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EXMO.(A) SR.(A) DR.

(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA _____ VARA CÍVEL DA


COMARCA DE XXXXXXXX-SP

FULANO DE SOUZA, brasileiro, solteiro, autônomo, inscrito no CPF


sob o n.º 000.000.000-00, e RG sob o n.º XXXXX SSP-SP, Registro de CNH nº
000000000, residente e domiciliado à Avenida Pra lá de Bagdá, nº 666, bairro
Vila do Chavez, Capão Redon, São Paulo, CEP 000000-000 vem,
respeitosamente, à presença de V. Exa, por meio de seus procuradores e
advogados infra-assinados, propor a presente

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E


MATERIAIS

em face de CONCESSIONÁRIA ECOVIAS DOS IMIGRANTES S.A,


CNPJ 02.509.491/0001-26, localizada à Rod. dos Imigrantes, km 28,5, Jardim
Represa, São Bernardo do Campo – SP, CEP 09845-000, pelos fatos e
fundamentos expostos a seguir:
2 - DOS FATOS

O Autor é proprietário de um veículo cujo modelo é um GOLF 2.0 GT,


marca WV, fabricado no ano de 2009, de cor vermelha, placa XXX 99999, chassi
n.º 9HUERUEREJHKJRHEB, de categoria particular.

Na data de 28 de setembro de 2017, quinta-feira, por volta das 09h, o


Autor trafegava na rodovia que liga a cidade de São Paulo - SP à cidade de
Diadema – SP de maneira absolutamente regular e em velocidade compatível
com a permitida para a via.

Ao notar que outro veículo pretendia fazer uma ultrapassagem o Autor,


que transitava à esquerda, na faixa de linha 01, deslocou-se para a faixa da
direita; ocasião na qual fora surpreendido por um obstáculo que estava sobre a
via (uma barra de ferro de aproximadamente 2 metros de comprimento), tal
como pode ser averiguado em documento anexado.

Em função disso, ao tentar desviar do referido obstáculo, o Autor perdeu


o controle de seu veículo, razão pela qual veio a colidir com seu automóvel no
trilho de guarda da referida rodovia (guard raill), causando graves danos na
parte dianteira e traseira do seu automóvel, como pode ser verificado em
imagens anexadas.

Faz-se mister dizer que logo após a ocorrência do acidente comparecera


ao local a rota de inspeção da Concessionária Ecovias dos Imigrantes S/A.
Nesta oportunidade, o empregado da Ré, encarregado da função de
fiscalização, Sr. BELTRANO, confirmara a existência do referido obstáculo no
local, conforme relata o boletim de ocorrência de número 9999-9999, que
também se encontra anexado a esta exordial.
Levando em consideração que a administração da via em questão, qual
seja, a Rodovia SP 160, KM 18.500, é de responsabilidade da Concessionária
Ecovias dos Imigrantes S/A, o Autor, munido da mais absoluta boa-fé,
protocolou requerimento interno com o escopo de que ao menos pudesse ser
ressarcido no que corresponde aos prejuízos causados em função do acidente,
oportunidade na qual a empresa se prestou tão somente a alegar que não
providenciaria o ressarcimento, pois, segundo a Ré, esta não seria responsável
pelos danos ocorridos.

Desta feita, o Autor, que não é abastado e está, inclusive, desempregado,


fora obrigado a amargar todos os prejuízos e providenciar o reparo do veículo
por conta própria; o que, por óbvio, o onerou demasiadamente e lhe incorreu
em grande frustração no que corresponde à expectativa da boa prestação de
serviço que se espera de qualquer empresa.

Frise ainda que, para poder arcar com os custos de reparo do automóvel,
o Autor precisou recorrer a familiares, posto que aquele sequer tinha fundos
para responsabilizar-se por todo o prejuízo.

Tendo em vista o ocorrido e a resposta da Ré ao requerimento, restou o


Réu completamente desnorteado no que corresponde à frustração pelos
prejuízos causados, motivo pelo qual não resta outra alternativa que não seja
socorrer a este D. Juízo para que seja dirimida a presente demanda.

Sucintos os fatos, seguimos à discussão do mérito.

2 – DO DIREITO
2.1 – Da responsabilidade civil objetiva da Ré no que
corresponde aos danos ocorridos e da consequente necessidade de
indenização.

Como evidenciado na exposição dos fatos, o Autor, ao trafegar em trecho


da rodovia cuja administração é de responsabilidade da Ré, fora surpreendido
por um obstáculo presente na via e, em função disso, acabou por colidir com
seu veículo, ocasião na qual este veio a suportar danos a toda sua estrutura.

Tendo isso em vista, importante transcrever o que prevê o Art. 7, §6º da


nossa Carta Magna, na qual trata da responsabilidade civil das pessoas jurídicas
de direito privado prestadoras de serviço público.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado


prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Em tempo, mencionemos o que estabelece o Art. 14 do Código de Defesa


do Consumidor.

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da


existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição
e riscos.
§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o
consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as
circunstâncias relevantes, entre as quais:

I - o modo de seu fornecimento;


II – o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi fornecido

Reforçando esta tese de que a segurança de quem trafega no local é de


responsabilidade da Ré, dispõe a Lei nº 9.503/97 nos seguintes termos:

Art. 1º. O trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres do


território nacional, abertas à circulação, rege-se por este Código.
§ 1º. Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas,
veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para
fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou
descarga.
§ 2º. O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e
dever dos órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de
Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das respectivas competências,
adotar as medidas destinadas a assegurar esse direito.
§ 3º. Os órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional
de Trânsito respondem, no âmbito das respectivas competências,
objetivamente, por danos causados aos cidadãos em virtude de ação,
omissão ou erro na execução e manutenção de programas, projetos e
serviços que garantam o exercício do direito do trânsito seguro.

Desta feita, nítida é a responsabilidade civil da Ré no que corresponde ao


acidente narrado na exposição dos fatos e o consequente e indubitável direito
do Autor de ser reparado.

Em tempo, faz-se relevante dizer também que não há dúvidas no que


corresponde à aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor ao caso em
tela, posto que as partes se enquadram no que preveem os Arts. 2º e 3º do
referido diploma legislativo.
Acrescente-se, ainda, que o artigo 7º, caput, da Lei 8.987/95, qual seja, o
Código de Defesa do Consumidor, na qual trata do regime de concessão e
permissão da prestação de serviços públicos, dispõe o seguinte:

Art. 7º. Sem prejuízo do disposto na Lei no 8.078, de 11 de setembro


de 1990, são direitos e obrigações dos usuários:

Como pôde ser observado ao ler o supracitado dispositivo, este deixa


cristalino o entendimento de que se aplica, sim, o Código de Defesa do
Consumidor à demanda em questão.

Como não poderia deixar de ser, este é o entendimento já sedimentado


pela jurisprudência pátria, tal como segue abaixo.

ACIDENTE DE TRÂNSITO. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA


DA CONCESSIONÁRIA. OBJETO NA PISTA DE ROLAMENTO.
DANOS MATERIAIS. Responsabilidade objetiva da concessionária de
serviços públicos pelos danos causados ao usuário. Objeto na pista de
rolamento. Omissão da concessionária, sob o prisma da manutenção
e fiscalização da rodovia. Indenização devida. Danos emergentes
comprovados. R. sentença mantida. RECURSO DA RÉ NÃO
PROVIDO. (TJ-SP - APL: 00002601620138260360 SP 0000260-
16.2013.8.26.0360, Relator: Berenice Marcondes Cesar, Data de
Julgamento: 06/10/2015, 28ª Câmara de Direito Privado, Data de
Publicação: 13/10/2015)

ACIDENTE DE TRÂNSITO EM RODOVIA. ACIDENTE


PROVOCADO PELA PRESENÇA DE OBJETO NA PISTA.
INDENIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA
CONCESSIONÁRIA. RECONHECIMENTO. APLICAÇÃO DO
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. ILEGITIMIDADE
PASSIVA AFASTADA. INDENIZAÇÃO DEVIDA. RECURSO DA
REQUERIDA IMPROVIDO. As concessionárias de serviços
rodoviários, nas suas relações com os usuários da estrada, estão
subordinadas ao Código de Defesa do Consumidor, pela própria
natureza do serviço que fornece. A concessão é, exatamente, para que
seja a concessionária responsável pela manutenção da rodovia,
zelando, portanto, para que os usuários trafeguem em segurança e
com tranquilidade. Entre o usuário da rodovia e a concessionária,
existe uma relação de consumo, devendo, portanto, ser aplicado o
Artigo 101, do Código de Defesa do Consumidor. Na teoria objetiva,
cabendo ao consumidor comprovar, apenas, o dano e o nexo causal,
cabendo ao fornecedor de serviços, por outro lado, comprovar a
ocorrência de quaisquer excludentes de sua responsabilidade. (TJ-SP -
APL: 00406826420138260576 SP 0040682-64.2013.8.26.0576, Relator:
Armando Toledo, Data de Julgamento: 14/10/2014, 31ª Câmara de
Direito Privado, Data de Publicação: 15/10/2014, grifei)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS


MORAIS E MATERIAIS. ACIDENTE DE TRÂNSITO. OBJETO NA
PISTA. CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANO MATERIAL E NEXO
CAUSAL DEMONSTRADOS. DANO MORAL. AUSENCIA DE
PROVAS. - A responsabilidade da concessionária de serviço público é
objetiva, nos termos do art. 37, § 6º da Constituição Federal, e art. 14,
do Código de Defesa do Consumidor, ou seja, a obrigação de
indenizar prescinde da comprovação do elemento subjetivo (culpa ou
dolo). - Ao autor da ação incumbe fazer prova acerca dos fatos
alegados como fundamento do invocado direito, sob pena de não
obter a tutela jurisdicional pretendida. - Devidamente comprovado
pelo Autor o prejuízo material advindo do conserto do automóvel, é
devida reparação a esse título. - O dano moral decorrente de acidente
automobilístico sem vítimas fatais ou com lesões físicas não é
presumido, necessitando de provas que demonstrem sua efetiva
ocorrência. - Na linha da jurisprudência do STJ, o mero dissabor não
pode ser alçado ao patamar de ofensa, a ensejar indenização por dano
moral. (TJ-MG - AC: 10106110064180001 MG, Relator: Leite Praça,
Data de Julgamento: 20/03/2014, Câmaras Cíveis / 17ª CÂMARA
CÍVEL, Data de Publicação: 01/04/2014, grifei)
Configurada a responsabilidade civil objetiva da Ré e a aplicabilidade do
Código de Defesa do consumidor ao caso em tela, resta então a necessidade de
evidenciar a presença de todos os requisitos exigidos para a configuração da
responsabilidade civil ao dano ocorrido, quais sejam:

. A Conduta omissiva da Ré, vez que, por ser administradora da via, é de


sua responsabilidade garantir a manutenção de boas condições de
segurança aos usuários.
. O Dano amargado pelo Autor, considerando que seu veículo sofreu
danos severos e este fora obrigado a suportar o prejuízo, providenciando
o reparo e arcando com os custos, posto que a concessionária se negou a
ressarci-lo. Consideremos ainda que o Autor, como narrado na exposição
dos fatos, não é abastado e, por óbvio, arcar com o reparo lhe onerou de
maneira imensurável
. O evidente nexo de causalidade entre o dano sofrido e a conduta do
Réu, pelos fatos acima narrados.

Ora, sendo assim, cristalina é a responsabilidade do Réu frente aos danos


amargados pelo Autor e, portanto, evidente é o dever da Ré em ressarci-lo.

Restada clara a responsabilidade civil que tem a Ré no que tange ao


ocorrido, passemo-nos à discussão individual de cada um dos prejuízos
amargados pelo Autor e a consequente e indiscutível necessidade de reparação.

2.1 – Da obrigação de reparação por danos materiais em virtude dos


prejuízos amargados pelo acidente
Como já fora dito, a administração e manutenção das boas condições da
via na qual trafegava o Autor é de responsabilidade da Ré.

Para além disso, por se enquadrar à presente demanda o instituto da


responsabilidade civil objetiva, não há necessidade de se demonstrar culpa o
dolo para que reste configurada a necessidade de reparação.

Tal como fora narrado, o Autor foi obrigado a providenciar o reparo do


veículo e amargar o prejuízo. Como pode ser averiguado em nota fiscal
apensada a esta mesma peça, o reparo de todos os danos causados resultou no
montante total de R$ 23.212,55 (vinte e três mil, duzentos e doze reais e
cinquenta e cinco centavos).

Desta feita, faz jus o Autor à indenização por dano material


correspondente ao montante destinado para reparo, qual seja, R$ R$ 23.212,55
(vinte e três mil, duzentos e doze reais e cinquenta e cinco centavos).

2.2 – Da obrigação de reparação por danos materiais em face da


inquestionável desvalorização do valor de mercado do veículo.

Como é de conhecimento público, ao avaliar um veículo, qualquer


potencial comprador não irá se dispor a pagar seu valor de mercado ao ter
ciência de que o automóvel sofreu grave acidente.

Assim sendo, nítido é o direito do Autor a receber 30% (trinta por cento)
do valor de mercado do veículo em função da evidente desvalorização que
sofreu o veículo acidentado.

Ao verificar o preço cotado do referido veículo em tabela FIPE, temos o


seguinte:
Desta feita, patente é o direito do Autor de receber a quantia de R$
9.327,90 (nove mil, trezentos e vinte e sete reais e noventa centavos), que
corresponde à porcentagem de 30% (trinta por cento) do valor total do veículo
acima demonstrado, em razão da clara desvalorização de seu preço de mercado.

2.3 – Da obrigação de reparação por danos morais

Como já exposto, o Autor, com a mais absoluta boa-fé, ao sofrer o


acidente, recorreu à empresa administradora da via para que pudesse ao menos
ser ressarcido em função dos danos materiais suportados.

Esta, no entanto, ainda que indiscutivelmente ciente no que corresponde


à sua responsabilidade, se negou a reparar o Autor, motivo pelo qual restou
este completamente desamparado e não encontrou outra alternativa que não
providenciar por conta própria o reparo por completo do automóvel.
Ocorre que, como também já fora narrado na exposição dos fatos, o
Autor não é abonado e ao ter que providenciar o reparo por conta própria teve
seu orçamento severamente comprometido. Frise-se ainda o fato de que este
não provinha de recursos para reparar o veículo precisou, inclusive, recorrer a
familiares que lhe socorreram financeiramente e viabilizaram o reparo, o que
evidentemente lhe gerou grande constrangimento.

Tudo isso, ou seja, o desapontamento frente à negatória da empresa em


virtude do pedido de ressarcimento junto ao grande transtorno, o fato de ter
seu orçamento comprometido e o constrangimento de ter que recorrer a
terceiros para poder viabilizar o reparo lhe causara imensurável frustração,
motivo pelo qual resta devidamente justificado o direito do Autor em pleitear
indenização por danos morais no montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

3 - DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Ante o exposto, pede-se:

1) A citação da Ré, na pessoa de seu representante legal, para que


lhes seja oportunizada apresentação de resposta dentro do prazo legal.

2) A condenação da Ré em virtude dos prejuízos descritos no tópico


de número 2.1, ou seja, o reparo completo do veículo no montante de R$
23.212,55 (vinte e três mil, duzentos e doze reais e cinquenta e cinco centavos),
acrescidos de correção monetária a partir do desembolso e juros de mora
contabilizados desde a ocorrência do evento danoso, tal como prediz a súmula
nº 54 do STJ.

3) A condenação da Ré em virtude do prejuízo descrito no tópico de


número 2.2, qual seja, a indenização em razão da depreciação do valor de
mercado oriunda do acidente sofrido no importe de R$ 9.327,90 (nove mil,
trezentos e vinte e sete reais e noventa centavos) acrescidos de correção
monetária e juros de mora contabilizados desde a ocorrência do evento danoso,
tal como prediz a súmula nº 54 do STJ.

4) A condenação da Ré em virtude dos prejuízos descritos no tópico


de número 2.3, ou seja, em decorrência dos danos morais acima descritos no
valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

5) A concessão ao autor dos benefícios da justiça gratuita, por ser


pobre no sentido legal, não possuindo meios para arcar com as custas
processuais e honorários advocatícios sem prejuízo do sustento próprio.

6) A condenação do Réu ao pagamento das custas processuais e


honorários de sucumbência a serem fixados sobre o valor da condenação.

7) A produção de todos os meios de prova em direito admitidos, em


especial a prova documental juntada a esta petição.

Dá-se à presente ação o valor de R$: 42.540,45 (quarenta e dois mil,


quinhentos e quarenta reais e quarenta e cinco centavos).

Nestes termos, pede deferimento.


NARNIA, 18 de janeiro de 2018.

ADVOGADO
OAB MG 182.238

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