mais sobre a Atenção Primária e seu papel na construção do SUS,
acesse o texto “Atenção Primária e Promoção da Saúde” (Volume 3 da Coleção
Para Entender a Gestão do SUS 2015 - CONASS, 2015) disponível na Biblioteca
Virtual do AVA (arquivo APS_promocaoSaude). Também disponível em
http://www.conass.org.br/biblioteca/pdf/A-Atencao-Primaria-e-as-Redes-de-
Atencao-a-Saude.pdf

Em 1986 o Ministério da Saúde do Canadá, a Organização Mundial de


Saúde e a Associação de Saúde Pública do Canadá - CPHA promoveram a I
Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde que teve como produto
principal a Carta de Ottawa. Essa Carta definiu o conceito de promoção à
saúde, apontou os múltiplos determinantes da saúde e a necessidade de
ações intersetoriais e interdisciplinares no setor. Afirma, ainda que as
condições e requisitos para a saúde são: paz, educação, habitação,
alimentação, renda, ecossistema estável, recursos sustentáveis, justiça social
e equidade (Brasil, 2002).

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No Brasil, a adoção de um modelo de desenvolvimento econômico não


sustentável se destaca como principal responsável pelas questões ambientais
que geram impactos à saúde das populações, e aponta para a necessidade de
políticas públicas para combater os riscos e danos à saúde, decorrentes da
exposição humana a um ambiente degradado (Buosi et al., 2011). O
movimento pela Reforma Sanitária no Brasil vai ao encontro destas
preocupações e propicia o início de uma mudança nos paradigmas das
práticas de saúde. O marco principal destas mudanças se dá com a realização,
em 1986, da VIII Conferência Nacional de Saúde que resultou na ampliação
do conceito de saúde vigente, considerando saúde como resultante das
condições de vida e do meio ambiente dos povos (Brasil, 2009a).

Como resultado das reivindicações sanitaristas a Constituição Federal


promulgada em 1988 incluiu, pela primeira vez, uma seção sobre saúde com
os conceitos propostos na VIII Conferência de Saúde. O setor saúde ganha
assim um forte respaldo legal com a aprovação da criação do SUS, que em
sua Lei Orgânica traz a definição de meio ambiente como um dos fatores
determinantes e condicionantes da saúde, e confere ao setor saúde a
responsabilidade de promover ações que visem garantir às pessoas e à
coletividade condições de bem-estar físico, mental e social (Buosi et al., 2011).

As preocupações com a saúde relacionadas aos condicionantes e


determinantes ambientais ganham destaque no Brasil e no mundo e recebem
forte respaldo com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD ou Rio-92), onde se instituiu o
compromisso da definição e adoção de um conjunto de políticas de meio
ambiente e de saúde, no contexto do desenvolvimento sustentável.

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
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SAIBA MAIS
Como visto na Unidade 2 desta Disciplina, na Rio-92 foi a elaborada a
Agenda 21, que pode ser definida como um instrumento de planejamento para a
construção de sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas,
conciliando métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica,
de modo a alcançar o desenvolvimento sustentável no Século XXI. A agenda 21
propõe ações também para o setor Saúde e, além de seu Capítulo 6, que trata do
tema Proteção e Promoção das Condições da Saúde Humana, diversos outros
capítulos abordam os vínculos existentes entre saúde, meio ambiente e
desenvolvimento. A partir da Agenda 21 foi construída a Agenda 21 Brasileira, que
tem como objetivo redefinir o modelo de desenvolvimento do país, introduzindo o
conceito de sustentabilidade e qualificando-o com as potencialidades e as
vulnerabilidades do Brasil no quadro internacional (Brasil, 2004a e 2009a).

Após a Rio-92 e com a sensibilização mundial quanto à necessidade


de desenvolvimento de políticas e estratégias sobre saúde e ambiente, a
Organização Pan-Americana da Saúde – OPAS realizou em 1995, em
Washington/USA, a Conferência Pan-Americana sobre Saúde e Ambiente no
Desenvolvimento Humano Sustentável – COPASAD. O objetivo da COPASAD
foi definir e adotar um conjunto de políticas e estratégias sobre saúde e
ambiente, bem como elaborar um plano regional de ação no contexto do
desenvolvimento sustentável, em articulação com planos nacionais elaborados
pelos vários países do continente americano e apresentados durante a
Conferência. Para a COPASAD, foi estruturado no Brasil um Grupo de
Trabalho Interministerial (GTI), coordenado pelo Ministério da Saúde, para a
elaboração de um Plano Nacional a ser apresentado pelo Governo Brasileiro
na Conferência (Brasil, 1995).

SAIBA MAIS
O Brasil elaborou o “Plano Nacional de Saúde e Ambiente no Desenvolvimento
Sustentável – Diretrizes para Implementação”, que apresentou um amplo
diagnóstico dos principais problemas de saúde e ambiente do país, resultando na
elaboração de diretrizes programáticas, de curto e médio prazos, visando tornar-
se referência para as futuras ações de planejamento em saúde e meio ambiente
(Brasil, 1995).

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Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

Assim, com a identificação das condições ambientais adversas como


riscos à saúde, apontou-se a necessidade de superação do modelo de
Vigilância à Saúde baseado em agravos, incorporando a temática ambiental
nas práticas da Saúde Pública (Barcellos & Quitério, 2006). Neste cenário e,
na perspectiva de combater os problemas de saúde resultantes dos impactos
ambientais que, no final da década 1990, começa a se estruturar a vigilância
em saúde ambiental no Brasil.

1.2 Histórico da construção da Vigilância em Saúde Ambiental no


Brasil
O decisivo envolvimento político do Brasil na COPASAD resultou na
introdução do conceito de desenvolvimento sustentável na saúde pública
brasileira, contribuindo para que novos arranjos institucionais fossem
estabelecidos, a fim de que a saúde fizesse frente aos desafios apresentados
pela crise ambiental global (Netto & Alonzo, 2009).

Após a COPASAD o Ministério da Saúde empenhou esforços para a


instituição da saúde ambiental no Brasil tendo como principal iniciativa a
estruturação da área de “vigilância ambiental em saúde”. No ano de 1997 a
vigilância ambiental em saúde foi então estruturada no extinto Centro Nacional
de Epidemiologia - Cenepi, da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), que,
em maio do ano 2000, com a publicação do Decreto nº 3.450/2000, tornou-se
responsável pela “Gestão do Sistema Nacional de Vigilância Ambiental em
Saúde”.

Com a estruturação da “Coordenação Geral de Vigilância Ambiental em


Saúde” no âmbito do Cenepi, teve início a implantação da vigilância em saúde
ambiental no país por meio do Projeto Vigisus, no ano de 2001. Este projeto,
com recursos financeiros de empréstimo do Banco Mundial, teve como objetivo
fortalecer a vigilância em saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS.
A concepção do Projeto Vigisus criou condições institucionais para formalizar

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a Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental como espaço para


articular a saúde ambiental no país (Netto & Alonzo, 2009).

SAIBA MAIS
No início, as atividades no campo da saúde ambiental foram centradas na
capacitação de recursos humanos, no financiamento da construção e reforma dos
Centros de Controle de Zoonose e na estruturação do Sistema de Informação da
Qualidade da Água para Consumo Humano - Sisagua (Brasil, 2009c).

SAIBA MAIS
Ao mesmo tempo, a área deixa de ser denominada “Vigilância Ambiental em
Saúde” para ser chamada “Vigilância em Saúde Ambiental” trazendo o foco para
a vigilância à saúde, com o desafio de realizar a vigilância de exposições, por
meio do monitoramento da exposição de indivíduos ou grupos populacionais a um
agente ambiental ou seus efeitos clinicamente ainda não aparentes (subclínicos
ou pré-clínicos) (Freitas & Freitas, 2005).

A estruturação das áreas técnicas da Vigilância em Saúde Ambiental no


âmbito do SINVSA se deu em consonância com as demandas de saúde, tendo
em vista a necessidade de enfrentamento dos novos riscos à saúde
relacionados à poluição ambiental e a um modelo de desenvolvimento não
sustentável. O objetivo era fazer frente aos desafios apresentados pela crise
ambiental global, criando mecanismos para a organização dos serviços de
saúde considerando o ambiente na condição de elemento integrante da
determinação social da saúde, e vinculado à promoção da saúde (Netto &
Alonzo, 2009).

O processo de consolidação da Vigilância em Saúde Ambiental foi


acompanhado por positivos avanços, tanto técnicos, como operacionais, o que
resultou na implementação da Vigilância em Saúde Ambiental dentro da
estrutura do SUS. Em 2009, com a criação do Departamento de Vigilância em
Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador - DSAST, por meio do Decreto nº
6.860/2009, integrado pela Coordenação Geral de Vigilância em Saúde
Ambiental - CGVAM e pela Coordenação Geral de Saúde do Trabalhador –

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CGSAT houve ainda maior integração das ações de vigilância em saúde


ambiental e da saúde do trabalhador no âmbito dos territórios (Brasil, 2009c).

Território: Entende-se o território como uma concepção associada de


natureza e sociedade configuradas por um limite de extensão de poder,
tratando o espaço geográfico a partir de uma leitura política, pensado e
definido por uma relação de poder. Esse espaço apresenta, portanto, além
de uma extensão geométrica, um perfil demográfico, epidemiológico,
administrativo, tecnológico, político, social e cultural, que o caracteriza
como um território em permanente construção (Monken& Barcellos, 2005).

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Quadro 01 – Compilado das legislações sobre a estruturação da Vigilância em


Saúde Ambiental no Brasil
Legislação Competência
Instrução Define as competências da União, estados, municípios e
Normativa Distrito Federal, na área de vigilância ambiental em
Funasa nº saúde.
01/2001
Reestrutura o Ministério da Saúde, com a criação da
Decreto nº Secretaria de Vigilância em Saúde – SVS, que passou a
4.726/2003 ter como uma de suas competências a gestão do
“Sistema Nacional de Vigilância Ambiental em Saúde –
SINVAS”.
Institui o “Sistema Nacional de Vigilância em Saúde”, cuja
gestão é atribuída à Secretaria de Vigilância em Saúde.
Portaria MS nº A Vigilância em Saúde Ambiental passa, então, a fazer
1172/2004 parte do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde para
atuar de forma integrada com as demais vigilâncias
(vigilância das doenças transmissíveis, vigilância das
doenças e agravos não transmissíveis e dos seus fatores
de risco, e vigilância da situação de saúde).
Atualiza as competências da Vigilância em Saúde
Ambiental e redefine o Sistema Nacional de Vigilância em
Instrução Saúde Ambiental– SINVAS como Subsistema Nacional
Normativa da de Vigilância em Saúde Ambiental – SINVSA, que passa
SVS nº 01/2005 a ser um Subsistema por estar integrado ao Sistema
Nacional de Vigilância em Saúde. Define, portanto, as
áreas de atuação do SINVSA e as competências da
União, Estados, Municípios e Distrito Federal na área de
vigilância em saúde ambiental.

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A Figura 2 apresenta o organograma atual do Departamento de Vigilância


em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador da SVS:

Figura 02: Organograma do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde


do Trabalhador – DSAST

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SAIBA MAIS
A Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental - CGVAM e a Coordenação
Geral da Saúde do Trabalhador - CGSAT, considerando as competências do DSAST na
gestão das ações relacionadas à Vigilância em Saúde Ambiental e da Saúde do
Trabalhador, definiram a Missão e Visão do Departamento, por meio de um planejamento
estratégico e participativo.

Missão: formular, regular e fomentar políticas de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde


do Trabalhador de forma a eliminar e minimizar riscos, prevenir doenças e agravos,
intervindo nos determinantes do processo saúde-doença, decorrentes dos modelos de
desenvolvimento, dos processos produtivos e da exposição ambiental, visando à
promoção da saúde da população.

Visão: ter competência de produzir análise de situação de saúde sobre vulnerabilidades


socioambientais para o planejamento de ações e serviços de saúde.

Para implementação das ações de Vigilância em Saúde Ambiental, foram


desenvolvidos instrumentos de vigilância e controle como Indicadores de
Saúde Ambiental e Sistemas de Informação. Estes serão apresentados na
Disciplina IV - Instrumentos para a Vigilância em Saúde Ambiental.

Desde a criação da SVS, a integração das vigilâncias foi se fortalecendo


nas três esferas de governo, impulsionada pela relevância das doenças e
agravos não transmissíveis, pela necessidade do fomento às ações de
promoção da saúde, pela redução da morbimortalidade da população em geral
e dos trabalhadores em particular, pela preocupação com os riscos sanitários,
caracterizados como os eventos que podem afetar adversamente a saúde de
populações humanas, e pela urgência em organizar respostas rápidas em
emergências de saúde pública (Buosi et al., 2011).

Com a publicação da Portaria nº 3252, em 22 de dezembro de 2009 1, o


Ministério da Saúde consolida a integração das vigilâncias reforçando a

1 A Portaria nº 3252/2009 foi revogada pela Portaria nº 1378 de 09 de julho de 2013 que
regulamenta as responsabilidades e define diretrizes para execução e financiamento das
ações de Vigilância em Saúde pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, relativos ao
Sistema Nacional de Vigilância em Saúde e Sistema Nacional de Vigilância Sanitária.

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
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necessidade de atuação conjunta, sendo definidos os componentes da


Vigilância em Saúde como:

I. vigilância epidemiológica;
II. promoção da saúde;
III. vigilância da situação de saúde:
IV. vigilância em saúde ambiental;
V. vigilância da saúde do trabalhador;
VI. vigilância sanitária.

Assim, como visto na Unidade 1, a vigilância em saúde, pautada na


intersetorialidade, integrou as vigilâncias com o objetivo de controlar
determinantes, riscos e danos à saúde de populações que vivem em
determinados territórios, garantindo a integralidade da atenção, o que inclui
tanto a abordagem individual como coletiva dos problemas de saúde (Brasil,
2009d).

A Vigilância em Saúde Ambiental é, portanto, um dos componentes da


Vigilância em Saúde, sendo definida como:

“um conjunto de ações que propiciam o conhecimento e a detecção de


mudanças nos fatores determinantes e condicionantes do meio ambiente que
interferem na saúde humana, com a finalidade de identificar as medidas de
prevenção e controle dos fatores de risco ambientais relacionados às doenças
ou a outros agravos à saúde (Brasil, 2009d)”.

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1.3 Competências da Vigilância em Saúde Ambiental

O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental -SINVSA


tem caráter multidisciplinar e está inserido no arcabouço da vigilância em
saúde. A coordenação desse subsistema na esfera federal, dentro do
Ministério da Saúde, está a cargo da Secretaria de Vigilância em Saúde - SVS,
por meio da Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental – CGVAM.

O SINVSA compreende o conjunto de ações e serviços prestados por


órgãos e entidades públicas e privadas, relativos à vigilância em saúde
ambiental, visando o conhecimento e a detecção ou prevenção de qualquer
mudança nos fatores determinantes e condicionantes do meio ambiente
que interferem na saúde humana, com a finalidade de recomendar e adotar
medidas de promoção da saúde ambiental, prevenção e controle dos
fatores de riscos relacionados às doenças e outros agravos à saúde (Brasil,
2005a).

As áreas prioritárias para a atuação da Vigilância em Saúde Ambiental -


VSA foram definidas na Instrução Normativa SVS nº 01/2005, sendo: qualidade
da água para consumo humano; qualidade do ar; solo contaminado;
contaminantes ambientais e substâncias químicas; desastres naturais;
acidentes com produtos perigosos; fatores físicos (radiações ionizantes e não
ionizantes); e ambiente de trabalho. É também atribuição da VSA, sob
responsabilidade da CGVAM, os procedimentos de vigilância epidemiológica
das doenças e agravos à saúde humana associados a contaminantes
ambientais, especialmente os relacionados com a exposição a agrotóxicos,
amianto, mercúrio, benzeno e chumbo.

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A atuação da VSA é pautada na intra e intersetorialidade, com foco na


integração, processamento e interpretação de informações visando ao
conhecimento dos problemas de saúde existentes, relacionados aos fatores
ambientais, sua priorização para a tomada de decisão e execução de ações
relativas às atividades de promoção e prevenção dos riscos e agravos à saúde
da população humana.

Em relação à atuação da vigilância em saúde ambiental em todas as


esferas de governo, o SINVSA destaca a necessidade de articulação constante
com os diferentes agentes institucionais públicos, privados e com a
comunidade para que as ações integradas sejam implementadas de forma
eficiente. Dessa forma, pretende-se assegurar que os setores assumam as
responsabilidades de atuar sobre os problemas de saúde e ambiente em suas
respectivas áreas e esferas de governo.

O Decreto nº 8.065, de 7 de agosto de 2013 atualiza as competências da


SVS quanto à responsabilidade nacional da gestão da vigilância em saúde
ambiental, executada pela CGVAM, a qual compete:

 A gestão do SINVSA;
 A coordenação e implementação da política e o acompanhamento das
ações de Vigilância em Saúde Ambiental;
 A proposição e desenvolvimento de metodologias e instrumentos de
análise e comunicação de risco em vigilância ambiental;
 O planejamento, coordenação e avaliação do processo de
acompanhamento e supervisão das ações de vigilância em saúde
ambiental; e
 A gestão do Sistema de Informação da Vigilância em Saúde Ambiental.

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Em consonância com as competências da VSA, e para melhor


operacionalizar as ações do SINVSA, a CGVAM passou por uma
reestruturação e atualmente é composta pelas seguintes áreas técnicas:
 Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano – Vigiagua;
 Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Contaminantes
Químicos – Vigipeq; e,
 Vigilância em Saúde dos Riscos Associados a Desastres – Vigidesastres.

Para o desenvolvimento das ações de vigilância em saúde ambiental, as


áreas técnicas da CGVAM atuam de modo transversal e estratégico com
outras áreas que compõem o DSAST, como a área de Análise de Situação de
Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador - ASISAST e o Núcleo de
Desenvolvimento Sustentável – NUDES, consolidando esforços e
conhecimentos para a efetivação da Vigilância em Saúde Ambiental.

SAIBA MAIS
Para saber mais sobre a atuação da VSA no Brasil leia o item 9, Parte I do “Saúde
Brasil 2008: 20 anos de Sistema Único de Saúde (SUS)” (Ministério da Saúde,
2009), que traz uma retrospectiva da VSA em 10 anos de atuação pela
sustentabilidade no Brasil, disponível na Biblioteca Virtual do AVA.

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2. Forma de Atuação da Vigilância em Saúde Ambiental

2.1 Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano

Desde o ano de 1977 foi concedido ao Ministério da Saúde, em


articulação com as Secretarias de Estado de Saúde e o Distrito Federal
(Decreto Federal nº 79.367/1977) a competência para elaborar normas e
padrões de potabilidade da água para consumo humano. Assim, a Vigilância
da Qualidade da Água para Consumo Humano foi a primeira área de atuação
da vigilância em saúde ambiental.

A vigilância da qualidade da água para consumo humano consiste no


conjunto de ações adotadas regularmente pelas autoridades de saúde pública,
considerando os aspectos socioambientais e a realidade local, para avaliar se
a água consumida pela população apresenta risco à saúde humana, de modo
a prevenir enfermidades transmitidas pela água utilizada para consumo
humano.

O Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para


Consumo Humano - Vigiagua tem como objetivo desenvolver a vigilância da
qualidade da água para consumo humano, de forma a garantir à população o
acesso à água com qualidade compatível com o padrão de potabilidade
estabelecido na legislação vigente, como parte integrante das ações de
prevenção dos agravos transmitidos pela água e de promoção da saúde,
previstas no SUS.

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

Água para consumo humano é definida como água potável destinada à


ingestão, preparação e produção de alimentos e à higiene pessoal,
independentemente da sua origem (Portaria 2914/2011).

Água potável é a água para consumo humano cujos parâmetros


microbiológicos, físicos, químicos e radioativos atendam ao padrão de
potabilidade e que não ofereça riscos à saúde (Decreto 5.440/2005).

Para alcançar este objetivo, o Vigiagua atua de modo articulado com


Estados, Distrito Federal e municípios para:

 Reduzir o risco de morbimortalidade por doenças e agravos de


transmissão hídrica,
 Desenvolver ações sistemáticas de vigilância em articulação com os
responsáveis pelo controle da qualidade da água para consumo humano;
 Avaliar e gerenciar o risco que as condições sanitárias das diversas
formas de abastecimento de água representam para a saúde;
 Buscar a melhoria das condições sanitárias das diversas formas de
abastecimento de água para consumo humano;
 Garantir a participação da população no processo de acompanhamento
das ações desenvolvidas pela vigilância da qualidade da água;
 Apoiar o desenvolvimento de ações de educação em saúde;
 Atuar de forma integrada com os segmentos que atuam no
desenvolvimento de políticas públicas destinadas ao saneamento, à
preservação dos recursos hídricos e do meio ambiente;
 Orientar a população sobre os procedimentos em caso de situações de
riscos à saúde relacionados à qualidade da água.

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

A vigilância da qualidade da água para consumo humano é baseada em


três grandes componentes: a) a análise permanente e sistemática da
informação sobre a qualidade da água para confirmar se o manancial, o
tratamento e a distribuição atendem aos objetivos e regulamentos
estabelecidos na legislação vigente; b) a avaliação sistemática das diversas
modalidades de fornecimento de água às populações seja coletiva ou
individual, pública ou privada, de forma a verificar o grau de risco representado
à saúde pública em função do manancial abastecedor, adequabilidade do
tratamento e questões de ordem operacional; e, c) a análise da evolução da
qualidade física, química e microbiológica e sua correlação com as
enfermidades relacionadas com a qualidade da água em todo o sistema de
abastecimento de água, a fim de determinar o impacto na saúde dos
consumidores.

2.1.1 Modelo de Atuação

O Programa Nacional reúne um conjunto de princípios, diretrizes, bases


conceituais, campo de atuação e ações adotadas pelo Ministério da Saúde e
Secretarias de Saúde dos Estados, Distrito Federal e Municípios, com vistas à
gestão e operacionalização da vigilância da qualidade de água para consumo.

Ele foi elaborado tomando por base os princípios e diretrizes do SUS,


assegurados no seu arcabouço jurídico-legal, e sua atuação se dá de forma
integrada com a Política Federal de Saneamento Básico, regulada pela Lei nº
11.445 de 2007, e com a Política Nacional de Recursos Hídricos, regulada pela
Lei nº 9433 de 1997. Estas Políticas foram apresentadas na Unidade 2:
Políticas de Meio Ambiente.

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

O Vigiagua está implantado em todos os estados e em mais de 90% dos


municípios. Conta com importantes instrumentos para auxiliar os profissionais
de saúde na sua operacionalização, dentre eles:

 Sistema de informação de vigilância da qualidade da água para consumo


humano – Sisagua, que será apresentado na Unidade: Informação no
Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental, disciplina 4.
 Manuais técnicos;
 Roteiros para inspeção sanitária em abastecimento de água;
 Diretriz Nacional do plano de amostragem da vigilância;
 Formulários para cadastramento das formas de abastecimento de água;
 Formulários para o monitoramento do controle e vigilância da qualidade
da água.

2.1.2 Campo de Atuação

A vigilância da qualidade da água para consumo humano atua sobre as


diferentes formas de abastecimento de água, seja de gestão pública ou
privada, na área urbana ou rural, e inclusive em áreas indígenas e em
comunidades isoladas. As formas de abastecimento de água podem
apresentar características bastante variadas, como por exemplo, a água pode
ser distribuída por rede ou por meio de veículos transportadores; o
fornecimento da água pode ser restrito a um único domicílio ou ser para vários
bairros ou municípios; os mananciais de captação da água podem ser
superficiais ou subterrâneos; o tratamento da água pode ser completo ou
simplificado, com apenas desinfecção.

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

De acordo com a Portaria de Potabilidade da Água (Portaria nº 2.914/2011)


e o Decreto Presidencial nº. 5440/2005 os Sistemas de Abastecimento
de Água são classificados em:

I. Sistema de abastecimento de água para consumo humano (SAA):


instalação composta por um conjunto de obras civis, materiais e
equipamentos, desde a zona de captação até as ligações prediais,
destinada à produção e ao fornecimento coletivo de água potável, por meio
de rede de distribuição;

II. Solução alternativa coletiva de abastecimento de água para consumo


humano (SAC): modalidade de abastecimento coletivo destinada a fornecer
água potável, com captação subterrânea ou superficial, com ou sem
canalização e sem rede de distribuição;

III. Solução alternativa individual de abastecimento de água para


consumo humano (SAI): modalidade de abastecimento de água para
consumo humano que atenda domicílios residenciais com uma única
família, incluindo seus agregados familiares.

Nas situações de emergências, surtos, epidemias e agravos à saúde


relacionados à água de consumo humano, o Vigiagua deve atuar em conjunto
com a Vigilância Epidemiológica e atentar-se para as instalações
intradomiciliares, entendidas como o conjunto composto por canalizações,
reservatórios, equipamentos e outros componentes, destinado ao
abastecimento interno de água, de forma a caracterizar e avaliar situações de
risco à saúde. Essas situações podem ser observadas, por exemplo, nos casos
de enchentes, que geralmente colapsam as infraestruturas de saneamento em
especial o abastecimento de água. Dessa forma, a população pode ser
abastecida com água de procedência não-segura, aumentando a possibilidade
de ocorrência de doenças de transmissão hídrica.

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

SAIBA MAIS
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA é responsável pela
fiscalização e normalização da água mineral, água natural e águas adicionadas
de sais, destinadas ao consumo humano após o envasamento, e outras águas
utilizadas como matéria prima para elaboração de produtos. Outra atribuição da
ANVISA é realizar a vigilância da qualidade da água em portos, aeroportos e
fronteiras.

2.1.3 Estratégias para implementação e operacionalização do


Vigiagua

a) Identificação, cadastramento e inspeção sanitária das formas de


abastecimento de água

O primeiro passo é identificar e cadastrar as formas de abastecimento de


água existentes no município, para conhecer a cobertura populacional com
acesso à água tratada, seja por sistemas de abastecimento ou soluções
alternativas coletivas, além de identificar a parcela da população sem acesso
à água tratada e que se abastece por meio de alguma solução individual. Este
cadastro é realizado pelas equipes de Vigilância em Saúde Ambiental das
Secretarias Municipais de Saúde.

O cadastro é um instrumento que possibilita planejar os procedimentos


da vigilância, inclusive a priorização das inspeções sanitárias nos sistemas de
abastecimento e nas soluções alternativas. A inspeção é uma ação prioritária
para vigilância, pois propicia identificar possíveis pontos críticos no
abastecimento que podem comprometer a qualidade da água e a saúde da
população.

A qualidade da água é comprovada por meio das análises laboratoriais


que requerem certo tempo para sua realização, portanto, a importância da
inspeção sanitária reforça-se no contexto da vigilância, por ser uma ferramenta

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

que identifica antecipadamente os fatores risco, possibilitando ações


preventivas e corretivas.

Os procedimentos para realização dos cadastros e inspeção são


apresentados no Manual de orientação para cadastramento das diversas
formas de abastecimento de água e no Manual de inspeção Sanitária em
abastecimento de Água.

b) Monitoramento da qualidade da água para consumo humano


(controle e vigilância)

O monitoramento da qualidade da água é o instrumento de verificação da


potabilidade da água para consumo humano, conforme padrão estabelecido
na legislação. Para o monitoramento da qualidade da água devem ser
realizadas análises laboratoriais das amostras, de acordo com os planos de
amostragem específicos para o controle, descritos na Norma de Potabilidade
da Água, e com os planos de amostragem da vigilância, descritos na Diretriz
Nacional do Plano da Vigilância.
Estes documentos são apresentados no item 2.1.4 desta Unidade:
Instrumentos Normativos e Diretrizes.

O monitoramento da qualidade da água visa avaliar a qualidade da água


consumida pela população ao longo do tempo, avaliar a eficiência do
tratamento e a integridade do sistema de distribuição. O efetivo monitoramento
da qualidade da água constitui atividade indispensável, tanto às ações de
vigilância quanto às de controle, sendo que a cada uma delas corresponderá
um desenho específico de planos de amostragem.

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

c) Análise dos dados para avaliação do grau de risco à saúde

A avaliação dos dados gerados pela vigilância da qualidade da água em


conjunto com os indicadores ambientais, epidemiológicos e sanitários, podem
subsidiar a identificação de fatores de risco e populações vulneráveis
(expostas ao risco). A vigilância deve identificar e avaliar os fatores de risco
associados com as formas de abastecimento de água, de modo que se possam
adotar as ações corretivas pertinentes antes que se apresentem problemas de
saúde pública na população. Do mesmo modo, também permite identificar as
causas ou origem dos surtos/epidemias ou agravos relacionados com a
qualidade da água a fim de eliminar a disseminação.

A análise das informações disponíveis propiciará a classificação do grau


de risco à saúde das diferentes formas de abastecimento de água e assim, em
conjunto com os resultados das análises físicas, químicas e bacteriológicas da
água consumida, permitirá a tomada de decisão pelo setor saúde.

d) Informação ao consumidor e educação em saúde

Com vistas a garantir o direito à informação e a participação social nas


questões relacionadas com a qualidade da água para consumo humano, foi
elaborado o Decreto nº 5440/2005 em consonância com a Lei n.º 8080/1990,
o Código de Defesa do Consumidor e a Norma Nacional de Potabilidade da
Água. Com a implementação desse Decreto, o consumidor tem a possibilidade
de conhecer a qualidade da água que chega até a sua residência e os riscos
potenciais ou eminentes que a água consumida pode representar.

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

SAIBA MAIS
Com base nos princípios de transparência estabelecidos no Decreto nº 5440/2005, a
informação prestada ao consumidor deve:

Ser verdadeira e comprovável – resultado de processos sistematizados de registro de


dados fáticos, técnicos e científicos, que dão sustentação à essa informação e permitem
a sua verificação.

Ser precisa, clara, correta, de fácil percepção e compreensão - especialmente quanto


aos aspectos que impliquem situações de não potabilidade da água, de risco à saúde ou
uso condicional da água. Ou seja, deve ser prestada da forma mais completa possível,
principalmente em situações que envolvam risco. Deve ficar muito claro para o
consumidor quais procedimentos adotar, com orientações para o uso condicional da água
ou, se for o caso, para a utilização de outras fontes seguras de água, até que o problema
seja solucionado.

Ter caráter educativo - promover o uso racional da água e proporcionar o entendimento


da relação entre a sua qualidade e a saúde. As informações que lhe são prestadas
objetivam promover um processo de mudança de conceitos e práticas, que resulte na
adoção de um modelo de consumo sustentável.

SAIBA MAIS
Para melhor entender as questões tratadas no Decreto n.º 5.440/2005 leia o
documento “Comentários sobre o Decreto Presidencial n.º 5.440/2005:
Subsídios para implementação” disponível em Biblioteca Virtual do AVA.

Outra ação importante é a participação do Vigiagua nas atividades de


educação em saúde, junto às comunidades. Essas atividades são necessárias
para garantir que a população entenda a importância da qualidade da água
para saúde, buscando seu direito de consumir água de boa qualidade, além
de alertar para os cuidados e manutenção da qualidade da água na reservação
da água dentro do domicílio.

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

A figura a seguir apresenta de forma esquemática as ações a serem


desenvolvidas para a implementação e operacionalização da vigilância da
qualidade da água para consumo humano:

Formas de Abastecimento de Água:


Sistema de Abastecimento
Solução Alternativa Coletiva
Solução Alternativa Individual

Identificação
Cadastramento
Inspeção Sanitária

Alimentação dos
dados no Sisagua Monitoramento da
Qualidade da Água

Análise dos dados


Relatório com
para identificação de
informações sobre o Comunicar o Comunicar o
riscos à saúde
abastecimento de responsável pelo responsável pela
água abastecimento solução alternativa
coletivo da água individual sempre que
sempre que identificado problema
identificado problema na quantidade e
Classificação do grau
no abastecimento de qualidade da água
de risco à saúde
água para a correção
Manter registros sobre da anormalidade
o abastecimento de
água atualizado e de Adoção de ações para
forma compreensível eliminar/minimizar os Atividades de
à população riscos educação em saúde:
orientações sobre
O responsável pelo armazenamento da
fornecimento de água água e uso de
coletivo da água deve hipoclorito de sódio
comunicar à população
sobre os cuidados
necessários com a água em
situações de risco à saúde

Figura 3: Ações para operacionalização da vigilância da qualidade da água para


consumo humano.

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

2.1.4 Instrumentos Normativos e Diretrizes

a) Norma Nacional de Potabilidade da Água

A primeira legislação Federal sobre potabilidade da água foi elaborada


no ano de 1977 (Portaria Bsb nº 56 de 1977) pelo Ministério da Saúde, de
acordo com competência estabelecida pelo Decreto Federal nº 79.367/1977.
Após quatro atualizações, culminou na Norma vigente, a Portaria nº 2.914, de
12 de dezembro de 2011, que determina o padrão de potabilidade da água e
estabelece os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água
para consumo humano.

Esta Portaria propõe a avaliação integral da qualidade da água,


considerando a concepção de risco dos fatores ambientais, desde o manancial
até o ponto de distribuição e aborda os princípios de boas práticas e múltiplas
barreiras. Além disso, inclui a valorização dos direitos do consumidor, por meio
do acesso à informação sobre a qualidade da água consumida.

Descreve ainda, as responsabilidades do setor saúde nas três esferas de


governo (federal, estadual e municipal) indicando as principais ações a serem
cumpridas pela vigilância da qualidade da água. As responsabilidades dos
prestadores de serviços de água são descritas por meio de ações a serem
cumpridas, visando à garantia da qualidade da água distribuída para a
população.

Sobre o padrão de potabilidade, a Norma determina que a água deve


estar em conformidade aos padrões físicos, químicos, microbiológicos e de
radioatividade, segundo seus valores máximos permitidos - VMP.

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b) Diretriz Nacional do Plano de Amostragem da Vigilância da Qualidade


da Água para Consumo Humano

O documento denominado “Diretriz Nacional do Plano de Amostragem da


Vigilância em Saúde Ambiental Relacionada à Qualidade da Água para
Consumo Humano” (Brasil, 2006), além de outras orientações, define a
frequência e o número mínimo de amostras de água coletadas pela vigilância
municipal, para monitorar a potabilidade da água e avaliar os possíveis riscos
para a saúde humana.

O número mínimo de amostras foi definido considerando o enfoque


estatístico em função da população total do município. O quantitativo de
amostras a serem realizadas nas diversas formas de abastecimento (SAA,
SAC e SAI) deve ser definido pelo Vigiagua local em função das características
do município.

Os planos de amostragem devem ter representatividade espacial e


temporal, observando a densidade populacional, locais com grande afluência
de público (terminais rodoviários e aeroportuários), locais com população
vulnerável (hospitais, asilos, creches e escolas), locais com populações
expostas à área contaminada, zonas de intermitência de abastecimento ou de
baixa pressão no sistema de distribuição da água, distribuição espacial das
doenças de transmissão hídrica, dentre outras.

A frequência da amostragem dos parâmetros básicos varia de acordo


com o parâmetro analisado, como pode ser observado na Portaria nº
2.914/2011. Os parâmetros coliformes, turbidez, cloro residual livre e flúor
devem ser analisados mensalmente pela vigilância e os parâmetros químicos
devem ser analisados semestralmente. Contudo, a alteração da frequência ou
a inclusão de outros parâmetros específicos pode ser necessária quando da
ocorrência de acidentes com produtos perigosos em mananciais de
abastecimento, utilização de agrotóxicos nas agriculturas ou indícios de

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

agravos à saúde associados à presença de determinada substância na água,


por exemplo.

c) Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para


Consumo Humano - Sisagua

O Sisagua é uma ferramenta para ser utilizada no desenvolvimento das


ações da vigilância e controle da qualidade da água para consumo humano.
Seu objetivo é sistematizar os dados de controle e vigilância da qualidade da
água dos municípios e estados e gerar relatórios, de forma a produzir
informações necessárias à prática da vigilância da qualidade da água, além de
ser uma importante ferramenta de gestão. Esse sistema será apresentado na
unidade: Informação no Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde
Ambiental.

2.2 Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Contaminantes


Químicos

A Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Contaminantes


Químicos (Vigipeq) vem ao encontro da preocupação mundial relativa aos
riscos à saúde pública decorrente da exposição humana a contaminantes
químicos presentes no ambiente. São inúmeros os agentes químicos
potencialmente tóxicos aos quais a população está exposta cotidianamente,
seja através do ar que respira, da água que bebe e do alimento que ingere
(Amorim, 2003).

A avaliação da exposição humana aos agentes químicos constitui um


importante aspecto para a saúde pública, tendo em vista a possibilidade de se
prevenir ou minimizar a incidência de mortes ou doenças decorrentes da
interação das substâncias químicas com o organismo humano. A avaliação da

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

exposição, associada aos conhecimentos relativos aos efeitos na saúde e os


limites considerados seguros, permite estabelecer as prioridades e as formas
de intervenção efetiva para proteger uma população dos riscos químicos
(Amorim, 2003).

Desta forma, o objetivo do Vigipeq é o desenvolvimento de ações


integradas de saúde, com o intuito de adotar medidas de prevenção,
promoção, vigilância e assistência à saúde de populações expostas ou
potencialmente expostas a contaminantes químicos.

O Vigipeq apresenta três componentes da Vigilância em Saúde


Ambiental:

 Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Solo Contaminado


(Vigisolo);
 Vigilância em Saúde de Populações Expostas à Poluição Atmosférica
(Vigiar);
 Vigilância em Saúde Ambiental relacionada a Substâncias Químicas
(Vigiquim).

O objeto de atuação do Vigipeq é a saúde de populações expostas ou


potencialmente expostas a áreas contaminadas ou potencialmente
contaminadas por contaminantes químicos; poluentes atmosféricos; e
substâncias químicas prioritárias (agrotóxicos, chumbo, mercúrio, amianto e
benzeno).

Importante: Para o desenvolvimento destas ações é necessária a articulação


com as demais áreas do setor saúde, bem como com outros setores, em
especial os órgãos ambientais.

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
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2.2.1 Modelo de Atuação

Para direcionar as ações dos três níveis de gestão do SUS, o Vigipeq


definiu um fluxo de atuação que é apresentado na Figura 4.

Figura 4 – Fluxo de atuação de vigilância e atenção integral à saúde de populações


expostas a contaminantes químicos.Fonte: CGVAM, 2009.

O fluxo de atuação proposto estabelece etapas para nortear as ações,


uma vez que as situações de exposição humana a contaminantes químicos
são específicas, tendo características próprias que devem ser analisadas caso
a caso. Para que sejam desenvolvidas as etapas propostas no fluxo, podem
ser adotadas duas formas de conduta, que podem ser concomitantes e não
exclusivas: proativa e reativa.

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
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A conduta proativa está relacionada à antecipação ao problema,


voltada para a prevenção de impactos negativos, além da promoção da saúde
da população potencialmente exposta. A conduta reativa está relacionada a
uma situação problema instalada, onde as consequências já se manifestaram.
Esta conduta pode ser desencadeada por meio de uma denúncia da
população, ou mesmo por uma mudança sensível no padrão de
morbimortalidade devido à influência de fontes emissoras de contaminação.
Neste caso são adotadas medidas para minimizar os impactos e, desta forma,
melhorar a qualidade de vida da população exposta.

É importante relembrar que, no decorrer de todo o fluxo de atuação é


necessária a articulação intra e intersetorial para a qualificação dos dados,
definição e implementação de ações de curto, médio e longo prazo.

O fluxo de atuação do Vigipeq se organiza em cinco etapas, sendo elas:

 Identificação;
 Priorização;
 Avaliação, Análise e Diagnóstico;
 Protocolo e Rotina;
 Sistema de informação.

a) Identificação

A identificação de populações expostas ou potencialmente expostas a


contaminantes químicos é a primeira etapa do fluxo de atuação. Para que esta
etapa seja realizada é necessária a articulação intra e interinstitucional, para o
levantamento preliminar de informações sobre aquela população. Estas
informações são fundamentais para que se tenha conhecimento sobre os
possíveis fatores que podem representar riscos para a saúde humana. Tais

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O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

informações subsidiarão o desenvolvimento das etapas seguintes, e também


podem fornecer elementos suficientes para que sejam programadas e
executadas ações imediatas visando à interrupção da exposição.

b) Priorização

A etapa de priorização propõe uma organização do setor saúde no


atendimento das demandas, considerando as especificidades e prioridades
locais. De acordo com as informações levantadas na etapa de identificação,
podem ser definidas ações distintas para cada população identificada. Com a
priorização é estabelecido um “ranking", que facilita a operacionalização das
ações nas esferas locais de gestão.

c) Avaliação, Análise e Diagnóstico

Com base nas informações levantadas na etapa de identificação, é


necessário realizar a qualificação desta informação, de forma a subsidiar o
setor saúde na tomada de decisão e no estabelecimento de estratégias e
ações de curto, médio e longo prazo. Nesta etapa, é necessária a definição
dos contaminantes de interesse e suas implicações à saúde, o levantamento
das preocupações da comunidade com sua saúde, e o estabelecimento das
rotas de exposição.

d) Protocolo e Rotina

A partir das informações levantadas, qualificadas e organizadas, o setor


saúde possui subsídios para a organização dos serviços de saúde para a
vigilância em atenção integral a estas populações.

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
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Nesta etapa são elaborados protocolos de saúde para as situações


específicas de exposição humana, que possibilitam a (re) estruturação e
adequação do setor saúde para acolher a população exposta, de acordo com
as características de seu território. As ações definidas nos protocolos devem
ser implementadas e incorporadas à rotina dos serviços de saúde.

SAIBA MAIS
Os protocolos de atenção integral à saúde de populações expostas a
contaminantes químicos são instrumentos construídos coletivamente por técnicos
e gestores dos diferentes níveis assistenciais. Objetivam orientar a organização
do setor saúde local na identificação e no cuidado de populações expostas ou
potencialmente expostas a riscos ambientais, a fim de contribuir com a melhoria
da qualidade de vida e reduzir a morbimortalidade pela exposição humana em
áreas contaminadas por contaminantes químicos.

e) Sistema de informação

O Vigipeq possui um Sistema de Informação de Vigilância em Saúde de


Populações Expostas a Solo Contaminado – Sissolo, que permite o registro,
integração, análise e disponibilização de dados e informações sobre
populações expostas a contaminantes químicos, que subsidiam a adoção de
medidas de vigilância em saúde em saúde ambiental.

O Sissolo funciona em rede online com acesso destinado aos técnicos do


Ministério da Saúde e Secretarias de Saúde dos estados e municípios. A
decisão pela implantação ou não do SISSOLO nos municípios fica a critério da
SES, seguindo a lógica de descentralização do SUS. O Sissolo será
apresentado na Disciplina IV, Unidade III: Informação no Subsistema Nacional
de Vigilância em Saúde Ambiental.

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2.2.2 Componentes da Vigilância em Saúde de


Populações Expostas a Contaminantes Químicos -
Vigipeq

Os instrumentos utilizados para a implementação das etapas do fluxo de


atuação do Vigipeq são adotados de acordo com as especificidades da
exposição, e serão apresentados a seguir, no âmbito dos componentes do
Vigipeq.

a) Exposição humana em áreas contaminadas por contaminantes


químicos – Vigisolo

A Vigilância em Saúde de Populações Expostas em Áreas


Contaminadas por Contaminantes Químicos - Vigisolo tem como objetivo o
desenvolvimento de ações visando recomendar e instituir medidas de
promoção da saúde e prevenção dos fatores de risco, e agravos à saúde.

Seguindo o fluxo de atuação do Vigipeq, na etapa “Identificação” é


realizada a identificação de áreas com populações expostas ou potencialmente
expostas a contaminantes químicos. Nesta etapa é preenchida a ficha de
campo onde é realizado o registro de dados sobre a identificação do local, da
população potencialmente exposta, das rotas de exposição da população aos
contaminantes ambientais, e as fontes dos dados e dos estudos. Recomenda-
se que as informações sejam previamente levantadas por meio da articulação
intersetorial, especialmente com órgãos ambientais, para posteriormente
serem certificadas na ocasião da visita de campo, com o reconhecimento da
área, validação e complementação de dados. A proposta é estabelecer um
diagnóstico situacional da área contaminada e de seu entorno, com a
contribuição da equipe da Estratégia de Saúde da Família por meio dos dados
de mapeamento e cadastramento das famílias. As fichas de campo são então
inseridas no Sissolo, preenchidas pelos estados e municípios, responsáveis
pelas informações ali contidas.

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A plataforma do Sissolo possibilita a tabulação dos dados e a criação


de relatórios gerenciais. Estes relatórios podem ser gerados pelas três esferas
de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), com informações quantitativas
e qualitativas.

SAIBA MAIS
O Sissolo está implantado em todos os Estados brasileiros e em agosto/ 2015
contava com 13.572 áreas, contaminadas ou suspeitas de contaminação,
cadastradas, com um número estimado de mais de 45,3 milhões de pessoas
expostas ou potencialmente expostas a contaminantes químicos.

Na etapa “Priorização” é realizada a priorização de áreas com


populações expostas ou potencialmente expostas. Para orientar os gestores
Estaduais e Municipais o Vigipeq elaborou um documento contendo “Diretrizes
para Priorização de Áreas com Populações Expostas a Contaminantes
Químicos” que apresenta uma matriz como instrumento para priorização das
áreas com populações expostas ou potencialmente expostas.

SAIBA MAIS
Para saber mais sobre as “Diretrizes para Priorização de Áreas com
Populações Expostas a Contaminantes Químicos”, acesse o documento na
integra na Biblioteca Virtual do AVA (arquivo diretrizes_priorização).

A priorização das áreas é necessária para que o setor saúde possa


organizar e otimizar sua atuação, uma vez que os impactos à saúde são
inúmeros, e a dimensão dessa contaminação pode ter proporções cada vez
maiores. Os estados e municípios têm autonomia para definir suas prioridades
de atuação, sendo possível a adaptação da matriz de priorização de acordo
com as necessidades apresentadas pela esfera local.

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As informações levantadas, na etapa de identificação, permitem a


definição do panorama preliminar da contaminação ambiental e da exposição
humana. Na etapa “Avaliação/Análise/Diagnóstico” as informações
levantadas deverão ser qualificadas para subsidiar a elaboração de protocolos
específicos para o atendimento e o acompanhamento da saúde das
populações expostas.

Desta forma, para a organização e qualificação das informações,


sugere-se que sejam utilizadas as “Diretrizes para elaboração de avaliação de
risco à saúde humana por exposição a contaminantes químicos” do Ministério
da Saúde. A avaliação de risco à saúde humana é uma metodologia que
possibilita a análise completa do panorama da contaminação ambiental e seus
impactos à saúde humana, além de permitir a identificação de populações
expostas, não apenas pela existência de biomarcadores de exposição, como
também pelo estabelecimento das rotas de exposição, de acordo com a
temporalidade de cada situação (passado, presente e futuro). Esta
metodologia será apresentada na Disciplina V - Metodologias para a Vigilância
em Saúde Ambiental.

Finalmente, com base nas informações levantadas e consolidadas


devem ser elaborados os protocolos de vigilância e atenção à saúde de
populações expostas com base nas “Diretrizes para a Gestão e Organização
de Serviços de Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas e
Potencialmente Expostas a Contaminantes Químicos - DGO”.

Cada situação de contaminação ambiental e exposição humana é


específica e pode gerar diferentes impactos à saúde da população que está
sob sua influência. Por este motivo, é necessário que seja elaborado um
protocolo para cada situação, que possibilite a organização do setor na adoção
de medidas que contribuam para a garantia da qualidade de vida da população
e reduzam a morbimortalidade pela exposição a contaminantes ambientais, no
âmbito do SUS.

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

b) Exposição humana a substâncias químicas prioritárias (agrotóxicos,


amianto, benzeno, chumbo e mercúrio) – Vigiquim

Como forma de viabilizar a implantação da vigilância em saúde ambiental


dos agravos provocados pelos riscos químicos foram selecionadas cinco
substâncias, classificadas pela Comissão Permanente de Saúde Ambiental –
Copesa e pela Comissão Nacional de Segurança Química – Conasq, como
prioritárias devido aos riscos à saúde da população, sendo elas: agrotóxicos,
mercúrio, amianto, benzeno e chumbo.

O Vigiquim tem como objetivo definir estratégias de promoção da saúde,


prevenção dos riscos e agravos e atenção integral à saúde de populações
expostas a estas substâncias, bem como conduzir, no âmbito do setor saúde,
as questões relacionadas à segurança química no Brasil.

Quanto ao fluxo de atuação da vigilância em saúde de populações


expostas a substâncias químicas prioritárias, ela se inicia com a detecção,
verificação, notificação e investigação da exposição/intoxicação de indivíduos
a contaminantes químicos. Estas se constituem nas etapas de “Identificação
e Priorização” destas populações, de acordo com o grau de
exposição/intoxicação e os riscos à saúde.

A identificação e a priorização da população exposta pode se dar


através da vigilância passiva ou ativa. A vigilância passiva se dá pela detecção
de casos de exposição/intoxicação humana, que ocorre a partir da verificação
da consistência dos dados por parte das vigilâncias estadual, municipal e
distrital, para que ocorra a notificação. A notificação é a comunicação de
ocorrência de determinada doença ou agravo à saúde, relacionada à
exposição/intoxicação por contaminantes químicos, feita à autoridade sanitária
por profissionais de saúde, para fins de adoção de medidas de intervenção
pertinentes.

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

A notificação dos casos suspeitos ou confirmados de


exposição/intoxicação é realizada por profissionais de saúde no Sistema de
Informação de Agravos de Notificação - Sinan. O Sinan será detalhado na
Disciplina IV: Instrumentos para a Vigilância em Saúde Ambiental.

Depois da notificação, é realizada a vigilância ativa por meio da


investigação epidemiológica, que consiste na confirmação dos casos suspeitos
e busca de outros casos relacionados (temporal e espacialmente) com o
notificado.

As intoxicações exógenas compõem a lista de doenças e agravos de


notificação compulsória universal (Anexo I da Portaria nº 104, de 25 de janeiro
de 2011), e deve ser realizada pela Ficha de Intoxicação Exógena do Sinan. A
Ficha de Intoxicação Exógena é um instrumento norteador para que se tenha
conhecimento do indivíduo ou da população que está ou foi exposta/intoxicada
em determinada área geográfica e realidade epidemiológica, conforme os
riscos e circunstâncias de exposição/intoxicação.

As intoxicações exógenas compõem, ainda, a lista de eventos de


importância nacional de saúde pública (Anexo II da Portaria nº 104/2011). Sua
notificação imediata deve ser realizada às vigilâncias municipais,
estaduais/distrital e ao MS, nos meios de comunicação: Disque Notifica (0800-
644-6645), e-mail notifica@saude.gov.br, ou diretamente pelo formulário
NOTIFICA, disponível no sítio eletrônico da SVS/MS (www.saude.gov.br/svs).

A etapa de “Avaliação/Análise/Monitoramento” consiste na análise e


avaliação dos dados contidos na ficha, considerando estudos epidemiológicos
e toxicológicos, e avaliações de risco à saúde humana, de acordo com a
problemática encontrada. Essa etapa permite o planejamento das ações e
subsidia a tomada de decisão seja no âmbito municipal, estadual, distrital ou
federal.

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

Uma vez conhecida a situação de saúde, devem ser definidas ações


integradas de vigilância e atenção à saúde para o monitoramento da população
com vista à minimização ou eliminação da exposição. Dentre as ações, está a
elaboração de protocolos de vigilância e atenção integral à saúde de
populações expostas aos contaminantes químicos, específicos para a
situação encontrada.

Para o monitoramento da saúde da população, é necessária a


articulação intersetorial na rotina da vigilância. A aproximação do setor saúde,
por exemplo, com os setores de meio ambiente, da indústria e o setor agrícola,
fornece informações importantes que podem desencadear ações de coibição
de irregularidades encontradas na produção, comercialização, distribuição,
armazenamento e utilização de produtos químicos (ciclo de vida do produto).

A seguir serão apresentadas iniciativas e ações da vigilância em saúde


de populações expostas a substâncias químicas prioritárias, específicas para
cada uma das substâncias químicas prioritárias: agrotóxicos, mercúrio,
amianto, benzeno e chumbo.

 Agrotóxicos

O uso de agrotóxicos vem crescendo no Brasil, em grande parte devido


ao modelo agrícola adotado no país. A partir deste contexto, o Ministério da
Saúde coordenou a elaboração do documento “Diretrizes para a Vigilância em
Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos”, que tem como objetivo
estabelecer ações de vigilância de riscos e agravos, além de medidas
preventivas e de controle do uso de agrotóxicos, contribuindo para a
construção e efetivação de um sistema de vigilância integrado para o
monitoramento e controle de situações de riscos à saúde humana relacionados
a estes químicos.

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

O documento “Diretrizes para Vigilância em Saúde de Populações


Expostas a Agrotóxicos” se constitui em uma estratégia de harmonização de
ações no Sistema Único de Saúde, contendo quatro eixos de intervenção:

 Eixo 1: Atenção integral à saúde das populações expostas a


agrotóxicos;
 Eixo 2: Promoção à Saúde;
 Eixo 3: Agenda integrada de estudo e pesquisa;
 Eixo 4: Participação e controle social.

As ações e desdobramentos decorrentes destas Diretrizes propõem a


reorganização dos serviços de saúde do SUS visando à atenção à saúde de
populações expostas a agrotóxicos, respeitando as especificidades de cada
território.
Para o fortalecimento da Vigilância em Saúde de Populações Expostas
a Agrotóxicos, o Ministério da Saúde autorizou o repasse aos Fundos
Estaduais de Saúde e do Distrito Federal de recurso financeiro, por meio da
publicação da Portaria nº 2.938, de 20 de dezembro de 2012, que determina
ainda que as ações vinculadas ao atendimento desta portaria devam compor
suas programações anuais de saúde.

Sendo assim, com base em suas especificidades locais, cada município,


região e estado deve buscar estruturar suas propostas contendo as estratégias
de vigilância a serem pactuadas nas Programações Anuais de Saúde,
incluindo metas e indicadores para acompanhamento e avaliação. Os
relatórios de monitoramento das ações do Estados estão disponíveis na página
do Ministério da Saúde http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-
ministerio/principal/leia-mais-o-ministerio/1129-secretaria-svs/vigilancia-de-a-
a-z/agrotoxicos/l2-agrotoxicos/18509-informes-tecnicos-agrotoxicos .

Visando estabelecer subsídios para a efetivação e o avanço das ações


integradas de prevenção, promoção, vigilância e atenção à saúde, o MS

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

publicou em 2016 o documento: “Diretrizes nacionais para a vigilância em


saúde de populações expostas a agrotóxicos”.
http://portalsaude.saude.gov.br//images/pdf/2016/fevereiro/24/Diretrizes-
VSPEA.pdf

Deve-se buscar o fortalecimento das relações institucionais com as


demais áreas, em especial a Atenção Primária. Assim, recomenda-se a
constituição de equipes multiprofissionais para a construção de ações
integradas, e organizadas dentro das diretrizes desenvolvidas e na lógica do
planejamento estratégico.

 Mercúrio

O mercúrio é um metal muito utilizado pelo setor químico e industrial, em


equipamentos médicos e ambientais, em refinarias de petróleo, indústrias de
cloro soda, de papel, entre outros segmentos. Além disso, tem sido
amplamente usado em amálgamas na odontologia.

O mercúrio é, dentre os metais contaminantes, o único capaz de sofrer


biomagnificação em quase todas as cadeias alimentares, isto é, sua
concentração aumenta conforme aumenta o nível trófico da espécie. O
mercúrio é tóxico para fetos e crianças, em todas as suas formas, portanto a
exposição de mulheres grávidas e crianças ao mercúrio deve ser reduzida,
bem como da população em geral.

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
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As ações para o fortalecimento da vigilância em saúde de populações


expostas ao mercúrio vêm sendo conduzidas em diversas frentes:

 O Ministério da Saúde estabeleceu, no ano de 2007, cooperação


técnica com a Agência Japonesa de Cooperação Internacional – JICA
e a Universidade Federal do Pará – UFPA buscando a melhoria da
saúde dos moradores ribeirinhos da Bacia do Rio Tapajós na
Amazônia brasileira. A cooperação técnica estabelecida com a JICA
está baseada na capacitação de profissionais brasileiros da área
médica, tanto em treinamentos e visitas técnicas a instituições
japonesas, como o Instituto Minamata, como na vinda de missões
científicas ao Brasil. Esta cooperação compreende também a doação
de equipamentos analíticos e de avaliação clínica, por parte do
governo japonês ao Instituto Evandro Chagas - IEC e a UFPA.

O Ministério da Saúde participa das discussões no âmbito do Comitê


Intergovernamental Negociador (INC, sigla em inglês), coordenado pelo
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – Pnuma. O Comitê
elaborou um instrumento juridicamente vinculante sobre mercúrio, tendo
em vista a necessidade de reduzir os riscos do uso do mercúrio , que foi
assinado pelos países signatários, em 2013, com a criação da Convenção
do Mercúrio, chamada “Convenção de Minamata sobre Mercúrio” em
homenagem às vitimas de intoxicação ambiental por metilmercúrio, na
cidade de Minamata, no Japão nas décadas de 50 e 60. Atualmente essa
Convenção, já assinada pelo Brasil, aguarda ratificação pelo Congresso
Nacional para ser transformada em Decreto. Trata-se da primeira
Convenção sobre meio que traz um capítulo inteiro dedicado à saúde.
http://www.mercuryconvention.org/Portals/11/documents/conventionText/
Minamata%20Convention%20on%20Mercury_s.pdf
http://www.paho.org/hq/index.php?option=com_docman&task=doc_view&
gid=32829&Itemid=270&lang=pt

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 Amianto

O amianto ou asbesto é uma fibra de origem mineral derivada de rochas,


que por processo natural de recristalização transformam-se em material
fibroso. Compõe-se de silicatos hidratados de magnésio, ferro, cálcio e sódio
e se dividem em dois grandes grupos: serpentinas e anfibólios (Becklake,
1998). É considerada uma substância de comprovado potencial cancerígeno
em quaisquer das suas formas ou em qualquer estágio de produção,
transformação e uso. A Agencia Internacional de Pesquisa em Câncer - IARC
classifica o asbesto como carcinógeno humano (Grupo 1), uma vez que há
evidências suficientes de sua carcinogenicidade em humanos
(NHMRC/NRMMC, 2004).

A exposição ocupacional e ambiental à poeira de asbesto pode ocorrer


nos processos de extração da matéria-prima, transporte, produção e
manipulação de produtos contendo amianto, bem como no descarte e em
eventuais acidentes. O asbesto crisotila está relacionado a diversas formas de
doença pulmonar (asbestose, câncer pulmonar e mesotelioma de pleura e
peritônio), não havendo limite seguro de exposição para o risco carcinogênico
de acordo com o Critério 203 publicado pelo International Programme on
ChemicalSafety- IPCS/Organização Mundial da Saúde – OMS (WHO, 1998).

O posicionamento do Ministério da Saúde (MS) em relação ao amianto


considera os riscos associados ao seu uso e tem empenhado esforços para
implementar a vigilância das populações expostas ao amianto no país,
reduzindo os riscos e prevenindo os danos relacionados à exposição humana
ao amianto.

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

O MS tem se posicionado quanto à necessidade de redução/eliminação


da exposição humana ao asbesto no Brasil, considerando os riscos associados
ao seu uso, constatados não apenas no Brasil, mas também em dezenas de
países que já baniram o uso de todos os tipos de asbestos/amianto. Abaixo
destaques de ações desenvolvidos com este propósito:

 O MS teve papel fundamental nas discussões sobre a revisão da


Resolução Conama 307/2002, que dispõe sobre a gestão de resíduos
da construção civil, onde estava em foco a reclassificação dos
resíduos contendo amianto. O Ministério da Saúde defendeu a não
reclassificação destes resíduos, que foi acatada no âmbito das
instâncias do Conselho Nacional de Meio Ambiente - Conama,
permanecendo os resíduos contendo amianto classificados como
perigosos.

 O MS, em 3 de setembro de 2010, publicou a Portaria nº 2.669, que


regulamenta a Portaria nº 1.644, de 20 de julho de 2009, que veda a
este Ministério e aos seus órgãos vinculados a utilização e aquisição
de quaisquer produtos e subprodutos que contenham qualquer tipo de
asbestos/amianto ou suas fibras em sua composição, assim como a
realização de quaisquer obras utilizando os mesmos.

 Em 24 de julho de 2006, o Ministério da Saúde publicou a Portaria nº


1.851 que “Aprova procedimentos e critérios para envio de listagem de
trabalhadores expostos e ex-expostos ao asbesto/amianto nas
atividades de extração, industrialização, utilização, manipulação,
comercialização, transporte e destinação final de resíduos, bem como
aos produtos e equipamentos que o contenham”.

Para mais informações sobre o Amianto acesse:


http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-mais-

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
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O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

o-ministerio/1117-secretaria-svs/vigilancia-de-a-a-z/contaminantes-
quimicos/contaminantes-quimicos-linha1/16187-amianto

 Benzeno

O benzeno é um hidrocarboneto aromático presente no petróleo, no


carvão e em condensados de gás natural. Tem vasta utilização na indústria
química como matéria prima para inúmeros compostos. É um subproduto da
indústria siderúrgica, presente no gás de coqueria, que também é utilizado
como fonte energética, ampliando em muito seu potencial de contaminação.

É uma substância cancerígena, sem limite seguro de exposição.


Quando se pretende fazer a vigilância em saúde de populações expostas a
benzeno, faz-se necessário identificar as possíveis fontes de exposição, bem
como conhecer os processos produtivos envolvidos.

Em decorrência disso, o acompanhamento da implementação das ações


relativas à exposição humana a benzeno se dá especialmente no
cadastramento de áreas com populações expostas a contaminantes químicos,
onde se destaca a classificação de Unidades de Postos de Abastecimento e
Serviços - UPAS, e na elaboração de protocolos clínicos específicos para a
assistência à saúde da população exposta, com destaque para a saúde do
trabalhador.

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

Em relação à vigilância em saúde de populações expostas ao benzeno


destaca-se:

 Elaboração do “Acordo Nacional do Benzeno”. Esse instrumento foi


assinado por diversas instituições, dentre elas o Ministério da Saúde,
e tem como objetivo a formalização de compromissos, assumido entre
os signatários, contendo um conjunto de ações, atribuições e
procedimentos para a prevenção da exposição ocupacional ao
benzeno, visando à proteção da saúde do trabalhador. O Acordo se
aplica a todas as empresas que produzem, transportam, armazenam,
utilizam ou manipulam benzeno e suas misturas líquidas contendo 1%
ou mais em volume, e àquelas por elas contratadas.

 A Comissão Permanente do Benzeno, em cerca de seis anos de


discussões e de encontros científicos entre hematologistas,
sanitaristas, médicos de empresas e trabalhadores produziu o
documento Risco Químico - Atenção à Saúde dos Trabalhadores
Expostos ao Benzeno, disponível na Biblioteca Virtual do AVA
“Protocolo_risco_quimico.pdf”. Este Protocolo foi fundamentado
essencialmente pela Norma de Vigilância dos Trabalhadores Expostos
ao Benzeno no Brasil, do Ministério da Saúde, instituída em 2004 pela
Portaria nº 776/GM de 28 de abril de 2004, também disponível na
Biblioteca virtual do AVA.

Para maiores informações sobre benzeno acesse:


http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-
mais-o-ministerio/1117-secretaria-svs/vigilancia-de-a-a-
z/contaminantes-quimicos/contaminantes-quimicos-linha1/16194-
benzeno

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Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

 Chumbo

O chumbo é um elemento tóxico não essencial, que se acumula no


organismo e afeta virtualmente todos os órgãos e sistemas do organismo. A
toxicidade do chumbo na infância pode ter efeitos permanentes, tais como
menor quociente de inteligência e deficiência cognitiva. Segundo a Agência
Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (International Agency for Research
on Cancer, IARC) o chumbo inorgânico e os compostos de chumbo são
classificados como “possivelmente carcinogênicos para humanos” (grupo 2B)
(Moreira & Moreira, 2004).

No Brasil foram realizadas duas Avaliações de Risco à Saúde Humana


por Exposição a Contaminantes Químicos em áreas contaminadas, onde o
chumbo foi identificado como contaminante de interesse, a saber:

 Em 2003 foi finalizado o relatório da “Avaliação de Risco à Saúde


Humana por Metais Pesados no Município de Santo Amaro da
Purificação, Bahia”. No município de Santo Amaro da Purificação, os
impactos ambientais e suas consequências à saúde humana foram
originados das emissões de contaminantes da Companhia Brasileira de
Chumbo - Cobrac, que se instalou e funcionou, no município, entre os
anos de 1960 e 1993, visando à produção de lingotes de chumbo, tendo
sido incorporada a Plumbum Mineração e Metalurgia Ltda no ano 1989.

 Em 2008 foi finalizado o relatório da “Avaliação de Risco à Saúde


Humana por Exposição aos Resíduos da Plumbum no Município de
Adrianópolis – PR”. A região do Vale da Ribeira, formada, entre outros,
pelo município de Adrianópolis, foi palco de intensa atividade de
mineração durante mais de cinquenta anos. A contaminação da área foi
decorrente das operações da Plumbum - Mineração e Metalurgia S.A que

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

processou cerca de 3 milhões de toneladas de minério de chumbo, no


período de 1945 a 1995, tendo, no início das operações, lançado resíduos
sólidos diretamente no rio Ribeira, sem tratamento, e mais tarde
depositado estes resíduos no entorno da usina. A Avaliação de Risco à
Saúde Humana foi aplicada tendo em vista os riscos à saúde humana e
as frequentes denúncias de contaminação da área.

Para maiores informações sobre chumbo acesse:


http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-mais-o-
ministerio/1117-secretaria-svs/vigilancia-de-a-a-z/contaminantes-
quimicos/contaminantes-quimicos-linha1/16195-chumbo

c) Vigilância em Saúde Ambiental relacionada à Populações Expostas à


Poluentes Atmosféricos – Vigiar

A Vigilância em Saúde Ambiental relacionada à Populações Expostas a


Poluentes Atmosféricos tem como objetivo o desenvolvimento de ações de
vigilância em saúde dessas populações, visando recomendar e instituir
medidas de promoção da saúde, de prevenção dos fatores de risco e de
atenção integral à saúde.

Para o desenvolvimento das ações de vigilância em saúde de


populações expostas a poluentes atmosféricos, bem como para subsidiar a
elaboração de políticas públicas relacionadas ao tema, o Vigiar realiza:

 Identificação e priorização dos municípios de risco de exposição


humana a poluentes atmosféricos;
 Definição de “Áreas de Atenção Ambiental Atmosférica de
Interesse para a Saúde - 4As”;

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

 Caracterização da situação de saúde através da identificação dos


efeitos agudos e crônicos decorrentes da exposição humana a
poluentes atmosféricos.

4As são regiões onde existem diferentes atividades de natureza econômica ou


social que emitem poluentes atmosféricos, caracterizando um fator de risco
para as populações expostas.

Os efeitos agudos à saúde decorrentes da poluição do ar estão


associados à exposição a diferentes poluentes, que afetam especialmente
crianças e idosos. Este tema será melhor discutido na Unidade “Saúde
humana e processos de contaminação”, na Disciplina 2.

Com base no fluxo de atuação proposto no âmbito do VIGIPEQ, o


VIGIAR segue o modelo apresentado na Figura 5.

Figura 5 – Fluxo de atuação da vigilância em saúde de populações expostas a


poluentes atmosféricos. Fonte:CGVAM, 2011.

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
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O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

As etapas de identificação e priorização, propostas no fluxo, são


realizadas por meio da aplicação do Instrumento de Identificação de
Municípios de Risco - IIMR. O IIMR é um instrumento para obtenção de
informações sobre fontes de emissão de poluentes, evolução das taxas de
mortalidade e internações por doenças do aparelho respiratório. Ressalta-se
que o monitoramento ambiental é uma atividade que deve ser realizada pelos
órgãos ambientais. O IIMR permite a identificação de municípios prioritários,
bem como a caracterização dos grupos populacionais efetiva ou
potencialmente expostos aos poluentes atmosféricos. A aplicação deste
instrumento é realizada pela vigilância em saúde ambiental local (município),
em articulação com outras áreas do setor saúde, com o órgão ambiental, com
instituições de ensino e pesquisa, e outras entidades que possam fornecer as
informações requeridas. Após o preenchimento das informações, o gestor
municipal da VSA envia o IIMR de seu município ao estado que irá consolidar
as informações dos municípios para então definir e mapear Áreas de Atenção
Ambiental Atmosférica de Interesse para a Saúde - 4As.

A definição e o mapeamento de Áreas de Atenção Ambiental


Atmosférica de Interesse para a Saúde - 4As são realizados, portanto, com
base em informações de saúde, de meio ambiente, demográficas,
cartográficas, e meteorológicas permitindo o planejamento e o
desenvolvimento das ações a serem implementadas pelo setor saúde e
recomendadas a outros setores.

As 4As podem ser regiões metropolitanas, centros industriais, áreas sob


impacto de mineração, áreas sob influência de queimadas, áreas sob
influência de incêndios florestais, ou ainda áreas de relevância para a saúde
pública de acordo com a realidade loco - regional.

Seguindo o fluxo de atuação, para as etapas de


avaliação/análise/diagnóstico podem ser utilizadas informações

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
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estratégicas, estudos epidemiológicos clássicos e estudos toxicológicos, além


de avaliações de risco à saúde humana. E, uma vez que uma localidade seja
definida como de interesse para a saúde, faz-se necessário estabelecer
indicadores para análise situacional frente à exposição aos poluentes
atmosféricos, principalmente quanto aos agravos respiratórios e
cardiovasculares. Na figura a seguir são apresentados indicadores propostos
pela vigilância em saúde de populações expostas a poluentes atmosféricos,
que apontam a inter-relação da exposição a poluentes atmosféricos e a
situação de saúde e ambiente (Figura 6).

Figura 6 – Indicadores propostos pela vigilância em saúde de populações expostas a


poluentes atmosféricos. Fonte: Ministério da Saúde, 2006

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Com base nas informações levantadas e consolidadas devem ser


elaborados os protocolos de vigilância e atenção à saúde de populações
expostas com base nas “Diretrizes para a Gestão e Organização de Serviços
de Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas e Potencialmente
Expostas a Contaminantes Químicos - DGO”.

Ainda buscando atender a necessidade de coleta de informações que


permitam alertar os profissionais da saúde a respeito da possível ocorrência
de agravos preveníveis associados à má qualidade do ar, o Vigiar utiliza-se da
estratégia das Unidades Sentinelas.

As Unidades Sentinelas fornecem dados para conhecer e caracterizar o


perfil dos agravos possivelmente relacionados à poluição atmosférica e a
sazonalidade em que elas ocorrem. Favorecem, assim, uma abordagem
contínua de monitoramento da população exposta, além de disponibilizar
informação para subsidiar o planejamento e execução das ações de vigilância
em saúde e atenção integral à saúde da população exposta.

Para o desenvolvimento das ações e atividades do Vigiar é necessária


uma gestão interdisciplinar e intersetorial, dentro do contexto das políticas e
programas estabelecidos na área de Vigilância em Saúde que inclui a
capacitação técnica; estabelecimento de parcerias; mobilização popular e
comunicação do risco; atuação nos fóruns intersetoriais de interesse, e apoio
ao desenvolvimento de estudos e pesquisas de interesse.

SAIBA MAIS
Unidades Sentinelas são unidades de saúde da rede SUS que identificam,
notificam e avaliam casos de agravos respiratórios e sintomatologia relacionada a
asma, bronquite e Infecção Respiratória Aguda - IRA. Uma Unidade Sentinela tem
como objetivo avaliar a adequação de estratégias e medidas de intervenção, com
base em dados epidemiológicos e recomendar medidas necessárias para prevenir
ou controlar a ocorrência de agravos respiratórios.

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2.3 Vigilância em Saúde dos Riscos Associados a Desastres


A ocorrência de desastres está diretamente ligada às condições de
riscos existentes em uma localidade, e são considerados como eventos únicos,
pois produzem efeitos diferentes, em decorrência das particularidades de cada
localidade com diferentes condições sociais, econômicas, políticas,
geográficas e sanitárias. Conhecer esses riscos e as particularidades de cada
localidade possibilita priorizar a adoção de políticas públicas voltadas para a
prevenção, minimizando os impactos dos desastres sobre a população (Brasil,
2011b).

Desastre é definido como uma interrupção grave do funcionamento de uma


comunidade ou sociedade, que causa perdas humanas e/ou importantes
perdas materiais, econômicas ou ambientais, que excedam a capacidade
da comunidade ou sociedade afetada para fazer frente à situação, utilizando
seus próprios recursos.

Tendo em vista a necessidade de organização do processo de atuação


do SUS frente a desastres, a SVS, por meio da Coordenação Geral de
Vigilância em Saúde Ambiental, iniciou, a partir de 2003, a elaboração de um
modelo de atuação para subsidiar o desenvolvimento dessas ações.
A Vigilância em Saúde dos Riscos Associados a Desastres -
Vigidesastres foi estruturada no âmbito da CGVAM com o objetivo de
desenvolver ações a serem adotadas continuamente pelas autoridades de
saúde pública para reduzir a exposição da população e dos profissionais de
saúde aos riscos dos desastres, às doenças e agravos decorrentes destes,
bem como reduzir os danos à infraestrutura sanitária de saúde.

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Para alcançar este objetivo o Vigidesastres atua de modo articulado com


Estados, Distrito Federal e municípios para:

 Propor e participar da formulação de políticas, planos e normas de


gestão de riscos de desastres, no âmbito do SUS;
 Promover e apoiar a articulação governamental e não-governamental;
 Subsidiar, assessorar e apoiar a elaboração de planos de prevenção,
preparação e resposta aos desastres, no âmbito do SUS;
 Promover e apoiar a atenção à saúde em situações de desastres;
 Propor e apoiar ações de assistência farmacêutica em situações de
desastres;
 Incentivar e apoiar ações de capacitação, educação em saúde e
comunicação de risco, voltadas para prevenção, preparação e
resposta aos desastres, no âmbito do SUS;
 Definir indicadores de saúde em situações de desastres e ferramentas
de monitoramento;
 Incentivar, apoiar e fomentar estudos e pesquisas científicas;
 Apoiar e promover a cooperação técnica nacional e internacional em
desastres.

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SAIBA MAIS
Os desastres podem afetar a saúde da população de diversas formas, dentre elas
destaca-se:

 Aumento inesperado do número de mortes, ferimentos ou enfermidades,


podendo exceder a capacidade de resposta dos serviços locais de saúde;
 Comprometimento do funcionamento da estrutura local de saúde, pela falta de
recursos humanos de saúde, que também são afetados pelos desastres;
 Danos ou destruição da infra-estrutura de saúde local e de equipamentos
podendo alterar a prestação de serviços de rotina e ações preventivas, com
graves consequências no curto, médio e longo prazo, em termos de
morbimortalidade;
 Interrupção ou destruição dos sistemas de produção e distribuição de água, bem
como dos serviços de drenagem, limpeza urbana e esgotamento sanitário,
favorecendo a ocorrência e proliferação de doenças;
 Interrupção ou destruição dos serviços básicos como telecomunicações, energia,
represas, subestações e meios de transportes, aeroportos, rodovias, oleodutos e
gasodutos, entre outras;
 Ocorrência de desastres secundários que podem destruir ou danificar instalações
e fontes fixas (plantas industriais, depósitos de substâncias químicas, comércio
de agro-químicos, armazenamento em área rural) ou móveis (transporte),
ocasionando rompimentos de dutos ou lagoas de contenção de rejeitos,
vazamentos de substâncias químicas ou radioativas oferecendo riscos à saúde
humana;
 Contaminação microbiológica devido a alagamentos de lixões e aterros
sanitários;
 Aumento do risco de enfermidades psicológicas na população afetada;
 Dissolução de comunidades e famílias geradas pela migração, desemprego,
perda do patrimônio e mortes de familiares;
 Escassez de alimentos, provocando a redução do consumo e trazendo graves
consequências nutricionais, no caso de desastres prolongados;
 Movimentos populacionais, em busca de alimentos, fontes alternativas de água,
emprego, entre outros, podendo acarretar riscos epidemiológicos;
 Aumento da vulnerabilidade das pessoas devido a uma maior exposição às
condições climáticas (Brasil, 2011b).
.

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A Vigilância em Saúde Ambiental dos Riscos Associados aos Desastres


é formada por três componentes, em função do agente causador da ocorrência
do desastre, a saber:

 a) Vigilância em Saúde Ambiental associada aos Fatores Físicos - Vigifis;


 b) Vigilância em Saúde Ambiental associada aos Acidentes com Produtos
Químicos Perigosos - Vigiapp;
 c) Vigilância em Saúde Ambiental associada aos Desastres de Origem
Natural - Vigidesastres;

Os três componentes propõem uma concepção de Vigilância em Saúde


baseada na gestão do risco de desastres com ações de planejamento,
gerenciamento, acompanhamento, monitoramento e avaliação, voltada à
redução do risco, ao gerenciamento do desastre, e à recuperação dos seus
efeitos com o objetivo de proteger a saúde da população. Suas estratégias
estão em conformidade com as políticas de saúde, e articuladas com os órgãos
que integram o Sistema Nacional de Defesa Civil - SINDEC.

2.3.1 Modelo de atuação

A atuação do Vigidesastres é baseada na gestão do risco,


compreendendo ações de redução de risco (prevenção, mitigação e
preparação), manejo do desastre (alerta e resposta) e recuperação
(reabilitação e reconstrução). Para entender a gestão do risco é necessário o
conhecimento dos conceitos de risco, perigo, e vulnerabilidade.

Risco é a probabilidade da ocorrência de consequências prejudiciais ou


perdas esperadas (mortes, lesões, interrupção de atividades econômicas,
dentre outros), resultado de interações entre ameaças ou perigos e as
condições de vulnerabilidade de uma determinada localidade. São

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considerados também na definição de risco os recursos disponíveis, tanto para


interferir nas ameaças ou perigosos, como nas vulnerabilidades.

Vulnerabilidade pode ser definida como um conjunto de


processos e condições resultantes de fatores físicos, sociais,
econômicos e ambientais que aumentam a suscetibilidade de uma
comunidade ao impacto dos perigos.

Perigo ou ameaça caracteriza-se por um evento físico potencialmente


prejudicial, fenômeno e/ou atividade humana que pode causar morte ou
lesões, danos materiais, interrupção da atividade social e econômica ou
degradação ambiental. Podemos citar como exemplos: chuva e o
transporte de um produto químico

Conhecendo-se os fatores perigo e vulnerabilidade, é possível


quantificar e qualificar os riscos existentes em uma determinada localidade e
promover a adoção de medidas de mitigação ou adaptação aos cenários
reconhecidos, ou seja, promover a gestão do risco.

Logo, o risco pode ser determinado por uma equação que envolve a
ameaça/perigo e a vulnerabilidade como variáveis principais, conforme
exemplificado na Figura 8.

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Figura 8 - Parâmetros que envolvem uma análise de risco.

Fonte: Marcelino, 2008.

Segundo a Estratégia Internacional de Redução de Desastres – EIRD,


proposta pela Organização das Nações Unidas - ONU, a gestão do risco de
desastres integra o processo de planejamento, organização, implementação
e controle, dirigido à sua redução, ao gerenciamento do desastre e a
recuperação dos seus efeitos, contemplando, em todo o ciclo do desastre,
ações voltadas para a redução do risco, para o manejo do desastre e para
a recuperação dos seus efeitos, conforme demonstrado na Figura 9.

SAIBA MAIS
Estratégia Internacional de Redução de Desastres – EIRD: é um secretariado
interagências das Nações Unidas, cujo mandato é de coordenar, promover e
fortalecer a redução do risco de desastres a nível mundial, regional, nacional e
local, buscando com isso reduzir os impactos dos desastres. A EIRD tem a missão
de facilitar e apoiar ações para proteger as vidas e aumentar a resiliência das
comunidades.

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Figura 9: Organograma das fases da gestão do risco de desastres, segundo


Estratégia Internacional de Redução de Desastres – EIRD/ONU.

 Redução do risco

A etapa de Redução do Risco abrange três fases: Prevenção, Mitigação


e Preparação.

Prevenção: A fase de prevenção compreende o desenvolvimento de ações


destinadas a eliminar ou reduzir o risco, evitando a apresentação do evento ou
impedindo os danos, como, por exemplo, evitando ou limitando a exposição
das pessoas à ameaça.

Mitigação: Na mitigação é realizado um conjunto de ações destinadas a


reduzir os efeitos gerados pela ocorrência de um evento. Sua implementação
tem como objetivo diminuir a magnitude do evento e, consequentemente
reduzir ao máximo os danos. Algumas das atividades desenvolvidas nesta fase
são: a instrumentação e a investigação de fenômenos potencialmente
perigosos; a identificação de áreas de risco e da população exposta; a
elaboração de normas sobre o manejo dos recursos naturais, e sobre códigos
de construção; e a implementação de medidas para reforçar as estruturas e
melhorar a proteção das edificações.

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Preparação: Nesta fase é adotado um conjunto de medidas e ações para


reduzir ao mínimo as perdas de vidas humanas e outros danos. Compreende
o desenvolvimento de planos de contingência ou de procedimentos segundo a
natureza do risco e seu grau de afetação, bem como acompanhamento da
elaboração de planos para a busca, o resgate, o socorro e a assistência às
vítimas.

 Manejo do desastre

Nesta etapa se prevê a melhor forma de enfrentar o impacto dos


desastres e seus efeitos, e engloba também a execução de ações necessárias
para uma resposta oportuna. Esta etapa é composta por dois componentes: I.
Alerta, e II. Resposta.

Alerta: é o estado gerado pela declaração formal pela Meteorologia (para os


desastres de origem natural) da apresentação iminente de um desastre. Neste
momento é divulgada a proximidade do desastre, bem como são
desencadeadas as ações de preparação do setor saúde. As comunidades
podem estabelecer redes locais de comunicação entre instituições que
permitam alertar a população antes da ocorrência de um evento adverso.
É importante que o setor saúde faça parte desta rede de comunicação para
contar com a informação oportuna e oferecer atenção de forma imediata.

Resposta: compreende as ações preparadas antes de um evento adverso e


que tem por objetivo salvar vidas, reduzir o sofrimento humano e diminuir as
perdas materiais. Alguns exemplos de atividades típicas dessa etapa são a
busca e resgate das pessoas afetadas, a assistência médica, o abrigo
temporário, distribuição da água de consumo humano, de alimentos, de roupas
e a avaliação dos danos.

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 Recuperação dos efeitos

Nesta etapa são tomadas providências para restabelecer, num curto


prazo e de forma transitória, os serviços básicos indispensáveis, entre eles: o
abastecimento da água e esgotamento sanitário, a energia elétrica, o sistema
de comunicação; e em seguida, direcionam-se às soluções permanentes e de
longo prazo.

Reabilitação: compreende o período de transição que se inicia ao final da


resposta. Nesta fase, por exemplo, os serviços de saúde e de saneamento que
forem atingidos devem ter seus funcionamentos reiniciados, ou devem ser
reconstruídos para continuar a prestar assistência aos afetados;

Reconstrução: é o processo de reparação da infraestrutura física e do


funcionamento definitivo dos serviços da comunidade.

Para um trabalho eficiente de gestão de risco de desastres em todas as


suas etapas e fases é imprescindível a articulação intersetorial e
interinstitucional, e, essencial o conhecimento do perfil dos desastres ocorridos
no País e de possíveis tendências. Para uma atuação eficiente em
emergências e desastres é necessário que se tenha clareza sobre o que, onde,
quando, e como os eventos acontecem. Conhecer esse perfil permite a adoção
de políticas públicas mais adequadas e ainda a definição de estratégias
voltadas para a necessidade de cada região.

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2.3.2 Normativas

a) Portaria nº 372/2005

A Portaria nº 372 de 10 de março de 2005 constituiu a Comissão


referente ao atendimento emergencial aos estados e municípios acometidos
por desastres naturais e/ou antropogênicos. Esta Comissão foi criada para
garantir a integração e articulação intrainstitucional no âmbito do Ministério da
Saúde. Tem por finalidade a execução das atividades de planejamento,
gerenciamento, acompanhamento, monitoramento e avaliação das ações de
saúde no tocante ao atendimento emergencial aos estados e municípios
acometidos por desastres naturais e/ou antropogênicos, de acordo com os
princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde.

b) Portaria nº 2365/2011

A Portaria nº 2365, de 18 de outubro de 2011, define a composição do


kit de medicamentos e insumos estratégicos a ser encaminhado pelo Ministério
da Saúde para a assistência farmacêutica às Unidades da Federação atingidas
por desastres de origem natural associados a chuvas, ventos e granizo e define
os respectivos fluxos de solicitação e envio. Este tema será abordado nesta
unidade, no tópico 2.2.3 - Estratégias de atuação, item d) Kit de Medicamentos.

c) Decreto nº 7.616/2011

O Decreto nº 7.616 de 17 de novembro de 2011, regulamentado pela


Portaria nº 2.952, de 14 de dezembro de 2011, dispõe sobre a declaração de
Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional - ESPIN e institui a
Força Nacional do Sistema Único de Saúde - FN-SUS. Este tema será
abordado nesta unidade no tópico 2.2.4 - Força Nacional do Sistema Único de
Saúde - FN-SUS.
d) Portaria nº 765/2008

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A Portaria nº 765, de 24 de abril de 2008 institui o Grupo Técnico de


Mudança de Clima, em caráter permanente, para assessorar o Ministro da
Saúde nas ações relativas ao Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima
- CIM. Este tema será abordado nesta unidade no tópico 2.2.3 – Componentes
do Vigidesastres, item d) Agenda de Mudanças Climáticas.

2.3.3 Componentes da Vigilância em Saúde Ambiental


dos Riscos Associados aos Desastres -
Vigidesastres

a) Vigilância em Saúde Ambiental associada aos Fatores Físicos - Vigifis


A Vigilância em Saúde Ambiental associada aos Fatores Físicos - Vigifis
tem por objetivo a proteção da saúde da população decorrente da exposição a
radiações eletromagnéticas. As ações desenvolvidas estão relacionadas às
radiações ionizantes e não ionizantes que se caracterizam pela fonte de
exposição e não pela natureza da radiação.

Radiações são ondas eletromagnéticas ou partículas que se propagam com uma


determinada velocidade. Contêm energia, carga elétrica e magnética. Podem ser
geradas por fontes naturais ou por dispositivos construídos pelo homem. As
radiações eletromagnéticas mais conhecidas são: luz, micro-ondas, ondas de
rádio, radar, laser, raios X e radiação gama. As radiações sob a forma de
partículas, com massa, carga eléctrica, e carga magnética, mais comuns são: os
feixes de elétrons, os feixes de prótons, radiação beta, radiação alfa. Dependendo
da quantidade de energia, uma radiação pode ser descrita como não ionizante ou
ionizante.
Radiações não ionizantes possuem relativamente baixa energia, e englobam toda
a radiação e os campos do espectro eletromagnético que não tem energia
O Vigifis atua no desenvolvimento de modelos de vigilância em saúde
suficiente para provocar mudanças nos átomos em que incide.É uma poluição
ambiental relacionados à exposição humana à radioatividade natural elevada,
conhecida como radiação por radiofrequência, gerada por campos elétricos,
em resposta àse demandas
magnéticos, crescentes
eletromagnéticos, vindas da
causada porpopulação e de profissionais
micro-ondas, luz visível,
dainfravermelho,
área de saúde em
celular regiões
e suas conhecidas
antenas, como
TV e rádio dedealta
e, linha concentração de
transmissão.
Radiações ionizantes possuem altos níveis de energia que são originadas do
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núcleo de átomos e podem alterar o estado físico de um átomo e causar a perda 69
de elétrons, tornando-os eletricamente carregados, processo este chamado de
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minérios radioativos; bem como na preparação, prevenção e resposta do setor


saúde em casos de emergências rádionucleares.

O foco de atuação está na prevenção e controle dos riscos à saúde


relacionados à exposição prolongada a campos eletromagnéticos emitidos
pela infraestrutura de serviços de fornecimento de energia elétrica e
telecomunicações.

Para a preparação e resposta do setor saúde em casos de emergências


rádio nucleares, a CGVAM elaborou no ano de 2011, em parceria com a
Fundação Municipal de Saúde de Angra dos Reis, o Protocolo de Assistência
Farmacêutica em Acidentes Radiológico-Nuclear. As ações de preparação
para resposta a emergência nuclear, são necessárias para assegurar o
estabelecimento prévio de mecanismos de resposta a uma situação de
emergência nuclear, de modo que esta seja rápida, efetiva e coordenada em
todos os níveis de gestão.

O protocolo tem por objetivo definir as atribuições e os procedimentos


específicos para a utilização do Iodeto de Potássio (KI) em atendimento a
situações de emergência nuclear na Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto
(CNAAA) em Angra dos Reis/RJ. Os procedimentos estabelecidos neste
protocolo, visando minimizar/eliminar o impacto junto à população das zonas
de emergência, serão parte integrante do Plano de Emergência Externo - PEE
da Central Nuclear Almirante Alvaro Alberto, em Angra dos Reis/RJ em caso
de um possível acidente.

SAIBA MAIS
Para conhecer o Protocolo de Assistência Farmacêutica em Acidentes
Radiológico-Nuclear, acesse o documento na Biblioteca Virtual do AVA.

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b) Vigilância em Saúde Ambiental associada aos Acidentes com


Produtos Químicos Perigosos - Vigiapp

A Vigilância em Saúde Ambiental associada aos Acidentes com


Produtos Químicos Perigosos - Vigiapp tem como objetivo o
desenvolvimento de ações com vistas a identificar, caracterizar e mapear
riscos, ameaças, vulnerabilidades e recursos para eficiente atuação nos casos
de acidente, bem como realizar a vigilância epidemiológica dos efeitos à saúde
humana decorrentes da exposição aos produtos perigosos.

O campo de atuação do Vigiapp abrange as atividades com potencial de


causar agravos à saúde humana e ambiental como: extração, produção,
armazenamento, transferência, transporte, utilização e destinação final dos
produtos perigosos.

Produto químico perigoso: produto químico classificado como


perigoso para a segurança, a saúde e/ou o meio ambiente, conforme critério
de classificação adotado (critério de classificação definido pela ABNT NBR
14725-2 “produtos químicos – informações sobre segurança, saúde e meio
ambiente – parte 2: sistema de classificação de perigo”).

Resíduos perigosos: aqueles que, em razão de suas características


de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade,
carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam
significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, de acordo com
lei, regulamento ou norma técnica. (Lei 12.305/2010).

A atuação do Vigiapp é pautada pelo mapeamento de ameaças,


vulnerabilidades e recursos visando o planejamento de ações de prevenção,
preparação e respostas do setor saúde aos acidentes com produtos perigosos.
E, também, pela elaboração de planos de prevenção, preparação e resposta,
articulados com os demais planos elaborados no âmbito do Sistema Nacional

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de Defesa Civil - SINDEC e com o Plano Nacional de Prevenção Preparação


e Resposta Rápida às Emergências ambientais com Produtos Perigosos -
P2R2.

SAIBA MAIS
O Plano Nacional de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida a Emergências
Ambientais com Produtos Químicos Perigosos - P2R2, coordenado pelo Ministério
do Meio Ambiente, em parceria com o Ministério da Integração Nacional e o
Ministério da Saúde, recomenda que os estados se organizem e constituam
comissões estaduais para desenvolverem ações de prevenção, preparação e
resposta aos acidentes químicos.

As atividades desenvolvidas pela Vigilância em Saúde Ambiental


associadas aos Acidentes com Produtos Químicos Perigosos contemplam:

 Participação na equipe de resposta/atendimento ao acidente ou


Comitê de avaliação/investigação das emergências;
 Mobilização dos recursos em tempo que minimize a exposição
humana aos produtos perigosos;
 Proteção à saúde das equipes de resposta envolvidas;
 Notificação de eventos por meio do formulário padronizado
preconizado pelo Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em
Saúde - CIEVS disponível site do Ministério da Saúde ou por meio do
correio eletrônico: notifica@saude.gov.br ou Telefone: 0800 644 6645.
 Inserção de dados da área atingida no Sistema de Informações de
vigilância em saúde de populações expostas a solos contaminados -
Sissolo;
 Notificação das intoxicações exógenas ao Sistema de informações de
agravos de notificação – Sinan;

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c) Vigilância em saúde ambiental associada aos riscos de desastres de


origem natural - Vigidesastres

No Brasil, os desastres de origem natural se distribuem ao longo do ano,


alterando apenas a tipologia da ocorrência e a região atingida. No Brasil estão
associados a inundações graduais ou bruscas, vendavais, granizos,
escorregamentos, secas e estiagens, sendo as inundações as de maior
incidência (Brasil, 2011c).

Diante deste cenário, o Vigidesastres tem como objetivo desenvolver um


conjunto de ações a serem adotadas continuamente pelas autoridades de
saúde pública para reduzir a exposição da população e dos profissionais de
saúde aos riscos de desastres e a redução das doenças e agravos decorrentes
deles.

A ocorrência de danos numa determinada localidade vai depender das


vulnerabilidades associadas às condições do ambiente, uma vez que cada
área tem condições sociais, econômicas, políticas, ambientais, climáticas,
geográficas e sanitárias peculiares. Já os efeitos sobre a saúde são similares,
existindo uma relação direta entre o tipo de desastre e seus efeitos sobre a
saúde humana. No entanto, é possível preparar a sociedade para evitar,
minimizar ou enfrentar esses eventos, mediante o reconhecimento prévio das
condições de risco e facilitando o uso racional de recursos do setor saúde
(OPS, 2003 apud Brasil, 2011c).

A atuação do Setor Saúde em desastres de origem natural envolve as


ações a serem desenvolvidas para a proteção da saúde da população exposta
ou potencialmente exposta buscando reduzir suas vulnerabilidades e
maximizar sua resiliência.

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Resiliência é a capacidade de um sistema, comunidade ou sociedade


exposta a perigos resistir, absorver, acomodar-se e recuperar-se dos efeitos
do perigo em tempo e de forma eficiente, inclusive por meio da preservação
e restauração de suas estruturas e funções básicas e essenciais/
Capacidade de um sistema, comunidade ou sociedade potencialmente
exposta a ameaças para adaptar-se, resistindo ou mudando, com o fim de
alcançar ou manter um nível aceitável em seu funcionamento e estrutura. É
determinada pelo grau em que o sistema social é capaz de organizar-se
para incrementar sua capacidade de aprender com os desastres passados
a fim de proteger-se melhor no futuro e melhorar as medidas de redução
dos riscos (OMS, 2009).
Para orientar a atuação local na preparação e resposta a desastres por
inundação, o Vigidesastres elaborou o “Guia de Preparação e Resposta aos
Desastres Associados às Inundações para a Gestão Municipal do Sistema
Único de Saúde”, disponível na Biblioteca do AVA.

A partir deste Guia, as Secretarias Municipais devem elaborar os seus


próprios planos de preparação e resposta de acordo com a realidade local,
levando em conta as características geográficas, demográficas,
epidemiológicas, ambientais, climatológicas entre outras.

A vigilância em saúde ambiental associada aos riscos de desastres de


origem natural é um tema que deve ser abordado intersetorialmente buscando
consolidar a prevenção e a preparação do Setor Saúde para uma resposta
eficiente.

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d) Agenda de Mudanças Climáticas

Como parte do processo de implementação de uma política para


mudança do clima, o Brasil instituiu em 2007, por meio do Decreto nº
6.263/2007, o Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima e seu Grupo
Executivo. Para subsidiar este Grupo Interministerial, o Ministério da Saúde
criou o Grupo Técnico de Clima e Saúde, por meio da Portaria GM/MS nº
765/2008, com o objetivo de inserir ações de interface com o Setor Saúde no
Plano Nacional de Mudança do Clima – PNMC, que foi publicado em 2008.

O PNMC tem como objetivo identificar, planejar e coordenar as ações e


medidas para mitigar as emissões de gases de efeito estufa - GEE, bem como
aumentar a capacidade de adaptação da sociedade para redução das
vulnerabilidades das populações e dos impactos decorrentes da mudança do
clima (Aluno, por favor reveja na Unidade 2 – Políticas de Meio Ambiente sobre
a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e o
Protocolo de Quioto).

Em 2009, é então instituída, por meio da Lei nº 12.187/2009, a Política


Nacional sobre Mudança do Clima, que estabeleceu o compromisso nacional
voluntário do Brasil de adotar ações de mitigação das emissões de GEE com
vistas a reduzir entre 36,1% e 38,9% das emissões projetadas até 2020. Em
seu art. 11, parágrafo único, a Política estabelece a elaboração de planos
setoriais de mitigação e adaptação à mudança climática.

Para elaboração do Plano Setorial da Saúde de Mitigação e Adaptação à


Mudança do Clima (PSMC-Saúde) foi instituída, por meio da Portaria
Ministerial nº 3.244/2011, uma Comissão Gestora e um Comitê Executivo.

O PSMC-Saúde integra o Plano Nacional sobre Mudança do Clima e tem


por desafio estabelecer um marco relevante para implantar práticas de fomento

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de integração e abordagem multidisciplinar, qualificação de profissionais,


pesquisa e desenvolvimento, fortalecimento de esforços e mecanismos de
redução das emissões de GEE e de medidas de adaptação.

http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2015/julho/23/Plano-Setorial-
da-Sa--de-para-Mitiga----o-e-Adapta----o----Mudan--a-do-Clima.pdf

2.3.4 Estratégias de atuação

Para operacionalização das ações de vigilância em saúde ambiental dos


riscos associados a desastres, o Vigidesastres dispõe de estratégias utilizadas
pelos três níveis de gestão do SUS, para a prevenção, preparação e resposta
às situações de desastres. A seguir será feito um breve relato destas
estratégias:

a) Plano de Preparação e Resposta às Emergências de Saúde Pública

O Plano de Preparação e Resposta às Emergências de Saúde Pública é


um instrumento da vigilância em saúde ambiental definido como um conjunto
de ações orientadas para planejar organizar e melhorar a capacidade de
resposta frente aos prováveis efeitos dos eventos adversos.

O objetivo principal do Plano é organizar a preparação e a resposta a


uma emergência, considerando as ameaças, vulnerabilidades e recursos
disponíveis. Os planos devem ser avaliados periodicamente mediante
simulações e após a ocorrência de uma emergência para identificar os pontos
positivos e os pontos que devem ser melhorados. Visto que o processo de
gestão do risco de desastres é intersetorial e interinstitucional, é fundamental
durante a elaboração do Plano de Preparação e Resposta do setor saúde
(municipal/estadual) a definição das responsabilidades de cada instituição
envolvida.

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Para ter acesso ao Plano de Resposta às Emergências em Saúde Pública


e Planos de Contingência por tipologia de evento acesse:
http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-mais-o-
ministerio/197-secretaria-svs/12109-planos-vigilancia-ambiental

b) Comitê Operativo de Emergência em Saúde – COE-Saúde

O Comitê Operativo de Emergência em Saúde - COE-Saúde é um grupo


de caráter contínuo e permanente cujo objetivo é conduzir as ações no âmbito
do SUS para a organização e o enfrentamento de emergências de Saúde
Pública. O COE-Saúde é responsável pela avaliação das ações do setor saúde
em uma situação de emergência e pela atualização dos planos de preparação
e resposta nos períodos de normalidade.

O COE-Saúde é responsável pela coordenação das ações em


emergências de Saúde Pública, incluindo a mobilização de recursos sanitários,
o restabelecimento dos serviços de saúde e a articulação da informação entre
as três esferas de gestão do SUS.

c) Sala de Situação

A instituição de uma sala de situação é uma estratégia para o


monitoramento contínuo da situação de saúde, visando à prevenção,
preparação e resposta rápida frente a situações de emergências. É um espaço
físico ou virtual, interativo, dinâmico e flexível onde a informação em saúde é
analisada sistematicamente por uma equipe de trabalho com diferentes
formações e experiências.

A Sala deve prover diariamente informações em saúde aos dirigentes,


gestores e técnicos, a fim de subsidiar a tomada de decisões estratégicas,
eficientes e, principalmente, oportuna.

Nos municípios que tem o Centro de Informações Estratégicas em

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Vigilância em Saúde - Cievs implantado, a sala de situação deve funcionar em


seu ambiente. No caso do acompanhamento das ações de resposta a serem
desenvolvidas após um desastre, a sala de situação será base primordial para
a tomada de decisões por meio do COE.

SAIBA MAIS
O Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde – Cievs funciona
como ferramenta de trabalho fundamental para coordenar o sistema nacional de
vigilância em saúde do país. Conta com uma sede no nível federal, no âmbito da
Secretaria de Vigilância em Saúde, e com núcleos estaduais e municipais,
facilitando e agilizando a comunicação entre os três níveis de gestão. Seu foco
principal é o acompanhamento de um conjunto de doenças que, pelo seu elevado
potencial de disseminação e/ou riscos à saúde pública, necessitam de
acompanhamento por parte do setor saúde. Também está incluída a ocorrência
de "agravos inusitados", que são casos ou óbitos de doença de origem
desconhecida ou alteração no padrão epidemiológico de doença conhecida.
Assim, o CIEVS no nível federal, avalia diariamente as notícias publicadas sobre
surtos nos principais jornais e sites de todos os estados, e monitora as notificações
que chegam pelo Disque Notifica, pelo E-notifica ou que são detectadas no
noticiário nacional. As notificações são comunicadas imediatamente às
Secretarias Estaduais de Saúde e avaliadas pela Secretaria de Vigilância em
Saúde, para terem sua veracidade e relevância epidemiológica verificadas.

d) Kit de Medicamentos

O Ministério da Saúde instituiu um Kit de medicamentos e insumos


estratégicos (Portaria n° 2365/2012) para garantir a assistência farmacêutica
às pessoas desabrigadas e desalojadas atingidas por desastres. Esse kit
atende até 500 pessoas desabrigadas e desalojadas por um período de três
meses. É composto por 30 itens de medicamentos (analgésicos, antibióticos,
anti-hipertensivos, anti-inflamatórios, antiparasitários, antiulcerosos,
broncodilatadores, dermatológicos, diuréticos, eletrólitos e soluções,
hipoglicemiante oral, reposição volêmica, antibacteriano) e 18 itens de insumos
(ataduras, cateteres, compressas, equipo para soro, esparadrapo, luvas,
máscaras e seringas). O Kit deve ser solicitado ao Ministério da Saúde, sendo

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

o atendimento a esta solicitação realizado mediante a notificação do desastre


à Secretaria Nacional de Defesa Civil, do Ministério da Integração Nacional.

e) Educação e Comunicação

A comunicação e a educação em saúde são um processo contínuo que


perpassa todas as etapas da gestão do risco em desastres.

Para o processo de educação em saúde em casos de desastres, o


Ministério da Saúde disponibiliza cartilhas e folders com orientações sobre
cuidados com a saúde que devem ser repassados à população pelos
profissionais de saúde. As cartilhas e folders são ilustrados, construídos com
uma linguagem simples e direta, tratando de temas como a prevenção de
doenças infecciosas respiratórias, do tétano acidental, da leptospirose e de
acidentes com animais peçonhentos, todos agravos comuns em situações de
enchentes. E, ainda, de cuidados com a higiene pessoal e dos alimentos em
abrigos, conservação de alimentos e com a água para consumo humano, entre
outros assuntos. São disponibilizados também sptos (textos comerciais para
transmissão radiofônica) de livre veiculação para serem divulgados em rádios
e carros de som em situações de desastres.

SAIBA MAIS
Acesse na Biblioteca do AVA dois exemplos de cartilhas sobre orientações
relacionadas à desastres, disponibilizados pelo Ministério da Saúde.

Para a comunicação em casos de emergências e desastres, o


vigidesastres orienta a elaboração de boletins informativos dirigidos à
imprensa para divulgação à população pelos meios de comunicação de massa,
a exemplo do rádio, da televisão ou outras formas disponíveis nos locais.

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

2.3.5 Força Nacional do Sistema Único de Saúde – FN-SUS

A Força Nacional do Sistema Único de Saúde (FN-SUS) visa prestar


assistência rápida e efetiva às populações em território nacional e
internacional, atingidas por catástrofes, epidemias ou crises assistenciais que
justifiquem seu acionamento.

A gestão da FN-SUS é de competência do Ministério da Saúde,


coordenada pela Secretaria Executiva, em articulação com a Secretaria de
Atenção à Saúde - SAS e Secretaria de Vigilância em Saúde - SVS. Assim, a
Vigilância em Saúde Ambiental, por meio do Departamento de Vigilância em
Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador constitui-se em um dos braços
operativos da Força Nacional do SUS.

A FN-SUS atua como um programa de cooperação voltado à execução


de medidas de prevenção, assistência e repressão a situações
epidemiológicas, de desastres ou de desassistência à população. A FN-SUS
deverá ser acionada, por ato do Ministro de Estado da Saúde, quando da
declaração de uma Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional –
ESPIN.

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

Saiba mais:
A ESPIN é definida como uma situação que demande o emprego
urgente de medidas de prevenção, controle e contenção de riscos, danos
e agravos à saúde pública em situações:

a) epidemiológicas: decorrente de surtos e epidemias que:


apresentem risco de disseminação nacional; sejam produzidos por
agentes infecciosos inesperados; representem a reintrodução de
doença erradicada; apresentem gravidade elevada; ou extrapolem a
capacidade de resposta da direção estadual do Sistema Único de
Saúde;

b) de desastre: em caso de evento que configure situação de


emergência ou estado de calamidade pública reconhecido pelo Poder
Executivo federal nos termos da Lei nº 12.340, de 1º de dezembro de
2010, e que implique atuação direta na área de saúde pública;

c) de desassistência à população: evento que, devidamente


reconhecido mediante a decretação de situação de emergência ou
calamidade pública pelo ente federado afetado, coloque em risco a
saúde dos cidadãos por incapacidade ou insuficiência de
atendimento à demanda e que extrapolem a capacidade de resposta
das direções estadual, distrital e municipal do SUS.

A FN-SUS é operacionalizada em articulação com as esferas federal,


estadual, distrital e municipal, nos aspectos da força de trabalho, da logística
e dos recursos materiais, para assegurar a execução das ações e serviços de
saúde.

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

3. Áreas transversais à Vigilância em Saúde Ambiental

A seguir serão apresentadas duas áreas, estruturadas no âmbito de


Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador –
DSAST, que possuem interface com as atribuições da Vigilância em Saúde
Ambiental e dão suporte para o desenvolvimento das ações: Análise de
Situação em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador e do Núcleo de
Desenvolvimento Sustentável – Nudes.

3.1 Análise de Situação em Saúde Ambiental e Saúde do


Trabalhador - Asisast

A área de Análise de Situação em Saúde Ambiental e Saúde do


Trabalhador – Asisast foi estruturada no âmbito do DSAST para produzir
análise de situação de saúde sobre vulnerabilidades socioambientais com
vistas ao planejamento de ações e serviços de saúde. A proposta de atuação
da ASISAST é o reconhecimento do espaço, como categoria de análise, como
estratégia analítica que integre informações sobre as condições de saúde da
população e os riscos ou exposições ambientais a que são submetidas.

A estruturação da Asisast no âmbito do DSAST vai ao encontro dos


propósitos do Ministério da Saúde, que fomenta o trabalho de Análise de
Situação de Saúde – ASS, valorizando o uso da informação epidemiológica
como fonte relevante para a gestão e o planejamento das ações sanitárias em
todas as esferas do Sistema Único de Saúde.

A ASS em Saúde Ambiental representa a capacidade de organizar o


fluxo de informação sobre a identificação, monitoramento e avaliação dos
condicionantes e determinantes ambientais que causam impacto na saúde da
população, em territórios específicos. Tal análise expressa não só os aspectos
epidemiológicos de um determinado território, como possibilita a identificação

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

das vulnerabilidades dos grupos populacionais presentes, subsidiando os


gestores na tomada de decisão.

A operacionalização da ASS em saúde ambiental é possibilitada por


ferramentas que permitem a gestão da informação no âmbito da Vigilância em
Saúde Ambiental, pela consolidação e cruzamento de dados no âmbito dos
sistemas de informação e pela construção de indicadores que possam
descrever e analisar a relação entre saúde, meio ambiente e desenvolvimento.
As ferramentas utilizadas para a ASS em saúde ambiental serão apresentadas
na Disciplina IV: Instrumentos para a Vigilância em Saúde Ambiental, Unidade
3. Informação no Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental.

3.2 Núcleo de Desenvolvimento Sustentável

O Núcleo de Gestão do Conhecimento – Nudes foi estruturado no


DSAST visando a adoção de medidas para a promoção da saúde ambiental,
prevenção e controle dos fatores de riscos relacionados às doenças e outros
agravos à saúde. O Nudes traz a proposta de fazer a interface entre as
Políticas e programas de ambiente e saúde com a atuação da Vigilância em
Saúde Ambiental. As principais políticas abordadas no âmbito do Nudes são:
Política Nacional de Meio Ambiente (Lei 6.938/2001); Política Nacional de
Promoção da Saúde, (Portaria nº 687, de 30 de março de 2006); e Política
Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2012).

Para tanto, o desenvolvimento das ações do Nudes está ancorado em


dois braços operativos: A proposta de Avaliação de Impacto à Saúde - AIS
quando da instalação de grandes empreendimentos; e o fortalecimento da
estratégia “Cidades Saudáveis”.

A atuação do Nudes em grandes empreendimentos se deu pela


necessidade de ampliar o escopo da saúde nos processos de licenciamento

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

ambiental, uma vez que os impactos dessas grandes obras são inúmeros e
não são considerados nos documentos exigidos pelos órgãos licenciadores.
Portanto, em resposta às demandas do IBAMA, o NUDES tem trabalhado de
forma a fazer recomendações nos Termos de Referência - TR, nos Estudos de
Impacto Ambiental - EIA/RIMA, nos Projetos Básicos Ambientais - PBA e nas
complementações pertinentes para a obtenção das Licenças Ambientais
visando à redução dos impactos gerados por estes empreendimentos na
saúde humana. O próximo desafio é o desenvolvimento de uma metodologia
de Avaliação de Impacto à Saúde que atenda ao modelo de saúde brasileiro e
que promova uma interface com a Avaliação de Impacto Ambiental, visando
minimizar ou mitigar os impactos negativos decorrentes da instalação destes
empreendimentos potencialmente poluidores. A inserção do setor saúde nos
processos de licenciamento, bem como a apresentação da proposta de
metodologia de AIS será abordada na Disciplina V - Metodologias para
Vigilância em Saúde Ambiental, Unidade 3 - Avaliação de Impacto à Saúde.

O segundo braço operativo do Nudes é o fortalecimento da estratégia


“Cidades Saudáveis” no Brasil. A filosofia de cidades saudáveis iniciou-se nos
anos 1970, dentro de um processo de evolução conceitual da Promoção da
Saúde e nos moldes propostos pela Carta de Ottawa. Inicialmente
experimentada pela cidade de Toronto no Canadá, expandiu-se para algumas
cidades europeias, apoiadas pela Organização Mundial da Saúde - OMS,
difundindo-se mundialmente através de redes transformando-se em um
movimento internacional. Na América Latina iniciou-se nos anos 1990, sob os
auspícios da Organização Pan-Americana da Saúde - OPAS/OMS
denominado de Municípios Saudáveis, tendo em vista que o município é a
estrutura político-administrativa da Região melhor representada.

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

SAIBA MAIS
Em essência, um município saudável é aquele que tendo alcançado um pacto
social entre as organizações representativas da sociedade civil, as instituições de
vários setores e as autoridades políticas locais, comprometem-se com a promoção
da saúde, visando à melhoria da qualidade de vida da população. A chave para
construir um Município ou Comunidade Saudável é muitas vezes uma mudança
de atitude quanto aos modos de promover a saúde no sentido mais amplo, através
de mudanças nas políticas, legislações e serviços que geralmente o município
provê (OPAS, 2004).

A estratégia “Cidades Saudáveis” busca soluções integradas para


enfrentar os diferentes problemas acarretados pela urbanização desordenada
e seus efeitos sobre as condições de vida, com objetivo de potencializar uma
forma ampla de gestão para intervir na saúde de maneira mais eficaz e
eficiente.

Existem múltiplas ações possíveis para a construção de um município


saudável. A seguir destacam-se os principais campos de trabalho (OPAS,
2004):

 Alimentação acessível, variada, adequada, completa, higiênica e


regular;
 Saneamento básico: fornecimento de água potável, drenagem, esgoto
e tratamento de águas servidas. Disposição de lixo. Controle de
animais nocivos e transmissores;
 Fontes de trabalho seguro, remunerado e propiciador da satisfação e
do desenvolvimento pessoal e profissional;
 Construção e melhora da moradia. Regulamento e reordenamento
urbano;
 Fomento de um estilo de vida saudável: higiene do corpo, dos
alimentos e da moradia. Estímulo ao exercício físico. Combate ao

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

tabagismo, alcoolismo e outras dependências. Uso adequado do


tempo livre;
 Segurança e proteção civil com participação organizada da cidadania.
Educação para a prevenção de acidentes e a prestação de primeiros
socorros. Preparação para situações de desastre;
 Promoção e apoio à educação, à alfabetização e à educação de
adultos. Incremento e difusão da cultura e costumes locais;
 Cuidado, proteção e melhoria do meio. Conservação da flora e da
fauna;
 Combate à contaminação de toda índole;
 Atenção a grupos especiais: população materno-infantil, idosos,
crianças e meninos de rua, População indígena, Bóias-fria migrantes;
 Resgate e aproveitamento da medicina tradicional e seu vínculo com
a institucional.

Existem hoje cinco Redes de Cidades/Municípios/Comunidades


Saudáveis e Sustentáveis no Brasil, as quais atuam pelo movimento de
cidades saudáveis em municípios de pequeno, médio e grande porte. São elas:

 Rede de Municípios Potencialmente Saudáveis – RMPS: Integrada


pelos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, e
Amazonas, em parceria com Faculdade de Engenharia Civil,
Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Campinas – Unicamp;
 Rede Pernambucana de Municípios Saudáveis – RPMS: Integrada
pelo estado de Pernambuco, em parceria com o Núcleo de Saúde
Pública e Desenvolvimento Social da Universidade o Universidade
Federal de Pernambuco - UFPE/NUSP e a Agência Estadual de
Planejamento e Pesquisa de Pernambuco - Condepe/Fidem;
 Rede de Ambientes Saudáveis de Curitiba – RASC: Integrada pelo
estado do Paraná em parceria com a Pontifícia Universidade Católica
do Paraná - PUC-PR;

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

 Rede de Comunidades Saudáveis – RCS: Integrada pelo estado Do


Rio de Janeiro em parceria com o Centro de Promoção da Saúde –
CEDAPS;
 Rede Brasileira de Habitação Saudável – RBHS: Integrada pela
Rede Amazônica da Habitação Saudável – RAHS, com parceria da
Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz, e da Universidade da Amazônia -
UNAMAZ.

Existem ao todo 16 iniciativas ou projetos brasileiros que atuam com


abordagem de territórios saudáveis servindo de base para ações estratégicas
da gestão local e para o desenvolvimento de políticas públicas nacionais de
promoção da saúde.

Assim, as políticas públicas saudáveis devem apoiar-se na mobilização


comunitária, no empoderamento, na educação para a saúde e no diagnóstico
comunitário para favorecer a articulação dos atores sociais em favor da
promoção saúde - estratégia do setor saúde para promover a qualidade de
vida da população e reduzir a vulnerabilidade e os riscos aos seus
determinantes e condicionantes. A Promoção da Saúde tem o objetivo de
produzir saúde como um valor social e de cidadania, a partir de tecnologias
que priorizem a gestão e produção de conhecimento compartilhada entre
usuários, movimentos sociais, trabalhadores do setor sanitário e de outros
setores, gerando redes de corresponsabilidade e de cogestão, potencializando
a autonomia de indivíduos e coletivos, na construção de modos de vida
saudáveis.

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

Resumo

O modelo de saúde biomédico trouxe melhorias para as condições de


saúde da população, porém ainda eram evidentes as desigualdades e
problemas de saúde no mundo todo, havendo assim o reconhecimento da
necessidade de uma política de saúde mais abrangente, que atuasse sobre os
determinantes sociais da saúde. O conceito de saúde passou então a
incorporar o estilo de vida das pessoas, englobando a forma como as pessoas
vivem, as escolhas que fazem, e não apenas a ausência de doença. Com a
realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (CNUMAD ou Rio-92), as preocupações com a saúde
relacionadas aos condicionantes e determinantes ambientais ganham
destaque no Brasil e no mundo. Surge então a necessidade de superação do
modelo de Vigilância em Saúde baseado em agravos, incorporando a temática
ambiental nas práticas da Saúde Pública, de modo a prevenir os riscos à saúde
decorrentes da exposição a contaminantes ambientais. Tem início então, no
final da década de 90, a estruturação da área de vigilância em saúde ambiental
– VSA no Brasil, conduzida pelo Ministério da Saúde. A VSA foi estruturada no
âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS, como o Subsistema Nacional de
Vigilância em Saúde Ambiental – SINVSA, que integra o Sistema Nacional de
Vigilância em Saúde. As áreas prioritárias para a atuação da VSA foram
definidas na Instrução Normativa SVS nº 01/2005, sendo elas: qualidade da
água para consumo humano; qualidade do ar; solo contaminado;
contaminantes ambientais e substâncias químicas; desastres naturais;
acidentes com produtos perigosos; fatores físicos (radiações ionizantes e não
ionizantes); e ambiente de trabalho. É também atribuição da VSA os
procedimentos de vigilância epidemiológica das doenças e agravos à saúde
humana associados a contaminantes ambientais, especialmente os
relacionados com a exposição a agrotóxicos, amianto, mercúrio, benzeno e
chumbo. A gestão do SINVSA é de competência da Coordenação Geral de
Vigilância em Saúde Ambiental – CGVAM que está estruturada em três áreas

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

técnicas: Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano – Vigiagua;


Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Contaminantes Químicos –
Vigipeq; e, Vigilância em Saúde dos Riscos Associados a Desastres –
Vigidesastres. Para o desenvolvimento das ações de VSA, as áreas técnicas
da CGVAM atuam de modo transversal e estratégico com a área de Análise
de Situação de Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador - ASISAST e o
Núcleo de Desenvolvimento Sustentável – NUDES, consolidando esforços e
conhecimentos para a efetivação da VSA. A atuação da VSA é pautada na
intra e intersetorialidade, com foco na integração, processamento e
interpretação de informações visando ao conhecimento dos problemas de
saúde existentes, relacionados aos fatores ambientais, sua priorização para a
tomada de decisão e execução de ações relativas às atividades de promoção
e prevenção dos riscos e agravos à saúde da população humana.

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Disciplina I – Sistema Único de Saúde e Vigilância em Saúde no Brasil
Unidade III – Vigilância em Saúde Ambiental no SUS:
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

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