no brusco, ondulante rio das mulheres, tranças, olhos apenas submergidos, pés claros que resvalam navegando na espuma.
De repente me parece que diviso tuas unhas
oblongas, fugitivas, sobrinhas de uma cerejeira, e outra vez é teu pelo que passa e me parece ver arder na água teu retrato de fogueira.
Olhei, mas nenhuma levava teu latejo,
tua luz, a greda escura que trouxeste do bosque, nenhuma teve tuas mínimas orelhas.
Tu és total e breve, de todas és uma,
e assim contigo vou percorrendo e amando um amplo Mississipi de estuário feminino.
( Pablo Neruda ) (Conferido e digitado por mim mesmo e por Rebeca dos Anjos em 27 de outubro de 2012, do livro Cem Sonetos de Amor – tradução de Carlos Nejar. Rio Grande do Sul: L & PM, 1979, p. 55)