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KAISER, B. O geógrafo e a pesquisa de campo. Boletim Paulista de Geografia, São Paulo, no 84, p. 93-104, 2006.
Bernard Kaiser é citado por compreender o Trabalho de Campo como uma ferramenta a serviço do geógrafo,
desde que seja articulada com a teoria, capaz possibilitar uma conexão da empiria com a teoria, ou seja, o
Trabalho de Campo é um meio para o geógrafo e não um objetivo em si mesmo.
Deve-se acrescentar ainda a este artigo, o Trabalho de Campo e sua utilização para fins de pesquisa,
ressaltando o método e a teoria, a utilização de tecnologias como instrumentos para o método.
Ademais, apesar dos entraves e dos paradigmas da geografia, o autor sustenta a utilização do Trabalho de
Campo como instrumento de pesquisa, como vimos acima e para fins didáticos para o Ensino de Geografia,
ressaltando principalmente os problemas que professores se envolvem ao optar por esta ferramenta.
Conceitos:
Sub-sistema; análise de situação, análise local, análise histórica; local/global
Temas para debate:
A importância da pesquisa de campo;
Pesquisador = cidadão;
Tipologia do trabalho de campo para o levantamento social;
Pesquisa geográfica de campo específica?;
Proposta de metodologia: referências bibliográficas do local + formação teórica + repercussão
da hipótese;
Proposta social: conflitos e problemas; lutas de classes;
O cotidiano = o indecifrável;
Justificativa da pesquisa e a responsabilidade do pesquisador;
Valorização da utilização do saber da população local;
Kaiser propõem uma releitura do artigo publicado pelo autor na revista na Revista HERODOTE nº IX, sob o
título: Sans Enquête, pas de iroit à la parole. Traduzido do original em francês por Antonia D. Erdens e
publicado no Seleção de Textos nº 11.
O artigo procura trabalhar os fundamentos, métodos e práticas para as pesquisas de levantamentos sociais.
Inicialmente a questão do Trabalho de Campo como instrumento obrigatório para o cidadão, guiado pelos
pensamentos de que pesquisador não se destaca do homem, do cidadão, frequentemente, ele é ao mesmo
tempo um professor, o que multiplica suas responsabilidades.
Existirá realmente uma pesquisa geográfica de campo específica? Em resposta pode -se recortar do texto que:
“na verdade os objetivos são bem mais amplos, (...) pois trata-se de descobrir, dentro da sua complexidade e
globalidade, a realidade de um subsistema social localizado”.
E ainda que “Se o levantamento, deseja atingir o cerne da realidade para coletar elementos neces sários a
análise e à explicação, ele deverá penetrar nas forças e nas relações de produção, explorar os níveis ideológicos
e cultural da dinâmica social.” Não se trata de uma receita metodológica.
A análise da situação, é um projeto, sendo o método fundamental para se conhecer uma situação.
Sendo a situação, na ótica social, complexa, condicionada a processos e mecanismos interpenetrados cujo
estudo aprofundado necessita da exploração de todos os aspectos econômicos, culturais, políticos e
ideológicos, tanto no presente, quanto no passado.
Como fazer esta análise. Segundo Kaiser, o quadro de referências de análise local é a pesquisa indispensável
à análise da situação social, vendo como uma justificativa a pesquisa de campo a serviço do povo.
A situação social é antes de mais nada um produto da história, das lutas das classes e do modo como ela
traduz-se no terreno.
Estes processos intervém os mais diversos atores: grupos sociais, aparelhos do Estado, instituições, mídias e
ideologias.
Por fim, para Kaiser, a visão é social e não espacial.
O espaço, segundo ele, não pode ser estudado pelos geógrafos como uma categoria inde pendente e sim como
estratégia, somando-se a articulação local/global.
A pesquisa de campo é um meio e não um objetivo em si mesma. É a pesquisa indispensável à análise
da situação social. Trata-se, repetimos, de situação social e não de situação espacial. O espaço não
pode ser estudado pelos geógrafos como uma categoria independente de vez que ele nada mais é
que um dos elementos do sistema social. (KAISER, 2006, p. 58)
Devemos apreender deste conhecimento, que a escala é um conceito pertinente na análise pois estaremos
diante de um conjunto de “sub-sistema” (KAISER, 2006) ou também por Ângelo Serpa que propõem a escala
como mediadora da análise do espaço, e que aproximam-se ao conceitos geográficos até a ampliação aos
lugares.
De acordo com este conceito de “sub-sistema”, podemos nos aproximar do conceito de “sub-cultura”
emergentes nas discussões de Geografia Cultural e principalmente no cenário social contemporâneo.
Na análise de Bernard Kaiser, isto se revela através do conceito de análise da situação:
A análise da situação deve levar tudo em conta: no fundo, é o que se chama hoje uma análise de
sistema. A situação local é, na realidade, um sub-sistema, de meta sistema representando a
formação social. É preciso, pois, o apreender em termos sistêmicos, recusando o inventário das
determinantes – o trabalho geográfico comum – e o estudo cartesiano das estruturas para ir direto
ao funcionamento, aos processos. (KAISER, 2006)