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No início do séc. V a.C. (entre 500 e 480) - O cartaginês Hanón relata no “O Périplo” ter chegado à costa
do Sahara. Encontrou pessoas que viviam da pastorícia. Antes do final do século VII (d.C) - O Sahara
era povoado por negros, berberescos (Sanhadja). Já nos finais do séc. VII – primeira metade do séc.
VIII surgem relatos das primeiras incursões árabes no Sahara. Em Finais da idade média os
navegadores europeus começam a explorar a costa do Sahara. No século XI realiza-se a incursão árabe
protagonizada pelos Maguil, originários do Iemen, chegados do Egipto através da Tunísia. No principio
do séc. XIII os árabes Maguil, antepassados dos Saharauis, das tribos Hassan, instalam-se no território.
Em 1291 realiza-se a expedição dos irmãos Vivaldi originários do sul de Itália que desaparecem ao sul
de Uad Nun (Rio Nun). Em 1375 surgem pela primeira vez registos dos nomes Cabo Bojador e Cabo
Juby na obra de Abraham Cresques “Atlas de Carlos V o Francês” O primeiro registo do nome Rio de
Ouro surge no mapa de Nacia de Viladestes em 1405. De 1430 a 1466 registaram-se várias tentativas
de desembarque dos portugueses, entre os quais Gil Eanes, goradas pelos habitantes.
João Fernandez inicia o comércio de ouro e escravos com os habitantes em 1446 e em 1476 Diego
Herreta instala um entreposto comercial e edifica uma Torre em Santa Cruz de Mar Pequena (Sidi Ifni,
região de Tarfaya). O estabelecimento da primeira fortaleza espanhola na costa do Sahara Ocidental
foi em 1478. O Tratado hispano-português de Tordesilhas de 1494 consagra o “direito de conquista”
dos territórios entre Bojador e Cabo Branco a Espanha. Em 1524 a feitoria de Santa Cruz de Mar
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Pequena (Sidi Ifni) é destruída pelos saharauis e em 1566 os saharauis repelem as tropas do sultão
marroquino Mulay Mohamed El Mansur, que queria passar por Saguia el-Hamra, dirigindo-se à áfrica
negra (sub-sahariana) em busca de ouro e escravos.
Uma expedição enviada pelos canários chega a Saguia el-Hamra em 1572 antes de serem expulsos
pelos saharauis. Em 1591 os saharauis impedem a segunda expedição do sultão marroquino El
Mansur que altera o seu itinerário evitando o Sahara indo a Tombuctu. Em 1636 os holandeses
substituem os portugueses na exploração da costa saharaui.
De 1860-1861 o capitão francês Vincent explora a região saharaui de Adrar Setuf e Bu el Mojdad
atravessa o Sahara do sul ao norte, ao serviço dos franceses, atravessando o rio Draa a 14 de Janeiro
de 1861.
Em 1864 o espanhol Joaquín Gatel visita o Sahara e atesta a independência das tribos saharauis.
1884 – A “Sociedade espanhola de africanistas e colonialistas” ocupa a comarca de Rio de Ouro. No dia
26 de Dezembro, um decreto real coloca a região entre Bojador e La Guera, sob a autoridade
espanhola. Emilio Bonelli estabelece entrepostos na costa saharaui, sobretudo em Villa Cisneros
(Dahkla). Espanha informa Berlim e as potências europeias do estabelecimento do protetorado
espanhol nos territórios ente Bojador e Cabo Branco.
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Cronologia
1963 – As Nações Unidas incluem o Sahara Ocidental na lista dos territórios não autónomos
14 de Novembro de 1975 - Acordo Tripartido de Madrid, pelo qual Espanha se retira do Sahara
Ocidental , o qual será dividido entre o Reino de Marrocos e a Mauritânia
1980 – Marrocos inicia a construção do muro de separação finalizando a sua construção 1987,
dividindo o território em duas partes. O muro fica conhecido como o “Muro da Vergonha”.
1984 – A Organização da Unidade Africana (OUA) admite a República Árabe Saharauí Democrática
(RASD) como membro, enquanto que Marrocos se retira deste organismo africano.
1988 – 30 de Agosto, aceitação por parte da frente Polisário e de Marrocos das propostas conjuntas da
ONU e da OUA sobre o Sahara, cujo objectivo é realizar um referendo de autodeterminação do Povo
Saharauí , sobre a base do censo espanhol de 1974. Os Saharauís deverão escolher entre a
independência ou a integração em Marrocos.
1991 – A 29 de Abril , o Conselho de Segurança das NU adopta a resolução 690, que decide a criação
da MINURSO e aprova o relatório do Secretário Geral da ONU S/22464, completando as modalidades
de aplicação do Plano de Paz. A 6 de Setembro, o general canadiano Armand Roy, Comandante da
unidade militar MINURSO, proclama cessar fogo no Sahara. A 13 de Dezembro , o embaixador
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Johannes Manz informa o Secretário Geral da ONU Javier Perez de Cuéllar, o seu desacordo com as
modificações que este projecta fazer (a propósito dos critérios de identificação de eleitores) e da
“segunda marcha” marroquina sobre o Sahara, que constitui uma infracção ao plano de Paz, demite-se
a 20 de Dezembro, em sinal de protesto.
De 1991 a 1994 - Rabat desloca 170000 pessoas do interior de Marrocos para o Sahara.
1993 – A 26 de Setembro, uma missão de investigação dos EUA dos institutos de estudos
internacionais dos partidos Democrata e Republicano recomenda ao governo dos EUA, após a sua
visita à região, que se comprometa a favor da independência do Sahara.
1994 – A 9 de Fevereiro o Parlamento Europeu pede a Marrocos que levante o estado de sitio no
Sahara e permita o acesso de observadores independentes ao território.
A 19 de Setembro, a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch intervém
diante do Conselho de Segurança da ONU para denunciar a ausência de controlo por parte deste
organismo sobre o processo de referendo.
1996 – A Amnistia Internacional denuncia, a 29 de Abril, “as graves violações dos direitos humanos”
cometidas “pelas forças de segurança marroquinas no Sahara Ocidental, apesar da presença da
MINURSO”.
1997 – A 17 de Março, é nomeado James Baker como enviado pessoal do Secretário Geral da ONU no
Sahara Ocidental.
De 14 a 16 de Setembro decorrem negociações e a assinatura dos acordos de Houston pelo Sahara
Ocidental e Marrocos.
1998 – Membros do Congresso dos EUA pedem, a 22 de Outubro, ao presidente Clinton para
reconhecer a RASD, se Marrocos não coopera com a ONU para a realização do referendo.
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potência administrativa, que os Acordos de Madrid não transmitiram nenhuma soberania aos seus
signatários, que o estatuto do Sahara Ocidental como território não-autónomo não é afectado e que
toda a exploração das riquezas naturais do território, sem o consentimento do Povo Saharauí é
contrária aos princípios de Direito Internacional.
19 de Janeiro – Koffi Annan entrega o seu relatório ao Conselho de Segurança, onde sugere as
seguintes opções:
1ª opção: As Nações Unidas tentam aplicar o plano de Paz sem o consentimento de ambas as partes;
2ª opção Revisão do acordo-base sem o consentimento das partes – o Conselho de Segurança
apresentará o documento como não-negociável.
3ª opção – Conselho de Segurança põe fim as actividades da MINURSO
2009: Em Agosto, a ONU promulga a Resolução 1871 (2009) de 30 de Abril adoptada pelo Conselho
de Segurança das Nações Unidas - onde se reafirma a necessidade de implementação das resoluções
anteriores e decide prolongar o mandato da MINURSO até 30 de Abril de 2010
2010 - Resolução 1920 (2010) de 20 de Abril de 2010 adoptada pelo Conselho de Segurança das
Nações Unidas - onde se reafirma a necessidade de implementação das resoluções anteriores e decide
prolongar o mandato da MINURSO até 30 de Abril de 2011, não é incluído o alargamento do mandato
da MINURSO aos direitos humanos.
A 9 de Outubro inicia-se o acampamento de Gdeim Izik que reúne mais de 40.000 civis saharauis a
13km de El Aaiun, no deserto, que se manifestam pelos seus direito sociais e direitos humanos. Dia 8
de Novembro, desmantelamento, assalto e destruição por parte das forças militares e militarizadas
marroquinas do acampamento da Dignidade Saharaui Gdeim Izik. Marrocos é acusado de violação dos
direitos humanos e censura aos meios de Comunicação Social.
Visita a Portugal de Amenitou Haidar (8, 9 e 10 de Novembro) que denúncia a vários órgãos de
comunicação social o desmantelamento brutal de Gdaim Izik.
Em Dezembro, a Assembleia-geral da ONU aprova uma resolução que reafirma o direito inalienável de
todos os povos à livre determinação e à independência. Marrocos e a Frente Polisário concluem sem
progressos a sua 5a ronda de negociações sobre o Sahara na ONU.
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2011 - Abril – O secretário geral das Nações Unidas Ban Ki-moon recomenda que a MINURSO inclua a
monitorização dos direitos humanos no seu mandato.
2012 - 18 de Abril – O Parlamento Europeu aprova uma resolução, com 84,04% votos a favor,
denunciando as graves violações dos direitos humanos cometidos pelo Reino de Marrocos e exigindo o
respeito pelos direitos fundamentais de associação, expressão e manifestação, a libertação dos presos
políticos, em particular os 23 presos (grupo Gdaim Izik) aguardando julgamento desde Novembro de
2010 e apela a criação de um mecanismo internacional de vigilância dos direitos humanos nos
territórios.
17 de Setembro visita do relator especial das Nações Unidas contra a tortura, Sr. Juan Méndez, foram-
lhe apresentadas mais 200 denúncias, dezenas de activistas e membros de comités de defesa dos
direitos humanos manifestaram-se pacificamente exigindo o direito a autodeterminação nas ruas de El
Aaiún. As autoridades marroquinas atacaram violentamente a manifestação.
3 de Novembro - Christopher Ross, enviado especial para o Sahara Ocidental do Secretário Geral das
Nações Unidas, terminou a visita oficial a Marrocos e ao Sahara Ocidental, seguindo para a Argélia.
5 de Dezembro o Parlamento Sueco aprovou, em sessão extraordinária, a sua decisão de reconhecer
oficialmente a RASD e uma moção que urge o governo a reconhecer a RASD. O governo sueco não
reconheceu a RASD.
2013 - 8 a 16 de Fevereiro – Julgamento do grupo de Gdaim Izik, presos políticos saharauis no
tribunal militar de Rabat. O julgamento contou com mais de 40 observadores internacionais entre os
quais duas representantes da ACOSOP de Portugal. As penas atribuídas vão de 20 anos a prisão
perpetua. Vários juristas internacionais classificam o processo Nulo de Pleno Direito.
Abril – Conselho de segurança das Nações Unidas veta a inclusão da monitorização dos direitos
humanos no mandato da Minurso. EUA votam contra apesar de dias antes terem dito que iriam votar a
favor, após essa declaração o governo marroquino cancelou manobras militares conjuntas e iniciou
um trabalho de pressão internacional com França.
4 de Maio – maiores manifestações das últimas 4 décadas nos territórios ocupados. Milhares de
manifestantes e grande repressão das autoridades marroquinas.
Deslocação e reforço de contigente militar nos territórios ocupados que passam a viver em estado de
sitio, jornalistas e repórteres de imagem são perseguidos como nunca antes.
Aprovação no Parlamento Europeu do acordo de Pescas entre a UE e o Reino de Marrocos que inclui
águas territoriais do Sahara Ocidental, uma grave violação do direito internacional.
2014 – Janeiro . violentos ataques das forças de ocupção marroquinas contra a população Saharauí
nos territórios ocupados, verificando-se dezenas de sequestros, detenções arbitrárias, feridos e
destruição de casas.
Visita oficial do enviado especial do Secretário Geral da ONU, Christopher Ross.
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26 de Junho - Conselho Federal Suíço aceita a adesão da Frente Polisario à de Convenção de Genebra
de 1949
Outubro - Cheias torrenciais que provocam emergência humanitária nos campos de refugiados
10 de Dezembro - Acórdão do Tribunal de Justiça Europeu que anula o acordo entre a UE e o Reino de
Marrocos, devido à inclusão de produtos e recursos do Sahara Ocidental.
2016 - Aumento da repressão nos territórios ocupados, detenções arbitrárias e torturas. Contingente
militar Marroquino aumenta em número.
5 de Março - RASD declara os limites exteriores da sua zona económica exclusiva (ZEE) de 200 milhas
5 e 6 de Março - visita de Secretário Geral da ONU aos campos de refugiados , provocando uma crise
entre ONU e Marrocos que leva Marrocos a expulsar o contingente Civil da MINURSO
9 de Julho - Eleito Brahim Gali para Secretário-Geral da Frente Polisário e presidente da República
Árabe Saharauí Democrática
26 de Julho - prazo de 90 dias terminou tendo apenas regressado 25 dos 73 funcionários expulsos.
27 de Julho - Tribunal supremo de Marrocos aceita recurso interposto pelo grupo de presos políticos
de Gdeim Izik e transfere o processo para o tribunal civil
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Recursos naturais
O Sahara Ocidental é um território riquíssimo em recursos naturais, tem um dos maiores depósitos de
fosfatos do mundo, um banco pesqueiro enorme, reservas de petróleo, gás, zircónio, ferro, cobre e
urânio.
Estes recursos têm sido sistemática e ilegalmente explorados e espoliados pelo Reino de Marrocos,
não havendo qualquer retorno ou beneficio para a população saharaui.
Este roubo é condenado e viola inúmeras disposições legais internacionais. As Nações Unidas
emitiram um vasto número de resoluções e convenções que definem estas actividades como ilegais. A
cumplicidade do comércio internacional permite a Marrocos espoliar e enriquecer à custa dos
recursos naturais saharauis, enquanto milhares de saharauis estão desempregados, no exílio ou a
viver nos campos de refugiados.
A União Europeia celebrou um acordo com Marrocos em 2015 que incluía os recursos e produtos
originários do Sahara Ocidental , em dezembro de 2015 o Tribunal Europeu de Justiça publica o
acórdão que invalida esse mesmo acordo por incluir recursos e produtos originários do Sahara
Ocidental, e viola a lei internacional.
Os fosfatos
A extração de cerca 2,4 milhões de toneladas, deste importante componente dos
fertilizantes para a agricultura é feita na minas de fosfatos de Bou Craa, das quais são
transportados ao longo de mais de 100 quilómetros até El Aaiún (capital do Sahara
Ocidental). É a partir de El Aaiún, que os fosfatos são transportados para vários países
do mundo. A venda dos fosfatos é uma enorme fonte de receitas para o Reino de
Marrocos. Dos quase 2000 trabalhadores da empresa Bou Craa, apenas cerca de 10%
são saharauis, os restantes são colonos marroquinos. Em 1969 os trabalhadores
existentes eram todos saharauis. Actualmente os trabalhadores saharauis ainda em funções em Bou
Craa sofrem discriminações salariais e de condições de trabalho em relação aos trabalhadores
marroquinos.
O banco Pesqueiro
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O petróleo
A carta enviada ao Conselho de Segurança a 29 de Janeiro de 2002, pelo então adjunto para os
assuntos jurídicos/legais da ONU, o Sr. Hans Corell é clara ao afirmar que "se desenvolverem mais
actividades de exploração que vão contra os interesses e desejos do povo do Sahara Ocidental, todas
essas actividades constituiriam uma violação dos princípios do direito internacional”. Ficando muito
claro que a exploração petrolífera neste território seria ilegal.
Mais uma vez o Reino de Marrocos ignora a ONU e desrespeita a lei internacional montando quatro
locais para a exploração petrolífera no Sahara Ocidental, e vai mais longe ao emitir licenças de
exploração através da empresa estatal ONHYM, das quais 3 se destinam a empresas estrangeiras.
A licença para a exploração na costa, no alto mar de Bojador, é da empresa Kosmos Energy Offshore
Morocco HC (subsidiaria da empresa Kosmos Energy Ltd, registada nas Bermudas). As licenças para a
exploração em terra são das empresas San Leon Morocco Ltd, da Irlanda, da Longreach Oil and Gas
Ventures do Reino Unido e da empresa estatal marroquina ONHYM, na bacia de Tarfaya no nordeste
do Sahara Ocidental. As empresas estatais San Leon/ONHYM em conjunto com a Longreach detêm
uma licença de exploração no território Zag, no nordeste do Sahara Ocidental onde se suspeita de
existência de depósitos de gás natural.
Em 2011 Marrocos criou mais 4 zonas de exploração petrolífera novas que até agora não foram
concedidas a nenhuma empresa.
Actividade Económica
Agricultura
Estima-se que a área de produtividade agrícola do Sahara Ocidental abrange cerca de 1 milhão de
hectares, estando já explorados mais de 500ha e foram irrigados cerca de 1400ha a 70 km de Dakhla.
Nos últimos anos milhares de colonos marroquinos têm sido levados para trabalhar nas plantações de
frutas e verduras dos territórios ocupados.
São especialmente as zonas no sul do Sahara Ocidental, nomeadamente a região de Dakhla, que desta
forma são integradas na estratégia marroquina de colonizar ainda mais este território. Os saharauis
não beneficiem deste “desenvolvimento”, nem a nível económico, nem através de postos de trabalho,
uma vez que estes são quase exclusivamente para os colonos. As águas extraídas para irrigação
provêm de profundidades de 300-600m de um extenso extrato subterrâneo de águas fosseis, não
renováveis. Os produtos são exportados para a Europa e países de Leste. Dois dos maiores produtores
são as companhias francesas Azura e Idyl que empregam mais de 10.000 trabalhadores a grande
maioria colonos marroquinos.
A areia
Toneladas das finas areias das praias do Sahara também têm sido ilegalmente exportadas para
ampliar e reforçar praias existentes ou como no caso da Ilha da Madeira para criação de praias
“artificiais”.
O Turismo
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O contraste geográfico do território (paisagem desérticas, praias, dunas, a vida nómada e sedentária
oferece grandes possibilidades de fomentar o turismo) o governo marroquino promove actualmente
iniciativas neste sector que se some à exploração ilegal dos recursos naturais.
O muro da vergonha
O muro erguido pelo Reino de Marrocos é mais uma violação do Direito Internacional, numa tentativa
desesperada de controlar o povo saharaui e impedir a sua livre circulação. O objectivo do muro é
confinar a população saharaui a viver em apenas um terço do seu território, de forma a não terem
acesso nem as explorações mineiras nem à zona litoral, ambas exploradas ilegalmente por Marrocos
com o apoio de países terceiros, nomeadamente da União Europeia.
Este muro divide e separa membros da mesma família, que são obrigados a viver eternamente
afastados.
As minas
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Apesar das inúmeras campanhas internacionais apelando ao desmantelamento das minas, e de terem
passado mais de duas décadas após o cessar-fogo, Marrocos continua a recusar fazer a desminagem do
Sahara Ocidental.
A desminagem feita nos territórios libertados está a cargo da Frente Polisário e conta com um grupo
de jovens mulheres saharauis em cooperação com organizações internacionais.
Em 1975 o ataque e a invasão por parte de Marrocos do Sahara Ocidental foi de tal ordem violento que
levou ao êxodo de milhares de saharauis na sua maioria mulheres, crianças e idosos que tentavam
fugir aos bombardeamentos com Napalm e fósforo branco.
Esta fuga em massa levou os saharauis até ao sul da Argélia, ao deserto dos desertos, único local onde
os Marroquinos não os conseguiam atingir.
Iniciou-se então a construção de 5 campos que adoptaram os nomes das 5 maiores Wilayas
(cidades/distritos) saharauis: El Aaiún, Smara, Ausserd, Dahkla e Bojador (antigo 27 de Fevereiro).
Existem ainda outros aglomerados/campos mais pequenos que albergam escolas e centros
administrativos.
Cada Wilaya é divida em Dairas (municípios) e essas por sua vez em bairros (freguesias). Os/as
governadores/as e os restantes representantes são eleitos pela população.
A população dos campos que era até há pouco tempo composta essencialmente por mulheres, crianças
e idosos, tem vindo a mudar, visto a situação se prolongar já há mais de 3 décadas. No entanto as
mulheres continuam a desempenhar um papel fundamental na administração e gestão dos campos e
todas as suas valências.
Todos os campos têm jardins de infância, escolas primárias e secundárias,
escolas de educação especial, escolas de mulheres, dispensários, hospitais,
museus, centros culturais e várias outras organizações locais que ajudam a
formar e desenvolver a população.
As famílias vivem em Jaimas (tendas) e com o passar do tempo iniciaram a construção de pequenas
habitações de adobe. Alguns dos campos já têm luz elétrica, mas recorre-se à energia solar rudimentar
na maioria dos lares. A água é fornecida em camiões cisterna que depois fazem a distribuição pelos
vários tanques de plástico que são divididos entre várias famílias. A Frente Polisario através dos
comités locais assegura a distribuição da água e dos alimentos de forma equitativa. Todas as crianças
são vacinadas.
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Estando os campos localizados num meio de um deserto inóspito onde quase nada cresce, e onde não
existe praticamente actividade comercial, os seus habitantes estão dependentes da ajuda alimentar
internacional para sobreviver.
A crise na Europa, assim como a prolongamento desta situação há mais de três décadas fez com que os
apoios têm vindo a diminuir significativamente expondo a população a graves deficiências
alimentares.
A organização exemplar dos campos é referida e elogiada a nível mundial, o facto de o governo da
RASD ter optado por este modelo de campos, que são uma réplica da sua terra natal ocupada, permite
que a população esteja preparada para regressar às suas cidades do Sahara Ocidental e assumir em
qualquer altura a administração do seu território legitimo.
Territórios libertados
Acede-se a este território através da Argélia na Estrada que liga Tindouf a Bir Moghrein e a
Mauritânia. Existe um posto de fronteira na Argélia e outro da RASD.
A diferença paisagística dos territórios libertados é quase
imediatamente notada uma vez que há árvores, colinas e riachos , mais
flora e também fauna, com um clima mais húmido e as temperaturas
mais temperadas.
Muitos dos beduínos que por aqui passam, vivem nos campos de
refugiados e apenas alguns meses por ano se dedicam à vida nómada, a
“badía ”.
Esta percurso também é feito muitas vezes para se encontrarem com familiares residentes na
Mauritânia e para conseguir melhorar um pouca a alimentação.
Existem campos definitivos em Bir Lehlu , Mheiriz , Miyek , Tifariti e Agü enit . Em Miyek, Tifariti e
Agü enit foram construídos hospitais com energia elétrica e solar e em Agüenit existe um poço com um
caudal de cerca 40 000 litros por dia.
Em Tifariti onde convergem nómadas, militares e refugiados sedentários, o governo da RASD
construiu estruturas duradouras. Aí esta instalada a sede do Conselho Nacional Saharaui .
Apenas há alguns anos a esta parte se tem vindo a analisar as possibilidades de desenvolvimento deste
território. Entre os recursos naturais existentes e por explorar pode-se contar com diamantes,
petróleo, ferro, vários minerais valiosos, areia de alta qualidade, granito, gesso, cal, água, energia solar
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(210/ 250wats por metro quadrado por dia) e energia eólica (os ventos saharauis costumam atingir
uma velocidade de 3,6 a 11metros por segundo).
Existem vários percursos interessantes como as sepulturas dos Hilaliín, e a caverna do diabo, ou o
parque arqueológico de Erqueyez, entre outros.
Esta zona é conhecida como o neolítico do deserto do Sahara, onde se podem encontrar vestígios
vários dessa época.
Já se realiza com regularidade o ARTIFARITI, um evento cultural de artes plásticas, com a participação
de artistas a nível internacional.
Este território tem muitas possibilidades mas para poderem ser devidamente desenvolvidas é
necessária não só o apoio e capacidade do ponto visto económico como a desminagem.
Territórios ocupados
Apesar da brutal ofensiva assiste-se desde 2005 a uma intifada (revolta) pacífica da população
saharaui que quase diariamente vem à rua expressar os seus anseios, exigindo a realização do
referendo de autodeterminação e o respeito pelos direitos humanos.
A livre circulação e liberdade de expressão nos territórios ocupados não existem. Quaisquer
estrangeiros que consigam entrar nos territórios ocupados são constantemente vigiados pelas
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autoridades marroquinas e muitas vezes expulsos do território. Não existe liberdade de imprensa e os
jornalistas são perseguidos.
As forças de ocupação arrombam as casas dos saharauis, destruem os seus parcos pertences,
incendeiam lojas e veículos. Os activistas e as suas famílias sofrem ataques verbais e físicos,
espancamentos, sequestros, torturas e violações e a comunidade internacional continua silenciosa.
As crianças não são poupadas aos maus-tratos e torturas por parte da ocupação marroquina, havendo
denuncias junto das Nações Unidas de casos de tortura de crianças com 4 anos.
As imagens e os relatos dos ataques sofridos, das manifestações pacíficas e da sua subsequente
repressão brutal, sucedem-se dia após dia.
A determinação e vontade do povo saharaui de reaver a sua terra, realizar o referendo e viver em paz
é inquestionável e é proclamada diariamente em cada esquina dos territórios ocupados.
Além de estabelecerem ordens que proíbem a livre circulação, o direito de associação, a utilização e
exibição da bandeira nacional saharaui, recorrem ao impedimento da liberdade de expressão e de
imprensa e intimidam de forma violenta a população e os activistas saharauis.
Existem centenas de desaparecidos, não há registos fiáveis por parte das autoridades
marroquinas e muitas das famílias que se separaram durante a guerra não sabem se os
familiares estão vivos, o que torna complicado o recenseamento de todas as situações.
Em Dezembro de 2013 foram descobertas duas valas comuns nos territórios ocupados com 8
saharauis desaparecidos há dezenas de anos. Com a ajuda de uma equipa forense
espanhola foi possível determinar a identidades dos cadáveres e ossadas.
Os procedimentos legais não são respeitados pelo reino de Marrocos, que detêm
de forma arbitrária quem quer, e recusa informar as famílias do paradeiros dos
detidos que raramente são julgados no tempo legal após a sua
detenção/sequestro. A representação legal muitas vezes só lhes é concedida
após meses ou anos de encarceramento.
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Os presos políticos são enviados para várias prisões dentro e fora dos territórios ocupados, as visitas
de familiares e amigos são raramente concedidas e as visitas por parte de associações de direitos
humanos internacionais impedidas.
Os julgamentos são particularmente cruéis, com erros processuais graves. A presença em alguns
destes julgamentos de observadores internacionais tem permitido a denuncia desta situação.
O julgamento dos 25 presos políticos saharauis do grupo de Gdeim Izik, que teve lugar num tribunal
militar foi denunciado por vários juristas como nulo de pleno direito e com violação de várias leis
nacionais e internacionais. As penas atribuídas foram de 20 anos a prisão perpetua.
Em Dezembro de 2013 o grupo de trabalho das detenções arbitrárias das Nações Unidas em visita a
Marrocos denunciou todas estas situações, e no caso dos presos de Gdeim Izik recomendou a sua
libertação ou novo julgamento.
Em Julho de 2016 o tribunal supremo marroquino transfere o processo destes presos para o tribunal
civil.
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Apesar da realização do referendo ainda não ter sido possível devido aos obstáculos e recusa continua
de Marrocos até à data, o mandato da MINURSO neste momento limita-se a :
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