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8º Simposio de Ensino de Graduação

BREVE PANORAMA DA HISTÓRIA ECONÔMICA DO CHILE

Autor(es)

MARIANA MOCHIZUKI

Orientador(es)

ACÁCIA DE FÁTIMA VENTURA

1. Introdução

O presente artigo fez parte do critério de avaliação da disciplina Psicologia no Curso de Negócios Internacionais. Através de pesquisa
bibliográfica, pode-se verificar que nos últimos anos, o Chile tem apresentado um crescimento expressivo. Este país vive uma fase de
muita prosperidade econômica, graças a fatos históricos que foram determinantes para sua situação atual. O Chile, em sua época de
ditadura militar, liderado por Pinochet, trouxe vários estudiosos da área econômica para seu país. Economistas e estudantes de
Economia da Universidade de Chicago foram ao Chile implantar idéias neoliberais em sua estrutura. Diferente do Brasil, o Chile abriu
sua economia para as idéias internacionais há muitos anos atrás. Como conseqüência destas iniciativas, o Chile possui atualmente
vários acordos bilaterais com blocos econômicos espalhados pelo mundo e a participação direta no bloco econômico Nafta. Porém,
quais foram os reflexos desta política macroeconômica nos âmbitos da sociedade chilena?

2. Objetivos

O presente artigo teve como objetivo apresentar como foi implantado o modelo econômico adotado pelo Chile e seus reflexos nos
negócios internacionais, bem como apresentar suas conseqüências na sociedade chilena.

3. Desenvolvimento

Segundo Larrain e Vergara (2001, p.4), no inicio dos anos 70, a economia chilena era fundamentalmente fechada e monoexportadora,
sendo que a taxa média do imposto de importação era de 105%, variando entre 0% a 750% dependendo da classificação fiscal dos
produtos. As exportações dependiam basicamente do cobre. De acordo com os autores, o governo de Frei Montalva (1964-1970)
iniciou a expropriação e nacionalização de empresas, tendo continuidade no governo Allende (1970-1973) em que a maior parte das
atividades produtivas passaram para as mãos do Estado. Complementando esta política, durante o governo de Allende houve uma
expansão nunca vista dos gastos públicos, gerando o maior déficit da historia chilena. Durante este período a taxa da inflação chegou
a 700% ao ano.
Edwards (2001, p.28) destaca que após a tomada do poder pelos militares, em setembro de 1973, reduzir a taxa de inflação se tornou a
principal meta do governo. Visando este objetivo, o autor afirma que foram tomadas as seguintes medidas:
Uma reforma tributaria radical, dirigida a eliminar um desequilíbrio fiscal endêmico, suprimir as distorções mais importantes e evitar
as crises recorrentes da balança de pagamentos.
A abertura (unilateral) ao comercio internacional, através da eliminação das restrições quantitativas e a aplicação de uma taxa
uniforme de 10% sobre as importações.
Um programa importante de privatizações que incluiu a maioria das áreas da economia.
Uma profunda reforma financeira que desregulou o mercado interno de capitais e permitiu um acesso bastante irrestrito ao setor
bancário.
Uma reforma trabalhista dirigida a aumentar a flexibilidade do mercado de trabalho e reduzir o grau e a intensidade dos conflitos
trabalhistas.
A privatização do sistema de previdência social (EDWARDS, 2000, p.4).
De acordo com Hachette (2001, p.116), é possível dividir as privatizações no Chile em três etapas. A primeira iniciou-se em 1974,
ano em que 325 empresas nacionalizadas durante o governo Allende foram devolvidas aos seus antigos donos, sem custo algum. Entre
o período de 1975 a 1983, foram vendidas as empresas que possuíam altas dividas e as empresas prestadoras de serviços sociais.
Também neste período, o governo do ditador Pinochet devolveu aos seus antigos donos 28% das propriedades agrícolas expropriadas
e 58% vendidos a preços subsidiados em prol da reforma agrária. O restante foi entregue a Corporação Nacional Florestal (CONAF).
Durante a segunda onda (1984-1989), Hachette (2001, p.119) coloca que foram privatizadas as grandes empresas estatais, incluindo
serviços públicos, tais como: eletricidade, gás, água e telecomunicações, bem como empresas produtivas e do setor financeiro. Vale
destacar que neste período o governo implantou o capitalismo laboral, em que trabalhadores das empresas que estavam sendo
privatizadas poderiam comprar ações; e o capitalismo popular, em que pequenos acionistas também poderiam investir no mercado de
ações.
Segundo Hachette (2001, p.121), as privatizações também chegaram à área educacional e o governo passou a transferir fundos tanto
para as escolas publicas quanto para as privadas, a fim de que os pais pudessem optar qual tipo de escola seria melhor para seus filhos.
O autor comenta que na área da saúde o governo investiu na participação do setor privado na área de seguros médicos e prestações de
serviços, bem como na área de infra-estrutura, aumentando a participação do setor privado na urbanização, saneamento, habitação e
intermediação financeira. Porém, Hachette (2001,p.130) afirma que uma das privatizações mais significativa foi a do sistema de
pensões. Neste novo sistema de pensões, foram criadas várias Administradoras de Fundo de Pensão (AFP), que são empresas
particulares, com fins lucrativos e que competem entre si. Desta forma, cada empregado pode escolher qual AFP ele quer que
administre seu fundo de pensão, de acordo com as vantagens que cada uma delas oferece.
Apesar dos esforços do governo, no inicio de 1975 a variação do índice de preços ao consumidor chegava a 21%, sem contar que a
política fiscal adotada estava cada vez mais prejudicando a produção e o emprego. Com o objetivo de mudar este cenário, reduzindo a
inflação no prazo de um ano, segundo Edwards (2001, p.29), o governo tomou a decisão de aplicar o chamado “tratamento de shock”.
Neste plano, as metas do governo consistiam-se na redução dos gastos públicos, aumento da arrecadação de impostos e adotar uma
política monetária restritiva. Em complemento a este programa, foi realizada uma ampla reforma fiscal, substituindo os impostos em
cascata sobre as vendas pelo imposto sobre valor agregado (IVA), com o valor fixo de 20%. Esta reforma, juntamente com a extinção
de isenção de impostos e subsídios sobre alguns produtos e a redução do gasto publico fez com que o déficit do setor publico
financeiro se reduzisse de 5% em 1974 para 2% em 1975, chegando a um superávit em 1976 e mantendo-se até 1982. Como
conseqüências negativas, o PIB caiu 13,3% em 1975 e taxa de desemprego chegou a 20%. Porém, a economia teve uma rápida
recuperação e em 1979 o PIB atingiu o mesmo índice de 1974, bem como a taxa de desemprego, que caiu drasticamente.
Segundo Edwards (2001, p.34), a partir de 1976, o governo chileno passou adotou um sistema de indexação salarial baseado na taxa
de inflação do ano anterior, posteriormente, em 1979, adotou o regime de cambio fixo, com a taxa de 39 pesos por dólar. Desta forma,
a medida em que todas as medidas foram se consolidando, houve a entrada de um grande volume de capital, financiando o déficit das
contas correntes. Porém, em 1982, devido à crise bancária, o governo desvalorizou a moeda chilena, pondo fim ao regime de cambio
fixo. Somente em 1985, o governo voltou a colocar a redução da inflação como principal meta. Em 1989, o Chile adotou o regime de
cambio flutuante, juntamente com altas taxas de juros. Isto fez com que aquele país atraísse capital estrangeiro, porém, a medida em
que o Chile voltava a participar do mercado mundial se tornava cada vez mais difícil sustentar taxas de juros tão altas e exportar com
a moeda chilena supervalorizada.
Em 1970, Beyer (2001, p.651) coloca que a educação chilena era organizada da seguinte maneira: nível básico (oito anos); nível
médio (quatro anos), dividido em duas modalidades: cientifico-humanista e técnico profissional e, por último, o nível superior. Em
1974, o governo concluiu que haviam dois motivos para a evasão escolar: os alunos de regiões não urbanizadas deixavam a escola por
dificuldade de acesso e os alunos de classe social mais baixa abandonavam a escola devido aos altos índices de repetições. Sendo
assim, o governo adota como prioridade o ensino básico universal, tendo como finalidade que todos tenham oportunidades iguais,
bem como a visão de que a educacional é essencial para a tradição e integração nacional. Este novo sistema educacional se baseava na
distribuição de bolsas de estudo e subsídios, principalmente para os mais pobres. Este modelo teve o lado positivo porque diminuiu o
nível de repetências, porém houve aumento da evasão escolar. Já na década de 80, verificou-se a centralização do ensino no governo
federal estava prejudicando o acesso ao ensino. Sendo assim, foi decidido que todas as escolas passariam a ser municipalizadas. Desta
forma, o Chile passou a ter escolas municipais administradas por departamentos municipais, escolas municipais administradas pela
iniciativa privada, escolas privadas dependentes da Igreja Católica e outras instituições religiosas, escolas sem fins lucrativos e com
fins lucrativos.
De acordo com Beyer (2001, p.658), a reforma no ensino superior durante os anos 80 consistiu-se em descentralizar as universidades
públicas, aumentando a oferta privada e criando universidades regionais. Além disso, os pais poderiam decidir em qual instituição seu
filho iria estudar e o governo assim passava os recursos para as escolas particulares escolhidas. Em 1983, o governo suspendeu o
repasse às escolas particulares devido ao alto custo fiscal. Segundo o autor, o efeito positivo de tais reformas foi a criação de várias
instituições educacionais. Após a derrota de Pinochet e o fim do sistema ditatorial, os governos seguintes adaptaram a política
educacional, porém a reforma em si ainda está pendente.
Em 1988, devido a pressões externas, o governo chileno convocou um plebiscito para que fosse decidido se o país voltaria à
democracia. Venceu a maioria que votou contra a ditadura militar. Pinochet reconheceu o resultado e convocou as eleições para a
presidência em 1989. Começa então o período de transição para a democracia. Segundo Torche (2000), após Patrício Aylwin ser
eleito democraticamente, durante seu mandato (1990-1993) modificou normas tributarias a fim de redirecionar os gastos do governo
para melhor distribuição de renda.

4. Resultado e Discussão

Segundo Werneck, desde 1990, quando foi reinstaurada a democratização no Chile, este país vem crescendo a uma taxa média de
5,3% a.a. Por pior que tenha sido o período em Pinochet era ditador (1973 a 1990), o regime econômico adotado de privatização,
liberalização, reestruturação da previdência social, reforma tributária e reforma das leis trabalhistas foram de suma importância para
hoje o Chile atingir tais taxas de crescimento e desenvolvimento.

5. Considerações Finais

Podemos verificar que o Chile foi precursor na abertura econômica na America Latina, bem como descentralizar serviços antes
prestados somente por instituições governamentais, a fim de que resultassem em melhoria da qualidade destes serviços. Porém, não
basta somente acabar com a inflação e concluir reformas importantes para que o Estado funcione bem. Parcerias com instituições
privadas proporcionam um grande aumento da oferta de serviços prestados a sociedade, fazendo com que a concorrência aja na
melhoria da qualidade destes serviços. O grande desafio para o governo atual do Chile é concluir a reforma educacional e buscar
novas formas de desenvolver-se focadas na sociedade.

Referências Bibliográficas

LARRAIN, F. VERGARA, R. El Nuevo Modelo. In LARRAIN, Felipe. VERGARA, Rodrigo.(Edit.). La Transformación Economica
de Chile. Santiago: CEP, 2001.p.4-23.
EDWARDS, S. Veinticinco Años de Inflación y Estabilización en Chile (1973-1998). In LARRAIN, Felipe. VERGARA,
Rodrigo.(Edit.). La Transformación Economica de Chile. Santiago: CEP, 2001.p.28-54.
HACHETTE, D Privatizaciones:Reforma Estructural Pero Inconclusa. In LARRAIN, Felipe. VERGARA, Rodrigo.(Edit.). La
Transformación Economica de Chile.Santiago: CEP, 2001.p.115-140.
BEYER, H. Privatizaciones: Entre la Autonomía y la Intervención: Las Reformas de la Educación en Chile. In LARRAIN, Felipe.
VERGARA, Rodrigo.(Edit.). La Transformación Economica de Chile.Santiago: CEP, 2001.p.651-692.
WERNECK, R. Brasil e Chile – jogo de espelhos. O Estado de São Paulo. São Paulo, 20 abr. 2007.
GOBIERNO DE CHILE. Disponível em: http://www.gobiernodechile.cl/presidente/ Acesso em 19/06/2010 – 16h43.

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