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Cléssitos da Dcwoleqin e Relignes ee a & By ie Sehinlg “(509) 7 : “nm i -_ § Sociologia e Religiao Sueitos 8} Sociedades Esta introdugdo 2s aboriage ambigdo despertas opiSijay a BiSojoro0g relomou e desenvolveu o motivo de certa perda de i ciedades modemas. Alguns calebraram a desalienagéo, ass : 0 esfamento emocional eo ressecameto co 1980 @ de questiona atuais do religioso. Lovely An pe , a ~Duadheim | ol : UIE|IM INeg-Weer ~ J8B97-nelALa} ejelUeQ tens nme gINTRODUCAO» ‘A presente obra provém de um semindrio de pea comum & Evole des © & Ezole pratique des hautes études (segao de lado Apprecbes et concepts fondamentaucx en ions, seminsrio que os autores deram juntos des~ de 1993, alternativamente, no bulevar Raspail e na Sorbonne.’ Além dos autes études en sie “Sciences Religieus sciences sociales des ve estudantes inscritos em DEA, NO EHESS ou no EPHE, esse semindrio, que reuniu cada ano cerca de cinguenta pesso: firigiu-se igualmente a dou- torandos que preparavam tese em sociologia das religives, m0 1 pesquisadores interessados por essa apresentagao de autores, em sociologia das religiées (alguns desses doutorandos e pesquisadores vinham de outras universidades). A publicagio deste livro no marca 0 fim dessa colaboragéo durante sete anos, pois 0 seminério continuo, sob forma renovada. Mas esta publicasfio marce uma etapa. Com efeito, pa receti-nos importante difundir o fruto desse seminario para um pttblico 1¢ manifestado por esse empreendimento © 0 su- cesso que encontrou mostraram que ele correspondia a uma necessida- de, expresia no 6 por estudantes que nao tinham tido sua formnacio principal em sociologia, mas também por diplomados em sociologia: a necessidade de dispor de uma apresentacio sistemética das anzlises que 0s pais fundadores da sociologia deram a respeito do fato religioso. Se as discussdes as quais esse scminirio deu lugar contribufram para alimenter maais ample. O i > cata amo ascociamos alguns colegas qu. espeialsas de um Jos aatores tata, bara eoejado aceitaramimar uma ou doss sessbes desseserindro, Sintaa-se vivaminte agtade- ios. fizemos ao longo desses sete anos, que nenhuma introdugio jamais subs- titui 0 confronto direto com os autores, nem a leitura complera de suas obras, a ser retomada sem cessar. Por que 08 clés colocaram as bases da discipi grandes orientagées da pesq cm sociologia, delimitando espagos de questionamento que deram prova de ° sua fecundidade heuristica. Reler os class do fato x ‘em sua problemitica geral e de expor seu método. E preciso lembrar isso? sob o angulo de suz anilise ‘Todos os grandes glissicas da sociologia se confrontaram com a anélise do | religioso ¢ essa andlise ocupa frequentemente um lugar no pequeno no | é ‘Slogia como disciplina ( elt icos ___ Som a ame “Getitifica encontrou-se fortemente ligado a uma interrogacio sobi 10 do religioso nas sociedades modemas. E pelo fato de os autores da sociologia terem sido socislogos da modernidade (econémnica, politica, social, cultural) ~ por terem sido habitados pela consciéncia histérica de um | sentimento de muptura com o passado — que cles nifo podiam, ao pesquisar sone enone rir a emergéncia da socicdad¢ modetna, deuar dé encontrar pareceu importante voltar aos cléssicos. Tal retomo € mais imperativo da pelo fato de que oabalo de alguns grandes paradigmas interpretativos ase, tanto na sociclogia das religides como em outros dominios da sociologia, a reduzic a im = como o da secularizacio ~ ar 6gica para formas mais ou menos sofisticadas de esquecendo as grandes interrogagbes episternal = historica dos grandes | jpdo_fato religioso, realizada por esses autores, é também, inevitavelmente, | ssicos da sociologia. Voltar & an medir a pertinéncia de sua abordagem para analisar as muragées religiosas contemporineas. wumopueh Se 0s socibtogos das religiSes tém uma conhecida predilesdo de reto- ‘mar incansavelmente as “obras clissicas” de sua disciplina, significaria isso que 0 interesse ~ sinds que cientfico ~ pela regio caminba, necessaria~ ‘mente, em paralelo com uma propensio espontiines de se apegar ao estu- do dos textos fundadores e dos autores “sagrados”? Essa suposic&o irénica pode nio estar desprovida de todo fundamento, mas 0 essencial se encontra, ‘com evidéncia, em outro lugar. Se os soci6togos das religiées nfo podem se dispensar dessa volta cor € ts fontes, isso se deve, em primeizo lugar, (08 pais da sociol ambigdo: a de estabelecer as leis e as regularidades que regem a vida em tagbes metodolégicas ‘uma colocagao em haviam atsibuido & disciplina nascente uma grande sociedade, Todos eles se dedicaram, a partir de ori xperiéneia comum como um caos inextricavel. Tal projeto implicava — conforme o imperative formulado por Duricheim na introdugiio do Ragles dela méthode soviclogigue ‘nfo pela concepsio que dela fazem aqueles que causas profiandas, que escapam & consciéncia’ = de explicar a nela particpam, requeria, 20 mes tica das interpretagies que os atores sociais dio de seus at tempo, empreender a desmontagem «que eles vivem. Essa critica das experiéncias ¢ das expressé ¢ “ingénuas” do mundo social era, evidentemente, inseparével do achata- mento das concepgées metafisicas desse mundo, particularmente das que admitem ¢ recorrer a qual “humana na his Sobre esses dois te 6m colisdo com a religito, Ela se chocav 4 fio é um modo de constrigao social da realidade, um sistema de referéncias ao qual os atores recomem espontaneamemte, 2 fim ‘em que vive. Quanto a essa primeira questio, certa » de inicio, pelo Sociologia e Religie | do trabalho de objetivagio Q. imediatos da experiéncia na qual 0¢ fatos sociais estio enviscados. Mas a sociologia também encont _ligito enquanto ea propria é a formalizacto sibia de una explicagio do “>. - mundo social que, por mais no reconhecimento da?" “iberdade da ago humana, s6 pode con ‘mundo nos «limites que Ihe so permits pelo projet divino, O desgnio ica Ga sociologia se chocava, desse modo, de um 20 outro lado, com a ambicao Gjuc toda religizo tom de dar um sentido total ao mundo e de recapinular 2 multiplicidade infinita das experiéncias humanas. T Nesse choque entre o projeto uniicador das ¢ a visio unificadora dos sistemas religiosos, ja 36 podia era nie como um expreenimento de deseonstrusis renal das toraizn- ATU oes religiosas do mundo,jEla podia encontrar mais forte confirmagio da | _-—“Tegitimidade de i propio projeto crftico apenas na andlise do processo : pelo qual o préprio movimento d i i gressiva da influéncia do pens ey ava o desenvolvimento da inteligéncia cientifica dos proprios fenémenos religiosos. ‘Nenbum dos fiundadores da sociologia, apesar dos afastamentos e até das contradigies que suas teorias do social opoem, deixou de colocar o tema da evolugao da religito, e até de sua inevitivel decomposiclo, no centro de sua seflerto, Volar regularmente aos trabalhos deles ¢ se recolocar diane _do pasorioprojenh AE Tocologt,realementarse nas fonts de wma reflex, ica, mas passando cla propria sob © ste Hvro, como efeito, Ba algo além Ga qual € presigg reencontrar a Hive de Sopris big gd sm pra abso do projeto de oferecer 208 @StHdaiitES que se empenham no estudo sociolé- problemé- lissicas na sociologia das religises, €igualmente a de despertar seu inzéfesce pelo trabalho de reconstruct te6* rica permanente, que € 0 de saa citncia social viva, Os “pais fandadores’, | am consigo o projeto.de uma ciéncia unifica certa perda da infiuéncia da religido nas sociedatles modemas. Alguns celebraran desalienagio, _-associada a essa perda, Outros deploraram o esfriamento emocional c/a drenagem dos valores que ela acarreta consigo. Outros, ainda, meditaram ._Tongamente sobre sua possivel substituigo por uma moral comum, funda sencia, Nossa époce nos eva a salentas fortemente os limites, ) sagrado, que sua disjungio cor desapareces, © que ressucge sob outras _tiaetoria ghamada de “seclarizago” contrario, ef convida a relé-las de outro modo, institucional néo fez setomada erftica da / “que aqui foi feita? A primeira questio, parcialmente j4 respondemos, indicando que a sociologia se for- ‘mou em torno de algumas obras maiores, que tragaram verdadeiras ma tsizes de andlise ¢ de questionamento, que sio constitutivas da discipline, ‘Mas a apresentasio dessas “obras fundadoras”, entretanto, nos obrigarann impunham por si mesmas, pois € verdade io mais “clissicos" que outros: Marx e Engels, Max cevidente quanto possivel, em cada um desses cas0s, por identifica: um cox pus de textos tedricos que tratam especificamente da religiso. Resolvemos 6 dilema, setendo inicialmente dois autores que raramente séo contados no imero dos cléssicos da sociologia da religido, mas cujas obras, por outro Jado situadas & distancia no tempo, nos pareciam singularmente pertinen- tes, do ponto de vista das discussSes atuais sobre a modernidade religiosa ¢ de suas tendéncias. O primeiro € Tocqueville, cuja refiexio sobre as relagoes entre religiio, iberdade e democracia se refere de modo direto as questées contemporineas sobre a zegulagio ¢ a gestio do religioso no espago publi- co. © segundo ¢ Halbwachs, que coloca, por meio da questéo da ruptura, da pluralizaglo e das recomposigoes da meméria nas sociedades modesnas, Js as questées maiores que sio hoje as de uma sociologia das identide- des religiosas na modemidade. A selegio d encerra esta obra salienta outros crtérios. Se nos pareceu importante Gabriel Le Bras ¢ Henri Desroche nessa galeria de retratos dos “fundado~ res", nio € por sua obra fazer necessariamente parte da bagagem cultaral obrigatéria de um pesquisador que s¢ inicia. E porque o papel que um € outro desempenharam na constituisio da socologia francesa ¢ francéfone das religides € demasiadamente pouco conhecido ¢, até certo ponto, des- stores sobre 0s quis #¢ er conhecido. Apresentando-os, quisemos estabelecer set papel hist estruturagio da disciplina, fazendo descobrir duas obras demasiadamente pouco Fidas hoje © das quais pensamos que ainda abram, em diversos aspec- tos, pistas sugestivas. Ocasito de dizer que, para aquilo que se refere mais, especificamente & sociologia das religides, levamos em conte nesta obra 08 autores cléssicos do snundo anglo-saxio (como, por exemplo, Peter Berges). norte-americana, ume outra obra seria, com efeito, n¢ sicos que finalmente selecionamos so de fato recon alguns matizes de apreciago, na comunidade cientifica dos sociélogos. O igualmente nos- 8 deste Livro sos gostore interestes, proprios de pes Lieder emda INTRODUGAO Here 18 tratam sucessivamente de Karl Marx, de Aléxis de Tocqueville, de Max ‘Weber, de Georg Simmel, de Emile Durkheim, de Meurice Halbwachs, de Gabriel Le Bras e de Henri Desroche. Danitle Hervieu-Léger os capitulos consagrados a Durkheim, Halbwachs, Le Bras e Desroche, ¢ Jean-Paul Willaime 0s capitulos dedicados a Marx, Tocqueville, Weber ¢ Simmel. Se os doi , que colaboram hé oumerosos anos, assumem conjuntamente o conjunto da obra, cada um conservou seu estilo préprio suas orientagées privilegiadas de pesquisa. O apzesentou proble- pelo sobre cada autor uma exp obra, as influéncias que sobre constituiglo propria de sua npretagdes que ela thar sobre o comemaporinco, forcosamentepfileginioe 3 refletes que ‘mostram a pertinéncia de tal ou tal perspectiva para a andlise das mutagées contemporaneas do religioso. Se, de fato, nds préprios lemos e relemos o8 Danitle Hervieu-Léger ¢ Jean-Paul Willaime deka ren aca nae aa \ KARL MARX (1818-1883) E FRIEDRICH ENGELS (1820-1895) Pertinéncia e limites da andlise marxista da religiao Por que se interessar pelo manzismo do ponto de vista da sociologia das religises? Com efeito, conhecemos melhor Marx e Engels como exi- ticos filosbficos e politicos da religito (“a religiéo ¢ o épio do povo") do que como socislogos dos fatos religiosos. Se for verdade que os elementos de andlise do fato religioso que encontramos em Marx ¢ em Engels ~ em is que em Marx (estio englobados em uma cxtica de con -finto da religido, fo seri menos verdade que Marx ¢ Engels meceram, gublicado em 1956? um csi 4 Y A referéncia a uma simt igiosa qualquer nfo suprime as ans sociais dos fiéis, ainda que seja verdadeiro que, como qualquer ideal, a reli- silo pode contibuix para rlavizé-la, Emrtodacaso cabe a sosologia das religides mostrar em qué os diversos shundos seligiosos & diferenciam pro~ mE Conforme as pertinéncias sociais dos individuos. Max Weber, ‘Sar cits, porém, em uma problerndtica de luta das classes, também estd extremamente atento & diferenciago das expectativas ¢ das representagoes religiosas segundo os meios sociais (cf. capitulo seguinse). Engels ficou um pouco fascinado pela relacio que se podia fazer entre o cristianismo primitive e o movimento operirio. Em sua Contribuirae para «a bistiria do cristianisme primitivo, publicada em 1894-1895, ele escreye: a5 _—~ Sim coma.o movimentaapertio moder "e bilosophie, .TV: Politique 1, 1994. Obras sobre Marae Engels Ernst Bloch. Thomas Munzer, TBéologien de la revolution. “10/18", Pa- ris, 1964 (1921). Michéle Bertrand. Le statut de la religion chez: Marx et Engels, Editions Sociales, 1979, Jean-Yves Calvez. La pensée de Kari Mars, Sevil, Paris, 1956 (7* edigao, revista e corrigida). Hensi Destoche. Marsisme et religions. PUB, Paris, 1962. Henri Desroche. Socialismes ef sociologie religicuse. Ed. Cujas, Paris, 1965. Nguyen Ngoc Vu. Zatologie et religion a’apriés Karl Mars et F. Engels Aubier Montaigne, Paris, 1975. Charles Wackenheim. La filite de la religion daprés Karl Marx. PUR, Paris, 1963,

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