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TEATRO NOS INSTITUTOS FEDERAIS: ENSAIO

Amauri Araujo Antunes (IFSC)1

O presente artigo discorre sobre algumas possibilidades da atividade teatral no âmbito dos Institutos
Federais. Relaciona-se com o processo de elaboração de um Plano de Cultura para o Instituto Federal de
Santa Catarina (IFSC) e com o edital Mais Cultura nas Universidades, de 2014. O objetivo é contribuir para
uma reflexão ampliada sobre práticas teatrais nos Institutos Federais, estimulando a articulação para uma
59
futura política conjunta de ação na área. 59

Institutos Federais; Práticas Teatrais; Formação Técnica em Teatro.

THEATER IN FEDERAL INSTITUTES: FIRST STAGE

TEATRO: criação e construção de conhecimento [online], v.2, n.3, Palmas/TO, jul/dez. 2014
This article discusses possibilities of the theatrical activity in the scope of the Federal Institutes. It relates
with the elaboration process of a Culture Plan for Santa Catarina's Federal Institute (IFSC). Also it relates
with the program More Culture in the Universities, of 2014. The objective is to contribute for a reflection
enlarged about theatrical practices in the Federal Institutes, stimulating the articulation for a future joint
politics of action in the area.

Federal Institutes; Theatrical Practices; Technical Formation in Theater.

UM EDITAL, MUITOS PROJETOS Técnicos, as metas do Plano Nacional de Educação


(PNE) são de que a oferta seja triplicada até 2025,
No dia 08/10/2014, o Ministério da mantendo um ritmo de crescimento bastante
Educação (MEC) e o Ministério da Cultura (MINC), próximo do observado entre 2002 e 2014, quando o
em uma ação integrada, divulgaram os termos do número de escolas técnicas federais passou de 140
edital “Mais Cultura nas Universidades”, no qual para 562.
constavam como objetivos: desenvolver, fortalecer e Os dados disponíveis no site do MEC em
inovar a cultura e as artes. Convocados para esta 07/12/2014
ação: as Instituições Federais de Ensino Superior (http://redefederal.mec.gov.br/expansao-da-rede-
(IFES) e as Instituições da Rede Federal de Educação federal) apontavam que estas 562 unidades da EPCT
Profissional, Científica e Tecnológica (EPCT) que, estavam subordinadas a 38 Institutos Federais e
para concorrerem ao edital, deveriam apresentar distribuídas por 512 municípios, ou seja: uma rede
seus “Planos de Cultura”. A informação era de que o com presença física em quase 10% dos 5.570
programa, neste primeiro edital, teria uma dotação municípios brasileiros. Pelas informações no site do
aproximada de 20 milhões de reais, provenientes do MEC, deduz-se que, em média, cada Instituto Federal
MEC, que poderia ser alterada, para mais ou para tem oito campi já implantados e sete em implantação.
menos, conforme as disponibilidades de caixa. O Ensino Superior, por sua vez, abrange 63
É forçoso destacar que os recursos universidades federais e aproximadamente 300
destinados a este edital, apesar de aparentemente campi, com 47 destes campi implantados pós 2011.
volumosos, quando observados em relação ao Também um ritmo considerável de crescimento,
orçamento total do Ensino Superior e da EPCT, são apesar de inferior ao da EPCT.
extremamente acanhados, quase insignificantes. Os Perceber a dimensão do projeto de
20 milhões previstos no “Mais Cultura nas expansão da educação federal no Brasil é importante
Universidades” equivalem a menos de 0,1% dos para analisar o programa “Mais Cultura nas
recursos destinados à EPCT e às IFES, conforme a Universidades”. O edital determinava que os Planos de
previsão da Lei Orçamentária Federal de 2015: R$ Cultura das instituições concorrentes fossem orçados
7.780.578.537,00 para EPCT e R$ para recursos entre R$500.000,00 (quinhentos mil
14.821.104.320,00 para as IFES. reais) e R$1.500.000,00 (um milhão e meio de
Importante, também, para refletir sobre a reais), além de indicar que as ações de tais planos
importância dada pelo governo federal ao programa poderiam se desenvolver durante até 24 meses. Os
“Mais Cultura nas Universidades”, observar-se a 20 milhões de reais previstos no “Mais Cultura nas
dimensão das redes convidadas a participar do edital: Universidades” seriam, então, suficientes para
mais de 100 instituições de ensino, com instalações contemplar algo entre 13 e 40 Planos de Cultura.
em aproximadamente 10% dos municípios No caso dos Institutos Federais,
brasileiros. Abrangência esta que deve se ampliar considerando-se que possuem em média 15 campi,
nos próximos anos. Somente em relação aos Cursos temos recursos aproximados entre o mínimo de
R$33.000,00 (trinta e três mil reais) e o máximo de Estaduais e Municipais” alertando ainda que, nos
R$100.000,00 (cem mil reais) para cada campus. futuros editais, as diversas universidades públicas
Nos termos do edital, os projetos podem cobrir até deveriam ser tratadas de forma isonômica, como
dois anos, duração bastante tímida para planos de consta no item 7 da carta de Goiânia, do XXXVI
cultura. Diante destes números, é possível estimar-se Encontro Nacional do FORPROEX.
um investimento mensal médio na casa de Esta oportunidade de reflexão contribuiu
R$3.000,00 (três mil reais), mensais, por campus. para que ideias até então apenas verbalizadas em
No caso das Universidades, estes números podem ser conversas informais ganhassem corpo e se
um pouco diferentes, para mais ou para menos. apresentassem aqui, muito embora não
60 Percebe-se, com essa aritmética básica, a representem o pensamento de um grupo diante de 60
dotação pouco significativa do programa. No entanto, um debate estabelecido. Quando muito, podem ser
mesmo com tamanha economia, o edital deve ser consideradas: divagações individuais desenvolvidas à
considerado como uma conquista, representando um luz de um recorte muito específico - o Teatro nos
incentivo concreto e explícito para que as Institutos Federais.
instituições da Educação Federal pensem e planejem Ressalte-se que as observações aqui
seus Planos de Cultura. expostas, apesar de se valerem da análise de
Aparentemente, a maior motivação para a documentos, principalmente textos de legislação, não
ANTUNES, A. A.. TEATRO NOS INSTITUTOS FEDERAIS: Ensaio

criação do “Mais Cultura” foi a necessidade de decorrem de pesquisa sistêmica ou de conhecimento


promover reflexões e propostas práticas por parte empírico documentado em diversas e variadas
das Instituições Federais de Ensino em relação à experiências. O termo Ensaio, como utilizado no
Cultura, com grande contenção de recursos título, não deve ser interpretado como se fosse o
financeiros. gênero literário (tão bem desenvolvido por Bacon e
O item 1.2 do edital deixava claro que o Montaigne), ajusta-se mais ao sentido utilizado no
objetivo principal deste projeto não era efetivamente jargão técnico da prática teatral. Refere-se a algo
promover a cultura, mas “criar Planos de Cultura das inacabado, realizado a portas fechadas ou com a
Instituições Federais de Ensino Superior e das presença de público, que ainda não está
Instituições da Rede Federal de Educação verdadeiramente pronto para a apresentação, mas
Profissional, Científica e Tecnológica”. Tal objetivo que precisa ser testado. Um ensaio, entre muitos:
pode ser visto como preliminar de uma efetiva ensaios de figurino, de marcação, de luz ou de som...
participação de tais instituições na vida cultural dos todos pertencentes ao grande grupo “ensaio técnico”,
municípios que por elas deveriam ser atendidos. o que parece ser bastante apropriado para um
Mais que um estímulo às ações culturais, o Instituto de tecnologia...
programa “Mais Cultura” deve ser visto como convite Em teatro, os ensaios são espaços de
ao planejamento da cultura no âmbito das unidades descobertas e de riscos. Neste sentido, aqui estarão
federais de ensino técnico, tecnológico e superior. O esboçadas algumas cenas que comporão um ato de
sinal emitido pelo MEC e pelo MINC foi captado por um possível espetáculo, nada mais que isso: algumas
praticamente todas as Universidades e Institutos cenas. Personagens importantes para a trama:
Federais: precisavam planejar de maneira professores de teatro, artistas e técnicos de
sistemática suas respectivas políticas culturais, dar espetáculo. A ação define-se na formação e na
forma institucional ao que, geralmente, era certificação de profissionais. Tudo isto em um amplo
desenvolvido a partir de iniciativas isoladas e cenário: os Institutos Federais. A escolha das cenas
abnegadas de alguns servidores. deu-se, principalmente, pela possibilidade de se
Em pouco tempo, foram criados Grupos de encaixarem neste cenário múltiplo, como um convite
trabalho, publicados Editais internos, produzidas para uma criação coletiva.
propostas de ação aos milhares, e Planos de Cultura. Dito isto, passa-se ao ensaio aberto, com o
Uma grande quantidade de servidores passou a desejo de que contribua para criações diversas nas
dedicar parte de seu trabalho para colocar no papel quais artistas, plateia e críticos, possam ver seus
diversos sonhos antigos. Sonhos que se relacionam anseios contemplados.
diretamente com a importância de uma política
sólida de extensão dentro das academias. INSTITUTOS FEDERAIS,
A repercussão do Programa foi tanta que o LICENCIATURAS E INOVAÇÃO
XXXVI Encontro Nacional do FORPROEX (Fórum de
Pró-Reitores de Extensão das Instituições de O cenário desta pequena produção foi
Educação Superior Públicas Brasileiras), realizado construído recentemente, com a criação dos
entre os dias 16 e 19 de novembro de 2014, Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia,
aproximadamente um mês após a publicação do em 2008, mais precisamente, em 29/12/2008, por
“Mais Cultura nas Universidades”, inseria entre suas meio da lei 11.892.
deliberações finais, a recomendação ao MEC e ao A publicação da lei não significou a criação
MINC para que construíssem um Edital imediata de unidades ou a aceleração do ritmo de
complementar, ampliando o programa de forma a crescimento da Rede Federal, que já era acentuado
contemplar, também, as “Universidades Públicas desde 2002. O que ocorreu, efetivamente, foi a
mudança das propostas até então vigentes, uma
transformação radical que alterou os parâmetros do Para que a diversidade de ofertas não
Ensino Técnico nas instituições Federais. descaracterizasse os Institutos, buscou-se a
Escolas de Artífices, Escolas Técnicas, manutenção de uma matriz comum, uma espécie de
Escolas Agrícolas, Escolas Agrotécnicas, Centros “DNA” que mantivesse uma linha única e relacionada
Federais de Educação Tecnológica (CEFETs)... há uma com os antecedentes históricos do Ensino Federal no
longa história envolvendo as instituições federais de Brasil: a formação técnica. Assim, no artigo 8 da lei
Ensino Médio, história na qual deve ser incluído, 11.892, está previsto que 50 % das vagas ofertadas
como um novo e decisivo capítulo, o período que se pelos Institutos devem ser para a “educação
iniciou em 2008 e que segue até os dias de hoje. profissional técnica de nível médio”. Ficou estipulado
61 Leigos podem pensar que os Institutos ainda que os cursos técnicos sejam ofertados, 61
sejam semelhantes às Universidades Federais, prioritariamente, na modalidade integrada, na qual
apenas com um viés mais tecnológico. Mas a análise os estudantes concluintes do ensino fundamental
da lei que os instituiu deixa claro o fato de almejarem realizam a formação técnica de maneira simultânea e
um modelo inovador de formação profissional, integrada ao ensino médio.
visando proporcionar um percurso formativo A lei estabelece ainda o mínimo de 20% das

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completo, da Formação Inicial até o Doutorado. Os vagas para cursos de licenciatura, bem como
Institutos foram planejados para fortalecerem a programas especiais de formação pedagógica, com
atuação federal no campo das competências vistas na formação de professores para a educação
profissionais, acreditando-as e certificando-as, além básica, sobretudo nas áreas de ciências e
disso, têm a missão de contribuir para o matemática, e para a educação profissional.
estreitamento das relações com a comunidade, Ficou resguardado ao Conselho Superior dos
atendendo demandas locais e regionais relativas ao Institutos Federais o direito de alterar tais
mercado de trabalho. proporções, com a anuência do Ministério da
Um dos maiores desafios enfrentados pelos Educação e mediante justificativas provenientes das
professores dos Institutos Federais tem sido o fato de “demandas sociais pela formação em nível superior”.
atuarem com grande variedade de públicos. Nos Os Institutos Federais surgiram para ocupar
Institutos, um mesmo docente pode ministrar aulas um espaço distinto daquele destinado às
para a Formação Inicial (FIC), para a Educação de Universidades Federais e não para promoverem
Jovens e Adultos (Proeja), para o Ensino Médio ações e propostas concorrentes. Desta forma, seria
Integrado, Cursos Técnicos Subsequentes e esperado que os cursos ofertados pelos Institutos
Superiores, além da pós-graduação (Lato e Stricto apresentassem um diferencial em relação aos
Sensu), sem contar as orientações de Dissertações e ofertados pelas Universidades. No que se refere à
Teses. Esta ampla gama de atendimentos seria formação de professores, tal diferencial, a princípio,
impensável na estrutura das Universidades Federais. estaria, como previsto na lei 11.892, no atendimento
Por atender públicos tão distintos, a carreira do das demandas da própria educação técnica e
professor dos Institutos Federais é distinta da tecnológica. Em um segundo momento, na formação
carreira dos Professores Universitários, os de professores para as áreas de ciências e
servidores dos Institutos se enquadram na carreira matemática. Neste sentido, seria desejável que a
do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT), oferta de licenciaturas na área de teatro, por parte
enquanto que os das universidades integram o dos Institutos, apresentasse características tais que
Magistério Superior (MS). descartassem a ideia de concorrência em relação aos
Em relação à pesquisa, nos Institutos cursos já existentes nas universidades.
deveriam predominar atividades relacionadas à Nesta breve exposição, apresentam-se duas
Pesquisa Aplicada, focadas no desenvolvimento de fortes razões para a oferta de licenciaturas na área de
Tecnologia e articuladas com Programas de Mestrado artes por parte dos Institutos Federais, quais sejam:
e de Doutorado Profissionais. demanda social e a inovação tecnológica, ambas
Ampliando ainda mais o quadro de previstas na lei de criação dos Institutos. São apenas
diferenças, um dos objetivos dos Institutos Federais, algumas das muitas razões para a oferta de
definidos no artigo 7 da lei 11.892/2008, e atendendo Licenciaturas na área de artes por parte dos
as deliberações da Lei de Diretrizes e Bases para a Institutos Federais, com certeza não são as únicas e é
Educação (LDB) é a oferta de cursos de Formação desejável que outras sejam apresentadas, de forma a
Inicial e Continuada (FIC). Tais ofertas podem se dar fortalecer a perspectiva de tal oferta.
de forma assistemática, atendendo demandas As Licenciaturas são um fenômeno
pontuais e específicas, e se caracterizam pela grande relativamente recente na história brasileira, apesar
flexibilidade em relação à duração e aos pré- de a formação de professores ter-se caracterizado,
requisitos, que podem variar desde a total desde o início do século XIX, como uma das mais
inexistência até a formação superior. Podem ocorrer constantes preocupações nacionais. As licenciaturas,
em duas categorias: Formação Inicial (com carga propriamente ditas, surgem na década de 30 do
horária mínima de 160 horas) e Formação século XX. Com a criação da Faculdade de Educação,
Continuada (sem nenhuma exigência de carga Ciências e Letras, por meio do decreto 19.852 de
horária). 11/04/1931 ficou estabelecido que esta assumisse a
responsabilidade pela “qualificação de pessoas organizaram para solicitar mudanças naquele modelo
consideradas capazes de exercer o magistério”, para pedagógico.
isso seria definido um currículo seriado que Em 1996, a lei 9.394 instituiu as novas
atendesse as exigências daquele momento. Foi Diretrizes e Bases da Educação Nacional, tornando
durante o Governo de Vargas a promulgação da Lei obrigatório, na Educação Básica, o ensino de arte
452 de 05/07/1937, estruturando a Universidade do como disciplina efetiva. Em decorrência e em
Brasil e prevendo a Faculdade Nacional de Educação consonância com as novas Diretrizes, foram
(regulamentada pelo Decreto 1.190 de 04/04/1939). elaborados os Parâmetros Curriculares Nacionais
Na Faculdade Nacional de Educação, o estudante (PCNs) que, apesar de não serem obrigatórios,
62 poderia obter o diploma de Bacharel em Pedagogia tornaram-se referenciais para a elaboração de planos 62
após 3 anos de estudos e, caso assim o desejasse, e projetos pedagógicos nas escolas. Nos PCNs, a
completar sua formação com mais um ano de estudos “Área de Arte” deixou de ser compreendida com
na área de didática, obtendo assim a Licenciatura e única e passou a ser considerada em sua diversidade
sendo autorizados para o Magistério. de linguagens: Artes Visuais, Dança, Música e Teatro.
Com a regulamentação das licenciaturas O reconhecimento da multiplicidade de
para o Magistério iniciam-se, também, as linguagens das artes, aliado à recomendação
licenciaturas para as disciplinas, seguindo o modelo expressa nos PCNs de que aos estudantes deveriam
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de um curso de bacharelado com 3 anos de duração ser disponibilizadas condições de acesso a estas
ao qual se seguiria uma complementação de 1 ano linguagens, ampliou a demanda por professores
em didática, o que ficou conhecido como o sistema especialistas. Ao mesmo tempo, isto abalou a
3+1. Tal sistema, atualmente, tem sido muito estrutura das licenciaturas generalistas de Educação
criticado, principalmente por dissociar a formação Artística e estimulou o surgimento de licenciaturas
pedagógica da formação técnica, o que resultaria em específicas para cada linguagem.
professores menos preparados para a prática em Em 18/08/2008, a lei 11.769 intensificou
sala de aula. Em relação a este modelo antigo, entre este processo ao determinar a obrigatoriedade do
outras alterações, é possível destacar a ênfase das ensino da música na educação básica. Foi
licenciaturas atuais na realização de estágios que se estabelecido um prazo de 3 anos para as adaptações
realizam ao longo de todo o curso. às novas exigências, prazo este que foi prorrogado
Quando da implantação das licenciaturas por mais 1 ano, de forma que a partir de 2012 o
específicas para as disciplinas, a área de Artes ensino de música passou a constar como exigência
privilegiou a Música e as Artes Visuais na educação infantil e no ensino fundamental.
(principalmente desenho e pintura), linguagens que Desde 2006, havia um projeto de lei, de
tinham maior tradição de ensino sistematizado. autoria do Senador Saturnino de Brito, que
Em 1971, a lei de Diretrizes e Bases da determinava a alteração da Lei de Diretrizes e Bases
Educação Nacional (Lei 5.692) determinou que a da Educação de forma a incluir o ensino de música, de
arte fosse incluída no currículo das escolas, sob o artes plásticas e de artes cênicas como obrigatórios,
nome de Educação Artística. porém não exclusivos. Este projeto foi alterado em
Apesar de tal inclusão ter-se dado como uma 2010, tornando-se o projeto de lei 7.032. Caso seja
atividade educativa e não efetivamente como uma aprovado, a lei garantirá que as atividades de ensino
disciplina, foi a primeira vez em que a arte teve um sejam ministradas por professores com formação
espaço definido na escola. No entanto, esta inclusão específica e que o conteúdo da área seja distribuído
partiu de uma concepção polivalente e generalista, entre as diversas séries e níveis da educação básica,
onde os professores deveriam ter competência para abrangendo, obrigatoriamente, as áreas de música,
desenvolver atividades expressivas em todas as artes cênicas e artes visuais. Este projeto de lei está
linguagens. em processo final de tramitação, já foi aprovado pela
A necessidade de professores polivalentes comissão de Educação e já recebeu voto favorável do
para atender esta demanda das escolas fez com que relator da comissão de Constituição e Justiça. A
surgissem muitas Licenciaturas em Educação perspectiva é de que seja aprovado em todas as
Artística, nas quais os estudantes aprendiam as instâncias em 2015 para entrar em vigor,
diversas linguagens simultaneamente. Para as áreas definitivamente, até 2020.
de teatro e dança, com menor tradição pedagógica, Considerando-se a informação disponível no
tornou-se comum a contratação de docentes com site www.inep.gov.br do Instituto Nacional de
experiência artística, mas sem a devida formação Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
pedagógica. (INEP), o Brasil possui 57 milhões de estudantes na
O resultado desta formação múltipla foi a Educação Básica. É possível estimar a demanda das
perda da qualidade dos saberes específicos das escolas. Considerando-se que cada professor de artes
diversas formas de arte, o que resultou em uma atenda 15 turmas (2 aulas semanais por turma e
aprendizagem pouco criativa, focada principalmente carga de 30 aulas semanais) e que cada turma tenha
na reprodução. Em pouco tempo, a situação passou a em média 30 estudantes, temos um professor de
desagradar os profissionais da arte-educação, que se artes para cada 450 estudantes (sem contar que há
professores que assumem jornadas com cargas
horárias menores). São necessários, portanto, registro de 44 cursos/turmas de licenciatura em
aproximadamente 125 mil professores de artes no Teatro/Artes Cênicas na modalidade EaD, ofertados
Brasil, ou seja: entre 40 e 50 mil professores para principalmente pela Universidade de Brasília (UNB) e
cada uma das modalidades previstas no projeto de lei pela Universidade Estadual de Montes Claros
7.032, quais sejam: música, visuais e cênicas. (UNIMONTES), mas também pela Universidade
Conforme o cadastro disponibilizado pelo Federal de Ouro Preto (UFOP), Universidade Federal
MEC em seu site (www.mec.gov.br), há no Brasil de Goiás (UFG) e Universidade Federal do Maranhão
cerca de 120 cursos superiores em Teatro/Artes (UFMA).
Cênicas na modalidade presencial. Destes, cerca de Tendo em vista os antecedentes do Pró-
63 60 são destinados à formação de professores. Não Licenciaturas e o histórico da UAB, é razoável 63
foram localizadas informações sobre o número de considerar que uma alternativa para atender
formandos destes cursos, mas é plausível supor algo rapidamente à demanda decorrente da possível
próximo a 1.000 concluintes/ano, quantidade aprovação do projeto de lei 7.032 seja, justamente, a
insuficiente para atender a demanda prevista em oferta de cursos de Licenciatura ou de Segunda
espaço de tempo tão curto. Não seria suficiente Licenciatura (para aqueles formados em Educação
também para a reposição anual de aposentadorias Artística complementarem a formação com uma

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por tempo de serviço. especialização em determinada linguagem) na
Tendo em vista esta necessidade iminente de modalidade EaD.
professores qualificados, os Institutos Federais têm Conforme matéria publicada na revista
uma boa justificativa para oferecerem licenciaturas Educação nº 172, de agosto de 2011, o investimento
em Teatro (bem como nas outras linguagens na EaD para combater o déficit docente já vem sendo
artísticas). recomendado, desde 2008, pelo Conselho Nacional de
Os professores de artes dos Institutos Educação (CNE), em pareceres ao MEC.
Federais estão distribuídos pelos diversos campi, Destaque-se que o Censo da Educação
sendo difícil reunir um grupo para a criação de uma Superior de 2009, realizado pelo INEP, apontou que,
Licenciatura, isto tem feito com que os Institutos naquele ano, a EaD passava a formar mais
Federais contribuam de maneira pouco significativa professores para o ensino fundamental I e para a
na formação de professores de artes. Atualmente, educação infantil do que a modalidade de ensino
salvo engano, apenas dois Institutos Federais presencial. Confirmou-se assim uma tendência
oferecem licenciatura em Teatro, os Institutos evidenciada pela série histórica iniciada em 2005:
Federais do Ceará (IFCE) e do Tocantins (IFTO). decréscimo no número de concluintes pelo modelo
Como foi exposto anteriormente, há aqui presencial, de 103.626 formandos em 2005 para
duas razões que justificam as Licenciaturas em Artes 52.842 em 2009. Neste mesmo período, houve um
nos Institutos, ambas em consonância com os crescimento aproximado de 464% no número de
objetivos previstos na lei 11.892, quais sejam: a professores formados na modalidade EaD para o
demanda social e a inovação tecnológica. magistério nas séries iniciais (de 11.576 para
A primeira (demanda social), pelo que foi 65.354).
exposto até aqui, parece plenamente caracterizada. A A EaD também é a principal modalidade de
segunda (inovação tecnológica), no entanto, ainda qualificação dos docentes que já estão em exercício
não foi apontada. Neste sentido, este ensaio propõe na educação básica e se matricularam em cursos de
pensar esta inovação em consonância com uma pedagogia para obterem formação em curso
tendência crescente na atualidade: o Ensino a superior. Sinteticamente: o crescimento da
Distância (EaD). participação da EaD na formação de professores é
Desde 2005 o MEC vem investindo em um notável em todas as áreas.
programa experimental para integrar um sistema Apesar de, aparentemente, a Ead estar se
nacional de educação superior a distância, este constituindo como solução para atender a demanda
sistema tornou-se oficialmente a Universidade por professores, ainda há muitas dúvidas. Em
Aberta do Brasil (UAB) por meio do decreto 5.800 de entrevista publicada na edição 172 da revista
08/06/2006. Educação, Clélia Brandão, então presidente da
Entre 2007 e 2008, percebendo que cerca de Comissão Bicameral do CNE, após destacar a
180 mil professores da rede de educação básica importância estratégica do EaD no sistema de ensino
brasileira não eram licenciados, o MEC instituiu o e na formação docente, comentou que não há
programa Pró-Licenciatura, com a oferta inicial de “ferramentas para medir de forma garantida a
1.300 vagas em licenciaturas na modalidade EaD, aprendizagem dos profissionais formados pela via do
visando a capacitação de docentes da rede pública EaD” e completava considerando que a verificação da
(principalmente nas regiões norte e nordeste) em qualidade caberia aos pais, gestores públicos e à
diversas áreas, entre as quais, Artes Visuais e Teatro. sociedade.
Em 2009 o programa migrou para as estruturas da As suspeitas sobre a qualidade da formação
UAB onde, aparentemente, tem sido menos ativo. do professor formado na modalidade EaD parecem
A experiência do Pró-Licenciatura resultou ser um ponto crítico para a ampliação do sistema,
no fato de o MEC manter em seus cadastros o fato comprovado em 2013, quando a Comissão da
Educação da Câmara Federal rejeitou o projeto de Assim, os estudantes teriam ao longo de todo o curso,
lei 7.602/10 que propunha a supressão, na LDB, da desde o primeiro semestre, contato com situações
restrição aos cursos de EaD na formação inicial de reais de aula, desenvolvendo projetos junto a
professores, que segundo a lei deveria ser profissionais capacitados, no caso, os próprios
preferencialmente por meio de cursos presenciais. professores dos Institutos Federais.
Na ocasião, o deputado Lelo Coimbra, relator do Para o professor orientador esta proposta
processo, destacou que a educação presencial seria resultaria na criação de uma pequena equipe de
“uma ‘vivência fundamental’ para o profissional que apoio a suas disciplinas, permitindo inovações na
atuará em sala de aula e promoverá o processo de prática pedagógica e promovendo a reflexão sobre
64 ensino-aprendizagem de seus alunos”. seus processos. Além disso, diversas atividades de 64
É evidente a importância da EaD e da UAB na preparação e planejamento de aulas poderiam se dar
formação de professores, é evidente também que como parte da orientação dos estagiários, otimizando
este sistema necessita ainda de muitos ajustes. Para a distribuição das cargas horárias.
a formação de professores para a área de artes, por Todos estes procedimentos se
exemplo, espera-se uma série de competências e caracterizariam, também, como campo para
habilidades que, muitas vezes, a estrutura atual dos pesquisas aplicadas, propiciando o surgimento de
cursos da UAB pode não desenvolver a contento, grupos de pesquisa e até mesmo programas de Pós-
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principalmente aquelas decorrentes da vivência, da graduação. Além de contribuírem para a implantação


interação pessoal e da experiência efetiva em sala de de Licenciaturas semelhantes destinadas à formação
aula. A superação de tais dificuldades em uma de professores para outras disciplinas, visando
licenciatura na área de artes, na modalidade EaD, atender efetivamente a meta de que 20% das vagas
constitui uma importante inovação tecnológica. dos Institutos Federais sejam destinadas a
Este ensaio propõe, portanto, uma (entre licenciaturas.
tantas outras possíveis) efetiva inovação tecnológica Importante destacar que este ensaio não
dos Institutos Federais para as licenciaturas de artes, tem por finalidade convencer sobre a viabilidade ou
possível em razão da disseminação da Rede Federal os possíveis benefícios de licenciaturas ofertadas
pelo país e do fato de os Institutos ofertarem cursos desta forma. Espera-se, apenas, destacar que a oferta
em diversos níveis. São mais de 500 campi, uma rede de Licenciaturas em Artes nos Institutos deve
de abrangência nacional e nos quais são ofertados representar inovação tecnológica, constituir-se como
cursos em praticamente todos os níveis de ensino um modelo distinto do que atualmente vem sendo
(exceto a Educação Infantil), o que facilita a proposto pelas Universidades. Além disso, por uma
realização de estágios de formação docente dentro da questão de coerência, é desejável que tal processo
própria instituição. considere as diretrizes de implantação dos Institutos,
Como a lei prevê que 50% das vagas dos além de sua estrutura organizacional, ambas
Institutos devem ser para cursos técnicos ofertados atendidas nesta cena de um primeiro ato deste
preferencialmente sob a forma de Cursos Integrados, pequeno ensaio aberto.
há uma grande demanda por professores de artes
nos Institutos Federais. Já foi comentado, que tais ARTISTAS E TÉCNICOS DE ESPETÁCULO
professores estão dispersos em diversos campi
sendo difícil reunirem-se em um mesmo curso, no A formação do profissional para a área de
caso uma Licenciatura na área de artes. Isto não Teatro abrange diversos aspectos: atuação, direção,
impede, no entanto, que contribuam como iluminação, sonoplastia, cenários, figurinos, contra
“orientadores de estágio” para estudantes de regragem, cenotecnia, crítica teatral, dramaturgia,
Licenciaturas na modalidade EaD, atendendo ensino... isto sem considerar áreas de apoio e formas
pequenos grupos (de 3 ou 4 integrantes) de maneira híbridas.
concomitante com as atividades pedagógicas que já Apesar de tal abrangência, são bastante
desempenham. raros os cursos superiores que não sejam destinados
Desta forma, estaria delineado um modelo à formação do Professor ou do Intérprete, sendo
inovador para as Licenciaturas, que permitiria o quase inexistentes os cursos destinados às demais
atendimento da demanda social e estaria adequado às áreas. No site do MEC encontramos a oferta de 120
condições pré-existentes nos Institutos Federais. Tal cursos superiores presenciais em Teatro (ou Artes
Licenciatura se daria, inicialmente, na área de Artes, Cênicas), salvo engano de contagem ou informação
podendo atender às diversas linguagens e contando desatualizada, este seria o número total de cursos
com uma estrutura curricular que distribuiria de superiores na área com autorização em 2014.
maneira proporcional atividades organizadas e Destes, 60 são destinados à formação de professores
monitoradas pelo sistema da EaD, com os estágios (licenciatura), 2 de formação Tecnológica (Produção
orientados, que se dariam no Ensino Médio, nos Cênica), 6 de Direção Teatral, 3 de cenografia, 2 de
cursos FIC, ou na Extensão (entre outras Teoria Teatral, e apenas 1 de Indumentária. Mesmo
possibilidades), acompanhando e colaborando com que os dados estejam incompletos, a proporção não
as atividades do professor do Instituto Federal que deve ser muito diferente deste quadro.
estará atuando como orientador naquele semestre.
Percebe-se assim que, apesar de a prática 9 (nove) as instituições que os oferecem, quase todas
teatral envolver diversas áreas, a variedade de perfis privadas.
profissionais resultante dos cursos superiores Até hoje, o registro profissional para
ofertados no país ainda é reduzida. Isto talvez se deva, Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões é
em parte, às exigências legais para o exercício das regido pela lei 6.533, de 24/05/78 que define as
funções inerentes a esta área, definidas em condições para se obter o registro profissional
27/05/1965, pela lei 4.641, que dispunha sobre as nestas áreas, bem como os requisitos necessários
condições necessárias para o exercício e as para o registro:
atribuições das atividades relativas ao teatro. O texto
65 legal estabelecia as seguintes categorias Art. 7º - Para registro do Artista ou do Técnico em 65
profissionais: Diretor de Teatro; Cenógrafo; Espetáculos de Diversões, é necessária a
Professor de Arte Dramática; Ator; Contra-regra; apresentação de:
I - diploma de curso superior de Diretor de Teatro,
Cenotécnico e Sonoplasta. Destas, apenas o Diretor
Coreógrafo, Professor de Arte Dramática, ou
de Teatro, o Cenógrafo e o Professor de Arte outros cursos semelhantes, reconhecidos na
Dramática exigiriam formação em curso superior. forma da Lei; ou

TEATRO: criação e construção de conhecimento [online], v.2, n.3, Palmas/TO, jul/dez. 2014
Quanto aos demais era mantido o previsto na LDB de II - diploma ou certificado correspondente às
1961 (lei 4.024, de 20/12/61), ou seja: exigência habilitações profissionais de 2º Grau de Ator,
apenas de formação técnica de nível médio. Contra-regra, Cenotécnico, Sonoplasta, ou outras
As informações sobre os cursos de nível semelhantes reconhecidas na forma da Lei; ou
médio no Brasil são precárias e de difícil acesso. III - atestado de capacitação profissional
Ainda é recente a implantação do SISTEC (Sistema fornecido pelo Sindicato representativo das
categorias profissionais, e subsidiariamente, pela
Nacional de Informações da Educação Profissional e
Federação respectiva.
Tecnológica), que objetiva disponibilizar,
mensalmente, informações sobre os cursos técnicos
A lei 6.533 instituiu a possibilidade de
de nível médio e suas respectivas escolas. Todas as
registro mediante “atestado de capacitação
unidades de ensino que ministrem cursos técnicos no
profissional”, o qual seria de responsabilidade dos
país devem se cadastrar no sistema. No final de 2014,
Sindicatos da categoria. No mesmo ano de 1978, a lei
o sistema contava com 5.573 unidades cadastradas,
6.615 dispunha sobre a profissão de radialista,
totalizando cerca de 2,5 milhões de estudantes em
prevendo, também, o atestado de capacitação
cursos técnicos no Brasil.
profissional, instrumento mantido quando da
Como sistema pioneiro, o SISTEC ainda
regulamentação da profissão pelo decreto 84.134 de
apresenta uma série de dificuldades para os
30/10/79, que estendeu a denominação radialista
pesquisadores que buscam informações detalhadas,
também para os trabalhadores televisivos
mas alguns dados já estão disponíveis e contribuem
(trabalhadores em radiodifusão).
para o diagnóstico da Educação Profissional no
A regulamentação da profissão de radialista
Brasil. No site do sistema
previa três grandes grupos de atividades:
(http://sitesistec.mec.gov.br/resultados/255-
administração, produção e técnica. O anexo do
resultado) é possível consultar todos os cursos
decreto apresentava quase 100 possíveis
técnicos cadastrados. Infelizmente não há, ainda,
desdobramentos para as diversas categorias
acesso a algum sistema de busca que permita a
profissionais previstas em lei. Não afetava, porém, os
verificação do total de ofertas de determinado curso
atores e os figurantes dos programas televisivos que
em cada estado, ou no país. Os levantamentos
continuaram regulados pela lei 6.533. No caso da
precisam ser feitos cidade a cidade, instituição por
profissão de radialista, para a obtenção do atestado
instituição, o que é muito trabalhoso. Além disso, não
de capacitação profissional, que seria emitido pela
há indicações claras sobre a formação decorrente do
Delegacia Regional de Trabalho (DRT) a pedido do
curso Técnico em Arte Dramática oferecido pela
interessado, se daria apenas mediante a
instituição, dificultando a identificação dos raros
apresentação de:
cursos destinados a formações outras que não a de
atores/intérpretes. certificado de conclusão de treinamento para
Como amostragem, para a elaboração deste função constante do Quadro anexo a este
ensaio, foi feita uma pesquisa sobre a oferta de Regulamento. O certificado deverá ser fornecido
cursos técnicos em Artes Dramáticas em algumas por unidade integrante do Sistema Nacional de
capitais do país. Este levantamento apontou, por Formação de Mão-de-Obra, credenciada pelo
exemplo, a inexistência de cursos cadastrados em Conselho Federal de Mão-de-Obra ou por entidade
capitais como Aracaju, Porto Alegre, Florianópolis e da Administração Pública, direta ou indireta, que
Vitória. Na cidade de São Paulo verificou-se a tenha por objetivo, previsto em lei, promover e
estimular a formação e o treinamento de pessoal
existência de 34 cursos técnicos em Artes
especializado, necessário às atividades de
Dramáticas. Tais números, porém, resultam da radiodifusão.
multiplicação de cursos em razão da oferta em
diversas modalidades (concomitantes, subsequentes, Para os trabalhadores nas empresas de
integrados, ou de formação inicial), efetivamente são radiodifusão havia, em 1979, a previsão de que estes
seriam, necessariamente, egressos de cursos de Este processo de certificação revela algumas
formação e treinamento profissional. Tal fato, porém, incoerências, como condicionar a aprovação do
parece ter se tornado um empecilho ao exercício de candidato ao fato de já ter exercido a função por um
algumas destas profissões, tanto que em determinado número de anos e/ou trabalhos, o que
16/06/1987, o decreto 94.447, determinou que, na significa, na prática, um estímulo ao exercício
falta de curso de formação especializada para irregular da profissão. Outro aspecto de difícil
determinada área, a entidade sindical da categoria compreensão é que os critérios para a certificação
poderia emitir o atestado de capacitação profissional. não são os mesmos em todos os estados e o registro
No que se refere aos Artistas e Técnicos em profissional decorrente da certificação é válido em
66 Espetáculos de Diversões, porém, desde o início, a todo o território nacional. 66
entidade sindical estava autorizada a emitir o Falta de cursos regulares, tradição formativa
atestado de capacitação profissional. Isto até mesmo não formalizada ou ausência de instituições de
para as habilitações profissionais para as quais ensino aptas para certificação são apenas algumas
existam cursos especializados, como atores e explicações para um fato: desde a regulamentação da
diretores teatrais, por exemplo. Além disso, cada profissão de artista e de técnico em espetáculos os
unidade do Sindicado de Artistas e Técnicos em sindicatos certificam a capacitação de profissionais,
Espetáculos de Diversões (SATED) pode estabelecer ainda que por meios pouco precisos.
ANTUNES, A. A.. TEATRO NOS INSTITUTOS FEDERAIS: Ensaio

seus critérios para a emissão do atestado de No âmbito jurídico, as exigências legais para
capacitação profissional, o que resulta em muitas o exercício da profissão de artista têm sido
disparidades. Alguns sindicatos apresentam questionadas cada vez com maior frequência. Um
exigências que praticamente impossibilitam o exemplo de tais questionamentos está na Medida
acesso ao registro profissional, outros emitem Cautelar da Procuradoria Geral da União (PGU) que
certificados quase sem nenhuma exigência. foi ajuizada no Supremo Tribunal Federal (STF) em
Em São Paulo, por exemplo, os candidatos a 17/09/2013. A relatora do processo, a Ministra
ator devem fazer dois exames, um escrito Carmen Lúcia, em seu parecer, emitido em
(eliminatório) e um oral-prático. Os licenciados em 23/09/2013, apresentou o resumo da ação:
teatro também precisam fazer um exame prático. Já
para obter o registro de Diretor é exigida a idade os dispositivos legais [Lei n. 6.533/1978] são
mínima de 21 anos, prova escrita e entrevista, além flagrantemente incompatíveis com a liberdade
da comprovação de participação em 8 espetáculos na de expressão da atividade artística (art. 5º,
IX,CF/88), com a liberdade profissional (art.
função de diretor ou assistente de direção, ou, de 5
5º, XIII, CF/88) e com o pleno exercício dos
anos como ator com registro profissional e direitos culturais (art. 215, caput, CF/88)
participação em 5 espetáculos cumprindo as [porque] numa democracia constitucional não
referidas funções. Para Cenógrafos é exigido: cabe ao Estado policiar a arte, nem existe
certificado de conclusão do curso de Arquitetura ou justificativa legítima que ampare a imposição
de Artes Plásticas. Há uma série de outras profissões de requisitos de capacitação para o
passíveis de certificação pelo SATED-SP, para as desempenho da profissão relacionada à ate
quais as exigências alternam-se, basicamente, entre: cênica.
“curso no SENAC ou semelhante” e “proposta de Aduz que “os dispositivos constantes do
Decreto n. 82.385/1978, por sua vez, são
trabalho”.
afetados pela inconstitucionalidade por
Em Pernambuco, o candidato a ator, além de arrastamento”. Pondera que as normas
comprovar 5 anos de atividade, realiza prova escrita, impugnadas contrariam “a liberdade de
prova prática e cursa uma oficina de 3 horas de expressão artística porque ingressa num
duração durante 3 dias. Os candidatos a diretor particular irrazoável e desproporcional. Isto é,
devem apresentar diploma de curso superior e criando requisitos para o próprio desempenho
comprovar 5 anos de atividade na função. Para a área da atividade artística. Sob o pretexto de
técnica, é solicitada a comprovação de 3 anos de resguardar direitos e interesses gerais da
atuação, diploma de Ensino Médio e aprovação em sociedade, a regulamentação da profissão
acabou por retirar da arte aquilo que lhe pé
prova prática com um mestre da área.
peculiar: sua liberdade”. Assevera que “não se
No Rio de Janeiro, o Sindicato solicita as trata de uma profissão com riscos e perigos à
comprovações de trabalho nos últimos 3 anos, na coletividade, de modo que seu exercício
função solicitada, sendo válidos como documentos: pressuponha o domínio de conhecimentos
cartazes, programas, contratos, carteira de trabalho técnicos e científicos específicos (…). O
assinada, declarações com firma reconhecida... exercício da profissão de artista não traz per si
Os SATEDs de todos os estados têm, em quaisquer riscos a terceiros, sendo
comum, o fato de nomearem uma comissão para injustificável a fixação de requisitos de acesso
conduzir o processo de avaliar os currículos e os à profissão”. E conclui que “não há interesse
legítimo que fundamente as restrições
candidatos. Além é claro das taxas cobradas para a
impostas nos artigos 7º e 8º da Lei
realização do processo de certificação, também com 6.533/1978. Tampouco há riscos sociais
valores variados. inerentes à atividade que justifiquem restrição
à liberdade profissional. Logo, a exigência de
qualificação mínima dos artistas já é, por si só, avalia, reconhece e certifica o conhecimento
restrição à liberdade artística, por envolver um adquirido alhures,considerando-o equivalente
‘estreitamento crítico do conceito de arte’. aos componentes curriculares do curso por ela
(Documento número 4590660 ADPF 293 MC / oferecido, respeitadas as diretrizes e as
RJ in normas dos respectivos sistemas de ensino.
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao).
A lei 11.892/2008, que instituiu os
O Código Brasileiro de Ocupações, Institutos Federais, estabelece no parágrafo
organizado e gerenciado pelo Ministério do Trabalho segundo do Art. 2 que “os Institutos Federais de
e Emprego informa, na descrição da ocupação 2625 Educação Ciência e Tecnologia exercerão o papel de
67 (atores): instituições acreditadoras e certificadoras de 67
competências profissionais”. Efetivamente, em 20
não há exigência de escolaridade determinada de novembro de 2009, a Portaria Interministerial
para o desempenho da ocupação. Atualmente, 1.082, do Ministério da Educação e do Ministério do
seguindo tendência à profissionalização na
Trabalho e Emprego, estabeleceu a Rede-CERTIFIC,
área das artes, é desejável que a sua formação
mínima se dê por meio de cursos
criada com a finalidade de ser uma política pública

TEATRO: criação e construção de conhecimento [online], v.2, n.3, Palmas/TO, jul/dez. 2014
profissionalizantes de teatro, com carga horária de inclusão social, responsável pelo
entre duzentas e quatrocentas horas. É na "desenvolvimento e implementação dos Programas
prática, junto com um grupo com o qual possa de Certificação Profissional e Formação Inicial e
trocar experiências, exercitando o trabalho, que Continuada e pela acreditação de instituições para
o ator completa sua formação. os mesmos fins”, cabendo aos Institutos um papel
(in de destaque neste projeto, na categoria de
www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/downloads. “Membros Natos”.
jsf, acesso em 04/01/2015).
A definição de critérios para a certificação
profissional, a certificação de profissionais, a oferta
Sem entrar nas discussões referentes à de cursos técnicos nas mais diversas áreas, são
obrigatoriedade ou não de formação específica para parte da missão dos Institutos Federais, nada mais
o exercício da profissão de ator (isto exigiria outros lógico de que estas atividades se estendam à área de
ensaios), é preciso reconhecer que, em algumas artes e espetáculos. Para tanto, uma referência de
funções técnicas da área de espetáculos, é extrema importância é o Programa Nacional de
imprescindível o profissional ser qualificado, Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) que
principalmente quando envolvem a segurança da foi criado pelo Governo Federal em 2011, por meio
população. Este risco à segurança tem sido um dos da lei 11.513.
argumentos mais contundentes para a A principal justificativa para a criação do
obrigatoriedade de que o técnico tenha estudo formal Pronatec foi a expansão e a democratização da
em sua área, com avaliação competente de cada oferta de cursos de educação profissional e
etapa e acompanhamento sistemático de seu tecnológica no país, principalmente em localidades
processo formativo por profissionais experientes e menos assistidas. Há diversas críticas a este
qualificados. A definição das funções de cada programa, de sua implantação a seus resultados e
profissional e dos parâmetros que balizam as métodos, no entanto, é patente a proximidade entre
profissões técnicas relacionadas aos espetáculos deve as motivações para a criação do Pronatec e as
ser estabelecida à luz dos cursos de formação justificativas para a constituição da Rede Federal de
existentes, ou a partir da discussão para a criação de Educação Profissional, Científica e Tecnológica.
novos cursos. Este debate precisa ser conduzido por No âmbito das ações do Pronatec, dois
Instituições de Ensino como os Institutos Federais. documentos podem contribuir decisivamente para
A LDB, em seu artigo 41, indica a pensar-se a certificação na área de artes e
necessidade da implantação da Rede Nacional de espetáculos: o “Catálogo Nacional de Cursos
Certificação Profissional e Formação Inicial e Técnicos” e o “Guia Pronatec de Cursos FIC”. Nestes
Continuada – Rede CERTIFIC. Legalmente, esta dois documentos encontram-se as diretrizes iniciais
necessidade repercute no Parecer CNE/CEB 16/99 para praticamente todos os cursos relacionados a
do Conselho Nacional de Educação que, ao tratar da artes e espetáculos. Falta, porém, para o
certificação profissional, determina: estabelecimento de um programa de certificação na
área de artes, que estas diretrizes iniciais sejam
em escolas técnicas, instituições especializadas
em Educação Profissional, ONGs, entidades
detalhadas, o que se dará evidentemente em
sindicais e empresas, os conhecimento decorrência da efetiva oferta de tais cursos, do
adquiridos no trabalho também poderão ser desenvolvimento e da experimentação dos
aproveitados, mediante avaliação da escola currículos e dos processos formativos.
que oferece a referida habilitação profissional, Os Institutos Federais foram criados para
à qual compete a avaliação, o reconhecimento fortalecerem a formação técnica no Brasil. Nada
e a certificação, para prosseguimento ou mais lógico, portanto, que contribuam de maneira
conclusão de estudos (Artigo 41). A decisiva para a certificação e capacitação
responsabilidade, nesse caso, é da escola que
profissional em todas as áreas, inclusive na área de
Artes e Espetáculos, que precisa substituir a O presente ensaio tem necessidades
certificação profissional feita pelos sindicatos, uma semelhantes, movido talvez por anseios um pouco
vez que esta seria apenas um paliativo para a falta diferentes: não se trata, como no caso do ensaio
de cursos de formação profissional. teatral, de buscar o aperfeiçoamento do espetáculo,
Em linhas gerais, o processo da certificação mas de fortalecer um esboço de ideia ensaiada. Não
promovido pela CERTIFIC e pelos Institutos é se trata de encontrar as certezas da cena, mas de
relativamente simples: após a publicação de edital chamar atores para pensar o espetáculo e gerar
específico por parte dos Institutos Federais, os novas incertezas.
trabalhadores fazem sua inscrição no processo de O lançamento do edital “Mais Cultura nas
68 reconhecimento de saberes que consistirá de Universidades” proporcionou reflexões, decorrentes 68
entrevistas, dinâmicas de grupo e avaliações de da necessidade de se elaborar Planos de Cultura no
desempenho profissional, resultando em um âmbito das Instituições Federais. É inegável que a
Memorial Descritivo, um instrumento de avaliação e Rede Federal de Educação Profissional, Científica e
diagnóstico, autorizando tanto a concessão da Tecnológica, por sua capilaridade e por sua
Certificação Profissional, quanto a indicação de articulação em rede, pode ampliar enormemente a
complementação de estudos, situação na qual o circulação dos bens culturais, promovendo e
trabalhador é encaminhado para o curso de difundindo a arte e a cultura. Os Institutos podem
ANTUNES, A. A.. TEATRO NOS INSTITUTOS FEDERAIS: Ensaio

formação que for mais adequado. disponibilizar seus auditórios a apresentações,


O fato de os Institutos Federais se seminários, cursos livres, eventos que fomentem a
organizarem para proceder à certificação cultura dos municípios. Além disso, podem apoiar
profissional na área de Artes e Espetáculos artistas, abrigar grupos, enfim, podem atuar de
contribuiria para a padronização dos maneira semelhante às secretarias de cultura.
procedimentos, aperfeiçoamento dos profissionais Os valores que estão envolvidos no edital,
já existentes, estabelecimento de currículos, como exposto aqui, são muito reduzidos, sendo
definição de competências e habilidades, entre pouco representativos quando distribuídos entre os
tantos outros benefícios à área. Além de diversos campi de uma instituição. No entanto, se
promoverem a ampliação da oferta de cursos na empregados em uma ação global que esteja apoiada
área de Artes e Espetáculos, uma vez que para nos princípios que nortearam a criação desta
realizar uma certificação é preciso que a instituição fenomenal rede de educação profissional, talvez estes
mantenha o referido curso em seu catálogo. Com recursos possam ser decisivos para que os Institutos
isso, a oferta de cursos técnicos nesta área não cumpram suas funções. Não se trata de ampliar ainda
representaria qualquer desvio de foco para os mais o campo de atuação dos Institutos Federais,
Institutos Federais, uma vez que estaria coerente mas de manter o foco em sua missão também em
com as razões pelas quais estes foram criados, tanto relação à arte e à cultura.
na democratização do acesso, quanto na certificação Inovação Tecnológica, Certificação
profissional. Por fim, tal oferta contribuiria para que Profissional, Educação de Jovens e Adultos,
os sindicatos da categoria pudessem exercer suas Formação Técnica de Nível Médio, Ênfase nas
funções precípuas com maior qualidade. Licenciaturas e na Formação de Professores, estas
são apenas algumas das áreas nas quais os
DE VOLTA AO LABORATÓRIO Institutos Federais devem, preferencialmente,
atuar. Nestas áreas, há muito a ser feito. Neste
Em teatro, após o Ensaio Aberto, ouve-se a pequeno ensaio, esboçaram-se algumas ações, mas é
opinião da plateia, depois, volta-se à sala de certo que um conjunto de Planos de Cultura bem
trabalho, para avaliar os resultados antes de urdidos e uma efetiva articulação em rede podem
prosseguir na criação do espetáculo. É o momento resultar em muito mais.
de rever o que foi feito, de verificar quais os É este o convite deste ensaio: pensar arte e
próximos passos, identificar aquilo que deu errado e cultura nos Institutos Federais, sem esquecer as
que deu certo, lapidar. diretrizes que movem a EPCT, até mesmo
revisitando-as.

REFERÊNCIAS

1- Legislação Federal

-Decreto nº 19.852, de 11/04/1931. Sobre a organização da Universidade do Rio de Janeiro.

-Lei nº 452, de 5/07/1937. Organiza a Universidade do Brasil.

-Decreto nº 1.190, de 4/04/1939. Dá autorização à Faculdade Nacional de Filosofia.

-Lei nº 4024/61, de 20/12/1961. Fixa Diretrizes e Bases da Educação Nacional.


-Lei nº. 4.641, de 27/05/1965. Dispõe sobre os cursos de teatro e regulamenta as categorias profissionais
correspondentes.

-Lei nº 5.692, de 11/08/1971. Fixa Diretrizes e Bases para o Ensino de 1º. e 2º. Graus.

-Lei nº. 6.533, de 24/05/1978. Dispõe sobre a regulamentação das profissões Artistas e de técnico e Espetáculos de
Diversões.

-Lei nº 6.615, de 16/12/1978. Dispõe sobre a regulamentação da profissão de Radialista.


69 69

-Decreto nº 84.134, de 30/10/1979. Regulamenta a lei nº 6.615 de 16/12/1978.

-Decreto nº 94.447, de 16/06/1987. Altera o Decreto nº 84.134, de 30/10/1979, que regulamenta a profissão de
Radialista.

-Lei nº 9.394, de 20/12/1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.

TEATRO: criação e construção de conhecimento [online], v.2, n.3, Palmas/TO, jul/dez. 2014
-Decreto nº 5.800, de 8/06/2006. Sobre o Sistema Universidade Aberta do Brasil – UAB

-Lei nº 11.769, de 18/08/2008. Altera a lei nº 9.394, de 20/12/1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, para dispor
sobre a obrigatoriedade do ensino de música na educação básica.

-Lei nº 11.892, de 29/12/2008. Institui a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e tecnológica, cria os
Institutos Federais de Educação Ciência e Tecnologia.

-Lei nº 12.513, de 26/10/ 2011. Institui o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec); altera
as Leis no 7.998, de 11/01/1990, que regula o Programa do Seguro-Desemprego, o Abono Salarial e institui o Fundo
de Amparo ao Trabalhador (FAT), no 8.212, de 24/07/1991, que dispõe sobre a organização da Seguridade Social e
institui Plano de Custeio, n o 10.260, de 12/07/2001, que dispõe sobre o Fundo de Financiamento ao Estudante do
Ensino Superior, e no 11.129, de 30/06/2005, que institui o Programa Nacional de Inclusão de Jovens (ProJovem).

2- Projetos de Lei

- Projeto de Lei 7.032/2010. Senado Federal (Senador Saturnino de Brito).Altera os §§ 2º e 6º do art. 26 da Lei nº
9.394, de 20/12/1996, que fixa as diretrizes e bases da educação nacional, para instituir, como conteúdo obrigatório
no ensino de Artes, a música, as artes plásticas e as artes cênicas.

- Projeto de Lei 7.602/2010. Câmara Legislativa Federal (Deputado Antonio Bulhões). - Altera o art. 62 da Lei nº
9.394, de 20/12/1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para que a formação inicial de
professores seja feita de forma presencial ou a distância. (Parecer do Relator, Deputado Lelo Coimbra).

3-Publicações

- A Virada Na Formação. REVISTA EDUCAÇÃO (ISSN 1415- 5486). São Paulo: Editora Segmento, nº 172, Agosto de
2011.

- Ministério da Educação/Ministério da Cultura. Edital “Mais Cultura nas Universidades”, de 08/10/ 2014.

1
Doutor em Teatro e Educação pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO - 2006). Mestre em
Letras (Teoria e História Literária) pela Universidade Estadual de Campinas (1999). Bacharel em Artes Cênicas pela
Universidade Estadual de Campinas (1995). Bacharel em Letras pela Universidade Estadual de Campinas (2002).
Licenciado em Letras-Português pela Universidade Estadual de Campinas (2003). Licenciado em Artes pela
Universidade Claretiano (2013).

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