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Julho/2011
1
Conteúdo
2.3.1 Exemplos 18
2
CAPÍTULO 5 – MODELO DA ARVORE DE LUCAS E INTRODUÇÃO AO ASSET
PRICING 41
3
Introdução
O objetivo do curso será o desenvolvimento de ferramentas básicas e modelos que nos
ajudem a compreender os ciclos econômicos. Dessa forma, apresentação do material
está divida em duas partes.
A primeira delas, que pode ser definida como nosso ponto de partida, será o estudo da
Economia Neoclássica. Esse ambiente é caracterizado pela ausência de fricções,
mercados completos e pela existência de um agente representativo (ou planejador
central) que toma decisões de forma ótima, obedecendo a determinadas condições de
factibilidade. Estudaremos o modelo neoclássico, no qual assumimos a exigência de um
agente representativo que enfrenta decisões de consumo e poupança a cada período de
tempo. Este modelo tem como base o problema de acumulação ótima de capital que é
bastante comum no estudo do crescimento econômico.
Nosso estudo terá início com uma apresentação de dados empíricos e fatos
estilizados que colocam em evidência a importância da moeda na determinação dos
ciclos econômicos, seguida pela apresentação do modelo monetário clássico e
finalmente, veremos uma introdução à estrutura básica do modelo Novo-Keynesiano
propriamente dito, no qual derivaremos a curva de Phillips novo-keynesiana.
4
Em seguida teremos uma introdução ao desenho de mecanismos de política
monetária e fiscal, veremos problemas de política econômica ótima, e por fim, veremos
política monetária em um contexto de economia aberta.
5
Parte I
6
Capítulo 1 - Ferramentas Básicas
No estudo da Economia Neoclássica, nosso objetivo será resolver o problema de um
agente representativo, que vive por infinitos períodos em um ambiente de tempo
discreto, escolhendo um fluxo de consumo e poupança a cada período de tempo. Esse
agente está sujeito a uma seqüência de restrições orçamentárias ordenadas ao longo do
tempo, que são essenciais para a sua tomada de decisão.
Em termos analíticos o problema desse agente pode ser apresentado da seguinte forma:
á
.
s.t.
. 1
(PS.1)
Em boa parte dos modelos econômicos que estudaremos ao longo do curso, os agentes
econômicos estão sujeitos a algum tipo de incerteza. Essa incerteza pode ter como
origem choques de produtividade associados ao mecanismo tecnológico usado para a
produção de bens, nos choques associados à dotação de recursos do indivíduo, em
choques exógenos que podem determinar a cada período se o indivíduo está empregado
ou não, em choques que podem definir ofertas salariais que o indivíduo recebe a cada
período de tempo, entre outras possibilidades. No caso do problema apresentado em
(PS.1), a fonte de choques estocásticos é a dotação de recursos de um agente
representativo (
).
Em geral, os problemas que serão tratados ao longo do curso assumem que tais choques
são processos estocásticos que respeitam a uma determinada Cadeia de Markov.
_______
7
processo estocástico (
poderá assumir apenas um número finito de valores. Em muitas
Em nosso curso, trabalharemos com espaços de estado de dimensão finita, isto é, o
distintos será: 5 1 , 1% , 1& … . , 1, . Cada elemento de 5 pode ser interpretado como
Nesse caso, o espaço estado de uma variável aleatória que pode assumir N valores
(
1 como um choque negativo de produtividade, (
1% como um choque neutro e
vista de uma firma produtora do bem de consumo da economia, poderíamos pensar
(
1& como um choque positivo.
#9; (
1< |(
1> , (
? 1@ , … . . , (
?A 1B #9;C(
1< D(
1> E
F>,<
Nesse caso, cada i representa uma linha da matriz, de forma que a matriz de transição
será NxN, sendo representada por:
F, L F,,
#K M N M O
F,, L F,,,
Nesse caso o espaço de estado é 5 1 , 1% , onde 1 indica que a economia segue
trajetória normal de expansão e 1% indica que a economia está em recessão. A matriz de
transição estimada foi a seguinte,
0,9 0,1
#P U
0,25 0,75
8
Nossa variável aleatória (
representa o ritmo de crescimento trimestral da economia.
Segundo resultados encontrados pelo autor para a economia americana, temos:
V(
|(
1 W 1,2%
V(
|(
1% W 0,4%
#9;( 1 a,
#9;( 1% a
]^ _ `_ M `
,%
M
#9;( 1, a,,
Definição 6 (Cadeia de Markov): Uma cadeia de markov é uma tripla que contém um
5, #, a .
espaço de estado, uma matriz de transição e um vetor de distribuição inicial, isto é,
_____
¹ Ao longo deste material, vetores serão representados por letras minúsculas em negrito.
9
,
#9; (
% 1< |(
1>
#9;C(
% 1< D(
1A E. #9;(
1A |(
1>
A
,
Onde #% >,< representa o elemento F>,< da matriz #% ##. De forma mais
geral, podemos dizer que,
#9; (
A 1< |(
1> #A >,<
a
,> #9;(
1> , d 8 / d 3 I 1, … , J
]fe ]f^ . #
]fg
]fe . # ]f^ . # %
]fg . # ]f^ . # &
]fh
.
.
]i ]i?e . # ]f^ . #
f f
.
probabilidades a
evolui de acordo com o seguinte sistema linear homogêneo de
Onde o símbolo (‘) indica transposição do vetor. Assim, a distribuição de
equações em diferenças:
]ie # f . ]i
1
1%
jk_ M `
1,
(l lm
, pode ser obtido por:
Assim, temos o primeiro momento de cada elemento do processo aleatório
10
V( W ]f^ . j
V(
W ]fi . j ]f^ . #
. j
.
teremos que 1
1> .
representa o vetor da base canônica cuja i-ésima entrada é 1 enquanto as demais são 0,
V1
|n
/> W ∑,
< #>,< . j< #. j>
,
V1
% |n
/> W
#>,< % . j< #% . j>
<
.
.
,
.
V1
A |n
/> W
#>,< A . j< #A . j>
<
a a .#
f f
#f - 1. o. a 0
:/8#f - p. o 0
11
#f . p. , 9. s 0
Note que como ∑, < F>,< 1, com 1 7 F>,< 7 0, para todo 3 I 1, … . , J,então toda
matriz de transição # possui pelo menos um autovalor unitário. Seja t um vetor nx1 que
possui 1 em todas as entradas. Então, como a matriz de transição deve somar 1 nas
linhas, é fácil ver que,
#. t 1. t, 9 #f - 1. o. t 0
Assim, vemos que toda matriz de transição possui pelo menos um autovalor unitário.
No entanto, cabe ressaltar que a matriz de transição pode possui mais do que um
autovalor unitário. Nesse caso, haverá mais do que uma distribuição estacionária. O
exemplo a seguir ilustra essa situação.
1 0 0
# K1/5 1/2 3/10O
0 0 1
O mesmo acontece se a economia entrar no estado 1& . Estados cuja matriz de transição
estados absorventes. Note que a matriz # acima possui dois estados atratores, bem
atribua probabilidade zero de mudança são conhecidos como estados atratores ou
como dois autovalores unitários. Dessa forma, podemos notar claramente que ]e
V1, 0, 0W e ]g V0, 0, 1W são distribuições estacionárias distintas associadas à #.
Além disso, mesmo que uma Cadeia de Markov tenha uma única distribuição
estacionária não é possível garantir à priori que a Cadeia convergirá para esta
distribuição para todo vetor de condição inicial.
12
Proposição 1: Seja # uma matriz estocástica, com #>,< w 0, d 3, x. Então, # possui
uma única distribuição estacionária, e o processo de Markov subjacente é
assintoticamente estacionário.
13
Capítulo 2 – Programação Dinâmica
Nosso problema básico de programação dinâmica será descrito ao longo dessa sessão. A
base do problema, em sua formulação seqüencial, é a escolha de uma seqüência de
variáveis de controle que maximizam um determinado funcional côncavo sujeito a uma
restrição de factibilidade para as variáveis de estado e uma condição de estado inicial. A
por
no início da exposição.
que é escolhido pelo agente dado o estado do ambiente econômico, será representado
á
.
,
~
(. 8.
z
,
I +y
_______
¹Estamos assumindo hipóteses simplificadoras para garantir que o problema terá solução bem definida. Informações
adicionais podem ser encontradas em Recursive Methods In Economic Dynamics, de Stokey & Lucas.
14
2.2 Formulação Recursiva
Defina a função : +y * +, que retorna o valor máximo do problema anterior para cada
estado inicial . Assim, teremos:
á
.
,
~
(. 8.
z
,
Se a função for conhecida, então a função política pode ser obtida resolvendo o
seguinte problema, para cada I +y ,
(. 8 f z,
seqüência infinita
Note que saímos de um problema complexo, no qual tínhamos que encontrar a
e passamos para um problema mais simples, no qual
encontramos uma função política e uma função valor , para cada x. Isto é,
deixamos de resolver um problema de infinitos períodos para resolver um problema de
um período para o outro. Dessa forma, o problema de acordo com a abordagem
recursiva pode ser sumarizado pela seguinte equação funcional,
Uma pergunta importante a ser feita nesse ponto é a seguinte: Sob quais condições a
solução do problema recursivo existe?
: +y * +y
15
Onde
+y é o espaço das funções reais com domínio em +y e o operador em
Se provarmos que o operador acima define uma contração, o teorema da contração nos
garante que tal operador possui um único ponto fixo. Por sua vez, para verificar se
determinado operador se constitui em uma contração, basta aplicarmos o seguinte
teorema:
Teorema 1 (Blackwell): Seja $ +y e
o espaço das funções reais limitadas com
norma sup. Seja o operador :
*
, satisfazendo,
x * ∞, sobre a equação
2. A solução é aproximada por meio de iterações da função valor, tomando o limite
16
Onde o subscrito associado à função . , . representa a derivada parcial em relação ao
respectivo argumento. Como é função de um único argumento, o sobrescrito (´)
denota a derivada em relação ao argumento.
Para obtermos uma expressão para f Vz, W, basta usarmos o fato de que
Suponha que possamos escrever f z. Logo, z C, E 0. Além disso, como
% , . f Vz, W. z% , 0, então teremos que,
f , % C, E. f . f Vz, W. z% C, E. f
C, E f . % C, E . f Vz, W. z%C, E
Logo,
Para manter a consistência com o fato de que supomos f z , teremos a seguinte
equação:
%
,
.
,
. zf
0, onde z
.
17
A – Iteração da Função Valor
3º Passo: Utilizamos T para construir uma nova função valor % k .
Avaliamos se %está suficientemente próximo de , i. e., testamos se é ponto fixo.
Em caso negativo, continuamos iterando a função valor < k < < , x 7 1 até
que o ponto fixo seja encontrado. Sob as hipóteses apresentadas anteriormente sabemos
independentemente do chute inicial , podemos garantir que < * com .
que o ponto fixo existe e é único, pois a equação de Bellman é uma contração. Assim,
Uma descrição mais detalhada do método computacional será feita mais adiante, quando
falaremos sobre discretização do espaço de estado.
Esse método consiste em chutar uma função valor e verificar se ela resolve a equação de
Bellman. Esse método é bastante subjetivo e o sucesso de sua implementação depende,
muitas vezes, do conhecimento prévio de particularidades relacionadas ao problema.
2.3.1 Exemplos
6 , a cada período precisa decidir quanto desse capital será consumido e quanto desse
Suponha um indivíduo que vive infinitos períodos, possui um estoque inicial de capital
18
fim de maximização um fluxo de utilidade descontado pelo fator intertemporal I
0,1. O problema seqüencial desse indivíduo pode ser formulado como:
á
.
(. 8.
6
| 6
, para todo 8 I 1,2,3 …
, 6
7 0
::9 6 I +
(6
e o consumo contemporâneo (
são variáveis de controle.
(. 8. 6 f | 6
, 6 7 0
Assim nosso problema passa a ser determinar o estoque de capital amanhã, com base na
estoque de capital observado hoje. Note ainda que,
19
valor em relação à variável de estado é igual a derivada parcial da função objetivo com
respeito à variável de estado, avaliado na função política. Formalmente, temos o
seguinte teorema:
Suponha agora que adotamos a seguinte forma funcional para a função utilidade e para a
função de produção:
log
e 6
q. 6
á
. log
(. 8.
6
| q. 6
, para todo 8 I 1,2,3 …
, 6
7 0
::9 6 I +
20
A equação de Bellman associada será:
(. 8. 6f | 6
, 6 7 0
(. 8. 6 f | q. 6 e , 6 7 0
(. 8. 6 f | q. 6 e , 6 7 0
VW: p V 6 f W: p
A
e
q . q.
% 6 9z ¡ . 9zq . 9z ¡ . 1 . 9z 6
1 1
6 1 - . 6 e 6 f z6 . q. 6
6 1 - ? . logVq1 - W ¡ . 9z. q ¡ log 6
1 - 1 -
21
2.4 Programação Dinâmica Estocástica
á
.
,
(. 8.
z
,
, ¢
I +y
Agora, ¢
é uma sequencia de variáveis aleatórias independentes e identicamente
distribuídas com função de distribuição #9;¢
| / £/, para todo t. O operador
denota a esperança matemática dado todo o conjunto de informação conhecido até t.
A equação de Bellman associada a esse problema será dada por:
(
que evolui ao longo do tempo de acordo com uma cadeia de Markov de m estados,
ao longo do tempo. O agente possui uma dotação de trabalho a cada período de tempo,
com matriz de transição ¥. Esse indivíduo recebe uma quantia fixa de salário w, em
todos os períodos, de forma que se a dotação em t for 1> , então sua renda de trabalho
será ¦. 1> . A cada período, o agente deve escolher quanto manter de um único ativo
,,
22
que pode assumir unicamente valores discretos no grid § ¨ % ¨ L … … … ¨
y . O ativo para uma taxa de juros fixa igual a r a cada período. O problema seqüencial
desse agente será formulado como:
á
.
(. 8.
1 .
¦. (
7 0
I §
Na prática, trataremos da função valor como uma matriz nxm, onde as linhas
representam os níveis escolhidos para o ativo e as colunas o estado da cadeia de
Markov. Além disso, o operador esperança da equação de Bellman será representado
pela matriz de transição da cadeia de Markov. Dessa forma, podemos reescrever a
equação de Bellman da seguinte forma:
Para cada 3 I 1,2, … … , . e para cada I 1,2, … … , 0, temos que cada entrada da
matriz que representa a função valor será preenchida resolvendo:
23
Capítulo 3 – Equilíbrio Geral com Mercados Completos
Nesta seção estudaremos modelos de equilíbrio geral que serão bastante uteis para a
definição de alocações ótimas de consumo intertemporal, precificação de ativos e
compartilhamento de risco. O ambiente econômico que servirá de base para o modelo
em referência é o de uma economia de trocas puras, de horizonte infinito e tempo
discreto.
Seja (
4 um processo estocástico descrito pela seguinte pela cadeia de Markov
5, P, π . Denotaremos por 1
a realização do processo estocástico em t. Denotaremos
por (
a seqüência com o histórico de realizações do processo estocástico ate a data t,
isto e, (
1
, 1
? , … . , 1 , 1 .
estocástico (
4 , que será denotada por
> (
. Por hipótese, todos os agentes
A cada período, cada agente recebe uma dotação que depende da realização do processo
conhecem (
. Os agentes vivem por infinitos períodos e escolhem um plano de
consumo ótimo que será denotado por >
> (
, que consiste de uma cesta de
consumo para cada t e cada historia possível de estados da natureza.
±C E
>
.
> (
.
> (
. ®
(
|(
² I5
f w 0 , ff ¨ 0, 3.* f ∞, 3.* f 0
∑>I³
> (
| ∑>I³
> (
, F d8 / d(
_________
1
Estas condições garantem que a solução do problema será interior
24
3.1 Estruturas de Mercado
Nessa estrutura, também conhecida como economia estática, os mercados abrem apenas
em t=0, período em que todos os negócios contingentes a todas as possíveis histórias
futuras ocorrem. Dessa forma, os agentes compram ativos em t=0, que permite a
definição de um plano de consumo contingente para os próximos períodos.
histórico (
.
Logo, a cada t os agentes negociam planos de consumo contingente para t+1 dado o
Nosso objetivo é resolver o problema de Pareto nas duas estruturas apresentadas, isto é,
encontrar o plano de consumo ótimo para na economia seqüencial e na economia
estática. No entanto, para que seja possível realizar uma avaliação qualitativa dos
resultados é útil ter um benchmark apropriado, ou seja, é interessante conhecer as
propriedades de uma alocação que seja eficiente de Pareto. Essa alocação será
encontrada resolvendo o problema de Pareto apresentado a seguir:
á
p> .
.
> (
>I³
(x/389 à:
> (
|
> (
, F d8 / d(
>I³ >I³
µ
p> .
.
> (
. ®
(
|( ¶
(
. K
> (
-
> (
O
² I5 >I³ >I³ >I³
º p> ? . ¶
(
. f
> (
. ®
(
|( F d3, d8 / d(
25
Sem perda de generalidade, tomamos os consumidores 1 e i, o que nos leva a:
p ? . ¶
(
. f C
(
E. ®
(
|(
p> ? . ¶
(
. f
> (
. ®
(
|(
p ? f C
(
E
º F d3
p> ? f
> (
p
º
> (
f » . f C
(
E¼
?
p>
> (
> (
F d8 / d(
>I³ >I³
p
º
f » . f C
(
E¼
> (
?
p>
>I³ >I³
realização de (
. Assim, temos que:
Note que o lado direito da equação acima é a dotação agregada para uma dada
½¾
½¿
podemos normalizar, ∑>I³ p> 1.
Note que o que importa para determinar o fluxo de consumo dos indivíduos é , logo
história (
. Vamos partir do pressuposto de que os mercados são completos, isto é,
Os agentes negociam no período t=0 promessas de consumo para cada t e cada possível
(
no período t=0, será dado por À
(
. A restrição orçamentária intertemporal passará
tempo e qualquer história. O preço dos ativos contingentes a uma determinada história
À
(
.
> (
|
À
(
.
> (
, F d3
² I5
² I5
26
á
.
> (
.
> (
. ®
(
|(
² I5
1x/389 à:
À
(
.
> (
|
À
(
.
> (
² I5
² I5
µ
.
> (
. ®
(
|( Á> . KÀ
(
.
> (
-
À
(
.
> (
O
² I5 >I³
º
. f
> (
. ®
(
|( Á> . À
(
do tipo À À
(
Definição 3.1 (Sistema de preços): Um sistema de preços é uma seqüência de funções
.
planos de consumo, > >I³ , sendo cada plano de consumo uma seqüência de funções do
Definição 3.2 (Alocação de Consumo): Uma alocação de consumo é uma lista de
tipo >
> (
.
formada por um sistema de preços e uma alocação de consumo, À , > >I³ , tal que
Definição 3.3 (Equilíbrio Competitivo): Um equilíbrio competitivo é uma família
(a) á
.
( ¹
¸∑
>
¿
∑² I5 À
( .
( | ∑
∑² I5 À
( .
( , para todo i
1. : ∑
>
>
(b) ∑>I³ À
(
.
> (
| ∑>I³ À
(
.
> (
, F d8 / d(
 38 C(8 E Á3
 x8 C(8 E¡ Áx
27
Note que a razão das utilidades marginais dados dois agentes quaisquer é constante.Tomando
j=1, resolveremos para i.
Á> f
º
> (
f à . C
( EÄ
?
Á
Á>
f à . f C
(
EÄ
> (
?
Á
>I³ >I³
. f
> (
. ®
(
|( Á> . À
(
1
º À ( . f C ( E
Á
º Á> f > (
. f
> (
. ®
(
|(
À
(
f > (
28
Essa equação nos dá o preço do ativo cujo valor é capaz de comprar uma unidade da
À
(
, é o preço do ativo que paga uma unidade de consumo caso tenha sido realizado
Definição 3.3 (Preço de Estado ou State Price): O preço de estado, denotado por
> ¯
. f ¯ ( . ®
( ¯ |(¯
¯ ¯
À¯ (
f C¯> ( ¯ E
Considere o ativo que paga o fluxo estocástico ¦( ¯ em ° 1. Como o preço de
média dos possíveis fluxos ponderada pela renda que o ativo paga em cada estado da
natureza. Assim, temos que:
> ¯
. f ¯ ( . ®
( ¯ |(¯
F¯¯ ( ¯
. ¦( ¯
f C¯> ( ¯ E
² Åƾ Ç5
Ou então,
> ¯
. f ¯ ( . ®
( ¯|(¯
F¯¯ ( ¯ ¯ ª . ¦( ¯ «
f C¯> ( ¯ E
29
Vamos definir as seguintes variáveis:
> ¯
. f ¯ (
.¯ ( ¯
k
f C¯> ( ¯ E
¦( ¯
ȯ k
F¯¯ ( ¯
p f
> (
f » . C
( E¼
?
p>
Á> f
> (
f à . C
( EÄ
?
Á
1
p>
Á>
problema do planejador, ¶
(
, serão iguais a À
(
, pois como vimos:
Além disso, na alocação de equilíbrio competitivo os preços sombra associados ao
. f
> (
. ®
(
|(
¶
(
, F d3, d8 / d(
p>
30
Capítulo 4 – Modelos de Ciclos Reais de Negócios
As bases para a teoria dos ciclos reais de negócios como linha de pesquisa foram
lançadas pelos trabalhos pioneiros de Kydland & Prescott (1982) e Long & Plosser
(1983). A idéia básica foi resgatar os modelos econômicos micro fundamentados, nos
quais o equilíbrio de mercado emerge a partir das decisões das famílias e das firmas,
sem a presença de moeda, elemento fundamental dos modelos keynesianos. Nesse
contexto, a economia está sempre em equilíbrio, de forma que os ciclos são uma espécie
de resposta ótima a choques estruturais.
Nos modelos de Ciclos Reais de Negócios (RBC, na sigla em inglês), a maior parte das
oscilações nas variáveis macroeconômicas agregadas é resposta a choques de
produtividade. Mesmo em modelos simples de equilíbrio geral, mudanças na
produtividade total dos fatores foram capazes de gerar dinâmica de evolução do produto
bem próxima àquela observada nos dados.
A seguir, apresentamos alguns fatos estilizados relacionados aos ciclos da economia dos
Estados Unidos, com base no trabalho de King & Rebelo (1999).
31
A produtividade do trabalho, medida em termos de homem/hora, é menos volátil
do que o produto.
A tabela a seguir traz um breve resumo das variáveis estudadas do ponto de vista da
trajetória destas em relação ao produto e da persistência de tais movimentos. A partir
dos dados apresentados é possível concluir que a maior parte das séries é pró-ciclica,
isto é, apresentam correlação contemporânea positiva em relação ao produto. Além
disso, o coeficiente de autocorrelação serial de primeira ordem é relativamente alto,
sinalizando que existe certa previsibilidade nos movimentos de curto prazo.
á
. 9z> p. 9z> k 9z p. 9z1 - É . V9z p. 9z1 - É W
,¾
4.1 0 ( ¦0 . É0
Sujeito à :
4.2 1 ¦1 . É1 (. 1
32
De (4.1) e (4.2) podemos utilizar a restrição:
¦ . É
4.3 ¦ . É
1 1
·2 ¦ 1 ¦ 1 . p.
VÉ W: - p. . 0 4.5
·É . 1 1 - É 1 - É
Note que essa é a equação de Euller para o consumo, que também pode ser escrita
1
como:
. f f .
1
Defina µ k k / Ëk
?ʾ @¾ Ì
?Ê @ ̾
33
4.1.1 Uma versão mais geral do problema das famílias
Podemos refazer a análise do problema acima com infinitos períodos, juntamente com
salário e juros real estocástico. Nesse caso, o problema do agente representativo pode
ser reescrito como:
á
. V
p. 2 1 - É
W
,Ê
(. 8.
1
.
¦
. É
4.8
7 0
¦
. f
2 f 1 - É
4.9
f
.
1 81 . f
4.10
1 81 . 2 f 1 - É81
2 f 1 - É8 . ¦8 .
Î Ï 4.11
¦81
6
. q
. É
? 4.12 com parâmetro I 0,1
6
1 - Ô. 6
o
(4.13)
Onde o parâmetro Ô ¢ 0,1 representa a taxa de depreciação do capital. Por fim, temos
a identidade básica de equilíbrio no mercado de produto, segundo a qual a oferta de
produto se iguala à demanda por total. Nesse caso, a demanda total é composta por
demanda das famílias e investimento, segundo a seguinte equação:
o
4.14
q
Õ
. q
? 4.15
Onde Õ
segue uma Cadeia de Markov 5, #, a .
34
A firma é tomadora de preços no mercado de insumos. Normalizaremos o preço do
produto para a unidade. Dessa forma, o problema de otimização da firma será dado por:
á π
1.
- ¦
. É
-
Ô . 6
A ,Ê
·π
V6
W: . 6
? . q
. É
? -
Ô
Ô . 4.16
·6
6
·π
VÉ
W: 1 - . 6
. q
. É
? . q
- ¦
0 ¦
1 - . 4.17
·É
É
á
. V
p. 2 1 - É
W
,Ê
35
4.3 Um exemplo prático
disso, vamos trabalhar com a hipótese comportamental de que a firma investe uma
fração s do produto. Isso implica que o agente consome uma fração 1-s do produto. Em
outras palavras, estamos introduzindo a seguinte equação ao modelo:
o
1.
4.19
6
6
. q
. É
? 4.21
á
. V9z
9z1 - É
W
,Ê
(. 8.
6
6
. q
. É
? 4.21
q
Õ
. q
? 4.15
Õ
é F9/119 :/ 692
f
.
1
. f
4.10 .
¸ . 1
¹
Ù¾
(4.22)
f 1
1
. 2 f 1 - É
2 - É
. ¦
.
Î Ï 4.11
¦
1 1 1
. ¦
.
Î . Ï 4.23
1 - É
1 - É
¦
Além disso,
1 1
¦
. f
2 f 1 - É
4.9 ¦
. 4.24
1 - É
36
8 8
Ô . 4.16 / ¦
1 - . 4.17
68 É8
1 - .
1 É
1 - .
É
1 -
4.25
. É
1 - É
1 - É
1 - 1.
1 - É
1 - 1
Note que a equação (4.25) nos mostra que a relação entre trabalho e lazer é constante ao
longo do tempo. Manipulando (4.25) encontramos que o nível de trabalho ofertado é
constante. Esse resultado pode ser visto como um ponto fraco do modelo, pois conforme
os fatos estilizados apresentados na sessão 4.1, vimos que a volatilidade do produto
agregado é aproximadamente igual à volatilidade do nível de emprego.
do produto agregado. Utilizando as equações 4.16 e 4.22, lembrando que Ô =1, temos:
Veremos agora a relação entre a volatilidade do investimento agregado e a volatilidade
1 1
.
Ú . . Û F9 4.19 / 4.20
?
6
1 1
.
Ú . . Û .
Ú Û
? 1 - s. yÞ 1.
? 1.
? 1 - s
1
. 1 1 - . 4.26
?
? 1 - s
Como α I 0,1 e β I 0,1, temos que s I 0,1. Por 4.19, temos IÞ s. yÞ . Assim,
o
1.
o
1 % .
o
¨
resultado pode ser obtido a partir das equações 4.16, 4.17 e 4.26. Lembrando que Ô =1,
Podemos encontrar o nível de emprego de equilíbrio de forma alternativa. Esse
segue que:
1 1 É
.
. ¦
.
Î . Ï 4.25 / 4.19
1 - É
1 - É
1 - .
6
37
1 1 - É
.
. ¦
.
Î . Ï F9 4.17
1 - É
1 - 1. É
1 - .
1.
1
1
. 1 - . .
Ú . Û
1 - É
É
1 - 1 1.
1 . 1 - . É
. 1 - .
F9 4.26
1 - É
1 - 1. 1. É
1 - É
. . 1
1 -
F9 3., É
É 4.27
1 - . 1 -
Mais uma vez, observamos que o modelo resulta em nível de emprego constante ao
longo do tempo, o que está em desacordo com o que se observa a partir de dados
empíricos. Isso ocorre, pois apesar da propensão do agente em substituir trabalho
intertemporalmente, movimentos tanto na tecnologia como no nível de capital agem no
sentido de compensar os efeitos do salário relativo ou da taxa de juros sobre a oferta de
emprego. Uma melhora na tecnologia, por exemplo, eleva o salário corrente em relação
ao salário futuro esperado, aumentando a oferta de trabalho no presente. No entanto, o
aumento da poupança corrente tende a reduzir a taxa real de juros esperado para o
futuro, o que por sua vez age no sentido de reduzir a oferta corrente de trabalho. Nesse
exemplo específico, tais movimentos se cancelam.
componente tecnológico (q
descrito por:
melhor tratabilidade do ponto de vista analítico, assumiremos a hipótese de que o
â
4.28
9z q
q z. 8 q
â
ã . q
? ä,
4.29
q
Onde z
representa a taxa de crescimento da tecnologia, q é o nível médio histórico da
tecnologia e ä,
é um distúrbio do tipo ruído branco e média zero, sem autocorrelação
serial.
9z
. 9z68 1 - . V9zq
9zÉ
W
38
Por 4.19, sabemos que 6
1.
? . Além disso, seja o total de trabalho da economia
dado por
É. J
, onde J
representa o número total de trabalhadores da economia. A
lei de movimento do número de trabalhadores é dada por 9zJ8 J 0. 8 4.30. Dessa
forma, temos:
9z
. 9z1 . 9z
? 1 - . b9zq
9zCÉE 9zJ
c
4.28/ 4.30
9z
. 9z1 . 9z
? 1 - . Cq z. 8E 1 - . qå8
1 - . V 9zCÉE J 0. 8W
9zç
. 9z1 . 9zç
? 1 - . Cq z. 8E
1 - . b 9zCÉE J 0. 8c 4.31
è
. è
? 1 - . qæ
4.32
Isolando qæ
e defasando um período, temos:
1
qæ
? è - . è
?% 4.33
1 -
?
è
. è
? 1 - . bãq . q8-1 äq,8 c
1
è
. è
? 1 - . éãq . è - . è
?% äq,8 ê
1 -
?
è
. è
? ãq . è
? - . è
?% 1 - . äq,8
è
C ãq E. è
? - . è
?% 1 - . äq,8 4.34
39
em relação aos choques reais. Essa é uma característica bastante positiva do modelo,
uma vez que o mesmo comportamento é observado nos dados empíricos.
Em geral, modelos de RBC não podem ser resolvidos de forma analítica como fizemos
no exemplo acima. Dessa forma, devem ser utilizados métodos numéricos para que o
modelo seja resolvido. Na segunda parte do curso estudaremos um software que resolve
de forma bastante simples modelos do tipo DSGE.
² Em uma tradução livre o termo seria “em forma de corcunda”. Isso quer dizer que caso a economia seja submetida a
um choque tecnológico positivo, a taxa de crescimento do produto cresce no período inicial, e decai suavemente ao
longo do tempo. O inverso ocorre no caso de um choque negativo.
40
Capítulo 5 – Modelo da Arvore de Lucas e Introdução ao Asset
Pricing
Considere uma economia que possui um único tipo de ativo durável. Existe um grande
número de indivíduos, que vivem por infinitos períodos, e possuem uma única unidade
unidade do ativo (arvore), 1 1. O ativo é idêntico para todos os indivíduos, não sofre
exógeno. Os frutos são perecíveis, isto é, não podem ser armazenados de um período
41
preferências sobre planos de consumo
, representadas pela seguinte função
de utilidade:
±
.
5.1, 9. ¢ 0,1
consumo
O problema seqüencial do consumidor representativo será escolher um plano de
, ou alternativamente um plano de poupança em termos de ativo
(arvore) 1 1
de forma a maximizar a utilidade esperada apresentada em 5.1.
Analiticamente, temos:
∞
á 0
. 8 #(. 1
8
80
(. 8. F
. 1
| F
. 1
5.2
8
, 18 7 0 5.3
::91 10 , 0
1/z/ . F9/119 :/ 692
As variáveis de estado do problema são o nível atual do ativo (arvore) 1 e o nível atual
do dividendo estocástico (fruto) . A variável de controle é o nível atual de consumo ,
1 f . Assim, o estado atual do indivíduo será dado pelo par 1, . Uma solução para esse
ou alternativamente, o nível futuro do ativo (arvore) desejado para o próximo período
problema de programação dinâmica é uma função política z: 5xï * 5, tal que para
arvore para o próximo período, isto é, 1 f z1, . O preço do ativo, F , é uma
cada estado em que se encontra o indivíduo na data atual, tenhamos o nível do ativo
42
Nesta economia não existe firmas nessa economia. Dessa forma, teremos o seguinte
conceito de equilíbrio competitivo.
Pela condição (ii), temos que 1 1 f 1. Assim, pela restrição orçamentária de fluxo,
temos:
Vemos então que no equilíbrio competitivo recursivo dessa economia, todo o dividendo
é consumido. Isso acontece, pois como todos os indivíduos dessa economia são
idênticos, todos desejam estar no mesmo lado do mercado. Dessa forma, todos acabam
retendo a quantidade que possuem do ativo arvore. Assim, no equilíbrio competitivo
recursivo dessa economia não existe comercio do ativo arvore. Nosso objetivo agora é
saber qual é a função de preços que dá suporte a esse equilíbrio com ausência de
comércio.
· 1 f , f
V1 f W : - f . F . ð ñò 0 5.5
·1 f
·1,
f . VF W 5.6
·1
43
Nosso problema agora é resolver a equação funcional (5.8), que é mais simples do que
resolver a equação de Bellman. Como nem sempre é possível encontrar uma solução
Podemos trabalhar com a equação de Euller obtida em (5.7) para encontrar a função
preço. Utilizando a condição (5.4) em (5.7) temos:
f
. F
.
f
. VF
W
Ou de forma equivalente,
f
F
.
Î . VF
WÏ 5.9
f
f C
< E f
ô
ô
F
ª
< « Î ô
F
ô Ï 5.10
f
<
f
<
(5.10) com * ∞, o que nos retorna a seguinte solução para a equação em diferenças:
Assumindo condições de limitação da função utilidade, podemos tomar o limite de
f C
< E
F
ª
< « 5.11
f
<
<
_________
¹ De acordo com a lei das expectativas iteradas, temos que:
¸
F
< ¹
F
<
44
Definição 5.2 (Ativo Contingente): Um ativo contingente negociado no presente é um
ativo que entrega uma unidade do bem de consumo (fruto) no período seguinte, caso
seja realizado um determinado estado da natureza.
Nesse caso, o preço de estado será denotado por À f , . Esse é o preço no estado do
O preço do ativo contingente é o state-price ou pricing Kernel definido no capítulo 3.
Definição 5.3 (Ativo seguro ou Ativo livre de risco): É um ativo que paga uma unidade
Suponha agora que o agente representativo de nossa economia possui uma unidade do
ativo arvore e que pode participar de um mercado de ativos contingentes a todos os
da natureza futuro f será dado por
f . Dessa forma, o problema do agente, em sua
possíveis estados da natureza. A quantidade de ativos contingentes a determinado estado
1 f zÖ 1, ,
¹Note que agora temos uma função política
f z÷ 1, ¹ para cada estado da natureza f I ï dessa forma,
______________
temos um vetor
de funções políticas associadas aos ativos contingentes. A dimensão deste vetor é igual ao número
de estados da natureza distintos.
Definição 5.4 (Equilíbrio Competitivo Recursivo): Um equilíbrio competitivo recursivo
função política para cada ativo contingente, p é função preço do ativo (arvore) e q é
função preço de cada ativo contingente, tal que:
45
(ii) Os mercados se equilibram, isto é,
generalidade, temos:
· 1 f ,
f , f
V
f W : - f . À f , . a f , 0 5.14
·
f
·1,
f 5.15
·
. f f
À f , . a f , 5.16
f
A equação (5.16) nos mostra que o preço de estado do ativo contingente depende do
fator estocástico de desconto e da probabilidade de transição. Assim, o preço do ativo
livre de risco pode ser encontrado como:
. f f . f f
F
À f ,
. a f
, Î |Ï 5.17
f f
Iï Iï
Seja ó a função payoff de um ativo que paga ó f caso ocorra o estado f . De posse
do preço de estado e da função ó, podemos precificar facilmente tal ativo a partir de:
. f f
F ø
À f , . ó f
. a f , . ó f
f
Iï Iï
. f f
Î f . ó f |Ï 5.18
Em outras palavras, temos que Fø . ó. Essa simples formula nos permite
precificar ativos com fluxos bastante gerais e complexos.
46
O modelo de determinação do retorno esperado de um ativo a partir do problema
dinâmico apresentado nas sessões anteriores é conhecido Consuption Capital-Asset
Pricing Model ou Consumption CAPM, na sigla em inglês. O coeficiente da regressão
do retorno de certo ativo sobre o crescimento do consumo é conhecido como beta do
consumo. A principal conclusão que tiramos a partir do CAPM do consumo é que o
retorno esperado de um ativo arriscado é proporcional ao seu beta do consumo.
Note que a versão original do CAPM assume que os indivíduos possuem preferências
em relação à média e a variância do retorno de seu portfólio ao invés de preferências
sobre a média e variância do consumo. Na versão original do CAPM, o coeficiente da
regressão do retorno do ativo sobre o retorno do portfólio de mercado é conhecido como
beta de mercado. A conclusão do modelo é de que o excesso de retorno esperado de um
ativo em relação ativo livre de risco é proporcional ao beta de mercado.
. f f
F Î |Ï
f
1 . f f
Î |Ï
È f
denotado por È ø f , . Dessa forma, pela equação (5.18) esse retorno deve satisfazer:
Seja o retorno bruto de um ativo arriscado contingente ao estado do próximo período
. f f ø f
1 Î . È , |Ï
f
. f f . f f ø f
Î f |Ï . È ø f , | û92 Î f . È , |Ï
È ø f , . f f ø f
1 Ú |Û û92 Î f . È , |Ï
È
È ø f , - È . f f ø f
Î |Ï -û92 Î . È , |Ï
È f
È ø f , - È
Î |Ï -û92. È ø f , | 5.19
È
47
ativo arriscado. Essa relação é normalmente escrita em termos de série de tempo,
È
f , - È
ø
conforme:
Î Ï -û92
. È
f , 5.20
ø
È
excesso de retorno do ativo que tem fluxo de renda gerado pela função payoff ó sobre o
O termo do lado esquerdo da equação (5.20) é conhecido como premio de risco, isto é, o
ý
þ 1
-
, onde r representa o
üƾ ø
ú
ü
retorno do ativo livre de risco. Note que
retorno líquido. Assim,
È
f , - È
ø
Î Ï þ
-
-
5.21
ø ø
È
-
þ -û92
. È
f , 5.22
ø ø
Assim, o prêmio de risco será elevado para um ativo que é relativamente ruim do ponto
de vista de um seguro, isto é, para um ativo que paga fluxos elevados no momento em
que o consumo é elevado e que paga retorno baixo no momento em que o consumo está
reduzido, e, portanto, em um momento em que a utilidade marginal do consumo é
elevada.
Quanto maior for a covariância entre o payoff do ativo e o consumo, o que implica em
covariância negativa e grande entre o retorno bruto do ativo e o fator estocástico de
desconto, maior será o prêmio de risco exigido para que o ativo seja demandado no
mercado. O aumento no prêmio de risco de certo ativo significa que está ocorrendo uma
queda em seu preço atual.
Por outro lado, quanto menor for a covariância entre o retorno bruto do ativo e o
consumo, o que implica em covariância positiva entre o fator estocástico de desconto e
o retorno bruto do ativo, menor será o prêmio de risco exigido pelo mercado para que o
ativo seja demandado. Nesse caso, o ativo terá comportamento semelhante ao de um
seguro, pagando retornos elevados quando o consumo está baixo. O preço corrente
desse ativo será elevado.
Seguindo o trabalho de Mehra & Prescott (1985), supomos que a função de utilidade
instantânea dos indivíduos da economia é dada por uma CRRA,
?
, 9. w 0
1-
48
Defina agora o retorno bruto do ativo i como È
k 1
> ùƾ ƾ >
ù
. Dessa forma,
usando a forma funcional CRRA, a equação de Euller apresentada em (5.9) e a
definição de retorno bruto, temos:
f
?
F
.
Î . VF
WÏ 1 .
Î
? . C1
EÏ 5.23
>
f
Defina agora z
k - 1. Substituindo em (5.23), temos:
ƾ
1 .
1 z
. C1
>
E 5.24
b,%0,0 - %,0,0c.
>
. z
Cz
,
>
E 0,0 0,0.
>
% 0,0. z
2!
,0,0.
>
% %,% 0,0. z
%
2! 2!
. 1 . z
%
Cz
,
>
E 1
>
- . z
- .
>
. z
5.25
2
1 . 1 . Cz81 E
2
1 381 - . z81 - . 381 . z81
2
1
381 - .
z81 - . ¸û92C381 , z81 E
381 .
z81 ¹
1
. . 1 . ¸Cz81 E b
Cz81 Ec ¹
2
Os termos
381 .
z81 e V 8 z
W%
são relativamente pequenos no curto prazo.
1 1
381 - 1 .
z81 . û92C381 , z81 E - . . 1 . Cz81 E 5.26
Removendo-os, encontramos a seguinte expressão:
2
-
. û92C
, z
E - . û92C
, z
E
> < > <
Assim,
-
. û92C
-
, z
E 5.27
> < > <
49
A equação (5.27) nos diz que o excesso de retorno esperado do ativo i em relação ao
ativo j é proporcional à covariância entre o excesso de retorno e a taxa de crescimento
do consumo. Suponha agora que o ativo j é o ativo livre de risco e o ativo i representa
uma carteira de ações. Assim, (5.27) pode ser reescrito como:
- . û92C
, z
E . û9C
, z
E. FC
E. Fz
5.28
> > > >
Mehra & Prescott consideraram uma amostra para a economia americana com dados
entre 1890 e 1979. Nesse período, o retorno médio da carteira composta por ações de
mercado foi de 7%, enquanto o retorno médio dos títulos públicos do governo norte
americano foi de 1%. Dessa forma o equity-premium observado foi de 6%. Ao longo
deste período, o desvio padrão do crescimento do consumo foi de 3,6%, enquanto o
desvio padrão da carteira de mercado foi de 16,7%. O coeficiente de correlação entre o
crescimento do consumo e o retorno de mercado foi de 0,40. Resolvendo a equação
(5.28) para , o coeficiente de aversão relativa ao risco, com base nos dados
apresentados, temos:
0,07 - 0,01
25
0,4. 0,036. 0,167
para 163.
no máximo 10. Estimativas realizadas com dados coletados entre 1979 e 2003 apontam
I V0,10W, I 0,1 e I 0, 0,04W . O maior equity-premium que pôde ser obtido
Em seu paper original, Mehra & Prescott experimentaram diferentes combinações para
para a calibração do modelo foi de 0,35%. Esse valor é cerca de 20 vezes inferior ao
observado nos dados empíricos.
Neste capítulo será formulado o problema da taxação ótima, também conhecido como
problema da taxação de Ramsey. O objetivo do governo como planejador central é
maximizar o bem estar das famílias sujeito ao fato de que este obtém receitas por meio
da taxação distorciva de famílias e firmas, e que tanto o lado da oferta como o lado da
demanda sem encontram em equilíbrio competitivo.
50
6.1 Economia Não-Estocástica
Mais uma vez trabalharemos com uma versão do modelo de crescimento neoclássico,
com um governo que financia seu fluxo de compras através da taxação dos ganhos
auferidos com o trabalho e com o capital. Nessa primeira abordagem o fluxo de
compras do governo segue trajetória determinística, assim como o parâmetro
tecnológico associado a função de produção.
Famílias
±,
.
,
6.1, 9. ¢ 0,1
Firmas
capital do período seguinte. O capital sofre depreciação à taxa Ô I 0,1. Dessa forma,
consumido pela firma ou poupado pela família para permitir um aumento no estoque de
z
6
£ 6
, 0
1 - Ô . 6
6.2
Governo
início do período t. Note que ainda no período t o governo pode obter recursos emitindo
51
títulos que serão pagos no início do período t+1, denotados por ;
. Dessa forma, a
restrição orçamentária do governo será:
;
z
°
A .
. 6
°
y . ¦
. 0
- ;
6.3
1
Onde
e ¦
representam o retorno do capital e a taxa de salário pelo trabalho,
determinados em mercado. O retorno bruto do capital será denotado por È
1
.
Assumimos que os ganhos do setor privado em termos de títulos são isentos de
tributação.
;
6
1 - °
y . ¦
. 0
C1 - °
A E.
. 6
1 - Ô . 6
;
6.4
1
á
.
, 1 - 0
#(. 1
,y
;
(. 8.:
6
1 - °
y . ¦
. 0
C1 - °
A E.
. 6
1 - Ô . 6
;
, 0
, 6
7 0
µ
.
, 1 - 0
. p
. 1 - °
y . ¦
. 0
C1 - °
A E.
. 6
1 - Ô . 6
;
-
;
- 6
- 6.5
È
V
W¹:
. 8 -
. p
0 8 p
6.6
V0
W : -
. y 8
. p
. 1 - °
y . ¦
0 y 8 p
. 1 - °
y . ¦
6.7
V6
W : -
. p
. p
C1 - °
A
E.
1 - Ô 0
p
. p
C1 - °
A
E.
1 - Ô 6.8
52
V;
W : -
. p
.
. p
0 p
. . p
6.9
ü ü
y 8 8. 1 - °
y . ¦
6.10
È
C1 - °
A
E.
1 - Ô 6.12
A equação (6.12) se constitui em uma condição de não arbitragem para negócios entre
capital e títulos, o que assegura que esses dois ativos apresentam a mesma taxa de
retorno.
;
%
6
%
È
1 - °
y
. ¦
. 0
C1 - °
A
E.
. 6
1 - Ô . 6
;
________
Substituindo ;
dado acima em (6.4) obtemos:
¹ O subscrito “c” embaixo de u indica derivada parcial em relação ao argumento “c”
6
% ;
%
È
È
È
. È
1 - °
y
. ¦
. 0
1 - °
y . ¦
. 0
È
C1 - °
E.
1 - Ô
A
ð ò . 6
C1 - °
A E.
. 6
1 - Ô . 6
;
53
Realizando procedimento análogo “T” vezes a partir do período inicial t=0,
ô
? ô? ô?
1 1 1 ;ô
encontramos:
» ¼ .
» ¼ . 6 ô » ¼ .
È> È> È> Èô
> > >
ô
?
1
» ¼ . 1 - °
y . ¦
. 0
È>
>
ô?
1 C1 - °
A
E.
1 - Ô
» ¼ . 6 ô . ð ò C1 - °A E. . 6
È> È
>
1 - Ô . 6 ; 6.13
ô?
1
lim » ¼ . 6 ô 0 6.14
ô* È>
>
ô?
1 ;ô
lim » ¼. 0 6.15
ô* È> Èô
>
?
1
» ¼ .
È>
>
?
1
» ¼ . 1 - °
y . ¦
. 0
bC1 - °A E. 1 - Ôc. 6 ; 6.16
È>
>
á £6
, 0
- ¦8 . 08 -
. 6
#£. 1
A ,y
que F
1, para todo t.
Estamos assumindo que o bem de consumo é o numerário dessa economia, de forma
54
Pelas condições de primeira ordem desse problema, temos:
£A 8 6.17
0
£y 8 6.18
impostos ¦å
1 - °
y ¦
.
°
A .
. 6
°
y . ¦
. 0
- ̃
. 6
¦
- ¦
å
. 0
6.19
Dessa forma, a receita tributária do governo pode ser escrita como:
£ 6
, 0
£A 8. 6
£y 8 . 0
55
Utilizando as condições de primeira ordem do problema da firma, (6.17) e (6.18), e a
relação acima em (6.19), temos:
°
A .
. 6
°
y . ¦
. 0
- ̃
. 6
¦
- ¦ å
. 0
£A 8. 6
£y 8. 0
- ̃
. 6
- ¦å
. 0
£6
, 0
- ̃
. 6
- ¦
å
. 0
6.20
;
z
°
A .
. 6
°
y . ¦
. 0
- ;
1
;
£ 6
, 0
- ̃
. 6
- ¦
å
. 0
- ;
6.21
1
Assim o problema de Ramsey, em sua formulação seqüencial, pode ser escrito como:
á
.
, 1 - 0
#(. 2
,y
;
(. 8.: z
£ 6
, 0
- ̃
. 6
- ¦
å
. 0
- ;
6.21
1
z
6
£ 6
, 0
1 - Ô . 6
6.2
y 8 8. ¦
å
6.10Â
8 . 8 1. ̃
1 - Ô 6.11Â
::91 6 e ;
, 0
, 6
7 0
¶
. V£6
, 0
1 - Ô . 6
-
- z
- 6
W
Á,
Vy 8 - 8. ¦
å
W Á%,
V 8 - . 8 1. ̃
1 - ÔW Û
56
V6
W : -
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. £A 8 1 -
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. £A 8 1
. ¶
. 1 - Ô 0
¶
. V £A 8 1 - ̃
W ¶
. V£A 8 1 1 - ÔW 6.22
Vamos supor agora que os gastos do governo ficam constantes após certo período T, e
que a solução do problema de Ramsey converge para um determinado estado
estacionário. Assim, uma versão de estado estacionário da equação (6.22) seria dada
por:
¶ . . - ̃ ¶. 1 - Ô 6.23
1 . ̃ 1 - Ô 6.24
¶ . - ̃ 0 6.25
O multiplicador de Lagrange ¶
pode ser interpretado como o valor social marginal de
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