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João Alfredo Azzi Pitta

Ações devidas ao vento


em edificações
Edição revisada em setembro de 2002
João Alfredo Azzi Pitta

Ações devidas ao vento


em edificações

EdUfSCar
São Carlos, 2013
© 2001 João Alfredo Azzi Pitta

Revisão e produção gráfica


RiMa Artes e Textos

Impressão e Acabamento
Departamento de Produção Gráfica da Universidade Federal de São Carlos

Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da Biblioteca Comunitária da UFSCar

Pitta, João Alfredo Azzi.


P681a Ações devidas ao vento em edificações / João Alfredo
Azzi Pitta - São Carlos : EdUFSCar, 2013
47p. - (Série Apontamentos).

ISBN - 978-85-85173-65-4

1. Pressão do vento. 2. Engenharia Civil (Estruturas). 3.


Edificações. 4. Ventos. 1. Título.

CDD - 624.175 (20ª)


CDU - 642.042.4

O professor João Alfredo Azzi Pitta é docente do Departamento de Engenharia Civil.

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônicos ou mecânicos, incluindo fotocópia e
gravação) ou arquivada em qualquer sistema de dados sem permissão escrita da editora.
,
SUMARIO

1. IN1RODUÇÃO ............................................................................................................... 5

2. VENTO NATURAL ......................................................................................................... 7


2.1 Principais Características do Vento Natural ................................................................. 8

3. VELOCIDADE DO VENTO .... ........... ......................................................................... 11

4. VELOCIDADE CARACTERÍSTICA DO VENTO ........................................................ 15


4 .1 Fator S1 ................................................. ............................ ........................ .................................................................................................... 15
4.2 FatorS2 ......................................................................................................................................................................................................... l6
4.3 FatorS3 ......................................................................................................................................................................................................... 21

5. FUNDAMENTOS TEÓRICOS BÁSICOS ..................................................................... 23


5.1 Teorema da Conservação da Massa ........................................................................... 23
5.2 Teorema de Bernoulli ................................................................................................ 24
5.3 Pressão Estática ........................................................................................................ 24
5.4 Pressão Total ................................... ......................................................................... 26
5.5 Pressão de Obstrução ......................................................... ...................................... 27

6. EFEITOS ESTÁTICOS DEVIDOS AO VENTO .......................................................... 29


6.1 Coeficientes de Pressão .................................................................. ........................... 29
6.2 Coeficientes de Forma ................................. ... .......................................................... 31
6.3 Coeficiente de Força ................................................................................................. 31
6.4 Coeficiente de Torção ................................ :.............................................................. 32
6.5 Coeficiente de Pressão Interna .................................................................................. 32
6.6 Normatização dos Coeficientes de Pressão e de Forma para Edificações ................... 34

7. EXEMPLO DE CÁLCULO ............................................................................................ 37


7.1 Dados Gerais ............................................................................................................ 3 7
7.2 Cálculo da Pressão Dinâmica .. .................................................................................. 37
7.3 Coeficientes de Pressão e de Forma Externos ............................................................ 38
7.4 Coeficientes de Pressão Interna ................................................................................. 41
7.5 Coeficientes de Forma e de Pressão Totais ................................................................ 44
7.6 Pressões Máximas nas Superfícies da Edificação.,,...................................................... 45

BIBLIOGRAFIA ........................ .............................. ................................................. ............ 4 7


Ações Devidas ao Vento em Edificações 5

1. INTRODUÇAO
-
Pouco tempo atrás, há cerca de trinta anos, a determinação das forças devidas ao vento em
edificações, indicada pelas Normas da maioria dos países do mundo, era bastante simples. Em
poucas páginas, fornecia ao calculista todas as informações para o cálculo dessas ações para
qualquer edificação; por exemplo, a Norma Brasileira o fazia em página e meia.
Desnecessário dizer que dessa simplicidade decorriam erros grosseiros na avaliação dessas
forças, diante da extensão territorial de nosso País e da infinidade de formas de estruturas. Isto
implicava a existência de vários tipos de avarias em estruturas, muitas delas causando sua ruína
parcial ou total.
A evolução da qualidade e da resistência de materiais tradicionais como o aço e o concreto
e o aparecimento de novos materiais de construção, principalmente os de vedação, de materiais
muito mais resistentes (plásticos e fibra de carbono) e de novos esquemas estruturais tornaram
muitas estruturas mais esbeltas e flexíveis. Assim, o número de acidentes devido ao vento
aumentou pela manifestação de alguns efeitos que não ocorriam nas edificações correntes graças
a seu peso próprio e rigidez maiores.
A manifestação de efeitos dinâmicos é a principal conseqüência do aumento da flexibilidade
das estruturas e do arrojo em algumas formas. Dentre estes, o exemplo mais famigerado é o
ocorrido com a ponte pênsil de Tacoma Narrows, Estados Unidos, que culminou com a ruína
completa de seu tabuleiro, fato documentado por um cineasta amador. No Brasil, em fato
documentado pelos canais de TV, recentemente ocorreram oscilações excessivas na ponte Rio-
Niterói devido à ação de fortes ventos, o que suscitou intervenção técnica para instalação de
amortecedores na estrutura.
Normas recentes permitem determinar as forças nos principais tipos de edificações de
maneira razoavelmente acurada. Porém, mesmo para alguns tipos comuns, essa determinação não
é fáci l e alguns erros elementares podem ser cometidos por incautos, em especial durante a
construção, erros estes que não são ponderados pelos projetistas e, principa~mente, pelos
engenheiros de obra.
Este trabalho tem a intenção de reunir conceitos básicos sobre o assunto, distribuídos por
várias bibliografias, de maneira a fornecer subsídios para que o leitor possa compreender melhor
a Norma Brasileira NBR 6123 e avaliar situações de risco com mais facilidade, prevenindo-se
e exigindo a execução de ensaios específicos em casos especiais, como a própria Norma
determina.
Não é demais recomendar que, mesmo em casos cobertos pela Norma, em estruturas de
grande porte - muito repetitivas ou padronizadas -, a realização de ensaios em túnel de ve nto
pode resultar em significativa economia, pois, como grafado nela própria, tais resultados podem
ser usados em substituição do recurso aos coeficientes constantes desta Norma. 1
Ações Devidas ao Vento em Edificações 7

2. VENTO NATURAL
Vento é o movimento das massas de ar causado por condições de pressão e de temperatura
na atmosfera. Sua causa básica é o aq uecime nto não uniforme da atmosfera, provocado
principalmente pelos raios ultravioleta emitidos pelo Sol que aquecem a superfície da Terra, que,
por sua vez, emite os raios infravermelho que aquecem a atmosfera. As diferenças entre as
superfícies, a evaporação da água, sua precip itação e a rotação da Terra, entre o utros, produzem
a movimentação de massas que originam os ventos.
O deslocamento de massas de ar frio sob m assas de ar quente, denominado frente fria,
provoca instabilidades associadas a chuvas intensas e ocorrência de fortes ventos, podendo atingir
velocidades da ordem de 100 km/ h. Mais estável é a frente quente: deslocamento de massas de
ar quente sobre massas de ar frio , que normalmente também são acompanhadas de chuva, porém
com ventos de velocidade bem menor.
A tempestade tropical está associada a uma grande nuvem convectiva que se desenvolve
atingindo grandes dimensões, podendo chegar a 12 km de altura. A entrada de ar frio na meia
porção inferior dessa nuvem provoca chuvas intensas e o desabamento do topo da nuvem,
associado a condições de pressão e temperatura, pode gerar ventos com a mesma intensidade dos
produzidos pela frente fria, ou seja, da ordem de 100 km/h.
Muitas vezes há interesse em estimar a velocidade do vento e para isto pode-se usar a tabela
de Beaufort, que a classifica de acordo com o efeito produzido.

Tabela. 2.1 Escala de Beaufort: velocidades do vento e seus efeitos. 2

Velocidade do vento
Descrição do
Grau Intervalo Média aprox. Efeitos devidos ao vento
vento
(em m/s) (em km/h)
o 0,0-0,5 1 calmaria
1 0,5-1,7 4 aura, sopro A fumaça sobe praticamente na vertical.
2 1,7-3,3 8 brisa leve Sente-se o vento nas faces.
3 3,3-5,2 15 brisa fraca Movem-se as folhas das árvores.
Movem-se pequenos ramos. O vento estende as
4 5,2-7,4 20 brisa moderada
bandeiras.
5 7,4-9,8 30 brisa viva Movem-se ramos maiores.
6 9,8-12,4 40 brisa forte Movem-se arbustos.
Flexionam-se galhos fortes. O vento é ouvido
7 12,4-15,2 50 ventania fraca
em edifícios.
ventarua Difícil carrunhar, galhos quebram-se, o tronco
8 15,2-18,2 60
moderada das árvores oscila.
Objetos leves são deslocados, partem-se arbustos
9 18,2-21,5 70 ventania
e galhos grossos, avarias em charrunés.
Árvores são arrancadas, quebram-se os postes
10 21 ,5-25,5 80 ventarua forte
telegráficos.
ventania
11 25,5-29,0 95 Avarias severas.
destrutiva
12 29,0 e mais 105 furacão Avarias desastrosas, calarrudades.
8 EdUFSCar -Apontamentos

2.1 Principais Características do Vento Natural


Certas regiões possuem ventos com características peculiares, originados principalmente
por acidentes geográficos, como desertos, pradarias e outros, dentre os quais se destacam o
minuano, o siroco, o mistral, entre outros. Os ventos predominantes em cada região, sua
velocidade média, direção é sentido, são de interesse para o planejamento de cidades, de bairros
industriais, de aeroportos, de empreendimentos agrícolas e agropecuários, bem como várias
outras atividades ligadas ao homem. São importantes para o planejamento de uma ventilação
eficiente em residências, aumentando o conforto térmico e a salubridade sem a necessidade de
uso de equipamentos.
O Brasil possui condições climáticas privilegiadas quando comparadas às da maioria dos
outros países do mundo; praticamente não há furacões e ciclones e as máximas velocidades do vento
podem ser consideradas de intensidade média quando comparadas às de países de clima frio.
A velocidade do vento numa mesma região depende da altura em relação ao terreno. e das
condições topográficas locais, que influem até a altura em que se atinge a velocidade gradiente,
em outras palavras, a altura da camada-limite da atmosfera. Essa altura está situada, em geral,
entre 250 e 600 metros.
Até essa altura, a velocidade do vento é alterada pela topografia do terreno, pelas dimensões
e forma dos obstáculos naturais e artificiais, ou seja, pela rugosidade superficial, e ainda pela
variação da temperatura com a altitude local. Quanto maior a rugosidade superficial, maior será
a altura gradiente.
Davenport3 sugere uma lei exponencial para determinar a velocidade média do vento (v)
em função da altura acima do nível do terreno (z) até a cota z, na qual se atinge a velocidade
• g
gradiente vg = I 60 km/h ( 100 mph).

V
g
=Vg [~)a
z
g

As constantes zt (altura gradiente) e a dependem da rugosidade do terreno e estão


indicadas na Figura 2.1 2 para três superfícies t1p1cas.
A engenharia estrutural não está interessada nos ven tos oriundos da circulação geral da
atmosfera e, sim, nos localizados, de alta velocidade, necessitando conhecer a velocidade média
do vento e as flutuações em torno da mesma.
Essas flutuações, denominadas rajadas, são de curta duração e apresentam uma velocidade
superior à média. Produzirão a maioria das solicitações nas estruturas, que serão analisadas por
uma ação estática equivalente, enquanto a velocidade média é responsável principalmente pelos
efei tos dinâmicos que, em algumas estruturas, podem ser as principais ações a serem
consideradas.
A duração da rajada deve ser suficiente para abranger todo o campo aerodinâmico no
entorno da construção. Quanto mais veloz a rajada, menor sua duração. Deve-se considerar
também a extensão da rajada, tanto na horizontal quanto na vertical. Rajadas mais rápidas do
que três segundos não são registradas pelos anemógrafos ou anemômetros atualmente em uso.
Assim, rajadas rápidas devem ser consideradas para determinar pressões locais ou em
pequenas construções (postes, painéis de propaganda, pórticos e arcos isolados), ou mesmo em
grandes construções cujo sistema estrutural permita que partes da mesma t rabalhem
isoladamente. Construções nas quais pelo menos uma das dimensões é grande serão afetadas
ape nas por rajadas de maior duração e conseqüentemente de menor velocidade média. A NBR
6123 emprega rajadas de 3 s, 5 s e 10 s.
Ações Devidas ao Vento em Edificações 9

z 9 = 520 m
ex= 0,40

160 z 9 = 400 m
500
ex= 0,28

400 145 160


z9 = 270 m
a.= O, 16

300 129 148


160

erreno com obstáculos grandes e irre- Terreno uniforme coberto com Terreno aberto e plano {campo
guiares (centro das grandes cidades, obstáculos de 1O a 15 m de altura aberto com poucas árvores, costas,
campos protegidos com muitos {subúrbios, cidades pequenas, praias, desertos).
quebra-ventos e árvores altas). matas e cerrados).
Figura 2 .1 Perfis da velocidade média do vento (km/h) de acordo com a rugosidade do terreno, segundo Davenport.

1\ duração da r ajada d eve ser suficiente p ara ab ran ger todo o campo aerodinâmico no
entorno da construção. Quanto mais veloz a rajada, menor seu tempo de atuação e menor seu
turbilh ão correspo ndente.
Um dos critérios para determinar a duração mínima da rajada baseia-se na dimensão dos
turbilhões, cujo formato se assemelha ao de uma cápsula. Um turbilhão de comprimento C possui
diâmetro da seção transversal da o rdem de um terço a metade de seu comprimento. Como a
correlação de velocidade em sua periferia é fraca, é necessário que aquela dimensão seja da ordem
de três vezes a altura (H) ou largura da edificação para que o turbilhão seja efetivo (Figura 2.2) .4
Assim , tem-se:

3H=-a-
e e
3 2
Logo,

C =6a 9 (H)
1O EdUFSCar - Apontamentos

/
/
I
e e

I
l V
a 1
3 2 1
\
\
'

Figura. 2.2 Dimensões de um turbilhão em relação a uma edificação.

Como a velocidade de deslocamento do turbilhão (v) é igual à velocidade média do vento,


levará um tempo t para este passar pela edificação, igual a:

Para H = 20 me v = 40 m/s, tem-se t = 3 a 4 s.


Para H = 100 m e v = 50 mls, tem-se t = 15 a 20 s.
Ao projetista estrutural interessa que a meteorologia responda a questões como: qual o
gradiente de velocidade do vento com a altura, qual a influência da rugosidade do terreno, qual
a velocidade máxima provável que pode ser atingida em um determinado período de t empo,
quais as micropulsações da velocidade do vento em períodos comparáveis com o da freqüência
natural da estrutura, qual a duração e a intensidade d e ventos com velocidade praticamente
constante etc.
A aerodinâmica deve responder a questões como: qual a influência da forma das edificações
na determinação das pressões locais e totais sobre as mesmas e quais as interações com
construções vizinhas ou obstáculos, tanto no que diz respeito à ação estática do vento quanto
à ação dinâmica do mesmo. Ressalte-se que a determinação da direção crítica do vento para cada
elemento de uma edificação é de competência da engenharia estrutural, que necessita conhecer
as pressões nas superfícies da edificação para qualquer direção e sentido do vento .
Fica, portanto, evidente que as Normas não têm condições de cobrir todas essas questões
para todos os tipos de edificações. Assim, o engenheiro estrutural deverá recorrer a bibliografia
especializada, a ensaios específicos e, principalmente, ao bom senso. A NBR 6123 diz
textualmente: Estudos especiais devem ser feitos para estruturas onde efeitos dinâmicos podem ocorrer
(torres esbeltas).
Ações Devidas ao Vento em Edificações 11

3. VELOCIDADE DO VENTO
Qual a máxima velocidade do vento que poderá atuar em uma edificação, a ser construída
em um determinado local, durante sua vida útil?
Para responder a essa questão são necessárias medidas da velocidade do vento nessa região
durante um grande espaço de tempo, para então, com o auxílio de projeções estatísticas, ser
determinado, com um certo grau de confiabilidade, o valor dessa velocidade.
Essas medições são feitas por meio dos anemômetros e anemógrafos, dos quais o mais
difundido é o anemômetro de copos.
Para ser possível o tratamento de dados de diferentes postos de leitura, executados por
diferentes órgãos, é necessário que se estabeleça uma base para as condições de leitura, pois, como
visto, a velocidade varia com a altura e as condições locais de terreno.
As condições estabelecidas para as leituras, em aparelhos padronizados, são as seguintes:
• localização dos aparelhos em terrenos planos, a 1O m de altura;
• inexistência de obstáculos que possam alterar o fluxo de ar no local da medida;
• leitura da velocidade média sobre três segundos (velocidade instantânea).
Normalmente, essas condições são encontradas nos aeroportos que, para sua operação,
necessitam de informações sobre intensidade, direção e sentido do vento, sendo por isso locais
onde se encontram a maioria das estações meteorológicas.
Com essas informações, por meio de tratamento estatístico adequado, considerando-se que
a maioria das edificações tem vida útil de 50 anos e definindo-se um grau de confiabilidade, é
possível determinar a velocidade básica do vento, ~: velocidade de uma rajada de três segundos,
que pode ser excedida (com uma probabilidade de 63%) uma vez a cada 50 anos, a 10 metros
acima do terreno, em campo aberto e plano, e gerar um gráfico com curvas de igual velocidade
do vento (isopletas) para todo o País.
É interessante que tal gráfico seja atualizado continuamente com o aumento· dos dados de
estações meteorológicas, inclusive com informações de países vizinhos, pois os ventos não têm
fronteiras.
A grande área hachurada no mapa deve-se mais à falta de dados confiáveis e ao pequeno
tempo relativo de aquisição de dados em muitas estações de área tão grande, bem como ao
entendimento de que a menor velocidade básica a ser utilizada, a favor da segurança, deveria
ser de 30 m/s.
Para facilitar leituras, fornece-se o gráfico das isopletas para o Estado de São Paulo.
12 EdUFSCar - Apontamentos

70° 65° 35 55º


50°

35

35°

Figura 3 .1 Grdfico das isopletas da velocidade bdsica do vento, em m/s.


Ações Devidas ao Vento em Edificações 13

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Figura 3.2 Gráfico das isopletas da velocidade básica do vento, em m/s, para o Estado de São Paulo.
Ações Devidas ao Vento em Edificações 15

4. VELOCIDADE CARACTERÍSTICA DO VENTO


Dificilmente se terá uma edificação que permita aplicar diretamente a velocidade bás ica do
vento. É necessário determinar sua velocidade característica, aquela que atuará na edificação que
se quer analisar, a qual se encontra em região com determinada topografia local e rugosidade
do terreno , altura e dimensões em planta particulares, condições específicas de vida útil ,
importância da edificação e conseqüências que sua ruína possa ocasionar ao meio ambiente.
A velocidade característica, de acordo com a NBR 6123, é determinada pela expressão:

em que:
V0 • velocidade básica do vento no local;
5 1
• fator topográfico;
S 2 => pondera a rugosidade do terreno, as dimensões da edificação e a altura sobre o terreno;
s3 => fator estatístico.
4.1 Fator s,
É o fator topográfico S 1 que co nsidera as variações de relevo do terreno no entorno da
edificação, ponderando se poderá haver acelerações ou diminuição da velocidade do vento. São
três as situações a serem consideradas:
a) Terreno plano ou fracamente acidentado • S 1 = 1,0
b) Vales profundos, protegidos de vemos de qualquer direção • 5 1 = 0,9
c) Taludes e morros alongados, onde pode ser admitido um fluxo de ar bidimensional soprando
no sentido indicado na Figura 4.1. O valor de 5 1 será função da declividade, conforme a
posição relativa da edificação: ·
Nos pontos A e C (taludes) e ponto A (morros) • 5 1 = 1,0
No ponto B (S 1 é uma função de 5/z), em que zé a altura da edificação) :
e= 3º: s1 = 1,0
6° ~ e~ 17°:

51 =1,0+(2,5-;) tg(0-3)~1,0

interpolar linearmente para 3° < 0 < 6° e 17° < 0 < 45°.


sendo:
z => altura média a partir da superfície do t erreno no ponto considerado;
d • diferença de nível entre a base e o topo do talude ou morro;
0 • inclinação m édia do talude ou encosta do morro.
Para obter a ordem de grandeza, seguem-se alguns valores p ara certas relações:
para z ~ 2,5d • S 1 = 1,0
para z = d e 0 = 6° • 51 1,08
e 0 = 17° • 5 1 = 1,37
e 0 = 45° • 5 1 = 1,47
16 EdUFSCar -Apontamentos

z z
s,(z)S2

s, = 1
d 4d

a) TALUDE
s, = 1

s, = 1 b) MORRO

Figura 4.1 Fator topogrdfico em taludes e morros.

Vê-se que a aceleração do fluxo de ar pode ser significativa, ou seja, a velocidade


característica pode aumentar sensivelmente mesmo para inclinações não muito acentuadas de
taludes.
Medidas anemométricas no próprio local podem orientar a adoção desse coeficiente com
maior segurança ou, em casos de complexidade do relevo, é recomendado o ensaio de modelos
topográficos em túnel de vento.

4.2 Fator 5 2
O fator S2 considera o efeito combinado da rugosidade do terreno, da variação da
velocidade do vento com a altura acima do terreno e das dimensões da edificação ou de parte
dela.
A NBR 6123 classifica a rugosidade do terreno em cinco categorias:

Categoria I - Superfícies lisas de grandes dimensões, com mais de 5 km de extensão, medidas


na direção e sentido do vento incidente (mar calmo, lagos e rios, pântanos sem
vegetação).
Categoria II - Terreno aberro, em nível, com poucos obstáculos isolados, tais como árvores e
edificações baixas (zonas costeiras planas, pradarias, campos de aviação, fazendas
sem sebes ou muros), sendo que a cota média do topo dos obstáculos é menor ou
igual a 1,0 m.
Ações Devidas ao Vento em Edificações 17

Figura 4.2 Rugosidade II - cota média do topo dos obstáculos é menor ou igual a 1 m. 5

Categoria III - Terreno plano ou ondulado com obstruções, tais como sebes e muros, poucos
quebra-ventos de árvo res, edificações baixas e esparsas (granjas e casas de
campo, com exceção das partes com mata, subúrbios a considerável distância
do centro). A cota média do topo dos obstáculos é considerada igual a 3 m.
Categoria IV - Terrenos cobertos por obstáculos numerosos e pouco espaçados, em zona
florestal, industrial ou urbanizada (zonas de parques e bosques com muitas
árvores, cidades pequenas e seus arredores, subúrbios densamente construídos
de grandes cid ades e áreas industriais plena ou parcialmente desenvolvidas).
Categoria V - Terrenos cobertos por obstáculos numerosos, grandes, altos e pouco espaçados
(florestas com árvores altas de copas isoladas, centros de grandes cidades e
complexos industriais bem desenvolvidos), com cota m édia do topo dos
obstáculos igual ou superior a 25 m.
Quando se tem uma mudança na rugosidade d o terreno, brusca ou não, até que se
estab eleça o perfil correspo ndent e à nova rugosidade, é necessário que o ve nto percorra uma
determinada distância. Essa alteração começa próximo ao solo e vai se estendendo por alturas
cada vez maiores até que ocorra a transição completa.
É evidente que a passagem do perfil de velocidades de uma categoria para sua vizinha
(categoria II para categoria III, por exemplo) ocorre em uma distância meno r do que para
categorias m a is distantes (categoria II para categoria IV, por exemplo). Para uma edificação com
50 m de altura, é necessário que a m esma esteja a distâncias da ordem do quilômetro para que
se encontre totalmente envolvida pelo novo perfil de velocidades.
18 EdUFSCar - Apontamentos

Figura 4.3 Rugosidade III - cota média do topo dos obstáculos é igual a 3 m. 5

Figura 4. 4 Rugosidade N - cota média do topo dos obstáculos é igual a 1O m. 5


Ações Devidas ao Vento em Edificações 19

Figura 4.5 Rugosidade V - cota média do topo dos obstáculos é igual ou superior a 25 m. 5

As equações que permitem determinar o perfil de velocidade intermediário que ag1ra em


edificações que se encontram n a zona de transição podem ser vistas no item 5.5 da NBR 6123
e são de fácil aplicação. É evidente que, quando se tem uma transição de uma região de maior
rugosidade para outra de menor rugosidade, a adoção do perfil de velocidades da zona de menor
rugosidade é a favor da segurança.
Como visto, as dimensões da edificação estão intimamente associadas ao intervalo de tempo
de duração da rajada: quanto maior o intervalo de tempo usado no cálculo da velocidade m édia,
maior a distância abrangida pela rajada; por outro lado, quanto menor esse intervalo, maior a
velocidade média da rajada.
O in tervalo de 3 s corresponde a rajadas cujas dimensões envolvem convenientemente
obstáculos de até 20 m na direção do vento médio. A análise de uma edificação deve ser feita
separadamente para os elementos de vedação (telhas, vidros, esquadrias, painéis de vedação e
outros), para partes da estrutura (telhados, paredes · etc.) e para a estrutura como um todo.
Quando se analisam partes da edificação é necessário considerar as características estruturais
no sentido de verificar se há ou não continuidade entre os elementos de vedação, bem como entre
os elementos estruturais secundários e principais. Uma junta de dilatação normalmente separa
a estrutura em duas partes independentes. Estruturas cujo esqueleto é constituído por
estruturas planas, que não possuam elementos capazes de redistribuir os esforços transversais
pelas mesmas, devem ser analisadas como se a dimensão transversal -dessa edificação fosse igual
ao afastamento entre dois elementos estruturais consecutivos.
Como visto, a NBR 6123 adota três intervalos de tempo para o cálculo da velocidade média
da rajada: três, cinco e dez segundos, correspondendo, respectivamente, às classes A, B e C.
Classe A - Todas as unidades de vedação, seus elementos de fixação e peças individuais de
estruturas sem vedação. Toda edificação na qual a maior dimensão horizontal ou
vertical não exceda 20 metros.
Classe B - Toda edificação ou parte de edificação para a qual a maior dimensão horizontal ou
vertical da superfície frontal esteja entre 20 e 50 metros.
C lasse C - Toda edificação ou parte de edificação para a qual a maior dimensão horizontal ou
vertical da superfície frontal exceda 50 metros.
20 EdUFSCar -Apontamentos

A altura sobre o terreno de uma edificação também apresenta certas particularidades que
podem ou devem ser observadas. Para a análise da estrutura, sua altura pode ser subdividida,
usando-se o fator S2 para a determinação da velocidade característica que atua em cada parte.
Esse fator corresponde ao topo dessa parte para telhados e construções correntes. No caso de
edifícios altos, pode ser adotada a cota média da parte considerada.
Para o estudo dos elementos de vedação é recomendado usar o fator S 2 correspondente ao
topo da edificação. Esta recomendação baseia-se no fato de que na fachada de barlavento e nas
laterais o vento é defletido para baixo, com um conseqüente aumento da pressão dinâmica na
parte inferior da edificação. O fator S 2 é obtido por intermédio da expressão

em que:
z • altura acima do nível geral do terreno, limitado à altura gradiente;
F, • fator de rajada, correspondente à categoria II, classe A;
b• parâmetro meteorológico;
p• função da rugosidade do terreno e do intervalo de tempo.
Os parâmetros empregados para determinação de S2 que aparecem no corpo da Norma são
apresentados na Tabela 4.2.

Tabela 4.2 Parâmetros para definir o fator S 2 •

Classes
Categoria Zg (m) Parâm.
A B e
b 1,10 1,11 1,12
I 250
p 0,06 0,065 0,07
b 1,00 1,00 1,00

II 300 F, 1,00 0,98 0,95


p 0,085 0,09 0,10

b 0,94 0,94 0,93


III 350
p 0,10 0,105 0,115
b 0,86 0,85 0,84
IV 420
p 0,12 0,125 0,135

b 0,74 0,73 0,7 1


V 500
p 0,15 0 ,16 0 ,175

A NBR 6123 apresenta, em seu Anexo A, valores desses parâmetros para vários intervalos
de tempo, entre 3 s e 3.600 s, para as cinco categorias de rugosidade de terreno. Isso permite
determinar S 2 para a obtenção da velocidade média do vento incidente em edifícios cuja
dimensão horizontal ou vertical da superfície frontal exceda 50 m , sendo que somente haverá
diferenças significativas quando uma d essas dimensões for maior ou igual a 80 m. 6
Ações Devidas ao Vento em Edificações 21

Na Tabela 4 .3 são apresentados os valores do coeficiente 5 2 •

Tabela 4.3 Valores do fator 52 •


Categoria
z
(m) I II III IV V
A 1 B 1
e A
1

B e A B e A 1 B 1
e A 1
B jc
~5 1,06 1,04 1,0 1 0,94 0,92 0,89 0 ,88 0,86 0,82 0,79 0,76 0,73 0,74 0,72 0,67
10 1,10 1,09 1,06 1,00 0,98 0,95 0,94 0,92 0,88 0,86 0,83 0,80 0,74 0,72 0,67
15 1,13 1,12 1,09 1,04 1,02 0,99 0 ,98 0,96 0,93 0,90 0,88 0,84 0,79 0,76 0,72
20 1,15 1,14 1, 12 1,06 1,04 1,02 1,0 1 0,99 0,96 0,93 0,91 0 ,88 0 ,82 0,80 0,76
30 1, 17 1,17 1, 15 1,10 1,08 1,06 1,05 1,03 1,00 0,98 0,96 0 ,93 0,87 0,85 0,82
40 1,20 1,19 1,17 1,13 1,11 1,09 1,08 1,06 1,04 1,0 l 0,99 0 ,96 0 ,91 0,89 0,86
50 1,21 1,2 1 1, 19 1,15 1,13 1,12 1,10 1,09 1,06 1,04 1,02 0,99 0,94 0,93 0,89
60 1,22 1,22 1,21 1,6 1,15 1,14 1,12 l , 11 1,09 1,07 1,04 1,02 0,97 0,95 0,92
80 1,25 1,24 1,23 1,9 1,8 1,17 1,16 1,14 1,12 1,10 1,08 1,06 1,01 1,00 0,97
100 l ,26 1,26 1,25 1,22 1,2 1 1,20 1,18 1,17 1,15 1,13 1,11 1,09 1,05 1,03 1,01
120 1,28 1,28 1,27 1,24 1,23 1,22 1,20 1,20 1,18 1,16 1,14 1,12 1,07 1,06 1,04
140 1,29 1,29 1,28 1,25 1,24 1,24 1,22 1,22 1,20 1,18 1,16 1,14 1,10 1,09 1,07
160 1,30 1,30 1,29 1,27 1,26 1,25 1,24 1,23 1,22 1,20 1,18 1,16 1,12 1,11 1,10
180 1,31 1,31 1,3 1 1,28 1,27 1,27 1,26 1,25 1,23 1,22 1,20 1,18 1,14 1,14 1,12
200 1,32 1,32 1,32 1,29 1,28 1,28 1,27 1,26 1,25 1,23 1,21 1,20 1,16 1,16 1,14
250 1,34 1,34 1,33 1,31 1,31 1,31 1,30 1,29 1,28 1,27 1,25 1,23 1,20 l,20 1,18
300 - - - 1,34 1,33 1,33 1,32 1,32 1,3 l 1,29 1,27 1,26 1,23 1,23 1,22
350 - - - - - - 1,34 1,34 1,33 1,32 1,30 1,29 1,26 1,26 1,26
400 - - - - - - - - - 1,34 1,32 1,32 1,29 1,29 1,29
420 - - - - - - - - - 1,35 1,35 1,33 1,30 1,30 1,30
450 - - - - - - - - - - - - 1,32 1,32 1,32
500 - - - - - - - - - - - - 1,34 1,34 1,34

Note-se que, para rugosidade II , classe A e altura sobre o terreno igual a 10 m, tem-se
5 2 = 1,0, pois estas são as condições para a apropriação de dados na determinação da velocidade
básica do vento.

4.3 Fator S3
O fator estatístico 5 3 considera o grau de segurança requ erido e a vida útil da estrutura.
Para edificações correntes, o nível d e probabilidade de 63% e a vida útil de 50 anos adorados
são considerados adequados (significa que a velocidade básica do vento pode ser igualada ou
excedida uma vez nesse período). Para outras situações, classifica-se a edificação e suas partes
em um dos cinco grupos mostrados na Tabela 4.4, que são os apresentados pela Norma
Brasileira. 1
22 EdUFSCar - Apontamentos

Tabela 4.4 Valores mínimos do fator S3 .

Grupo Descrição S3
Edificações cuja ruína total ou parcial pode afetar a segurança ou possibilidade de socorro
1 a pessoas após uma tempestade destrutiva (hospitais, quartéis de bombeiro e de forças de 1,10
se!!llrança, centrais de comunicacão etc.).

2
Edificações para hotéis e residências. Edificações para o comércio e indústria com alto
1,00
índice de ocupação.

3 Edificações e instalações industriais com baixo índice de ocupação (depósitos, silos,


0,95
construcões rurais etc.).
4 Vedações (telhas, vidros, oainéis de vedação etc.). 0,88
5 Edificacões temoorárias. Estruturas dos grupos l a 3 durante construção. 0,83

Para outros níveis de probabilidade e para outros períodos de recorrência, a determinação


pode ser feita por intermédio da seguinte fórmula:

ln(l-mPm)l-0,157
S3 = 0,54
[

em que:
m • período de recorrência;
Pm • nível de probabilidade.
Na Tabela 4.5, apresentam-se os valores de S3 para alguns valores típicos dessas variáveis.
Essa tabela é semelhante à apresentada no Anexo B da NBR 6123.

Tabela 4.5 Valores mínimos do fator S3 .

Índice de probabilidade P m
m (anos)
0,10 0,20 0,50 0,63 0,75 0,90
2 0,86 0,76 0,64 0 ,60 0,57 0,53
10 1,10 0 ,98 0,82 0 ,78 0 ,74 0 ,68
25 1,27 1,13 0 ,95 0 ,90 0,85 0,79
50 1,42 1,26 1,06 1,00 0 ,95 0,88
100 1,58 1,41 1,18 1, 11 1,06 0 ,98
200 1,77 1,57 1,31 1,24 1,18 1,09
Ações Devidas ao Vento em Edificações 23

5. FUNDAMENTOS TEÓRICOS BÁSICOS


Para bom entendimento dos efeitos do vento em edificações é necessária uma fundamentação
teórica básica, que aqui será abordada de maneira sucinta. Um leitor mais exigen te encontrará
mais detalhes em qualquer bom livro sobre mecânica dos fluidos e sobre aerodinâmica.
Do ponto de vista do fluxo de ar no entorno de uma edificação, o vento pode ser considerado
um fluido incompressível até velocidades da ordem de 300 km/h, o que ab range todos os casos
de análise de sua ação em edificações, sob a ótica da engenharia estrutural.
Em um fluido ideal, a ação sobre as diversas superfícies de um objeto nele mergulhado se
dá por intermédio de forças perpendiculares a cada superfície. Se estiverem sob as mesmas
condições manométricas, apresentarão a mesma pressão normal nas faces do objeto, com
orientação relativa a cada face. Assim sendo, a pressão em um ponto é representada por um
escalar, enquanto a velocidade do fluido é representada por um vetor.

5.1 Teorema da Conservação da Massa


Um fluido em movimento deve satisfazer a equação da co ntinuidade: em um determinado
intervalo de tempo, a massa de fluido que entra em um certo volume é igual à massa que sai
mais a variação de massa contida no elemento. Quando, em cada ponto de um certo espaço, as
características do fluido não dependerem do tempo, o fluxo é dito permanente, ou seja, é um
fluxo no qual todas as partículas do fluido têm velocidades iguais em um dado ponto e descrevem
a mesma trajetória, conhecida como linha de fluxo .
Considere o tubo de corrente ilustrado na Figura 5.1 e
A • área de uma superfície plana;
v • velocidade média do fluido;
p • massa específica do fluido.

Figura 5.1 Contorno de um tubo de corrente de um fluido. 2


24 EdUFSCar - Apontamentos

Em regime permanente, considerando-se o volume limitado pelo tubo de corrente e pelas


seções S1 e S2 , em um intervalo de tempo dt, tem-se:
massa de fluido que entra:

massa de fluido que sai:

em regime:
(5.1)

Se o fluido for incompressível • p 1 = p2 = p, e assim fica-se com:


A 1 v1 = A2 v2 (5.2)
Dessa expressão deduz-se que, se a velocidade do fluido aumenta, as linhas de fluxo se
aproximam; mutatis mutantis, se a velocidade diminui, as linhas se afastam.

5.2 Teorema de Bernoulli


Também é conhecido como teorema de conservação da energia. Para um fluido em regime
de escoamento permanente, sem viscosidade, irrotacional e incompressível, o t eorema de
Bernoulli traduz-se pela seguinte expressão:

1 2
p + p g z +- p v = constante (5.3)
2

em que:
p • pressão estática;
p • massa específica do fluido;
g• aceleração da gravidade;
z• cota de referência;
v • velocidade do fluido.

Para a aplicação em vista, o termo p.g.z é desprezível em relação aos demais, e assim fica-
se com:

1 2
p +- pv = constante (5.4)
2

ou sep:
pressão estática + pressão dinâmica = pressão total = constante

5.3 Pressão Estática


Para um fluido em repouso, a pressão estática é definida como sendo a força normal
aplicada a uma área elementar, ou seja:

i· dFn
p= izm-
dA • O d4.
em que dF. é a força normal exercida n a área eleme ntar dA.
Ações Devidas ao Vento em Edificações 25

A medida da pressão estática em um fluxo é problemática pois um aparelho mergulhado


no fluido produz alteração no escoamento. Quando se conhece a direção do fluxo, o que
acontece em túneis de vento, pode-se empregar cubos estáticos, dentre os quais se destaca o tubo
de Prandcl (Figura 5.2).

o
SeçãoA-8
Manômetro
o
SeçãoC-0
a líquido

Figura 5.2 Aparelho para medida da pressão estática. 2

A m edida da pressão estática quando o fluido está em repouso é feita com facilidade por
intermédio d e manômetros metálicos ou a líquido, de transdutores elétricos de pressão e outros.
Quando está em movimento, tais medições são muito mais difíceis e a técnica é outra. Esta não
será aqui tratada devido à complexidade do problema; apenas será ilustrado o caso de um
modelo para ensaios.
Nesses ensaios, a tomada de pressão é feita através de um orifício em sua superfície, com
diâmetro entre 0,3 mm e 1,0 mm, admitindo um arredondamento ou biselamento moderado em
suas bordas, porém sem saliências ou rebarbas. 7
A esses orifícios são conectados tubos plásticos que, por sua vez, irão se conectar, mais
comumente, a um manômetro múltiplo a líquido.
É evidente que, em regiões onde há grande variação na pressão, será necessário um maior
número de orifícios para que se possa determinar os valores da pressão em cada ponto. Em regiões
onde a pressão varia pouco, tais orifícios podem ser mais espaçados.
Mesmo para modelos relativamente simples, · é comum chegar-se à casa da centena de
pontos de m edida de pressão para que seja possível obter, com boa precisão, o perfil das pressões
na superfície desses modelos.
26 EdUFSCar -Apontamentos

Figura 5.3 Modelo de edifício inserido na topografia local montado em um túnel de vento. À direita, pontos de tomada
de pressão conectados a tubos pldsticos e o modelo montado em uma base para ser posicionado no túnel de vento.

5.4 Pressão Total


A medida da pressão total pode ser feita aplicando-se o conceito de ponto de estagnação.
Quando se tem um objeto mergulhado em um fluido em movimento, algumas linhas de fluxo
podem incidir perpendicularmente à sua superfície. Com isso, o fluido estagna, ou seja, a
velocidade do fluido nesse ponto é nula, e por isto são chamados de pontos de estagnação, o nde
a pressão dinâmica é igual a zero, restando apenas a pressão estática.
Como anteriormente, conhecendo-se a direção do fluxo em um objeto de forma adequada,
conhece-se perfeitamente seu ponto de estagnação. Sejam P0 e v 0 , respectivamente, a p ressão e
a velocidade em um ponto do fluxo a barlavento desse objeto, não afetado pelo mesmo, e seja
P, e v,, respectivamente, a pressão e a velocidade em um ponto e do objeto. Aplicando-se a
equação de Bernoulli tem-se:

1 2 1 2
P0 +-p v0 = P, +-p v,
2 2
Se esse for um ponto de estagnação, tem-se v, = O, e assim fica-se com:

l 2
Po +-p vo =P, (5.6)
2

Assim, a leitura da pressão estática nos dá a pressão total em um ponto não afetado pelo
obstáculo. Henri Pitot, em 1732, utilizou um pequeno tubo de vidro com uma curva em ângulo
reto e a frente voltada para barlavento, fornecendo assim as bases para a medida da pressão total.
Há vários modelos de aparelhos baseados nesse princípio, conhecidos como tubo de Pitot
(Figura 5.4).
Ações Devidas ao Vento em Edificações 27

o
Seção A-8
Manômetro
o
Seção C-D
a líquido

Figura 5.4 Aparelho para medida da pressão total - tubo de Pitot. 2

5.5 Pressão de Obstrução


Da Equação 5.6 anterior, a diferença entre as pressões estáticas é conhecida como pressão
de obstrução (q), que é a pressão efetiva em um ponto de estagnação do fluido, evidenciado pela
equação:

(5.7)
Vê-se que a pressão de obstrução é numericamente igual à pressão dinâmica do fluxo em
local não perturbado pelo obstáculo. Essa pressão pode ser medida diretamente por intermédio
da sonda de Pitot-Prandt!.
Em condições normais de pressão (1 atm) e temperatura (t = 15 ºC), a massa específica do
ar é igual a 1,2253 g/m 3 •

1 2 1 2 2
q =- p V =-0,1225 V = 0,613 V
2 2

q = 0,613 v 2 (5.8)

para vem m/s e q em N/m 2 •


Ações Devidas ao Vento em Edificações 29

6. EFEITOS ESTÁTICOS DEVIDOS AO VENTO


Toda ação devida ao ven t o é dinâmica, pois sua velocidade varia com o tempo, podendo-
se dividi-la, por razões práticas, em uma componente constante e uma de flutuação. Quando
o período médio de separação da componente de flutuação é maior ou igual a cem vezes o
período de vibração da estrutura, pode-se considerar o efeito do vento como sendo estático. 8 Esta
condição se verifica para a maioria dos casos de análise de edificações.

6.1 Coeficientes de Pressão


Um objeto mergulhado em um fluido em movimento uniforme desvia as linhas de fluxo.
Algumas delas incidem perpendicularmente a sua superfície e estagnam. Nesses pontos, a pressão
efetiva é a já conhecida pressão de obstrução. Para um ponto p genérico da superfície desse
objeto tem-se (Figura 6 .1 ).

Figura 6.1 Linhas de fluxo no entorno de um objeto. 2

1 2 1 2
P0 + - p v0 = PP + - p v P
2 2
A pressão efetiva no ponto p será dada por:

Substituindo a Equação 5. 7:

fazendo

(6 . 1)
30 EdUFSCar -Apontammtos

fica-se com:

(6.2)

Da análise da Equação 6.1 pode-se concluir:


para vp = O • c = + 1,0
p
(máximo valor positivo para c\
pi
para vp = v0 • cp = 0,0.

Logo, para O < v, < v 0 , a pressão efetiva no ponto p é maior que ao longe, isto é, a uma
dist ância tal que as linhas de fluxo não sejam perturbadas pela presença do objeto. Neste caso,
cp> O • sobrepressão;
para v, > v0 , c, < O • depressão ou sucção.
Diferentemente das sobrepressões, que podem ser no max1mo igual à pressão de obstrução,
as sucções podem ser muito elevadas, chegando a atingir, em certas regiões de uma edificação,
valores seis a oito vezes maiores que os da pressão de obstrução.
Se o objeto não for maciço e não for totalmente fechado, à semelhança de uma edificação,
qualquer que seja a posição da abertura, em todas as superfícies elementares que compõem esse
objeto ocorrerão pressões tanto do lado externo como do lado interno (Figura 6.2).

Cor o

Figura 6.2 Linhas de fluxo no entorno de um objeto não maciço com abertura.

Para o ponto genérico e na face externa desse objeto:

i1P,
cpe = - -
q

Para o ponto i correspondente na face interna:

'1P
c pt-=--,
q

A força atuante total depende da diferença de pressão 1'1P = 1'1P, - 1'1P1 , em que o sinal de
subtração se deve ao fato de que uma sobrepressáo externa tem mesma direção e sentido de uma
sucção interna. A equação anterior pode ser escrita da seguinte forma:

(6.3)
Ações Devidas ao Vento em Edificações 3 1

6.2 Coeficientes de Forma


De ma neira semelh an te aos coeficient es de pressão, definem-se os coeficientes de forma
externo e interno, os quais são definidos apenas para superfícies planas.
Seja F, a força resultante das pressões externas sobre uma superfície de área A. O coeficiente
de forma externo é defi nido por:

e = F,
, qA

A partir da Equação 6.3, tem-se:

F= fsL1P·ds

ou se,a:

f
e = ½,(ept - epi) . ds

O coeficient e de forma aplica-se apenas a superfícies planas.

6.3 Coeficiente de Força


A força global do vento sobre uma edificação ou parte dela é obtida pela soma vetorial das
forças devidas ao vento que atuam em todas as suas partes. O coeficiente de força global é obtido
dividindo-se essa força pela respectiva pressão dinâmica e por uma área "A" arbitrária referente
à edificação; por exemplo, a área d a fachada principal de uma edificação paralelep ipédica.

F
e =-g-
g qA

A força global pode ser decomposta em direções preestabelecidas que ap resentem alguma
particularidade. É possível determinar o coeficiente de força para tal direção; por exemplo, na
direção do ven to, perpendicularme nte ao solo etc.

Vento F, F9 = resultante das forças


sobre a edificação

F,

Edificação

. Figura 6.3 Forças aerodinâmicas sobre uma edificaçáo. 2


32 EdUFSCar -Apontamentos

Algumas direções são notáveis, como as direções de um sistema de eixos cartesianos (x, y,
z) ou as já exemplificadas, para as quais se pode definir os seguintes coeficientes:

a) Coeficiente de arrasto: quando a componente da força global tem a mesma direção do


vento.

C = Fª
ª qA

b) Coeficiente de sustentação: quando a componente da força global é perpendicular ao plano


do horizonte.

e= F,
' qA

c) Coeficiente de força lateral: quando a componente da força global é normal à direção do


vento e está contida no plano do horizonte.

d) Coeficiente de força horizontal: quando a componente da força global está contida no


plano do horizonte, ou seja, é a resultante das forças lateral e de arrasto.

Evidentemente, cada um desses coeficientes pode ser especificado em relação a uma área
particular, porém, para que se possa compará-los entre si, é preciso adotar a mesma área de
referência.

6.4 Coeficiente de Torção


Quando a linha de ação da força global não interceptar o eixo de torção da edificação,
ocorrerá um momento de torção M , igual ao produto da força global pela distância de sua linha
de ação ao eixo de torção.

C=~
t qAL

em que L é uma dimensão linear de referência, adotada para tornar adimensional o coeficiente
de torção, como todos os outros definidos até então.

6.5 Coeficiente de Pressão Interna


Quase rodas as edificações possuem aberturas para as m ais variadas finalidades; nas
habitações, a existência de aberturas é imprescindível por motivos óbvios. A própria diferença
de pressão interna e externa d e uma habitação estanque, em um dia de tempestade, poderia
romper alguns de seus elem entos de vedação; uma diferença de 20 mm de mercúrio entre as
pressões externa e interna equivale a uma pressão de 2. 7 00 N/m 2 agindo sobre rodas as
superfícies limítrofes da habitação.
Se as aberturas estiverem situadas a barlavento, a pressão no interior da habitação será
positiva (Figura 6.4). Caso não h aja forro ou este seja suportado p ela estrutura do telhado, a
Ações Devidas ao Vento em Edificações 33

sobrepressão interna se sornara as sucções externas, criando situações de maior risco de


arrancamento do telhado, principalmente para aqueles com vertentes não muito inclinadas.

note a pressão

~--' ' ' '


t t t t
' ' ' ' ·~
t t t t

' -
sob o beiral
_t t t t t t t \ \ J

--- ----
t"" r.:J
-T ~ J+- i

--- --- ----


+- -+

-----
entrada de fluxo -+

vento vento -+ pressão-ve - - saída de fluxo

- -
pressão+ ve

entrada de fluxo -
-- - -+

-+
(sucção) +-
+-

-
-+
-+

r-+ saída de fluxo

Figura 6.4 Em uma edificação, aberturas a barlavento (figura à esquerda) provocam o aparecimento de sobrepressão
interna, enquanto aberturas a sotavento produzem sucção interna (figura à direita). 9

Aberturas situadas a sotavento criarão uma sucção interna que, por sua vez, conferirão
maior estabilidade à cobertura, no sentido de diminuir a possibilidade de arrancamento desta
sob ação de forte vendaval.
Evidentemente, na maioria das habitações existem aberturas a sotavento e a barlavento nas
laterais e na cobertura, e o coeficiente de pressão interna dependerá das dimensões e da
localização dessas aberturas em relação à direção do vento. A norma antiga considerava uma
superfície como aberta apenas quando a soma das aberturas desta igualava ou excedia 30% da
área da mesma, porém ensaios evidenciaram que pequenas aberturas estrategicamente localizadas
são suficientes para permitir o aparecimento de pressões internas relativamente altas.
Vê-se que para a determinaçao da pressão interna é fundamental que se considerem todas
as aberturas (inclusive frestas) da edificação. A relação entre a soma das áreas das aberturas de
uma superfície com sua área total é o chamado índice de permeabilidade dessa superfície.
A vazão de ar Q por uma pequena abertura de área A é expressa por: 1

Q=K Apv (6.4)

em que:
K• coeficiente de vazão;
p• massa específica do ar;
v• velocidade do ar na abertura, que é igual a:

v= (6.4)

Estabelecido o equilíbrio para n aberturas, a massa de ar que entra na edificação será igual
à massa que sai.

n
2 l.1p, - .1pil
IK Ap - - - - - =O
p
(6.4)

Para efeitos práticos, K pode ser considerado constante e como

11p, =cp, q e

fica-se com:
34 EdUFSCar - Apontamentos

i±A✓2 jc; - ctj=o


1
(6.5)

Essa equação pode ser aplicada a aberturas maiores desde que sepm considerados os
coeficientes de pressão médios nas periferias das aberturas, designados por e ct, que são e;
os coeficientes de forma ou a média dos coeficientes de pressão das aberturas. Assim, fica-se com:


1
A ✓ 2 jc; - C;* = O
1
(6.6)

A raiz é considerada positiva para os termos que correspondem a aberuras com entrada de
ar ( e; :3 ct ) e negativa caso contrário.
O cálculo da Equação 6.6 é simples, porém somente pode ser feito por aproximações
sucessivas, arbitrando-se valores de C;' .

6.6 Normatização dos Coeficientes de Pressão e de


Forma para Edificações
A determinação dos coeficientes de pressão é feita executando-se orifícios em pontos
convenientemente escolhidos da superfície do modelo e ligando-os a um manômetro múltiplo
a líquido, como ilustrado na Figura 5.2. Como resultado dos ensaios, para .cada superfície são
traçadas curvas isobáricas, as quais facilitam a visual ização tridimensional dos coeficientes de
pressão em cada ponto da mesma, à semelhança das curvas de nível em um terreno .
Mesmo em modelos elementares como o apres entado nas Figuras 6.5 e 6.6, em certas
regiões esses coeficientes apresentam variações bastante acentuadas, o que dificulta o cálculo das
estruturas dos elementos e do esqueleto das edificações.

Vento

·c_~_J'+os
~ OJ ~ - 0,7 ~
-0,8
i, o ~

~ -0,8 ~ ._-0,s / f,
' -0,5-
'---- -o,s_/
oo..._

\ -0,2 - - - 0,2 - -0,2


I

b _b
(-0,3) 1.11
V1
\
Figura 6.5 Curvas isobáricas dos coeficientes de pressão externos (cp) de uma edificação paralelepipédica. Os fechamentos
verticais foram desenhados rebatidos no mesmo plano da cobertura. 9
Ações Devidas ao Vento em Edificações 35

--0,75--

(-0,7-
=o.o

7?
Figura 6. 6 Curvas isobdricas dos cp, de uma edificação com cobertura em duas águas para vento na direção diagonal. 10

Assim sendo, as normas estabelecem valores médios dos coeficientes de forma para as
superfícies ou para partes delas, de maneira a resultar em um carregamento mais simples ,
equivalente ao carregamento real. Na Figura 6.7 apresenta-se um exemplo para o caso de vento
transversal ao eixo de uma edificação com cobertura em duas águas.

Figura 6.7 À esquerda, diagrama com os valores de cp, para vento transversal à edificação. À direita, valores
normatizados de e. 11
'
Para contornar o problema de reg10es onde ocorrem picos de sucção, são apresen t ados
valores de e,, que devem se r adotados ape nas para o cálculo dos elementos totalmente
m ergulhados nessas regiões, sejam eles elementos de vedação ou estruturais.
Essas sucções ocorrem no rmalmente para ventos diagonais às edificações, em áreas próximas
de arestas. Na cobertura, tais sucções se devem à fo rmação de vórtices de topo, iniciando-se na
quina mais a barlavento e desenvolvendo-se em forma de cone ao longo das arestas (Figura 6.9) .
Em beirais e outros tipos de ressaltos, tais efeitos podem se agravar devido às sobrepressões
que podem ocorrer na face inferior e que irão se somar às altas sucções que acontecem na face
oposta.
36 EdUFSCar -Apontamentos

Figura 6.8 Regiões onde ocorrem altos valores de cp, (próximo das arestas). 10

SOTAVENTO

BAlUAVENTO

Figura 6.9 Representação esquemdtica da formação dos vórtices próximo das arestas da cobertura. 10
Ações Devidas ao Vento em Edificações 37

7. EXEMPLO DE CÁLCULO
Para auxiliar a fixação de vários dos conceitos apresentados nos capítulos anteriores, será
desenvolvido um exemplo de cálculo das ações devidas ao vento em uma edificação com
características comuns à maioria das encontradas em zonas industriais das cidades brasileiras,
aplicando-se a NBR 6123.

7 .1 Dados Gerais
Edifício industrial com dimensões conforme croquis, localizado em subúrbio da cidade de
São Paulo: topografia regular, paredes de alvenaria de blocos, telhas de aço trapezoidais e calhas
junto à platibanda.

1
1
o
o
o
c:i
M
1
1
1
1 ~

10.000 .. 1 ~

Portão de abrir (16 m2)


Frestas: 4 cm no contorno,
exceto na parte inferior,
que é de 10 cm
~~~"-""'"_ _ _..._....._._ __._ (4,0 x 3 x 0,04 + 4,0 x º·1O = 0,84 mm
2
)

VtSTA FRONTAL E POSTERIOR

7 .2 Cálculo da Pressão Dinâmica


a) Velocidade Básica do Vento
São Paulo • V0 = 40 m /s
38 EdUFSCar -Apontamentos

b) Velocidade Característica do Vento


Fator topográfico s1 = 1,0
Fator S2
Rugosidade do terreno: subúrbio de grande cidade • rugosidade 4
Dimensões da edificação:

vento transversal (90º) vento longitudinal (Oº)


maior dimensão= 30 m • classe B maior dimensão = 1O m • classe A

Altura sobre o terreno: • h = 6,35 m

s2 = o,77 s = o,so
2

Nota: para cálculo das vedações, adotar classe A, do que resulta: S2 = 0,80
Fator estatístico S3 = 1,00 (para vedações s3 = 0,88)
v:o = 1,0 X 0,77 X 1,0 X 40 = 30,8 m/s • vento a 90º

Vkº = 1,0 X 0,80 X 1,0 X 40 = 32,0 m/s • vento a 0º

Vk = 1,0 X 0,80 X 0,88 X 40 = 28,2 m/s • para vedações

c) Pressão Dinâmica

q ,. =30,8'
1,6
N
- - = 593Pa ( lPa=l-
2
m
l • vento a 90º

qº = 640Pa • vento a Oº
28,22
q=--=496Pa • para vedações
1,6

7 .3 Coeficientes de Pressão e de Forma Externos


a) Para as paredes • Tabela 4

Altura relativa: !!_ = 2- = ~


b 10 2

Proporções em planta: :!. = ~ = 3 b


-=3,5 m
a
-=
b 10 3 4 75
, m
Ações Devidas ao Vento em Edificações 39

VENTO A 0°

Vento
~
1 -0.8

1
i -0,4

1
t -0,2

1 1
-0,3
+0,7 1
----+ 1

1 1
----+

1 1

1 1

l--0.8
i -0.4
i -0,2

7.500 7.500
4
1.500
.1

VENTO A

l +0,7
90°
tV•~
o -0,9 -0,9
o
o
Lli

o
o
o .,__
- 0,5 ____,.
-0,5

Lli

l-0.5

b) Para o telhado • Tabela 5

h 5 1
0 = 15°
=
b 10 2

e) Coeficientes de pressão externos • Tabela 5


Os coeficientes de pressão externos d efinidos em Norma, em geral, ocorrem para ventos
diagonais e m relação à edificação, por isso , não tem sentido a con sideração simultânea destes
com. os coeficientes d e forma externos. Devem ser empregados no dimensionamento dos
elementos de vedação e estru turais que estejam totalmente mergulhados nas regiões definidas
pela Norma.
Sua composição com coeficientes d e pressão interna deve ser fei ta d e maneira cautelosa pois,
na maioria dos casos, a Norma não fornece condições para o cálculo das pressões internas para
ve ntos diagonais.
40 EdUFSCar - Apontamentos

VENTO A 90°

+ 0,7 0,5

VENTO AOº

---0,8
o ---0,8
E G o
li\
,-:

F H o
o
"'
,-:

~ - - - >-- -- - ---0,4 ---0,4

o
o
K o
Ll'Í

0,0 (Valor adotado para


+-- efeito de cáculo de
máxima sobrepressão)
--.
0,0
Ações Devidas ao Vento em Edificações 41

Valores de cP• 1.500

o
o
lJj
M
li
::,.,
<:t_

o
o

=r: ::,.,
(Não esquecer as simetrias)

h = 5,0 m; 0,15b = 1,5 m


portanto y = 1,5 m
1. 7.500 .1. 7.500
.1

Para a parte inferior do beiral, o coefici ente de forma C, é igual ao da parede


correspondente. Nas zonas em volta de partes salientes ao telhado (chaminés, reservatórios,
torres etc.) d eve ser considerad o um coeficiente de forma C,= -1,2 até uma distância igual à
m etade da dimensão da diago nal da saliência vista em planta.

7 .4 Coeficientes de Pressão Interna


Devem ser analisadas todas as possibilidades, tanto quanto à direção do ve nto como quanto
às disposições possíveis (ou prováveis) das aberturas. É evidente que, para a composição com os
coeficientes externos, a direção do vento deve ser a mesma nas duas situações analisadas.

a) Vento a 90º
Todas as portas e caixilhos fechados ou abertos:
Perm eabilidade aproximadamente igual em todas as faces
ept. = +0,2 ou c.
pt
= - 0,3
Abertura dominante na face de barlavento:
Todos os caixilhos de barlavento abertos; dema is elementos fechados
Área de abe rt ura de barlavento • A8 = 6 X 3,38 = 20,28 m 2
Área total das aberturas em todas as faces submetidas à sucção:
face de sotavento (caixilhos fechados) A 51 = 6 X 0,09 = 0,54 m 2
nos o itões (portões fechados) A 52 = 2 X 0,84 = 1,68 m 2
frestas nas telhas junto às calhas
42 EdUFSCar - Apontamentos

2
(10-6x25x 30x 8) x 30x2=0,36m

Oito ondulações por metro

frestas entre calha e terça e entre calha e rufo da platibanda


(0,01 + 0,01) X 30 X 2 = 1,2 m 2
frestas entre telhas e rufos dos oitões
0,01 X 10,36 X 2 = 0,21 m 2

As3 = 0,36 + 1,20 + 0,21 = 1,77 m 2

• As= 0 ,54 + 1,68 + 1,77 = 3,99 m 2

proporção entre áreas:

As 20,28
- = - - =5 portanto epi = +0,6
As 3,99 ' '

Em muitos casos, pode-se reconhecer nesta hipótese uma probabil idade desprezível de
ocorrência. Se tivéssemos duas das janelas de sotavento abertas (a) (o u uma folha de um portão
aberta (b) ou duas das janelas de barlavento fechadas e uma de sotavento aberta (c)), teríamos:
a) A5 = (4 X 0,09 + 3,38 X 2) + 1,68 + 1,77 = 10,57 m 2

As 20,28
- =--=1,9 e.
p,
+0,46
As 10,57

b) A s= 0,54 + (1,5 X 0,84 + 8,00) + 1,77 = 11,57 m 2

As = 20,28 = l,
75 ep,. = +0,40
As 11,57

c) A 8 = 4 X 3, 3 8 + 2 X O,O9 = 13, 7 O m 2

A5 = (5 X 0,09 + 3,38) + 1,68 + 1,77 = 7,28 m 2

As 13,70
- = - - = 1,88 e.
p,
= +0,45
As 7,28

Com base nesses resultados, considerando-se tais situações como as mais prováveis durante
a ocorrência de fortes vendavais, o projetista poderia julgar como segura a adoção de cp; = +0,45.
Caso contrário, deve-se optar pelo valor anteriormente calculado, cpi = +0,6.
Ações Devidas ao Vento em Edificações 43

Abertura dominante em uma face paralela ao vento:


portões abertos e vários caixilhos fechados. Note-se que os portões não se situam em
zona de alto valor de cpr

(-0,9)+(- 0,5) = - 0,7 (muito improvável devido a todas as frestas)


cpi =
2
Abertura dominante na face de sotavento:
portões e caixilhos de barlavento fechados e os de sotavento abertos

cp1. = - 0,5

b) Vento a Oº
Permeabilidade aproximadamente igual em todas as faces:
cp1. = +0,2 ou ep1. = -0,3
Abertura dominante na face de barlavento:
portão de barlavento aberto, demais elementos fechados
área da abertura de barlavento: • A 8 = 16 m 2
Área total das aberturas em todas as faces submetidas à sucção:
face de sotavento (portão fechado) A 51 = 0,84 m 2
faces laterais (caixilhos fechados) As2 = 2 X 6 X 0,09 1,08 m 2
frestas no telhado A 53 = 1,77 m 2

A s = 0,84 + 1,08 + 1,77 3,69 m 2

ept. = +0,60

Supondo-se condições semelhantes às discutidas no item a anterior, concluiríamos, de


maneira análoga, como mais provável durante a ocorrência de fortes vendavais, valores do
coeficiente de pressão interna da ordem de ep,. = +0,45.
Abertura dominante na face de sotavento:
cp,. = -0,3
Abertura dominante em uma face paralela ao vento:
não situada em zona de alto valor de ept
cp1. = -0,4

(ou cpt. = -0,2 se as aberturas estiverem na parte posterior do edifício)


situada em zona de alto valor de cpt (===5 m medidos a partir da face de barlavento)
abertos os dois caixilhos situados nesta região, sendo os demais elementos
fechados:
área de abertura dominante A0 = 2 X 3,38 = 6,76 m 2
área das demais aberturas em face submetidas à sucção
44 EdUFSCar -Apontamentos

faces longitudinais A s1 = 10 X 0,09 = 0,9 m 2


portão de sotavento A 52 = = 0,84 m2
frestas no telhado = 1,77 m 2
As= 0,9 + 0,84 + 1,77 = 3,51 m 2

AD = 6,76 = 1,93 e . = - 0,83


pt
As 3,51

Se houvesse apenas mais três outros caixilhos abertos, teríamos:


As = (7 X 0,09 + 3 X 3,38) + 0,84 + 1,77 = 13,38 m 2

AD= 6,76 = 0,Sl ep,. = - 0,5


As 13,38

7. 5 Coeficientes de Forma e de Pressão Totais

• Vento a 90º
É evidente que, para a compos1çao com os coeficientes externos, a direção do vento
deve ser a mesma para as duas situações analisadas.

~-r ~-j "'


a,
à
1

-d
-1,45
"'

--
m - 0,85
..
N
o
+ "'_ "'
,t" - --
<X)

í o1

~-r ~i '7
__!_+ 0,25 -0,95

- -
r-- "'
"'. "'
a,
o"'1 o1
o
+ q ..9 e.
í

í C;
..
à
1
C=
o
o
c.- c;

- +
"'o1 o
+
o
o


~-
Ações Devidas ao Vento em Edificações 45

Para as direções analisadas, os coeficientes d e forma totais são obtidos pela expressão C =
e, - Cr Lembre-se também de que, para as pressões internas, C; = cpi' e que o sinal de subtração
na expressão, como já visto, deve-se ao fato de que, para qualquer superfície da edificação, uma
sobrepressão externa tem o mesmo sentido de uma sucção interna.

• Vento a Oº

+0,25 i
! Vento -1, 5

- 1,25 -1,25

o."---. \ !
•·''0·"
~()

r-
o
1/
+
co co

l
ô1 ô1
+-- - O8 --+
- - --
.-
"<y' -O6
---4
"à -0,65 i
- - - - e. C;

â+ o, +º-
o

,+ ~ +05

+0,2

7.6 Pressões Máximas nas Superfícies da Edificação


Admitindo-se que os pórticos estejam espaçados igualmente em 5,0 m entre s1, a força
uniformemente distribuída em cada elemento do mesmo será:
p =C X q X 5,0 N/m, ou

p = e X q X 5'o X 10-3 kN / m
46 EdUFSCar - Apontamentos

• Vento a 90º
q90 = 593 Pa p = e X 59 3 X 5 'o X 10-3 (2,965 X C) kN / m
(o sentido das forças é o indicado pelas setas)

\\\\\\111//1
.....
.....
-+
kN/m

• Vento a Oº
qº = 640 Pa p = C X 640 X 5,0 X 10-3 (3,20 X C) kN/m
(o sentido das forças é o indicado pelas seras)

\\\\\\l!!l/1 kN/m \ \'\\ \ \I J/Jº1 I


.,;
g ____
- - --

- - --
~ G - -- +

o
o
,::·
~
~
i ,t- +-
+-

• Vento Diagonal
Admitindo-se permeabilidade semelhante em todas as faces, tem-se uma pressão interna
de cpi = +0,2, que somada aos cp, correspondentes (item 7.3c) e m ultiplicada pela pressão
dinâmica (q = 496 Pa) nos fornece os valores críticos de pressão para cada região delimitada da
cobertura.

O sinal de subtração indica sucção


(não esquecer as simetrias)

1-
- --- --1-------~]~-
-694 MPa :•

7.500 7.500
Ações Devidas ao Vento em Edificações 47

BIBLIOGRAFIA
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devidas ao vento em edificações. Rio de Janeiro, 1 l0p.
2. PITTA, ].A.A. (1988). Ações devidas ao vento em edifícios de andares múltiplos, edifícios com
coberturas do tipo shed e do tipo duas dguas com lanternim. São Carlos. 151 p. Dissertação
(Mestrado) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.
3. DAVENPORT, A.G. (1961). The application of statistical concepts to the wind loading of
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4. BLESSMANN, J. (1979). Intervalo de tempo para cdlculo da velocidade bdsica do vento. 2.ed.
ampliada. Porto Alegre, Editora da URGS . 49p. (Série Engenharia Estrutural, 3.)
5. AÇÃO do Vento nas Edificações (1979). Boletim Eternit. São Paulo, v.103, p.2-15, out.
6. BLESSMANN, J. (1995). O vento na engenharia estrutural. Porto Alegre, Editora
Universidade/UFRGS. 166p.
7. BLESSMANN, J. (1983). Aerodinâmica das construções. Porto Alegre, Editora da URGS. 255p.
(Série Engenharia Estrutural, 8.)
8. KOLOUSEK, V. et ai. (1984). Wind ejfects on cívil engineeríng structures. New York, Elsevier.
57lp.
9. EFFECT of Wind Loading on Typical Buildings. Great Bretain, Building Research
Stablishmen t.
10. O VENTO nas Construções (1971). Boletim Eternit. São Paulo, v.66, p.1-6, out.
11. SALES, J .J. et al. (1994). Ação do vento nas edificações. São Carlos, Escola de Engenharia
de São Carlos, Universidade de São Paulo, 11 lp. (Publicação 015/94.)
Série
A.,._-t1ontamentos - ciências exatas e engenharias EdUFSCar

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