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Intercorrências na saúde

sexual e reprodutiva do homem

Carmem Regina Delziovo


Caroline Schweitzer de Oliveira
Eleonora d’Orsi
André Junqueira Xavier

UFSC 2016
Intercorrências na saúde
sexual e reprodutiva do homem

Carmem Regina Delziovo


Caroline Schweitzer de Oliveira
Eleonora d’Orsi
André Junqueira Xavier

Florianópolis
UFSC
2016
Catalogação elaborada na Fonte.

Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária responsável:

Eliane Maria Stuart Garcez – CRB 14/074

U588p Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências da Saúde. Curso de Atenção

Integral à Saúde do Homem – Modalidade a Distância.

Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homem [recurso eletrônico] /

Universidade Federal de Santa Catarina. Carmem Regina Dalziovo [et al.] (Organizado-

ras). — Florianópolis : Universidade Federal de Santa Catarina, 2016.

57 p.

Modo de acesso: www.unasus.ufsc.br

Conteúdo do módulo: Infecções sexualmente transmissíveis na população masculina.

– Disfunções e outros agravos relacionados a saúde sexual e reprodutiva. – Práticas e

cuidado no campo da sexualidade e reprodução.



ISBN: 978-85-8267-089-7
1. Saúde do homem. 2. Saúde sexual e reprodutiva. 3. Cuidados de saúde. I. UFSC.

II. Delziovo, Carmem Regina. III. Oliveira, Caroline Schweitzer de. IV. D’Orsi, Eleonora.

V. Xavier, André Junqueira. VI. Título.

CDU: 613.9
Créditos

GOVERNO FEDERAL
Ministério da Saúde
Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES)
Departamento de Gestão da Educação na Saúde (DEGES)
Coordenação Geral de Ações Estratégicas em Educação na Saúde
Secretaria de Atenção à Saúde (SAS)
Departamento de Ações Programáticas Estratégicas
Coordenação Nacional de Saúde do Homem

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA


Reitor: Luis Carlos Cancellier de Olivo
Vice-Reitora: Alacoque Lorenzini Erdmann
Pró-Reitor de Pós-Graduação: Sérgio Fernando Torres de Freitas
Pró-Reitor de Pesquisa: Sebastião Roberto Soares
Pró-Reitor de Extensão: Rogério Cid Bastos

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


Diretora: Isabela de Carlos Back
Vice-Diretor: Ricardo de Sousa Vieira

DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICA


Chefe do Departamento: Antonio Fernando Boing
Subchefe do Departamento: Fabricio Menegon
Coordenadora do Curso de Capacitação: Elza Berger Salema Coelho

EQUIPE TÉCNICA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE


COORDENAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE DO HOMEM
Francisco Norberto Moreira da Silva
Cicero Ayrton Brito Sampaio

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Créditos

Juliano Mattos Rodrigues


Michelle Leite da Silva
Renata Gomes Soares
João Calisto Lobo Ameno
Lúcia Helena Pontes de Oliveira Lambert
Kátia Maria Barreto Souto

GESTORA GERAL DO PROJETO


Elza Berger Salema Coelho

EQUIPE DE PRODUÇÃO EDITORIAL


Carolina Carvalho Bolsoni
Deise Warmling
Elza Berger Salema Coelho
Larissa Marques
Sabrina Faust

EQUIPE EXECUTIVA
Gisélida Vieira
Patrícia Castro
Rosangela Leonor Goulart
Sheila Rubia Lindner
Tcharlies Schmitz

CONSULTORIA TÉCNICA
Eduardo Schwarz

AUTORIA DO MÓDULO
Carmem Regina Delziovo
Caroline Schweitzer de Oliveira

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Créditos

Eleonora d’Orsi
André Junqueira Xavier

REVISÃO DE CONTEÚDO
Revisor interno:
Antonio Fernando Boing
Revisores externos:
Helen Barbosa dos Santos
Igor Claber

ASSESSORIA PEDAGÓGICA
Márcia Regina Luz

ASSESSORIA DE MÍDIAS
Marcelo Capillé

DESIGN INSTRUCIONAL, REVISÃO DE


LÍNGUA PORTUGUESA E ABNT
Eduard Marquardt

IDENTIDADE VISUAL E PROJETO GRÁFICO


Pedro Paulo Delpino

DIAGRAMAÇÃO
Paulo Roberto da Silva

AJUSTES, FINALIZAÇÃO E ESQUEMÁTICOS


Tarik Assis Pinto

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Apresentação do módulo

Um desafio para o serviço de saúde na Atenção Básica é conseguir ser atrativo para a po-
pulação masculina. Muitos homens pensam que cuidar da saúde é “coisa de mulher”, que
as instituições de cuidado com a saúde são espaços de mulheres (e de crianças), e que os
serviços de saúde devem ser procurados apenas quando a doença já está instalada ou em
estágio avançado. Assim, a atenção à saúde precisa, por um lado, promover o acolhimento
das necessidades dos homens em geral e, por outro, ser mais atrativa para esta população
– ou seja, não apenas responder a demandas (MEDRADO et al., 2009).

Dentre as intercorrências mais frequentes na saúde dos homens encontram-se as Infecções


Sexualmente Transmissíveis (IST), o prostatismo, a impotência, os cânceres de próstata,
testículo e pênis.

Saber como abordar estas doenças durante o atendimento nas Unidades Básicas de Saúde
pode permitir diagnósticos precoces e redução dos agravos decorrentes.

Iniciamos o módulo com as principais IST na população masculina; na continuidade, elenca-


mos as principais intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homem, as especificida-
des dos adolescentes e idosos e qual o seu papel como profissional da Atenção Básica nas
práticas do cuidado.

Vamos começar?

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Objetivos de aprendizagem e carga horária

Este módulo trata de apresentar as princi-


pais intercorrências na saúde sexual e re-
produtiva do homem e discute estratégias
de cuidado voltadas ao enfrentamento pe-
los profissionais da Atenção Básica.

Objetivos de aprendizagem para este


módulo

Ao final deste módulo o aluno deverá ser


capaz de reconhecer as principais intercor-
rências na saúde sexual e reprodutiva do
homem e o papel dos profissionais da Aten-
ção Básica nas práticas de cuidado neste
campo.

Carga horáriade estudo recomendada para


este módulo

30 horas

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Sumário

Unidade 1
Infecções Sexualmente Transmissíveis na população masculina 14
1.1 Principais Infecções Sexualmente Transmissíveis e sua
abordagem na Atenção Básica 16
1.2 Recomendação de leituras complementares 25
Unidade 2
Disfunções e outros agravos relacionados a saúde sexual e
reprodutiva 26
2.1 Ciclo de respostas aos estímulos sexuais 29
2.2 Disfunções sexuais 30
2.3 Neoplasias relacionados à saúde sexual e reprodutiva 34
2.4 Intercorrências na saúde sexual do adolescente 39
2.5 Intercorrências na saúde sexual do homem idoso 41
2.6 Recomendação de leitura complementar 43
Unidade 3
Recomendações aos profissionais da Atenção Básica 44
3.1 Recomendação de leituras complementares 48
Resumo do módulo 50
Referências 52
Sobre os autores 56

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UN1
Infecções Sexualmente Transmissíveis
na população masculina
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UN1 Infecções Sexualmente Transmissíveis
na população masculina
Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homem

O modelo hegemônico de masculinidade im- Figura 1 – Quais as especificidades de saúde da população


masculina?
põe a prática sexual como elemento funda-
mental no reconhecimento do ser homem, le-
gitimando a concepção naturalizada de uma
sexualidade masculina acentuada, instintiva,
e, por vezes, incontrolável – o que se traduz
muitas vezes em comportamentos de risco
para a saúde (PINHEIRO; COUTO, 2012).

Pesquisa realizada no país aponta que 17%


dos homens sexualmente ativos já tiveram
alguma Infecção Sexualmente Transmissível
(IST) e que 18% destes não buscou nenhum
tipo de apoio para tratamento (BRASIL, 2011a).
Fonte: Fotolia.
Neste contexto, você, como profissional de
saúde da Atenção Básica, tem importante 1.1 Principais Infecções Sexualmente
papel a desenvolver nas ações de preven- Transmissíveis e sua abordagem na
ção, diagnóstico e tratamento das IST, a fim Atenção Básica
de interromper a cadeia de transmissão e
reduzir as complicações por estas doen- Você saberia enumerar quais as uretrites
ças. A seguir, destacamos algumas infor- mais frequentes na população masculina?
mações sobre estas ações. Acompanhe o quadro a seguir.

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UN1 Infecções Sexualmente Transmissíveis
na população masculina
Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homem

Quadro 1 – Uretrites e seus agentes etiológicos mais e • A população masculina tem prevalên- pulação passou de 34,9% em 2005 para
menos frequentes.
cia maior de AIDS do que a população 44,9% em 2014 (BRASIL, 2015b).
Uretrites por agentes etiológicos: feminina.
Maior
• Neisseria gonorrhoeae
frequência • Foram registrados no Brasil 519.183 ca- Outra IST que merece atenção é a sífilis, que
• Chlamydia trachomatis
Outros agentes: sos de AIDS em homens, representando tem representado um grande problema de
• Trichomonas vaginalis
65% do total dos casos no período de saúde pública no país. Esta é uma situação
• Ureaplasma urealyticum
• Enterobactérias (nas relações anais 1980 até junho de 2015. extremamente grave, que envolve o diagnósti-
Menor insertivas) • As taxas de detecção de AIDS em homens co e tratamento de sífilis em homens e mulhe-
frequência • Mycoplasma genitalium
• Vírus do herpes simples (HSV, do in- nos últimos dez anos têm apresentado res. O não tratamento dos parceiros sexuais
glês Herpes Simplex Virus) tendência de crescimento: em 2005 a taxa é uma das causas da sífilis congênita.Dentre
• Adenovírus
foi de 24,7 casos para cada 100 mil habi- as gestantes que realizaram pré-natal e tive-
• Candida sp
tantes, passando para 27,7 em 2014, o que ram o diagnóstico de sífilis, somente 18,2%
Fonte: Do autor (2016).
representa um aumento de 10,8%. tiveram o parceiro tratado (BRASIL, 2015c).
Entre os fatores associados às uretrites es- • A maior concentração dos casos de AIDS
tão idade jovem, baixo nível socioeconômi- em homens, no período de 1980 a junho Nos últimos 10 anos, houve um progressi-
co múltiplas parcerias ou nova parceria se- de 2015, está nos indivíduos com idade vo aumento na taxa de incidência de sífilis
xual, histórico de IST e uso inconsistente de entre 25 e 39 anos. congênita: em 2004 foram notificados 1,7
preservativos (BRASIL, 2015a). • Entre os homens, a prevalência de AIDS tem casos para cada 1.000 nascidos vivos e em
predomínio nos homens heterossexuais, 2013 as notificações amentaram para 4,7
Além destas uretrites outra doença com si- mas observa-se tendência de aumento na casos para cada 1000 nascidos vivos.
tuação epidemiológica diferenciada na po- proporção de casos em homens que fazem
pulação masculina é a AIDS. Acompanhe sexo com homens nos últimos dez anos. Em gestantes não tratadas, ou tratadas ina-
os dados a seguir: • O percentual de casos de AIDS nesta po- dequadamente, a sífilis pode ser transmitida

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UN1 Infecções Sexualmente Transmissíveis
na população masculina
Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homem

para o feto com taxa de transmissão de até Outra importante IST a ser abordada na em região anogenital constituem-se um
80%. A probabilidade de infecção fetal é in- atenção a população masculina é a hepatite importante facilitador de transmissão, par-
fluenciada pelo estágio da sífilis na mãe e B. A hepatite B pode se desenvolver de duas ticularmente na população de homens que
pela duração da exposição fetal. Portanto, a formas, aguda e crônica. A aguda é quando fazem sexo com homens.
transmissão é maior quando a mulher apre- a infecção tem curta duração e a forma crô-
Figura 3 – Hepatite B: aproximadamente 10.000 novos
senta sífilis primária ou secundária durante nica é quando a doença dura mais de seis casos são detectados e notificados anualmente no Brasil
a gestação (BRASIL, 2015). meses. O risco da doença tornar-se crônica
depende da idade na qual ocorre a infecção.
Na transmissão vertical de sífilis pode ocorrer Quando a infecção inicia-se no nascimento
abortamento, natimorto ou morte perinatal em ou em menores de um ano de idade o ris-
aproximadamente 40% das crianças infecta- co de cronificação da hepatite B chega a
das. Mais de 50% destas crianças são assinto- 90%; Em adultos, o índice cai para 5% a 10%.
máticas no nascimento com a probabilidade de Apesar da progressão da cobertura vaci-
desenvolver graves sequelas (BRASIL, 2012). nal e acesso ampliado às orientações para
prevenção das IST, ainda há um crescente
Figura 2 – Nos últimos 10 anos, houve um aumento pro- número de diagnósticos de hepatite B, apro-
gressivo na taxa de incidência de sífilis congênita Fonte: Fotolia.
ximadamente 10.000 novos casos são de-
tectados e notificados anualmente no Brasil Deve-se ressaltar que a maioria das pes-
(BRASIL, 2015b). soas infectadas por uma IST é assinto-
mática e que a duração e a transmissibi-
Com relação a Hepatite C a transmissão lidade da infecção são maiores quando
sexual é pouco frequente, no entanto, a pre- menor for o acesso ao tratamento (BRASIL,
Fonte: Fotolia sença de uma IST, como lesões ulceradas 2015a).

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na população masculina
Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homem

Importante! Você, como profissional de saúde,


• corrimento uretral: nos últimos dois meses; ao serviço de saúde e ampliação do forneci-
precisa estar atento durante os seus atendimen- • úlceras: nos últimos três meses; mento de gel lubrificante (para homens que


tos para não perder a oportunidade de realizar
diagnóstico e tratamento, bem como orientar • sífilis secundária: nos últimos seis meses; fazem sexo com homens) e preservativos.
com conhecimentos técnico-científicos atua-
lizados e recursos disponíveis para que os ho-
• sífilis latente: no último ano.
mens realizem sexo seguro, prevenindo as IST. Figura 4 – Sexo seguro: a melhor forma de evitar as IST

No contexto das ações de prevenção, orien-


É importante também lembrar que o aten- tar os homens para o uso do preservativo
dimento imediato de uma IST não é apenas segue como uma das principais formas de
uma ação curativa, mas oportuniza e visa atuação. Além desta ação, que envolve a
à interrupção da cadeia de transmissão, à orientação e fornecimento de preservativo,
prevenção de outras IST e de complicações outras intervenções de prevenção são pro-
advindas destas infecções. postas e incluem ações de prevenção indivi-
dual e coletiva, com a oferta de diagnóstico
Para a interrupção da cadeia de transmissão, e tratamento para as IST assintomáticas e
é importante que você converse com o usuário o manejo de IST sintomáticas com ou sem Fonte: Fotolia.

com diagnóstico de IST sobre as suas parce- exames laboratoriais. Estas estratégias pre-
rias sexuais. Estas precisam ser informadas cisam ser incorporadas no processo de tra- Em especial para o HIV, uma forma de pre-
e orientadas para realizar exames diagnósti- balho da equipe da Atenção Básica. venção disponível é o uso de medicamentos
cos a fim de se identificar possível infecção. antirretrovirais após o contato sexual des-
Ainda como ação de prevenção individual e co- protegido com portador do HIV. Esta é uma
O período de busca das parcerias sexuais é letiva para as IST, podem ser desenvolvidas ati- estratégia denominada PEP (sigla em inglês
diferenciado, de acordo com o diagnóstico vidades de informação e educação em saúde, de profilaxia pós-exposição). Esta medida
de IST realizado no homem (BRASIL, 2015a): ampliação do acesso da população masculina consiste na prescrição dos medicamentos

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na população masculina
Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homem

em até 72 horas após o contato com o vírus seja realizado rastreamento com exames de
Manejo de IST sintomáticas com uso de fluxograma
do HIV. O tratamento dura 28 dias e o atendi- sífilis, gonorreia, clamídia, hepatites virais B e
mento é considerado de emergência. O pro- C, HIV, para pessoas que são diagnosticadas Queixa de síndrome
específi�ca
tocolo clínico se divide em quatro seções, com alguma outra IST e para populações-cha-
que correspondem às etapas de abordagem ve, dentre elas gays, homens que fazem sexo Anamnese e
exame físico
da pessoa exposta ao risco de infecção pelo com homens, profissionais do sexo, travestis,
HIV, que incluem: avaliação do risco da ex- transexuais e usuários de drogas. Identi�ficação da
síndrome
posição; esquema antirretroviral para PEP;
medidas no atendimento à pessoa exposta; Já no manejo de IST sintomáticas são pro-
Presença de
acompanhamento clínico-laboratorial. postas ações a partir de queixa de síndro- Não laboratório ? Sim

me específica com realização de anamnese


Saiba mais, consultando o Protocolo Clínico e Fluxograma Fluxograma
e exame físico, diagnóstico com ou sem la- sem laboratório com laboratório
Diretrizes Terapêuticas para Profilaxia Antir-
retroviral Pós-Exposição de Risco à Infecção boratório, tratamento etiológico ou basea-
 pelo HIV, disponível em: <http://www.aids.gov.
br/publicacao/2015/protocolo-clinico-e-dire-
do na clínica. Ainda, esta estratégia propõe Tratamento etiológico ou baseado na clínica
(para os principais agentes causadores da síndrome)
trizes-terapeuticas-para-profilaxia-antirretro- ênfase na adesão ao tratamento e no diag-
viral-pos-ex-0>.
nóstico e das parcerias sexuais (mesmo
Informação/Educação em saúde;
que assintomáticos) e a notificação das IST Oferta de preservativos e gel lubrificante;
Oferta de testes para HIV e demais IST (sífilis, hepatite B,
Uma estratégia para a interrupção da cadeia (BRASIL, 2015a). gonorreia e clamídia), quando disponíveis;
Ênfase na adesão ao tratamento;
de transmissão das ISTs é a abordagem rela- Vacinação para HBV e HPV, conforme estabelecido;
cionada a diagnóstico precoce das ISTs dos O manejo de IST sintomáticas com uso de flu- Oferta de profilaxia pós-exposição para o HIV, quando indicado;
Oferta de profilaxia pós-exposição às IST em violência sexual;
casos assintomáticos. Neste sentido a ação xograma, com e sem a utilização de testes la- Notificação do caso, conforme estabelecido;
Comunicação, diagnóstico e tratamento das parcerias sexuais
visa a ampliação da oferta de diagnóstico e boratoriais, é apresentado no esquemático ao (mesmo que assintomáticas).

tratamento. O Ministério da Saúde propõe que lado.

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na população masculina
Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homem

As ações clínicas complementares têm tanta É importante lembrar que a notificação das valência destas doenças, a fim de subsidiar
importância quanto o diagnóstico e o trata- ISTs é compulsória para a vigilância epide- o planejamento das ações de controle.
mento adequado. Na sequência, o quadro 2 miológica. Esta estratégia precisa ser con-
apresenta as principais manifestações clínicas solidada e expandida com o objetivo de Os profissionais de saúde precisam estar
das IST e os respectivos agentes etiológicos. conhecer a magnitude e a tendência da pre- preparados para implementar estratégias
de prevenção e de intervenção terapêutica
Quadro 2 – Manifestações clínicas das IST e os respectivos agentes etiológicos. imediata. Para tanto, faz-se necessária a
disponibilização de insumos para diagnós-
Agente etiológico Infecção
Chlamydia trachomatis LGV tico e tratamento.
Haemophilus ducrey Cancroide
Úlcera
Herpes simplex vírus Herpes genital*
anogenital
Klebsiela granulomatis Donovanose
Uma estratégia importante para o diagnós-
Treponema pallidum Sífilis tico precoce das ISTs é a disponibilização
Candida spp. Candidíase vulvovaginal** de testes rápidos para sífilis, HIV, Hepatite B
Chlamydia trachomatis Infecção por Clamídia
Corrimento e C nas Unidades Básicas de Saúde. Os kits
Neisseria gonorrhoeae Gonorreia
uretral/vaginal
Trichomonas vaginalis Tricomoníase para estes exames são distribuídos pelo
Múltiplos agentes Vaginose bacteriana** Ministério da Saúde para os municípios por
Chlamydia trachomatis
Endometrite, anexite, salpingite, meio dos estados. Esta nova tecnologia se
Neisseria gonorrhoeae
miometrite, ooforite, parame-
DIP Bactérias facultativas anaeróbias (ex: Gardnerella vaginalis, caracteriza pela execução, leitura e interpre-
trite, pelviperitonite, abscesso
Haemophilus influenza, Streptococcus agalactiae) tação dos resultados feitos em, no máximo,
tubo ovariano
Outros microrganismos
30 minutos.
Verruga anogenital HPV Condiloma acuminado*

* Não são infecções curáveis, porém tratáveis


** São infecções endógenas do trato reprodutivo, que causam corrimento vaginal, não sendo consideradas IST Os testes rápidos para sífilis fazem parte
Fonte: DDAHV/SVS/MS. das estratégias do Ministério da Saúde para

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na população masculina
Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homem

ampliar a cobertura diagnóstica desse agra- No caso do teste rápido de HIV o diagnósti- profissionais nas UBS podem chamar a
vo e consistem em testes treponêmicos que co é definido pela sua realização. atenção dos homens para a realização dos
possibilitam a determinação visual qualita- testes rápidos para sífilis, HIV e Hepatite
Você pode acessar mais informações sobre os
tiva da presença de anticorpos IgG e IgM testes rápidos para diagnóstico de sífilis, HIV, B e C.
do Treponema pallidum em amostras de  Hepatites B e C acessando: <http://www.aids.
gov.br/pagina/testes_rapidos>.
sangue total coletadas a partir de punção A organização do processo de trabalho na
digital. Os testes rápidos para sífilis, assim É importante conhecer no seu município Atenção Básica deve ser estruturado para
como os testes rápidos para as Hepatites B como se dá o acesso aos testes rápidos possibilitar o acolhimento, o diagnóstico
e C são exames de triagem sorológica, ou e também aos exames complementares precoce, a assistência e, quando necessá-
seja, há necessidade de exames laborato- para diagnóstico para que possa orientar e rio, o encaminhamento das pessoas diag-
riais complementares para o diagnóstico. acompanhar os homens para Hepatite B, C nosticadas com IST às unidades de referên-
e HIV no acesso ao tratamento. cia para atendimento especializado.
A história clínica e epidemiológica do paciente
deve ser considerada, e a partir disto o pacien- Tanto no diagnóstico como no tratamento A atenção integral a esse grupo de agravos
te pode ser tratado, sendo que o problema é um destaque importante a ser dado é com a necessita não apenas da implementação de
retardar o tratamento. garantia da confidencialidade e da ausência ações básicas de prevenção e assistência,
de discriminação que deverá ser discutido mas também do fortalecimento da integra-
Você pode conhecer os fluxogramas para na equipe a fim de organizar os seus pro- ção entre os diferentes níveis de atenção à
diagnósticos e ainda o tratamento da Sífilis, cessos de trabalho neste sentido. saúde existentes no município ou região.
no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas
para Atenção Integral às Pessoas com Infec- As atividades informativo-educativas de- Desta forma, o diagnóstico das IST e tra-
ções Sexualmente Transmissíveis, que está senvolvidas pelos Agentes Comunitários tamento deve ser na Atenção Básica. A
nas leituras complementares desta unidade. de Saúde (ACS) nos domicílios e pelos Sífilis tanto em gestante como na popula-

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na população masculina
Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homem

ção deve ser tratada na AB. Porém, é im- fazer o encaminhamento aos serviços es- estejam sendo atendidos em serviços de
portante que você pro­cure conhecer se no pecializados disponíveis no SUS (BRASIL, referência.
seu município exis­te referência pelo SUS 2006).
para suporte no tratamento de IST. Os ca- É bom lembrar que a infecção pelo HIV tem
sos de hepatites B e C em gestantes po- Lembre-se que você como profissional da um acometimento sistêmico, sendo neces-
dem ser encaminhados para o serviço de Atenção Básica tem a responsabilidade sário, estar atento a sinais clínicos comu-
atenção a gestante de alto risco. Além de de acompanhar os usuários residentes em mente associados à doença, conforme a
encaminhar para infectologista ou hepato- seu território adscrito mesmo que estes figura abaixo.
logista se for o caso de hepatite crônica e
infectologista se diagnosticado HIV. Sinais clínicos comumente associados à presença do HIV

Alterações
Para conhecer sobre diagnóstico e manejo da neurocognitivos e focais Candidíase
infecção pelo HIV em adultos, você pode aces-
Adenopatia de
sar o Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas Dermatite cabeça e pescoço
seborreica Leucoplastia

 para manejo da infecção pelo HIV em adultos


no endereço <http://www.aids.gov.br/pcdt>.
Neste mesmo endereço, você poderá acessar
Hepatomegalia
ou esplenomegalia
Adenopatia axilares
e supratrocleares
pilosa

aplicativos para celular Android e modelos de Molusco Corrimento


folders para prevenção das IST. contagioso Verruga

Adenopatias
inguinais
Pessoas com sintomas sugestivos de infec-
Psoríase
ção pelo HIV chegarão às UBS para esclare-
cimento de seu quadro clínico. As equipes
 Foliculite Úlcera

Ictíose
de saúde devem estar estruturadas para
responder a essa demanda, diagnosticando Sarcoma de Kaposi Micose de pés
e unhas Fonte: Brasil (2015d).
ao primeiro contato, e quando necessário

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UN1 Infecções Sexualmente Transmissíveis
na população masculina
Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homem

É importante lembrar, ainda, que no caso da tério da Saúde por meio da Comissão Nacio- ponível nas leituras complementares desta
Hepatite B, a vacina está disponível na rede nal de Incorporação de Tecnologias no SUS Unidade.
pública. A vacinação para Hepatite B inclui (CONITEC) publicou em 2015 o Protocolo
três doses administradas com intervalo de Clínico e Diretrizes Terapêuticas Infecções Na Unidade 2, destacamos outras disfun-
um mês entre a primeira e a segunda dose Sexualmente Transmissíveis onde as con- ções e agravos relacionados à saúde se-
e de seis meses entre a primeira e a terceira dutas de diagnóstico e tratamento destas xual e reprodutiva do homem, com alguns
dose, constando no calendário de vacina- patologias estão detalhadas. Você pode co- subsídios para a sua atuação na Atenção
ção desde o nascimento. A partir de 2016 a nhecer este protocolo acessando o link dis- Básica.
vacinação contra Hepatite B está disponível
nas unidades de saúde para toda a popula- Como profissional de saúde da Atenção Básica na atenção integral à saúde do
ção, independente da idade. homem com IST, está sob sua responsabilidade:

ÝÝ Garantir o acolhimento e realizar atividades de informação ou educação em saúde.


Estas ações têm como objetivo a interrup- ÝÝ Realizar consulta emergencial no caso de úlceras, verrugas e corrimentos uretrais.

ção da cadeia de transmissão das IST e, ÝÝ Realizar testagem rápida ou coleta de sangue ou solicitação de exames para sífilis, HIV, hepati-
te B e C, nos casos de úlceras, corrimentos e verrugas nos órgãos genitais.
resultando assim, na redução dos casos e
ÝÝ Realizar tratamento das IST.
de suas complicações. ÝÝ Prevenir a sífilis congênita e a transmissão vertical do HIV incluindo nas ações o diagnóstico
e tratamento dos parceiros sexuais.
Outras IST precisam ser lembradas na aten- ÝÝ Notificar as IST para a vigilância epidemiológica de seu município.

ção a população masculina, entre elas a ÝÝ Comunicar todas as parcerias sexuais para tratamento.
ÝÝ Referir os casos de IST complicadas ou não resolvidos para unidades que disponham de espe-
donovanose, o cancroide, o linfogranuloma
cialistas, como por exemplo os homens com HIV, Hepatites B (BRASIL, 2015a).
venéreo e as verrugas anogenitais. O Minis-

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UN1 Infecções Sexualmente Transmissíveis
na população masculina
Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homem

1.2 Recomendação de leituras


complementares

Para saber mais sobre as ações que podem


ser realizadas para diagnóstico e tratamento
das IST, poderá acessar o Protocolo Clínico
e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Inte-
gral às Pessoas com Infecções Sexualmente
Transmissíveis, publicado em 2015 pelo Mi-
nistério da Saúde, disponível em: <http://www.
aids.gov.br/sites/default/files/anexos/publi-
cacao/2015/58357/pcdt_ist_01_2016_web_
 pdf_99415.pdf>.

Para maiores informações sobre o Protocolo


Clínico e Diretrizes Terapêuticas para mane-
jo da infecção pelo HIV em adultos, acesse:
<http://www.aids.gov.br/sites/default/files/
anexos/publicacao/2013/55308/protocolofi-
nal_31_7_2015_pdf_31327.pdf>.

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UN2
Disfunções e outros agravos relacionados
à saúde sexual e reprodutiva
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UN2 Disfunções e outros agravos relacionados
à saúde sexual e reprodutiva
Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homem

A Organização Mundial de Saúde (OMS) de- à saúde sexual dos usuários. Trata-se de
fine saúde sexual como um estado físico, uma questão que levanta polêmicas, na
emocional, mental e social de bem-estar medida em que a compreensão da sexua-
em relação à sexualidade; não é meramente lidade está bastante marcada por precon-
ausência de doenças, disfunções ou debi- ceitos e tabus.
lidades. A saúde sexual requer abordagem
positiva e respeitosa da sexualidade, das re- Figura 5 – A saúde sexual contribui para o bem-estar

lações sexuais, tanto quanto a possibilidade


de ter experiências prazerosas e sexo seguro,
livre de coerção, discriminação e violência.

Para se alcançar e manter a saúde sexual, os


direitos sexuais de todas as pessoas devem
ser respeitados e protegidos (BRASIL, 2010).
Fonte: Fotolia.
A saúde sexual é um tema importante a
ser incorporado às ações desenvolvidas na Você, como profissional de saúde da Aten-
Atenção Básica, com a finalidade de con- ção Básica, tem um papel fundamental na
tribuir para uma melhor qualidade de vida promoção da saúde sexual, da saúde repro-
e de saúde das pessoas. Os profissionais dutiva e na identificação das dificuldades e
de saúde, em geral, sentem dificuldades disfunções sexuais, tendo em vista a sua
ou mesmo desconforto para abordar os atuação mais próxima das pessoas em seu
aspectos relacionados à sexualidade ou contexto familiar e social.

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UN2 Disfunções e outros agravos relacionados
à saúde sexual e reprodutiva
Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homem

2.1 Ciclo de respostas aos estímulos tasias) ou físicos (tato, olfato, gustação, transitória, dependendo de diversos fatores
sexuais audição e visão) podem levar à excitação. circunstanciais de ordem biológica, psicoló-
Junto com sensações de prazer, surgem al- gica ou sociocultural.
Inicialmente é importante relembrar que o terações corporais que são representadas
Figura 6 – Diversos fatores de ordem biológica, psicológica
ciclo das respostas aos estímulos sexuais, basicamente, no homem, pela ereção. ou sociocultural interferem na saúde sexual
definido como uma resposta sexual saudá- • Fase de orgasmo: é o clímax de prazer se-
vel, é composto por um conjunto de quatro xual, que ocorre após uma fase de cres-
etapas sucessivas: cente excitação. No homem, com o prazer,
• Fase de desejo sexual: é vivido pela pes- ocorre a sensação de não conseguir mais
soa como sensações específicas que a segurar a ejaculação e, então, ela ocorre.
fazem procurar ou ser receptiva à expe- • Fase de resolução: é um período em que
riência sexual. As fontes que estimulam o organismo retorna às condições físicas
o desejo sexual variam de pessoa para e emocionais usuais, considerando que,
pessoa. Muitos fatores influenciam ne- nas fases anteriores, a respiração, a circu-
gativamente no desejo sexual, tal como lação periférica, os batimentos cardíacos,
Fonte: Fotolia.
estar doente, deprimido, ansioso, achar a pressão arterial, a sudorese, entre outras
que sexo é errado, estar com raiva do manifestações do organismo, tenderiam a No entanto, quando as dificuldades sexu-
parceiro, sentir-se explorado de alguma se pronunciar (BRASIL, 2010). ais se tornam persistentes e recorrentes a
forma pelo outro, ter medo do envolvi- ponto de causar sofrimento, estas devem
mento afetivo, entre outros. Deixar de vivenciar alguma dessas fases, ser investigadas com atenção, para que se
• Fase de excitação: é a preparação para o numa atividade sexual, não necessariamen- possa identificar se a situação correspon-
ato sexual, desencadeada pelo desejo. Es- te significa que a pessoa está com algum de ou não a um quadro de disfunção sexual
tímulos psicológicos (pensamentos e fan- problema. Pode se tratar de uma situação (BRASIL, 2010).

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UN2 Disfunções e outros agravos relacionados
à saúde sexual e reprodutiva
Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homem

2.2 Disfunções sexuais É importante fazer distinção entre disfun- Figura 7 – Drogas e remédios podem causar disfunção
sexual
ção primária (ao longo da vida) e secundá-
As disfunções sexuais são problemas que ria (adquirida), bem como entre disfunção
ocorrem em uma ou mais das fases do ciclo generalizada, presente com qualquer parce-
de resposta sexual, por falta, excesso, des- ria, e situacional, presente em determinadas
conforto ou dor na expressão e no desen- circunstâncias ou parcerias (BRASIL, 2010).
volvimento dessas fases, manifestando-se
de forma persistente ou recorrente (BRASIL, O Manual de Diagnóstico e Estatística dos
2010). Transtornos Mentais 5.ª edição (DSM V),
publicado em 2013 ressalta que para evitar
As disfunções sexuais muitas vezes deixam o risco de superestimar as incidências des- Fonte: Fotolia.

de ser diagnosticadas porque a pessoa não sas disfunções, requer que esta se mante-
apresenta a queixa ou porque o profissional nha com uma duração mínima de seis me- Veja a seguir alguns fatores relacionados
de saúde não aborda a questão, seja por ses reforçando a não medicalização destas às disfunções sexuais:
sentir dificuldade em realizar essa aborda- disfunções sem o devido acompanhamento • Aspectos psicológicos: tabus sobre a
gem, seja por não se sentir suficientemente integral em saúde. própria sexualidade, tais como associa-
preparado. ções de sexo com pecado, desobediên-
A maioria dos casos de disfunção sexual está cia ou com punições; baixa autoestima;
relacionada a problemas psicológicos ou pro- fobias relacionadas ao ato sexual; não
Importante! O diagnóstico das disfunções
sexuais é tão importante quanto a identifi- blemas no relacionamento. Mas podem tam- aceitação da própria orientação sexual,


cação de qualquer outro agravo à saúde, e de
suma relevância, uma vez que elas interferem bém ser resultado de problemas orgânicos entre outros.
na qualidade de vida das pessoas (BRASIL, ou uso de certas substâncias, como drogas, • Dificuldades nos relacionamentos: bri-
2010).
remédios ou exposição a toxinas. gas, desentendimentos quanto ao que

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Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homem

cada um espera do relacionamento; falta CLASSIFICAÇÃO DAS DISFUNÇÕES SEXUAIS


de intimidade; dificuldades de comuni- segundo a Associação Psiquiátrica Americana

cação entre os parceiros. ÝÝ Desejo sexual hipoativo: diminuição, ausência ou perda do desejo de ter atividade sexual. A falta ou dimi-
nuição do desejo sexual constitui-se um problema quando interfere na vivência da sexualidade pela pes-
• Questões decorrentes de traumas: devi- soa. Não pode ser caracterizada como disfunção quando ocorre em virtude de problemas circunstanciais
do a violências. (momentos de tristeza, luto, estresse, entre outros) ou, ainda, quando se manifesta eventualmente, sem um
motivo específico.
• Condição geral de saúde: presença de
ÝÝ Aversão sexual: aversão e esquiva ativa do contato sexual com um parceiro, envolvendo fortes sentimen-
disfunção sexual decorrente dos efeitos tos negativos suficientes para evitar a atividade sexual.
diretos de uma doença, tais como de- ÝÝ Falha na fase de excitação sexual ou falha de resposta genital: ocorre quando há incapacidade per-
pressão, ansiedade, doenças crônico- sistente ou recorrente de adquirir ou manter uma resposta de excitação sexual, com lubrificação-tur-
gescência vaginal ou dificuldade de ter ou manter uma ereção adequada (conhecida como disfunção
degenerativas, entre outras. erétil) até a conclusão da atividade sexual.
• Efeitos diretos de uma substância: medi-
camentos, alguns anti-hipertensivos, al- de São Paulo, com 10 mil pessoas, em 19 ci- A disfunção erétil ou impotência sexual é
guns antiarrítmicos, alguns psicotrópicos, dades, aponta que a falta de ereção é um dos a incapacidade recorrente e persistente de
anabolizantes, álcool e outras drogas, ex- quatro grandes temores do homem brasilei- obter ou manter uma ereção peniana em
posição a toxinas, entre outros. Geralmen- ro. Os outros três são perda da libido, adoecer 50% das tentativas do ato sexual de forma
te, ocorre dentro de um período de intoxi- e a queda do poder aquisitivo (VINHAL, 2008). satisfatória devido à disfunção psicológi-
cação significativa ou abstinência de uma Esses temores, de certa forma, se ancoram ca ou orgânica. O grau de disfunção eré-
substância. no modelo hegemônico de masculinidade, til pode variar de uma redução parcial da
onde o principal eixo é a dominação. Assim, rigidez peniana, de uma incapacidade de
O homem pode concentrar a sua preocupa- não ter ereção, não ter libido, adoecer e per- manter a ereção, até a falta completa de
ção de falhar na hora “h”, ficando passível de der o status de provedor são “problemas” que ereção. É importante ressaltar que essa
experimentar algum grau de dificuldade de comprometem as marcas identitárias do ser definição se limita à capacidade erétil do
ereção. Pesquisa realizada pela Universidade homem (NASCIMENTO & GOMES, 2008). pênis e não inclui os problemas de libido,

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Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homem

distúrbios da ejaculação ou do orgasmo das expressões centrais da masculinidade Outras disfunções sexuais são:
(ANVISA, 2012). (GOMES et al., 2008). Um estudo realizado • Ejaculação precoce: a ejaculação pode
em 380 cidades do Brasil avaliou 71.503 ocorrer logo que o homem tem pensa-
Figura 8 – A falta de ereção é um dos quatro grandes homens, com idade média de 49,8 anos mentos eróticos e ereção, sem penetra-
temores do homem brasileiro
(desvio padrão de 13,8), e encontrou pre- ção, ou, ainda, logo após a penetração, o
valência de 53,5% de algum grau de dis- que leva a uma redução na sensação de
função erétil. prazer. Questões psicológicas como an-
siedade, primeiras experiências sexuais
A frequência de disfunção mínima, mode- tensas, novos parceiros ou ainda dificul-
rada e completa foi de 20,8%, 26,3% e 6,4%, dades no relacionamento, geralmente,
respectivamente. A frequência de disfun- estão entre as principais causas de eja-
ção erétil aumentou com o aumento da ida- culação precoce. Mas as causas também
de (MOREIRA JR. et al. 2004). podem ser orgânicas (BRASIL, 2010).
• Anorgasmia ou disfunção orgásmica:
Fonte: Fotolia. caracteriza-se por grande retardo ou au-
Importante! É importante você saber que exis-
sência do orgasmo, de maneira persis-
tem fatores de risco para desenvolver a disfun-
A disfunção erétil pode ter causas de or- ção erétil. Dentre eles estão as doenças vascu- tente ou recorrente, após uma fase nor-
lares (tais como hipertensão arterial sistêmica,
dem orgânica ou de ordem psicológica e, cardiopatias, aterosclerose), as doenças neu- mal de excitação sexual. O homem com


rológicas (lesões na medula, mal de Alzheimer
embora possa ocorrer com maior frequ- anorgasmia pode aproveitar plenamente
e Parkinson), as doenças hormonais (diabetes,
ência à medida que o indivíduo envelhece, queda de testosterona), as doenças da prósta- das outras fases do ato sexual – isto é,
ta, o tabagismo, o consumo excessivo de álco-
não se relaciona apenas à idade. Simbo- ol, a obesidade, o uso de certos medicamen- tem desejo, aproveita as carícias e se
tos, os distúrbios psicológicos (depressão) e a
licamente, a ereção costuma se associar excita –, porém algo bloqueia ou retar-
idade.
à força e potência, constituindo-se numa da a ejaculação. É importante buscar

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Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homem

saber se o homem nunca teve orgasmo Embora o tamanho médio do pênis em imagens de fertilidade, força e poder (GO-
na vida ou se tinha orgasmos e passou a adultos seja de 12 centímetros, em seu es- MES et al., 2008). O pênis não é um sim-
não tê-los mais. A anorgasmia pode ser tado flácido, e de 13 a 18 centímetros de ples órgão no imaginário popular. Costuma
classificada em absoluta quando ocorre comprimento, em seu estado ereto, não há ser visto como “uma máquina”, “uma obra
sempre, e situacional quando ocorre só um padrão único entre os grupos estuda- de arte”, “uma decepção”, “uma arma”, “um
em certas situações – por exemplo, em dos. O pênis patologicamente reduzido é cetro”, enfim, como “um símbolo de força e
locais onde o homem não se sente con- aquele que mede quatro centímetros, em poder”, e embora muitos homens expres-
fortável ou em virtude de algum tipo de estado flácido, e sete centímetros, em ere- sem uma intimidade com seu pênis, bati-
conflito (BRASIL, 2010). ção (BERG, 2009). zando-o com nomes próprios e apelidos,
• Dispareunia: é a dor genital que ocorre desconhecem o mais básico sobre o seu
durante a relação sexual. Pode ocorrer Cabe perguntar: por que tamanha preocu- “funcionamento” (BERG, 2009).
em homens, mas é mais comum em mu- pação com o pênis?
lheres. Embora a dor seja mais frequente Figura 9 – O símbolo do masculino reproduz claramente a
ideia de virilidade
durante o ato sexual, também pode ocor- Inúmeras respostas podem ser formuladas
rer antes ou após o intercurso da relação para essa questão. Entretanto, não se pode
sexual (BRASIL, 2010). descartar a ideia de que essa preocupação
tem muito a ver com o símbolo cultural da
Outra grande preocupação que alguns ho- virilidade. O pênis pode assumir o papel de
mens podem ter, e que pode assombrar um arquétipo em diversas épocas para que
suas expectativas sobre o seu relaciona- homens construam a sua identidade mas-
mento sexual com sua parceira ou seu par- culina e, nesse sentido, problemas – reais
ceiro, é o tamanho do pênis, associado ou ou fictícios – a ele relacionados podem ar-
não à falta de ereção (GOMES et al., 2008). ranhar essa identidade, comprometendo as Fonte: Fotolia.

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Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homem

Agora que você já teve a oportunidade de tipo mais incidente no mundo e o primeiro
Importante! O principal fator de risco para o
conhecer um pouco sobre as disfunções no Brasil. É mais comum ocorrer em ho- câncer de próstata é a idade, já que cerca de
sexuais na população masculina trazemos mens a partir dos 65 anos. três quartos dos casos ocorrem a partir dos 65


anos. A maioria dos tumores cresce de forma
a seguir algumas informações sobre as ne- tão lenta que não chega a dar sinais durante
a vida e nem a ameaçar a saúde do homem.
oplasias mais prevalentes relacionadas a O aumento do número de casos ao longo O risco também é maior entre homens que te-
saúde sexual e reprodutiva desta população. dos anos tem como possíveis explicações nham história familiar de câncer de próstata,
especialmente quando os casos ocorrem antes
o aumento da expectativa de vida, melhoria dos 60 anos (INCA,2014).
2.3 Neoplasias relacionados à saúde da qualidade dos sistemas de informação,
sexual e reprodutiva a maior disponibilidade de métodos diag-
nósticos e o rastreamento de câncer por Vale ressaltar que, dentro do conjunto de en-
A seguir, trazemos algumas informações que meio de PSA e toque retal (FERLAY et al., fermidades, o câncer de próstata apresenta
consideramos importantes para que você, 2014). taxas de mortalidade muito inferiores a de
como profissional de saúde, possa atuar outras doenças nos homens. Em 2012, por
na prevenção, diagnóstico precoce e apoio É importante destacar que o câncer de exemplo, os números de óbitos por infarto
ao tratamento das neoplasias relacionadas próstata pode estar associado à presen- e agressão por arma de fogo foram, respec-
à saúde sexual e reprodutiva da população ça do vírus HPV transmitido sexualmente tivamente, quatro e três vezes maiores do
masculina – dentre elas o câncer de prósta- (FIGUEIREDO et al., 2012). que os óbitos por câncer de próstata. Este é
ta, o câncer de pênis e o câncer de testículo. um tipo de câncer pouco agressivo, apesar
Entre os óbitos por câncer, o câncer de de em alguns casos evoluir rapidamente e
2.3.1 Câncer de próstata próstata é a segunda causa de morte na levar à morte, na maioria dos casos o tumor
população masculina no Brasil; a cada 100 evolui lentamente, levando até 15 anos para
Segundo o Instituto Nacional do Câncer mil homens, 14 morreram pela doença em atingir 1 cm³, o que não provoca sintomas
(INCA), o câncer de próstata é o segundo 2012 (SIM, 2015). no homem e não ameaça sua saúde.

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Figura 10 – Próstata saudável X câncer de próstata néticos hereditários, hábitos alimentares


ou estilo de vida das famílias.

Saudável Saudável

Gânglios linfáticos
Como sinal de alerta para este tipo de
Rim
Bexiga câncer está o relato pelo homem da de-
mora em iniciar e finalizar o ato urinário,
Vesícula seminal
Uréter Próstata
Próstata

Bexiga
Uretra
e também a nictúria (frequente ato de uri-
Próstata
Estágios do câncer de próstata nar à noite), sintomas estes que podem
Uretra
conduzir ao diagnóstico precoce desta
Câncer de próstata Estágio 1 Estágio 2
patologia.
Rim Tumor

Uréter É importante destacar que para o câncer de


Estágio 3 Estágio 4
Bexiga
próstata as evidências científicas demons-
Crescimentos Aumento da
anormais Próstata tram o benefício do diagnóstico precoce
Uretra
a partir da avaliação clínica da história de
saúde e encaminhamento oportunos após
os primeiros sinais e sintomas, conduzin-
Fonte: Fotolia.
do para tratamento e redução da morte por
esta causa.
Como fatores de risco para este tipo de com câncer de próstata antes dos 60 anos
câncer destaca-se a idade; tanto a incidên- pode aumentar o risco em 3 a 10 vezes Quanto ao rastreamento, as evidências
cia como a mortalidade aumentam signifi- quando comparado à população em geral, científicas ainda são insuficientes para te-
cativamente após os 50 anos. Pai ou irmão o que pode estar relacionado a fatores ge- cer recomendações a favor ou contra a ado-

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Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homem

ção deste procedimento para o câncer de


próstata em homens assintomáticos com
Exame do toque retal
idade inferior a 75 anos. Não há evidências
avalia o tamanho, a forma e a textura da
que essa prática seja eficaz, ou as evidên-
próstata. Tem por objetivo detectar
cias são pobres e conflitantes e a relação Conceitos alterações nessa glândula, a partir do
importantes exame de toque retal.
custo-benefício não pode ser determinada sobre o câncer
de próstata
(BRASIL, 2010).

É importante destacar que deve haver dis-


tinção entre rastreamento e diagnóstico de Teste Antígeno Prostático Específico (PSA)

doenças. Você, como profissional de saúde, mensura a quantidade de PSA no sangue, a fim de


Rastreamento identificar alterações prostáticas. O PSA é uma
deve estar sempre vigilante em identificar a proteína produzida pela próstata, responsável pela
aplicação de exames em liquefação do sêmen, permitindo que o esperma
apresentação clínica nos homens sob seus indivíduos saudáveis, sem “nade” livremente. Doenças benignas e tumores
cuidados. Os exames necessários de acor- sinais ou sintomas da doença, malignos da próstata podem provocar o aumento
com o objetivo de detectar a dessa proteína no sangue. Os níveis de PSA tendem
do com a clínica apresentada não se confi- doença em fase pré-clínica. a aumentar com o avançar da idade.
guram como rastreamento, e sim diagnós-
tico precoce.

Um dos principais temas de discussão é a O INCA, em 2013, a exemplo de outros pa- cer de próstata desde 2002 e ratificou seu
implantação de programas de rastreamen- íses, manteve sua posição de não reco- posicionamento na nota técnica publicada
to por meio da oferta de teste do antíge- mendar programas de rastreamento do em 2013. Mesmo assim, continua acompa-
no prostático específico (PSA) e do toque câncer de próstata. O INCA não recomenda nhando os estudos sobre rastreamento en-
retal. o rastreamento populacional para o cân- volvendo o exame de PSA e do toque retal.

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2.3.2 Câncer de pênis tal amputado. Esse grande número de am-


Importante! Cerca de 2/3 dos homens com
PSA elevado NÃO têm câncer de próstata
putações pode estar relacionado à falta de
detectado na biópsia, e até 20% de todos O câncer de pênis tem maior incidência a par- informação e à demora em acessar o trata-

 os homens com câncer de próstata clinica-


mente significativo têm PSA normal. O valor
preditivo positivo desse teste está em torno
de 33%, o que significa que 67% dos homens
com PSA positivo serão submetidos desne-
tir dos 50 anos, embora possa atingir também
os mais jovens. Este tipo de câncer não existe
nos Estados Unidos, nem na Europa. Entre-
mento (UFBA, 2014).

Figura 11 – O câncer de pênis também atinge homens


cessariamente à biópsia para confirmação jovens
do diagnóstico (BRASIL, 2010). tanto, no Brasil a incidência supera a Índia e o
Egito. O tumor peniano representa 2% dos ca-
sos de câncer que atingem os homens brasi-
Como profissional de saúde, você deve leiros (INCA, 2013). A ocorrência é maior nas
orientar os homens que demandem es- regiões Norte e Nordeste do país. O aumento
pontaneamente sobre a realização do de casos de câncer de pênis, principalmente
exame de rastreamento informando-os no Maranhão, na Bahia, no Piauí e em Per-
sobre os riscos e benefícios associados nambuco, faz sua incidência ser considerada
a essa prática. A definição de fazer ou um problema de saúde pública (UFBA, 2014). Fonte: Fotolia.
não o exame deve ser discutida a cada No Maranhão, é identificado um caso de
caso, avaliando conjuntamente com o câncer de pênis a cada 13 dias (SOCIEDADE Importante! Este tipo de câncer é um dos pou-
homem os riscos e os benefícios. É im- BRASILEIRA DE UROLOGIA, 2014). cos tumores malignos que podem ser evitados
por meio do acesso à informação e da adoção


portante que os gestores organizem sua de práticas de cuidados com a saúde. Consiste
em lavar a glande com água e sabão, puxar o
rede de serviços para que a confirma- No Brasil acontecem, em média, mil ampu- prepúcio, na hora do banho, depois da mastur-
ção diagnóstica e o tratamento sejam tações de pênis a cada ano. No Maranhão, bação e após manter relações sexuais. Tam-
bém usar camisinha para evitar a infecção pelo
realizados com qualidade e em tempo a cada quinze dias, um homem portador HPV, que se tem mostrado associado a este
tipo de câncer.
oportuno. de câncer de pênis tem o seu órgão geni-

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Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homem

Segundo o INCA, um terço dos casos deste


Você, profissional da saúde, deve orientar os homens para o autoexame atentando
tipo de câncer no mundo poderia ser evita-
para os seguintes sinais:
do. A doença é causada principalmente pela
falta de higiene no órgão sexual e tem forte ÝÝ perda de pigmentação ou manchas esbranquiçadas;
prevalência em homens com fimose (quan- ÝÝ feridas e caroços no pênis que não desapareceram após tratamento e apresentem
secreções e mau cheiro;
do o estreitamento na abertura do prepúcio,
ÝÝ tumoração no pênis ou na virilha;
a pele que reveste a glande, impede que ela
ÝÝ inflamações de longo período com vermelhidão ecoceira, principalmente nos portado-
seja exposta). res de fimose.

O câncer de pênis inicialmente não apre-


senta sintomas, mas tem como causa O exame clínico e a biópsia são indica- 2.3.3 Câncer de testículo
principal o acúmulo de secreções na glan- dos para diagnóstico e o tratamento de-
de. Pode evoluir para uma infecção que se penderá da extensão local do tumor e do O tumor de testículo representa 5% do to-
transforma em ferida. Se não curada, vira comprometimento dos gânglios inguinais, tal dos casos de câncer que atingem os
um tumor que aos poucos vai lesionando podendo incluir cirurgia, radioterapia e homens. Quando detectado precocemente,
a região. quimioterapia. tem baixo índice de mortalidade. A maior
incidência está em homens entre 15 a 50
A ação educativa para a prevenção de cân- O diagnóstico precoce é fundamental para anos de idade. Pode ser confundido e mas-
cer de pênis e a detecção precoce devem evitar as consequências físicas, sexuais e carado por orquiepididimites (inflamação
ser entendidas como compromisso profis- psicológicas ao homem. Quanto mais cedo dos testículos e dos epidídimos), geralmen-
sional com a promoção da autonomia do for iniciado o tratamento, maior é a chance te transmitidas sexualmente. Está associa-
homem no autocuidado e com a qualidade de cura e menor o risco de amputação do do a histórico familiar, lesões e traumas na
da atenção à saúde. pênis. bolsa escrotal, bem como à criptorquidia

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(quando o testículo não desce para a bolsa var inicialmente a existência de altera- ção ventral (parte de baixo dos testículos).
escrotal). ções em alto relevo na pele do escroto. É importante estar alerta para outras alte-
• Na sequência, deverá palpar o epidídimo, rações, como endurecimentos, dor impreci-
É considerado um câncer curável, princi- que está localizado atrás do testículo, a sa na parte baixa do abdômen e presença
palmente se detectado precocemente. fim de se familiarizar com essa estrutu- de sangue na urina. Também pode ocorrer
ra e não confundir o epidídimo com uma aumento ou sensibilidade nos mamilos por
Para a detecção, o autoexame mensal é im- massa suspeita. aumento na produção de estrógenos ou
portante. Você, como profissional da saú- • A seguir, revolver o testículo entre os de- deficiência da formação de andrógenos.
de, pode orientar para que os homens re- dos à procura de alguma dor. A dor não
alizem o autoexame uma vez ao mês após deve ser sentida neste exame. O câncer de testículo é um câncer agressivo
tomar um banho quente, porque o calor com rápida evolução. O diagnóstico preco-
relaxa o escroto e facilita a observação de O homem deverá ser orientado a identificar ce a partir da avaliação clínica complemen-
anormalidade de tamanho, sensibilidade e sensação de peso no escroto, dor impreci- tado por biópsia oportuniza alto índice de
densidade. sa na parte inferior do abdômen ou virilha, cura porque este tipo de câncer responde
derrame escrotal e dor ou desconforto no bem a tratamento quimioterápico.
Acompanhe estas orientações de como testículo ou escroto.
fazer o autoexame para o câncer de 2.4 Intercorrências na saúde sexual do
testículos: Quanto aos sinais e sintomas deste tipo adolescente
• O homem precisa posicionar-se em pé de câncer, o mais comum é o aparecimen-
em frente a um espelho e proceder o exa- to de nódulo(s) duro(s), na maior parte das Para os adolescentes a sexualidade tem
me de cada testículo com as duas mãos, vezes indolor, localizados com mais frequ- uma dimensão especial: é nesta etapa que
posicionando o testículo entre os dedos ência lateralmente aos testículos, mas que a capacidade reprodutiva vem aliada às
indicador médio e anular. Deverá obser- também podem ser encontrados na por- transformações biológicas, psicológicas e

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Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homem

sociais. A maturação sexual vem acompa- cio de algum direito fundamental – direito A criança e o adolescente gozam de
 todos
nhada do acelerado crescimento físico. à vida, à liberdade, à saúde, à integridade os direitos fundamentais ine-
física e moral – não é uma condição in- rentes à pessoa humana, sem prejuízo
Ou seja: informações sobre a saúde sexual dispensável para o acesso a esses direi- da proteção integral de que trata essa
e reprodutiva são importantes ferramentas tos, mas somente desejável, considerando Lei, assegurando lhes, por lei ou por
para os adolescentes, tanto na promoção as responsabilidades legais atribuídas à outros meios, todas as oportunidades
da saúde como também na prevenção de família. e facilidades, a fim de lhes facultar o
possíveis intercorrências. desenvolvimento físico, mental, moral,
Figura 12 – A presença dos pais não é condição indispen- espiritual e social, em condições de
sável para os adolescentes exercerem seus direitos funda-
Uma dúvida importante que precisa ser es- mentais liberdade e de dignidade.
clarecida, relacionada ao atendimento em
saúde dos adolescentes, é a obrigatorieda- Dentre as principais intercorrências na saú-
de ou não do adolescente ser acompanha- de sexual e reprodutiva dos adolescentes
do de um adulto responsável para receber podem estar as IST e a gravidez precoce de
o atendimento nas unidades de saúde. A sua parceira.
legislação brasileira para os adolescentes
Importante! O início da atividade sexual se
tem seus princípios fixados pelo Estatuto sobressai na adolescência pela característica
da Criança e do Adolescente (ECA) e são de própria desta fase da vida, quando os jovens
buscam a afirmação da sua própria identidade


proteção integral, da prioridade absoluta e e estão ávidos por experiências novas.
De modo geral, por se sentirem jovens, saudá-
do interesse do adolescente. Fonte: Fotolia. veis e curiosos por novas situações, os ado-
lescentes podem adotar comportamentos se-
xuais sem proteção, tornando-os vulneráveis a
Dessa forma, a presença ou a anuência dos O artigo 3o do Estatuto da Criança e do Ado- agravos e infecções, especialmente pelas ISTs
e a gravidez precoce (MALTA et al., 2011).
pais, mães e responsáveis para o exercí- lescente diz que:

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Os adolescentes podem ter dúvidas atividade sexual proporcionou aos idosos


Importante! O câncer de testículo pode ser
quanto a diversos aspectos do seu de- mascarado por orquiepididimites, geralmente o sentimento de maior segurança para
transmitidas sexualmente. Fique atento!
senvolvimento, fisiológicos ou não, e os manter a atividade sexual, modificando sua
profissionais da AB têm um papel fun- vida.
damental na orientação: mostrar como 2.5 Intercorrências na saúde sexual do
é possível conduzir a vida com mais homem idoso O homem idoso tem suas funções sexuais
saúde. alteradas basicamente pelas mudanças fi-
A vivência da sexualidade faz parte de to- siológicas e anatômicas provocadas pelo
Uma estratégia importante de alcance das as etapas da vida e sua expressão sau- processo de envelhecimento, porém não
desta população é o Programa Saúde na dável é fundamental para a felicidade e rea- se pode associar essa fase da vida a per-
Escola, em que os profissionais de saú- lização do ser humano. da ou a incapacidade de manter relações
de atuam de forma integrada aos profis- sexuais. A partir dos 40-50 anos os ho-
sionais da educação. Um dos temas que A crença de que o avançar da idade e o de- mens podem relatar mudanças na sua
podem ser desenvolvidos é o da saúde clinar da atividade sexual estão inexoravel- saúde sexual e reprodutiva pela diminui-
sexual e reprodutiva e as principais inter- mente ligados também tem sido responsá- ção lenta e gradual da testosterona, e tam-
corrências com as medidas de prevenção vel pela pouca atenção dada a essa questão bém porque a partir desta idade ocorrem
e diagnóstico precoce. nessa etapa da vida, aumentando a vulne- com maior incidência doenças cardio-
rabilidade do idoso, inclusive, para as IST/ vasculares, hipertensão arterial, diabetes,
Com relação às neoplasias, apesar de raro, HIV/Aids (BRASIL, 2013). obesidade e dislipidemias muitas vezes
o câncer de testículo é o que mais preocu- agravadas pelo fumo, álcool, estresse e
pa nesta fase da vida, pois atinge os ho- No entanto, a liberação sexual fez com que sedentarismo. Estas são causas orgâni-
mens na idade produtiva a partir dos 15 muitos tabus fossem quebrado. O maior cas que podem afetar as funções sexuais
anos. acesso a medicamentos estimulantes da e reprodutivas do homem.

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UN2 Disfunções e outros agravos relacionados
à saúde sexual e reprodutiva
Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homem

Figura 13 – A crença de que o avanço da idade e o declínio ceira devido à viuvez, a valorização do padrão prazer nas relações sexuais não devem ser
da atividade sexual estão necessariamente ligados não é
verdade da beleza jovem, a ocorrência de doenças, o considerados como parte normal do enve-
uso de medicamentos e as mudanças na fi- lhecimento (BRASIL, 2006).
siologia sexual (ALENCAR et al., 2014).
Ao avaliar uma queixa de disfunção pergunte
Embora a frequência e a intensidade da ati- ao homem idoso se ele tem ereção noturna
vidade sexual possam mudar ao longo da involuntária. A resposta afirmativa está re-
vida, problemas na capacidade de desfrutar lacionada à não presença de problemas re-

ALTERAÇÕES SEXUAIS NO HOMEM IDOSO


Fonte: Fotolia.

ÝÝ Ansiedade quanto ao desempenho sexual, que leva ao medo de tomar a iniciativa de realizar o
ato sexo.
Além destas causas orgânicas, surgem
ÝÝ Dificuldade de conseguir ter ereções espontâneas quando há necessidade.
nesta etapa da vida questões de ordem
ÝÝ A ereção é mais lenta, aumentando o tempo necessário para se chegar à rigidez adequada.
emocional referentes à aposentadoria, ca-
ÝÝ As ereções já não são tão firmes e nem se sustentam por tanto tempo quanto antes.
samento, doenças, autoestima, além de
ÝÝ Há uma menor capacidade e menor necessidade de se chegar ao orgasmo, possibilitando en-
fatores sociais e culturais. No entanto, as contros mais prolongados, mais carinhosos, que não se encerram com o orgasmo.
alterações sexuais masculinas são lentas ÝÝ Tem rápida detumescência, quase que imediata ao cessar os estímulos sexuais.
e progressivas, dando tempo ao homem de ÝÝ Aumenta o período refratário entre as relações, principalmente quando há o orgasmo.
se adaptar a uma atividade menos intensa. ÝÝ Outras alterações: menor emissão de secreção uretral, menor volume do material ejaculado,
menor pressão da ejaculação, orgasmo mais curto e às vezes seco (diabetes e pós-prosta-
tectomia), menor ocorrência de tumescência peniana noturna, menor concentração de fibras
As alterações na sexualidade do idoso po- elásticas nos corpos cavernosos e alteração endotelial vascular.
dem estar relacionadas à ausência da par-

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UN2 Disfunções e outros agravos relacionados
à saúde sexual e reprodutiva
Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homem

levantes na sua saúde física. Nestes casos, tificando e afastando os fatores de risco 2.6 Recomendação de leitura
as causas podem estar relacionadas a ques- que provocam ou que aceleram o enve- complementar
tões emocionais. Se a resposta for negativa, lhecimento.
é importante investigar os medicamentos • Cultivar bons hábitos alimentares, per- ALENCAR, D. L. et al. Fatores que interferem na

que o homem idoso está utilizando, hábitos der e manter o peso adequado, praticar  sexu­alidade de idosos: uma revisão integrati-
va. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.
19, n. 8, p. 3533- 3542, 2014.
relacionados ao estilo de vida tais como o ta- exercícios físicos, cultivar boas amiza-
bagismo, o consumo excessivo de álcool e o des, manter bom convívio familiar.
uso de drogas podem estar intimamente rela- • Entender, aceitar e se adaptar progres-
cionados a este quadro. É importante investi- sivamente às alterações do envelheci-
gar também condições e doenças como dia- mento.
betes mellitus, hipertensão arterial, doenças • Eliminar os fatores de risco como fumo,
vasculares, cirurgias (próstata, aneurisma de drogas, álcool, sedentarismo, causas de
aorta), ginecomastia (aumento das mamas aborrecimentos, excesso de gordura, sal
por doença endócrina), abdome volumoso e e açúcar.
pênis de pequenas dimensões, doenças neu- • Procurar tratamento para as doenças
rológicas periféricas e atrofia dos testículos. crônicas, como diabetes, hipertensão,
hipercolesterolemia. Tratar os proble-
Dentre as ações de promoção da saúde mas psicológicos e emocionais como
sexual e reprodutiva do homem, você, pro- ansiedade, estresse e depressão.
fissional de saúde, pode dar as seguintes • Procurar manter vida sexual ativa.
orientações:
• Fazer uma preparação para a terceira Vamos agora para a unidade final deste
idade ainda entre os 40 e 50 anos, iden- módulo.

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UN3
Recomendações aos profissionais
da Atenção Básica
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UN3 Recomendações aos profissionais
da Atenção Básica
Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homem

Comportamentos em saúde são difíceis de emergência, baixa adesão ao uso de pre-


mudar. Relacionam-se a fatores pessoais, servativo em todas as relações sexuais,
cognitivos, econômicos, sociais, culturais e o uso de drogas e histórico de sintomas
estruturais. A compreensão destes precisa genitais permitem concluir que os adoles-
embasar a prática em intervenções multidi- centes apresentaram comportamentos de
mensionais. risco que podem aumentar a incidência de
IST/HIV.
Com relação às Infecções Sexualmente
Transmissíveis (IST), por exemplo, é neces- Neste contexto, uma importante forma de
sária uma avaliação da visão do problema prevenção de doenças para os homens se
das IST/HIV na população, e para isso é ne- dá pelo uso de preservativos nas relações
cessário salientar que os novos tratamen- sexuais. Para que o uso seja de forma
tos do HIV e seu aparente controle podem correta alguns cuidados são importan-
ter levado a um “relaxamento” em relação a tes. O profissional de saúde deve lem-
práticas e comportamentos de risco. brar-se de orientar os homens para o uso
do preservativo, fornecendo as seguintes
Homens que fazem sexo com homens e instruções:
que também utilizam drogas injetáveis • Armazenar o preservativo longe do calor,
(HSH-UDI) estão entre os grupos com observando-se a integridade da embala-
comportamentos de risco mais elevado gem, bem como o prazo de validade.
para adquirir e transmitir o HIV, refletindo a • O preservativo deve ser colocado an-
superposição de risco. Entre adolescentes, tes da penetração, durante a ereção
a ocorrência de gravidez, contracepção de peniana.

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UN3 Recomendações aos profissionais
da Atenção Básica
Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homem

• A extremidade do preservativo deve ser Além disso, é importante destacar de que atenção de qualidade no campo da saúde
mantida apertada entre os dedos duran- forma o profissional de saúde da Atenção sexual. A seguir elencamos algumas orien-
te a colocação, retirando todo o ar do seu Básica pode contribuir para a oferta de uma tações que você pode seguir:
interior.
• Ainda segurando a ponta do preservati- RECOMENDAÇÕES AO PROFISSIONAL DA ATENÇÃO BÁSICA
vo, deve-se desenrolá-lo até a base do
ÝÝ Primeiramente ouvir...
pênis.
ÝÝ Ser proativo no que se refere a abordar nos atendimentos os temas sexualidade e qualidade da atividade
• Devem-se usar apenas lubrifican- sexual: satisfação, prática do sexo seguro, existência e tipos de dificuldades.
tes de base aquosa (gel lubrificante), ÝÝ Considerar, na abordagem, o contexto de vida das pessoas, influências religiosas, culturais, educação
sexual, qualidade da relação e da comunicação com o parceiro, uso de álcool e outras drogas, desejo ou
pois a utilização de lubrificantes oleo- não desejo em relação a ter filhos, entre outras questões que possam ser relacionadas à saúde sexual.
sos (como vaselina ou óleos alimen- ÝÝ Prestar suporte emocional e psicológico (acolhimento, escuta qualificada).
tares) danifica o látex, ocasionando ÝÝ Orientar e ajudar a desfazer mitos e tabus, com uma abordagem positiva do prazer sexual.
sua ruptura. O gel lubrificante facili- ÝÝ Quando houver dificuldades sexuais, discutir as possibilidades para a realização de mudanças graduais,
no sentido de buscar maior satisfação, por exemplo:
ta o sexo anal e reduz as chances de
ÝÝ Dialogar sobre a possibilidade de o casal aumentar o repertório sexual (local, posições etc.).
lesão.
ÝÝ Incentivar a comunicação entre os parceiros, o que resultará maior confiança e segurança para solicitar
• Em caso de ruptura, o preservativo deve um ao outro o que desejam.
ser substituído imediatamente. ÝÝ Trabalhar com a pessoa o direito que ela tem em se sentir confortável, para sentir e dar prazer.
• Após a ejaculação, retirar o pênis ain- ÝÝ Despertar na pessoa a consciência de que ela também tem responsabilidade pelo seu próprio prazer.
da ereto, segurando o preservativo pela ÝÝ Incentivar o autoconhecimento.
base para que não haja vazamento de ÝÝ Incentivar a troca de carinhos e carícias que não estejam restritas aos genitais.

esperma. ÝÝ Instituir cuidados gerais da saúde e promover o autocuidado, que contribuem para uma melhor saúde sexual.

• O preservativo não pode ser reutilizado ÝÝ Identificar e substituir, quando possível, medicamentos que possam interferir na saúde sexual e na saú-
de reprodutiva.
(BRASIL, 2015a).

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UN3 Recomendações aos profissionais
da Atenção Básica
Intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homem

Ressaltamos ainda que a atenção integral a É fundamental que a organização dos ser-
esse grupo de agravos necessita não ape- viços de saúde promova um melhor acesso
nas da implementação de ações básicas de àqueles que buscam o serviço e que cada
prevenção e assistência, mas também do profissional incorpore em sua rotina a pre-
fortalecimento da integração entre os dife- ocupação de identificar os homens em si-
rentes níveis de atenção à saúde existentes tuação de maior vulnerabilidade, garantin-
no município ou região, cuja resolubilidade do atendimento humanizado e resolutivo.
varia de acordo com os recursos financei- Também se faz necessário o desenvol-
ros, técnicos, humanos e de infraestrutura vimento de ações na comunidade que
do serviço. promovam o aumento da percepção de
risco para esses agravos, além de esti-
Figura 14 – Informação é sempre a melhor alternativa mular a adoção de práticas seguras para
a saúde.

3.1 Recomendação de leituras


complementares

BRASIL. Ministério da Saúde. CONITEC. Pro-


tocolo Clíni­co e Diretrizes Terapêuticas para
Atenção Integral às Pessoas com Infecções

 Sexualmente Transmissíveis. Brasília, 2015.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de


Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
Básica. Rastrea­mento. Brasília, 2010.
Fonte: Fotolia.

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Resumo do módulo

Este módulo trouxe alguns aspectos importantes relacionados às intercorrências da saúde se-
xual e reprodutiva do homem e à abordagem destas pelos profissionais de saúde na Atenção
Básica.

Na perspectiva de que a cultura preventiva e de autocuidado entre esta população ainda é uma
prática pouco frequente, lançamos o desafio para que você, como profissional de saúde, na sua
prática cotidiana construa estratégias de aproximação com a população masculina de seu terri-
tório e amplie as possibilidades de acesso à informação e aos serviços de saúde.

Neste módulo deixamos links de acesso a materiais que podem ampliar seu conhecimento
sobre a atenção clínica às intercorrências, de modo que você poderá acessá-los e utilizá-los
como protocolos de atendimento.

Ressaltamos a importância de você conhecer a rede de atenção à saúde e assim ter os encami-
nhamentos necessários para outros pontos de atenção, garantindo o acesso e a resolubilidade.

Os desafios são grandes. No entanto, esperamos ter estimulado você a continuar estudando
para conhecer mais sobre as intercorrências na saúde sexual e reprodutiva do homem. Lembran-
do que seu olhar precisa estar atento às possibilidades de ampliação do acesso aos serviços
de saúde para a população masculina, em todas as faixas etárias, nas ações de promoção da
saúde, prevenção das doenças, tratamento e reabilitação.

Bons estudos e bom trabalho a você!

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Sobre os autores

Carmem Regina Delziovo Estado de Santa Catarina (2005), Especialista em

Possui graduação em Enfermagem e Obstetrícia pela Desenvolvimento Gerencial de Unidade Básica de

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Saúde do SUS (2008), Especialista em Saúde Públi-

Grande do Sul (1985), graduação em Licenciatura Em ca pela Escola de Saúde Pública Professor Osvaldo

Enfermagem pela Universidade Regional do Noroeste de Oliveira Maciel (2010), Mestra em Saúde Coleti-

do Estado do Rio Grande do Sul (1985) e mestrado va pela UFSC (2014). Tem experiência na Estratégia

em Ciências da Saúde Humana pela Universidade Saúde da Família (ESF), nos municípios de Lages/SC,

do Contestado (2003), doutorado em Saúde Coletiva Correia Pinto/SC e Antônio Carlos/SC e foi coorde-

pela Univerisdade Federal de Santa Catarina (2015). nadora do Programa de Saúde da Mulher e da Rede

Atua na Secretaria de Estado da Saúde do Governo de Atenção às Vítimas de Violência Sexual (RAIVVS)

do Estado de Santa Catarina na Gerência da Coorde- em Florianópolis/SC. Também atuou como docente

nação da Atenção Básica. Tem experiência na área de para formação de Agentes Comunitários de Saúde e

Saúde Pública, com ênfase em Gestão , atuando prin- Técnicos em Enfermagem. Atualmente é assessora

cipalmente nos seguintes temas: políticas de saúde, técnica da Coordenação-Geral de Saúde das Mulhe-

regulação, redes de atenção à saúde, saúde da mu- res do Ministério da Saúde, atuando principalmente

lher e da criança e violência. com a temática da violência, aborto previsto em lei e

Endereço do currículo na plataforma lattes: Direitos Sexuais e Reprodutivos.

<http://lattes.cnpq.br/9192985272761930>. Endereço do currículo na plataforma lattes:

<http://lattes.cnpq.br/4627038463350744>.

Caroline Schweitzer de Oliveira

Possui graduação em Enfermagem pela Universi- Eleonora d’Orsi

dade Federal de Santa Catarina/UFSC (2003), Espe- Graduada em Medicina pela Universidade do Estado

cialista em Educação Sexual pela Universidade do do Rio de Janeiro (UERJ, 1989), mestre em Saúde

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Sobre os autores

Pública/Epidemiologia (1996) e doutora em Saú- (UERJ, 1989), mestre em Ciências da Computação

de Pública/Epidemiologia pela Escola Nacional de pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC,

Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (2003). 2002) e doutor em Informática na Saúde UNIFESP –

Atualmente é professora adjunta do Departamento Universidade Federal de São Paulo/UNIFESP (2007).

de Saúde Pública e do Programa de Pós-Graduação Atualmente, é professor de Geriatria e Medicina Pre-

em Saúde Coletiva da Universidade Federal de Santa ventiva da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Catarina (UFSC). É coordenadora do estudo Epiflo- Tem experiência na área de Medicina, com ênfase

ripa Idoso, que acompanha as condições de vida e em Geriatria, atuando principalmente nos seguintes

saúde de uma coorte de idosos residentes em Flo- temas: geriatria, gerontologia, informática, envelhe-

rianópolis. Tem experiência na área de Saúde Cole- cimento prevenção e interação.

tiva, com ênfase na área de Epidemiologia, atuando Endereço do currículo na plataforma lattes:

principalmente nos seguintes temas: saúde da mu- <http://lattes.cnpq.br/9125363765724910>.

lher e saúde do idoso.

Endereço do currículo na plataforma lattes:

<http://lattes.cnpq.br/6737249218821383>.

André Junqueira Xavier

Especialista em Geriatria pela Escola Nacional

de Saúde Pública – ENSP/FIOCRUZ, pela Ponti-

fícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

– PUC/RS e pela Sociedade Brasileira de Geriatria

e Gerontologia SBGG/AMB. Graduado em Medici-

na pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro

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