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A decisão de iniciar uma incursão terrestre em Gaza tem, segundo Israel, um objetivo:
desarmar os militantes palestinos e destruir os túneis construídos pelo Hamas e outros
grupos a fim de se infiltrar em Israel para realizar ataques.
Israel quer o fim do lançamento de foguetes do Hamas contra território israelense. A
maioria dos foguetes não tem nenhum impacto, já que o país conta com um sistema
antimísseis avançado, o Domo de Ferro.
Israel diz ter o direito de defender-se e acusa o Hamas de usar escudos humanos e
realizar ataques a partir de áreas civis em Gaza. O grupo palestino nega.
O Hamas diz que lança foguetes contra Israel em legítima defesa, em retaliação à
morte de partidários do grupo por Israel e dentro de seu direito de resistir à ocupação
e ao bloqueio.
O que falta para que haja uma paz mais duradoura?
HAMAS
Criado em 1987, grupo islâmico não reconhece Estado judeu.
Em 2007, passou a controlar a Faixa de Gaza, território na costa de Israel.
O Hamas é considerado a maior organização islâmica nos territórios palestinos da
atualidade. Um de seus criadores foi o xeque Ahmed Yassin, que pregava a destruição de
Estado israelense.
Seu nome é a sigla em árabe para Movimento de Resistência Islâmica. O grupo surgiu em
1987, após a primeira intifada (revolta palestina) contra a ocupação israelense na
Cisjordânia e na Faixa de Gaza.
Além da faceta militar – com as brigadas Al-Qassam – o grupo que controla Gaza também
é um partido político. Em sua carta de fundação, o Hamas estabelece dois objetivos:
promover a luta armada contra Israel e realizar programas de bem-estar social.
Em 2006, o grupo islâmico venceu as eleições parlamentares palestinas, fato não
reconhecido pelo opositor Fatah – partido nacionalista fundado em 1959 pelo líder
palestino Yasser Arafat e que concorda com a criação de dois Estados (Israel e Palestina)
para a solução do conflito.
Ocorreu, então, o racha dentro da Autoridade Nacional Palestina, após anos de confrontos
internos. A divisão fez com que o Hamas passasse a controlar a Faixa de Gaza, a partir de
2007, e o Fatah ficasse com o comando da Cisjordânia.
Israel e Hamas não dialogam – o Estado judeu considera o grupo terrorista.
O Hamas é parte de uma vertente política do Islã que, com as Revoltas Árabes, está sendo
combatida em toda a região – primeiro no Egito (com a saída da Irmandade Muçulmana),
mas também em países do Golfo. Até seu aliado Irã deixou de apoiá-lo.
Por sua longa história de ataques e sua recusa em renunciar à violência, o Hamas é
considerado uma organização terrorista também pelos Estados Unidos, União Europeia,
Canadá e Japão.
Mas para seus apoiadores, como Qatar e Turquia, o Hamas é visto como um movimento
de resistência legítimo. O grupo islâmico não aceita as condições propostas pela
comunidade internacional para ser um ator global legítimo: reconhecer Israel, aceitar os
acordos anteriores e renunciar à violência.
Fatah
Fatah é o nome de uma organização política e militar de defesa dos interesses e da
autonomia Palestina.
O Movimento de Libertação Nacional da Palestina é o nome completo do
movimento que foi criado em 1959 para defender os palestinos. Embora esse seja o
nome oficial, o mesmo ficou mundialmente conhecido pela sigla Fatah. O nome desse
grupo político e militar guarda curiosidades. O acrônimo do movimento na ordem não
reversa resulta em Hataf, que significa morte em árabe. Os integrantes preferem não
utilizar esse nome e utilizam o acrônimo reverso, Fatah, com significado mais ameno,
como começo ou vitória. Além disso, Fatah é uma palavra religiosa que está ligada à
expansão islâmica dos primeiros séculos de sua história. Logo, possui grande
relevância para a comunidade islâmica da região em que atua.
O Fatah surgiu na década de 1950 não por acaso. Em função doholocausto judeu
promovido por Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial, aquele povo recebeu
como indenização da ONU pelo sofrimento vivido uma porção de terra no Oriente para
abriga-los. O mundo estava comovido com as atrocidades por eles vividas e, assim,
fundou-se o Estado de Israel. No entanto, o território destinado aos judeus para
construírem um país a seu modo e superar as perdas e o sofrimento do conflito
internacional já era ocupado por outro grupo étnico e religioso. Os muçulmanos estão
em maioria no Oriente Médio há séculos. Porém a solução dada para o holocausto foi
colocar os judeus em um território islâmico. Não demorou muito, naturalmente, para
que os conflitos começassem, afinal, Israel foi um Estado criado de modo artificial. Os
judeus receberam ajuda internacional para se fixarem no novo território e, aos poucos,
os conflitos foram expulsando muçulmanos da região. Esse deslocamento forçado dos
islâmicos é chamado de diáspora palestina. Foi nesse contexto que Yasser Arafat,
Khalil al-Wazir e outros líderes palestinos fundaram o Fatah, um partido de centro-
esquerda na politica palestina.
Alguns anos depois da fundação do Fatah, em 1964, foi fundada a Organização pela
Libertação da Palestina (OLP), que é reconhecida como única representante legítima
do povo palestino e reúne os movimentos e partidos que passaram a trabalhar pela
causa daquele povo. Dentro dessa organização, o Fatah é a maior facção existente,
pregando um Estado nacionalista e laico. Durante muito tempo, Yasser Arafat foi o
líder do Fatah e presidente da OLP. Ele trabalhou intensamente para negociar a paz
na região, ao mesmo tempo em que defendia a autonomia do Estado palestino em um
território artificialmente ocupado pelos judeus. Arafat ganhou, inclusive, um Prêmio
Nobel da Paz. No entanto, Yasser Arafat faleceu no dia 11 de novembro de 2004 após
passar alguns dias internado. Alguns suspeitaram e ainda suspeitam de sua morte,
acreditando na hipótese de envenenamento pelo serviço secreto israelita. Sem ter
preparado um sucessor, o posto de principal liderança palestina ficou vago e abriu
espaço para novos confrontos na região, ignorando tratados de paz anteriores.
Isis