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1 – Definições Básicas:
dy
Em Cálculo I você aprendeu que dada uma função y = f(x), sua derivada =f’(x) é
dx
também uma função de x, e esta é encontrada segundo algumas propriedades de derivadas que
você já deve conhecer. Qualquer dúvida em relação à este assunto consulte os livros de Cálculo
Integral e diferencia I.
Aqui, nosso problema não é: dado uma função y = f(x) encontrar a sua derivada, mas sim:
dy
dada uma equação =f’(x) encontrar a função y = f(x) que satisfaz esta equação. Em outras
dx
palavras, queremos aqui, resolver uma equação diferencial.
Definição: Uma equação que contém derivadas ou diferenciais de uma ou mais variáveis
dependentes, com respeito à uma ou mais variáveis independentes, é dito ser uma
equação diferencial.
dy
Exemplos: a)
2
= 2x e x b) x y’ = 2 y
dx
Classificação por tipo: Se uma equação contém somente derivadas ordinárias de uma ou mais
variáveis dependentes, com respeito à uma única variável independente, então ela é
chamada de equação diferencial ordinária.
Exemplos:
dy du dv d2y dy
a) – 5y = 1 b) (y – x)dx + 4x dy = 0 c) − =x d) 2
−2 + 6y = 0
dt dx dx dx dx
1
Uma equação que envolve derivadas parciais de uma ou mais variáveis dependentes de
duas ou mais variáveis independentes é chamada equação diferencial parcial.
Exemplos:
∂u ∂v ∂u ∂u ∂ 2u ∂ 2u ∂u
a) =− b) x +y =u c) 2
= 2 −2
∂y ∂x ∂x ∂y ∂x ∂t ∂t
Classificação por ordem: A ordem de uma equação diferencial é dada pela ordem da derivada
de maior ordem da função.
Exemplos:
3
d2y dy
a) A equação: 2
+ 5 − 4 y = e x é uma equação diferencial ordinária (EDO) de segunda
dx dx
ordem.
dy
b) A equação: (y – x)dx + 4xdy = 0 ⇔ ydx – xdx + 4xdy = 0 ⇔ 4 x +y = x é uma (EDO)
dx
de primeira ordem.
∂ 4u ∂ 2u
c) A equação: a 2 + = 0 é uma equação diferencial parcial (EDP) de quarta ordem.
∂x 4 ∂t 2
Observação:
Uma equação diferencial ordinária, genérica de ordem n é representada por:
dy dny
F(x, y, , ..., n ) = 0
dx dx
2
Exemplos:
1) xdy – ydx = 0 EDO linear de primeira ordem.
2) y” – 2y’ + y = 0 EDO linear de Segunda ordem.
d3y 2
2 d y dy
3) x 3 3
− x 2
+ 3x + 5y = ex EDO linear de ordem 3.
dx dx dx
4) yy”-2y’ = x EDO não linear de ordem 2.
d3y
5) + y2 = 0 EDO não linear de ordem 3.
dx 3
Definição: A solução de uma equação diferencial é uma função f definida sobre algum intervalo
I, tal que f e suas derivadas satisfazem a equação diferencial.
Exemplo:
1
x4 dy
A função y(x) = é a solução da equação não linear = xy 2 no intervalo (–∞, +∞). Verifique!
16 dx
Exercício 1:
Mostre que a função y = x ex é solução da equação linear: y” – 2y’ + y = 0 no intervalo (–∞, +∞).
Exemplo:
c
Para qualquer valor c a função y = + 1 é uma solução da equação diferencial de primeira
x
dy
ordem: x + y =1 sobre o intervalo (0, ∞).
dx
3
Exercício 2:
a) Mostre que as funções y1 = c1 cos 4x e y2 = c2 sem 4x, onde c1 e c2 são constantes
arbitrárias, são ambas soluções da equação diferencial: y” + 16y = 0.
b) Mostre que y = y1 + y2 também é solução da equação diferencial anterior.
Atividades
1) Classifique as equações diferenciais em lineares e não lineares e dê a sua ordem:
a) (1 – x)y” – 4xy’ + 5y = cos x b) yy’ + 2y = 1 + x2
4
d3y d2y
c) x 3 - 2 + y = 0
dy
d) + 9y = sen y
dx dx dx 2
4
2. Equações Diferenciais de Primeira Ordem
Exemplo:
Observação:
2) Se existe uma solução para um dado problema de valor inicial, essa solução é única?
5
x4
Exemplo: Verifique que cada uma das funções: y1 = 0 e y2 = são soluções para o problema de
16
1
dy
valor inicial: = x y2 y(0) = 0.
dx
Seja R uma região retangular no plano xy, definido por a ≤ x ≤ b, c ≤ y≤ d, que contém o
∂f
ponto (x0, y0) no seu interior. Se f(x,y) e são contínuas sobre R, então existe um intervalo I
∂y
centrado em x0 e uma única função y(x) definida sobre I satisfazendo o problema de valor inicial
dy
= f(x,y), y(x0) = y0.
dx
dy
Exercício 3: Seja o problema de valor inicial: = 1 + y2 , y(0) = 0. Mostre que a função
dx
y = tan x é solução deste problema no intervalo (–1, 1).
dy x
Exercício 4: Prove que y1= - x e y2= x são duas soluções do problema de valor inicial: = ,
dx y
y(0)=0 e explique por quê este resultado não contraria o Teorema 1.
6
2.2. Equações diferenciais de variáveis separáveis:
dy g (x )
Definição: Uma equação diferencial que pode ser escrita na forma: = é chamada de
dx h( y )
dy
h(y) = g(x) (I)
dx
dy
= f’(x) e h (f(x)) f’(x) = g(x)
dx
dy
Exemplo: Resolver a equação diferencial: = 1 + e 2x.
dx
1 2x
y = ∫ dy = ∫ (1 + e 2 x )dx = x + e +c
2
1 2x
Logo a solução dessa equação diferencial é da forma y = x + e + c.
2
Exercício 5: Resolver: (1 + x) dy – y dx = 0
7
dy x
Exercício 6: Resolver o problema de valor inicial: =– y(4) = 3
dx y
Atividades
dy dy
a) = 2xy b) = y2 e - x c) dx + e 3x dy = 0
dx dx
dy dy dy
d) x2y2 =1 e) = eysen x f) = ex + y
dx dx dx
2
x2 y2
=
dx dx y + 1
g) = h) y ln x i) x2 y2 dy = (y + 1) dx
dy 1+ x dy x
1
b) y dy = 4x ( y 2 + 1)2 dx y(0) = 1
dy
c) +ty=y y(1) = 3
dt
d) x2 y’ = y – xy y(-1) = - 1
8
3) Encontre a solução da equação diferencial que passa pelos pontos indicados:
dy
a) - y 2 = -9 1) (0,0) 2) (0,3)
dx
dy
b) x =y2–y 1) (0,1) 2) (0,0)
dx
dy
4) Uma equação diferencial da forma = f(ax + by + c), b ≠ 0 pode ser reduzida a uma
dx
equação diferencial de variáveis separáveis fazendo-se a substituição: u = ax + by + c. Use
este procedimento para resolver:
dy dy 1− x − y
a) = (x + y +1)2 b) =
dx dx x+ y
5) Uma curva passa pelo ponto (1,1). Em cada ponto (x,y) desta curva, a reta tangente passa
dy 2y
pelo ponto (2x,- y). Mostre que a curva satisfaz a equação diferencial =− e encontre
dx x
a equação da curva.
dy
Definição: Uma equação diferencial da forma = f(x,y) é chamada de homogênea
dx
x
= f ou como
dy y dy
quando puder ser escrita como = f .
dx x dx y
9
Exemplo:
2
y
1+
x2 + y2
= − = f
dy dy x y
⇔ =− 2 ⇔
dx x − xy dx y x
1−
x
y
Assim: =v ⇔ y=vx
x
dy dv
Logo, =v+x
dx dx
= f fica:
dy y
E a nossa equação homogênea
dx x
dv
v+x = f (v) ou seja,
dx
dv dv dx
x = f (v) – v ⇔ x dv = (f(v) – v) dx ⇔ =
dx f (v ) − v x
10
dy x−y
Exercício 8: Resolver a equação: =
dx x+ y
y
dy
Exercício 10: Resolva o problema de valor inicial: x = y + x e x , com y (1) = 1
dx
Atividades
a) (x – y) dx + x dy = 0 b) y dx = 2(x + y) dy
c) (y 2 + yx) dx – x 2 dy = 0 d) (x2 + xy – y 2) dx + xy dy = 0
dy x + 3y dy y x2
e) = f) = + 2 +1
dx 3x + y dx x y
dy
a) x y 2 =y3–x3 y (1) = 2
dx
b) (x 2 + 2 y 2) dx = xy dy y (- 1) = 1
dy
c) 2 x2 = 3 xy + y 2 y (1) = - 2
dx
11
2.4. Equações Diferenciais Lineares de 1ª ordem
Definição: A equação
dy
a1(x) + a0(x) y = g(x) (*)
dx
dy
Forma Padrão: Dividindo a equação linear: a1(x) + a0(x) y = g(x) por a1(x) teremos a
dx
seguinte equação:
dy
+ P(x) y = f(x) (**)
dx
dy
Forma Padrão homogênea: + P(x) y = 0 (***)
dx
De (***), temos:
dy dy
= – P(x) y ⇔ = – P(x) dx
dx y
Assim,
dy ec
∫y ∫
c − ∫ P ( x ) dx
= − P ( x ) dx +c ⇔ ln y = − ∫ P ( x ) dx + c ⇔ y = e e ⇔ y =
e ∫ P ( x ) dx
ec
y= ∫ P ( x ) dx
é solução da equação (***). A função e ∫ P ( x ) dx é chamada fator integrante para a
e
equação diferencial.
12
Solução de uma equação diferencial linear de 1a ordem:
dy
e∫ ∫ P ( x )dx f(x)
P ( x )dx
+ P( x ) y = e
dx
e∫ + e∫ P(x) y = e ∫
P ( x )dx dy P ( x )dx P ( x )dx
f(x)
dx
y e∫ = ∫ e∫
P ( x )dx P ( x )dx
f ( x )dx + C
(i) Coloque a equação diferencial linear de 1ª ordem (*) na forma padrão (**);
(iii) Multiplique a forma padrão da equação pelo fator integrante. O lado esquerdo da
equação resultante é automaticamente a derivada do produto do fator integrante por y:
13
dy
Exemplo: + 5y = 50
dx
Solução: A equação dada é uma equação diferencial linear de 1a ordem com P(x) = 5,
e5x + 5 y = 50 e5x
dy
dx
dy
e5x + e5x 5y = 50 e5x
dx
d 5x
dx
(e y ) = 50 e
5x
y = 10 + C e – 5x
dy
Exercício 11: Resolver: – 3y = 0
dx
dy
Exercício 12: Resolver – 3y = 6
dx
dy
Exercício 13: Resolver: x - 4y = x6 ex
dx
dy
Exercício 14: Resolva o problema de valor inicial: +y = x , y(0) = 4
dx
14
Atividades
dy dy dy
a) 3 + 12y = 4 b) x2 + 2x3y = ex c) = y + ex
dx dx dx
d) y’ + 3x2y = x2 e) x2 y’ + xy = 1 f) y’ = 2y + x2 + 5
dy dy
g) =x+y h) x dy = (x sen x – y) dx i) x + 4y = x3 – x
dx dx
dy
a) + 5y = 20, y(0) = 2 b) y’ = 2y + x ( e3x – e2x), y(0) = 2
dx
dy dy
c) y - x = 2y2, y(1) = 5 d) (x + 1) + y = ln x, y(1) = 10
dx dx
Definição: Uma equação diferencial de 2ª ordem é dita linear se pode ser escrita na forma:
d2y dy
a2(x) 2
+ a1(x) + a0(x) y = t(x) (I)
dx dx
d2y dy
2
+ f(x) +g(x) y = r(x) (II)
dx dx
A equação (II) é dita homogênea, quando r(x) = 0 para qualquer x. Caso contrário (II) é
dita linear não homogênea.
15
Vamos estudar as soluções de (II) no caso da forma particular:
d2y dy
2
+b +cy=0 (III)
dx dx
(λ2 + λb + c) = 0 (IV)
− b + b 2 − 4c − b − b 2 − 4c
λ1 = e λ2 =
2 2
Definição: Sejam y1(x) e y2(x), em um intervalo I, soluções de (III). Dizemos que y1(x) e y2(x), em
y1 ( x)
I, constituem um sistema fundamental de soluções em I, se e só se, ≠ constante em I,
y2 ( x )
y1 ( x)
ou seja, = s( x) .
y2 ( x )
Exemplo: Verifique que y1(x)= e x e y2(x)= e −2 x são soluções da equação diferencial y’’ +y’ – 2y = 0
y1 ( x) ex
No exemplo anterior, = − 2 x = e3 x que não é uma função constante. Portanto, y1 e y2
y2 ( x ) e
16
Exemplo: Verifique que y1(x)= e x e y2(x)= 3 e x são soluções da equação diferencial y’’ +y’ –2y = 0
y1 ( x) e x 1
No exemplo anterior, = = é uma função constante, para qualquer x ∈ IR . Logo,
y2 ( x) 3e x 3
d2y dy
2
+b +cy=0 (*)
dx dx
(λ2 + λb + c) = 0 (**)
as soluções de (*) são dadas de acordo com a tabela, onde c1 e c2 são constantes arbitrárias:
Caso Raízes Sistema fundamental Solução geral
de soluções
I Raízes reais e distintas ( ∆ > 0 ): eλ1 x , eλ 2 x y = c1 e λ x + c2 e λ x
1 2
− b + b 2 − 4c − b − b 2 − 4c
λ1 = e λ2 =
2 2
II Raízes conjugadas complexas ( ∆ < 0 ): e px cos qx , e px senqx y= e px ( A cos qx + Bsenqx)
λ1 = p + iq e λ1 = p − iq
III Raízes reais iguais ( ∆ = 0 ): eλx , xeλx y = (c1 + c2 x)eλx
−b
λ1 = λ2 = λ =
2