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O processo psicodiagnóstico é tradicionalmente marcado pela

psicometria, sendo os testes psicológicos utilizados como ferramenta principal


pela maior parte dos psicólogos, nesse processo, que visa a exatidão dos
dados coletados, a postura do psicólogo deve ser neutra exigindo desse certo
distanciamento do fenômeno apresentado.
Contudo as críticas a essas práticas levaram a outra forma de pensar o
psicodiagnóstico, concebendo-o como um processo de valor compreensivo,
terapêutico e interativo. Em que o psicólogo e o cliente atuam ativamente
compartilhando suas impressões, compreensões e interpretações sobre os
fatos vivenciados. Nesse sentido esse psicodiagnóstico se constitui enquanto
interventivo, pois leva em consideração a dimensão ontológica do ser, numa
perspectiva dialética, onde todas as proposições teóricas serão usadas com
ferramentas para compreender o fenômeno.
A psicóloga entrevistada Jamile Almeida tem sua prática fundamentada a
partir da abordagem humanista de Carl Rogers, para ela a “sua abordagem não
ensina uma técnica e sim uma ética, uma atitude ética e não técnica”. Em sua
prática não nega os testes psicológicos, pois esses são recursos utilizados que
apontam parte do caminho. O foco desse processo não está no transtorno, ou
numa estrutura psíquica, mas na pessoa em sua singularidade, que pode se
apresentar disfuncional em um determinado aspecto. Na sua experiência
profissional faz uso da música, dança entre outros recursos artísticos, pois
esses permitem uma abertura para a projeção do cliente, que tem a
possibilidade de expressar-se livremente.
O psicodiagnóstico voltado para uma perspectiva dialógica abre um
espaço para o autoconhecimento, no sentido em que convoca o cliente a
refletir sobre suas questões existenciais num movimento para o entendimento
de si a partir da sua própria ótica e não pela dos outros. Nesse sentido o
terapeuta confronta o cliente com o que os manuais institucionalizados (CDI 10
e DSM V) trazem sobre o seu diagnóstico e o que ele realmente pensa e sente
sobre isso. Nesse processo o terapeuta o conduz a lhe dar com a sua
humanidade, o deslocando do lugar das deficiências para as potencialidades.
Os manuais são utilizados como apenas mais um recurso informativo,
que às vezes se faz necessário para prestar esclarecimento à sociedade, em
caso de justificar o comportamento disfuncional do cliente.
Dessa forma, podemos perceber a prática da psicóloga Jamile Almeida,
alinhada a teoria, algo que lhe é intrínseco, como a mesma diz durante a
entrevista. Esse modelo de processo diagnóstico defende que a construção de
uma relação empática possibilita o desenvolvimento pessoal do indivíduo e
estimula a uma vida mais congruente. É ver o cliente para além das suas
limitações diagnósticas, e com isso, atribuir valor ao indivíduo. Todo esse
processo acaba contribuindo para o esclarecimento acerca dessa visão de
homem que muitas vezes foi construída de forma equivocada.
Conclui-se que, nesse método de psicodiagnóstico, a comunicação entre
terapeuta e cliente deve ser compreendida não como um conceito único, mas
como algo que tem uma maior importância durante a psicoterapia. Essa
compreensão do processo de comunicação que foca a contextualização do
cliente e não somente as questões nosológicas, permitem um melhor
entendimento e ampliação das possibilidades.

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